Buscar

Tecnologias Limpas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AULA 1 
TECNOLOGIAS LIMPAS 
Profª Monike Felipe Gomes 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, trataremos da temática das tecnologias limpas, mas para 
entendermos melhor a necessidade de tecnologias limpas, precisamos entender 
o cenário em que este tema está inserido, tanto do ponto de vista socioeconômico 
quanto do ponto de vista ambiental. 
TEMA 1 – HISTÓRICO DAS DISCUSSÕES AMBIENTAIS 
Ao longo do século XX, o modelo econômico mundial foi o de 
industrialização e expansão do consumo. Durante esse processo, o uso de 
recursos naturais e a degradação ambiental cresceram exponencialmente. 
Contudo, o crescimento econômico descontrolado estava causando danos 
irreparáveis aos ecossistemas, ameaçando a sobrevivência da espécie humana a 
médio e longo prazo. 
Dessa forma, nos anos 70, as discussões sobre as questões ambientais 
começaram a ser levantadas. O primeiro marco da discussão sobre 
sustentabilidade aconteceu no ano de 1972 com a Conferência de Estocolmo, em 
que ambientalistas apontavam para a impossibilidade do crescimento econômico 
ilimitado e economistas argumentavam que não haveria como haver aumento de 
proteção ambiental sem crescimento econômico (Lagos, 2006). O conceito de 
desenvolvimento sustentável surgiu em 1987 no relatório Our Common Future 
(Nosso Futuro Comum), definido pela Comissão Mundial do Meio Ambiente e 
Desenvolvimento das Nações Unidas como “aquele que atende às necessidades 
do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem 
a suas próprias necessidades” (CMMAD, 1991, p. 46). Sendo assim, o 
desenvolvimento sustentável não aborda apenas questões econômicas e 
ambientais, mas também leva em consideração questões sociais, incluindo 
dimensões culturais e políticas, uma vez que se deve garantir a qualidade de vida 
para todos, sem comprometer as gerações futuras. 
Atualmente, o desenvolvimento sustentável tem sentido bem mais amplo, 
ainda levando em consideração as necessidades da sociedade para garantir 
condições essenciais de vida para todos. Porém, o conceito agora também 
engloba tecnologias que desenvolvam soluções que conservem e que permitam 
renovar os recursos limitados, além da atuação dos governos no papel importante 
de planejar e executar políticas que garantam o desenvolvimento sustentável. 
 
 
3 
TEMA 2 – AGENDA 21 
A Agenda 21 foi estabelecida no encontro da Organização das Nações 
Unidas (ONU) durante o evento Rio 92 (Conferência das Nações Unidas Sobre o 
Meio Ambiente e o Desenvolvimento), em que 179 países assinaram o documento 
contendo 40 capítulos com um programa de ação para promover o 
desenvolvimento sustentável. A Agenda 21 pode ser definida como um 
instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em 
diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça 
social e eficiência econômica (Ministério do Meio Ambiente, 2019). 
Com base na Agenda 21 global, cada país se comprometeu a definir sua 
própria agenda para direcionar suas políticas de acordo com suas principais 
necessidades para atingir o desenvolvimento sustentável. Dentro desse cenário, 
o Brasil desenvolveu sua própria agenda, onde foram definidos os principais 
temas, dentro do contexto brasileiro, para a busca do desenvolvimento 
sustentável através do equilíbrio econômico, equidade social e preservação 
ambiental. Os temas centrais abordados na agenda brasileira são: agricultura 
sustentável, cidades sustentáveis, infraestrutura e integração regional, gestão dos 
recursos naturais, redução das desigualdades sociais, e ciência e tecnologia para 
o desenvolvimento sustentável. O Quadro 1 abaixo mostra as ações prioritárias 
definidas na agenda brasileira. 
Quadro 1 – Ações prioritárias do Brasil para a Agenda 21 
Objetivo 1 Produção e consumo sustentáveis contra a cultura do desperdício 
Objetivo 2 Ecoeficiência e responsabilidade social das empresas 
Objetivo 3 Retomada do planejamento estratégico, infraestrutura e 
integração regional 
Objetivo 4 Energia renovável e a biomassa 
Objetivo 5 Informação e conhecimento para o desenvolvimento sustentável 
Objetivo 6 Educação permanente para o trabalho e a vida 
Objetivo 7 Promover a saúde e evitar a doença, democratizando o SUS 
Objetivo 8 Inclusão social e distribuição de renda 
Objetivo 9 Universalizar o saneamento ambiental protegendo o ambiente e a 
saúde 
Objetivo 10 Gestão do espaço urbano e a autoridade metropolitana 
Objetivo 11 Desenvolvimento sustentável do Brasil rural 
Objetivo 12 Promoção da agricultura sustentável 
Objetivo 13 Promover a Agenda 21 local e o desenvolvimento integrado e 
sustentável 
Objetivo 14 Implantar o transporte de massa e a mobilidade sustentável 
 
 
4 
Objetivo 15 Preservar a quantidade e melhorar a qualidade da água nas bacias 
hidrográficas 
Objetivo 16 Política florestal, controle do desmatamento e corredores de 
biodiversidade 
Objetivo 17 Descentralização e o pacto federativo: parcerias, consórcios e o 
poder local 
Objetivo 18 Modernização do estado: gestão ambiental e instrumentos 
econômicos 
Objetivo 19 Relações internacionais e governança global para o 
desenvolvimento sustentável 
Objetivo 20 Cultura cívica e novas identidades na sociedade da comunicação 
Objetivo 21 Pedagogia da sustentabilidade: ética e solidariedade 
 
As instruções para implantação da Agenda 21, através de seus roteiros, 
seus temas socioambientais e seus procedimentos de participação, caracterizam 
a tecnologia limpa, sendo utilizada nas tarefas de planejamento estratégico da 
gestão pública sustentável (Schenini, 2002). 
TEMA 3 – TECNOLOGIAS LIMPAS 
A inserção dos valores do desenvolvimento sustentável na sociedade e em 
seus sistemas operacionais tem levado à mudança que exigem dos governos 
federal, estadual e municipal a adequação às exigências de preservação 
ambiental através de técnicas que visam a utilização racional de recursos e a 
diminuição dos impactos ambientais. Na legislação federal do Brasil. a definição 
de impacto ambiental é: 
qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do 
meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia 
resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: 
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades 
sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias 
do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais. (Brasil, 
1986) 
A essas novas formas técnicas de trabalho, utilizando inovações 
tecnológicas e procedimentos gerencias que procuram a harmonia entre a 
produção e o meio ambiente, chamamos de tecnologias limpas. 
As inovações tecnológicas podem ser entendidas como um processo 
realizado por uma empresa para introduzir produtos e atividades que incorporem 
novas soluções técnicas, funcionais ou estéticas (Barbieri, 1997). Dentro do 
contexto ambiental, esse processo é caracterizado pelas inovações tecnológicas 
que levem em consideração técnicas e conceitos que estejam de acordo com os 
preceitos do desenvolvimento sustentável (Pereira et al., 1997). 
 
 
5 
Podemos definir melhor as tecnologias limpas como medidas técnicas 
tomadas para reduzir e/ou eliminar — na fonte de produção — resíduos e poluição 
de forma a economizar matérias-primas, recursos naturais e energia (Comissão 
das Comunidades Europeias, 1985). Ou seja, trata-se da adoção de qualquer 
medida para reduzir ou eliminar, já na fonte, a produção de qualquer tipo de 
poluição de forma a economizar recursos e energia. 
Dentro da busca por tecnologias limpas, estão inseridos instrumentos como 
os 3Rs, sistema de gestão ambiental, produção mais limpa, ecoeficiência e 
prevenção da poluição. 
O sistema de gestão ambiental é um instrumento organizacional que busca 
permanentemente o desempenho ambiental através da alocação de recursos, 
definição de responsabilidades e melhoria contínua.Já a prevenção da poluição 
está inserida no gerenciamento de resíduos e emissão de poluentes, não 
abordando questões de consumo de recursos e se utilizando de tecnologias de 
“fim de tubo”. A produção mais limpa é uma técnica de implementação de 
procedimentos que tenham como objetivo evitar o desperdício dentro do ambiente 
produtivo, reduzindo a produção de resíduos e emissões. Por fim, a ecoeficiência 
tem como principal objetivo aliar o desempenho econômico e ambiental (Rensi, 
2006). Já a definição dos 3Rs é a redução, reutilização e reciclagem (Pereira; 
Cunha; Pereira, 1997). Schenini (1999) descreve o uso dos 3Rs nas empresas 
como: 
• Reduzir os resíduos nas fontes geradoras, por meio da prevenção, redução 
ou eliminação dos resíduos; 
• Reciclar: utilizando materiais que não serão mais necessários em um 
processo para outros fins, incorporando os resíduos ao processo produtivo 
ou fazendo a matéria-prima voltar ao seu estado original, quando possível; 
• Reutilizar materiais: um exemplo de reutilização são as embalagens que 
após terem sido usadas por seus consumidores, voltam para serem 
reutilizadas. Para que esse processo seja eficaz, as embalagens não 
podem sofrer alterações físico-químicas. 
As tecnologias limpas, segundo Schenini (1999) podem ser divididas em 
duas categorias: gerencias e operacionais. Dentre as gerencias, podemos ter: 
• Planejamento estratégico sustentável; 
• Sistema de gestão ambiental (SGA) – ISO 14000; 
• Auditoria ambiental – ABNT; 
 
 
6 
• Educação e comunicação ambiental; 
• Imagem e responsabilidade social corporativa (parcerias); 
• Marketing verde – oportunidades ecológicas; 
• Contabilidade e finanças ambientais; 
• Projetos de recuperação e melhoria; 
• Suprimentos certificados – capacitação de fornecedores; 
• Riscos e doenças ocupacionais – CIPA; 
• Qualidade total ambiental; 
• Qualidade de vida – motivação – saúde ocupacional, entre outras. 
Nas tecnologias operacionais, podemos ter: 
• Estratégias básicas e balanços energéticos; 
• Antecipação e monitoramento; 
• Controle da poluição nos processos; 
• Tecnologias de produtos; 
• Logística de suprimentos; 
• Tratamento e minimização; 
• Descarte e disposição. 
A adoção dessas tecnologias pode trazer resultados positivos para as 
empresas, como incremento na produtividade e lucratividade, melhoria nas 
condições de trabalho, economia de matéria-prima, diminuição dos custos e 
perdas (Misra, 1996). 
TEMA 4 – TECNOLOGIAS LIMPAS GERENCIAIS 
Ao falarmos de tecnologias limpas, instantaneamente pensamos em 
laboratórios de pesquisa, engenharias e equipamentos que procuram eliminar os 
impactos ambientais gerados em um processo. Contudo, segundo Schenini 
(1999), tecnologias sociais, como técnicas gerenciais, também são efetivas e 
auxiliam o desenvolvimento sustentável. Uma empresa pode adotar inúmeros 
procedimentos diferentes em técnicas gerenciais para promover o uso de 
tecnologias limpas. Veremos a seguir algumas dessas tecnologias. 
 
 
 
7 
4.1 Sistema de Gestão Ambiental (SGA) – ISO 14000 
A maior consciência dos impactos da atividade econômica sobre o meio 
ambiente trouxe esse aspecto para dentro do espectro de fatores que 
compreendem o sistema organizacional, abrangendo minimizar os impactos 
causados ao meio ambiente e preservar os recursos naturais. Esses aspectos 
tornaram a gestão ambiental tão importante quanto a gestão de produção ou 
financeira (Wesendonck; Rohrich, 2013). 
Os sistemas de Gestão Ambiental (SGA) padroniza e operacionalizam as 
práticas organizacionais voltadas ao meio ambiente. Essas práticas podem ser 
escolhidas de modo aleatório pela empresa ou podem obedecer ao conjunto de 
normais internacionais como a ISO 14000. Para a implementação da SGA através 
da norma, os seguintes critérios devem ser atendidos: 
• Planejamento ambiental: fazer um planejamento completo dos aspectos 
ambientais da área, metas, objetivos leis e programas ambientais; 
• Realização e manutenção: após planejar, é preciso “ligar” o sistema, fazer 
com que ele funcione e mantê-lo funcionando; 
• Documentação e arquivamento: realizar uma documentação completa de 
todos os processos relacionados com a gestão ambiental da empresa e do 
sistema que está sendo implementado e arquivá-los; 
• Revisão e inspeção: é preciso sempre estar monitorando e verificando os 
processos ligados à gestão ambiental. Caso uma ação corretiva precise ser 
tomada, ela também deverá ser documentada e arquivada. 
O Quadro 2 mostra o conjunto de normas inseridas dentro da ISO 14000. 
Quadro 2 – Conjunto de normas da ISO 14000 
14001 Sistema de Gestão Ambiental (SGA) – Especificações e diretrizes para 
uso 
14004 Sistema de Gestão Ambiental (SGA) – Diretrizes Gerais: princípios, 
sistemas e técnicas de apoio 
14010 Guias para Auditoria Ambiental – Diretrizes Gerais 
14012 Diretrizes para Auditoria Ambiental e Procedimentos de Auditoria 
14020 Rotulagem Ambiental – Princípios Gerais 
14021 Rotulagem Ambiental – Termos e Definições 
14022 Rotulagem Ambiental – Simbologia para Rótulos 
14023 Rotulagem Ambiental – Testes e Metodologias de Verificação 
14024 Rotulagem Ambiental Tipo I – Princípios e Procedimentos – análise em 
múltiplos critérios 
14031 Gestão Ambiental – Avaliação do Desempenho Ambiental – diretrizes 
 
 
8 
14032 Gestão Ambiental – Exemplo de Avaliação do Desempenho Ambiental 
14040 Análise do Ciclo de Vida – Princípios e Estruturas 
14041 Análise do Ciclo de Vida – Objetivos e Escopo, Definições e Inventário 
14042 Análise do Ciclo de Vida – Análise de Impactos 
14043 Análise do Ciclo de Vida – Migração dos Impactos 
 
O conjunto de normas da ISO 14000 auxilia na organização dos elementos 
da SGA, em que a finalidade é equilibrar a proteção ambiental e a prevenção da 
poluição com as necessidades socioeconômicas. A implantação de um sistema 
de gestão ambiental não somente auxilia a proteção ambiental, mas também traz 
outros benefícios às organizações, como a melhoria da imagem da empresa frente 
à sociedade e ainda a redução de custos de produção (Fogliatti et al., 2008). 
4.1 Educação e comunicação ambiental 
A educação ambiental é uma das ferramentas base para a o sucesso da 
implementação de tecnologias limpas, uma vez que só através da compreensão 
dos aspectos ambientais pode-se entender a importância e as vantagens do 
desenvolvimento sustentável. É necessária a divulgação dos aspectos ecológicos 
e ambientalistas, mas também a união desses aspectos ao contexto social e 
econômico através da interdisciplinaridade. É necessário o despertar da 
preocupação ética e ambientalista para que se comece a atuar de forma mais 
racional com relação ao ambiente e ao processo produtivo. 
Para o sucesso da educação ambiental e para a divulgação das ações 
ambientais, a comunicação ambiental torna-se uma peça-chave para o 
desenvolvimento sustentável. A técnica é fundamentada no planejamento 
estratégico focado em técnicas de relacionamentos, uso de meios específicos e 
visão integrada em todas as atividades comunicacionais envolvidas no processo. 
4.2 Marketing verde – oportunidades ecológicas 
O marketing surgiu no século XX para solucionar problemas de distribuição 
e venda de produtos. Ao longo de seu desenvolvimento e das mudanças das 
necessidades sociais, ele deixou de ser uma ferramenta para a simples 
divulgação de produtos. Hoje, há uma necessidade de se entregar, além do 
produto, comprometimento com a ética, com a sociedade e com o meio ambiente, 
e o pensamento econômico das corporações voltou-se às questões sociais e 
ambientais. Dentro da ideia de que as empresas devem entregar mais do que 
 
 
9 
produtos e com o surgimento das questões ambientais e de leis de proteção 
ambiental, deu-se início ao marketing verde. Segundo Polonsky (1994), marketing 
verde é o conjunto de atividades para produzir e facilitar a comercialização de 
qualquerproduto ou serviço, com a intenção de satisfazer necessidades e desejos 
humanos, porém causando impacto mínimo ao meio ambiente. Produtos que são 
considerados verdes englobam preocupações ecológicas e sociais que permitem 
um maior valor agregado. Ottman (1994) descreve que esses produtos devem ser 
fabricados com quantidade mínima de matéria-prima (preservando os recursos 
naturais), eficiência energética, mínima utilização de água, despejo de efluentes 
e geração de resíduos. 
Os produtos verdes associam imagem ambiental à marca. Para a produção 
desses produtos, os seguintes fatores devem ser levados em consideração, 
segundo Jöhr (1994): 
• Composição com relação à toxicidade; 
• Efeitos colaterais; 
• Reciclagem e emissões; 
• Avaliação de longevidade; 
• Reciclagem e economia de matéria-prima; 
• Descarte e possível aproveitamento; 
• Análise de embalagens. 
TEMA 5 – TECNOLOGIAS LIMPAS OPERACIONAIS 
As tecnologias operacionais estão ligadas aos métodos que podem ser 
utilizados na fabricação do produto e na prestação do serviço. Dentro dessas 
tecnologias, temos as técnicas de prevenção da poluição e as técnicas de controle 
de impactos ambientais causados pela fabricação, construção ou fornecimento de 
serviços. 
5.1 Infraestrutura básica e balanços energéticos 
A falta de planejamento dentro de uma planta de fabricação ou 
fornecimento de serviços pode gerar um gasto excedente de energia e de 
recursos. Para contornar esses fatores, alterações na infraestrutura podem ser 
realizadas evitando o desperdício de recursos (água, energia, combustível, gases 
industriais). Dentro desse contexto, desde pequenas alterações, como o uso de 
 
 
10 
equipamentos mais eficientes energeticamente, a alterações maiores, como a 
troca da fonte de energia para uma fonte mais limpa (energia solar, eólica etc.) e 
a adequação da planta da empresa para o reuso da água podem ser aplicados. 
5.3 Antecipação e monitoramento 
O monitoramento e prevenção permitem a antecipação de possíveis 
impactos ambientais que possam ocorrer em um sistema produtivo. Estão ligados 
a este tópico todas as ações que visem a prevenção da poluição através de: 
• Sistema de prevenção de acidentes ecológicos no transporte, manuseio ou 
armazenamento de materiais tóxicos; 
• Sistemas de monitoramento fixos e móveis para água, solo, ar e vegetação; 
• Sistema de monitoramento biológico; 
• Melhoria contínua; 
• Lagoas e diques de emergência; 
• Sistema de informações geográficas digitalizadas; 
• Sistemas de proteção de sistemas elétricos. 
5.4 Controle da poluição nos processos 
Podemos definir poluição como uma alteração que prejudica as formas de 
vida que habitam aquele meio, ou que prejudique o seu uso. De acordo com a Lei 
n. 6.938, poluição é 
a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta 
ou indiretamente: a)prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da 
população; b)criem condições adversas às atividades sociais e 
econômicas; c)afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as 
condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e)lancem matérias 
ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. 
Sendo assim, podemos ter poluição de diferentes naturezas (solo, água, ar 
e acústica). Para cada um desses tipos de poluição, podem ser empregadas 
diferentes tecnologias para seu controle. Entre as diversas tecnologias aplicadas, 
as principais são: 
• Tecnologias end-of-pipe; 
• Tecnologias de ponta: emissão zero, biotecnologias; 
• Redução dos resíduos e poluentes nas fontes; 
• Controle e monitoramento dos efluentes líquidos; 
 
 
11 
• Controle e monitoramento de emanações aéreas; 
• Tratamento e minimização de efluentes e emanações; 
• Técnicas de descarte e disposição de resíduos sólidos; 
• Fontes de extração de matéria-prima não poluentes; 
• Logística reversa. 
5.5 Tecnologias de produtos 
As tecnologias de produto englobam todas aquelas tecnologias que 
repensam o produto e que melhoram aspectos como sua eficiência, embalagem, 
presença de substâncias nocivas ao meio ambiente e reciclagem. As principais 
técnicas empregadas para o desenvolvimento de produtos sustentáveis são: 
• ACV – Análise do Ciclo de Vida (Fonte ➔ disposição); 
• Ampliação da taxa de utilização dos insumos nos produtos; 
• Transporte de produtos perigosos; 
• Redução do uso e emissão de substâncias tóxicas; 
• Aproveitamento e comércio dos resíduos; 
• Embalagens, rotulagem e ecodesign. 
5.6 Logística de suprimentos 
A preocupação ambiental vai além do ambiente de produção, questões de 
transporte e armazenagem de suprimentos também devem ser consideradas. 
Insumos que necessitem de uma grande cadeia de transporte devem ser 
cuidadosamente estudados. Meios de transporte também devem ser 
considerados, uma vez que o transporte rodoviário é uma opção de alto custo e 
baixa eficiência do ponto de vista energético (relação carga versus gasto de 
combustível). Quando viável, transporte ferroviário e hidroviário podem ser 
opções. A distância que o insumo vai percorrer até chegar ao ambiente de 
produção também pode ser estudada. Pode-se verificar a possibilidade de 
fornecedores mais próximos, evitando assim longas viagens que demandam o uso 
excessivo de combustíveis fósseis e que emitem gases poluentes. 
5.6 Tratamento e minimização 
Para redução dos impactos ambientais, tecnologias de minimização do uso 
de recursos e de tratamento dos resíduos gerados devem ser empregadas. A 
 
 
12 
implementação de técnicas que minimizam o uso de recursos, além de diminuir 
os impactos ambientais, também barateia o processo produtivo e torna o produto 
mais competitivo no mercado. 
Quando não é mais possível minimizar o uso de recursos e a produção de 
resíduos é inevitável, o tratamento desses resíduos deve ser realizado. Por 
exemplo, quando uma empresa exige um grande volume de água em seu 
processo produtivo, o efluente gerado desse processo deve ser tratado através 
de estação de tratamento de efluentes, podendo se utilizar de uma série de 
tecnologias, como lagoas de tratamento, flotação, decantação, processos de 
oxidação, processos de absorção de contaminantes, entre outras. Para o 
tratamento do efluente produzido, cada empresa deve buscar a tecnologia que 
mais se adapta às suas características, levando em conta o custo-benefício e o 
tratamento mais eficiente ambientalmente. 
5.7 Descarte e disposição 
A gestão dos resíduos é um dos processos mais importantes, pois a 
empresa geradora é a responsável pelos resíduos gerados desde sua fonte até a 
sua disposição final. A empresa geradora deve ter, dentro de seus procedimentos, 
a responsabilidade de separar e dispor corretamente todo e qualquer resíduo 
gerado dentro de seu processo através de um sistema de gestão de resíduos 
sólidos, utilizando a norma da ABNT de classificação de resíduos sólidos (NBR 
10.004) e a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). 
As destinações mais comuns dos resíduos são a disposição em aterros 
sanitários (municiais e industriais), onde o resíduo pode ser tratado de acordo com 
sua classificação; a compostagem, que é utilizada apenas para resíduos 
orgânicos; a incineração, que promove a queima dos resíduos em altas 
temperaturas reduzindo-os a moléculas mais simples; e a reciclagem, em que o 
resíduo volta para o processo produtivo dentro ou fora da empresa. Também inclui 
o coprocessamento, ou seja, a utilização de resíduos com potencial energético, 
como óleos, para a queima em fornos de cimento. Para cada tipo de resíduo 
produzido dentro da empresa, deve haver um estudo das tecnologias existentes 
que melhor se adequam às características do processo produtivo e que 
proporcionam o menor impacto ambiental. 
 
 
13 
Os resíduos sólidos industriais necessitam de locais adequados, uso de 
tecnologias para o tratamento e destinação final adequada, além da implantação 
de políticasde redução da quantidade de resíduos gerados no processo produtivo. 
 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
BARBIERI, J. C. A contribuição da área produtiva no processo de inovações 
tecnológicas. Revista de Administração, v. 37, n. 1, p. 66-77, 1997. 
BERNA, V. Gestão, comunicação e educação ambiental para a sustentabilidade. 
Revista Visão Socioambiental. Disponível em: 
<visaosocioambiental.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id
=339&Itemid=84>. Acesso em: 8 dez. 2019. 
BRASIL. Agenda 21 Brasileira: Ações Prioritárias/Comissão de Políticas de 
Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional. 1997. 
_____. Resolução Conama n. 001/1986. Dispõe sobre critérios básicos e 
diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. Disponível em: 
<http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=23>. Acesso em: 9 
dez. 2019. 
COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO 
(CMMAD). Nosso futuro comum. 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio 
Vargas, 1991. 
FOGLIATTI, M. C. et al. Sistema de gestão ambiental para empresas. Rio de 
Janeiro: Interciência, 2008. 
JÖHR, H. O verde é negócio. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1994. 
LOPES, V. N.; PACAGNAN, M. N. Marketing verde e práticas socioambientais nas 
indústrias do Paraná. Revista Administração, São Paulo, v. 49, n. 1, p. 116-128, 
2014. 
PEREIRA, M. F.; CUNHA, M. S.; PEREIRA, L. F. Tecnologias limpas: uma nova 
postura empresarial. Anais do Encontro Nacional de Engenharia de Produção – 
Enegep, 1997. 
OTTMAN, J. A. Marketing verde: desafios e oportunidades para nova era do 
marketing. São Paulo, 1994. 
PICHELLI, K. R.; RODRIGUES, L. S.; RACHWAL, M. F. G. Educação ambiental: 
a utilização da comunicação como ferramenta de sensibilização. XXIX Congresso 
Brasileiro de Ciências da Comunicação, Brasília, Embrapa Florestas, UnB, 
2006. 
 
 
15 
POLONSKY, M. J. An introduction to green marketing. Electronic Green Journal, 
1994. 
RENSI, F. Gestão da produção mais limpa: uma proposta para o processo fabril. 
156 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal de Santa 
Catarina, Florianópolis, 2006. 
SCHENINI, P. C. Avaliação dos padrões de competitividade à luz do 
desenvolvimento sustentável: o caso da Indústria Trombini Papel e Embalagens 
S/A em Santa Catarina. 223 f. Tese (Doutorado em Engenharia da Produção) – 
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1999. 
_____. Gestão empresarial sustentável. In: _____. (Org.). Gestão empresarial 
sócio ambiental. Florianópolis, 2005. p. 11-34. 
WESENDONCK A. P.; ROHRICH, S. S. Gestão ambiental, inovações 
sustentáveis e energias renováveis em organizações paranaenses certificadas 
pela norma NBR ISO 14001:2004. Revista Qualidade Emergente, v. 5, n. 1, p. 
3-18, 2013.

Outros materiais