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DISCIPLINA GEOLOGIA AMBIENTAL AULA 03 OS MINERAIS CURSO DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL A DISTÂNCIA DISCIPLINA GEOLOGIA AMBIENTAL AULA 03 OS MINERAIS CURSO DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL A DISTÂNCIA GOVERNO DO BRASIL Presidente da República DILMA VANA ROUSSEFF Ministro da Educação ALOIZIO MERCADANTE Diretor de Ensino a Distância da CAPES JOÃO CARLOS TEATINI Reitor do IFRN BELCHIOR DE OLIVEIRA ROCHA Diretor do Câmpus EaD/IFRN ERIVALDO CABRAL Diretora Acadêmica do Câmpus EaD/IFRN ANA LÚCIA SARMENTO HENRIQUE Coordenadora Geral da UAB /IFRN ILANE FERREIRA CAVALCANTE Coordenador Adjunto da UAB/IFRN JÁSSIO PEREIRA Coordenadora do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental MARIA DO SOCORRO DIÓGENES PAIVA GEOLOGIA AMBIENTAL – Aula 03 Professor Pesquisador/Conteudista LEÃO XAVIER DA COSTA NETO Diretor da Produção de Material Didático ARTEMILSON LIMA Coordenadora da Produção de Material Didático ROSEMARY PESSOA BORGES Revisão Linguística KALINA ALESSANDRA RODRIGUES DE PAIVA Coordenação de Design Gráfico LEONARDO DOS SANTOS FEITOZA Projeto Gráfico BRENO XAVIER Diagramação ALEF SOUZA 5 OS MINERAIS APRESENTANDO A AULA Depois de não só passar pelos conceitos fundamentais da Geologia e da Geologia Ambiental estudados na Aula 01, mas também entender as principais características, a estrutura interna e a evolução da Terra na aula 02, chegamos à aula onde você terá a oportunidade de estudar os minerais que formam as rochas que, por sua vez, compõem a crosta terrestre. Esta aula irá lhe apresentar os minerais, seu conceito, como são organizadas suas estruturas cristalinas, como eles se cristalizam e as classes cristalográficas e mineralógicas a que pertencem. Além disso, você terá a oportunidade de estudar as principais propriedades morfológicas e físicas dos minerais, as quais são importantes na sua descrição e na identificação. Por fim, ainda encontrará um pequeno glossário de termos geológicos para auxiliar no entendimento dos conteúdos estudados. DEFININDO OBJETIVOS Ao final desta aula, você deverá: • conhecer e entender como ocorre a cristalização dos minerais, a sua estrutura interna e como eles são classificados; • conhecer e descrever as propriedades morfológicas e físicas dos minerais; • identificar os principais minerais formadores de rochas. 6 GEOLOGIA AMBIENTAL DESENVOLVENDO O CONTEÚDO Conceitos Fundamentais Como estudamos na Aula 02, a estrutura interna da Terra está organizada nas seguintes camadas: Crosta, Manto e Núcleo. A Crosta é a camada onde vivemos e nela podemos identificar a Litosfera, a Hidrosfera e a Biosfera. A Litosfera, como já vimos, é a parte rígida da Crosta formada pelos diferentes tipos de rochas e estas são constituídas por um agregado de dois ou mais minerais. Por isso é importante estudar os minerais presentes na Crosta, pois todas as transformações que estes sofrem no ambiente primário e secundário (Conferir glossário da Aula 01) têm implicações diretas e indiretas nas alterações ambientais da superfície terrestre. Além disso, os minerais são de grande importância para a vida humana. Desde um tempo remoto, no Período Paleolítico (500.000 a 30.000 anos a.C.), já se usavam minerais e rochas como instrumentos de caça. Mais recentemente, aproximadamente 5.000 anos a.C., usavam-se metais forjados em ligas de bronze em armas. Atualmente, o crescimento populacional e o processo de industrialização acelerado utilizam os minerais e rochas em uma variedade de setores, a saber: construção civil (materiais de construção, cerâmica, cimento, materiais isolantes e em revestimento), processos metalúrgicos e industriais (matéria-prima, refratários, produtos de fundição, fundentes, abrasivos, lubrificantes e materiais de fricção), química (insumos químicos, explosivos, tintas, catalizadores e detergentes), consumo humano (fármacos e drogas, cosméticos e alimentos), fertilizantes e agricultura (fertilizantes, herbicidas, inseticidas, corretivo de solo e alimentação animal), vidros e cerâmicas (vidros, cerâmicas, aditivos especiais), meio ambiente (tratamento de lixo e fluentes), energia (elétrica, combustíveis fósseis, solar, eólica) e transporte (carros, motos, aviões, trens, etc). Dada a sua significativa importância, conheceremos os minerais ao longo desta aula. Conceitualmente, eles são sólidos homogêneos, com composição química definida, podendo variar dentro de intervalos restritos, formado por processos naturais inorgânicos, cujos átomos se organizam em um arranjo periódico tridimensional. A ciência que estuda os minerais é a Mineralogia, tendo como fundador o grego Teofrasto (372 a. C. - 287 a.C.) que escreveu De Lapidus, obra em que descreve 16 minerais e a descoberta de vários elementos químicos (TEIXEIRA et al., 2009). A figura ao lado mostra um cristal cúbico de halita/NaCl. Fig. 01 Fig. 02 7 OS MINERAIS Para o entendimento desse conceito, podemos considerar: a) Sólidos homogêneos: têm forma própria e constitui uma única fase sólida. b) Composição química definida: a composição química do mineral é expressa por uma fórmula química. Entretanto, pode variar de forma não aleatória, sendo controlada pela existência de espaços disponíveis na estrutura cristalina e pela valência dos íons presentes. A maioria dos minerais é formada pela combinação de diferentes elementos químicos em proporções fixas ou variáveis (TEIXEIRA et al., 2009). c) Processos naturais: não ocorre interferência humana, ou seja, as substâncias sintéticas ou artificiais não são consideradas minerais, mesmo que apresentem as mesmas características de um mineral. Por exemplo: o diamante sintético, produzido em escala industrial, não é considerado um mineral. d) Processos inorgânicos: não ocorre interferência de seres vivos, ou seja, as substâncias cristalinas formadas pelo metabolismo de organismos, como as conchas de moluscos que apresentam a mesma composição química e estrutura cristalina dos minerais calcita ou aragonita (CaCO3), não são consideradas minerais. e) Arranjo periódico tridimensional: os átomos que constituem os minerais estão dispostos de forma organizada, definindo a sua estrutura cristalina que permite a formação de sólidos simétricos, a qual está presente em todos os minerais, mesmo aqueles que não apresentam faces bem definidas, planas e lisas (Figura 3). Alguns minerais podem apresentar variação no arranjo, caso existam espaços (controlado pelo raio dos íons principais) para um novo elemento químico. Algumas características e propriedades físicas dos minerais podem indicar esse arranjo, tais como: a forma externa, a clivagem, a incidência de luz e o Raio-X. Fig. 03 - Cela unitária do mineral halita (NaCl), mostrando a fórmula química completa e todos os elementos de simetria do retículo completo. (TEIXEIRA et al., 2009, p. 135). 8 GEOLOGIA AMBIENTAL Existem substâncias que parecem superficialmente com um mineral, mas não satisfazem o conceito formal acima apresentado, inclusive não apresentam estrutura interna organizada tridimensionalmente. Estas substâncias são denominadas de amorfas. As de ocorrência natural chamam-se mineraloides, tais como: pérolas, âmbar, corais, algas calcárias, opala, obsidiana, vidro vulcânico, etc. Você pode estar se perguntando: e a água, o petróleo e o carvão mineral, como são classificados? Podemos classificá-los como minerais? Ora, vejamos: a água é líquida a temperatura ambiente; o petróleo, além de líquido/pastoso, é de origem orgânica; e o carvão também é de origem orgânica. Algumas substâncias químicas têm a propriedade de se cristalizar em minerais com diferentes tipos de estruturas cristalinas, porém, com a mesma composição química, dependendo da variação da pressão e da temperatura. Os minerais que apresentam essa propriedade são denominados de polimorfos (poli = várias; morfos = formas). O fenômeno é denominado de Polimorfismo. Como exemplo, temos o diamante (C) cristalizado em altaprofundidade na Crosta, e consequentemente, a alta pressão; e a grafita (C) que se cristaliza em menor profundidade da Crosta, por conseguinte, em ambiente de baixa pressão. Por outro lado, alguns minerais com composições químicas diferentes podem cristalizar com o mesmo tipo de estrutura cristalina. Os minerais que apresentam essa propriedade são denominados de isomorfos (isso = igual, morfos = forma). O fenômeno é denominado de Isomorfismo. Como exemplo, destacamos: halita (NaCl) e a silvita (KCl). Alguns minerais apresentam em sua composição um elemento químico com valor econômico, com utilidade para o homem. Esses minerais são denominados de mineral-minério. Por exemplo: a scheelita (CaWO4) tem, em sua estrutura cristalina, o wolfrâmio ou tungstênio (W), utilizado nas indústrias bélica, aeroespacial, metalúrgica, elétrica e petróleo e gás (perfuração), devido ao seu alto ponto de fusão (3419 °C), alta densidade, alta resistência à corrosão, além de ser um bom condutor de eletricidade e calor e baixo coeficiente de expansão térmica. Por sua vez, a rocha que hospeda o mineral-minério chama-se minério. Na Mina Brejuí, município de Currais Novos-RN, a scheelita (mineral-minério) está contida na rocha hospedeira denominada de calciossilicática. O termo cristal, muitas vezes, é confundido com o conceito de mineral. Este, por sua vez, está relacionado a minerais que se formaram em ambiente com condições de cristalização que permitiram o desenvolvimento de uma geometria de faces plana, lisas e paralelas. Desta forma, podemos dizer que todo cristal é um mineral, mas nem todo mineral é um cristal. O ramo da Geologia que estuda e descreve os cristais é a Cristalografia. Fig. 04 - Mina Brejuí. 9 OS MINERAIS Vamos conhecer um pouco mais sobre essa área? Estrutura Cristalina E Sistemas Cristalinos A menor parte de um elemento químico é o átomo, o qual conserva todas as propriedades físicas e químicas. As grandezas dos átomos, tais como número atômico (Z= nº prótons) e massa atômica (nº P + nº N), definem os elementos químicos. Então, os diferentes elementos químicos que apresentarem afinidades químicas entre si podem se unir através de ligações químicas para definir a cela unitária, a estrutura cristalina e, consequentemente, a formação de um determinado mineral. Os minerais podem apresentar todos os tipos de ligações químicas, ligações estas que determinam a maior parte das propriedades físicas dos minerais. Dentre os tipos de ligações químicas, elencamos: a) Ligações iônicas: quando os átomos doam e recebem elétrons, passando a apresentar cargas opostas. São ligações fortes, que conferem aos minerais: alta dureza, ausência de clivagem, baixa maleabilidade e alto ponto de fusão. b) Ligações covalentes: quando ocorre o compartilhamento de elétrons dos orbitais de valência. Os minerais também apresentam alta dureza, ausência de clivagem, baixa maleabilidade e alto ponto de fusão. c) Ligações metálicas: ocorre quando dois átomos de metais perdem elétrons das suas camadas mais externas, e estes se deslocam livremente entre eles formando uma “nuvem de elétrons”. Os minerais são bons condutores de calor e eletricidade, alta maleabilidade e ductibilidade. d) Ligações de Van der Waals e pontes de hidrogênio: são intermoleculares (entre moléculas), momentaneamente polarizadas e por indução elétrica irão polarizar uma molécula vizinha, resultando uma fraca atração entre ambas. Os minerais apresentam baixa dureza. A composição química e a estrutura cristalina ordenada são importantes na caracterização de um mineral. O arranjo ordenado dos átomos define a sua simetria. Para isso, é importante conhecer o conceito de cela unitária, que trata de um referencial geométrico arbitrário tridimensional o qual contém todos os elementos de simetria da estrutura cristalina (centro, eixo e plano) e reflete a composição química do mineral (TEIXEIRA et al., 2009). As celas unitárias são definidas a partir dos seguintes parâmetros: eixos cristalográficos (a, b, c) e pelos ângulos entre eles (α, β, γ) (Conferir Figura 5). Fig. 05 - Cela unitária mostrando o tamanho relativo dos eixos cristalográficos (a, b, c) e os ângulos entre eles (α, β, γ). 10 GEOLOGIA AMBIENTAL Com base nos parâmetros da cela unitária (eixos e ângulos), os minerais foram agrupados em sete Sistemas Cristalinos, a saber: cúbico, tetragonal, hexagonal, ortorrômbico, trigonal, monoclínico e triclínico. As características dos eixos e ângulos estão apresentadas na Figura 6. Os minerais se cristalizam a partir de três formas: uma solução, uma massa fundida ou um gás. A cristalização a partir de uma solução pode ocorrer por evaporação do solvente, por abaixamento de temperatura e/ou por diminuição da pressão. A evaporação lenta e gradual do solvente torna as soluções sobressaturadas e provoca a cristalização de substâncias. Assim, uma solução rica em Na+ e Cl- em ambiente com alta insolação, o solvente (água) irá evaporar aumentando a concentração dos íons citados até o ponto em que o solvente não consegue mais retê-los em solução. Então, estes precipitam na forma de cloreto de sódio (halita). Se as condições de temperatura permitirem, sais mais complexos podem Fig. 06 - Os sete Sistemas Cristalinos com as características dos eixos de simetria, os ângulos entre eles e os retículos de Bravais. A cela unitária que apresenta apenas elementos químicos nos vértices é denominada de primitiva (P), cela com elemento centrado no interior é denominada de corpo centrado (I), cela com elemento centrados em todas as faces (F) e cela com elemento centrado em apenas duas faces (C). 11 OS MINERAIS precipitar, como por exemplo, a silvita (KCl) e a carnalita (KMgCl3.6h2O). Em soluções submetidas a altas temperaturas e/ou altas pressões, os íons tendem a permanecer solúveis. Quando ocorre a diminuição na temperatura ou na pressão, a solução tende a saturar e a continuidade deste processo provocará a precipitação de minerais. Um exemplo muito comum é a cristalização de calcita (CaCO3). A cristalização de minerais a partir de uma massa fundida é exemplificada pela formação das rochas ígneas a partir do resfriamento do magma. Quando a temperatura diminui, os íons dissociados e com afinidades químicas são atraídos entre si e formam os núcleos cristalinos dos minerais. Como exemplo, podemos citar os minerais: quartzo, micas (muscovita e biotita), feldspatos (K-feldspato e plagioclásio), olivina, anfibólio e piroxênio que podem fazer parte da composição mineralógica do granito e do basalto (rochas ígneas). A forma menos frequente de cristalização é aquela que ocorre a partir de um gás ou vapor, porém o processo de cristalização segue os mesmos princípios da cristalização por solução e por massa fundida. Com a diminuição de temperatura, o gás se resfria e os íons com afinidade química são atraídos formando um sólido com composição química definida e estrutura cristalina ordenada. Um exemplo muito comum é a cristalização de enxofre a partir de gases quentes ricos em enxofre, expelidos pelas atividades vulcânicas. Esse gás, quando atinge a atmosfera mais fria, cristaliza-se e deposita-se no entorno. Classes Mineralógicas Atualmente, os mineralogistas identificam e descrevem aproximadamente 1.500 minerais. Entretanto, os minerais mais comuns formadores de rochas e de importância econômica totalizam aproximadamente 200. Segundo Teixeira (et al., 2000), os minerais são divididos em classes em função do seu ânion ou grupo aniônico, pois estes, de uma forma geral, apresentam semelhanças físicas e morfológicas. Por exemplo, a siderita/FeCO3 tem mais semelhança com a calcita/CaCO3 do que com a pirita/FeS. O controle da nomenclatura dos minerais é de responsabilidade da Associação Mineralógica Internacional (International Mineralogical Association-IMA). De acordo com o entendimento da IMA, os nomes dos minerais podem ser definidos seguindo diferentes critérios,a saber: podem indicar o local onde foi descoberto, como por exemplo o mineral brasilianita/NaAl3(PO4)2(OH)4, descoberto no Brasil; podem indicar o elemento químico predominante, como o mineral molibdenita/ MoS2, cujo nome deriva do elemento químico molibdênio; podem homenagear uma pessoa importante, como o mineral andradita/Ca3Fe2(SiO4)3, em homenagem ao geólogo e patriarca da Independência do Brasil, José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838). Entretanto, alguns nomes de minerais já estão consagrados na literatura e não seguem nenhuma regra específica, tais como: quartzo (SiO2), galena (PbS) e rutilo (TiO2) (Teixeira et al., 2000). 12 GEOLOGIA AMBIENTAL Para este curso, utilizamos a classificação mineralógica proposta por Dana (1984), baseada na composição química dos minerais, configurando-se como a classificação mais utilizada no Brasil. Dana (op cit) agrupou os minerais em 12 classes, as quais serão apresentadas a seguir: 1. Elementos nativos: Elementos que se apresentam na forma não cominada, ou seja, na sua forma nativa. Exemplos: ouro/Au e diamante/C. 2. Sulfetos: Combinação de enxôfre/S, selênio/Se ou telúrio/Te com metais. A maioria dos minerais metálicos estão nesta classe. Exemplos: pirita/FeS2, calaverita/ AuTe2 e skutterudita/(Co,Ni,Fe)As3. 3. Sulfossais: Combinação de enxofre e antimônio/Sb, arsênio/As ou bismuto/Bi com chumbo/Pb, cobre/Cu ou prata/Ag. Exemplos: pirargirita/Ag3SbS8, proustita/ Ag8AsS3, enargita/Cu3AsS4 e jamesonita/Pb4FeSb6S14. 4. Óxidos e Hidróxidos. Óxidos: combinação do oxigênio/O com um metal. Exemplos: zincita/ZnO, hematita/Fe2O3, piroulusita/MnO2, cassiterita/SnO2 e cromita/FeCr2O4. Hidróxidos: minerais que contém água ou hidroxila/OH como radical importante. Exemplos: brucita/Mg(OH)2 e manganita/MnO(OH). 5. Halóides: minerais que contêm Cl, F, Br e Inaturais como elementos principais. Exemplos: halita/NaCl, silvita/KCl e fluorita/CaF2. 6. Carbonatos: minerais que contêm o radical carbonato/CO3. Exemplos: calcita/ CaCO3, siderita/FeCO3, dolomita/CaMg(CO3)2, siderita/FeCO3, aragonita/CaCO3 e malaquita/Cu2CO3(OH)2. 7. Nitratos: minerais que contêm o radical nitrato/NO3. Exemplos: nitro de sódio/ NaNO3 e nitro/KNO3. 8. Boratos: minerais que contêm o radical borato/BO3. Exemplos: boracita/ Mg3B7O13Cl, kernita/Na2B4O7.4H2O e colemanita/Ca2B6O11.5H2O. 9. Fosfatos, Arseniatos e Vanadatos: minerais que contêm o radical fosfato/ PO4 ou arseniato/AsO4 ou vanadato/VO4. Exemplos: monazita/(Ce,La,Y,Th)PO4, ambligonita/LiAlFPO4, mimetita/Pb5Cl(AsO4)8 e carnotita/K2(UO2)2(VO4)2.3H8O. 10. Sulfatos: minerais que contêm o radical sulfato/SO4. Exemplos: gipsita/ CaSO4.2H2O e barita/BaSO4. 11. Tungstatos: minerais que contêm o radical tunsgstato ou wolframato/WO4. Exemplos: scheelita/CaWO4, wolframita/(Fe,Mn)WO4 e wulfenita/PbMoO4. 12. Silicatos: minerais que contêm o radical sílica (SiO2). Exemplos: quartzo/SiO2, olivina/(Mg,Fe)2(SiO4), feldspato/, berilo/Be3Al2(Si6O18), biotita/K(Mg,Fe)3(AlSi3O10) (OH)2, muscovita/KAl2(AlSi3O10)(OH)2, ortoclásio/K(AlSi3O8), plagioclásio/ Na,Ca(Al,Si)4O8, piropo/Mg3Al2(SiO4)3 e dipsídio/CaMg(Si2O6). 13 OS MINERAIS Destas classes mineralógicas, a dos Silicatos é a classe mais ambundante na formação das rochas da crosta terrestre, totalizando aproximadamente 90 %, sendo representada pelos seguintes minerais formadores de rochas: quartzo/SiO2, feldspatos (ortoclásio/KAlSi3O8, albita/NaAlSi3O8, anortita/CaAl2Si2O8), piroxênios (série da enstatita/(Mg,Fe)2Si2O6 e da augita/(Ca,Na)(Mg,Fe,Al,Ti)(Si,Al)2O6, biotita/K(Fe,Mg)3AlSi3O10(OH)2, muscovita/KAl2(Si3Al)O10(OH,F)2, hornblenda/ (Ca,Na)2-3(Mg,Fe,Al)5[(Si,Al)8O22](OH)2 e olivina/(Fe,Mg)2SiO4. O restante é representado pelos seguintes minerais formadores de rochas: zircão/ZrSiO4, calcita/CaCO3, dolomita/CaMg(CO3)2, apatita/CaPO4, magnetita/ Fe3O4 e pirita/FeS2. ATIVIDADE 01 Pesquise e escolha dois minerais representantes de cada uma das 12 classes mineralógicas estudadas nessa aula. Em seguida, faça uma ficha catalográfica de cada um deles, contendo as seguintes informações: nome, fórmula química, tipos de ligações químicas, sistema cristalino (características dos eixos cristalográficos e ângulos), classe mineralógica, forma de cristalização e aplicação. Pesquise, também, na internet e/ou em livros, uma imagem dos minerais pesquisados e insira no início da ficha de cada mineral. Propriedades Dos Minerais Sempre nos perguntamos: como fazer para identificar um determinado mineral? Quais as características que auxiliam sua identificação? Nesse sentido, podemos estabelecer uma relação com a atuação de um médico no diagnóstico de uma moléstia. Para estabelecer esse diagnóstico e prescrever a medicação, o médico necessita examinar o paciente e solicitar uma série de exames específicos. Da mesma forma, o mineralogista precisa descrever as principais características dos minerais, ou seja, descrever as propriedades que irão ajudar na sua identificação, o que remete ao conceito de Mineralogia Descritiva. Dentre essas propriedades, citamos: as Morfológicas, as Físicas, as Químicas e as Ópticas. As propriedades físicas dos minerais são as mais utilizadas na sua identificação, uma vez que são de fácil utilização em escala de afloramento e escala de amostra 14 GEOLOGIA AMBIENTAL de mão. Caso a identificação de um determinado mineral não seja possível pela análise das propriedades físicas, utilizam-se as propriedades ópticas, a partir do uso do microscópio petrográfico. Se a identificação ainda não for possível, outra opção consiste em utilizar as propriedades químicas, a partir de análises químicas e técnicas mais sofisticadas como difração de raio-X. A seguir, apresentaremos as principais propriedades morfológicas, físicas, químicas e ópticas utilizadas na descrição e na identificação de minerais. Propriedades Morfológicas Agora, você terá a oportunidade de estudar a principal propriedade morfológica dos minerais: o Hábito cristalino, que representa o aspecto externo do mineral, ou seja, a forma geométrica externa que o mineral adquiriu após a sua cristalização, a qual reflete em sua estrutura interna, como já foi estudado nessa aula. Segundo Dana (1984), os minerais apresentam hábitos que podem ser observados em: a) Cristais isolados e distintos: acicular (semelhantes a agulhas), capilar ou filiforme (semelhante a cabelos ou fios) e laminado (alongados, achatados como uma lâmina) (Conferir a Figura 7). b) Grupos de cristais distintos: dendrítico (arborescente, ramos delgados em forma de árvore), reticulado (cristais delgados semelhantes a retículos), divergente ou radiado (cristais radiados) e drusiforme ou drusa (cristais recobrem uma superfície). (Conferir Figura 8). Fig. 07 - Hábitos cristalinos: (a) acicular em natrolita/Na2(Al2Si8O10)- 2H2O e (b) capilar ou filiforme em auricalcita/2(Zn,Cu)CO3-3(ZnCu) (OH)2. 15 OS MINERAIS Fig. 08 - Hábitos cristalinos: (a) dendrítico em pirolusita/MnO2, (b) divergente ou radiado em pirolusita, (c) drusiforme em ametista/SiO2 e (d) drusiforme em quartzo/SiO2. c) Grupos de cristais paralelos ou radiados: colunar (semelhante a colunas), laminado (agregado de lâminas achatadas), fibroso (agregado de fibras delgadas), estrelado (radiados formando grupos circulares semelhantes a estrelas), globular (radiados formando grupos esféricos ou semiesféricos), botrioidal ou botrioide (agrupados em glóbulos como um cacho de uva), reniforme (massas arredondadas radiadas semelhantes a um rim), mamilonar ou mamilar (grandes massas arredondadas e radiadas semelhante a uma mama) e esferoidal (formas mais ou menos esféricas) (Conferir Figura 9). Fig. 09 - Hábitos cristalinos: (a) colunar em turmalina/, (b) fibroso em gipsita/CaSO4.2H2O, (c) globular em calcita/CaCO3, (d) botrioidal ou botrióide em apatita/ Ca5(F,CL,OH)-(PO4)3, (e) reniforme em hematita/Fe2O3 e mamilonar ou mamilar em smithsonita/ZnCO3. 16 GEOLOGIA AMBIENTAL d) Lamelar ou escamoso:foliáceo (mineral se separa em lâminas ou folhas); micáceo (semelhante ao anterior, mas formam lâminas bastante delgadas como nas micas); lamelar ou tabular (lamelas achatadas superpostas) e plumoso (finas escamas divergentes ou semelhantes a penas) (Conferir Figura 10). e) Grãos: granular (agregado de grãos pequenos ou grandes) (Conferir Figura 11). f) Miscelânea de hábitos: estalactítico (forma de cones ou cilindros pendentes), concêntrico (camadas superpostas em torno de um centro), pisolítico (massas arredondadas de tamanho próximo a ervilhas), oolítico (pequenas esferas semelhantes a ovas de peixe), bandado (estreitas faixas de cor ou textura diferentes), maciço (compacto com forma irregular diferente dos anteriormente descritos), amigdaloidal (forma de nódulos semelhantes a amêndoas), geodo (preenchimento parcial de uma cavidade) e concreção (formas aproximadamente esféricas formadas pela deposição em torno de um centro) (Conferir Figura 10). Fig. 10 - Hábito cristalino: micáceo em muscovita/KAl2(AlSi8O10)(0H)8. Fig. 11 - Hábito cristalino: (a) granular em quartzo/SiO2 e (b) granular em malaquita/Cu2CO3(OH)2. 17 OS MINERAIS Fig. 12 - Hábitos cristalinos: (a) bandado em ágata/SiO2, (b) maciço em quartzo/SiO2, (c) geodo em ágata/SiO2 e (d) concreção ferruginosa. Propriedades Físicas As propriedades físicas dos minerais importantes na sua identificação estão relacionadas aos fenômenos que dependem da luz, como o brilho, a cor, o traço e a diafaneidade; da sua estrutura interna, como a clivagem, a fratura, a dureza, a tenacidade, a densidade relativa; do desenvolvimento de cargas elétricas, como a pireletricidade e a piezeletricidade; da instabilidade atômica, como a radioatividade; e, finalmente, do campo magnético, como o magnetismo. A partir deste momento, iremos lhe apresentar as propriedades físicas dependentes da luz. Vamos lá? O Brilho é a primeira delas! Essa propriedade representa a aparência geral da superfície do mineral quando a luz é refletida. A luz pode passar através do mineral ou pode ser refletida por ele, a depender dos tipos de átomos presentes e de suas ligações químicas. Nesse sentido, o brilho é classificado em dois grupos principais: brilho metálico e brilho não metálico. Segundo Teixeira (et al., 2000), os minerais que refletem mais de 75 % da luz incidente apresentam brilho metálico. Os minerais que apresentam reflexão inferior a esse valor são classificados como não metálicos. Alguns autores acrescentam o brilho submetálico que é intermediário entre o metálico e o não metálico, apresentando um brilho mesmo intenso que o metálico. Os minerais com brilho metálico, geralmente opacos, apresentam a sua superfície com brilho próprio de um metal, como Au, Fe, Pb, Cu, Al, ou seja, o mineral precisa ter na sua composição um metal, para que a sua superfície apresente um brilho semelhante a alguns objetos utilizados no seu dia-a-dia, 18 GEOLOGIA AMBIENTAL como por exemplo: o brilho superficial de uma esquadria de alumínio, muito utilizada em janelas e portas. Como exemplos de minerais, elencamos: pirita (FeS2), calcopirita (CuFeS2), galena (PbS), hematita (Fe2O3) etc. No brilho não metálico, a luz incidente atravessa o mineral conferindo a sua superfície características distintas e diferentes de um metal. Este brilho é comum nos minerais transparentes e translúcidos. Em função dessa variação da penetração da luz no mineral, o brilho não metálico apresenta os seguintes tipos: vítreo (semelhante ao aspecto do vidro, quartzo/SiO2), adamantino (semelhante ao brilho intenso do diamante, cerussita/PbCO3), resinoso (semelhante ao aspecto de resina, como o âmbar, esfalerita/ZnS), nacarado (semelhante ao aspecto da pérola), gorduroso (semelhante ao aspecto de óleo) e sedoso (semelhante ao aspecto da seda). Reflita a respeito: a descrição da cor de um mineral pode ser realizada de qualquer forma e em qualquer face de um cristal? O que você pensa a respeito? A resposta é não! Modificações nas faces dos cristais podem ocorrer caso estes tenham estado ou estejam sob efeito de fenômenos exógenos (Ver glossário da Aula 01), principalmente com presença da água, alterando o brilho do mineral. Portanto, você deve descrever a cor do mineral nas faces sem evidências de processos de alteração, como por exemplo, a presença de oxidação ou fragilidade das suas faces (destruídas com as próprias mãos). A Cor de um mineral é resultado da absorção seletiva da luz e está diretamente relacionada com a composição química (átomo do elemento principal), os defeitos na estrutura atômica e a presença de impurezas (átomos de elementos traços). Quanto à cor, os minerais podem ser classificados em Idiocromáticos e Alocromáticos. Os minerais idiocromáticos apresentam cores que os caracterizam e que são invariáveis, como nos casos do amarelo do enxofre/S, do preto da magnetita/Fe3O4, do verde da malaquita/Cu2CO3(OH)2 e o azul da azurita/ Cu3(CO3)2(OH)2. Por sua vez, os minerais alocromáticos apresentam cores que podem variar, dependendo dos fatores anteriormente mencionados, como exemplo, podemos citar o quartzo (SiO2), que apresenta as variedades de quartzo hialino ou cristal de rocha (incolor, puro), leitoso (braco leite, inclusões líquida e gasosas), citrino (amarelo, impurezas de Fe), ametista (violeta, impurezas de Fe e Mn), quartzo rosa (rosa, impurezas de Mn ou Ti), verde (prásio, inclusões de actinolita/ Ca2(Mg,Fe)5(Si8O22)(OH)2 e quartzo esfumaçado (esfumaçado, presença de radioatividade). Outro exemplo é do berilo/Be3Al2(Si6O18), que na cor verde é esmeralda (Decorrente da impureza de Cr) e na cor azul ou azul-esverdeada é água marinha (Resultante da impureza de Fe) (PRICE et al. 1976, PARKIN et al. 1977, GOLDMAN et al. 1978, BLAK et al. 1982, FONTAN & FRONSOLET 1982 apud VIANA, et al., 2001). Da mesma forma que o brilho, os fenômenos exógenos também alteram a cor do mineral. Portanto, você deve descrevê-las nas faces sem evidências de 19 OS MINERAIS alteração, como por exemplo, a presença de oxidação ou fragilidade das suas faces. É importante que a descrição da cor do mineral evite cores personalizadas, tais como: azul piscina, vermelho sangue, amarelo ouro, etc., pois pode provocar confusão na associação e entendimento destas cores. É mais prudente descrever a cor do mineral utilizando variação de tonalidade (azul claro, vermelho escuro, cinza claro, etc.) ou combinação de cores (azul esverdeado, vermelho amarelado, verde azulado, etc.). O Traço do mineral é definido pela cor do pó fino proveniente dele. Para determinar a cor do traço, você deve friccionar o mineral sobre uma placa de porcelana branca, não polida, que tem dureza 7. Atenção: Minerais com dureza maior que 7 não devem ter o traço observado na placa de porcelana, pois o pó fino resultante é da placa e não do mineral. O traço é uma propriedade importante na identificação de minerais opacos idiocromáticos, mas nem sempre refletem a cor do mineral, como por exemplo, a magnetita/Fe3O4 que apresenta cor cinza escuro a preto e brilho metálico. Ela possui um traço vermelho escuro. Diferentemente, os minerais transparentes e translúcidos apresentam traço branco. Da mesma forma que o brilho e a cor dos minerais, para a identificação do traço, devem-se observar as faces sem alteração e utilizar variação de tonalidade ou combinação de cores. A Diafaneridade representa a quantidade de luz que atravessa o mineral e permite a visualização ou não de objetos através dele. Em outras palavras, também é conhecida como Transparência. Para a determinação da diafaneidade, devem-se observar fragmentos ou pontas finas do mineral. Entretanto, existem minerais que, mesmo em grandes cristais, os objetos ou contornos podem ser visualizados. Portanto, a diafaneidade é classificada em transparente, translúcida e opaca. Os minerais em que a luz atravessa totalmente, permitindo que os contornos dos objetos sejam observados através deles, sãodenominados de transparente. Como exemplo, temos o quartzo/SiO2. Os minerais em que a luz atravessa parcialmente e cujos contornos dos objetos não são visualizados perfeitamente, são denominados de translúcidos, como por exemplo, o feldaspato potássico ou ortoclásio/K(AlSi3O8). Os minerais em que a luz não atravessa, portanto sem visualização dos contornos dos objetos, estes são denominados de opacos, como no caso da magnetita/Fe3O4. Veja que a Figura 14 representa bem o conceito da diafaneidade. Fig. 14 - Classificação da diafaneidade dos minerais em transparente (a), translúcido (b) e opaco (c). 20 GEOLOGIA AMBIENTAL A Fluorescência e a Fosforecência são definidas como a emissão de luz pelos minerais, quando estes são expostos à luz ultravioleta, aos raios X ou aos raios catódicos. Os minerais em que a luz perdura somente durante a exposição dos raios são classificados como fluorescentes, enquanto os minerais que ainda permanecem com luz quando é cessada a exposição aos raios são denominados de fosforescentes. Quando submetidos à luz ultravioleta, a scheelita/CaWO4 e a calcita/ CaCO3 apresentam fluorescência azul e rosa, respectivamente. Enquanto a willemita/Zn2(SiO4) apresenta fluorescência e fosforescência verde. A título de exemplificação, veja a fosforescência azul da scheelita na Figura 15. Agora, você terá a oportunidade de conhecer as propriedades físicas que dependem da estrutura interna dos minerais. A primeira delas é a Clivagem, definida como a maneira com que os minerais se quebram, segundo superfícies planas e paralelas. Essas superfícies são denominadas de planos de clivagem e estão associadas à estrutura interna dos minerais ao longo dos planos onde as ligações químicas são mais fracas. Logo, os planos de clivagem desenvolvem-se paralelos às faces dos minerais. A clivagem pode ser classificada segundo a direção e a qualidade. Quanto à direção, podem se desenvolver em 1, 2 ou 3 direções, segundo seus eixos cristalográficos (a, b e c) que definem planos, conforme estudados nesta aula. A Figura 16, abaixo, mostra as direções de clivagem. No que se refere à qualidade das clivagens, existe uma série de classificações. Fig. 15 - Scheelita/CaWO4 em estado natural (a) e mostrando fluorescência azul (b). Fig. 16 - Direções de Clivagem: (a) única direção/plano, (b) duas direções/planos, (c) três direções/planos, (d) três direções/planos em ângulos não retos. Todas estas clivagens são classificadas como perfeitas. 21 OS MINERAIS Dana (1984) classifica em perfeita, indistinta e ausente. Por sua vez, Popp (2009) classifica em proeminente, perfeita, boa, moderada e pobre. Nesta aula, serão utilizados os termos: perfeita, imperfeita e ausente. A muscovia/KAl2(AlSi3O10) (OH)8 e feldaspatos potássico/K(AlSi3O8) mostram clivagem perfeita, enquanto a apatita/Ca5(F,Cl,OH)(PO4)3 mostra clivagem imperfeita e o quartzo/SiO2 não apresenta clivagem. Todos as clivagens dos minerais mostrados na Figura 17 apresentam clivagem perfeita. O quartzo rosa se quebra de forma irregular, ou seja, não apresenta clivagem, conforme você pode observar na Figura 17. Outra propriedade importante e utilizada na determinação de minerais é a Fratura, entendida como a maneira com que os minerais se rompem quando não ocorrem ao longo dos planos de clivagem, ou seja, não ocorrem ao longo de superfícies planas e paralelas. Existem vários tipos de clivagem, entretanto as mais comuns são: conchoidal (superfícies lisas e curvas que se assemelham à parte interna de uma concha, quartzo/ SiO2) (Conferir na Figura 18), fibrosa ou estilhaçada (superfícies com aspecto de fibras ou estilhaços, amianto/Mg6(Si4O10) (OH)8) (Conferir Figura 18), serrilhada ou denteada (Superfícies irregulares, denteadas e cortantes, cobre nativo/Cu) (Conferir Figura 18) e desigual ou irregular (Superfícies rugosas e irregulares, turmalina/XY3Al6(BO3)3(Si6O18) (OH)4, onde X pode ser Na, Ca e Y pode ser Al, Fe+3, Li, Mg) (Conferir Figura 18). Fig. 17 - Quartzo rosa mostrando ausência de clivagem. Fig. 18 - Minerais mostrando diferentes tipos de fraturas: (a) quartzo hialino com fratura conchoidal, (b) amianto com fratura fibrosa, (c) cobre nativo com fratura serrilhada e (d) turmalina com fratura irregular. 22 GEOLOGIA AMBIENTAL A Dureza (D) de um mineral representa a resistência que a superfície lisa e inalterada oferece ao ser riscada. Você estudou anteriormente que a dureza é uma propriedade que depende da estrutura interna dos cristais. Logo, quanto mais fortes forem as ligações químicas, mais alta será a dureza do mineral. Para facilitar a determinação da dureza, o geólogo e mineralogista alemão, Friedrich Mohs publicou o livro Tratado de Mineralogia (1825), no qual apresentou a escala de dureza dos minerais, conhecida como a escala de durezade Mohs, utilizada até hoje. Essa escala possui 10 níveis em ordem crescente, representados por diferentes minerais. Veja o Quadro 1 abaixo com a escala de dureza de Mohs. A determinação da dureza é realizada observando-se a facilidade ou a dificuldade de um mineral riscar outro e vice-versa. Você também pode utilizar outros materiais, inclusive, industrializados, para determinar a dureza de um mineral, como por exemplo: a própria unha (D= 2,5), uma moeda ou fio de cobre (D= 3,0), um canivete (5,5), um fragmento de vidro (5,5-6,0), uma liga de aço (6,5) ou uma placa de porcelana não polida (7,0), pois estes também possuem dureza (Conferir a Figura 19). Perceba, então, que a dureza é determinada de maneira relativa, ou seja, comparando as dureza de minerais ou materiais. Veja o quadro 1, 23 OS MINERAIS apresentado acima, que mostra a relação entre as durezas dos minerais da escala de Mohs e os materiais supracitados. A técnica de determinação da dureza relativa de um mineral é fácil de ser executada e você pode realizar em qualquer lugar, sem uso de equipamentos específicos, desde que possua alguns dos minerais e materiais acima mencionados. Essa técnica consiste em friccionar um mineral ou material de dureza conhecida sobre a superfície lisa e sem evidência de alteração (Por exemplo: oxidação) do mineral que se quer estudar. Se este mineral imprimir um risco (ranhura, sulco) na superfície lisa, então ele tem dureza maior que o mineral estudado. Não confundir risco com traço (pó fino do mineral), como já estudamos nesta aula. Em resumo, o mineral que risca tem dureza maior do que o mineral que foi riscado. Caso ambos se risquem, significa que possuem durezas iguais ou aproximadas. Como exemplo, após a realização dos testes de dureza, você deve classificar o mineral da seguinte forma: dureza é maior que 5,5 (canivete) e menor que 7 (placa de porcelana ou quartzo). Os minerais apresentam certo grau de coesão, possibilitando que sejam rompidos, esmagados, curvados ou rasgados. Essa propriedade denomina-se Tenacidade. A tenacidade apresenta os seguintes tipos: quebradiço (Quando o mineral se quebra ou pulveriza-se facilmente), maleável (Quando o mineral é transformado em finas lâminas por percussão), séctil (Quando o mineral pode ser cortado com um canivete), dúctil (Quando o mineral pode ser transformado em fios quando estirados), flexível (Quando o mineral é curvado sob pressão, mas não retorna a sua posição original ao cessar a pressão) e elástico (Quando o Fig. 19 - Escala de dureza de Mohs mostrando a relação da dureza dos minerais com outros materiais. 24 GEOLOGIA AMBIENTAL mineral é curvado sob pressão, mas retorna a sua posição original quando cessa a pressão). A Densidade Relativa (d) é uma propriedade física importante na identificação de minerais, a qual depende dos tipos de átomos e da maneira como eles estão organizados. A densidade relativa representa a relação entre o peso de um mineral e o de um volume igual ao da água a 4 ºC, ou seja, é expressa pela relação: m (massa) / v (volume) do mineral. Atenção: Cuidado para não confundir densidadecom peso! O peso representa a massa de um corpo e sofre ação da gravidade. Para efeitos práticos, os minerais podem ser classificados quanto a densidade relativa em minerais leves e minerais pesados. Tomando como base os seguintes minerais não metálicos: quartzo/SiO2 (d= 2,65 g/cm3), o feldspato/K(AlSi3O8) (d= 2,60-2,75 g/cm3) e a calcita/CaCO3 (d= 2,71 g/cm3) (mineral não metálico). Então, a densidade relativa média pode ser considerada 2,65 g/cm3, aproximada a do mineral quartzo. Para separar minerais leves de pesados, são utilizados alguns líquidos densos (separação gravimétrica). Um deles é o bromofórmio/CHBr3 que tem densidade 2,89 g/cm3. Nesse sentido, pode-se considerar que os minerais com densidade acima e abaixo do bromofórmio são considerados minerais pesados e leves, respectivamente. Uma forma mais simples e fácil de determinar a densidade relativa dos minerais é comparar com o quartzo. Os minerais abaixo da densidade do quartzo são minerais leves (feldspatos, grafita, halita, serpentina), enquanto que aqueles com densidade acima da do quartzo são considerados minerais pesados (magnetita, scheelita, ouro). Os minerais leves geralmente apresentam cores claras, já os minerais pesados cores escuras. Consequentemente, esses minerais irão influenciar na densidade média das rochas. Agora, apresentaremos as propriedades físicas que dependem da eletricidade e do magnetismo. Os minerais podem desenvolver cargas elétricas positivas e negativas na sua superfície quando submetidos à pressão ou à temperatura. A Piezeletricidade ou Piezoeletricidade é a propriedade dos minerais que apresentam cargas elétricas quando submetidos a pressões nas extremidades de um dos seus eixos cristalográficos. Não esqueça que os eixos cristalógráficos já foram apresentados nesta aula, quando tratamos da estrutura interna dos minerais. O exemplo mais comum é o do mineral quartzo, inclusive amplamente utilizado na indústria eletrônica. Por sua vez, alguns minerais, quando submetidos à variação de temperatura, podem apresentar cargas elétrica positiva e negativas nas extremidade opostas de um eixo cristalográfico, como é o caso da turmalina. Esse fenômeno é conhecido com Pireletricidade ou Piroeletricidade. 25 OS MINERAIS Por fim, alguns minerais que apresentam o elemento ferro na composição, podem, na sua forma natural, ser atraídos pelo imã. Essa propriedade denomina- se Magnetismo e é importante na identificação e na separação de minerais. Os principais minerais magnéticos são a magnetita/Fe3O4 e a pirrotita/Fe1-xS. Finalmente, agora você conhece como se formam, como se classificam, quais as características morfológicas e físicas dos minerais, além de ter percebido a importância de se estudar os minerais. Esses conhecimentos têm relevância no entendimento do conteúdo de outras aulas dessa disciplina. ATIVIDADE 01 Utilize os mesmos minerais da Atividade 1 e complete a ficha catalográfica com as suas propriedades morfológicas (hábito) e físicas (brilho, cor, traço, diafaneidade, fluorescência, fosforescência, clivagem, fratura, dureza, tenacidade, densidade, piezeletricidade, pireletricidade e magnetismo). Agora que você elaborou a ficha catalográfica com todas as características dos minerais, pesquise na sua região se existe a ocorrência de algum deles e consiga uma amostra de mão para fazer parte da sua coleção particular. Caso não exista ocorrência na sua região, amplie seus conhecimentos teóricos, identificando em quais estados brasileiros eles ocorrem. LEMBRE-SE Glossário Afloramento é a exposição das rochas na superfície terrestre. Amostra de Mão são fragmentos de minerais ou rochas em tamanhos suficientes para serem descritos e determinados macroscopicamente com auxílio de lupa de bolso. 26 GEOLOGIA AMBIENTAL RESUMINDO Nessa aula, você aprendeu o que são minerais, como eles se formam, e consequentemente, como os átomos dos elementos químicos se organizam, constituindo a sua estrutura interna ordenada. Fundamentando-se nas dimensões dos eixos cristalográficos e dos ângulos que formam entre si, ou seja, da sua estrutura interna, aprendeu também que os minerais foram agrupados em sistemas cristalinos. Estudou que os minerais foram Calciossilicática é um tipo de rocha metamórfica de contato, que tem como composição principal o magnésio, cálcio, sílica e alumínio. Para isso, os minerais predominantes são a calcita, dolomita, quartzo, granada, epidoto. Nessa rocha é onde ocorre a scheelita extraída na Mina Brejuí em Currais Novos/RN. Difração de Raio-X é uma técnica de análise estrutural e microestrutural de materiais cristalinos (mineral ou não), a partir da incidência de um feixe de raio-X monocromático que irá sofrer o fenômeno de difração. Elementos Traços são elementos químicos que ocorrem em quantidades mínimas na natureza, na ordem de ppm. Alguns elementos traços presentes em minerais: Ba, Eu, Pb, Rb, Sr e Ge em feldspatos e Ba, Cs, Rb, Co, Cr, Li, Mn, Sc, V, Zn e Ge em micas. Fossa das Marinas é a feição fisiográfica mais profunda dos oceanos, formada em uma zona de convergência de placas litosféricas, localizada no Oceano Pacífico, a leste das Ilhas Marianas e apresenta 11.034 m. Microscópio Petrográfico é um equipamento utilizado na observação e descrição de minerais e rochas, podendo ampliar a imagem até 400x. Existem dois tipos principais: os de luz transmitida e os de luz refletida, mas alguns modelos podem apresentar as duas possibilidades. O microscópio petrográfico difere dos microscópios comuns por apresentarem uma platina rotativa, dois filtros polarizadores/nicóis: um abaixo da platina (denominado polarizador) e outro acima da platina (denominado analisador). Oxidação é o fenômeno químico que representa a perda de elétrons por um elemento químico e provoca o aumento do número de oxidação do elemento. Retículos de Bravais são arranjos geométricos tridimensionais com vizinhanças idênticas, definidos por três direções (eixos: a-b-c) e as suas distâncias respectivas. O físico francês Auguste Bravais demonstrou, no ano 1848, que os minerais podem apresentar estrutura interna organizada, segundo 14 retículos ou redes, os quais em sua homenagem receberam seu nome. 27 OS MINERAIS LEITURAS COMPLEMENTARES Visite o sítio do Museu de Minerais e Rochas “Heinz Ebert” da Universidade Estadual Paulista-UNESP. Esse museu virtual apresenta uma grande quantidade de minerais e rochas, com a descrição das suas principais características e propriedades, além de imagens dos respectivos minerais. Para conhecer o museu, acesse o site http://www.rc.unesp. br/museudpm/. O link http://www.rc.unesp.br/museudpm/ banco/grm.html leva você direto à divisão de minerais do museu. Conheça o que são gemas e seus diferentes tipos (natural, sintético e artificial), realizando a leitura do Manual Técnico de Gemas, publicado pelo Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos/IBGM e o Departamento Nacional da Produção Mineral/DNPM, que você encontra disponível no endereço: http://www.dnpm.gov.br/mostra_arquivo. asp?IDBancoArquivoArquivo=3331. Visite o sítio da Companha de Pesquisa de Recursos Minerais/CPRM, ou simplesmente, o Serviço Geológico do Brasil, acessando o link: http://www.cprm.gov.br/publique/ cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1097&sid=129. Com isso, você conhecerá os minerais considerados gemas e os fatores que determinam o seu valor. organizados em classes mineralógicas, dependendo da sua composição química, e que a classe mais abundante na crosta terrestre é a dos silicatos. Por fim, estudou as propriedades morfológicas e físicas dos minerais, fundamentais na sua descrição e identificação, além de entender a aplicação dos minerais na vida humana. 28 GEOLOGIA AMBIENTAL AVALIANDO SEUS CONHECIMENTOS Agora que você realizou as Atividades 1 e 2, já sabe os conceitos relacionados às propriedades minerais, aproveite para se aprofundar um pouco mais e discorrersobre as questões abaixo. Você pode fazer uso de outras fontes de pesquisa. 1. Explique as diferenças entre mineral, mineralóide, cristal e gema. 2 Explique as diferenças entre clivagem e fratura, porque elas se formam e de que dependem. 3 Quais as diferenças entre brilho, cor e traço de um mineral. 4 Explique como um mesmo mineral pode apresentar hábitos diferentes e minerais diferentes podem apresentar hábitos iguais. 5 Explique porque o mineral quartzo (D= 7) não apresenta clivagem. 29 OS MINERAIS CONHECENDO AS REFERÊNCIAS DANA, James Dwight. Manual de Mineralogia. 9ª reimpressão. Rio de Janeiro: LTC, 1984. 642 p. MACHADO, Fábio Braz; MOREIRA, C.A.; ZANARDO, Antenor; ANDRE, A.C.; GODOY, A.M.; FERREIRA, J. A.; GALEMBECK, T.; NARDY, A.J.R.; ARTUR, A.C.; OLIVEIRA, M.A.F.de. Enci- clopédia Multimídia de Minerais. [on-line]. ISBN: 85-89082-11-3 Disponível em: http://www.rc.unesp.br/museudpm. Acesso em: 18/10/2012. MORANGON, Márcio. Elementos de Geologia. UFJF, apostila, 1995. 68 p. POPP, José Henrique. Geologia Geral. 5. ed. Rio de janeiro: LTC, 2009. 376 p. TEIXEIRA, Wilson; TOLEDO, Maria Cristina Motta de; FAIRCHILD, Thomas Rich;; TAIOLI, Fábio. Decifrando a Terra. 1. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2000. 568 p. TEIXEIRA, Wilson; FAIRCHILD, Thomas Rich; TOLEDO, Maria Cristina Motta de; TAIOLI, Fábio. Decifrando a Terra. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009. 623 p. VIANA, Rúbia Ribeiro; EVANGELISTA, Hanna Jordt; DA COSTA, Geraldo Magela. Carac- terização químico-mineralógica e espectroscopia Mössbauer de água marinha da região de Pedra Azul, Nordeste de Minas Gerais. Revista Brasileira de Geociên- cias, 31(l), 2001. p. 89-94. WIKIPEDIA. Geóide. Disponível em: httppt.wikipedia.orgwikiGeoide. Acesso: 25/09/2012. LISTA DE FIGURAS Fig. 01 - http://www.notapositiva.com/pt/trbestbs/geologia/imagens/10_mobilismo_geologico_09_d. jpg Fig. 02 - http://ichn.iec.cat/bages/geologia/Imatges%20Grans/halita.htm Fig. 03 - TEIXEIRA et al., 2009, p. 135 Fig. 04 - http://www.natalonline.com/_resources/_circuits/files/files_1819.jpg Fig. 05 - Acervo pessoal do autor para uso exclusivo em sala de aula. Fig.06-http://recursostic.educacion.es/ciencias/biosfera/web/alumno/1bachillerato/cristalizacion/ contenido1.htm Fig.07-http://presentacionespp.blogspot.com.br/, http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Aurichalcite-24456.jpg 30 GEOLOGIA AMBIENTAL Fig.08-(a)http://presentacionespp.blogspot.com.br/, (b)http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pyrolusite_radiating.jpg, (c) http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Amethyst.bed.750pix.jpg, (d) http://presentacionespp.blogspot.com.br/ Fig.09- (a) http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Turmalin_12verdelit,_Madagaskar.jpg, (b) http://commons.wikimedia.org/wiki/File:GipsitaEZ.jpg, (c) http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Globular_calcite_on_quartz.jpg, (d) http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Frankolit,apatyt,_Rosja_Chibiny1.JPG, (e) http://commons.wikimedia.org/wiki/File:H%C3%A4matit.jpg, (f ) http://commons.wikimedia.org/wiki/File:H%C3%A4matit.jpg Fig.09- http://dc390.4shared.com/doc/xNS1jSw5/preview.html. Fig.10- (a) http://www.rc.unesp.br/igce/petrologia/nardy/mohabi.html. (b) http://abg2010g441.blogspot.com.br/2010/12/la-malaquita-malaquita-su-nombre-viene.html. Fig.11- (a) http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Agate_banded_750pix.jpg (b) http://sopasdepedra.blogspot.com.br/2012_05_01_archive.html. (c) http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Geode_inside_outside.jpg (d) http://www.irrigart.com.br/images/fotos/06.jpg. Fig.12- http://pt.scribd.com/doc/96743657/AULA-07-PROPRIEDADES-DOS-MINERAIS-RESUMAO Fig.13- http://www.rc.unesp.br/igce/petrologia/nardy/n9.pdf. Fig.14- http://biopensamentos.blogspot.com.br/2010/02/propriedades-fisicas-dos-minerais_15.html. Fig.15- http://www.manufacturer.com/product/i1841049-Quartz+Mineral.html. Fig.16- (a) http://forum.netxplica.com/viewtopic.php?t=16094&sid=1a42cd6e406b50e6164b9e5b12f 5d000. (b) http://intesegtrabalho.blogspot.com.br/2011_12_01_archive.html) (c) http://www.mineral-s.com/tienda/index.php?cPath=181). (d) http://www.gemstoneargentina.com.ar/lang-br/content/19-turmalina. Fig.17-http://heartjoia.com/1086-dureza-diamante-escala-mohs.
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