Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Indaial – 2020 Técnicas Radiológicas ii Profa. Andressa Caron Brey 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Prof a. Andressa Caron Brey Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: B848t Brey, Andressa Caron Técnicas radiológicas II. / Andressa Caron Brey. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 216 p.; il. ISBN 978-65-5663-157-8 ISBN Digital 978-65-5663-155-4 1. Anatomia humana. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 611 apResenTação Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Técnicas Radiológicas II. Aqui, vamos estudar os exames de coluna, arcabouço torácico, tórax, abdome, crânio, face e seios da face, bem como anatomia, patologia e protocolos desses exames. Na Unidade 1, você vai aprender sobre os exames de coluna, bem como sua anatomia, suas principais patologias e as devidas instruções sobre como obter imagens radiológicas dessa estrutura do corpo humano. Esses assuntos serão divididos em tópicos, então estudaremos desde a anatomia óssea, muscular e articular, até as principais lesões, os posicionamentos de coluna, como identificar estruturas nas radiografias e os requisitos técnicos. Na Unidade 2, serão abordados os mesmos temas gerais de anatomia, posicionamentos e estrutura das radiografias, mas, dessa vez, voltados ao arcabouço torácico, ao tórax e ao abdome. Por fim, na Unidade 3, será apresentada a parte final dos posicionamentos, seguindo a mesma estrutura das unidades anteriores, mas, agora, enfatizando o crânio, a face e os seios da face. Saber a anatomia óssea, muscular e articular, a biomecânica e as lesões mais recorrentes, como alterações da coluna e patologias da região torácica e do abdome, bem como ter portfólio e estudo de imagens, permite que o profissional de radiologia esteja preparado para atender toda a diversidade de casos de seus pacientes. Bons estudos! Profa. Andressa Caron Brey Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumáRio UNIDADE 1 — TÉCNICAS RADIOLÓGICAS DA COLUNA VERTEBRAL ............................ 1 TÓPICO 1 — ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL ............................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL ...................................................................................... 3 2.1 VÉRTEBRAS CERVICAIS .............................................................................................................. 6 2.2 VÉRTEBRAS TORÁCICAS ............................................................................................................ 9 2.3 VÉRTEBRAS LOMBARES ............................................................................................................. 9 2.4 VÉRTEBRAS SACRAIS ................................................................................................................ 10 2.5 VÉRTEBRAS COCCÍGEAS.......................................................................................................... 11 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 12 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 13 TÓPICO 2 — ARTICULAÇÃO E MUSCULATURA DA COLUNA VERTEBRAL ................. 15 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 15 2 ARTICULAÇÃO DA COLUNA ...................................................................................................... 15 2.1 ARTICULAÇÕES INTERVERTEBRAIS .................................................................................... 15 2.2 DISCO INTERVERTEBRAL ........................................................................................................ 16 2.3 ARTICULAÇÃO ZIGAPOFISÁRIA ........................................................................................... 16 2.4 ARTICULAÇÃO COSTAL ........................................................................................................... 16 2.5 ARTICULAÇÃO ATLANTO-OCCIPITAL ................................................................................ 16 2.6 ARTICULAÇÃO ATLANTOAXIAL .......................................................................................... 17 2.7 CANAL VERTEBRAL .................................................................................................................. 17 3 BIOMECÂNICA DA COLUNA ...................................................................................................... 17 4 MÚSCULOS DA COLUNA ............................................................................................................. 18 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 21 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 22 TÓPICO 3 — LESÕES DA COLUNA VERTEBRAL ...................................................................... 23 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................23 2 CURVATURAS VERTEBRAIS ........................................................................................................ 23 3 HÉRNIA DE DISCO ......................................................................................................................... 26 4 FRATURAS ......................................................................................................................................... 27 5 OUTRAS LESÕES COMUNS ......................................................................................................... 27 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 29 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 30 TÓPICO 4 — POSICIONAMENTO RADIOGRÁFICO DA COLUNA VERTEBRAL ........... 31 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 31 2 INCIDÊNCIAS PARA COLUNA CERVICAL .............................................................................. 32 3 INCIDÊNCIAS DA COLUNA TORÁCICA ................................................................................. 39 4 INCIDÊNCIAS DA COLUNA LOMBAR ..................................................................................... 42 5 INCIDÊNCIAS DE SACRO-CÓCCIX ........................................................................................... 44 6 ROTINA PARA ESCOLIOSE .......................................................................................................... 46 RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 50 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 51 TÓPICO 5 — ANATOMIA DAS IMAGENS .................................................................................. 53 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 53 2 ANATOMIA DAS IMAGENS ......................................................................................................... 53 2.1 ÂNGULO DE COBB ..................................................................................................................... 60 2.2 MÉTODO FERGUSON ................................................................................................................ 60 2.3 OUTRAS MEDIDAS RADIOGRÁFICAS .................................................................................. 61 RESUMO DO TÓPICO 5..................................................................................................................... 63 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 64 TÓPICO 6 — PROTEÇÃO RADIOLÓGICA E QUESTÕES TÉCNICAS.................................. 65 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 65 2 PROTEÇÃO RADIOLÓGICA PARA COLUNAS ....................................................................... 65 3 CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS ..................................................................................................... 66 4 FLUXOGRAMA DA REALIZAÇÃO DO EXAME ...................................................................... 67 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 69 RESUMO DO TÓPICO 6..................................................................................................................... 76 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 77 UNIDADE 2 — ANATOMIA, PATOLOGIA E POSICIONAMENTO RADIOGRÁFICO DE TÓRAX, ARCABOUÇO TORÁCICO E ABDOME .................................... 79 TÓPICO 1 — ANATOMIA DE ARCABOUÇO TORÁCICO, TÓRAX E ABDOME ............... 81 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 81 2 ARCABOUÇO TORÁCICO ............................................................................................................. 81 3 TÓRAX ................................................................................................................................................. 83 3.1 SISTEMA RESPIRATÓRIO .......................................................................................................... 83 3.2 SISTEMA CIRCULATÓRIO ........................................................................................................ 85 3.3 TIMO ............................................................................................................................................... 87 3.4 ABDOME ........................................................................................................................................ 87 3.4.1 Sistema digestivo ................................................................................................................. 87 3.4.2 Sistema urinário ................................................................................................................... 90 3.4.3 Peritônio ................................................................................................................................ 91 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 92 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 93 TÓPICO 2 — POSICIONAMENTO DE ARCABOUÇO TORÁCICO, TÓRAX E ABDOME ..... 95 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 95 2 ARCABOUÇO TORÁCICO ............................................................................................................. 95 3 POSICIONAMENTO DO TÓRAX............................................................................................... 104 4 POSICIONAMENTO DO ABDOME .......................................................................................... 110 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 114 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 115 TÓPICO 3 — ANATOMIA RADIOGRÁFICA DE ARCABOUÇO TORÁCICO, TÓRAX E ABDOME ................................................................................................. 117 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 117 2 ARCABOUÇO TORÁCICO ........................................................................................................... 117 2.1 ESTERNO ..................................................................................................................................... 117 2.2 ARCOS COSTAIS ........................................................................................................................ 117 3 TÓRAX ............................................................................................................................................... 118 4 ABDOME ........................................................................................................................................... 119 RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................127 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 128 TÓPICO 4 — PATOLOGIAS DE ARCABOUÇO TORÁCICO, TÓRAX E ABDOME .......... 129 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 129 2 ARCABOUÇO TORÁCICO ........................................................................................................... 129 2.1 FRATURAS DE ARCOS COSTAIS ........................................................................................... 129 2.2 PECTUS CARINATUM E PECTUS EXCAVATUM ................................................................. 130 3 TÓRAX ............................................................................................................................................... 131 3.1 BRONQUITE ............................................................................................................................... 131 3.2 PNEUMONIA ............................................................................................................................. 131 3.3 DERRAME PLEURAL ................................................................................................................ 132 3.4 PNEUMOTÓRAX ....................................................................................................................... 132 3.5 HEMOTÓRAX ............................................................................................................................. 133 3.6 ATELECTASIA ............................................................................................................................ 133 3.7 EMBOLIA PULMONAR ............................................................................................................ 133 3.8 TUBERCULOSE .......................................................................................................................... 133 3.9 ENFISEMA ................................................................................................................................... 134 3.10 DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC) ............................................. 134 4 ABDOME ........................................................................................................................................... 135 4.1 ABDOME AGUDO ..................................................................................................................... 135 4.2 COLITE ........................................................................................................................................ 136 4.3 OBSTRUÇÃO INTESTINAL .................................................................................................... 137 4.4 ÍLIO PARALÍTICO...................................................................................................................... 137 RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 138 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 139 TÓPICO 5 — CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS ............................................................................. 141 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 141 2 ERROS COMUNS............................................................................................................................ 141 3 ROTINAS BÁSICAS ....................................................................................................................... 141 4 PROTEÇÃO ...................................................................................................................................... 142 5 COLIMAÇÃO ................................................................................................................................... 142 5.1 TAMANHO DE RI ...................................................................................................................... 143 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 145 RESUMO DO TÓPICO 5................................................................................................................... 150 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 151 UNIDADE 3 — ANATOMIA, PATOLOGIA E POSICIONAMENTO DE CRÂNIO E FACE ...... 153 TÓPICO 1 — ANATOMIA DO CRÂNIO E DA FACE................................................................ 155 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 155 2 OSSOS ................................................................................................................................................ 155 3 MÚSCULOS ...................................................................................................................................... 162 4 ARTICULAÇÕES ............................................................................................................................. 163 5 SEIOS DA FACE .............................................................................................................................. 165 6 DENTIÇÃO ....................................................................................................................................... 166 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 168 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 169 TÓPICO 2 — POSICIONAMENTO RADIOGRÁFICO DE CRÂNIO E FACE ..................... 171 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 171 2 POSICIONAMENTO RADIOGRÁFICO DE CRÂNIO .......................................................... 171 3 POSICIONAMENTO RADIOGRÁFICO DE FACE ................................................................. 178 4 POSICIONAMENTO RADIOGRÁFICO DE SEIOS DA FACE............................................. 183 5 POSICIONAMENTO RADIOGRÁFICO DE ATM E MANDÍBULA ................................... 186 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 192 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 193 TÓPICO 3 — ANATOMIA RADIOGRÁFICA DO CRÂNIO E DA FACE ............................. 195 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 195 2 ANATOMIA RADIOGRÁFICA DO CRÂNIO .......................................................................... 195 3 ANATOMIA RADIOGRÁFICA DA FACE ................................................................................. 196 4 ANATOMIA RADIOGRÁFICA DOS SEIOS DA FACE ......................................................... 197 5 ANATOMIA RADIOGRÁFICA DA ATM .................................................................................. 197 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 198 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 199 TÓPICO 4 — PATOLOGIAS, ERROS COMUNS E CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS ......... 201 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................201 2 PATOLOGIAS DO CRÂNIO E DA FACE .................................................................................. 201 3 PATOLOGIAS DOS SEIOS DA FACE ........................................................................................ 202 4 PATOLOGIAS DA ATM ................................................................................................................. 202 5 ERROS COMUNS............................................................................................................................ 203 6 ROTINAS BÁSICAS ....................................................................................................................... 203 7 PROTEÇÃO ...................................................................................................................................... 204 8 COLIMAÇÃO ................................................................................................................................... 204 9 TAMANHO DE RI ........................................................................................................................... 204 10 TÉCNICA RADIOGRÁFICA ...................................................................................................... 205 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 206 RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 213 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 214 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 215 1 UNIDADE 1 — TÉCNICAS RADIOLÓGICAS DA COLUNA VERTEBRAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer os aspectos anatômicos das estruturas ósseas, musculares e articulares da coluna; • aprender sobre as estruturas anatômicas e o funcionamento dos tecidos envolvidos no arcabouço torácico, no tórax e no abdome; • relembrar as estruturas ósseas, musculares e articulares do crânio; • reconhecer as principais patologias do esqueleto axial; • entender, replicar e adaptar os posicionamentos radiográficos do esqueleto axial; • identificar estruturas nas imagens radiográficas do esqueleto axial; • compreender os critérios de qualidade das radiografias de coluna, tronco e crânio. Esta unidade está dividida em seis tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL TÓPICO 2 – ARTICULAÇÃO E MUSCULATURA DA COLUNA VERTEBRAL TÓPICO 3 – LESÕES DA COLUNA VERTEBRAL TÓPICO 4 – POSICIONAMENTO RADIOGRÁFICO DA COLUNA VERTEBRAL TÓPICO 5 – ANATOMIA DAS IMAGENS TÓPICO 6 – PROTEÇÃO RADIOLÓGICA E QUESTÕES TÉCNICAS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL 1 INTRODUÇÃO Na época das suas aulas de história, você deve se lembrar da linha da evolução humana, mais especificamente do homo erectus, termo que significa homem ereto, ou seja, que anda sobre apenas dois membros e com a coluna ereta. A coluna vertebral tem muitas funções e uma delas é justamente sustentar o corpo e a postura do ser humano. Ela também auxilia na locomoção e protege a medula espinhal. 2 ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL A coluna vertebral pertence ao esqueleto axial, corresponde a ⅖ do peso corporal e é dividida em cinco partes: cervical, torácica, lombar, sacro e cóccix. Na porção superior, articula-se com o occipital por meio do côndilo occipital e, na porção inferior, com o ílio pela articulação sacroilíaca. Os ossos que compõem a coluna são chamados de vértebras e são sobrepostos um a um. Ao todo, são 33 vértebras, sendo sete cervicais, 12 torácicas, cinco lombares, cinco sacrais e quatro coccígeas. O número total pode variar de 32 a 35, pois é comum encontrar vértebras extranumerárias, sendo os locais mais comuns a coluna torácica e o cóccix. As divisões da coluna existem porque as vértebras têm características gerais iguais, mas são diferentes em cada grupo de vértebras. Cada coluna ainda apresenta uma curvatura diferente, como pode ser visto na figura a seguir. UNIDADE 1 — TÉCNICAS RADIOLÓGICAS DA COLUNA VERTEBRAL 4 Vamos aprofundar seu conhecimento? A seguir, temos uma imagem em perfil da coluna. Pinte a região cervical de vermelho, a torácica de azul, a lombar de amarelo, o sacro de verde e o cóccix de laranja. Desenhe setas e identifique cada uma das vértebras pela abreviação utilizada. Por exemplo: C3 para a terceira vértebra cervical (e assim por diante). FIGURA – COLUNA EM PERFIL DICAS FONTE: A Autora TÓPICO 1 — ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL 5 As vértebras são nomeadas de acordo com a sua localização e ordem. A primeira vértebra do corpo (também a primeira vértebra cervical) é chamada de C1 – o C maiúsculo é de cervical e o número 1, a sua ordem. A última cervical é a 7ª vértebra, chamada C7. Da mesma forma, na parte torácica, fazemos a associação da letra e do número da vértebra: a primeira torácica (e a 8ª do corpo) é denominada T1 e a última (a 19ª do corpo), T12. Na lombar, a primeira lombar é chamada de L1 e a última, L5. Já a primeira vértebra sacral é denominada S1 e a última, S5. Por fim, no cóccix, a primeira vértebra é conhecida como CC1 e a última, CC4. As características gerais são comuns a quase todas as vértebras, exceto a C1 e a C2. O corpo vertebral é responsável pela sustentação do esqueleto, com uma face superior e uma inferior, e, em cada face superior, encontramos um disco vertebral, o qual corresponde à maior parte da vértebra e se encontra na sua parte anterior. O processo espinhoso está relacionado ao movimento. Tem formato de espinho e situa-se posteriormente à vértebra. Nas costas, bem no centro, podemos sentir vários “caroços” um embaixo do outro – que são os processos espinhosos. Sua forma muda de acordo com a região da coluna. Os processos transversos também estão relacionados ao movimento do tronco. São duas projeções, uma de cada lado da vértebra, separando o pedículo da lâmina. Algumas vértebras podem ter, na ponta do processo transverso, a fóvea articular. Já os processos articulares superiores e inferiores evitam que as vértebras se movimentem na direção anteroposterior. O processo articular superior de uma vértebra articula-se com o processo articular inferior da vértebra logo acima. Cada vértebra tem dois processos articulares superiores e dois inferiores. As lâminas garantem a proteção do canal medular e se unem para formar o processo espinhoso. Assim como a lâmina, o pedículo também auxilia na proteção do canal vertebral. Ele liga o corpo da vértebra ao processo espinhoso, sendo dois pedículos em cada vértebra. O pedículo tem o formato de uma ponte e a curvatura abaixo dele é chamada de incisura vertebral inferior. O forame vertebral é a abertura central da vértebra, sendo formado por corpo vertebral, pedículos e lâminas. Por ele, passa o tubo neural, e sua forma e tamanho dependem da região da coluna. UNIDADE 1 — TÉCNICAS RADIOLÓGICAS DA COLUNA VERTEBRAL 6 2.1 VÉRTEBRAS CERVICAIS As vértebras cervicais são menores que as demais, com corpo vertebral reduzido e forame vertebral maior. O processo espinhoso apresenta, em seu final, uma pequena divisão, chamada de processo espinhoso bífido. No meio do forame transverso, temos o forame transverso, por onde passam as artérias vertebrais. A primeira vértebra cervical, também a primeira do corpo, é chamada de atlas, devido à história do titã grego Atlas, que, por desafiar Zeus, foi condenado a segurar o céu– por conta de uma alusão ao peso da cabeça e aos problemas que enchem a mente e que precisamos carregar, a primeira vértebra recebeu o nome desse titã grego. A atlas não tem corpo, apenas dois arcos, o anterior e o posterior. No centro do arco anterior, internamente, há a face articular para o dente da axis e, externamente, o tubérculo anterior. Na face superior, tem-se as faces articulares para os côndilos occipitais e a massa lateral, a qual é uma proeminência que aumenta o tamanho da face articular. No arco posterior, temos o tubérculo posterior e, inferiormente, as faces articulares para a axis. Na Figura 1, é possível identificar essas estruturas e colori- las, se você quiser. FIGURA 1 – ATLAS EM ÂNGULOS SUPERIOR E INFERIOR Atlas SUPERIOR TÓPICO 1 — ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL 7 FONTE: A autora A axis é o nome da segunda vértebra cervical, que tem um processo ósseo forte denominado de processo odontoide da axis ou dente da axis. O dente articula-se com a face articular para o dente da axis, na atlas. Ele possui, na face anterior, a face articular anterior para a atlas e, posteriormente, a face articular posterior para o ligamento transverso. A axis apresenta um corpo alto com massas laterais, que, na sua face superior, compõem as faces articulares para a atlas. O processo e o forame transverso são laterais, mas projetados para baixo. Inferiormente, são encontradas as faces articulares para a C3. O processo espinhoso é grande quando comparado às demais vértebras cervicais. Na Figura 2, temos diferentes visões das vértebras para identificar essas estruturas. FIGURA 2 – AXIS EM ÂNGULOS SUPERIOR, ANTERIOR E POSTERIOR INFERIOR SUPERIOR Axis UNIDADE 1 — TÉCNICAS RADIOLÓGICAS DA COLUNA VERTEBRAL 8 FONTE: A autora A C7 é a maior das vértebras cervicais e tem características semelhantes às vértebras torácicas, pois é uma vértebra de transição. O processo espinhoso da C7 é mais longo e proeminente que das demais vértebras do corpo. É aquele “caroço” facilmente visualizado entre o pescoço e o tronco. A proeminência da C7 é um ponto de reparo muito utilizado na radiologia. Na Figura 3, temos uma vértebra cervical para identificação de suas estruturas. FIGURA 3 – CERVICAL EM ÂNGULOS SUPERIOR E LATERAL FONTE: A autora ANTERIOR POSTERIOR Cervical SUPERIOR LATERAL TÓPICO 1 — ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL 9 2.2 VÉRTEBRAS TORÁCICAS As vértebras torácicas não têm bifurcação no processo espinhoso como as cervicais, mas seu processo espinhoso é projetado para baixo e é mais pontiagudo que os das demais vértebras. As vértebras torácicas também apresentam várias fóveas, tanto no corpo vertebral quanto no processo transverso. Essas fóveas têm a função de se articular com os arcos costais e limitar seus movimentos durante a respiração. Os processos articulares são anteriores e posteriores, com exceção da T12, na qual são lateralizados, como nas vértebras lombares. O corpo vertebral é triangular e o processo transverso também. Na Figura 4, é possível identificar as estruturas das vértebras torácicas. FIGURA 4 – TORÁCICA EM ÂNGULOS LATERAL E SUPERIOR FONTE: A autora 2.3 VÉRTEBRAS LOMBARES Os corpos vertebrais das vértebras lombares são maiores que os demais, com forma ovalada, assim, garantem maior sustentação. O processo vertebral é triangulado. O processo espinhoso é largo e na horizontal. Nos processos transversos, é possível encontrar os processos mamilares que são pequenas projeções. Na figura 5, é possível verificar as estruturas listadas anteriormente, identifique-as. Torácica SUPERIORLATERAL UNIDADE 1 — TÉCNICAS RADIOLÓGICAS DA COLUNA VERTEBRAL 10 FIGURA 5 – VÉRTEBRA LOMBAR EM ÂNGULOS SUPERIOR E LATERAL FONTE: A autora 2.4 VÉRTEBRAS SACRAIS As vértebras sacrais são fundidas umas nas outras, ou seja, não há disco intervertebral entre elas. Assim, o sacro apresenta uma forma de pirâmide invertida e, portanto, a parte de cima do sacro é a base e a parte de baixo é o ápice. O sacro se articula com: a L5 superiormente, o cóccix inferiormente e o ílio lateralmente. Na face anterior do sacro, é possível observar os pontos de ligação de uma vértebra com a outra, linhas chamadas de cristas sacrais transversas, sendo, ao total, quatro cristas na face anterior. Na ponta de cada crista, temos um forame, denominado forame sacral. Ao todo são oito forames sacrais, sendo quatro de cada lado. Superiormente, há os processos articulares superiores da S1 e o promontório, que é a borda do corpo da S1. Inferiormente, no centro, encontra-se o hiato sacral e, lateralmente a ele, os cornos sacrais. Na face posterior, também temos três cristas. A central e mais proeminente delas é a crista sacral mediana, formada pela união dos processos espinhosos. Logo após, está a crista sacral intermediária, ao lado, a vista posterior dos forames sacrais e, em seguida, as cristas sacrais laterais. Na Figura 6, encontram-se o sacro e o cóccix. Você pode identificar as estruturas e pintá-las de cores diferentes, para ficar mais fácil a sua identificação. Lombar SUPERIOR LATERAL TÓPICO 1 — ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL 11 FIGURA 6 – SACRO E CÓCCIX EM ÂNGULOS ANTERIOR E POSTERIOR FONTE: A autora 2.5 VÉRTEBRAS COCCÍGEAS As vértebras que formam o cóccix também são fundidas e, assim como o sacro, o cóccix se assemelha a uma pirâmide invertida. Logo, a base do cóccix fica em cima e o ápice, embaixo. Na parte superior, estão os cornos coccígeos. O número de vértebras do cóccix pode variar entre três e cinco. É importante saber a diferença entre os tipos vertebrais, para facilitar na identificação nas imagens radiográficas – por isso, utilize este conteúdo para aprender sobre a localização de cada vértebra e realizar as aquisições da coluna total de forma adequada e sem erros. DICAS 12 Neste tópico, você aprendeu que: • A coluna vertebral pertence ao esqueleto axial, corresponde a ⅖ do peso corporal e é dividida em cinco partes: cervical, torácica, lombar, sacro e cóccix. • Os ossos que compõem a coluna são chamados de vértebras e são sobrepostos um a um. Ao todo, são 33 vértebras, sendo sete cervicais, 12 torácicas, cinco lombares, cinco sacrais e quatro coccígeas. • As vértebras são nomeadas de acordo com a sua localização e ordem. A primeira vértebra do corpo (também a primeira vértebra cervical) é chamada de C1 – o C maiúsculo é de cervical e o número 1, a sua ordem. A última cervical é a 7ª vértebra, chamada C7. Da mesma forma, na parte torácica, fazemos a associação da letra e do número da vértebra: a primeira torácica (e a 8ª do corpo) é denominada T1 e a última (a 19ª do corpo), T12. Na lombar, a primeira lombar é chamada de L1 e a última, L5. Já a primeira vértebra sacral é denominada S1 e a última, S5. Por fim, no cóccix, a primeira vértebra é conhecida como CC1 e a última, CC4. • Os processos transversos estão relacionados ao movimento do tronco. • Os processos articulares superiores e inferiores evitam que as vértebras se movimentem na direção anteroposterior. • As lâminas garantem a proteção do canal medular e se unem para formar o processo espinhoso. O pedículo também auxilia na proteção do canal vertebral. • O forame vertebral é a abertura central da vértebra, sendo formado por corpo vertebral, pedículos e lâminas. Por ele, passa o tubo neural, e sua forma e tamanho dependem da região da coluna. RESUMO DO TÓPICO 1 13 1 Sobre as vértebras cervicais, assinale a alternativa que contém uma estrutura específica das vértebras cervicais: a) ( ) Pedículo. b) ( ) Corpo. c) ( ) Lâmina. d) ( ) Processo espinhoso bífido. 2 Sobre as vértebras torácicas, assinale a alternativa que contém uma estrutura específica das vértebras torácicas: a) ( ) Processo espinhoso. b) ( ) Fóvea costal. c) ( ) Forame vertebral. d) ( ) Processo articular superior. 3 Sobre as vértebras lombares, assinale a alternativa que contém uma estrutura específica das vértebras lombares.a) ( ) Processo espinhoso. b) ( ) Processo mamilar. c) ( ) Forame vertebral. d) ( ) Processo articular superior. AUTOATIVIDADE 14 15 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 ARTICULAÇÃO E MUSCULATURA DA COLUNA VERTEBRAL 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, abordaremos a musculatura que mantém a coluna estável, as articulações e seus movimentos e a biomecânica da coluna, muito importante para entendermos como movimentos incorretos podem causar lesões à coluna. Veremos todos os tipos articulares que a coluna possui e como eles se relacionam entre si, dando atenção a sua localização e aos movimentos que permitem ou não a coluna realizar. 2 ARTICULAÇÃO DA COLUNA Para entendermos os exames de coluna, precisamos reconhecer os elementos de interposição das articulações que a compõem, bem como o ângulo dessas articulações. Isso é importante para entendermos por que realizar exames oblíquos ou a angulação do raio central nas aquisições. 2.1 ARTICULAÇÕES INTERVERTEBRAIS Apesar de a coluna ter uma certa mobilidade, ela não é uma articulação sinovial, pois não tem os elementos de interposição existentes em uma articulação sinovial. Então, é importante sabermos que a coluna é uma articulação cartilaginosa do tipo sínfise. Essas articulações mostram certa mobilidade e têm, como elemento de interposição, discos. Esses discos são firmemente ligados ao corpo e ajudam a manter a estabilidade da coluna. 16 UNIDADE 1 — TÉCNICAS RADIOLÓGICAS DA COLUNA VERTEBRAL 2.2 DISCO INTERVERTEBRAL Os discos intervertebrais são formações fibrocartilaginosas que servem para absorver o impacto e permitir alguns movimentos articulares. O disco é formado por um anel fibroso e, internamente, pelo núcleo pulposo, que é constituído de colágeno e água. Com o tempo e o uso, o núcleo desidrata, o que resulta nas lesões de disco. Os discos são encontrados a partir do espaço existente entre as vértebras C2 e C3 até o espaço entre L5 e S1. 2.3 ARTICULAÇÃO ZIGAPOFISÁRIA Também conhecida como apofisária, a articulação zigapofisária é formada pelos processos articulares. Assim, o processo articular superior de uma vértebra se articula com o processo inferior da vértebra acima. Nas vértebras cervicais, essas articulações ocorrem acima e abaixo dos pilares articulares. Como consequência, o ângulo dessas articulações é de 90°. Nas vértebras torácicas, o ângulo das articulações é de 70°. Para uma boa visualização dessas articulações abertas, é preciso angular o paciente nesse mesmo ângulo na aquisição oblíqua. Já nas vértebras lombares, o ângulo varia de 30°, para as últimas vértebras, a 50°, para as primeiras. 2.4 ARTICULAÇÃO COSTAL É a articulação entre a fóvea costal, presente no processo transverso e no corpo vertebral das torácicas, e o arco costal. Há dois tipos das articulações: a costovertebral, que ocorre entre o corpo da vértebra e o arco costal, e a costotransversa, que é feita entre o processo transverso e o arco costal. Essas articulações são do tipo sinovial, em forma de dobradiça e diartrodial. 2.5 ARTICULAÇÃO ATLANTO-OCCIPITAL É a articulação formada pelos côndilos occipitais e as fóveas, para os côndilos presentes na face superior da atlas. Essa articulação permite a rotação do crânio e é tipo condiloide, sinovial com mobilidade do tipo diartrodial. TÓPICO 2 — ARTICULAÇÃO E MUSCULATURA DA COLUNA VERTEBRAL 17 2.6 ARTICULAÇÃO ATLANTOAXIAL São duas as articulações existentes entre a atlas e a axis. A primeira é entre a face anterior do dente da axis e a face posterior do arco anterior da atlas. A outra articulação é a zigapofisária, que é bilateral e com espaçamento simétrico. Tanto a articulação zigapofisária quanto a do dente com o arco são do tipo sinovial, em forma de dobradiça e diartrodial. 2.7 CANAL VERTEBRAL O canal vertebral, que passa pelos forames, seguirá as curvaturas das colunas. Ele é tanto grande e triangular, com grande movimento, como na cervical e na lombar, quanto pequeno e levemente arredondado, com pouco movimento, como na torácica. 3 BIOMECÂNICA DA COLUNA A coluna atua como estrutura e base para a maioria dos movimentos do corpo, sendo necessário garantir a sua estabilidade. Os músculos retroabdominais, oblíquos interno e externo, psoas, eretores de coluna, interespinhais, quadrado lombar e serrátil realizam, entre outras funções, a estabilização da coluna. Os movimentos feitos pela coluna dependem da região. Por exemplo, a coluna cervical realiza uma rotação de até 12°, enquanto a torácica, uma rotação de até 9° e a lombar de apenas 2°. No entanto, a articulação lombo-sacra tem rotação de 5°. Você pode até pensar: “Mas eu rodo mais a minha lombar do que meros 2°!”. Então, levante-se e distribua, de modo uniforme, o seu peso sobre os seus pés. Gire a sua lombar o máximo que conseguir. Em seguida, olhe para as suas pernas – com certeza, elas estarão cruzadas, pois a rotação da lombar é de apenas 2°. Então, quando forçamos ângulos maiores, nosso corpo ativa o quadril, que consegue ângulos maiores. As flexões laterais também seguirão a mesma ideia. Novamente, a cervical tem a maior amplitude de movimento, com 10° de flexão lateral máxima; a torácica varia de 6° a 9° e a lombar de 3° a 6°. Já na flexão, enquanto a cervical aguenta até 17° e a torácica varia de 4° a 10°, a lombar chega a 20°. A pouca flexão da torácica decorre do fato de ela estar presa aos arcos costais e esterno. 18 UNIDADE 1 — TÉCNICAS RADIOLÓGICAS DA COLUNA VERTEBRAL É importante entendermos que, quando realizamos esses movimentos, e até mesmo no simples ato de andar, exercitamos duas ações importantes na coluna: a compressão e o cisalhamento. Na compressão normal, quando estamos sentados ou andando e não realizamos flexão ou extensão da coluna, o disco vertebral recebe a compressão do peso corporal e o distribui radialmente, ou seja, para todos os lados por igual. Assim, não há sobrecarga no disco. Contudo, na flexão e na extensão, a sobrecarga vai para apenas um ponto. Na flexão, a compressão é na parte anterior da vértebra e, na parte posterior, ocorre aumento da tensão. Como consequência, comprimimos e forçamos a parte anterior e esticamos a parte posterior para além da sua possibilidade. Já no cisalhamento, quando rodamos a coluna, tencionamos os discos, ao puxar cada ponta para um lado. Conclusão: devemos evitar, a todo custo, realizar esses movimentos. A biomecânica da coluna ajuda a entender a importância da realização de exames de coluna em ortostase e sem os calçados, pois permite avaliar com qualidade o alinhamento da coluna. DICAS 4 MÚSCULOS DA COLUNA Os músculos que compõem a coluna, pertencem à musculatura do tronco e apresentam várias funções. O esplênio, por exemplo, tem a função de movimentar a cabeça. Já o eretor da coluna é responsável por movimentá-la lateralmente, como no posicionamento de inclinações da coluna, além de estendê- la por inteiro. A rotação e a estabilização das colunas cervical e torácica é ação do músculo transverso espinal. Os interespinais são responsáveis pela rotação e pela extensão da coluna. Os intertransversários e os levantadores da costela respondem por ajudar nas inclinações da coluna, sendo que os levantadores também elevam os arcos costais na respiração. O Quadro 1 mostra as inserções dos músculos da coluna. TÓPICO 2 — ARTICULAÇÃO E MUSCULATURA DA COLUNA VERTEBRAL 19 QUADRO 1 – MÚSCULOS DA COLUNA Músculo Inserções Esplênio da cabeça Ligamento nucal e processos espinhosos das vértebras C7-T3 ou T4 até processo mastoide e terço lateral da linha nucal superior do occipital Esplênio do pescoço Ligamento nucal e processos espinhosos das vértebras C7-T3 ou T4 até tubérculos posteriores dos processos transversos das vértebras C1-C3 ou C4 Eretor da espinha iliocostal Largo tendão na porção posterior da crista ilíaca, face posterior do sacro, processos espinhosos sacrais e lombares inferiores e ligamento supraespinhal até ângulos das costelas inferiores e dosprocessos cervicais Eretor da espinha longuíssimo Largo tendão na porção posterior da crista ilíaca, face posterior do sacro, processos espinhosos sacrais e lombares inferiores e ligamento supraespinhal até processos transversos nas regiões cervicais e torácica e processo mastoide Eretor da espinha espinal Largo tendão na porção posterior da crista ilíaca, face posterior do sacro, processos espinhosos sacrais e lombares inferiores e ligamento supraespinhal até processos espinhosos nas regiões torácicas mais altas e no crânio Transverso-espinal semiespinal Processos transversos das vértebras C4-T12 até osso occipital e processos espinhosos das regiões torácica e cervical, estendendo-se por 4 a 6 segmentos Transverso espinal multífido Sacro e ílio, processos transversos de T1-T3 e processos articulares de C4- C7 até processos espinhosos das regiões torácica e cervical, estendendo-se por 2 a 4 segmentos Transverso espinal rotadores Processos transversos das vértebras até junção das lâminas e processos transversos ou nos processos espinhosos de vértebras acima de sua origem, estendendo-se por 1 a 2 segmentos Interespinais Faces superiores dos processos espinhosos das vértebras cervicais e lombares até face interior dos processos espinhosos da vértebra superior à vértebra de origem Intertransversários Processos transversos das vértebras cervicais e lombares até processos transversos das vértebras adjacentes Levantadores das costelas Pontas dos processos transversos das vértebras C7 e T1-T11 até costela, entre o tubérculo e o ângulo FONTE: A autora Os ligamentos da coluna dão estabilidade e restringem os movimentos. O Quadro 2 mostra uma descrição de cada um deles. 20 UNIDADE 1 — TÉCNICAS RADIOLÓGICAS DA COLUNA VERTEBRAL QUADRO 2 – LIGAMENTOS DA COLUNA Ligamento Local Ação Longitudinal anterior Base do crânio ao sacro Estabilizar a coluna Interespinhoso Ligamento nucal às apófises coronoides do sacro Unir os processos espinhosos Amarelo Face anterior da lâmina superior à face posterior da lâmina inferior de cada vértebra Preservar a postura (por ter elasticidade) Longitudinal posterior Dentro do canal medular e ligado aos corpos vertebrais Limitar flexão Cruciforme (superior, transverso e inferior) Une-se às fibras do alar Limitar a rotação Intertransversos Apófises transversas Limitar flexão lateral e rotação Iliolombar L5 até articulação sacroilíaca Estabilizar lombossacra Supraespinhoso Processos espinhosos Limitar rotação e flexão anterior FONTE: A autora Saber a inserção dos músculos ou o movimento ajuda a entender imagens mais complexas, como as de ressonância, mas também a perceber quais movimentos o paciente consegue fazer, suas limitações e, principalmente, para onde irradia a sua dor. 21 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • As articulações que dão movimento e amortecimento para a coluna vertebral. • A coluna é uma articulação cartilaginosa do tipo sínfise. Atua como estrutura e base para a maioria dos movimentos do corpo, sendo necessário garantir a sua estabilidade. Os músculos retroabdominais, oblíquos interno e externo, psoas, eretores de coluna, interespinhais, quadrado lombar e serrátil realizam, entre outras funções, a estabilização da coluna. • Os músculos que compõem a coluna, pertencem à musculatura do tronco e apresentam várias funções. O esplênio, por exemplo, tem a função de movimentar a cabeça. Já o eretor da coluna é responsável por movimentá- la lateralmente, como no posicionamento de inclinações da coluna, além de estendê-la por inteiro. A rotação e a estabilização das colunas cervical e torácica é ação do músculo transverso espinal. Os interespinais são responsáveis pela rotação e pela extensão da coluna. Os intertransversários e os levantadores da costela respondem por ajudar nas inclinações da coluna, sendo que os levantadores também elevam os arcos costais na respiração. 22 1 Sobre a articulação zigapofisária, importante na avaliação radiográfica, analise as afirmativas a seguir: I- É a articulação formada entre os processos articulares superior e inferior. II- É a articulação formada entre a fóvea costal e o arco costal. III- Presente na maioria das vértebras. IV- É do tipo sinovial. V- É do tipo cartilaginosa. VI- Presente na articulação entre o occipital e a C1. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I, III e VI estão corretas. b) ( ) As sentenças II, III e V estão corretas. c) ( ) As sentenças I, III, IV estão corretas. d) ( ) As sentenças V e VI estão corretas. 2 O ângulo de 70° das articulações zigapofisárias da coluna torácica exige que o pocisionamento para a correta visualização destas articulações seja: a) ( ) Em PA. b) ( ) Em AP. c) ( ) Perfilado. d) ( ) Angulado. 3 Reconhecer os músculos da coluna ajuda a entender as suas patologias. Assinale a alternativa que contém apenas músculos da coluna: a) ( ) Deltoide, oblíquos interno e externo, psoas, eretores de coluna, interespinhais, quadrado lombar e serráti. b) ( ) Retroabdominais, oblíquos interno e externo, psoas, eretores de coluna, interespinhais, quadrado lombar e gastrocnêmio. c) ( ) Retroabdominais, abdutor longo do polegar, psoas, eretores de coluna, interespinhais, quadrado lombar e serráti. d) ( ) Retroabdominais, oblíquos interno e externo, quadrado, eretores de coluna, interespinhais, quadrado lombar e serráti. AUTOATIVIDADE 23 TÓPICO 3 — UNIDADE 1 LESÕES DA COLUNA VERTEBRAL 1 INTRODUÇÃO As lesões da coluna estão relacionadas, em sua maioria, ao mau uso por movimentos repetitivos e além de suas capacidades, bem como a traumas diretos. As lesões mais comuns, que resultam em exames no setor de radiodiagnóstico, são: lombalgias com ou sem trauma, lesão de chicote, fraturas e hérnias de disco. Esses temas serão apresentados ao longo deste tópico, a fim de esclarecer quais movimentos podemos fazer com esses pacientes e qual a importância da realização dos exames da coluna em pé, sempre que possível. 2 CURVATURAS VERTEBRAIS A cifose e lordose são normais, mas podem ser aumentadas. A cifose corresponde ao aumento da convexidade da cervical e início da torácica, resultando na famosa corcunda. Já a lordose é caracterizada pelo aumento da concavidade da lombar. Ainda podemos citar a hiperlordose, que ocorre na cervical pelo uso contínuo do celular e consequente hiperflexão do pescoço constante. Por fim, a escoliose é a curvatura desenvolvida, geralmente em toracolombar (Figura 7), tanto para a direita quanto para a esquerda. Uma pessoa pode ter mais de uma curvatura e, em casos severos, muitas curvaturas acrescidas de lordose e cifose – nesses casos, a pessoa nasce com a patologia, que recebe o nome de escoliose congênita. Na Figura 7, é possível observar a escoliose em uma paciente feminina, que são as mais afetadas pela doença em razão do uso de bolsas, enquanto os homens são mais afetados pela cifose pelo uso de mochilas. Já a lordose é comumente visualizada em pacientes que, rotineiramente, usam salto alto. As grávidas também desenvolvem lordose em decorrência do grande deslocamento do centro de gravidade. 24 UNIDADE 1 — TÉCNICAS RADIOLÓGICAS DA COLUNA VERTEBRAL FIGURA 7 – RADIOGRAFIA DE ESCOLIOSE EM PACIENTE FEMININA FONTE: <https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Scoliosis_recklinghausen.jpg>. Acesso em: 4 set. 2020. A deformação do corpo, para se adaptar a essas lesões, pode ser vista na Figura 8. É muito importante ter em mente que as deformidades da coluna não provocam apenas problemas nela, mas em todo o corpo. Em resumo, podemos dizer que: • cifoses estão associadas a problemas respiratórios e tendinites de supraespinhosos (ombro); • hiperlordose de cervical está associada à amortecimento de dedos e protrusão das articulações temporomandibulares (ATMs); • lordose está ligada a desvios de marcha, dores no quadril e inflamação do nervo ciático; • escoliose afetamarcha, respiração e centro de gravidade (equilíbrio). Assim, é fácil perceber que não se trata apenas da dor, mas de todo um complexo sistema que deve ser avaliado. Esses são só alguns sintomas que, às vezes, o paciente apresenta e passa meses sem identificar o problema; após o tratamento da coluna, os sintomas desaparecem. TÓPICO 3 — LESÕES DA COLUNA VERTEBRAL 25 FIGURA 8 – DESVIOS DE COLUNA: LORDOSE, CIFOSE E ESCOLIOSE – A PELVE SE REPOSICIONA PARA SE ADAPTAR À MARCHA FONTE: A autora Vamos tentar uma atividade? Para você entender melhor como os desvios prejudicam todo o corpo, fique em pé, force a coluna nas posições indicadas na Figura 8 e caminhe um pouco. Tente realizar atividades como se sentar e carregar alguma coisa, e anote o que sentiu em cada uma delas – isso o ajudará a compreender melhor o paciente e posicioná-lo com mais facilidade. ATENCAO As lesões de disco decorrem do aumento significativo de força empregado nele. Um disco normal da coluna cervical aguenta uma pressão de até 3.200 newtons (N); já a coluna torácica suporta de 4.500 N (primeiras vértebras) a 11.500 N; na lombar, a pressão máxima é de 15.000 N – isso ocorre porque, como vimos anteriormente, o corpo vertebral da lombar é maior, justamente para dar mais sustentação à coluna. 26 UNIDADE 1 — TÉCNICAS RADIOLÓGICAS DA COLUNA VERTEBRAL 3 HÉRNIA DE DISCO A queixa mais comum do atendimento médico de coluna são as dores, geralmente associadas a formigamento de membros superiores (MMSS), dor, desvio de marcha e inflamação do nervo ciático. Geralmente, a resposta encontrada pelo paciente é hérnia de disco. Uma hérnia é uma projeção de algum tecido para outro local – por exemplo, a hérnia de hiato é a projeção do estômago para cima do diafragma. Na coluna, a hérnia é a projeção ou o deslocamento do conteúdo do disco vertebral para fora do seu local de origem. Essa projeção pode ser anterior ou lateral, geralmente assintomáticas nos estágios iniciais, ou posterior, que tendem a causar mais dor no paciente, pois, posterior ao corpo vertebral (onde ficam os discos), temos o canal medular e, nele, todas as fibras nervosas do corpo. Então, a hérnia, ao se deslocar posteriormente, acaba por comprimir o tecido do canal medular. O local de maior ocorrência é a lombar. A hérnia discal lombar consiste de um deslocamento do conteúdo do disco intervertebral – o núcleo pulposo – através de sua membrana externa, o ânulo fibroso, geralmente em sua região posterolateral. Dependendo do volume de material herniado, poderá haver compressão e irritação das raízes lombares e do saco dural, representadas clinicamente pela dor conhecida como ciática. Essa dor é conhecida desde a Antiguidade, mas a sua relação com a hérnia discal não foi descoberta até o início do século 20, quando Mixter e Barr a descreveram (VIALLE, 2010, p. 17). Ainda de acordo com Vialle (2010), a hérnia é descrita conforme sua forma. Se a projeção for larga, mas pequena em extensão, ela é dita protrusão; se ela for pequena em largura e grande na extensão, é chamada de extrusão; quando escorrega para fora do corpo e perde sua forma e continuidade, caracteriza um sequestro. Para aprofundar seus estudos, assista ao vídeo “Anatomia Humana – Coluna Vertebral: Discos Intervertebrais e Hérnia de Disco”, do canal “Anatomia Fácil com Rogério Gozzi”. Depois anote os principais pontos. NOTA TÓPICO 3 — LESÕES DA COLUNA VERTEBRAL 27 4 FRATURAS As fraturas de coluna podem ser patológicas ou, mais comumente, por trauma. O Quadro 3 apresenta os principais tipos de fratura de coluna. QUADRO 3 – FRATURAS DE COLUNA Nome Descrição Chicote Caracterizado pelo movimento causado na cervical em freadas bruscas e colisões frontais de carros. A cabeça do paciente é projetada para a frente e para trás, de forma abrupta Por compressão Associada à osteoporose, resulta de microfraturas provocadas pelo peso do corpo no corpo vertebral Enforcado Fratura dos pedículos da C2 com ou sem luxação, gerando instabilidade. São raros os casos de sobrevivência, causados por hiperextensão extrema Jefferson Resultante de alta carga no esqueleto axial, seja uma queda em pé ou queda de objeto na cabeça do paciente. Resulta na fratura dos arcos anterior e posterior da C1 Odontoide Fratura do dente e das massas laterais Em gota Trauma de cervical em hiperflexão. O corpo vertebral é esmagado. Associado à tetraplegia De chance Causada por hiperflexão da lombar, leva à fratura do corpo vertebral, processo espinhoso e processo transverso. Pode ser causado pela desaceleração com cinto de segurança em colisão FONTE: A autora 5 OUTRAS LESÕES COMUNS As lesões de coluna vão além de fraturas e lesões discais. A taxa de probabilidade de outras ocorrências varia de acordo com a região do país, dadas as condições de vida de cada município. Podemos citar como outras lesões comuns da coluna: • Osteófito – Outro “vilão” da coluna é o famoso “bico de papagaio”. Essa lesão é, na verdade, causada pelo desgaste do corpo vertebral, geralmente por artrose vertebral. Como consequência, ocorre o crescimento de uma formação óssea em forma de gancho ou bico, que, por vezes, pinça alguma estrutura e provoca dor e travamento. Os osteófitos podem ocorrer em qualquer articulação, mas são extremamente comuns na cervical. • Osteoartrite – Artrite associada à degeneração articular, leva à esclerose óssea e à formação de osteófitos. • Osteoporose – Doença caracterizada pela perda de mineralização óssea, decorrente da idade e dos hábitos alimentares. 28 UNIDADE 1 — TÉCNICAS RADIOLÓGICAS DA COLUNA VERTEBRAL • Espondilite – Inflamação vertebral. Sua forma mais grave é a espondilite anquilosante, que resulta em dores da região sacroilíaca que seguem para toda a coluna. • Espondilólise – Dissolução de uma vértebra por falha no desenvolvimento. • Espondilolistese – Deslizamento anterior de vértebras, geralmente associada à osteoartrite. • Espinha bífida – Lesão congênita em que a medula espinhal fica exposta por causa da má formação da parte posterior das vértebras lombares. • Metástases – Na radiologia convencional, é comum a imagem para rastreamento e observação dos padrões osteolíticos ou osteoblásticos. 29 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • Diversas patologias podem afetar a coluna, como lombalgias com ou sem trauma, lesão de chicote, fraturas e hérnias de disco. • O principal motivo que leva o paciente ao médico para avaliar a coluna é a dor. • Geralmente, a causa da dor é por trauma ou movimento incorreto da coluna, o que, ao longo do tempo, pode levar a várias das patologias. • Podem-se citar como lesões comuns da coluna: osteófitos, osteoartrite, osteoporose, espondilite, espondilólise, espondilolistese, espinha bífida e metástases. • As patologias podem ser diferenciadas por meio do exame por imagem da coluna; portanto, é imprescindível que o exame seja realizado corretamente. 30 1 As fraturas de coluna geralmente são decorrentes de vários fatores, sendo os mais comuns: a) ( ) Traumas e patologias. b) ( ) Patologias e queimaduras. c) ( ) Apenas de traumas. d) ( ) Apenas de patologias. 2 A coluna possui curvaturas normais e anormais. Analise as afirmativas a seguir: I- A cifose é a curvatura acentuada da coluna torácica e sua avaliação é feita pelo perfil de coluna torácica. II- A lordose é a curvatura acentuada da lombar e sua avaliação é pelo perfil de coluna lombar. III- A escoliose é a curvatura anormal de toda a coluna e, para sua visualização, deve-se realizar incidência em AP. IV- A hiperlordose é um desvio na cervical, causado pelo uso constante do celular, e sua observação é realizada pelo perfil de cervical. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente a sentença I está correta. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) Somente a sentença III está correta. d) ( ) As sentenças I, II, III e IV estão corretas.3 Cada lesão tem uma característica distinta. Qual patologia é descrita como “lesão causada pelo desgaste do corpo vertebral, geralmente decorrente de artrose vertebral. Como consequência, ocorre o crescimento de uma formação óssea em forma de gancho ou bico”? a) ( ) Osteófito. b) ( ) Fratura. c) ( ) Escoliose. d) ( ) Espinha bífida. AUTOATIVIDADE 31 TÓPICO 4 — UNIDADE 1 POSICIONAMENTO RADIOGRÁFICO DA COLUNA VERTEBRAL 1 INTRODUÇÃO Para unir os conceitos apreendidos até aqui com a prática, veremos as principais incidências para visualização da coluna ao longo deste tópico. Quando trabalhamos com posicionamentos, é importante termos rotinas. No Quadro 4, podem ser observadas as rotinas básicas com os posicionamentos utilizados. Os demais posicionamentos são ditos especiais e aplicam-se a casos específicos. “Quando o médico solicita um exame, é possível posicionar o paciente de diferentes formas, e a principal delas é em anteroposterior ou AP. A parte posterior do paciente estará em contato com o receptor de imagem, enquanto o raio central (RC) entrará pela parte anterior. Na posteroanterior, a parte posterior receberá o raio central e a parte anterior estará em contato com o filme. Comumente, dizemos PA para essa posição. Contudo, se o paciente estiver de lado, ou seja, se o raio central entrar em um lado e o outro lado estiver em contato com o receptor de imagens, estará em perfil ou PF. Por fim, há a posição que mais gera dúvidas e discussões na radiologia: a oblíqua. As oblíquas anteriores são aquelas em que o paciente está de frente para a mesa ou estativa. Uma oblíqua anterior direita (OAD) é quando o lado direito estiver em contato com a mesa e, o esquerdo, distante. Ainda, o paciente está em uma posição oblíqua anterior esquerda (OAE) quando o lado direito estiver em contato com a mesa e, o esquerdo, distante. Quando o paciente estiver de costas para a mesa ou estativa, ele está em oblíqua posterior. Se o lado direito estiver em contato com a mesa, há uma oblíqua posterior direita (OPD) e, se for o lado esquerdo, uma oblíqua posterior esquerda (OPE)” (BREY, 2020). NOTA 32 UNIDADE 1 — TÉCNICAS RADIOLÓGICAS DA COLUNA VERTEBRAL QUADRO 4 – ROTINAS DE COLUNA FONTE: A autora Rotina Incidências Dente da axis Transoral Cervical AP, P e nadador Torácica AP e P Lombar AP e P Oblíquas OA e OP Sacro-cóccix AP sacro, AP cóccix e P sacro-cóccix Um ponto muito fundamental nos posicionamentos de coluna, quando em ortostase, é sempre realizar o exame do paciente sem calçados, pois as deformidades na sola e na palmilha, provocados pelo uso, podem mostrar deformidades na coluna e induzir erro no diagnóstico médico. IMPORTANT E 2 INCIDÊNCIAS PARA COLUNA CERVICAL A seguir, veremos as incidências de coluna cervical e os respectivos procedimentos, como posição do paciente, considerações técnicas e necessidade ou não de o paciente suspender a respiração durante a realização do exame. As linhas de posicionamento ajudam a posicionar o paciente, de modo que ele não fique torto e não prejudique a avaliação da radiografia pelo médico. A seguir, são apresentadas as siglas utilizadas para essas linhas. É importante ressaltar que elas são apenas linhas imaginárias. • “A primeira e mais importante é a linha médio sagital ou LMS. Divide o corpo ao meio, em duas partes iguais, e passa pelo meio da testa, sobre o nariz, no meio do queixo, no umbigo e na sínfise púbica. Assim, há um braço e uma perna para cada lado. • A linha interpupilar (LIP) passa por ambas as pupilas e é muito útil para os posicionamentos em perfil. • A linha glabelo-meatal ou LGM liga a glabela, que é a proeminência entre as sobrancelhas, ao meato acústico externo (MAE). NOTA TÓPICO 4 — POSICIONAMENTO RADIOGRÁFICO DA COLUNA VERTEBRAL 33 • A linha acântio meatal (LAM) liga o acântio, uma região que fica logo abaixo do nariz, ao MAE. • A linha mento-meatal (LMM) liga o mento (ponta do queixo) ao MAE, referência para posicionamentos especiais do crânio. • A linha órbito-meatal, ou LOM, que vai do canto da órbita ao MAE, e a linha infra-órbito- meatal, ou LIOM, que vai do arco inferior da órbita ao MAE, são amplamente utilizadas nos posicionamentos de crânio, tanto na radiologia convencional como na odontológica” (BREY, 2020). • Incidência transoral para o dente: ◦ Posição do paciente: em decúbito dorsal com a boca aberta. Para uniformizar o contraste da imagem, sugere-se que o paciente tente encostar a língua no céu da boca. Dê preferência sempre para o decúbito, pois o paciente fica mais estável e isso reduz a angulação da coluna cervical, demonstrando melhor o processo odontoide. Lembre-se de alinhar o paciente com a linha médio sagital (LMS) da mesa e garantir a não rotação da cabeça e do pescoço. ◦ Considerações técnicas: o RC é perpendicular ao receptor de imagem (RI) e está na altura dos côndilos mandibulares (tangencia os incisivos centrais superiores na maioria dos pacientes). Para encontrá-los, olhe dentro da boca do paciente e encontre o ponto de junção da mandíbula com a maxila. Distância foco-filme (Dfofi) de 1 metro. A colimação é na estrutura. ◦ Respiração: suspender a respiração. • Incidências em AP ou PA para o dente: ◦ Nome alternativo: Fuchs (AP) ou Judd (PA). ◦ Posição do paciente: em decúbito ventral, para Judd, e em decúbito dorsal, para Fuchs, com a linha mentomeatal (LMM) perpendicular à mesa. Deve estar alinhado com a LMS da mesa e cabeça sem rotação. Muitos pacientes não conseguirão deixar a LMM perpendicular à mesa, então é necessário adaptar o RC à inclinação. ◦ Considerações técnicas: o RC, no método Fuchs, é paralelo à LLM, direcionado ao mento, e, no Judd, direcionado ao ínio. A colimação é nas estruturas e a Dfofi é de 1 m. ◦ Respiração: suspender a respiração. • Incidência AP em mastigação ou mandíbula oscilante para o dente: ◦ Nome alternativo: método de Ottomello. ◦ Posição do paciente: em decúbito dorsal, alinhado à LMS da mesa. Linha acantiomeatal (LAM) perpendicular à mesa. A mandíbula do paciente deve estar em movimento: ele deverá abrir e fechar a boca rapidamente. Pode-se treinar com ele antes de executar o exame, para garantir que ele movimentará apenas a mandíbula, e não a cabeça. ◦ Considerações técnicas: o RC é perpendicular ao RI na cartilagem cricoide. RI centralizado ao filme e Dfofi de 1 m. Colimação na estrutura. ◦ Respiração: suspender respiração. 34 UNIDADE 1 — TÉCNICAS RADIOLÓGICAS DA COLUNA VERTEBRAL • Incidência AP axial: ◦ Posição do paciente: em ortostase, bem alinhado com a linha médio sagital da estativa, braços ao lado do corpo. Verificar se não há rotação da cabeça. Para isso, deve-se tocar as mastoides do paciente para perceber se estão a mesma distância (equidistantes) do chão (Figura 9). ◦ Considerações técnicas: o RC incide na cartilagem cricoide (C4), angulado cefalicamente 15°. RI centralizado ao RC. Como o RC está angulado, é importante lembrar que todas as estruturas estarão projetadas, então o filme deve ser projetado também. Dfofi de 1 m. A colimação deve incluir os ângulos mandibulares. ◦ Respiração: suspender a respiração. FIGURA 9 – AP DE CERVICAL COM RC 15° CEFÁLICO FONTE: A autora • Incidência perfil: ◦ Posição do paciente: em perfil verdadeiro, com os braços soltos ao lado do corpo (Figura 10). É importante que os ombros estejam relaxados e soltos para baixo, a fim de possibilitar a visualização da articulação C7-T1. Para garantir o alinhamento da cabeça, verifica-se se as mastoides estão equidistantes do chão. A coluna deve estar alinhada na LMS, e não o pescoço. Estender levemente o queixo para evitar sobreposição. ◦ Considerações técnicas: o RC é perpendicular ao filme, incidindo na cartilagem cricoide. RI centralizado ao RC e Dfofi varia de 1,5 m a 1,8 m, de acordo com o tamanho dos ombros (DOF). Colimação nas estruturas. ◦ Respiração: suspender a respiração. TÓPICO 4 — POSICIONAMENTO RADIOGRÁFICO DA COLUNA VERTEBRAL35 FIGURA 10 – PERFIL DE CERVICAL FONTE: A autora • Incidência perfil de nadador: ◦ Nome alternativo: método de Twining para a região C4-T3. ◦ Posição do paciente: em ortostase, com os braços na posição do nadador – o braço próximo à estativa deve ficar levantado e bem encostado na estativa, o outro braço deve estar tracionado para baixo, com o ombro para baixo (não permitir que o paciente contraia o ombro; Figura 11). Tórax e cabeça alinhados com a LMS. ◦ Considerações técnicas: o RC é perpendicular ao filme, saindo na axila. RI centralizado ao RC e Dfofi de 1,5 m a 1,8 m, dependendo do tamanho dos ombros. Colimação nas estruturas. ◦ Respiração: suspender a respiração. FIGURA 11 – PERFIL DE NADADOR FONTE: A autora 36 UNIDADE 1 — TÉCNICAS RADIOLÓGICAS DA COLUNA VERTEBRAL • Incidência oblíquas anterior e posterior: ◦ Posição do paciente: em ortostase e bem alinhado com a LMS. Braços ao lado. Girar o paciente em 45° (coluna e cabeça), conforme a Figura 12. Estender o queixo e elevar levemente a cabeça, para tirar a mandíbula da linha de observação. Sempre é necessário fazer as duas oblíquas, uma anterior e uma posterior. É importante lembrar que, na oblíqua anterior (OA), o paciente está de costas para o tubo e, na oblíqua posterior (OP), está de frente. ◦ Considerações técnicas: o RC varia de acordo com a posição. Nas OAs, o RC é 15° caudal na cartilagem cricoide. Nas OPs, o RC é 15° cefálico na cartilagem cricoide. O RI é centralizado, seguindo a projeção, e a Dfofi é de 1,5 m a 1,8 m, dependendo do tamanho dos ombros do paciente. A colimação é na estrutura. ◦ Respiração: suspender a respiração. FIGURA 12 – OA E OP DE CERVICAL FONTE: A autora • Incidência para trauma – perfil: ◦ Posição do paciente: em decúbito com colar cervical, geralmente, preso na prancha do serviço de atendimento de emergência. Nunca soltar o paciente ou movimentá-lo. Coloque a maca encostada na estativa e alinhe a cartilagem cricoide com a LMS da estativa. Tracione os braços do paciente para baixo. TÓPICO 4 — POSICIONAMENTO RADIOGRÁFICO DA COLUNA VERTEBRAL 37 Uma dica, nesses casos, é colocar o seu colete de chumbo ao contrário. Isso porque, ao tracionar, você ficará de costas para o feixe e, no uso tradicional, suas costas ficarão expostas (os coletes são abertos atrás). Assim, ao vestir o colete ao contrário, será possível se proteger da exposição. IMPORTANT E ◦ Considerações técnicas: RC ao nível da cricoide e Dfofi de 1,5 m a 2 m, de acordo com os ombros e a distância do paciente da estativa. Colimar na estrutura. ◦ Respiração: se o paciente estiver consciente, ele deve suspender a respiração; se estiver inconsciente ou não colaborativo, observa-se a respiração, para disparar o feixe de raios X no momento de menor movimento. • Incidência para trauma – perfil de nadador: ◦ Nome alternativo: método de Twining para a região C4-T3. ◦ Posição do paciente: em decúbito com colar cervical, geralmente preso na prancha do serviço de atendimento de emergência. Nunca soltar o paciente ou movimentá-lo. Coloca-se a maca encostada na estativa e alinha-se a cartilagem cricoide com a LMS da estativa. Elevar o braço mais próximo da estativa e tracionar o outro braço do paciente para baixo. ◦ Considerações técnicas: o RC é perpendicular ao filme, saindo na axila. RI centralizado ao RC e Dfofi de 1,5 m a 2 m, dependendo do tamanho dos ombros. Colimação nas estruturas. ◦ Respiração: se o paciente estiver consciente, deve suspender a respiração; se estiver inconsciente ou não colaborativo, observa-se a respiração, para disparar o feixe de raios X no momento de menor movimento. • Rotina dinâmica – incidências de hiperflexão e hiperextensão: ◦ Posição do paciente: em ortostase, em perfil verdadeiro e coluna alinhada com a LMS. Ombros relaxados e soltos. Na hiperflexão, o paciente deve encostar o queixo no tórax, se possível. Na hiperextensão, eleva-se a cabeça para trás o máximo possível. Cuidar para o paciente não movimentar a torácica, em vez da cervical. Realizar sempre as duas incidências. Na Figura 13, é possível visualizar ambas as posições. 38 UNIDADE 1 — TÉCNICAS RADIOLÓGICAS DA COLUNA VERTEBRAL Deve-se ter muito cuidado com o paciente, pois é comum se movimentarem muito rápido e ficarem tontos. Sempre encaixe uma das suas mãos na nuca e outra na testa do paciente, para o retirar da posição aos poucos. ATENCAO ◦ Considerações técnicas: o RC é perpendicular ao filme na cartilagem cricoide. RI centralizado ao filme e Dfofi de 1,5 m a 1,8 m, dependendo do tamanho dos ombros. Colimado nas estruturas. ◦ Respiração: suspender a respiração. FIGURA 13 – HIPEREXTENSÃO E HIPERFLEXÃO FONTE: A autora • Incidência AP axial para pilares (arco vertebral): ◦ Posição da parte: paciente alinhado na LMS, sem rotação da cabeça ou tórax. Hiperestender o pescoço do paciente até a LMM ficar perpendicular à mesa. ◦ Considerações técnicas: RC com ângulo caudal de 20° na cartilagem cricoide. RI centralizado ao RC e Dfofi de 1 m. Colimação na estrutura. ◦ Respiração: suspender a respiração. TÓPICO 4 — POSICIONAMENTO RADIOGRÁFICO DA COLUNA VERTEBRAL 39 3 INCIDÊNCIAS DA COLUNA TORÁCICA A seguir, serão apresentadas as incidências relativas à coluna torácica e os respectivos procedimentos, como posição do paciente, considerações técnicas e necessidade ou não de o paciente suspender a respiração durante a realização do exame. • Incidência AP: ◦ Posição do paciente: em ortostase, com os braços ao lado do corpo e alinhado com a LMS, como demonstrado na Figura 14. ◦ Considerações técnicas: RC perpendicular ao RI e 8 cm a 10 cm abaixo da incisura jugular. RI alinhado ao RC, Dfofi de 1 m e colimação na estrutura. ◦ Respiração: prender a respiração em expiração para manter a uniformidade do contraste. O ideal é sempre realizar as colunas em ortostase, para preservar a abertura normal dos espaços articulares e não ocultar possíveis desvios. Contudo, para pacientes pós-trauma, deve-se fazer com o paciente em decúbito dorsal e, se possível, com os joelhos fletidos, para correta visualização da vértebra e da abertura dos espaços articulares. IMPORTANT E FIGURA 14 – AP DE COLUNA TORÁCICA FONTE: A autora 40 UNIDADE 1 — TÉCNICAS RADIOLÓGICAS DA COLUNA VERTEBRAL • Incidência perfil: ◦ Posição do paciente: em ortostase, com os braços à frente do corpo e apoiados um no outro (posição da Jeannie é um gênio). Distribuir bem o peso sobre ambas as pernas. Coluna alinhada a LMS da estativa (Figura 15). A coluna torácica tem uma grande concavidade, então, para alinhar a coluna na LMS, deve-se traçar uma linha perpendicular ao chão, que passe pelas duas extremidades da coluna, ou seja, por T1 e T12. Em seguida, fazer uma linha perpendicular ao chão, que tangencie o ponto máximo da curvatura, geralmente ao nível da T7. Por fim, alinhar com a LMS da estativa a linha média dessas duas primeiras e equidistante às duas ATENCAO FIGURA 15 – PERFIL DE TORÁCICA FONTE: A autora ◦ Considerações técnicas: o RC é perpendicular e 8 cm a 10 cm abaixo da incisura jugular. Dfofi de 1 m, colimação na estrutura e RI alinhado ao RC. Posicionar o RI cerca de 5 cm acima do ombro. ◦ Respiração: prender a respiração em expiração, para uniformizar o contraste. TÓPICO 4 — POSICIONAMENTO RADIOGRÁFICO DA COLUNA VERTEBRAL 41 O ideal é sempre realizar as colunas em ortostase, para preservar a abertura normal dos espaços articulares e não ocultar possíveis desvios. Contudo, para pacientes pós-trauma, deve-se fazer com o paciente em decúbito lateral e com os joelhos e braços fletidos, para a correta visualização da vértebra e da abertura dos espaços articulares, corrigindo a curvatura abdominal para que todas as vértebras estejam no mesmo nível. Em pacientes traumatizados e na maca, realizar na estativa, como é feito na cervical. IMPORTANT E • Incidências oblíquas anterior e posterior: ◦ Posição do paciente: em ortostase, posicioná-lo em perfil e depois
Compartilhar