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AULA 1 TECNOLOGIAS LIMPAS Profª Monike Felipe Gomes 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, trataremos da temática das tecnologias limpas, mas para entendermos melhor a necessidade de tecnologias limpas, precisamos entender o cenário em que este tema está inserido, tanto do ponto de vista socioeconômico quanto do ponto de vista ambiental. TEMA 1 – HISTÓRICO DAS DISCUSSÕES AMBIENTAIS Ao longo do século XX, o modelo econômico mundial foi o de industrialização e expansão do consumo. Durante esse processo, o uso de recursos naturais e a degradação ambiental cresceram exponencialmente. Contudo, o crescimento econômico descontrolado estava causando danos irreparáveis aos ecossistemas, ameaçando a sobrevivência da espécie humana a médio e longo prazo. Dessa forma, nos anos 70, as discussões sobre as questões ambientais começaram a ser levantadas. O primeiro marco da discussão sobre sustentabilidade aconteceu no ano de 1972 com a Conferência de Estocolmo, em que ambientalistas apontavam para a impossibilidade do crescimento econômico ilimitado e economistas argumentavam que não haveria como haver aumento de proteção ambiental sem crescimento econômico (Lagos, 2006). O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu em 1987 no relatório Our Common Future (Nosso Futuro Comum), definido pela Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas como “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades” (CMMAD, 1991, p. 46). Sendo assim, o desenvolvimento sustentável não aborda apenas questões econômicas e ambientais, mas também leva em consideração questões sociais, incluindo dimensões culturais e políticas, uma vez que se deve garantir a qualidade de vida para todos, sem comprometer as gerações futuras. Atualmente, o desenvolvimento sustentável tem sentido bem mais amplo, ainda levando em consideração as necessidades da sociedade para garantir condições essenciais de vida para todos. Porém, o conceito agora também engloba tecnologias que desenvolvam soluções que conservem e que permitam renovar os recursos limitados, além da atuação dos governos no papel importante de planejar e executar políticas que garantam o desenvolvimento sustentável. 3 TEMA 2 – AGENDA 21 A Agenda 21 foi estabelecida no encontro da Organização das Nações Unidas (ONU) durante o evento Rio 92 (Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento), em que 179 países assinaram o documento contendo 40 capítulos com um programa de ação para promover o desenvolvimento sustentável. A Agenda 21 pode ser definida como um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica (Ministério do Meio Ambiente, 2019). Com base na Agenda 21 global, cada país se comprometeu a definir sua própria agenda para direcionar suas políticas de acordo com suas principais necessidades para atingir o desenvolvimento sustentável. Dentro desse cenário, o Brasil desenvolveu sua própria agenda, onde foram definidos os principais temas, dentro do contexto brasileiro, para a busca do desenvolvimento sustentável através do equilíbrio econômico, equidade social e preservação ambiental. Os temas centrais abordados na agenda brasileira são: agricultura sustentável, cidades sustentáveis, infraestrutura e integração regional, gestão dos recursos naturais, redução das desigualdades sociais, e ciência e tecnologia para o desenvolvimento sustentável. O Quadro 1 abaixo mostra as ações prioritárias definidas na agenda brasileira. Quadro 1 – Ações prioritárias do Brasil para a Agenda 21 Objetivo 1 Produção e consumo sustentáveis contra a cultura do desperdício Objetivo 2 Ecoeficiência e responsabilidade social das empresas Objetivo 3 Retomada do planejamento estratégico, infraestrutura e integração regional Objetivo 4 Energia renovável e a biomassa Objetivo 5 Informação e conhecimento para o desenvolvimento sustentável Objetivo 6 Educação permanente para o trabalho e a vida Objetivo 7 Promover a saúde e evitar a doença, democratizando o SUS Objetivo 8 Inclusão social e distribuição de renda Objetivo 9 Universalizar o saneamento ambiental protegendo o ambiente e a saúde Objetivo 10 Gestão do espaço urbano e a autoridade metropolitana Objetivo 11 Desenvolvimento sustentável do Brasil rural Objetivo 12 Promoção da agricultura sustentável Objetivo 13 Promover a Agenda 21 local e o desenvolvimento integrado e sustentável Objetivo 14 Implantar o transporte de massa e a mobilidade sustentável 4 Objetivo 15 Preservar a quantidade e melhorar a qualidade da água nas bacias hidrográficas Objetivo 16 Política florestal, controle do desmatamento e corredores de biodiversidade Objetivo 17 Descentralização e o pacto federativo: parcerias, consórcios e o poder local Objetivo 18 Modernização do estado: gestão ambiental e instrumentos econômicos Objetivo 19 Relações internacionais e governança global para o desenvolvimento sustentável Objetivo 20 Cultura cívica e novas identidades na sociedade da comunicação Objetivo 21 Pedagogia da sustentabilidade: ética e solidariedade As instruções para implantação da Agenda 21, através de seus roteiros, seus temas socioambientais e seus procedimentos de participação, caracterizam a tecnologia limpa, sendo utilizada nas tarefas de planejamento estratégico da gestão pública sustentável (Schenini, 2002). TEMA 3 – TECNOLOGIAS LIMPAS A inserção dos valores do desenvolvimento sustentável na sociedade e em seus sistemas operacionais tem levado à mudança que exigem dos governos federal, estadual e municipal a adequação às exigências de preservação ambiental através de técnicas que visam a utilização racional de recursos e a diminuição dos impactos ambientais. Na legislação federal do Brasil. a definição de impacto ambiental é: qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais. (Brasil, 1986) A essas novas formas técnicas de trabalho, utilizando inovações tecnológicas e procedimentos gerencias que procuram a harmonia entre a produção e o meio ambiente, chamamos de tecnologias limpas. As inovações tecnológicas podem ser entendidas como um processo realizado por uma empresa para introduzir produtos e atividades que incorporem novas soluções técnicas, funcionais ou estéticas (Barbieri, 1997). Dentro do contexto ambiental, esse processo é caracterizado pelas inovações tecnológicas que levem em consideração técnicas e conceitos que estejam de acordo com os preceitos do desenvolvimento sustentável (Pereira et al., 1997). 5 Podemos definir melhor as tecnologias limpas como medidas técnicas tomadas para reduzir e/ou eliminar — na fonte de produção — resíduos e poluição de forma a economizar matérias-primas, recursos naturais e energia (Comissão das Comunidades Europeias, 1985). Ou seja, trata-se da adoção de qualquer medida para reduzir ou eliminar, já na fonte, a produção de qualquer tipo de poluição de forma a economizar recursos e energia. Dentro da busca por tecnologias limpas, estão inseridos instrumentos como os 3Rs, sistema de gestão ambiental, produção mais limpa, ecoeficiência e prevenção da poluição. O sistema de gestão ambiental é um instrumento organizacional que busca permanentemente o desempenho ambiental através da alocação de recursos, definição de responsabilidades e melhoria contínua.Já a prevenção da poluição está inserida no gerenciamento de resíduos e emissão de poluentes, não abordando questões de consumo de recursos e se utilizando de tecnologias de “fim de tubo”. A produção mais limpa é uma técnica de implementação de procedimentos que tenham como objetivo evitar o desperdício dentro do ambiente produtivo, reduzindo a produção de resíduos e emissões. Por fim, a ecoeficiência tem como principal objetivo aliar o desempenho econômico e ambiental (Rensi, 2006). Já a definição dos 3Rs é a redução, reutilização e reciclagem (Pereira; Cunha; Pereira, 1997). Schenini (1999) descreve o uso dos 3Rs nas empresas como: • Reduzir os resíduos nas fontes geradoras, por meio da prevenção, redução ou eliminação dos resíduos; • Reciclar: utilizando materiais que não serão mais necessários em um processo para outros fins, incorporando os resíduos ao processo produtivo ou fazendo a matéria-prima voltar ao seu estado original, quando possível; • Reutilizar materiais: um exemplo de reutilização são as embalagens que após terem sido usadas por seus consumidores, voltam para serem reutilizadas. Para que esse processo seja eficaz, as embalagens não podem sofrer alterações físico-químicas. As tecnologias limpas, segundo Schenini (1999) podem ser divididas em duas categorias: gerencias e operacionais. Dentre as gerencias, podemos ter: • Planejamento estratégico sustentável; • Sistema de gestão ambiental (SGA) – ISO 14000; • Auditoria ambiental – ABNT; 6 • Educação e comunicação ambiental; • Imagem e responsabilidade social corporativa (parcerias); • Marketing verde – oportunidades ecológicas; • Contabilidade e finanças ambientais; • Projetos de recuperação e melhoria; • Suprimentos certificados – capacitação de fornecedores; • Riscos e doenças ocupacionais – CIPA; • Qualidade total ambiental; • Qualidade de vida – motivação – saúde ocupacional, entre outras. Nas tecnologias operacionais, podemos ter: • Estratégias básicas e balanços energéticos; • Antecipação e monitoramento; • Controle da poluição nos processos; • Tecnologias de produtos; • Logística de suprimentos; • Tratamento e minimização; • Descarte e disposição. A adoção dessas tecnologias pode trazer resultados positivos para as empresas, como incremento na produtividade e lucratividade, melhoria nas condições de trabalho, economia de matéria-prima, diminuição dos custos e perdas (Misra, 1996). TEMA 4 – TECNOLOGIAS LIMPAS GERENCIAIS Ao falarmos de tecnologias limpas, instantaneamente pensamos em laboratórios de pesquisa, engenharias e equipamentos que procuram eliminar os impactos ambientais gerados em um processo. Contudo, segundo Schenini (1999), tecnologias sociais, como técnicas gerenciais, também são efetivas e auxiliam o desenvolvimento sustentável. Uma empresa pode adotar inúmeros procedimentos diferentes em técnicas gerenciais para promover o uso de tecnologias limpas. Veremos a seguir algumas dessas tecnologias. 7 4.1 Sistema de Gestão Ambiental (SGA) – ISO 14000 A maior consciência dos impactos da atividade econômica sobre o meio ambiente trouxe esse aspecto para dentro do espectro de fatores que compreendem o sistema organizacional, abrangendo minimizar os impactos causados ao meio ambiente e preservar os recursos naturais. Esses aspectos tornaram a gestão ambiental tão importante quanto a gestão de produção ou financeira (Wesendonck; Rohrich, 2013). Os sistemas de Gestão Ambiental (SGA) padroniza e operacionalizam as práticas organizacionais voltadas ao meio ambiente. Essas práticas podem ser escolhidas de modo aleatório pela empresa ou podem obedecer ao conjunto de normais internacionais como a ISO 14000. Para a implementação da SGA através da norma, os seguintes critérios devem ser atendidos: • Planejamento ambiental: fazer um planejamento completo dos aspectos ambientais da área, metas, objetivos leis e programas ambientais; • Realização e manutenção: após planejar, é preciso “ligar” o sistema, fazer com que ele funcione e mantê-lo funcionando; • Documentação e arquivamento: realizar uma documentação completa de todos os processos relacionados com a gestão ambiental da empresa e do sistema que está sendo implementado e arquivá-los; • Revisão e inspeção: é preciso sempre estar monitorando e verificando os processos ligados à gestão ambiental. Caso uma ação corretiva precise ser tomada, ela também deverá ser documentada e arquivada. O Quadro 2 mostra o conjunto de normas inseridas dentro da ISO 14000. Quadro 2 – Conjunto de normas da ISO 14000 14001 Sistema de Gestão Ambiental (SGA) – Especificações e diretrizes para uso 14004 Sistema de Gestão Ambiental (SGA) – Diretrizes Gerais: princípios, sistemas e técnicas de apoio 14010 Guias para Auditoria Ambiental – Diretrizes Gerais 14012 Diretrizes para Auditoria Ambiental e Procedimentos de Auditoria 14020 Rotulagem Ambiental – Princípios Gerais 14021 Rotulagem Ambiental – Termos e Definições 14022 Rotulagem Ambiental – Simbologia para Rótulos 14023 Rotulagem Ambiental – Testes e Metodologias de Verificação 14024 Rotulagem Ambiental Tipo I – Princípios e Procedimentos – análise em múltiplos critérios 14031 Gestão Ambiental – Avaliação do Desempenho Ambiental – diretrizes 8 14032 Gestão Ambiental – Exemplo de Avaliação do Desempenho Ambiental 14040 Análise do Ciclo de Vida – Princípios e Estruturas 14041 Análise do Ciclo de Vida – Objetivos e Escopo, Definições e Inventário 14042 Análise do Ciclo de Vida – Análise de Impactos 14043 Análise do Ciclo de Vida – Migração dos Impactos O conjunto de normas da ISO 14000 auxilia na organização dos elementos da SGA, em que a finalidade é equilibrar a proteção ambiental e a prevenção da poluição com as necessidades socioeconômicas. A implantação de um sistema de gestão ambiental não somente auxilia a proteção ambiental, mas também traz outros benefícios às organizações, como a melhoria da imagem da empresa frente à sociedade e ainda a redução de custos de produção (Fogliatti et al., 2008). 4.1 Educação e comunicação ambiental A educação ambiental é uma das ferramentas base para a o sucesso da implementação de tecnologias limpas, uma vez que só através da compreensão dos aspectos ambientais pode-se entender a importância e as vantagens do desenvolvimento sustentável. É necessária a divulgação dos aspectos ecológicos e ambientalistas, mas também a união desses aspectos ao contexto social e econômico através da interdisciplinaridade. É necessário o despertar da preocupação ética e ambientalista para que se comece a atuar de forma mais racional com relação ao ambiente e ao processo produtivo. Para o sucesso da educação ambiental e para a divulgação das ações ambientais, a comunicação ambiental torna-se uma peça-chave para o desenvolvimento sustentável. A técnica é fundamentada no planejamento estratégico focado em técnicas de relacionamentos, uso de meios específicos e visão integrada em todas as atividades comunicacionais envolvidas no processo. 4.2 Marketing verde – oportunidades ecológicas O marketing surgiu no século XX para solucionar problemas de distribuição e venda de produtos. Ao longo de seu desenvolvimento e das mudanças das necessidades sociais, ele deixou de ser uma ferramenta para a simples divulgação de produtos. Hoje, há uma necessidade de se entregar, além do produto, comprometimento com a ética, com a sociedade e com o meio ambiente, e o pensamento econômico das corporações voltou-se às questões sociais e ambientais. Dentro da ideia de que as empresas devem entregar mais do que 9 produtos e com o surgimento das questões ambientais e de leis de proteção ambiental, deu-se início ao marketing verde. Segundo Polonsky (1994), marketing verde é o conjunto de atividades para produzir e facilitar a comercialização de qualquerproduto ou serviço, com a intenção de satisfazer necessidades e desejos humanos, porém causando impacto mínimo ao meio ambiente. Produtos que são considerados verdes englobam preocupações ecológicas e sociais que permitem um maior valor agregado. Ottman (1994) descreve que esses produtos devem ser fabricados com quantidade mínima de matéria-prima (preservando os recursos naturais), eficiência energética, mínima utilização de água, despejo de efluentes e geração de resíduos. Os produtos verdes associam imagem ambiental à marca. Para a produção desses produtos, os seguintes fatores devem ser levados em consideração, segundo Jöhr (1994): • Composição com relação à toxicidade; • Efeitos colaterais; • Reciclagem e emissões; • Avaliação de longevidade; • Reciclagem e economia de matéria-prima; • Descarte e possível aproveitamento; • Análise de embalagens. TEMA 5 – TECNOLOGIAS LIMPAS OPERACIONAIS As tecnologias operacionais estão ligadas aos métodos que podem ser utilizados na fabricação do produto e na prestação do serviço. Dentro dessas tecnologias, temos as técnicas de prevenção da poluição e as técnicas de controle de impactos ambientais causados pela fabricação, construção ou fornecimento de serviços. 5.1 Infraestrutura básica e balanços energéticos A falta de planejamento dentro de uma planta de fabricação ou fornecimento de serviços pode gerar um gasto excedente de energia e de recursos. Para contornar esses fatores, alterações na infraestrutura podem ser realizadas evitando o desperdício de recursos (água, energia, combustível, gases industriais). Dentro desse contexto, desde pequenas alterações, como o uso de 10 equipamentos mais eficientes energeticamente, a alterações maiores, como a troca da fonte de energia para uma fonte mais limpa (energia solar, eólica etc.) e a adequação da planta da empresa para o reuso da água podem ser aplicados. 5.3 Antecipação e monitoramento O monitoramento e prevenção permitem a antecipação de possíveis impactos ambientais que possam ocorrer em um sistema produtivo. Estão ligados a este tópico todas as ações que visem a prevenção da poluição através de: • Sistema de prevenção de acidentes ecológicos no transporte, manuseio ou armazenamento de materiais tóxicos; • Sistemas de monitoramento fixos e móveis para água, solo, ar e vegetação; • Sistema de monitoramento biológico; • Melhoria contínua; • Lagoas e diques de emergência; • Sistema de informações geográficas digitalizadas; • Sistemas de proteção de sistemas elétricos. 5.4 Controle da poluição nos processos Podemos definir poluição como uma alteração que prejudica as formas de vida que habitam aquele meio, ou que prejudique o seu uso. De acordo com a Lei n. 6.938, poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a)prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população; b)criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c)afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e)lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. Sendo assim, podemos ter poluição de diferentes naturezas (solo, água, ar e acústica). Para cada um desses tipos de poluição, podem ser empregadas diferentes tecnologias para seu controle. Entre as diversas tecnologias aplicadas, as principais são: • Tecnologias end-of-pipe; • Tecnologias de ponta: emissão zero, biotecnologias; • Redução dos resíduos e poluentes nas fontes; • Controle e monitoramento dos efluentes líquidos; 11 • Controle e monitoramento de emanações aéreas; • Tratamento e minimização de efluentes e emanações; • Técnicas de descarte e disposição de resíduos sólidos; • Fontes de extração de matéria-prima não poluentes; • Logística reversa. 5.5 Tecnologias de produtos As tecnologias de produto englobam todas aquelas tecnologias que repensam o produto e que melhoram aspectos como sua eficiência, embalagem, presença de substâncias nocivas ao meio ambiente e reciclagem. As principais técnicas empregadas para o desenvolvimento de produtos sustentáveis são: • ACV – Análise do Ciclo de Vida (Fonte ➔ disposição); • Ampliação da taxa de utilização dos insumos nos produtos; • Transporte de produtos perigosos; • Redução do uso e emissão de substâncias tóxicas; • Aproveitamento e comércio dos resíduos; • Embalagens, rotulagem e ecodesign. 5.6 Logística de suprimentos A preocupação ambiental vai além do ambiente de produção, questões de transporte e armazenagem de suprimentos também devem ser consideradas. Insumos que necessitem de uma grande cadeia de transporte devem ser cuidadosamente estudados. Meios de transporte também devem ser considerados, uma vez que o transporte rodoviário é uma opção de alto custo e baixa eficiência do ponto de vista energético (relação carga versus gasto de combustível). Quando viável, transporte ferroviário e hidroviário podem ser opções. A distância que o insumo vai percorrer até chegar ao ambiente de produção também pode ser estudada. Pode-se verificar a possibilidade de fornecedores mais próximos, evitando assim longas viagens que demandam o uso excessivo de combustíveis fósseis e que emitem gases poluentes. 5.6 Tratamento e minimização Para redução dos impactos ambientais, tecnologias de minimização do uso de recursos e de tratamento dos resíduos gerados devem ser empregadas. A 12 implementação de técnicas que minimizam o uso de recursos, além de diminuir os impactos ambientais, também barateia o processo produtivo e torna o produto mais competitivo no mercado. Quando não é mais possível minimizar o uso de recursos e a produção de resíduos é inevitável, o tratamento desses resíduos deve ser realizado. Por exemplo, quando uma empresa exige um grande volume de água em seu processo produtivo, o efluente gerado desse processo deve ser tratado através de estação de tratamento de efluentes, podendo se utilizar de uma série de tecnologias, como lagoas de tratamento, flotação, decantação, processos de oxidação, processos de absorção de contaminantes, entre outras. Para o tratamento do efluente produzido, cada empresa deve buscar a tecnologia que mais se adapta às suas características, levando em conta o custo-benefício e o tratamento mais eficiente ambientalmente. 5.7 Descarte e disposição A gestão dos resíduos é um dos processos mais importantes, pois a empresa geradora é a responsável pelos resíduos gerados desde sua fonte até a sua disposição final. A empresa geradora deve ter, dentro de seus procedimentos, a responsabilidade de separar e dispor corretamente todo e qualquer resíduo gerado dentro de seu processo através de um sistema de gestão de resíduos sólidos, utilizando a norma da ABNT de classificação de resíduos sólidos (NBR 10.004) e a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). As destinações mais comuns dos resíduos são a disposição em aterros sanitários (municiais e industriais), onde o resíduo pode ser tratado de acordo com sua classificação; a compostagem, que é utilizada apenas para resíduos orgânicos; a incineração, que promove a queima dos resíduos em altas temperaturas reduzindo-os a moléculas mais simples; e a reciclagem, em que o resíduo volta para o processo produtivo dentro ou fora da empresa. Também inclui o coprocessamento, ou seja, a utilização de resíduos com potencial energético, como óleos, para a queima em fornos de cimento. Para cada tipo de resíduo produzido dentro da empresa, deve haver um estudo das tecnologias existentes que melhor se adequam às características do processo produtivo e que proporcionam o menor impacto ambiental. 13 Os resíduos sólidos industriais necessitam de locais adequados, uso de tecnologias para o tratamento e destinação final adequada, além da implantação de políticasde redução da quantidade de resíduos gerados no processo produtivo. 14 REFERÊNCIAS BARBIERI, J. C. A contribuição da área produtiva no processo de inovações tecnológicas. Revista de Administração, v. 37, n. 1, p. 66-77, 1997. BERNA, V. Gestão, comunicação e educação ambiental para a sustentabilidade. Revista Visão Socioambiental. Disponível em: <visaosocioambiental.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id =339&Itemid=84>. Acesso em: 8 dez. 2019. BRASIL. Agenda 21 Brasileira: Ações Prioritárias/Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional. 1997. _____. 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