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1 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE DIREITO DISCIPLINA: DIREITO CIVIL II PROFESSOR: MARCIO COSSICH MATERIAL DE AUXÍLIO ACADÊMICO DO ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES ➢ Do Pagamento – De Quem Deve Pagar Art. 304 do CC: O artigo em si trata do efeito do pagamento, neste sentido podemos afirmar que, este é a execução voluntária e exata, por parte do devedor, da prestação devida ao credor, no tempo, forma e lugar previstos no título constitutivo. Se a prestação não for personalíssima, será indiferente ao credor a pessoa que solver a prestação, podendo ser o próprio devedor ou outra por ele, pois o que lhe importa é o pagamento, já que a obrigação se extinguirá com ele. O parágrafo único do citado artigo, trata da figura do terceiro não interessado que é aquele que não está vinculado à relação obrigacional existente entre o credor e o devedor, embora possa ter interesse de ordem moral, como é o caso por exemplo: do pai que paga a dívida do filho; do homem que resgata a dívida de sua amante; ou da pessoa que cumpre a obrigação de um amigo. Ressalta-se que, a figura do terceiro interessado também poderá efetuar o pagamento, visto que possui um interesse declarado que a obrigação seja cumprida, pois somente assim, estará isento de responsabilidades, como por exemplo: o fiador que paga a dívida do afiançado para que não venha a sofrer processo de execução. Art. 305 do CC: O legislador especificou neste artigo, os direitos do terceiro não interessado que pagar o débito alheio, o direito de ser reembolsado pelo que pagou por meio de ação própria, podendo pleitear tão somente o quantum despendido, não podendo reclamar juros, perdas e danos, etc. Art. 306 do CC: O citado artigo trata da oposição ou desconhecimento por parte do devedor ao pagamento por parte de terceiro, ou seja, se houver pagamento por terceiro interessado desobriga o devedor de reembolso, se naquele momento ele tinha meios de contestar a ação. Art. 307 do CC: Observa-se neste artigo que, só terá validade o pagamento que importar transmissão de propriedade de bem móvel ou imóvel se quem receber o pagamento (credor), for o legítimo titular do direito real, podendo alienar o objeto da prestação. 7ª 2 Ressalta o parágrafo único do referido artigo que, uma vez dado em pagamento um bem fungível àquele que detinha o direito de receber a coisa, tendo este recebido de boa-fé e consumido, não se poderá mais reclamar o bem, ainda que o devedor (solvente) não tivesse direito de aliená-la. ➢ Do Pagamento – Daqueles a quem se deve pagar Art. 308 do CC: O pagamento deverá ser feito ao credor, ao co-credor ou a quem o representante legal, judicial ou convencionalmente, podendo também ser feito aos seus sucessores causa mortis (herdeiros) ou inter vivos (cessionário do crédito), que são os credores derivados. Art. 309 do CC: O credor putativo é aquele que se apresenta aos olhos de todos como o verdadeiro credor, embora não o seja, apesar de estar na posse do título obrigacional (herdeiro que perde essa qualidade em razão de anulação do testamento), para que o pagamento a ele efetuado tenha validade será preciso que exista: boa-fé do devedor; e escusabilidade de seu erro, uma vez que agiu cautelosamente. Art. 310 do CC: Se o devedor, cientemente, pagar ao credor incapaz de dar a quitação, tal pagamento será nulo ou anulável, conforme seja a pessoa que recebeu o pagamento absoluta ou relativamente incapaz. Mas, se se provar que o referido pagamento reverteu em benefício do credor, válido será o pagamento. Podemos citar, por exemplo: a pessoa do devedor que cumpre a obrigação fazendo a entrega de medicamentos a um menor relativamente incapaz, que necessitava dos mesmos para sua sobrevida, pois ainda que o menor não estivesse devidamente assistido, a obrigação estava sendo cumprida. Art. 311 do CC: Se alguém se apresentar perante o devedor com o título que lhe deve ser entregue como quitação, há neste caso a presunção de que está munido de mandato tácito, ou seja, de que esta pessoa está autorizada pelo credor a receber a prestação devida, como por exemplo: a dívida que pretende ser cobrada com a apresentação do título através do empregado ou do encarregado da cobrança. Art. 312 do CC: O citado artigo trata do pagamento feito a credor impedido legalmente de receber, ou seja, se o devedor pagar ao credor que está com seu crédito penhorado ou impugnado por terceiro, pagará mal, estando sujeito a pagar novamente. Evidencia-se que neste caso, para que o devedor tenha que pagar novamente será necessário que o mesmo tivesse conhecimento da penhora através de notificação judicial, e ainda assim efetuasse o pagamento ao credor impedido legalmente. Porém, a legislação assegura a este devedor o direito regressivo contra o seu credor a quem pagou indevidamente, exigindo a restituição do quantum pago. 7ª 7ª 3 ➢ Do Pagamento – Do objeto do pagamento e sua prova Art. 313 do CC: O artigo em pauta trata de uma proteção à figura do credor, uma vez que assegura ao mesmo o direito de não ser obrigado a receber coisa diversa da pretendida, ainda que esta tem mais valor, uma vez que o bem ainda que seja mais valorado, não alcança assim, a pretensão desejada e determinada na convenção. Art. 314 do CC: A disposição legal trata da impossibilidade de divisão da prestação. Neste sentido devemos entender que, se houver unicidade de sujeito, isto é, um só credor e um só devedor, irrelevante será averiguar se a prestação é ou não divisível, uma vez que ao credor está assegurado o direito de não ser obrigado a receber nem o devedor a pagar por parte, se assim não se convencionou. Em um contrato de mútuo, por exemplo, feito entre Tício e Kaio, onde Tício como devedor de R$ 600,00 poderá pagar parceladamente a prestação desde que o contrato admita a possibilidade de pagamento parcelado. Art. 315 do CC: As obrigações que têm por objeto uma prestação de dinheiro são denominadas pecuniárias, por visarem proporcionar ao credor o valor que as respectivas espécies possuam como tais. O pagamento em dinheiro deverá ser feito em moeda corrente no lugar do cumprimento da obrigação, ou seja, utilizando- se o Real. No Brasil comina-se pena de nulidade às convenções que não se utilizarem a moeda Real. Art. 316 do CC: O citado artigo trata da cláusula de atualização de valores monetários, que consiste em revisão estipulada pela parte, que tem como ponto de referência à desvalorização da moeda, tendo-se em vista a data em que se deu o vínculo obrigacional e a execução da prestação, principalmente quando se tratar de contrato de prestações continuadas. Art. 317 do CC: A correção judicial do contrato em razão de desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento da sua execução só pode acontecer em casos de contrato de execução continuada, sendo inadmissível nos contratos de execução imediata e se faz necessário também o interesse imediato da parte. Art. 318 do CC: Pagamento em ouro ou em moeda estrangeira. Em nosso ordenamento, serão consideradas nulas, quaisquer cláusulas que venham a estipular o pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, porém, devemos evidenciar que o Decreto-Lei nº 857/69 apresenta exceções em que é permitido o uso de moeda estrangeira, como no caso das locações de bens móveis, desde que haja registro prévio no Banco Central do Brasil. 4 Art. 319 do CC: Uma vez que o devedor tenha efetuado o pagamento da sua dívida, o legislador assegurou ao devedor o direito de receber do credor uma quitação ou recibo, pois se o credor não lhe entregar, o devedor poderá reter o pagamento enquanto não lhe for dada. Art. 320 do CC: O artigo trata dos requisitos formais da quitação, que poderá ocorrer através de instrumento particular desde que contenha os seguintes elementos:a designação do valor e da espécie da dívida quitada; o nome do devedor ou de quem por este pagou; o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor ou de seu representante. Art. 321 do CC: Nos casos em que a quitação consista na devolução de um título ao devedor e este não puder ser devolvido por motivo de sua perda ou extravio, o credor deverá fornecer ao devedor uma declaração circunstanciada, contendo a quitação cabal do débito, inutilizando-se o título não restituído, ou seja, tornando-o sem efeito. Se porventura o credor se recusar a expedir a declaração, o devedor poderá reter o pagamento até o momento em que o faça. Art. 322 do CC: O legislador neste artigo condicionou situação bastante atípica, uma vez que ao fazermos um paralelo com a realidade em nossa sociedade, percebemos situação diversa. Nas obrigações de prestação sucessiva e no pagamento em quotas periódicas, o cumprimento de qualquer uma faz supor que as anteriores também foram quitadas, e o pagamento da última prestação, até que se prove em contrário, celebra a extinção da relação obrigacional. Art. 323 do CC: Entendeu o legislador que, ao se dar a quitação sem a reserva de juros, presume-se que estes já estão embutidos na valor da obrigação, por serem os juros acessórios ao principal, para que isto não ocorresse, seria necessário discriminar na quitação o motivo do pagamento. Art. 324 do CC: A quitação poderá ser dada pela devolução do título, quando se tratar de débitos certificados por títulos de crédito (nota promissória, letra de câmbio, título ao portador, etc), pois se o devedor o tiver em suas mãos, o credor não poderá cobrá-lo, salvo se provar que o devedor conseguiu ilicitamente. Art. 325 do CC: As despesas com o pagamento e quitação, salvo estipulação em contrário, presumir-se-ão a cargo do devedor. Se, porém, o credor provocar o aumento daquelas despesas, como por exemplo: mudar de domicilio ou falecer, deixando herdeiros em locais diversos, arcará, pessoalmente ou através de sucessores, com a despesa acrescida. 7ª 5 Art. 326 do CC: Se, porventura, a prestação a cumprir for objeto que se paga por medida, e o título constitutivo do negócio for omisso a respeito, presumir-se-á que as partes pretenderam adotar as medidas do lugar da execução do contrato. Por exemplo: a arroba em determinados lugares é de doze quilos, já em outros, é de quinze quilos; ou a diferença existente entre o alqueire paulista e o alqueire mineiro, pois o primeiro possui 24,5 hectares e o segundo possui 48,2 hectares. Fontes: ➢ DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil. São Paulo: Saraiva, v. 2, 2009. ➢ DINIZ, Maria Helena. Código civil anotado. São Paulo: Saraiva, 2011. ➢ GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. São Paulo: Saraiva, v.2, 2010. 7ª UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ DO ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
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