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Conteúdo e limites aos poderes instrutórios do juiz

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2017	-	03	-	03
Revista	de	Processo
2015
RePro	vol.	243	(Maio	2015)
Teoria	Geral	do	Processo	e	Processo	de	Conhecimento
4.	Conteúdo	e	limites	aos	poderes	instrutórios	do	juiz	no	processo	civil	contemporâneo
4.	Conteúdo	e	limites	aos	poderes	instrutórios	do	juiz	no
processo	civil	contemporâneo
Content	and	limits	of	the	powers	instructive	of	the	judge	in
civil	procedure	contemporary
FELIPE	GARCIA	LISBOA	BORGES
Mestrando	em	Direito,	Políticas	Públicas	e	Desenvolvimento	Regional	-	Centro	Universitário	do	Pará.	Advogado.
NATASHA	ROCHA	VALENTE
Especialista	em	Direito	Civil	e	Direito	Processual	Civil	pela	Fundação	Getúlio	Vargas	(FGV).	Advogada.
Sumário:
1.	Introdução
2.	Processo	civil	contemporâneo
3.	Direito	probatório
3.1	Natureza	jurídica	do	direito	probatório
3.2	Objetivo,	objeto	e	destinatário	da	prova
3.3	Ônus	da	prova
4.	Poderes	instrutórios	do	juiz
4.1	Autonomia	dos	poderes	instrutórios	do	juiz
5.	Poderes	instrutórios	e	princípios	do	processo	civil
5.1	Princípio	do	devido	processo	legal
5.2	Princípio	do	dispositivo
5.3	Princípio	da	busca	pela	verdade	real
5.4	Princípio	do	livre	convencimento	motivado
6.	Limites	aos	poderes	instrutórios	do	juiz
7.	Conclusão
8.	Bibliografia
Área	do	Direito:	Civil
Resumo:
O	juiz	é	parte	de	extrema	importância	ao	processo.	É	ele	quem	tem	o	primeiro	contato	com	os	litigantes,
com	 a	 lide	 e	 está	 mais	 próximo	 às	 provas.	 Ocorre	 que,	 em	 certas	 situações,	 os	 elementos	 de	 prova
constantes	 dos	 autos	 não	 são	 suficientes	 para	 a	 justa	 prestação	 jurisdicional.	 O	 objetivo	 da	 presente
pesquisa	 foi	 analisar	 o	 conteúdo	 e	 os	 limites	 ao	 poder	 instrutório	 do	 juiz	 no	 processo	 civil
contemporâneo.
Abstract:
The	judge	is	part	of	utmost	importance	to	the	process.	It	is	he	who	has	the	first	contact	with	litigants,	with
the	dispute	and	he	is	closer	to	the	proofs.	It	happens	that,	in	certain	situations,	the	evidence	in	the	file	are
not	sufficient	for	the	fair	adjudication.	The	aim	of	this	research	was	to	analyze	the	content	and	limits	of
the	instructive	power	of	the	judge	in	the	contemporary	civil	procedure.
Palavra	Chave:	Prova	-	Instrumentalidade	do	processo	-	Poderes	do	juiz	-	Conteúdo	-	Limites.
Keywords:	Proof	-	Instrumentality	of	the	process	-	The	judge's	powers	-	Content	-	Limits.
Recebido	em:	20.03.2015
Aprovado	em:	27.04.2015
1.	Introdução
Em	 regra,	 as	 partes	 buscam	 o	 Judiciário	 a	 fim	 de	 ter	 o	 litígio	 resolvido,	 para	 tanto,	 apresentam	 suas
alegações,	 sendo	 necessário	 que	 as	 comprovem	 por	 qualquer	 meio	 de	 prova	 admitido	 em	 direito.	 O
direito	e	poder	de	produzir	provas	são	inerentes	ao	processo	judicial,	seja	civil	ou	criminal.
A	resolução	do	processo	passa	a	ser	interessante	não	somente	às	partes,	mas	também	ao	Judiciário,	que
foi	instado	a	manifestar-se	e	solucionar	a	lide,	além	de	ser	garantidor	do	acesso	à	Justiça	e	prestador	da
tutela	jurisdicional.
O	juiz	é	o	primeiro	a	ter	contatos	com	as	partes	e	suas	alegações,	é	quem	dirige	o	processo	e	o	deixa	apto
ao	julgamento.	Ao	julgar	o	mérito,	precisa	analisar	as	provas	apresentadas	e	justificar	sua	decisão	nelas
(princípio	do	 livre	convencimento	motivado).	Contudo,	em	algumas	situações,	as	provas	constantes	dos
autos	 não	 são	 suficientes	 ao	 deferimento	 ou	 indeferimento	 do	 pedido,	 isto	 é,	 não	 convencem	 o
magistrado	acerca	da	existência	ou	não	do	direito	reclamado.
Considerando	 a	 distribuição	 do	 ônus	 da	 prova,	 previsto	 no	 art.	 333	 do	 CPC/1973	 e	 a	 proibição	 ao	non
liquet,	a	falta	de	comprovação	das	alegações	por	uma	das	partes	poderá	levar	à	improcedência	do	pedido
e	à	perpetuação	de	uma	injustiça.	Sendo	as	provas	existentes	insuficientes	para	comprovar	a	existência
ou	não	do	direito,	subsiste	dúvida	e,	assim,	falta	de	segurança	para	julgar	de	forma	apropriada	e	prestar
a	tutela	jurisdicional	devida.
O	 legislador	 previu	 o	 poder	 instrutório	 do	 magistrado,	 conforme	 o	 qual,	 o	 julgador	 pode,	 de	 ofício,
determinar	a	produção	das	provas	que	entender	necessárias.	Fato	é	que,	doutrina	e	 jurisprudência	são
discordantes	acerca	da	supletividade	ou	não	deste	poder	em	relação	à	produção	de	provas	pelas	partes.
Na	verdade,	há	confusão	doutrinária	quanto	à	ideia	de	subsidiariedade	e	independência	desse	poder.	O
presente	trabalho,	então,	analisará	os	poderes	instrutórios	considerando	o	novo	panorama	do	processo
civil	e	a	citada	divergência.
Importa	 ressaltar	 que	 este	 estudo	 tem	 fins	 exclusivamente	 acadêmicos	 e,	 de	 forma	 alguma,	 pretende
esgotar	o	assunto	tratado.	O	que	se	pretende	demonstrar,	também,	ainda	que	não	seja	o	tema	central,	é	a
atuação	 do	 juiz	 é	 de	 extrema	 importância	 à	 efetivação	 da	 justiça	 e	 que	 a	 ele,	 como	 representado	 do
Estado,	cabe	o	papel	de	dirigir	o	processo,	solucionar	o	litígio	e	prestar	efetivamente	a	tutela	jurisdicional,
e	não	ser	somente	mero	espectador.
Para	tanto,	por	primeiro,	comentar-se-á	brevemente	acerca	das	fases	do	direito	processual	civil,	dando-se
ênfase	 à	 visão	 contemporânea	 instrumentalista,	 conforme	a	qual	 o	processo	 é	meio	para	 se	 chegar	 ao
direito	 material	 nele	 discutido.	 Depois,	 será	 analisado	 o	 direito	 probatório,	 em	 especial	 seu	 caráter
público	e	subjetivo,	sua	natureza	jurídica	e	o	ônus	da	prova	no	processo.
Com	essas	duas	bases:	nova	visão	do	processo	civil	e	direito	das	partes	à	prova,	 serão	especificamente
estudados	 os	 poderes	 instrutórios	 do	 juiz	 e	 sua	 autonomia	 perante	 às	 partes.	 Após,	 serão	 vistos	 os
princípios	processuais	que	se	relacionam	e	justificam	a	autonomia	destes	poderes,	e	serão	confrontados
aqueles	que,	conforme	doutrina,	mostram-se	impeditivos.
Considerando	 que,	 no	 direito	 brasileiro,	 não	 se	 tem	 institutos	 absolutos,	 analisar-se-á,	 também,	 as
limitações	ao	poder	instrutório.
Em	 que	 pese	 tratar	 de	 assuntos	 da	 sistemática	 processual	 prática,	 o	 objetivo	 deste	 trabalho	 não	 é
conceituar	 institutos	 jurídicos	 ou	 simplesmente	 mostrar	 suas	 finalidades	 e	 limitações,	 mas	 discuti-los
dentro	da	concepção	de	instrumentalidade	do	processo	e	ativismo	jurídico.
2.	Processo	civil	contemporâneo
O	direito	processual	 civil	passou	por	diferentes	 fases	ao	 longo	do	 tempo	para	 chegar	ao	entendimento
atual	de	instrumentalidade	do	processo,	ligada	à	ideia	de	publicização	do	direito.
Na	 primeira	 fase,	 a	 imanentista,	 o	 direito	 processual	 não	 possuía	 autonomia	 científica,	 tratava-se	 de
meros	atos	formais	necessários	à	atuação	prática	do	direito	material.	“Era	um	direito	adjetivo.” 1
A	segunda	fase,	a	científica,	iniciou-se	com	a	publicação	da	obra	Die	Lehre	von	den	Processeireden	und	die
Processvoraussetzungen,	 do	 jurista	 alemão	 Oskar	 von	 Bülow.	 A	 partir	 de	 então,	 o	 direito	 processual
passou	 a	 ser	 considerado	 ramo	 autônomo	do	 direito	 e	 seus	 conceitos	 principais,	 como	 ação,	 processo,
lide,	começaram	a	ser	estudados	e	definidos.
A	 terceira	 e	 atual	 fase	 é	da	 instrumentalidade,	na	qual	 se	busca	aprimorar	o	direito	processual	 civil	 e
torná-lo	mais	próximo	possível	do	ideal	de	justiça,	no	sentido	de	dar	tutela	jurisdicional	justa.
A	 instrumentalidade	 do	 processo	 liga-se	 a	 sua	 percepção	 como	 ramo	 do	 direito	 público.	 Ainda	 que	 o
direito	 material	 discutido	 e	 a	 relação	 em	 que	 ele	 se	 insere	 sejam	 particulares,	 a	 relação	 processual	 é
pública,	na	medida	 em	que	 seu	 resultado	 interessa	 ao	Estado	 e	que	os	 ramos	do	direito	privado	estão
sendo	lidos,	atualmente,	à	luz	da	Constituição	Federal.
O	Estado-juiz	deixa	de	ser	mero	espectador	e	regulador	dos	atos	processuais	e	assume	posição	mais	ativa,
com	objetivo	de	aproximar-se	da	certeza	sobre	os	fatos	necessária	à	correta	aplicação	da	lei,	garantia	do
direito	e	pacificação	social.
Isso	 considerado,	 ao	 Estado-juiz,	 ao	 ser	 acionado,	 não	 interessa	 dar	 qualquer	 resposta,	 como	 uma
sentença	sem	resolução	do	mérito	ou	outra	decisão	que	negue	ou	reconheça	um	direito	sem	a	presença
de	provas	que	convençam	de	formasatisfatória	ao	magistrado.
Sobre	o	interesse	do	Estado	na	resolução	do	processo	e	sua	função	mais	ativa,	ensina	Daniel	Penteado	de
Castro	 que	 “transcende	 o	 interesse	 particular	 das	 partes	 na	 obtenção	 do	 resultado	 do	 processo,	 para
assim	realizar-se	a	correta	aplicação	da	lei	com	justiça”.	A	observância	da	lei	reclama	uma	série	de	atos,
que	 dependem	 dos	 poderes	 que	 permitem	 ao	 juiz	 amealhar	 elementos	 necessários	 à	 entrega	 da	 justa
tutela	jurisdicional. 2
Trícia	Navarro	Xavier	Cabral	vai	além	e	fala	do	direito	fundamental	do	 juiz	à	participação	no	processo
civil,	considerando	que,	por	meio	da	jurisdição,	contribui	para	a	construção	da	sociedade. 3
O	ativismo	processual,	ou	a	participação	mais	ativa	do	magistrado	no	processo,	está	 inserido,	 também,
nos	movimentos	 renovatórios	 de	 acesso	 à	 Justiça,	 teoria	 tratada	por	Mauro	Cappelletti	 e	 Bryant	Garth
como	as	três	ondas	renovatórias. 4
A	 primeira	 onda	 é	 a	 assistência	 judiciária	 gratuita,	 destinada	 a	 minimizar	 os	 óbices	 de	 acesso	 ao
Judiciário,	 tais	 como	 custas	 processuais	 elevadas	 e	 falta	 de	 representação	 por	 advogado.	 Buscou-se
garantir	aos	menos	favorecidos	economicamente	a	proteção	jurisdicional.
A	 segunda	 onda	 de	 acesso	 à	 Justiça	 quebra	 o	 caráter	 individualista	 do	 processo	 e	 traz	 a	 proteção	 dos
direitos	coletivos	e	metaindividuais.
Já	a	terceira	onda	renovatória,	leva	em	consideração	a	atuação	do	magistrado	no	processo,	incentivando
sua	 posição	 mais	 ativa	 e	 o	 ultrapasse	 de	 obstáculos	 formalistas	 e	 burocráticos	 que	 possam	 impedir	 a
efetivação	da	tutela	jurisdicional	e,	logo,	a	concretização	do	direito	material.
Com	efeito	e	como	já	levantado,	o	ativismo	processual	influenciou	no	direito	probatório.
Como	 bem	 observado	 pelo	 doutrinador	 Daniel	 Penteado	 de	 Castro,	 citado	 acima,	 a	 prestação	 de	 uma
tutela	 jurisdicional	 justa	 relaciona-se	à	 função	ativa	do	Estado	dentro	do	processo,	 o	que,	por	 sua	vez,
requer	 maior	 poder	 do	 juiz	 ao	 coordenar	 e	 participar	 da	 produção	 probatória,	 com	 o	 fito	 de	 colher
elementos,	aproximar-se	da	verdade	dos	 fatos	e,	por	conseguinte,	proferir	sentença	conforme	seu	 livre
convencimento	motivado.
3.	Direito	probatório
O	objetivo	do	processo	é	prestar	à	tutela	 jurisdicional,	por	meio	da	concretização	do	direito	material,	à
parte	que	tem	razão.	Durante	o	curso	processual,	cada	polo	da	ação	dá	sua	versão	sobre	o	que	ocorreu	e
apresenta	provas.	O	magistrado	decide	conforme	seu	convencimento,	fundado	nas	provas	produzidas	e
submetidas	ao	contraditório.
O	direito	à	prova	é	fundamental,	mesmo	que	não	esteja	expresso	no	rol	do	art.	5.º	da	CF.
O	 §	 2.º	 do	 artigo	 supracitado	 dispõe	 que	 os	 direitos	 e	 garantias	 fundamentais	 expressos	 no	 Texto
Constitucional	 não	 excluem	 outros	 decorrentes	 do	 regime	 e	 princípios	 da	 própria	 Carta	Magna	 ou	 de
tratados	internacionais	que	o	Brasil	seja	parte.
Assim,	 é	 permitido	 que	 outros	 direitos	 fundamentais	 estejam	 implícitos	 na	 Constituição	 Federal,	 tanto
por	 serem	 intrínsecos	 ao	 seu	 sistema,	 como	 por	 estarem	 previstos	 em	 outros	 diplomas	 legais
internacionais.
É	 o	 que	 ocorre	 com	 o	 direito	 probatório,	 que	 está	 implícito	 na	 Constituição	 Federal	 de	 forma	 tanto
interna,	 porque	 é	 desdobramento	 da	 garantia	 do	 devido	 processo	 legal,	 decorrente	 dos	 direito	 ao
contraditório	e	acesso	à	Justiça;	quanto	externa,	pois	previsto	no	Pacto	de	San	José	da	Costa	Rica	(art.	8.º).
O	STF,	no	julgamento	do	MS	26.358/DF,	se	pronunciou	acerca	da	essencialidade	do	direito	à	prova,	como
projeção	da	garantia	do	devido	processo	legal.
O	Código	Civil,	no	art.	212,	também	prevê	o	direito	à	prova,	evidenciando	sua	amplitude	através	do	rol	de
meios	probatórios	apresentado.	O	Código	de	Processo	Civil,	no	art.	332,	amplia	ainda	mais	tal	direito,	ao
estabelecer	que	todos	os	meios	legais	e	moralmente	legítimos	são	hábeis	para	provar	a	verdade	dos	fatos.
Contudo,	em	que	pese	ser	um	direito	público	e	subjetivo,	poderá	sofrer	limitações	tanto	em	decorrência
do	procedimento,	quanto	por	decisão	 judicial.	Quanto	à	última	hipótese,	 é	 legítimo	ao	magistrado,	nos
termos	do	art.	130	do	Código	processualista,	indeferir	as	diligências	inúteis	ou	protelatórias.
É	 evidente	 que	 a	 limitação	 instituída	 pelo	 juiz	 deve	 ser	 vista	 com	 cautela,	 pois	 uma	 restrição
desarrazoada	 e	 excessiva	 poderá	 levar	 a	 ineficácia	 das	 garantias	 processuais	 constitucionais,	 como	 o
contraditório	e	o	acesso	à	Justiça.
3.1.	Natureza	jurídica	do	direito	probatório
Quanto	à	natureza	jurídica	do	direito	probatório,	sua	análise	é	de	essencial	importância,	principalmente
neste	trabalho,	já	que	é	íntima	a	relação	entre	a	prova	e	o	direito	material,	pois	o	reconhecimento	deste,
em	regra,	condiciona-se	a	forma	como	aquela	foi	administrada	e	exercida	durante	a	instrução	processual.
O	conhecimento	da	natureza	jurídica	da	prova	implica,	entre	outros	fatores,	na	avaliação	das	leis	que	a
rege,	e	consequentemente,	nos	poderes	instrutórios	do	juiz,	objeto	deste	trabalho.
Em	síntese,	há	três	teorias	sobre	o	tema:	a	de	que	prova	pertence	ao	ramo	do	direito	processual;	a	de	que
pertence	ao	direito	substancial;	e	a	teoria	mista,	conforme	a	qual	as	normas	que	regulamentam	o	direito
probatório	são	compartilhadas	pelos	direitos	substancial	e	processual.
Prevalece	 a	 primeira	 teoria,	 que	 dá	 à	 prova	 natureza	 processual.	 Alexandre	 Câmara	 defende	 essa
posição,	afirmando,	inclusive,	ser	criticável	o	fato	de	parte	do	direito	probatório	vir	regulado	pelo	Código
Civil:
“Parece-nos	que	as	normas	sobre	prova	 têm	natureza	processual,	pois	regulam	o	meio	pelo	qual	o	 juiz
formará	sua	convicção,	a	fim	de	exercer	a	função	jurisdicional.	(...)
O	Código	Civil	é	criticável	por	diversas	razões,	entre	as	quais	não	distinguir	entre	a	prova	e	a	forma	dos
atos	jurídicos.	(...)	Em	um	país	como	o	Brasil,	que	adota	o	modelo	da	jurisdição	uma,	submetendo-se	ao
Judiciário	tanto	demandas	que	versam	sobre	o	direito	privado	como	aquelas	que	versam	sobre	o	direito
público,	 é	 inaceitável	 que	 as	 regras	 sobre	 as	 provas	 sejam	 postas	 em	 um	 diploma	 destinado	 a
regulamentar	 direito	 privado.	 Além	 disso,	 não	 se	 pode	 deixar	 de	 dizer	 que	muitas	 das	 disposições	 do
Código	Civil	de	2002	sobre	provas	são	incompatíveis	com	o	modelo	processual	brasileiro.” 5
A	ideia	de	natureza	processual	da	prova	traz	diversas	consequências	que	ultrapassam	a	discussão	sobre
qual	 lei	 se	 aplica.	 Uma	 das	 principais	 é	 o	 fato	 de	 que,	 sendo	 instituto	 integrante	 de	 ramo	 do	 direito
público,	a	manipulação	ou	convenção	do	direito	probatório	não	está	disponível	às	partes,	devendo	estas
se	submeter	à	técnica	processual. 6
Necessário	 ressaltar	que	alguns	autores	discordaram	desse	entendimento.	O	Prof.	Leonardo	Greco,	por
exemplo,	entende	que,	sendo	o	direito	material	atingido	disponível,	as	partes	podem	realizar	“convenções
probatórias”,	desde	que,	também,	não	tolham	o	livre	convencimento	do	juiz	ou	o	impeça	de	determinar	a
realização	de	outras	provas	que	entender	necessárias.	Exemplifica	 tal	 entendimento	afirmando	que	as
partes	podem	dispensar	a	indicação	de	assistentes	técnicos,	quando	da	realização	de	prova	pericial. 7
Além	disso,	a	natureza	pública	confere	ao	magistrado	maior	poder	na	condução	da	instrução	probatória,
ainda	que	o	direito	material	discutido	seja	de	cunho	privado.
3.2.	Objetivo,	objeto	e	destinatário	da	prova
O	 fim	primordial	da	prova	é	produzir	o	 convencimento	do	 juiz,	 esclarecêlo	 sobre	a	verdade	dos	 fatos,
para	que	atinja	segurança	e	certeza	para	proferir	a	decisão.	Segundo	Fredie	Didier,	Paula	Braga	e	Rafael
Oliveira	 “o	objetivo	da	prova	 judicial	 é	dar	ao	 juiz	 suporte	 suficiente	para	que	possa	 convencer-se	dos
fatos	discutidos	no	processo,	proferindo	sua	decisão	a	partir	da	crença	de	tê-la	alcançado”. 8
Assim	sendo,	é	o	magistrado	o	destinatário	principal	e	direto	da	prova.	Não	obstante,	as	partes	podem	serconsideradas	destinatárias	indiretas,	já	que,	além	de	submeterem-se	a	prova,	seja	para	comprovar	o	que
alegam,	seja	para	contraditar	alegações	do	outro	polo,	precisam	convencer-se	da	verdade	para	aceitar	a
decisão.
O	objeto	da	prova	são	os	 fatos	relevantes	narrados	pelas	partes	e	 tudo	aquilo	que	possa	 influenciar	na
decisão	 judicial.	 No	 procedimento	 ordinário,	 conforme	 art.	 451	 do	 CPC,	 o	 juiz	 fixará	 os	 pontos
controvertidos,	sobre	os	quais	incidirão	as	provas.
3.3.	Ônus	da	prova
Pode-se	afirmar	que	o	ônus	da	prova	não	é	um	dever	jurídico, 9	já	que,	além	de	não	haver	direito	que	o
corresponda,	 seu	 não	 cumprimento	 não	 enseja	 sanção.	 Relaciona-se,	 na	 verdade,	 com	 a
possibilidade/necessidade	de	praticar	ato	que	pode	deixar	a	parte	em	posição	mais	vantajosa.	A	contrario
sensu,	a	ausência	deste	ato,	ou	sua	prática	insuficiente,	poderá	causar	prejuízo.	A	parte	corre	o	risco	de
não	 ter	 a	 tutela	 judicial	 esperada	 em	 decorrência	 de	 não	 ter	 provado,	 ou	 não	 ter	 provado
suficientemente,	os	fatos	que	alega.
Daniel	Penteado	de	Castro	sintetiza	a	ideia	do	ônus	da	prova:	“portanto,	o	ônus	de	provar	não	é	um	dever,
mas	é	empregado	em	proveito	próprio	daquele	sobre	o	qual	recai	o	ônus	de	provar	determinado	fato,	sob
pena	de	suportar	o	risco	de	deixar	de	lhe	ser	entregue	a	tutela	jurisdicional	na	forma	pretendida”. 10
O	ônus	da	prova	tem	dois	aspectos:	subjetivo	e	objetivo.
O	primeiro	está	ligado	a	quem	cabe	o	ato	de	provar.	Como	já	exposto,	cabe	à	parte	apresentar	as	provas
dos	fatos	que	alega.	Em	que	pese	o	risco	mencionado	no	parágrafo	anterior,	a	inércia	da	parte	quanto	seu
ônus	não	levará	necessariamente	a	um	julgamento	desfavorável	a	ela,	já	que	o	juiz,	ao	formar	seu	livre
convencimento,	analisará	 todo	o	 conjunto	probatório	existente	nos	autos	de	 forma	a	 fundamentar	 sua
decisão	final.
O	 aspecto	 objetivo	 reside	 na	 própria	 atividade	 jurisdicional.	 É	 vedado	 ao	magistrado	 não	 julgar	 sob	 a
justificativa	de	que	os	fatos	alegados	não	foram	provados.
Outrossim,	ao	rumo	do	processo	e	ao	juiz,	não	importa	quem	produziu	a	prova,	mas	o	que	ela	demonstra.
Daniel	 de	 Castro	 relaciona	 essa	 perspectiva	 do	 caráter	 objetivo	 do	 ônus	 da	 prova	 ao	 princípio	 da
aquisição	processual,	que	explicita	exatamente	o	que	fora	dito:	uma	vez	entregue	a	prova,	ela	pertence	ao
processo	e	não	mais	a	quem	a	produziu.
Independente	 dos	 aspectos	 objetivo	 ou	 subjetivo,	 a	 importância	 da	 distribuição	 do	 ônus	 da	 prova,
prevista	 no	 art.	 333	 do	 CPC/1973,	 está	 em	 permitir	 que	 o	 juiz	 aplique	 a	 regra	 na	 fase	 do	 julgamento,
evitando	deixar	de	 julgar	por	 falta	de	prova.	Na	hipótese	de	não	estar	 convencido	a	qual	parte	assiste
razão,	 o	 magistrado	 pode	 rejeitar	 o	 pedido	 daquela	 que	 deixou	 de	 produzir	 a	 prova	 necessária	 à
demonstração	 de	 seu	 direito,	 sob	 esta	 mesma	 justificativa,	 qual	 seja:	 não	 se	 desincumbiu	 do	 ônus
probatório	e	não	produziu	a	prova.
É	de	se	ressaltar	que	a	regra	insculpida	no	citado	artigo	do	Código	processualista	é	de	julgamento,	ou	seja,
só	poderá	ser	aplicada	no	momento	da	sentença	e	diante	da	insuficiência	de	provas	que	acarrete	o	não
convencimento	do	juiz.
Com	 a	 devida	 vênia,	 volta-se	 a	 ratificar	 que,	 por	 ser	 o	 direito	 processual	 ramo	 do	 direito	 público,	 e
considerando	a	visão	atual	de	instrumentalidade	do	processo,	não	interessa	ao	Estado-juiz	deixar	de	dar
tutela	 jurisdicional	 por	 falta	 de	 provas,	 principalmente,	 porque	 essa	 situação	 leva	 à
improcedência/rejeição	 do	 pedido,	 com	 sentença	 de	mérito	 (art.	 269,	 I,	 do	 CPC/1973),	 o	 que	 impede	 às
partes	 de	 discutirem	 novamente	 os	 mesmos	 fatos	 em	 processo	 futuro.	 Daí	 a	 importância	 de	 amplos
poderes	instrutórios	do	juiz.	Contudo,	esta	discussão	será	melhor	tratada	no	capítulo	seguinte.
4.	Poderes	instrutórios	do	juiz
O	 juiz	 é	 o	 gestor	 do	 processo,	 é	 ele	 quem	 o	 conduz	 determinando	 os	 atos	 das	 partes;	 deferindo	 ou
indeferindo	 a	 produção	 de	 provas;	 decidindo	 questões	 incidentais;	 combatendo	 a	 má-fé	 processual;	 e
outros	atos	até	o	julgamento	da	causa	e	após,	na	fase	de	execução.	Para	tanto,	a	lei	processual	o	mune	de
poderes,	dos	quais,	os	poderes	instrutórios	são	espécie	e	têm	como	fim	a	formação	do	convencimento	do
juiz.	Em	verdade,	são	poderes-deveres. 11
Sobre	o	tema	preceituam	os	arts.	125	e	130	do	CPC/1973:	“Art.	125.	O	juiz	dirigirá	o	processo	conforme	as
disposições	 deste	 Código,	 competindo-lhe:	 (...);	 Art.	 130.	 Caberá	 ao	 juiz,	 de	 ofício	 ou	 a	 requerimento	 da
parte,	determinar	as	provas	necessárias	à	instrução	do	processo	(...)”. 12
O	art.	130,	ao	utilizar	o	verbo	“caberá”	(conjugação	no	futuro	do	indicativo),	bem	demonstra	que	o	poder
ora	analisado	tem,	também,	conotação	de	dever.	Além	disso,	a	expressão	“de	ofício”	significa	que	o	poder
conferido	ao	juiz	prescinde	de	requerimento	das	partes.
Mas	 não	 somente	 esse	 dispositivo	 legal	 prevê	 os	 poderes	 instrutórios,	 na	 verdade,	 ele	 o	 faz	 de	 forma
geral,	 enquanto	outros	 os	 especificam	de	 forma	exemplificativa, 13	 como:	 art.	 331,	 §	 2.º	–	 o	magistrado
pode	determinar	a	realização	de	perícia	sem	necessidade	de	provocação	das	partes;	art.	342	–	possibilita
ao	juiz	ordenar	o	comparecimento	pessoal	das	partes	para	interrogalas	sobre	os	fatos;	entre	outros;	art.
440	–	o	juiz	pode	proceder	a	inspeção	de	coisas	ou	pessoas;	arts.	355	e	360	–	ordenar	a	exibição	de	coisa
ou	documento;	 art.	 418	–	determinar,	 ex	officio,	 a	 inquirição	de	 testemunhas	 referidas	 pelas	 partes	 ou
outras	 testemunhas	 e/ou	 proceder	 acareação;	 art.	 382	 –	 determinar	 a	 exibição	 parcial	 de	 livros	 e
documentos;	entre	outros.
“Instrução”	deriva	do	verbo	“instruir”,	que,	segundo	Dicionário	Sacconi,	quer	dizer:	“1.	preparar	por	um
método	sistemático,	a	fim	de	deixar	pronto	para	agir,	para	servir	à	sociedade;	(...)	3.	Pôr	em	estado	de	ser
julgado”. 14	Na	linguagem	técnica	jurídica,	dá-se	o	seguinte	significado	à	“instrução”:
“A	 soma	 de	 atos	 e	 diligências	 que,	 na	 forma	 das	 regras	 legais	 estabelecidas,	 devem	 ou	 podem	 ser
praticados,	no	curso	do	processo,	para	que	esclareçam	as	questões	ou	os	fatos,	que	constituem	o	objeto	da
demanda	ou	do	litígio.	(...)	E,	assim	sendo,	instrução	mostra-se	em	sentido	equivalente	a	esclarecimento,
elucidação,	pois	que,	mesmo	no	sentido	processual,	não	é	outro	o	objetivo,	que	se	colima,	quando	é	posta
em	função.” 15
Daniel	 de	 Castro	 conceitua	 poderes	 instrutórios	 como	 aqueles	 exercidos	 pelo	 juiz	 ao	 determinar,	 de
ofício,	 a	 realização	 de	 diligências	 que	 servem	 à	 instrução	 do	 processo,	 com	 o	 objetivo	 de	 formar	 seu
convencimento. 16	Cabe	ressaltar	que	o	exercício	desse	poder-dever,	em	que	pese	sua	nomenclatura,	não
está	adstrito	à	chamada	“fase	instrutória”	do	processo	de	conhecimento,	mas	inclui	todo	e	qualquer	ato
que	se	ligue	à	cognição	do	magistrado,	inclusive	na	execução.
Pontes	de	Miranda	relaciona	tais	poderes	à	direção	material	do	processo,	a	qual	se	refere	à	atuação	do
juiz	 no	 sentido	 de	 viabilizar	 que	 o	 conteúdo	 processual	 (o	 que	 consta	 dos	 autos)	melhor	 demonstre	 a
verdade	e	esclareça	as	alegações	das	partes. 17
Essa	 forma	 de	 agir	 do	 magistrado,	 como	 dito	 em	 capítulos	 anteriores,	 resulta	 numa	 prestação
jurisdicional	mais	envolvida	com	a	finalidade	do	processo	e	evita	o	formalismo	excessivo,	que,	há	muito,
dificultava,	e	em	determinadas	situações	até	mesmo	impossibilitava,	a	prestação	jurisdicional	justa	e	em
tempo	razoável.
Ocorre	que	o	ativismo	judicial,	principalmente	quanto	à	instrução	probatória,	ainda	é	visto	com	reserva
pela	maioria	dos	litigantes,	prevalece	o	receio	da	parcialidade.	Ademais,	conforme	Trícia	Navarro	Xavier
Cabral,	há	temor	de	que	esse	comportamento	mais	ativo	do	juiz	prejudique	a	defesa	dos	interesses	das
partes,	 já	 que,	 na	 fase	 do	 liberalismo,	 o	 desfecho	 do	 processo	 condicionava-se	 mais	 à	 habilidade	 dos
advogados	do	que	ao	direito	objetodo	litígio. 18
Manter	esse	pensamento	levará	à	manutenção	do	juiz	como	espectador	do	processo	e	atos	das	partes.	É
deixar	que	o	Estado	pactue	com	possíveis	 fraudes	e	acolha	fatos	sem	qualquer	comprovação.	Ou	ainda
pior,	é	aceitar	que,	diante	da	falha	do	profissional	do	direito,	em	representação	do	litigante,	na	produção
de	provas,	o	magistrado	deixe	de	reconhecer	um	direito	legítimo	e	supostamente	“decida”	o	processo,	mas
sem	prestar	a	tutela	jurisdicional	justa.
Ensina	José	Carlos	Barbosa	Moreira	acerca	da	atuação	do	juiz	quanto	à	produção	de	prova	de	ofício:
“Quando	o	 juiz	determina	a	 realização	de	prova	para	melhor	 esclarecimento	dos	 fatos	 relevantes,	 não
está,	em	absoluto,	usurpando	a	função	da	parte;	não	está	agindo	no	lugar	dela,	fazendo	algo	que	a	ela,	e
só	a	ela,	 incumbia	 fazer.	Sua	 iniciativa	não	é,	a	rigor,	um	sucedâneo	da	 iniciativa	da	parte:	é	qualquer
coisa	de	inerente	à	sua	missão	de	julgador.	Ele	não	atua	como	substituto	da	parte,	atua	como	juiz	–	como
juiz	empenhado	em	julgar	bem.” 19
Destarte,	é	necessário	voltar-se	ao	escopo	do	processo	e	recordar	que	é	um	instrumento	para	a	efetivação
do	direito	material	e,	portanto,	da	 justiça,	 logo,	é	necessário	que	o	 juiz,	na	 função	de	representante	do
Estado	que	tem	contato	direto	com	as	partes	e	provas	esforce-se	no	sentido	de	aproximar-se	o	máximo
possível	da	verdade	dos	fatos	a	fim	de	proferir	uma	sentença	certa	e	segura.
4.1.	Autonomia	dos	poderes	instrutórios	do	juiz
Não	 obstante	 o	 reconhecimento	 legal	 dos	 poderes	 instrutórios	 do	 juiz,	 sua	 características	 quanto	 à
amplitude	e	autonomia	 são	 temas	de	 intensos	e	 controversos	debates	doutrinários.	Em	síntese,	há	 três
pensamentos	sobre	o	assunto.
O	 primeiro	 defende	 que	 o	 poder	 instrutório	 do	 juiz	 é	 supletivo,	 subsidiário,	 à	 iniciativa	 das	 partes.
Somente	 após	 o	 esgotamento	 dos	 meios	 probatórios	 disponíveis	 aos	 litigantes,	 ou	 diante	 da
impossibilidade	da	produção	de	alguma	prova,	e	subsistindo	dúvida,	é	que	o	magistrado	poderá	usar	seus
poderes	para	 tentar	esclarecer	os	 fatos	e,	consequentemente,	 formar	seu	convencimento.	Os	que	assim
pensam	 afirmam	 que	 agir	 de	 modo	 diferente	 violaria	 o	 sistema	 da	 isonomia	 e	 extinguiria	 a
imparcialidade	judicial. 20
Conforme	o	processualista	Moacyr	Amaral	Santos,	“o	poder	de	 iniciativa	 judicial,	nesse	 terreno,	deverá
ser	entendido	como	supletivo	da	iniciativa	das	partes,	para	que	seja	somente	utilizado	nos	casos	em	que
houver	necessidade	de	melhor	esclarecimento	da	verdade”. 21
Para	a	segunda	corrente,	o	poder-dever	instrutório	do	juiz	deve	ser	exercido	em	conjunto	com	as	partes,
simultaneamente.	Assim	pensa	Sérgio	de	Mattos,	para	o	qual,	a	iniciativa	probatória	é	assim	comum	ao
juiz	e	às	partes.	O	juiz	e	as	partes	propõem	as	provas	conjuntamente. 22
Por	outro	lado,	importantes	juristas	entendem	que	o	poder	instrutório	do	juiz	é	amplo	e	autônomo	ao	das
partes,	 e	 em	 nada	 interfere	 na	 sua	 imparcialidade.	 Outrossim,	 não	 se	 relaciona	 com	 a	 disposição	 dos
litigantes	quanto	ao	direito	material	ou	com	o	ônus	probatório.
Segundo	José	Roberto	Bedaque,	“a	atividade	probatória	também	deve	ser	exercida	pelo	magistrado,	não
em	 substituição	 das	 partes,	 mas	 junto	 com	 elas,	 como	 um	 dos	 sujeitos	 interessados	 no	 resultado	 do
processo”. 23	Fredie	Didier	afirma	que	a	tendência	é	de	se	conferir	ao	Estado-juiz	os	mais	amplos	poderes
instrutórios. 24	Alexandre	Câmara	defende	que	a	correta	interpretação	do	art.	130	do	CPC	é	a	que	leva	à
afirmação	da	existência	de	amplos	poderes	de	iniciativa	probatória	do	juiz. 25
O	assunto	não	é	pacífico	na	doutrina	e,	consequentemente,	muito	menos	na	 jurisprudência.	A	 título	de
exemplo,	merece	destaque	os	julgamentos	dos	Recursos	Especiais	1.012.306/PR	e	894.443/SC,	nos	quais	o
STJ	teve	posições	completamente	antagônicas.	Enquanto	no	primeiro	se	entendeu	que	o	poder	instrutório
do	magistrado	deve	ser	entendido	de	forma	“amplíssima”;	no	segundo	se	afirmou	que	este	poder	“deve	se
operar	em	conjunto	com	os	litigantes	e	não	em	substituição	a	eles”.
É	notória	a	divergência,	não	obstante	o	reconhecimento	jurídico	de	todos	os	doutrinadores	citados,	além
dos	 julgamentos	 da	 Superior	 Tribunal.	 Ainda	 assim,	 acredita-se	 mais	 corretas	 as	 opiniões	 de	 quem
entende	pela	independência	do	poder	instrutório	do	juiz,	como	será	melhor	esclarecido	adiante.
O	 magistrado,	 mais	 do	 que	 cumpridor	 de	 normas	 processuais,	 está	 em	 posição	 de	 garantir	 o	 direito
material	e	a	justiça.	O	processo	não	tem	fim	em	si	mesmo,	pois	é,	na	verdade,	meio	de	garantir	o	direito
material.
Além	disso,	o	objetivo	da	atividade	 instrutória	do	 juiz	é	desvinculado	ao	das	partes	e	não	 se	 confunde
com	ele.	Enquanto	estas	defendem	e	agem	em	prol	de	seus	interesses	particulares,	aquele	age	em	nome
do	interesse	público.
Dessa	forma,	em	determinas	situações,	é	necessária	atuação	mais	ativa	do	Estado,	por	meio	do	juiz,	a	fim
de	solucionar	a	lide,	sem	que	isso	caracterize	imparcialidade	ou	substituição	da	vontade	das	partes,	pois,
como	já	afirmado,	o	 julgamento	do	mérito	não	 interessa	somente	às	partes,	mas	também	ao	Judiciário,
como	poder	garantidor	da	justiça.
José	 Roberto	 dos	 Santos	 Bedaque	 relaciona	 a	 independência	 do	 poder	 instrutório	 ao	 caráter
instrumentalista	 do	 processo,	 afirmando	 que,	 quem	 concorda	 com	 o	 pensamento	 de	 que	 o	 fim	 do
processo	é	garantir	o	direito	substancial,	não	pode	conceber	a	 ideia	de	que	o	exercício	do	citado	poder
seria	uma	atividade	substitutiva	a	das	partes. 26
A	 independência	 dos	 poderes	 instrutórios,	 contudo,	 não	 se	 confunde	 com	 exclusividade.	 A	 iniciativa
probatória	 cabe	 igualmente	 às	 partes	 e	 ao	 juiz,	 ambos	 “exercem	 a	 mesma	 capacidade	 instrutória	 nos
autos”. 27
Ocorre	que	a	doutrina	parece	confundir	a	extensão	dos	poderes	instrutórios	e	o	melhor	momento	para	o
seu	 exercício	 ao	 analisar	 autonomia,	 independência,	 supletividade,	 subsidiariedade	 e
complementariedade.
Como	já	foi	exposto	alhures,	o	juiz	poderá	exercer	seu	poder	instrutório	em	qualquer	fase	do	processo,
inclusive	na	execução.	Porém,	pensando-se	de	forma	sistema	e	prática,	com	o	objetivo	de	não	se	afetar	a
celeridade	processual,	o	melhor	é	que	a	atividade	probatória	judicial	surja	após	os	litigantes	realizarem	a
indicação	 das	 provas	 que	 pretendem	 produzir.	 Assim,	 o	 magistrado	 primeiramente	 saberá	 o	 que	 as
partes	querem	comprovar	e	poderá	fazer	melhor	juízo	da	suficiência	ou	não	dos	meios	escolhidos	para	o
seu	convencimento.
Trícia	 Navarro	 Xavier	 Cabral	 ressalta	 que	 agir	 de	 forma	 diferente	 poderia	 estimular	 uma	 atitude
comodista	 das	 partes,	 que	 aguardariam	 a	 iniciativa	 do	 juiz.	 Porém,	 esclarece	 que	 “se	 houver	 existido
tentativa	probatória	ou	a	demonstração	da	impossibilidade	técnica	de	alcançar	o	que	se	pretende,	é	nessa
ocasião	que	o	juiz	deverá	tomar	as	providências	pertinentes	ao	caso”. 28
Assim,	o	entendimento	de	que	a	iniciativa	probatória	do	juiz	é	subsidiária,	complementar	ou	supletiva	só
está	correto	se	relacionar-se	ao	momento	de	sua	ocorrência,	qual	seja	após	as	partes	indicarem	as	provas
que	pretendem	produzir.	Contudo,	isso	nada	tem	a	ver	com	a	extensão	dos	poderes	instrutórios,	que	são
amplos,	e	sua	autonomia	e	independência	em	relação	à	vontade	das	partes,	pois	possui	natureza	jurídica
diferentes	da	atividade	probatória	daquelas.
Nesse	contexto,	o	fato	de	um	litigante	não	ter	requerido	certa	prova,	como	a	oitiva	de	uma	testemunha,
por	exemplo,	não	impede	que	o	magistrado	determine	sua	realização,	caso	entenda	que	contribuirá	para
o	seu	convencimento	e	melhor	desfecho	do	processo.
5.	Poderes	instrutórios	e	princípios	do	processo	civil
A	 doutrina	 jurídica	 há	 muito	 diferencia	 princípios	 e	 regras.	 Estas,	 em	 síntese,	 são	 normas	 de	 caráter
imperativo,	 que	 preveem	 obrigações	 ou	 permissões.	 Pode-se	 afirmar,	 ainda,	 que	 são	 formas	 de	 dar
concretude	aos	princípios	e	as	suas	mais	variadas	garantias.	Suas	aplicaçõesse	dão	de	forma	objetiva:	ou
são	válidas,	e	então	devem	ser	aceitas,	ou	não	são,	e	por	isso	não	resolverão	a	situação. 29
Os	princípios	são	os	orientadores	do	sistema	jurídico.	Positivados	ou	não,	revelam	valores	e	critérios	para
facilitar	 a	 compreensão	 e	 aplicação	 do	 direito	 diante	 de	 situações	 concretas.	 Mas	 sua	 função	 não	 é
somente	integrativa,	pois	são	verdadeiramente	normas	jurídicas	aplicáveis.
A	força	dos	princípios	no	direito	processual	civil	aumentou	a	partir	do	pensamento	neoprocessual,	ligado
necessariamente	 ao	 neoconstitucionalismo.	 Conforme	 este	 último	 movimento,	 entre	 outras	 ideais,	 a
Constituição	é	o	núcleo	do	ordenamento	 jurídico,	 tendo	eficácia	 imediata	e	 influência	na	 interpretação
das	demais	normas,	que	a	ela	se	subordinam.
Pelo	 neoprocessualismo,	 então,	 tem-se,	 entre	 outros,	 a	 constitucionalização	 do	 direito	 processual	 civil.
Suas	regras	passam	a	ser	lidas	conforme	a	Constituição	Federal,	seus	princípios	e	direitos	fundamentais.
O	 processo	 evidencia	 seu	 caráter	 publicista,	 no	 sentido	 de	 ser	 um	meio	 de	 o	 Estado	 efetivar	 o	 direito
material	e	a	 justiça.	Os	princípios	deixam	de	 “pairar”	 e	 “descem”	 para	que	 sejam	aplicados,	pois,	 como
dito	alhures,	são	dotados	de	eficácia	direta.
Diferente	das	 regras,	princípios	dependem	de	maior	 raciocínio	para	aplicação,	 já	que	não	estabelecem
condições	 que	 os	 tornem	 autoaplicáveis,	 como	 uma	 aplicação	 direta	 do	 fato	 à	 norma.	 Em	 um
ordenamento	 jurídico	não	pode	haver	 regras	 opostas,	 uma	deverá	 ser	 eliminada,	mas	 é	 admitido	que,
diante	de	um	caso	concreto,	dois	ou	mais	princípios	se	contraponham	sem	que	percam	a	validade.	Nessa
ocasião,	cabe	ao	julgador	analisa-los	e	verificar	qual	se	sobrepõe	diante	das	peculiaridades.	O	princípio	se
concretiza,	então,	na	decisão	particular.
Como	já	tratado	em	capítulos	anteriores,	na	nova	visão	processual,	a	atuação	dos	magistrados	afasta-se
da	mera	aplicação	da	lei,	que	nem	sempre	está	ligada	a	justiça.	Está,	então,	a	importância	dos	princípios,
que	permitem	ao	julgador	se	aproximar	da	justiça	em	decisão	legítima	neles	baseada.	Exemplo	disso	é	o
caso	analisado	por	Ronald	Dworkin,	Riggs	versus	Palmer,	no	qual,	um	herdeiro	nomeado	em	testamento
foi	impedido	de	receber	a	herança	de	seu	avô,	pois	o	matara.	O	Tribunal	limitou	a	aplicação	da	lei	e	do
documento	particular	 por	 princípios,	 como	o	 que	diz	 que	não	 se	 pode	 lucrar	 com	 sua	própria	 fraude,
beneficiar-se	de	seus	ilícitos	ou	adquirir	bens	em	decorrência	de	seu	crime. 30
Como	nos	demais	ramos,	há	princípios	que	mais	se	ligam	ao	processo	civil,	e,	dentre	estes,	alguns	mais
relacionados	 à	 atuação	 dos	 juízes,	 em	 especial	 quando	 no	 exercício	 da	 instrução	 probatória,	 os	 quais
serão	a	seguir	analisados.
5.1.	Princípio	do	devido	processo	legal
O	devido	processo	legal,	previsto	como	direito	fundamental	na	Constituição	da	República	Federativa	do
Brasil,	no	art.	5.º,	LIV,	é	o	mais	amplo	princípio	processual.	Dá	ao	cidadão	o	direito	de	participar	de	um
processo	devido,	que	esteja	conforme	o	sistema	jurídico,	não	só	com	a	lei.
Fredie	Didier,	ao	analisar	a	 tradução	de	 due	process	of	 law,	 explica	que	a	última	palavra	deve	ser	 lida
como	“direito”	e	não	como	“lei”:
“A	 locução	 ‘devido	 processo	 legal’	 corresponde	 à	 tradução	 para	 o	 português	 da	 expressão	 inglesa	 due
processo	 of	 law.	 Law,	 porém,	 significa	 direito,	 e	 não	 lei	 (statute	 law).	 A	 observação	 é	 importante:	 o
processo	há	de	estar	em	conformidade	com	o	direito	como	um	todo,	e	não	apenas	em	consonância	com	a
lei.	‘Legal’,	então,	é	adjetivo	que	remete	a	‘direito’,	e	não	a	Lei.” 31
É	 um	 princípio	 geral	 e	 de	 transformação	 histórica,	 que	 objetiva,	 também,	 proteger	 contra	 o	 abuso	 de
poder.	No	ensinamento	de	Humberto	Ávila:	“tem	a	função	de	criar	os	elementos	necessários	à	promoção
do	ideal	de	protetividade”. 32
No	sistema	jurídico	brasileiro,	concretiza-se	em	diversas	outras	garantias,	como	a	do	contraditório	e	da
ampla	defesa.	Diz-se	ser	o	gênero	do	qual	os	demais	princípios	são	espécies. 33	Permite	a	mobilidade	do
direito,	no	sentido	de	sempre	adequar-se	ao	que	é	devido	no	momento	histórico	em	que	é	aplicado.
Para	 os	 fins	 deste	 trabalho,	 é	 importante	 explanar	 acerca	 da	 dimensão	 processual	 deste	 princípio.	No
pensamento	de	Alexandre	Freitas	Câmara,	o	devido	processo	legal	deve	ser	entendido	como	“a	garantia
de	 pleno	 acesso	 a	 justiça” 34.	 Não	 significa,	 porém,	 o	 direito	 de	 propor	 ação	 judicial,	 de	 acionar	 o
Judiciário.	Mais	do	que	isso,	reflete	a	garantia	de	obter	uma	prestação	jurisdicional	efetiva	e	verdadeira.
Cândido	 Rangel	 Dinamarco	 trata	 o	 acesso	 à	 Justiça	 como	 “abertura	 de	 caminhos	 para	 obter	 soluções
justas	para	conflitos	e	eliminação	de	estados	de	insatisfação	–	 justas	porque	conformes	com	os	padrões
éticos	e	sociais	da	nação”. 35
O	 processo	 considerado	 devido	 é	 aquele	 que	 dá	 decisões	 jurídicas	 efetivas,	 justas	 e	 razoáveis,
materializando	o	objetivo	de	“sociedade	justa”,	da	República	Federativa	do	Brasil,	previsto	no	art.	3.º,	I,	da
CF.
Dentro	da	estrutura	do	Poder	Judiciário,	o	primeiro	que	tem	contato	com	o	processo	e	poder	de	julgar	é	o
juiz.	É	primeiramente	nele	que	está	o	dever	de	garantir	à	parte,	 seja	autor	ou	réu,	um	acesso	à	ordem
jurídica	 justa.	 Sua	decisão	deve	 ser	 justa,	 eficaz	 e	 efetiva,	 e,	 para	 tanto,	 precisa	 estar	 convencido	 e	 ter
certeza	do	julgamento	que	proferirá,	por	isso	a	importância	de	um	amplo	poder	instrutório.
5.2.	Princípio	do	dispositivo
O	princípio	do	dispositivo,	por	 interpretações	equivocadas	de	seu	real	significado,	é	 indicado	como	um
dos	principais	empecilhos	ao	poder	instrutório	do	juiz.
A	dificuldade	posta	está	bastante	relacionada	com	os	diversos	empregos	que	dão	ao	postulado,	alterando
sua	dimensão	e	conteúdo.
Parte	da	doutrina	amplia	os	objetivos	do	princípio	e	afirma	que,	segundo	ele,	cabe	às	partes	a	iniciação
do	processo,	o	impulso	e	ônus	de	produção	da	prova,	delimitação	da	lide	e	de	seu	objeto.
Por	 outro	 lado,	 alguns	 especialistas	 referem-se	 ao	 primeiro	 momento	 (iniciação	 do	 processo)	 como
princípio	 da	 demanda,	 deixando	 o	 princípio	 do	 dispositivo	 representando	 as	 limitações	 do	 juiz	 no
interior	do	processo.
Daniel	Penteado	de	Castro	bem	demonstra	a	diversidade	doutrinária	ao	tentar	conceituar	o	princípio:
“Grinover,	Cintra	e	Dinamarco	relacionam	a	vedação	do	juiz	ir	além	do	pedido	com	o	‘princípio	da	ação’,
ao	passo	que	 José	Manoel	de	Arruda	Alvim	 trata	do	princípio	dispositivo	como	a	vinculação	do	 juiz	às
provas	produzidas	e	aos	fatos	alegados,	de	modo	que	não	pode	ir	além	do	tema	probatório	(...).	Por	sua
vez,	Niceto	Alcalá-Zamorra	y	Castillo	pondera	que	as	partes	podem	convencionar	sobre	os	objetos	cujo
reflexo	repercuta	no	direito	processual	e	interfiram	na	área	do	julgador	(...).” 36
Fato	 é	 que	 o	 princípio	 está	 sempre	 relacionado	 ao	 poder	 restrito	 às	 partes	 de,	 no	 processo,	 alegar,
produzir	provas,	determinar	sua	atuação. 37
Aclarando	a	situação,	José	Roberto	dos	Santos	Bedaque	esclarece	que	o	princípio	do	dispositivo	deve	ser
reservado	 tão	 somente	 aos	 reflexos	 que	 a	 relação	 envolvendo	 direito	 material	 disponível	 produz	 no
processo:
“Assim,	 tratando-se	 de	 direito	 material	 disponível,	 as	 partes	 têm	 ampla	 liberdade	 para	 dele	 dispor,
através	de	atos	processuais	(renúncia,	desistência,	reconhecimento	do	pedido).	E	não	pode	o	juiz	opor-se
à	prática	de	tais	atos,	exatamente	em	virtude	da	natureza	do	direito	material	disponível	em	questão.	Essa
sim	 corresponde	 à	 verdadeira	 e	 adequada	 manifestação	 do	 princípio	 do	 dispositivo.	 Trata-se	 de	 um
princípio	relativo	à	relação	material,	e	não	processual.” 38
É	percebido,	 então,	que	o	princípio	do	dispositivo	não	 se	 relaciona	ao	poder	 instrutório	do	 juiz,	mas	à
possibilidade	das	partes	de	dispor,	por	meio	de	atos	processuais,	de	seu	direito	material	disponível.
A	instrução	processual	dirigidapelo	magistrado	é	fenômeno	diverso	de	tal	disposição	das	partes	e	ambas
podem	conviver	harmoniosamente	no	processo,	pois	se	prestam	a	diferentes	finalidades.
Não	se	pode	falar,	ainda,	em	conflito	de	interesses,	mas	somente	em	atuações	distintas.	Enquanto	ao	juiz
cabe	a	determinar	a	marcha	do	processo,	 às	partes	 cabe	exercer	os	atos	de	disposição.	Quanto	a	 estes
atos,	 como	 destacado	 na	 citação	 supra,	 não	 pode	 o	 magistrado	 opor-se	 ou	 manifestar-se	 quanto	 ao
conteúdo,	mas	somente	analisar	a	validade.
Fala-se,	 hoje,	 em	 mitigação	 ou	 relativização	 do	 princípio	 do	 dispositivo,	 tendo	 em	 vista	 atuação	 mais
positiva	 e	 presente	 do	 juiz.	 Contudo,	 na	 verdade,	 o	 princípio	 permanece	 íntegro,	 já	 que	 em	 nada	 se
relaciona	com	a	atuação	do	magistrado	quanto	à	instrução	probatória.	Tal	pensamento	é,	ainda,	reflexo
da	falta	de	entendimento	acerca	do	alcance	do	princípio.
5.3.	Princípio	da	busca	pela	verdade	real
Implícito	 no	 devido	 processo	 legal	 está	 o	 princípio	 da	 busca	 pela	 verdade	 real,	 por	 isso	 tem,	 também,
caráter	constitucional,	mesmo	sem	estar	expresso	no	texto	da	Magna	Carta.
Como	 explicitado	 no	 tópico	 anterior,	 não	 basta	 a	 prestação	 jurisdicional	 formal,	 ou	 seja,	 uma	 reposta
qualquer	 à	 lide,	 é	 necessário	 que	 a	 decisão	 seja	 justa,	 e	 não	 se	 pode	 falar	 em	 justiça	 sem	 se	 buscar	 a
verdade	substancial.
No	processo	civil	atual,	voltado	à	ideia	de	ser	instrumento	para	a	efetivação	do	direito	material,	o	juiz	não
deve	 se	 contentar	 com	 a	 verdade	 formal,	 ou	 seja,	 aquela	 que	 advém	 unicamente	 das	 alegações	 e
documentos	apresentados	pelas	partes.	É	evidente	que	dificilmente	se	conhecerá	a	realidade	dos	 fatos,
despidos	da	visão	dos	envolvidos,	porém,	deve	o	magistrado	buscar	aproximar-se	ao	máximo	da	verdade
real,	isto	é,	de	como	os	fatos	realmente	ocorreram.
Nelson	Finotti	Silva	vai	além	e	afirma	a	distinção	puramente	doutrinária	de	verdade	real	e	substancial.
Para	o	doutrinador,	verdade	é	somente	uma	e	deve	ser	perseguida	para	se	atingir	a	justiça. 39
A	fase	de	conhecimento	do	processo	civil	é	essencial,	nela	o	juiz	descobrirá	a	verdade	e	a	ordem	dos	fatos.
Conhecedor	dos	acontecimentos,	o	magistrado	poderá	aplicar	a	norma	adequada,	por	meio	do	 juízo	de
subsunção,	 por	 isso	 a	 importância	 da	 verdade	 substancial,	 já	 que	 a	 cognição	 dos	 fatos	 levará	 ao
reconhecimento	ou	não	do	direito	reclamado.
5.4.	Princípio	do	livre	convencimento	motivado
O	princípio	da	persuasão	racional,	ou	livre	convencimento	motivado,	assegura	ao	juiz	formar	livremente
sua	convicção,	desde	que	as	justifique,	ou	seja,	motive-as.
Essa	 forma	 de	 convicção	 contrapõe-se	 aos	 sistemas	 da	 prova	 tarifada,	 nos	 quais	 cabe	 ao	 magistrado
somar	 os	 valores	 pré-fixados	 a	 cada	 elemento	 probatório,	 decidindo,	 ao	 final,	 em	 favor	 da	 parte	 que
atingiu	soma	mais	alta.	Nesse	sistema,	o	juiz	fica	restrito	às	provas	trazidas	pelas	partes,	sua	função	de
apreciação	 limita-se	 a	 averiguar	 as	 pontuações.	 Não	 podia,	 então,	 valorar	 a	 prova	 conforme	 sua
convicção.
No	julgamento	secundum	conscientiam,	o	magistrado	era	livre	para	apreciar	provas,	inclusive	as	que	não
estavam	nos	autos.	Permitia-se	que	valorasse	a	prova	como	melhor	entendesse	e	que	julgasse	o	conflito
conforme	seu	entendimento	pessoal,	sem	a	necessidade	de	qualquer	motivação.	Certamente	tal	sistema
oportunizava	arbitrariedades.
O	 sistema	 jurídico	brasileiro	 optou	pela	primeira	 forma	de	 convicção	 exposto.	O	 art.	 131	do	CPC/1973,
dispõe	 que	 o	 juiz	 apreciará	 livremente	 a	 prova,	 porém,	 deve	 indicar	 na	 sentença	 os	 motivos	 que	 lhe
formaram	o	convencimento.
O	mesmo	dispositivo	 legal	 faz,	ainda,	 importante	observação:	deve	o	magistrado	apreciar	 livremente	a
prova	 “atendendo	 aos	 fatos	 e	 às	 circunstâncias	 constantes	 dos	 autos,	 ainda	 que	 não	 alegados	 pelas
partes”.
O	juiz,	portanto,	não	está	adstrito	às	alegações	das	partes	e	suas	provas.	Deve,	e	lhe	é	permitido,	instruir	o
processo	até	o	limite	necessário	para	decidir	o	pedido.
Conforme	Daniel	 Penteado	de	Castro,	 se	 o	 juiz	 é	 o	destinatário	da	prova,	 a	 ele	 cabe	 a	 coordenação	da
dinâmica	 dos	 poderes	 instrutórios,	 seja	 no	 tocante	 à	 iniciativa	 probatória,	 seja	 indeferindo	 diligências
desnecessárias	ou	meramente	protelatórias,	com	o	objetivo	de	do	campo	probatório. 40
Sendo	o	juiz	o	destinatário	da	prova,	a	ele	cabe	o	papel	de	coordenar	e	tomar	iniciativas	para	a	formação
do	 campo	 probatório.	 Essa	 coordenação	 reflete	 a	 dinâmica	 dos	 poderes	 instrutórios	 no	 que	 toca	 à
iniciativa	 probatória	 e	 indeferimento	 de	 diligências	 inúteis	 ou	 meramente	 protelatórias	 (art.	 130	 do
CPC/1973),	cujo	objetivo	é	ter	elementos	suficientes	para	a	formação	de	seu	livre	convencimento. 41
6.	Limites	aos	poderes	instrutórios	do	juiz
No	direito	brasileiro	nenhum	poder	é	absoluto,	dessa	 forma,	é	comum	ver	doutrinadores	 tentar	 traçar
limites	à	atividade	probatória	do	juiz,	de	forma	a	direcioná-la	e	dar	segurança	jurídica	aos	litigantes.
Como	 tratado	 no	 capítulo	 anterior,	 alguns	 juristas	 entendem	 ser	 o	 princípio	 do	 dispositivo	 o	 maior
limitador	do	poder	 instrutório	 judicial,	 contudo,	 já	 fora	 visto	 que	 o	 postulado	não	 apresenta	qualquer
empecilho,	 já	 que	 se	 relaciona	 à	 possibilidade	 das	 partes	 de	 dispor	 sobre	 o	 direito	 material,	 e	 não
propriamente	à	ao	poder	analisado.
Em	síntese,	outros	limites	apresentados	pela	doutrina	são: 42
a)	Imparcialidade:	Entende-se	que	a	atividade	 instrutória	do	 juiz	se	relaciona	com	algum	envolvimento
subjetivo	na	causa,	o	que	poderia	ferir	sua	seriedade	e	credibilidade	no	julgamento.
Ao	determinar	a	produção	da	prova	o	juiz	age	não	como	pessoa	interessada,	mas	como	Estado	que	busca
a	 verdade,	 o	 que	 é	 permitido	 e	 imposto	 pelo	 ordenamento	 jurídico.	 Outrossim,	 não	 há	 como	 saber
previamente	o	resultado	da	prova	e	a	qual	direito	reclamado	ela	beneficiará.	A	finalidade	da	prova	é	o
convencimento	 do	 juiz,	 assim,	 ao	 exercer	 seu	 poder	 instrutório	 objetivo	 sua	 própria	 segurança	 para
realizar	um	julgamento	justo,	e	não	o	favorecimento	de	alguma	das	partes.
b)	 Fatos	 e	 circunstâncias	 constantes	 dos	 autos:	 O	 art.	 131	 do	 CPC/1973	 dispõe	 que	 o	 juiz,	 ao	 apreciar
livremente	as	provas,	deve	atender	aos	fatos	e	circunstâncias	constantes	dos	autos.
Ocorre	que	tal	dispositivo	legal	relaciona-se	à	valoração	da	prova	e	não	à	atividade	probatória.	Apresenta
limitação	ao	convencimento	do	juiz,	que	deverá	estar	fundamentado	em	elementos	dos	autos,	e	não	em
fatores	externos.
O	objetivo	é	dar	segurança	às	partes	para	que	não	sejam	surpreendidas	com	não	reconhecimento	de	seus
direitos	 em	 decisão	 fundamentada	 em	 algo	 sobre	 o	 que	 não	 puderem	 se	 manifestar	 ou	 não	 tinham
conhecimento,	o	que	feriria,	inclusive,	o	contraditório	e	a	ampla	defesa.
c)	Ônus	subjetivo	da	prova:	Esse	princípio,	como	já	exposto	em	capítulo	anterior,	está	ligado	ao	ônus	da
parte	de	provar	suas	alegações	e	os	riscos	de	não	fazê-la.	Contudo,	seu	ônus	não	limita	e	não	se	relaciona
à	atividade	probatória	do	juiz.
O	 fato	 de	 o	 litigante	 não	 ter	 produzido	 prova	 ou	 não	 ter	 feito	 de	 forma	 eficaz,	 não	 impede	 que	 o
magistrado	haja	com	o	fim	de	buscar	seu	próprio	convencimento.
Além	 disso,	 já	 fora	 dito	 que	 a	 regra	 do	 ônus	 probatório,	 constante	 no	 art.	 333	 do	 CPC/1973,	 é	 de
julgamento,	ou	seja,	só	na	prolatação	da	sentença	que	é	aplicada,	assim	sendo	não	influencia	no	curso	da
instrução	processual	ou	nos	poderes	do	juiz.
d)	Princípios	da	demanda,	da	legalidade	e	da	motivação:	O	princípio	da	demanda,	positivado	no	art.	262	do
CPC/1973,	dispõe	que	o	processo	começa	por	iniciativa	da	parte,	ou	seja,	o	Estado-juiz	deve	ser	provado	a
prestar	a	tutela	jurisdicional.
Porém,	o	próprio	dispositivo	legal,	na	segunda	parte,	prevê	que,	não	obstante	a	necessária	provocação	do
litigante,	o	processo	se	desenvolve	por	impulso	oficial.	Dessa	forma,o	princípio	não	apresenta	qualquer
obstáculo	ao	poder	instrutório	do	juiz,	que	é	exercido	no	curso	do	processo,	e	não	antes	da	provocação	da
parte.
Em	 relação	 ao	 princípio	 da	 legalidade,	 também	 não	 há	 impedimento	 à	 atividade	 instrutória,
principalmente	porque	esta	é	prevista,	de	forma	geral	e	ampla,	no	art.	130	do	Código	processualista.	Além
disso,	o	ativismo	judicial	na	busca	ela	verdade	dos	fatos	com	o	objetivo	de	decidir	o	processo	de	forma
mais	 justa	 e	 efetivar	 verdadeiramente	 o	 direito	 material,	 se	 coaduna	 com	 o	 Estado	 Democrático	 de
Direito.
Da	mesma	forma	é	o	princípio	da	motivação,	conforme	o	qual	deve	o	juiz	deve	justificar	os	motivos	que	o
levaram	àquela	decisão.	O	exercício	da	atividade	probatória	de	forma	alguma	é	limitada	pelo	postulado,
na	verdade	ambos	relacionam-se	intimamente,	já	que	o	juiz,	ao	determinar	a	realização	de	provas,	busca
seu	convencimento	e	elementos	que	motivarão	sua	decisão.
e)	 Lide	 ou	 objeto	 litigioso:	 O	 limite	mais	 certo	 ao	 poder	 instrutório	 é	 a	 próprio	 objeto	 da	 demanda.	 O
magistrado	 deve	 ater	 sua	 atividade	 instrutória	 ao	 objeto	 litigioso,	 sendo-lhe	 vedado	 determinar	 a
produção	de	provas	que	nada	tenham	a	ver	com	os	fatos	e	direitos	tratados	no	processo.
José	Roberto	Bedaque	explica	que	a	atividade	 instrutória	do	 juiz,	portanto,	 está	diretamente	vinculada
aos	limites	da	demanda,	que,	ao	menos	em	princípio,	não	podem	ser	ampliados	de	ofício	(arts.	128	e	460
do	 CPC/1973). 43	 Trícia	 Navarro	 Xavier	 Cabral,	 porém,	 afirma	 que	 não	 se	 trata	 de	 limitação,	 mas	 “de
técnica	processual	capaz	de	definir	exatamente	o	que	carece	de	prova	nos	autos”. 44
Assim	sendo,	vê-se	que,	em	verdade,	o	pode	instrutório	do	juiz	é	amplo	e	autônomo,	porém	não	absoluto.
A	maioria	das	limitações,	além	do	objeto	da	lide,	surge	no	caso	concreto	ao	longo	do	processo,	como	é	o
caso	de	prova	 inviável	ou	que	demande	tanto	 tempo	que	prejudique	o	direito	das	partes.	Cabe	ao	 juiz,
então,	no	exercício	de	seu	bom-senso	e	justiça,	adequar	sua	atividade	probante.
7.	Conclusão
O	presente	trabalho	abordou	temas	atuais	do	direito	processual	civil,	ligados	ao	ativismo	judicial	e	à	fase
instrumental	do	processo,	tais	como:	direito	probatório,	princípios	processuais	e	atividade	instrutório	do
juiz.
Após	 análise	 das	 fases	 do	 direito	 processual	 e	 assuntos	 relevantes	 do	 direito	 à	 prova,	 foi	 visto	 que	 a
divergência	 quanto	 à	 independência/autonomia	 do	 poder	 instrutório	 do	 magistrado	 está	 ligada	 ao
pensamento	doutrinário	quanto	aos	conceitos	dos	termos	usados,	como	“subsidiariedade”.
Em	verdade,	 o	poder	 instrutório	 é	 autônomo,	no	 sentido	de	 ser	desvinculado	à	 vontade	 e	 atuação	das
partes.	 Como	 dito	 em	 capítulo	 próprio	 do	 tema,	 o	 objetivo	 da	 atividade	 instrutória	 do	 magistrado	 é
desvinculado	 ao	 dos	 litigantes	 e	 não	 se	 confunde	 com	 ele,	 pois,	 enquanto	 estes	 defendem	 de	 seus
interesses	particulares,	o	juiz	age	em	nome	do	interesse	público.
Contudo,	em	que	pese	poder	exercer	seu	poder	em	qualquer	fase	processual	é	mais	conveniente	que	o
faça	 subsidiariamente,	ou	seja,	após	a	 indicação	das	partes	quanto	às	provas	que	pretendem	produzir.
Assim,	 o	 juiz	 poderá	 verificar	 mais	 facilmente	 o	 que	 ainda	 é	 necessário	 à	 formação	 do	 seu
convencimento.
Portanto,	 as	 características	 de	 autonomia	 e	 subsidiariedade	 podem	 coexistir,	 já	 que	 a	 primeiro	 está
relacionada	à	natureza	do	poder	instrutório,	enquanto	a	segunda	ao	momento	de	seu	exercício.
Com	a	implementação	deste	pensamento,	é	possível	que,	além	de	os	magistrados	ficarem	mais	livres	para
conduzir	o	processo,	as	decisões	fiquem	mais	justas,	pois,	o	erro	ou	equívoco	da	parte/advogado	quanto
aos	elementos	probatórios,	poderá	ser	sanado	pelo	magistrado.
Outrossim,	nas	situações	em	que	julgador	não	estiver	convencido	por	nenhuma	das	provas	das	partes,	ou
seja,	quando	não	houver	elementos	suficientes	nem	para	deferir,	nem	para	 indeferir,	o	pedido,	poderá
determinar	a	produção	das	provas	faltantes	ao	seu	convencimento.
Evidente,	porém,	que,	como	toda	decisão	judicial,	o	juiz	deverá	fundamentar	e	justificar	a	sua	atividade
instrutória,	 evitando-se,	 assim,	 o	 benefício	 indevido	 de	 um	 dos	 litigantes	 e/ou	 a	 imparcialidade	 do
julgador.
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PODERES	INSTRUTÓRIOS	DO	JUIZ	E	AS	NOVAS	DIRETRIZES	DA	NORMA	PROCESSUAL,	de
Rafael	Motta	e	Correa	-	RePro	194/2011/323
PODERES	DO	JUIZ	NO	NOVO	CPC,	de	Trícia	Navarro	Xavier	Cabral	-	RePro	208/2012/275
REFLEXÕES	SOBRE	OS	PODERES	INSTRUTÓRIOS	DO	JUIZ:,	de	Robson	Renault	Godinho	-
RePro	235/2014/85
FOOTNOTESFOOTNOTES
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2
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3
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4
CAPPELLETTI,	Mauro;	GARTH,	Bryant.	Acesso	à	Justiça.	Trad.	Ellen	Gracie	Northfleet.	Porto	Alegre:	Sergio	Antonio	Fabris	Ed.,	1988.
5
CÂMARA,	2007,	p.	410-411.
6
CABRAL,	2012,	p.	38.
7
GRECO,	Leonardo.	Os	atos	de	disposição	processual:	primeiras	reflexões.	Revista	Eletrônica	de	Direito	Processual.	out.-dez.	2007.	Disponível	em:
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8
DIDIER	JR,	Fredie;	BRAGA,	Paula	Sarno;	OLIVEIRA,	Rafael.	Curso	de	Direito	Processual	Civil.	6.	ed.	Salvador:	JusPodivm,	2011.	vol.	2,	p.	75.
9
Daniel	Penteado	de	Castro	afirma	que	o	ônus	da	prova	é	sim	um	dever,	não	jurídico,	mas	no	sentido	de	ser	interesse	da	parte,	inclusive	sua
necessidade,	 produzir	 e	 demonstrar	 os	 elementos	 que	 entender	necessários	 para	 o	 convencimento	do	 juiz	 (Poderes	 instrutórios	 do	 juiz	 no
processo	civil.	São	Paulo:	Saraiva,	2013).
10
CASTRO,	2013,	p.	148.
11
O	juiz	é	o	legitimado	pelo	Estado	a	exercer	os	atos	de	instrução	processual,	esse	poder	reflete,	na	verdade,	um	dever	perante	as	partes,	tendo
em	vista	que	o	acesso	à	Justiça	e	recebimento	da	tutela	jurisdicional	não	é	um	favor,	mas	garantia	constitucional.
12
BRASIL.	Lei	5.869,	de	11.01.1973:	institui	o	Código	de	Processo	Civil.	Brasília,	17.01.1973.
13
O	 art.	 130	 do	 CPC/1973	 prevê	 o	 poder	 instrutório	 de	 forma	 ampla	 e	 genérica,	 possibilitando	 inúmeras	 maneiras	 de	 exercê-lo.	 Os	 demais
dispositivos	legais	que	tratam	do	assunto	de	forma	mais	específicas	são	meros	exemplos	e	não	podem	ser	considerados	um	rol	restritivo.
14
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