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TREVISOL NETO -MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA

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Métodos e Técnicas de Pesquisa
Book · June 2018
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1 author:
Orestes Trevisol Neto
Universidade do Estado de Santa Catarina, Pinhalzino, Brasil
16 PUBLICATIONS   10 CITATIONS   
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All content following this page was uploaded by Orestes Trevisol Neto on 19 June 2018.
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https://www.researchgate.net/publication/325857576_Metodos_e_Tecnicas_de_Pesquisa?enrichId=rgreq-fa3b66488413ebc92bea5b03f3922c6f-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTg1NzU3NjtBUzo2MzkzMTU0NTM0MTk1MjBAMTUyOTQzNjA5MDQyNA%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf
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https://www.researchgate.net/profile/Orestes_Trevisol_Neto?enrichId=rgreq-fa3b66488413ebc92bea5b03f3922c6f-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTg1NzU3NjtBUzo2MzkzMTU0NTM0MTk1MjBAMTUyOTQzNjA5MDQyNA%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf
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https://www.researchgate.net/profile/Orestes_Trevisol_Neto?enrichId=rgreq-fa3b66488413ebc92bea5b03f3922c6f-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTg1NzU3NjtBUzo2MzkzMTU0NTM0MTk1MjBAMTUyOTQzNjA5MDQyNA%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf
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Métodos e Técnicas de 
Pesquisa
Componente curricular na modalidade de educação a distância
Orestes Trevisol Neto
Técnico em Administração pela Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná 
(UFPR), graduado em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Santa 
Catarina (UFSC), mestre em Ciência da Informação (UFSC). Foi tutor presencial 
do curso de especialização em Gestão de Bibliotecas Escolares UAB/CIN/UFSC, 
polo Florianópolis. É Professor no curso de Biblioteconomia EaD da Universidade 
Comunitária da Região de Chapecó (UNOCHAPECÓ) e bibliotecário da Universidade 
do Estado de Santa Catarina (UDESC), em Pinhalzinho. É avaliador da Revista ACB. 
Possui conhecimento em Comunicação Científica, Bibliometria, Cienciometria e 
Institucionalização Científica e também na área de Moda, enquanto campo de 
conhecimento. Compõe o grupo de pesquisa Núcleo de Estudos em Informação e 
Mediações Comunicacionais Contemporâneas (NEIMCOC).
Chapecó, 2017
Reitor 
Claudio Alcides Jacoski
Vice-Reitora de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação
Silvana Muraro Wildner
Vice-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento
Márcio da Paixão Rodrigues
Vice-Reitor de Administração
José Alexandre de Toni
Coordenador Geral: Paulo Sergio Jordani
Revisão: Juliane Fernanda Kuhn de Castro, Kauana 
Pagliocchi Gomes
Assistente Administrativo: Manon Aparecida Pereira 
de Jesus
Capa: Marcela do Prado, Juliane Fernanda Kuhn de Castro
Diagramação: Marcela do Prado, Roberta Rodrigues Kunst
 Av. Sen. Attílio Fontana, 591-E - Bairro Efapi - Chapecó (SC)
CEP 89809-000 - Caixa Postal 1141 - Fone: (49) 3321 8088
E-mail: unovirtual@unochapeco.edu.br 
Home Page: www.unochapeco.edu.br/ead
Não estão autorizadas nenhuma forma de reprodução, parcial ou integral deste material, sem autorização expressa do autor e da 
UnochapecóVirtual
Coordenação: Rosane Natalina Meneghetti Silveira 
Comercial: Luana Paula Biazus
Assistente editorial: Caroline Kirschner
Conselho Editorial: (2016-2018) Titulares: Murilo Cesar 
Costelli (presidente), Clodoaldo Antônio de Sá (vice-
presidente), Rosane Natalina Meneghetti Silveira, Cesar 
da Silva Camargo, Giana Vargas Mores, Silvana Terezinha 
Winckler, Silvana Muraro Wildner, Ricardo Rezer, Rodrigo 
Barichello, Mauro Antonio Dall Agnol, Claudio Machado 
Maia. Suplentes: Arlene Anélia Renk, Fátima Ferretti, 
Fernando Tosini, Rodrigo Oliveira de Oliveira, Irme Salete 
Bonamigo, Maria Assunta Busato.
 Ficha catalográfica
_______________________________________________________________
 
 Trevisol Neto, Orestes
T814m Métodos e técnicas de pesquisa / Orestes Trevisol Neto. --
 Chapecó, SC : Argos, 2017.
 96 p. : il. ; 28 cm. -- (EaD ; 32)
 Inclui bibliografias
 ISBN 978-85-7897-209-7
 1. Pesquisa - Metodologia. I. Título.
 CDD 21 -- 001.42
_______________________________________________________________
Catalogação elaborada por Daniele Lopes CRB 14/989 
Biblioteca Central da Unochapecó
Métodos e Técnicas de Pesquisa
CARTA AO ESTUDANTE
 Seja bem-vindo! 
 Você está recebendo o livro do componente curricular de Métodos e Técnicas 
de Pesquisa.
 No atual cenário educacional, em que, cada vez mais, as pessoas buscam por 
uma formação complementar e há a inserção massiva das tecnologias de informação 
e comunicação, a modalidade de educação a distância é vislumbrada como uma 
importante contribuição à expansão do ensino superior no país, que permite formas 
alternativas de geração e disseminação do conhecimento.
 A educação a distância tem sido importante para atingir um grande contingente 
de estudantes de vários locais, com disponibilidade de tempo para o estudo diversa, 
além daqueles que não têm a possibilidade de deslocamento até uma instituição de 
ensino superior todos os dias. Desta forma, a Unochapecó, comprometida com o 
desenvolvimento do ensino superior, vê a educação a distância como um aporte para 
a transformação dos métodos de ensino em uma proposta inovadora.
 Levando em consideração o pressuposto da necessidade de autodesenvolvimento 
do estudante da modalidade de educação a distância, este material foi elaborado de 
forma dialógica, baseada em uma linguagem clara e pertinente aos estudos, além de 
permitir vários momentos de aprofundamento do conteúdo ao estudante, através da 
mobilidade do para outros meios (como filmes, livros, sites). 
 Temos como princípio a responsabilidade e o desafio de oferecer uma formação 
de qualidade, para tanto, a cada novo material, você está convidado a encaminhar 
sugestões de melhoria para nossa equipe, sempre que julgar relevante.
 Lembre-se: a equipe da UnochapecóVirtual estará à disposição sempre que 
necessitar de um auxílio, pois assumimos um compromisso com você e com o 
conhecimento.
 Acreditamos no seu sucesso!
 Núcleo de Educação a Distância
 UnochapecóVirtual
Métodos e Técnicas de Pesquisa
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ..............................................................................7
UNIDADE 1 CIÊNCIA, CONHECIMENTO CIENTÍFICO E O 
DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA ....................................................9
1 INTRODUÇÃO ................................................................................11
2 O QUE É CIÊNCIA? .........................................................................11
3 A CIÊNCIA E SEUS PERÍODOS ........................................................14
4 SENSO COMUM E CONHECIMENTO CIENTÍFICO ............................18
5 A CLASSIFICAÇÃO DA CIÊNCIA ......................................................20
6 O DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA E AS RELAÇÕES DE PODER ENTRE 
AGENTES CIENTÍFICOS NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO .......22
REFERÊNCIAS ....................................................................................27
UNIDADE 2 PESQUISA, SUAS CLASSIFICAÇÕES E O MÉTODOCIENTÍFICO ....................................................................................31
1 INTRODUÇÃO ................................................................................33
2 O QUE É PESQUISA? ......................................................................33
3 PESQUISA BÁSICA (PURA) E PESQUISA APLICADA .........................38
4 A CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA QUANTO AO PROBLEMA, OBJETIVOS 
E OS PROCEDIMENTOS TÉCNICOS ....................................................39
4.1 Pesquisa quantitativa, qualitativa e pesquisa quali-
quantitativa ..................................................................................39
4.2 Pesquisa exploratória, descritiva e explicativa .......................41
4.3 Classificação da pesquisa conforme os procedimentos técnicos 
empregados ..................................................................................46
4.3.1 Pesquisa bibliográfica ..................................................46
4.3.2 Pesquisa documental ....................................................47
4.3.3 Pesquisa experimental .................................................47
4.3.4 Levantamento ou survey .............................................48
4.3.5 Estudo de caso ............................................................49
4.3.6 Pesquisa ex-post-facto..................................................49
4.3.7 Pesquisa-ação ..............................................................50
4.3.8 Pesquisa participante ...................................................50
5 O QUE É MÉTODO CIENTÍFICO? .....................................................51
5.1 Métodos de abordagem .........................................................52
5.1.1 Método dedutivo ..........................................................53
5.1.2 Método indutivo ...........................................................53
5.1.3 Método hipotético-dedutivo ........................................54
Métodos e Técnicas de Pesquisa6
5.1.4 Método dialético ..........................................................55
5.1.5 Método fenomenológico ..............................................56
5.2 Métodos de procedimento .....................................................56
REFERÊNCIAS ....................................................................................60
UNIDADE 3 ETAPAS E ELEMENTOS DA PESQUISA CIENTÍFICA ......63
1 INTRODUÇÃO ................................................................................65
2 ESCOLHA DO TEMA .......................................................................65
3 REVISÃO DE LITERATURA ...............................................................66
4 JUSTIFICATIVA ...............................................................................67
5 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA ......................................................68
6 DETERMINAÇÃO DE OBJETIVOS ....................................................69
7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.............................................70
8 TESTE DE INSTRUMENTOS .............................................................74
9 CRONOGRAMA ..............................................................................74
10 COLETA DE DADOS ......................................................................74
11 TABULAÇÃO DE DADOS ...............................................................74
12 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...................................75
13 CONCLUSÃO DA ANÁLISE DOS RESULTADOS ..............................75
14 REDAÇÃO E APRESENTAÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO ...........75
REFERÊNCIAS ....................................................................................80
UNIDADE 4 A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA....................................83
1 INTRODUÇÃO ................................................................................85
2 A COMUNICAÇÃO NA CIÊNCIA: O SURGIMENTO DOS PERIÓDICOS 
CIENTÍFICOS .....................................................................................85
3 OS CANAIS DE COMUNICAÇÃO: INFORMAL E FORMAL ................88
4 O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO NA COMUNICAÇÃO 
CIENTÍFICA ........................................................................................90
REFERÊNCIAS ....................................................................................94
Métodos e Técnicas de Pesquisa
APRESENTAÇÃO
 Prezado aluno de Biblioteconomia!
 Bem-vindo ao componente curricular de Métodos e Técnicas de pesquisa, 
aqui procuraremos introduzi-lo no universo científico, em específico no processo de 
pesquisa, destacando as etapas que envolvem a construção do conhecimento científico.
 Desenvolver pesquisa é uma atividade complexa, na qual, ao longo da jornada 
acadêmica, vamos aprimorando nossa capacidade crítica e investigativa. Para 
desenvolver uma pesquisa, primeiramente, é preciso um problema a ser investigado, o 
que denota uma pergunta que não dispõe de resposta. Diante desse questionamento, 
determinamos os objetivos que desejamos alcançar, bem como os procedimentos 
metodológicos que permitam atingir tais objetivos. Nesse processo investigativo, 
adotamos métodos e técnicas que embasarão a pesquisa. Depois de ter levantado os 
dados, analisado e discutido com a literatura científica, cabe ao pesquisador comunicar 
os resultados obtidos com os pares por meio da publicação de artigos científicos, 
trabalhos apresentados em eventos ou livros. Assim, nesse componente curricular, 
você, aluno, deve ser capaz de compreender a dinâmica que envolve a produção e 
comunicação do conhecimento científico.
 O componente curricular de Métodos e Técnicas de Pesquisa traz em sua 
ementa os seguintes itens: as orientações metodológicas; os métodos de pesquisa; o 
planejamento da pesquisa e as técnicas empíricas; a pesquisa qualitativa e quantitativa; 
redação técnico-científica.
 O conteúdo do componente curricular foi organizado em quatro unidades. 
 Na primeira unidade abordaremos os atributos da ciência; conhecimento 
científico e senso comum; ciência formal e ciência factual; paradigma científico, ciência 
normal e ciência revolucionária; campo científico e capital científico.
 Na segunda unidade estudaremos a noção de pesquisa e método científico, 
veremos a classificação das pesquisas diante de seus objetivos e procedimentos 
técnicos, bem como os métodos de abordagem e métodos de procedimentos.
 Na terceira unidade falaremos sobre planejamento, execução e relatório final de 
pesquisa; escolha do tema; revisão de literatura; justificativa; formulação do problema; 
determinação dos objetivos; procedimentos metodológicos; teste de instrumentos; 
cronograma; coleta de dados; tabulação de dados; análise e discussão dos resultados; 
redação e apresentação do trabalho científico. 
 Na quarta unidade, encerramos o componente curricular tratando da 
comunicação científica, em específico, abordamos o surgimento dos periódicos 
científicos, a importância da revisão por pares e os canais formais e informais na 
comunicação científica. Por fim, destacamos o acesso aberto na comunicação científica 
e os periódicos da Biblioteconomia e Ciência da Informação.
 Lembramos que é importante que o aluno faça as leituras indicadas, além do 
livro didático, ampliando o leque de conhecimentos e completando sua formação.
Métodos e Técnicas de Pesquisa8
 A seguir, apresentamos o cronograma do componente curricular para que você 
possa acompanhar o andamento de seus estudos.
Carga horária Unidade
10 h
Unidade 1. Ciência, conhecimento científico e o desenvolvimento 
da ciência
10 h Unidade 2. Pesquisa, suas classificações e método científico
10 h Unidade 3. Etapas e elementos da pesquisa
10 h Unidade 4. A comunicação científica
 Por gentileza, leia com atenção todo o material didático e demais orientações!
Bom estudo!
Orestes Trevisol Neto
Unidade 1
Ciência, Conhecimento Científico e o Desenvolvimento da 
Ciência
Objetivo:
• Apresentar a noção de ciência e como ocorre seu desenvolvimento;
• Caracterizar osdiferentes períodos da ciência;
• Destacar as diferenças entre senso comum e conhecimento científico;
• Apresentar a classificação das ciências;
• Espera-se que o aluno entenda o que é ciência, sua classificação e como ocorre 
o desenvolvimento científico, percebendo os diferentes períodos transcorridos 
e sendo capaz de distinguir senso comum de conhecimento científico.
Conteúdo programático:
• Atributos da ciência;
• Conhecimento científico, senso comum;
• Ciência formal e ciência factual;
• Paradigma, ciência normal e ciência revolucionária;
• Campo científico, capital científico.
Métodos e Técnicas de Pesquisa10
Faça aqui seu planejamento de estudos
Métodos e Técnicas de Pesquisa 11
1 INTRODUÇÃO
 Prezado estudante, nesta unidade buscaremos explorar o conceito de ciência, 
pautando os diferentes períodos científicos percorridos no desenvolvimento histórico 
da sociedade. Atrelado a esse olhar geral, reforçamos a noção de conhecimento 
científico e apresentamos a classificação macro da ciência, também procuramos 
explicitar como a ciência se desenvolve utilizando os pressupostos teóricos de Thomas 
Kuhn, relacionando com a noção de campo científico postulado por Pierre Bourdieu, o 
qual deflagra as relações de poder e interesse travados pelos cientistas na construção 
do conhecimento científico.
 Ao ingressar na universidade, você, estudante, passa a fazer parte do universo 
científico, para tanto, precisa entender os valores que permeiam a atividade e a lógica 
científica. Ao longo de sua jornada acadêmica estará em contato constante com o 
conhecimento científico e propriamente com a ciência, seja por meio das atividades 
de ensino e aprendizagem, seja no momento de desenvolver uma pesquisa científica, 
no chamado Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
 Assim, esperamos que no final dessa unidade você entenda como opera a 
ciência, quais são seus atributos e qual o seu objetivo final. Percebendo a importância 
da ciência e do conhecimento científico diante das explicações dos fenômenos naturais 
e sociais.
2 O QUE É CIÊNCIA?
 Não há uma definição exata/clara de ciência, mas o entendimento que se tem 
dessa está muito próximo da definição de conhecimento científico. Assim, a ciência 
é uma forma de conhecimento que objetiva formular leis que regem os fenômenos. 
Tais leis descrevem os fenômenos, são comprováveis por meio de observação/
experimentação e podem prever acontecimentos futuros com base na probabilidade. 
A partir dos seus atributos a ciência é caracterizada como uma forma de conhecimento 
objetivo, racional, sistemático, geral, verificável e falível. Portanto, diante desses 
enunciados é possível distinguir ciência de não ciência (GIL, 2010).
 Se analisarmos o aspecto etimológico da palavra ciência (scire) seu significado 
representa saber/conhecer. Porém, a ciência pode ser considerada sob três aspectos: 
“[...] conhecimento ou sistema de enunciados provisoriamente estabelecidos – recebe 
o nome de conhecimento científico; como busca da verdade e produtora de ideias 
– é a investigação científica; como produtora de bens materiais – é a tecnologia.” 
Observamos que esses aspectos estão intimamente ligados e denotam um sentido 
amplo de ciência (BARROS; LEHFELD, 2000, p. 47).
 Sob uma perspectiva sociológica, a ciência é considerada uma atividade social 
desenvolvida por grupos de indivíduos e instituições. Cada grupo, especializado em 
determinado campo de conhecimento, estipula seus objetos de estudo/metodologias 
e adota teorias e terminologias próprias. Os indivíduos participantes desse processo 
Métodos e Técnicas de Pesquisa12
são tradicionalmente denominados de cientistas, pesquisadores que objetivam realizar 
novas descobertas científicas e gerar novos conhecimentos. O conhecimento científico 
é um produto dessa atividade.
 Targino (2000) lembra que a ciência é uma instituição social, dinâmica e 
contínua, sua finalidade consiste em desvendar e compreender a natureza e seus 
fenômenos por meio de metodologias seguras e sistemáticas. Os resultados de 
pesquisas são provisórios e seus sistemas explicativos não são permanentes, refletindo 
a dinamicidade da ciência. Os resultados científicos são transformados ao longo do 
tempo, de acordo com novas descobertas e acréscimos cognitivos. Os constructos 
científicos ampliam continuamente as fronteiras do conhecimento. Ao longo dos 
séculos a ciência influenciou a humanidade, criando/alterando convicções, modificando 
os hábitos e gerando leis.
 Colaborando com as ideias expostas, a palavra ciência pode ser utilizada em 
muitos sentidos, como, por exemplo, para apontar: 
(1) um conjunto de métodos característicos por meio dos quais o conhecimento 
é certificado; (2) um estoque de conhecimento acumulado que se origina da 
aplicação desses métodos; (3) um conjunto de valores e costumes culturais que 
governam as atividades denominadas científicas; ou (4) qualquer combinação 
das três anteriores. (MERTON, 2013, p. 183).
 Na visão de Ziman (1979), a ciência é um produto da consciência humana, 
apresentando escopo e conteúdo bem definidos, como também praticantes 
profissionais que fundamentam suas atividades por meio da avaliação, da crítica, da 
aprovação e cooperação. A ciência é “precisa, metódica, acadêmica, lógica e prática” 
(ZIMAN, 1979, p. 17). Em sua concepção, a ciência é o conhecimento científico 
publicado, resultante do consenso da comunidade científica. 
 No entendimento de Volpato (2015, p. 28-29), a ciência pode ser considerada 
a partir de dois referenciais: “a) a forma como construímos o conhecimento e b) o 
conjunto de conhecimento produzido”. Para alcançar status de ciência o conhecimento 
deve estar pautado no método científico e “[...] os preceitos necessários para construir 
o conhecimento científico são: ser sustentado por base empírica; e essa base empírica 
deve ser universal, i,e., obtida ou percebida, no mínimo, por quaisquer cientistas 
da área [...]” (VOLPATO, 2015, p. 28-29), aspectos esses que definem a essência do 
método científico. No entanto, o autor explica que fazer ciência vai além da utilização 
do método científico, ao se produzir conhecimento é necessário conectá-lo com a “[...] 
rede de conhecimento existente, seja corroborando-os, modificando-os ou eliminando-
os.” (VOLPATO, 2015, p. 30). Além disso, é preciso considerar o conhecimento 
científico como eternamente provisório, pois novas descobertas científicas podem 
alterar a maneira como compreendemos e explicamos os fatos e fenômenos. Tais 
preceitos caracterizam o uso do método científico no fazer da ciência “[...] entendida 
epistemologicamente como essa rede de conhecimento que nos fornece entendimento 
sobre o mundo natural.” (VOLPATO, 2015, p. 30). Cabe aos cientistas construir 
explicações gerais sobre o mundo natural, ou seja, propor teorias científicas.
Métodos e Técnicas de Pesquisa 13
 Nos livros de metodologia científica encontramos as seguintes definições 
para ciência: Ander-Egg (1978, p. 15) entende a ciência como “[...] um conjunto de 
conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente sistematizados 
e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza.” Tomando 
uma definição mais precisa, Trujillo (1974, p. 8) afirma que “[...] a ciência é todo um 
conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento 
com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação.” Diante dos conceitos 
expostos convém caracterizar a ciência como:
[...] um pensamento racional, objetivo, lógico e confiável, ter como 
particularidade o ser sistemático, exato e falível, não final e definitivo, pois 
deve ser verificável, isto é, submetido a experimentação para a comprovação 
de seus enunciados e hipóteses, procurando-se as relações causais; destaca-se, 
também, a importância da metodologia que, em última análise, determinará a 
própria possibilidade de experimentação. (MARCONI; LAKATOS, 2011, p. 23).
 
 Diante das concepções expostas, é possível perceber que aciência tem como 
objetivo a construção de um conhecimento seguro, verificável, por meio de caminhos 
(métodos) que atestem sua confiabilidade, esse conhecimento é analisado de forma 
crítica por todos que se dedicam no fazer da ciência, ou seja, a ciência é feita de 
maneira coletiva e universal. A ciência pode ser desenvolvida tanto em laboratórios, 
a partir de experimentos e testes de materiais, quanto a partir da confrontação de 
teorias relacionadas à observação dos fatos e fenômenos sociais. Assim, a ciência 
engloba tanto as ciências naturais/exatas quanto as ciências sociais/humanas.
 Por fim, é importante salientar que os objetivos da ciência são determinados 
pela “[...] necessidade que o homem possui de compreender e controlar a natureza 
das coisas e do universo, compreendendo-as naquilo que elas encerram de certo, 
evidente e verdadeiro.” (BARROS; LEHFELD, 2000, p. 46-47).
 Saiba mais
Agora que você já sabe o que é ciência, assista ao vídeo em que a professora 
Dra. Luciana Massi discute a noção de ciência, enfatizando as visões 
distorcidas frequentemente associadas a essa atividade: 
https://youtu.be/ZYz0O8gFbyQ.
 Na sequência, será apresentando um breve relato do desenvolvimento da 
ciência ao longo da história da humanidade, iniciamos no período grego e chegamos 
na contemporaneidade. É importante perceber as mudanças que ocorrem na forma 
de construir o conhecimento.
Métodos e Técnicas de Pesquisa14
3 A CIÊNCIA E SEUS PERÍODOS
 Ao longo da história da humanidade a ciência passou por diferentes períodos, 
por diferentes concepções, paradigmas e modelos teóricos. Podemos dividir a ciência 
em três tempos: Ciência Grega, que inicia no século VIII a.C. até o final do século 
XVI; Ciência Moderna, que data do século XVII até o início do século XX; e Ciência 
Contemporânea, que emerge no início do século XXI até a atualidade (KÖCHE, 2013). 
Faremos uma breve retomada de cada período.
 Primeiro período (Ciência Grega): dentre os anos de VIII a.C. e IV a.C. na 
Antiguidade, na Grécia o conhecimento científico foi desenvolvido pela filosofia, a 
ciência era conhecida como filosofia da natureza no qual sua preocupação concentrava-
se na busca do saber, na compreensão da natureza das coisas e do homem. Nesse 
contexto, os filósofos pré-socráticos (Tales de Mileto, Anaximandro, Pitágoras, 
Heráclito, Empédocles, Anaxágoras e Demócrito) rompem com uma concepção de 
mundo caótico embasado na mitologia e inserem a ideia de cosmos, nele, as forças 
espirituais e sobrenaturais exercidas pelos Deuses são desconsideradas diante dos 
fenômenos que aconteciam no mundo, passa a imperar a ideia de uma ordem natural 
no universo, sendo ordenada por princípios e leis inerentes à natureza. Assim, os 
fenômenos estavam relacionados à natureza, sendo possível conhecê-los e prevê-los 
usando da especulação racional para se chegar à sabedoria. Os pressupostos dos pré-
socráticos prevaleceram por mais de 2000 anos (KÖCHE, 2013). 
 Em seguida, surge o modelo platônico, nele “[...] o real não está na empiria, 
nos fatos e fenômenos percebidos pelos sentidos. O verdadeiro mundo o mundo 
platônico é o das ideias, que contém os modelos e as essências de como as aparências 
devem se estruturar.” (KÖCHE, 2013, p. 45). Na sequência desponta a concepção 
aristotélica que predominou do século IV a.C. até o século XVII, aqui a ciência é fruto 
da elaboração do entendimento em colaboração com a experiência sensível, resultante 
da abstração indutiva. Assim, o método aristotélico tem como base a análise da “[...] 
realidade através de suas partes e princípios que podem ser observados, para em 
seguida, postular seus princípios universais, expressos na forma de juízos, encadeados 
logicamente entre si.” (KÖCHE, 2013, p. 47). Essa concepção de ciência contribui 
para construção de um conhecimento próximo da realidade, uma vez que se pauta 
na observação. 
 Na ciência grega o processo de descoberta não tem destaque, pois o foco era 
justificar e demonstrar os princípios universais, então, “[...] o conhecimento científico 
era demonstrado como certo e necessário através de argumentos lógicos [...] ” e o valor 
das explicações estava na argumentação. Portanto, os gregos fizeram uma ciência do 
discurso e qualitativa, sem que houvesse o tratamento do problema que desencadeia 
a investigação, a preocupação residiu na demonstração da verdade racional no plano 
sintático (KÖCHE, 2013, p. 47-48).
 Segundo período (Ciência Moderna): a ciência moderna é marcada pela 
oposição à ciência grega (filosofia) e ao dogmatismo religioso. É a partir do século 
XV que os modelos platônico e aristotélico são severamente atacados, principalmente 
Métodos e Técnicas de Pesquisa 15
no século XVII. Em meio ao Renascimento e à Revolução Científica é introduzida a 
experimentação científica, ocasionando uma mudança de compreensão e concepção 
teórica de mundo, de ciência, do que vem a ser a verdade, o conhecimento e o método. 
Nesse contexto, Galileu e Bacon passam a rejeitar o modelo aristotélico (KÖCHE, 2013). 
 Bacon advogou que preceitos de ordem filosófica, religiosa e cultural deveriam 
ser ignorados no fazer científico, uma vez que distorciam e impediam a verdadeira 
visão de mundo. No seu entendimento cabia à experiência confirmar a verdade, o 
verdadeiro caminho para o conhecimento era o da indução experimental, assim, Bacon 
propôs o método científico, por meio dele se chegaria ao conhecimento. O referido 
método é composto pelos seguintes passos: experimentação, formulação de hipóteses, 
repetição da experimentação por outros cientistas, repetição do experimento para a 
testagem das hipóteses, por fim, formulação das generalizações e leis (KÖCHE, 2013).
 Na ciência moderna o método silogístico grego é substituído pelo método 
científico-experimental. Assim, “[...] o critério de verdade, para a ciência moderna, 
passaria a ser o da correspondência entre o conteúdo dos enunciados e a evidência 
dos fatos (verdade semântica).” (KÖCHE, 2013, p. 52). É válido destacar a participação 
importante de Galileu na revolução científica moderna, ao introduzir a “[...] matemática 
e a geometria como linguagens da ciência e o teste quantitativo-experimental das 
suposições teóricas como mecanismo necessário para avaliar a veracidade das hipóteses 
e estimular a verdade científica [...]” (KÖCHE, 2013, p. 52), alterando a forma de 
produzir e justificar o conhecimento científico. É característica desse período a aplicação 
de procedimentos experimentais e matemáticos, e o despontar de uma concepção de 
mundo mecanicista e determinista. 
 Newton, por sua vez, faz uma interpretação do método científico sob um 
viés indutivista e positivista, recusando o uso de hipóteses apriorísticas. No seu 
entendimento as hipóteses deveriam ser extraídas da experimentação pela indução, as 
leis e teorias se originavam dos fatos, “[...] isto é: em física, toda proposição deveria 
ser tirada dos fenômenos pela observação e generalizados por indução.” (KÖCHE, 
2013, p. 55). Nesse modelo as hipóteses são colocadas à prova e seriam aceitas pela 
ciência as que tivessem confirmação do método experimental.
 Contudo, observamos que o método científico na modernidade está relacionado 
a procedimentos de experimentação que permitem o acesso à realidade, assim, são 
criados critérios que determinam julgar quando há ou não o acesso à realidade (KÖCHE, 
2013).
 Na ciência moderna acreditou-se que o método científico-experimental indutivo 
chegaria a verdades exatas, verificadas e confirmadas pelos fatos, e o crescimento da 
ciência seria de forma acumulativa diante da superposição de verdades demonstradas 
pelas provas geradas pela observação e experimentos. Foi postulado que o único 
conhecimento válido é o científico (cientificismo) e que a ciência tudo pode desvendar 
e conhecer. É nesse contexto que o modelo científico da física passa a ser adotado 
por outras áreas de conhecimento na busca por status científico. Observamos, então, 
o desenvolvimento de uma ciênciaquantitativa e experimental (KÖCHE, 2013).
 É válido ressaltar que no século XVII a ciência recebeu influência dos valores 
puritanos, refletindo aspectos na sua constituição. Na sociedade inglesa, o aumento 
Métodos e Técnicas de Pesquisa16
do interesse pela ciência esteve relacionado à glorificação divina e ao bem-estar 
social, havia um temor que o ócio dos indivíduos pudesse originar pensamentos 
pecaminosos e desnecessários. Por meio dessa influência puritana, a ciência incorporou 
o utilitarismo e o empirismo em suas práticas, exaltando, assim, a racionalidade, 
“[...] a combinação de racionalismo e empirismo que é tão pronunciada na ética 
puritana constituiu a essência do espírito da ciência moderna.” (MERTON, 2013, p. 
23). Portanto, os conhecimentos teológicos se tornaram insuficientes para responder 
questões científicas, pois os fatos devem ser comprovados por meio da observação, 
experimentação e ancorados por uma ótica racional, a fé já não bastava (MERTON, 
2013).
 No mais, os puritanos instituíram academias nas quais a ênfase estava 
direcionada para ciência e tecnologia, relacionando-as com questões práticas da 
vida. Em suas academias/centros educacionais tinham destaque as disciplinas de 
mecânica, hidrostática, física, anatomia e astronomia. Tais estudos se realizavam com 
a ajuda de experimentos e observações reais, reforçando, assim, a aplicação prática 
dos ensinamentos. A educação puritana estava ligada à vida e seus assuntos tinham 
um cunho prático, diferente do ensino desenvolvido nas universidades católicas 
que focavam uma educação clássica, teológica, com estudos culturais e pouco úteis 
(MERTON, 2013).
 Nesse sentido, Burke (2003) enfatiza que no século XVII assistimos ao surgimento 
dos institutos de pesquisa, do pesquisador profissional e da própria ideia de pesquisa. 
Entre os séculos XVII e XVIII são criadas organizações de fomento à pesquisa e 
fundadas as academias de artes, engenharia e medicina. Nesse período utilizaram-se 
regularmente os termos investigação e experimento, o que denota a consciência de 
certos grupos sobre a “[...] necessidade de buscas para que o conhecimento fosse 
sistemático, profissional, útil e cooperativo.” (BURKE, 2003, p. 48-49). 
 Observa-se que é na modernidade que a ciência se constitui e se institucionaliza. 
Nesse período o modelo de construção de conhecimento teve como base a 
experimentação e observação, estando vigente um modelo positivista de ciência.
 Terceiro período (Ciência Contemporânea): no início do século XX as 
contribuições teóricas de Einstein e Popper são fundamentais para a transformação da 
ideia de ciência e do método científico. A ciência contemporânea rompe com a noção 
de ciência moderna para a qual a investigação tem um olhar objetivo dos fenômenos 
e cabe a ela apenas descrever a realidade de forma isenta, sem influência das ideias 
pessoais. Na contemporaneidade, a ciência é a proposta de uma interpretação, faz-se 
uma analogia na qual o cientista se aproxima de um artista e não de um fotógrafo. 
Nesse pensamento, o progresso científico deixa de ser acumulativo e passa a acontecer 
por meio de revoluções científicas e o método experimental indutivo deixa de ser um 
critério para definir o que é ciência e o que não é ciência (KÖCHE, 2013). 
 Renegado o método científico indutivo e positivista, a ciência contemporânea 
passa a ser vista com um olhar crítico, sendo interpretada e compreendida por meio 
do método hipotético-dedutivo, que tem como fundamento a testagem das hipóteses 
na tentativa de falseamento, para assim aceitá-las ou refutá-las. Assim, o processo 
Métodos e Técnicas de Pesquisa 17
de conhecer é resultante do questionamento feito pelo sujeito que coloca em dúvida 
o conhecimento já existente. “Na ciência contemporânea, a pesquisa é um processo 
decorrente da identificação de dúvidas e da necessidade de elaborar e construir 
respostas para esclarecê-las.” (KÖCHE, 2013, p. 71).
 Köche (2013, p. 71) explica que “[...] a investigação científica se desenvolve, 
portanto, porque há a necessidade de construir e testar uma possível resposta ou 
solução para um problema, decorrente de algum fato ou de algum conjunto de 
conhecimentos teóricos.” As soluções elaboradas para o problema apresentam-se 
como modelos hipotéticos, ideias que devem ser testadas e criticadas com base no 
conhecimento disponível. No método dedutivo a intenção é sempre colocar a hipótese 
a prova confrontando-a com hipóteses concorrentes.
 As hipóteses são elaboradas pelo pesquisador e levam em conta o domínio 
teórico que esse possui em seu campo de atuação, a lógica da pesquisa volta-se para 
criar hipóteses e submetê-las à crítica com o intuito de avaliar sua validade, ou seja, a 
correspondência com os fatos (verdades semânticas). No entanto, no desenvolver da 
pesquisa caminhos variados podem ser seguidos pelos pesquisadores para produzir 
uma explicação (KÖCHE, 2013).
 Deve ficar claro que no contexto contemporâneo a ciência é percebida como 
uma “[...] investigação constante, em contínua construção e reconstrução, tanto das 
suas teorias quanto dos seus processos de investigação. A ciência não é um sistema 
de enunciados certos ou verdadeiros.” (KÖCHE, 2013, p. 77). O aspecto transitório 
do conhecimento tem como base a submissão permanente à crítica e o fato de ser 
um produto criativo do espírito humano, da sua imaginação. 
 Köche (2013, p. 78) afirma que para existir ciência são necessários dois aspectos: 
“[...] um subjetivo, o que cria, o que projeta, o que constrói com imaginação a 
representação do seu mundo segundo as necessidades internas do pesquisador, e outro 
objetivo, o que serve de teste, de confronto.” Em ambos os aspectos existem leis e 
o objetivo é conhecê-las, considerando a constante transformação do conhecimento 
científico (KÖCHE, 2013).
 O conhecimento científico torna-se seguro/confiável pelo seu caráter metódico, 
reflexo da preocupação constante pelo aperfeiçoamento e correção dos métodos de 
investigação. Cada área de conhecimento adota métodos que são mais confiáveis, 
os quais permitem a eliminação de erros e possibilitam que a comunidade científica 
exerça a crítica. No entanto, não existe mais a pretensão de taxar o conhecimento 
como verdadeiro, uma vez que esse é falível e a ciência passa a ser entendida como 
um processo de investigação consciente de suas limitações, capaz de rever e renovar 
seus métodos e teorias sob um olhar crítico (KÖCHE, 2013).
 Diante do exposto, é possível perceber que, ao longo dos séculos, o caminho 
e a lógica utilizados na construção do conhecimento sofreram alterações, levando 
em consideração as transformações sociais de cada período, se há uma mudança de 
método, isso reflete a forma de encarar a ciência e produzir conhecimento.
Métodos e Técnicas de Pesquisa18
4 SENSO COMUM E CONHECIMENTO CIENTÍFICO
 Ao longo da vida as pessoas se apropriam do conhecimento para tomar decisões, 
desde as atividades mais simples até as mais complexas recorremos ao conhecimento 
em suas diferentes formas, seja ele oriundo do senso comum ou fruto da atividade 
científica (KÖCHE, 2013). O que distingue o senso comum do conhecimento científico 
“é a forma, o modo ou método e os instrumentos do ‘conhecer’”, isso representa 
a maneira de se chegar ao conhecimento. Destacamos que ambos os tipos de 
conhecimentos podem ser verdadeiros, pois um mesmo objeto ou fenômeno podem 
ser matéria de interesse e observação tanto para o cientista quanto para o homem 
comum (MARCONI; LAKATOS, 2011, p. 17). 
 O modo mais convencional do homem interpretar a si mesmo e o universo tem 
como base o senso comum (conhecimento empírico ou conhecimento popular). Esse 
conhecimento se processa em consequência da resolução de problemas imediatos 
enfrentados no cotidiano, sendo elaborado de forma espontânea e intuitiva, sem 
aprofundamento racional e crítico. Seu carácter utilitarista se distancia da explicação 
e compreensão a respeito das relações entre os fatos e fenômenos. Por exemplo,sabe-
se que o Chá de Marcela ajuda a aliviar a dor de estômago, no entanto, as pessoas 
desconhecem a composição química da erva, as dosagens corretas e possíveis efeitos 
colaterais (KÖCHE, 2013).
 O senso comum é um tipo de conhecimento superficial e subjetivo relacionado 
com as crenças e convicções pessoais, subordinado ao envolvimento afetivo e emotivo, 
incapaz de ser submetido à crítica isenta de interpretações pessoais. Sua linguagem 
não é especializada, apresenta conceitos e termos vagos que não são previamente 
definidos pelos sujeitos, não são claros e podem variar de um contexto para outro, 
adquirindo diferentes significados a partir das pessoas e grupos que os utilizam. Em 
resumo, esse conhecimento é empírico e assistemático, desenvolve-se naturalmente à 
medida que a vida acontece, é passado de geração em geração e leva em consideração 
as experiências de vida das pessoas (KÖCHE, 2013).
 Por sua vez, o conhecimento científico emerge na tentativa do homem de 
otimizar sua racionalidade ao “[...] propor uma forma sistemática, metódica e crítica 
da sua função de desvelar o mundo, compreendê-lo, explicá-lo e domina-lo.” (KÖCHE, 
2013, p. 29). Esse conhecimento vai além da resolução de problemas de ordem 
prática, pois o homem deseja compreender a cadeia de relações existentes entre os 
fatos e fenômenos, conhecendo, assim, seus princípios explicativos (por que e como). 
O conhecimento é considerado científico quando segue o método científico, isso 
pressupõe um “[...] procedimento de passos e rotinas específicas que indica como 
a ciência deve ser feita para ser ciência.” (KÖCHE, 2013, p. 34), apresentando ideais 
de objetividade e racionalidade. Durante seu processo de construção é preciso se 
fundamentar em conceitos, teorias e leis, ao mesmo tempo, é necessário demostrar 
o caminho para sua obtenção.
 O conhecimento científico é revisado pelos pares através de uma avaliação crítica 
intersubjetiva, ao mesmo tempo em que seus enunciados podem ser testados através 
Métodos e Técnicas de Pesquisa 19
de experimentos. Esse conhecimento apresenta uma linguagem especializada entre os 
membros da comunidade científica, isso significa que seus conceitos devem ser coesos 
e universais para todos que pertencem a uma mesma especialidade científica (KÖCHE, 
2013). Em resumo, o conhecimento científico caracteriza-se por ser sistemático, 
universal (generalizável), verificável, falível, hipotético e aproximadamente exato 
(MARCONI; LAKATOS, 2011). Assim, o conhecimento científico tenta se aproximar 
de uma verdade, mas reconhece suas limitações e está em constante transformação, 
uma vez que a cada nova pesquisa novos conhecimentos são gerados, ocasionando 
uma revisão e acréscimo no fundo coletivo de saberes existente.
 Santos (1989) esclarece que o conhecimento científico não surgiu 
espontaneamente, mas sim como uma tentativa para atestar o que é racional e 
verdadeiro. Para o conhecimento possuir um caráter científico, esse deve ser produzido 
a partir de uma metodologia, amparado por um arcabouço teórico, no qual estão 
presentes as teorias que sustentaram o processo de pesquisa, descritas as etapas de 
pesquisa, explanados seus objetivos e resultados. O que confere cientificidade ao 
conhecimento é a aceitação da comunidade científica. A avaliação e o reconhecimento 
dos pares são fundamentais nesse processo. 
 Para fortalecer as diferenças entre senso comum e conhecimento científico, 
vejamos o Quadro 1, no qual há uma comparação das características desses dois 
conhecimentos.
Quadro 1 - Senso comum x conhecimento científico
Senso comum ou conhecimento popular Conhecimento científico
Valorativo
Reflexivo
Assistemático
Verificável
Falível 
Inexato
Real (factual)
Contingente
Sistemático
Verificável
Falível 
Aproximadamente exato
Fonte: adaptado de Marconi e Lakatos (2011, p. 18 apud TRUJILLO, 1974, p. 11).
 Acabamos de abordar dois tipos de conhecimento que são de interesse especial 
do componente curricular de Métodos e Técnicas de Pesquisa, mas, além desses, 
podemos citar o conhecimento filosófico e o religioso que foram apresentados no 
componente curricular de Iniciação Científica. 
Métodos e Técnicas de Pesquisa20
 Diferenciado o conhecimento científico de senso comum, a seguir apresentamos 
uma classificação geral da ciência, visto que as diversas áreas e especialidades do saber 
se constituíram em torno de objeto de estudo ou tema.
5 A CLASSIFICAÇÃO DA CIÊNCIA
 A ciência é composta por diversos ramos de estudo e especialidades, nesse 
sentido, podemos classificar a ciência de acordo com a sua complexidade e conteúdo: 
objeto/tema, diferenças de enunciados e metodologia. Essa necessidade de classificar 
a ciência decorreu da complexidade do universo e da variedade de fenômenos que 
nele se manifestam, relacionados ao interesse do homem em estudá-los, entendê-los 
e explica-los (MARCONI; LAKATOS, 2011). 
 De maneira geral, as ciências podem ser classificadas em duas grandes 
categorias, formal e factual, e a partir dessas podem ser subdivididas em subcategorias, 
conforme apresentado na Figura 1.
Figura 1 - Classificação da ciência
CIÊNCIAS
FORMAIS
FACTUAIS
LÓGICA
MATEMÁTICA
NATURAIS
SOCIAIS
Física
Química
Biologia
Antropologia
Direito
Economia
Política
Sociologia
Psciologia
Fonte: Marconi e Lakatos (2011, p. 28).
 Saiba mais
Para relembrar das características inerentes aos tipos de conhecimento assista 
à videoaula ministrada pela Professora Dra. Cristina Pátaro, que pontua as 
particularidades de cada tipo de conhecimento: 
https://www.youtube.com/watch?v=QbwdHHfAOS0.
Métodos e Técnicas de Pesquisa 21
 A principal característica que distingue as ciências reside no seu objeto de 
estudo, as ciências formais se voltam para o estudo das ideias, enquanto as ciências 
factuais se voltam para o estudo dos fatos. Enquadradas como ciência formal, a lógica 
e a matemática são abstratas, estão na mente humana em um nível conceitual, isso 
impossibilita a experimentação e validação de suas fórmulas. Em contrapartida, a 
Física e a Sociologia são ciências factuais, pois lidam com os fatos que ocorrem no 
mundo, passíveis de experimento e observação na comprovação de suas fórmulas, 
sendo possível teste de hipóteses (MARCONI; LAKATOS, 2011).
 Colaborando com essa classificação, Barros e Lehfeld (2000) explicam que as 
ciências formais utilizam do método dedutivo e, como dito anteriormente, seus objetos 
de estudo são ideias, imagens mentais, correspondentes às simbologias. Nesse sentido, 
nada é factual, concreto, experimental e tampouco se utiliza da observação. Por sua 
vez, as ciências factuais utilizam o método indutivo e seus objetos de estudo são os 
fatos, processos que se referem às causas naturais e humanas, no qual é possível fazer 
a experimentação e observação. Essa divisão da ciência leva em consideração alguns 
aspectos demonstrados no Quadro 2. 
Quadro 2 - Aspectos relacionados à divisão em ciências formais e factuais
ITEM FORMAL FACTUAL
Objeto ou tema Enunciados baseados em 
entidades abstratas
Objetos empíricos fenômenos 
naturais, coisas e processos
Enunciados Relações entre símbolos R e l a ç õ e s e n t r e e n t e s , 
fenômenos, fatos
Método de 
comprovar 
enunciados
Uso da lógica dedutiva para 
demonstrar seus teoremas 
Dedução : coe rênc ia do 
enunciado com um sistema 
previamente aceito. Não usa 
Indução
Necessita da observação e/ou da 
experimentação. Manipulação 
deliberada dos fenômenos e 
objetos para verificar os fatos. 
Usa a Indução
Grau de suficiência 
em relação ao 
conteúdo e ao 
método de prova
Suficiente quanto ao conteúdo 
e aos métodos de prova
Seu conteúdo depende de 
fatos. Utiliza experimentação 
(ou observação) para assegurar 
a validade de suas hipóteses
Grau de coerência 
para alcançar a 
verdade
Coerência do enunciado com 
um sistema prévio de ideias. 
A verdade não é absoluta, 
mas sim relativa ao sistema 
previamente admiti do. Ex.: 
geometria euclidiana e não 
euclidianas
A coerência com umsistema 
previamente aceito é necessária 
mas não suficiente. A estrutura 
lógica não é suficiente para 
garantir a verdade. A experiência 
garante a verdade sem excluir a 
possibilidade de que esta possa 
ser melhorada com a evolução 
do conhecimento
Métodos e Técnicas de Pesquisa22
Resultado 
alcançado
Demonstração ou prova, 
completa e definitiva
Verif icação de hipóteses 
comprovando ou refutando-
as. As hipóteses, comprovadas 
são provisórias. A verificação 
é incompleta e, portanto, não 
definitiva
Fonte: adaptado de Marconi e Lakatos (2011).
 Nesse contexto de classificação, a Biblioteconomia é considerada uma Ciência 
Social. Contudo, se considerarmos a classificação de áreas do conhecimento adotada 
pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) a 
Biblioteconomia pertence à grande Área de Ciências Sociais Aplicadas I, estando 
vinculada à área da Ciência da Informação (CAPES, 2016). Em resumo, os bibliotecários 
em suas pesquisas científicas tratam de processos e fatos sociais passíveis de observação 
e experimentação, podendo, assim, formular ou rejeitar hipóteses de pesquisa.
 
6 O DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA E AS RELAÇÕES DE PODER ENTRE 
AGENTES CIENTÍFICOS NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
 Apresentado o conceito de ciência é necessário abordar como a ciência se 
desenvolve e como se processam as relações entre os cientistas no processo de 
construção do conhecimento científico. Para tanto, buscamos fundamentação no 
filósofo do conhecimento, Thomas Kuhn (2009) e no sociólogo da ciência, Pierre 
Bourdieu (1983; 2004).
 Ao escrever A estrutura das revoluções científicas, em 1962, o físico Thomas 
Kuhn apresenta conceitos-chave no entendimento do que é ciência e como ocorrem 
as transformações científicas. Segundo o autor, o progresso da ciência não acontece 
com o acúmulo do conhecimento, mas por processos de revolução que representam 
transformações e mudanças no modo de fazer ciência, assim, os cientistas são 
levados a rever suas práticas, teorias e problemas de pesquisa. Nesse contexto, 
propõe a noção de paradigma que norteia o entendimento de ciência, pois são “[...] 
as realizações científicas universalmente conhecidas que, durante algum tempo, 
fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de 
uma ciência.” (KUHN, 2009, p. 13). Os paradigmas compreendem os valores, crenças 
e modelos compartilhados entre os membros de uma comunidade científica, este 
perde sua relevância quando não consegue mais responder ou solucionar problemas 
de pesquisa (KUHN, 2009). 
 As comunidades científicas organizam-se em torno de um paradigma, pois 
é esse que determina qual o objeto de estudo das pesquisas, quais as teorias e 
técnicas empregadas, como também define os problemas a serem discutidos. O que 
aproxima os membros da comunidade (cientistas/pesquisadores) são suas afinidades 
de pesquisa, interesses e objetivos em comum. Situados em um mesmo contexto, 
Métodos e Técnicas de Pesquisa 23
familiarizados com os mesmos fenômenos e objetos sua linguagem evolui para um 
patamar especializado que só é compreendido dentro do limite de cada grupo, pois 
receberam formação similar e absorveram a mesma literatura (KUHN, 2009).
 Nesse sentido, os paradigmas governam as práticas científicas e apresentam 
uma relação direta com o desenvolvimento científico. A ciência se desenvolve por 
diferentes momentos, no qual velhos paradigmas deixam de vigorar e surgem novos 
paradigmas que alteram a maneira do cientista perceber os objetos e fenômenos, 
influenciando o modo de produzir conhecimento. Em consequência disso, ocorrem 
períodos de ciência normal e períodos de ciência extraordinária (KUHN, 2009). 
 Os períodos denominados de ciência normal não apresentam novidades e 
descobertas, neles os cientistas estão em sua zona de conforto, desenvolvem suas 
pesquisas com base em conhecimentos já existentes e, assim, articulam fenômenos 
e teorias fornecidos pelo paradigma vigente, refletindo e reafirmando o que já 
se conhece. Os livros constituem os manuais da ciência normal, já que definem e 
expressam teorias, problemas e métodos de um campo e reforçam o paradigma 
vigente. Portanto, a ciência normal “[...] significa a pesquisa firmemente baseada 
em uma ou mais realizações científicas passadas. Essas realizações são reconhecidas 
durante algum tempo por alguma comunidade científica específica.” (KUHN, 2009, 
p. 13).
 Para dar início ao período de ciência extraordinária é preciso a constatação de 
anomalias, essa provoca uma crise no paradigma existente. Quando uma pesquisa 
normal não atinge os resultados esperados, isso significa que existe algo de errado que 
o paradigma existente não dá conta de amparar. Instaurada a crise, um novo paradigma 
emerge e os pesquisadores passam a adotar novas teorias e renunciam às velhas. As 
crises abrem caminho para as revoluções científicas, o que Kuhn (2009, p. 125) chama 
de “[...] episódios de desenvolvimento não cumulativo, nos quais o paradigma mais 
antigo é total ou parcialmente substituído por um novo, incompatível com o anterior.” 
O sentimento de funcionamento defeituoso ocasionado pelo paradigma antigo é um 
pré-requisito para a revolução, esse sentimento é crescente e inicialmente pertence a 
uma pequena subdivisão da comunidade científica.
 Ao se adotar um novo paradigma é possível observar um novo mundo, são 
aceitos novos instrumentos e os olhares são orientados para novas direções. Em meio 
às revoluções científicas, os cientistas veem coisas novas e diferentes que antes não 
conseguiam observar devido ao antigo paradigma. Esse período é constituído de 
ciência extraordinária, no qual se observa uma concorrência entre os paradigmas, 
assim, a adoção de um novo paradigma pode até conceber uma nova área ou ciência. 
 De forma geral, o que Kuhn (2009) afirma é que a ciência é formada por 
momentos distintos, caracterizados pela alternância entre ciência normal e ciência 
extraordinária, no que se referem aos paradigmas, eles governam e modulam as 
comunidades científicas e suas práticas. A adoção de um novo paradigma influi em 
mudanças teóricas e práticas, aspectos esses que caracterizam um campo científico.
 Demonstrada essa noção de desenvolvimento da ciência sob um prisma da 
filosofia do conhecimento, a seguir veremos que as práticas científicas desempenhadas 
pelos pesquisadores na construção do conhecimento científico são camufladas 
Métodos e Técnicas de Pesquisa24
de interesses. Assim, as escolhas dos temas de pesquisa, as técnicas de pesquisa 
empregadas e as publicações dos resultados das pesquisas refletem estratégias 
adotadas para aumentar o capital científico dos cientistas/pesquisadores, quando 
esses detêm prestígio e capital científico significativo passam a ser dominantes em 
suas áreas, influenciando os demais pares.
 O sociólogo Pierre Bourdieu (1984) apresenta a noção de campo científico 
como sendo um espaço de concorrência e disputa entre os cientistas na busca pela 
autoridade científica, que é definida pela capacidade técnica e poder social dos 
cientistas. Nessa concepção, a ciência está relacionada com a luta de poderes no meio 
acadêmico diante da busca pelo reconhecimento científico. O foco da questão não 
é o cientista singular, mas o campo científico com base nas relações de concorrência 
que nele se manifestam.
 No campo científico estão inseridos os cientistas/pesquisadores de diversos 
níveis e instituições científicas (universidades, associações científicas e instituições de 
fomento) que juntos constituem, produzem, fomentam e difundem a ciência. Neste 
campo existem pesquisadores dominantes e cientistas dominados, “[...] os dominantes 
são aqueles que conseguem impor uma definição da ciência segundo a qual a realização 
mais perfeita consiste em ter, ser e fazer aquilo que eles têm, são e fazem.” (BOURDIEU, 
1983, p. 128). Os pesquisadores dominantes orientam a dinâmica do campo ao indicar 
o que deve ser pesquisado, onde devem ser publicados os resultadosde pesquisa e 
quais os objetos de interesse que merecem ser investigados. 
 Na maioria das vezes os pesquisadores dominantes se caracterizam por 
apresentar um volume expressivo de publicações (livros, artigos), em consequência 
disso podem ser os autores mais citados em suas respectivas áreas, ou seja, suas 
ideias e teorias são utilizadas e aceitas como importantes pelos demais cientistas. 
Em contrapartida, os dominados podem ser considerados como os pesquisadores 
iniciantes que ainda não possuem um histórico e representatividade pelo pouco 
tempo de atuação ou pesquisadores com pouca expressividade na área, visto que 
suas ideias, conceitos e teorias não são bem aceitos pelos demais pares, como fruto 
disso, enfrentam dificuldades para publicar seus trabalhos e disseminá-los. 
 A relação dominante e dominado tem como base a estrutura do campo, sendo 
determinada pela distribuição do capital científico, nesse os agentes (pesquisadores e 
instituições de fomento) caracterizados pelo seu volume de capital determinam como 
serão distribuídas as posições entre eles. “A estrutura do campo científico se define, 
a cada momento, pelo estado das relações de força entre os protagonistas em luta, 
agentes ou instituições, isto é, pela estrutura da distribuição do capital específico 
[...].” (BOURDIEU, 1983, p. 133). No domínio da pesquisa científica são os agentes 
que fazem seus os objetos de interesse: 
[...] os pesquisadores ou as pesquisas dominantes definem o que é, num dado 
momento do tempo, o conjunto de objetos importantes, isto é, o conjunto 
das questões que importam para os pesquisadores, sobre as quais eles vão 
concentrar seus esforços e, se assim posso dizer, compensar determinando 
uma concentração de esforços de pesquisa. (BOURDIEU, 2004, p. 25).
Métodos e Técnicas de Pesquisa 25
 O campo científico, segundo Bourdieu (1996, p. 159), exige daqueles que estão 
nele envolvidos um saber prático das leis de funcionamento desse universo, isto é, 
“[...] um habitus adquirido pela socialização prévia e/ou por aquela que é praticada 
no próprio campo.” O habitus funciona como um manual de condutas, permitindo 
aos participantes do campo científico ter a dimensão do que podem fazer e o que 
deve ser feito no campo.
 No geral, todas as práticas científicas estão dirigidas para a obtenção da 
autoridade científica que se reverte em capital científico. O interesse pela atividade 
científica apresenta aspectos intrínsecos e extrínsecos, pois não basta uma pesquisa 
ser atraente e importante somente para quem a realiza, é necessário que ela chame a 
atenção dos pares e seja reconhecida como importante. Assim, os esforços científicos 
se organizam tendo por base o que vai proporcionar lucro simbólico, buscam solução 
para problemas considerados como os mais pertinentes pela comunidade (BOURDIEU, 
1983). 
 O capital científico é um poder simbólico, esse se relaciona com o status 
proporcionado pelos atos de conhecimento e reconhecimento capazes de manipular 
os meios constitutivos do campo. O reconhecimento consiste nos créditos que uma 
determinada comunidade de pesquisadores atribui a um cientista pelos seus feitos 
(BOURDIEU, 2004).
 Não existe ciência neutra, há sempre interesses envolvidos no desenvolvimento 
das pesquisas. Segundo Bourdieu (2004, p. 35), “[...] os campos são o lugar de duas 
formas de poder que correspondem a duas espécies de capital científico [...]”: o poder 
temporal (político) e o poder específico (prestígio). O primeiro, como seu próprio nome 
infere, se relaciona com a ocupação de posições representativas nas instituições, tais 
como: direções de laboratórios, de departamentos, nomeação para comissões etc. O 
segundo poder é mais independente, está relacionado com o reconhecimento científico 
proveniente dos pares. Esses dois tipos de capital apresentam leis de acumulação bem 
distintas: “O capital científico puro adquire-se, principalmente, pelas contribuições 
reconhecidas ao progresso da ciência, as invenções ou as descobertas.” (BOURDIEU, 
2004, p. 36). Um exemplo é a publicação de um artigo em uma revista renomada, 
respeitada. Já o capital institucionalizado (temporal) é constituído e fortalecido com 
o tempo, sua aquisição ocorre basicamente por “[...] estratégias políticas (específicas) 
[...] participação em comissões, bancas (de teses, de concursos), colóquios mais ou 
menos convencionais no plano científico, cerimonias, reuniões.” (BOURDIEU, 2004, 
p. 36).
 O capital científico está no cerne da disputa dos agentes, o capital denota poder 
e quanto mais se acumula capital mais domínio se exerce sobre o campo científico. 
Quanto mais capital um cientista acumular mais propriedade esse tem para definir o 
que é válido ou não em sua área (BOURDIEU, 2004).
 Na visão de Bourdieu (1983), acreditar na neutralidade genuína dos agentes 
científicos seria ilusão, o campo é um ambiente de disputa, no qual o cientista que 
conseguir acumular mais capital científico tem o poder de influenciar todo o campo, 
sendo facultada competência para agir e falar. Essa hegemonia implica em um estado 
no qual as novas ideias e concepções são analisadas constantemente e contidas quando 
Métodos e Técnicas de Pesquisa26
ameaçam os dominantes. Os pesquisadores dominantes visam manter a estrutura 
do campo a seu favor, suas decisões vão estar pautadas em estratégias políticas 
e não na noção do bem-estar coletivo dos demais pesquisadores. Aos dominados 
resta reivindicar e lutar por mais espaço, na medida em que aumentarem seu capital 
científico e político poderão alterar as estruturas do campo.
 Síntese
 Vimos que ciência é uma atividade social desenvolvida por cientistas na 
tentativa de desvendar, compreender e explicar os fenômenos da natureza e 
da sociedade. Como produto dessa atividade científica temos a produção do 
conhecimento científico que se difere do senso comum, tais conhecimentos se 
aplicam em diferentes contextos. A ciência e, respectivamente, o conhecimento 
científico são caracterizados como um conhecimento objetivo racional, 
sistemático, geral, verificável e falível. Ambos se constituem por meio de uma 
rede universal de saberes que se interliga e se renova diante do acréscimo 
cognitivo resultante de cada nova pesquisa realizada.
 Observamos que a concepção de ciência ao longo dos séculos esteve 
atrelada ao método científico, ou seja, os critérios adotados para considerar o 
que é digno de ciência e não ciência. Em relação à divisão da ciência, essa pode 
ser dividida em duas grandes categorias, ciência formal e factual, sendo que a 
Biblioteconomia integra o grupo das ciências sociais, pertence especificamente 
à área de Ciência da Informação.
 Demonstramos num contexto geral como ocorre o desenvolvimento 
da ciência, destacando a importância dos paradigmas na configuração das 
comunidades científicas e, respectivamente, sua influência sobre a formação 
e prática dos cientistas. Contextualizamos as relações de poder travadas entre 
os cientistas na construção do conhecimento diante da busca pela autoridade/
reconhecimento científico. A ideia de neutralidade na ciência fica fragilizada, 
pois todas as ações desempenhadas pelos cientistas são motivadas por interesses 
que implicam na adoção de estratégias que objetivam aumentar o capital 
científico dos pesquisadores.
Métodos e Técnicas de Pesquisa 27
REFERÊNCIAS
ANDER-EGG, E. Introducción a las técnicas de investigación social: para trabajadores 
sociales. 7. ed. Buenos Aires: Humanitas, 1978.
BARROS, A. J. da S.; LEHFELD, N. A. de S. Fundamentos de metodologia científica: um 
guia para a iniciação científica. 2. ed. São Paulo: Pearson Education, 2000.
BOURDIEU, P. O campo científico. In: ORTIZ, R. (Org.) Sociologia. São Paulo (SP): 
Ática, 1983.
______. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus, 1996.
______. Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. 
São Paulo: Editora UNESP, 2004. 
BURKE, P. Uma história social do conhecimento: de Gutenberga Diderot. Rio de 
Janeiro: Zahar, 2003.
CAPES. Tabela de áreas do conhecimento. Disponível em:<http://www.capes.gov.br/
images/stories/download/avaliacao/TabelaAreasConhecimento_072012.pdf>. Acesso 
em: 15 ago. 2016.
 Para ler...
 Para complementar o que vimos na unidade, observe a seguir algumas 
referências:
ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. São 
Paulo: Brasiliense, 1992.
CHALMERS, Alan Francis. O que é ciência afinal. São Paulo: Brasiliense, 
1993.
SEDOR, Gígi Anne Horbatiuk. Thomas S. Kuhn: explorando o mundo 
científico. Florianópolis: Ed. do Autor, 2006.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Introdução a uma ciência pós-moderna. 3. 
ed. Porto: Edições Afrontamento, 1993.
PRICE, Derick J. de S. O desenvolvimento da ciência. Rio de Janeiro: Livros 
Técnicos e Científicos, 1979.
Métodos e Técnicas de Pesquisa28
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
KÖCHE, J. C. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e iniciação 
à pesquisa. 32. ed. Petrópolis: Vozes, 2013.
KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 2009.
MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M.. Metodologia cientifica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 
2011.
MERTON, R. K. Ensaios de sociologia da ciência. São Paulo: Editora 34, 2013.
TRUJILLO FERRARI, A. Metodologia da ciência. 2. ed. Rio de Janeiro: Kenedy, 1974.
TARGINO, Maria das Graças. Comunicação científica: uma revisão de seus elementos 
básicos. Informação & Sociedade, João Pessoa, v. 10, n. 2, p. 37-85, 2000.
SANTOS, B. de S. Da Sociologia da Ciência à política científica. Revista Crítica de 
Ciências Sociais, Lisboa, n. 1, p.11-56, jun. 1978.
VOLPATO, G. L. Guia prático para redação científica: publique em revistas 
internacionais. Botucatu: Best Writing, 2015.
ZIMAN, J. M. Conhecimento público. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Ed. 
Universidade de São Paulo, 1979.
Métodos e Técnicas de Pesquisa 29
Anotações
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Unidade 2
Pesquisa, suas Classificações e o Método Científico
Objetivo:
• Compreender a noção de pesquisa e de método científico;
• Caracterizar as pesquisas de acordo com objetivos, abordagens e técnicas;
• Apresentar os métodos de abordagem e de procedimentos empregados na 
investigação científica;
• Espera-se que o aluno compreenda as noções de pesquisa e método científico, 
sendo capaz de caracterizar as pesquisas diante de seus objetivos, abordagens, 
métodos e técnicas.
Conteúdo programático:
• Pesquisa básica, pesquisa aplicada;
• Pesquisa qualitativa, pesquisa quantitativa, quali-quantitativa;
• Pesquisa exploratória, pesquisa descritiva, pesquisa explicativa;
• Técnicas de pesquisa: bibliográfica, documental, experimental, levantamento, 
estudo de caso, ex-post-facto, pesquisa-ação e participante;
• Método Dedutivo, Método indutivo, Método Hipotético-Dedutivo, Método 
Dialético, Método Fenomenológico;
• Método Histórico, Método Comparativo, Método Monográfico, Método 
Estatístico, Método Tipológico, Método Funcionalista,Método Estruturalista, 
Método Experimental, Método Observacional, Método Clínico.
Métodos e Técnicas de Pesquisa32
Faça aqui seu planejamento de estudos
Métodos e Técnicas de Pesquisa 33
1 INTRODUÇÃO
 
 Nesta unidade apresentamos a noção de pesquisa científica que denota um 
processo de investigação resultante de uma dúvida ou da necessidade de resolver 
um problema. A finalidade da pesquisa é encontrar soluções e respostas as questões 
que deram início à investigação, no seu fazer se utilizam de pressupostos científicos 
e principalmente do método científico. 
 Frequentemente fazemos pesquisas, mas nem todas podem ser categorizadas 
como científicas, para se enquadrar nesse nível, é necessário haver um problema 
significativo, objetivos, justificativa, metodologia, fundamentação teórica, coleta de 
dados, análise e discussão dos resultados e pôr fim à divulgação da pesquisa perante 
demais pesquisadores. Então, o simples levantamento de informações para dirimir 
dúvidas não chega a ser uma pesquisa científica, uma vez que não é uma atividade 
complexa.
 No que se refere à classificação das pesquisas, veremos que elas são classificadas 
conforme a sua finalidade, de acordo com os objetivos, abordagem do problema e 
procedimentos técnicos empregados na investigação.
 Além disso, ressaltamos que o método científico é fundamental na construção do 
conhecimento, pois demonstra as operações mentais e técnicas seguidas no processo 
da pesquisa, por meio do método é possível a verificação. O método contempla tanto 
etapas mais abstratas da pesquisa como a formulação do problema, hipóteses, assim 
como partes mais concretas que envolvem a aplicação de procedimentos na coleta 
de dados.
 Esperamos que no final desta unidade você entenda o que é pesquisa e suas 
classificações, percebendo a importância do método na investigação dos fenômenos 
naturais e sociais. 
2 O QUE É PESQUISA?
 A noção de pesquisa que é apresentada nesta unidade faz referência às atividades 
desenvolvidas por pesquisadores/cientistas na busca e construção do conhecimento 
científico, essa atividade visa sanar dúvidas e resolver problemas de ordem científica 
que se colocam diariamente na vida das pessoas. A pesquisa é motivada pela vontade 
de conhecer, de saber mais sobre um fato, fenômeno ou objeto.
 Tradicionalmente as pesquisas científicas são realizadas nas Universidades, nas 
Instituições de Ensino Superior, nos Centros e Institutos de Pesquisas, tais instituições 
possuem um quadro profissional qualificado (mestres e doutores) e infraestrutura 
adequada, incluindo laboratórios, bibliotecas e tecnologias que amparam esse 
processo. As pesquisas buscam explorar os fenômenos da natureza e atender às 
necessidades humanas. Como resultado, geram produtos científicos: livros, artigos, 
dissertações, teses, relatórios de pesquisa etc. 
Métodos e Técnicas de Pesquisa34
 Dependendo da natureza da pesquisa é possível perceber a aplicação do 
conhecimento gerado, por exemplo, quando se desenvolve um medicamento ou 
tratamento de saúde. Nesse caso, o conhecimento científico é utilizado na resolução 
de um problema concreto pelo qual muitas pessoas enfrentam. 
 Saiba mais
Vejamos uma matéria que aborda o desenvolvimento de uma vacina contra o 
vírus da Zika: 
Butantan fecha parceria com EUA para desenvolver vacina de zika
Instituto receberá US$ 3 milhões de órgão do governo americano. 
Parceria é para desenvolvimento de vacina com vírus inativado.
Mariana Lenharo 
Do G1, em São Paulo
O Instituto Butantan fechou, nesta sexta-feira (24), uma parceria com os Estados 
Unidos e com a Organização Mundial da Saúde (OMS) para o desenvolvimento 
de uma vacina contra o vírus da zika.
O centro de pesquisa brasileiro deve receber US$ 3 milhões da Autoridade de 
Desenvolvimento e Pesquisa Biomédica Avançada (Barda, na sigla em inglês), 
órgão ligado ao Departamento de Saúde e Serviços Humanos do governo 
americano (HHS), para o desenvolvimento de uma vacina de zika com vírus 
inativado. O HHS é o órgão equivalente ao Ministério da Saúde dos EUA.
O investimento faz parte de um acordo já existente entre a Barda e a OMS. Além 
dos US$ 3 milhões provenientes do órgão americano, a OMS também destinará 
doações de outros países e organizações privadas para o expandir a capacidade 
de produção de vacinas do Instituto Butantan.
Com o dinheiro, o Butantan poderá comprar equipamentos de laboratório, 
reagentes, linhagens de células e outros recursos necessários para o 
desenvolvimento e produção da vacina de zika. A parceria também inclui a 
cooperação técnica entre pesquisadores da Barda e do Butantan.
A expectativa é que a vacina esteja pronta para testes em humanos no primeiro 
semestre de 2017.
Vacina de vírus inativado
Segundo o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil, o desenvolvimento da vacina 
de vírus inativado contra zika já está em desenvolvimento há alguns meses. 
Pesquisadores do centro já trabalharam no processo de cultura, purificação e 
inativação do vírus em laboratório. Na fase atual, roedores devem começar a 
receber os vírus inativados.
O Butantan tem ainda outras três iniciativas de desenvolvimento de vacina contra 
zika: uma vacina a base de DNA, outra vacina com vírus inativado semelhante 
à vacina da dengue, além de uma vacina híbrida que tem como base a vacina 
de sarampo.
Métodos e Técnicas de Pesquisa 35
“A resposta tem que ser rápida ou o dano vai estar feito e deixará um legado 
terrível: as crianças com microcefalia”, diz Kalil.
Segundo o diretor, esse desenvolvimento ocorreria de forma mais rápida se houvesse 
mais recursos disponível. Em fevereiro, o governo federal anunciou um investimento 
de R$ 8,5 milhões para financiar o desenvolvimento de pesquisas relacionadas à 
zika no Instituto Butantan. Mas, segundo Kalil, o recurso ainda não foi liberado.
Vírus já circula em 61 países
Em fevereiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o vírus da zika 
como emergência de saúde pública global. O vírus foi associado à microcefalia, 
uma malformação congênita.
De acordo com boletim da OMS divulgado na semana passada, 61 países e 
territórios já registram transmissão continuada do vírus da zika. Além disso, 
outros 10 países tiveram relato de transmissão de zika de indivíduo para 
indivíduo, provavelmente por via sexual.
O Brasil é o país onde o vírus está mais disseminado, com mais casos de infecção 
pelo vírus e de microcefalia associada à zika. O país teve 138.108 casos prováveis 
de zika em 2016 até o dia 7 de maio, segundo o Ministério da Saúde. Em 2016, o 
país registrou uma morte causada pela doença em um adulto no Rio de Janeiro e, 
no ano passado, foram 3 mortes de adultos.
Ainda segundo a pasta, são 1.616 casos confirmados de microcefalia desde o início 
das investigações, em 22 de outubro, até 11 de junho, com 73 mortes de bebês.
Fonte: Portal de Notícias G1. 27/06/2016 09h39, atualizado em 27/06/2016 11h10. 
Disponível em: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2016/06/butantan-fecha-
parceria-com-eua-para-desenvolver-vacina-de-zika.html.
 Para desenvolver a vacina foi necessário fazer pesquisa científica, usar e aplicar 
conhecimentos existentes sobre o assunto, como também submeter a vacina a 
experimentos e testes que validassem a sua eficácia. A necessidade de fazer a vacina 
partiu de um problema social e os cientistas/pesquisadores foram levados a propor 
uma solução. Então, a pesquisa científica está direcionada a propor respostas, gerar 
conhecimentos que contribuam na solução de problemas no âmbito prático ou teórico.
 A seguir apresentamos alguns conceitos de pesquisa científica, observamos 
que os autores citados possuem concepções similares ao ressaltar a adoção de 
procedimentos racionais, a utilização dos métodos científicos, a avaliação por pares 
e a publicação dos resultados obtidos nas pesquisas.
 De forma genérica, pesquisa é a atividade que visa descobrir respostas a algum 
tipo de indagação, atesta Volpato (2007). Por sua vez, a pesquisa científica é atividade 
que utiliza

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