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Introdução ao direito civil

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Introdução ao direito civil
♢ Direito Civil como modelo jurídico
histórico
Direito Romano: ♤
- 1o período (jus civile, jus gentium
e jus naturale)
- 2o período (Corpus Juris Civile)
Glosadores: visavam a explicação de um
texto, neste caso, o texto da compilação
de Justiniano.
- Glosas interlineares (anotadas
entre as linhas do texto) e Glosas
marginais (à margem deste)
Direito Civil moderno: Código da Prússia
(1794), da França (Code Napoléon – 1804),
da Áustria (1811), da Alemanha
(Burgerlich GesetzBuch – BGB – 1896),
Código Civil brasileiro de 1916
Direito Civil contemporâneo: alterações
nas codificações modernas, leis
especiais ( a Constituição confia à
disciplina de matéria determinada- ex:
Lei de droga), constitucionalização do
Direito Civil (conforme a Constituição),
microssistemas/estatutos e
recodificação (Código Civil brasileiro de
2002, Código Civil argentino de 2015)
♧ Direito Privado: conceito e ramos
Noção: relações jurídicas travadas para a ordenação de interesses particulares, regulado
por limites negativos (proibições) e positivos (determinações)
Ramos: direito civil, direito do consumidor, direito empresarial, direito do trabalho,
direito industrial, direito agrário
♤ Conteúdo e conceito do Direito Civil
Teorias:
- Subjetiva (regras reguladoras das relações entre particulares)
- Objetiva (regras reguladoras das relações entre as pessoas como particulares)
- Conteúdo: Princípios e regras concernentes à personalidade humana, ao
patrimônio e à família
Conceito: Direito Civil é o complexo de normas jurídicas relativas às pessoas na
sua constituição geral e comum (direitos da personalidade), nas suas relações
recíprocas de família (direito de família) e em face dos bens considerados em seu
valor de uso (direito das coisas e das obrigações)
♡ Sistemas de classificação do Direito Civil
Romano: Pessoas, coisas e ações (estrutura do direito subjetivo: sujeito, objeto e
garantia)
Francês: Pessoas, coisas e modos diversos de aquisição da propriedade
Germânico: Classificação dos direitos conforme as diversas relações jurídicas
(parte geral com princípios comuns e parte especial com direito das obrigações,
das coisas, de família e das sucessões)
♢ Consolidação, codificação e microssistemas
Estrutura do texto legal: Lei Complementar n.o 95/98 (cf. art. 10)
- Consolidação: Justaposição de normas vigentes sobre determinada matéria,
articulando- as de forma sistematizada numa única lei. Não cria direito novo
porque reproduz o direito sem modificá-lo (mesmo que a estrutura formal das
normas consolidadas seja alterada)
Observação: cf. art. 13, § 1o, Lei Complementar n.o 95/98
Exemplos: Consolidação das Leis Civis (Teixeira de Freitas), Consolidação das
Leis do Processo Civil (Conselheiro Antônio Ribas), Nova Consolidação das Leis
Civis (Carlos de Carvalho) e Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT)
- Codificação: Cria direito novo porque origina uma nova regulação, substitutiva,
que visa romper (e não continuar) a anterior. Ordenada com base na
racionalidade
Observação: cf. arts. 7o, I, e 13, Lei Complementar n.o 95/98
- Microssistema (estatuto): texto legal que disciplina de modo completo e
estanque uma determinada ordem de relações jurídicas
. Normas de caráter protetivo (precípua de garantir a defesa das minorias) e que
abarca diversas áreas do saber jurídico
Semelhança com códigos: cria direito novo por não se tratar de mera articulação
de normas preexistentes
Distinção quanto aos códigos: materialmente não regula de forma unitária um
único ramo do direito e, formalmente, não tramita no parlamento como projeto
de código
Exemplos: Lei n.o 4.728/65 e Decreto-Lei n.o 911/69 (alienação fiduciária em
garantia); Lei n.o 6.015/73 (registros públicos); Lei 6.404/76 (sociedades
anônimas); Lei n.o 8.069/90 (ECA); Lei n.o 8.078/90 (CDC); Lei n.o 8.245/91
(locação de imóveis urbanos); Lei 8.666/93 (licitações); Lei 10.257/01 (Estatuto da
Cidade); Lei 10.671/03 (Estatuto do Torcedor); Lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso);
Lei 12.888/10 (Estatuto da Igualdade Racial); Lei 13.146/15 (Estatuto da Pessoa
com Deficiência)
Descodificação e microssistemas: cf. livro de Mário Luiz Delgado (Codificação,
Descodificação, Recodificação do Direito Civil brasileiro) e os textos “Codificação
do Direito Civil no século XXI: de volta para o futuro?” (Partes 1 e 2), de Rodrigo
Xavier Leonardo, publicadas na coluna Direito Civil Atual da CONJUR
♧ Direito Civil no Brasil
Antecedentes históricos da codificação brasileira de 1916
- Ordenações Afonsinas (1446) e Ordenações Manuelinas (1521): não aplicadas no
Brasil Ordenações Filipinas (1603)
- Lei de 1823� mantém vigente as Ordenações Filipinas no período
pós-independência
- Outras codificações: Código Criminal em 1830 e Código Comercial em 1850
Consolidação das Leis Civis e Esboço (Teixeira de Freitas)
- 1867� revogação das Ordenações Filipinas em Portugal (advento do Código Civil
português) e manutenção da vigência no Brasil (autonomia dos sistemas
positivos)
♤ Codificação:
Projeto Beviláqua e Código Civil de 1916
- Formalismo liberal
- Segue a classificação germânica
- Código germânico para uma doutrina de inspiração francesa
- Precedido de uma Lei de Introdução (depois substituída pelo Decreto-Lei n.o
4.657/42 – LINDB)
♡ Descodificação:
Constitucionalização do Direito Civil e Direito Civil Constitucional
- Envelhecimento dos códigos e fragmentação do direito civil brasileiro
- O Brasil na era dos microssistemas: impulso a partir da CF/1934, com a criação dos
Códigos de Minas, das Águas, de Menores, Florestal, de Ar e CLT. No âmbito da locação,
o Decreto 21.150/34 (Lei de Luvas) e as leis 6.239/75 (ações de despejo de hospitais,
unidades sanitárias oficiais, estabelecimentos de ensino e saúde) e 6.649/79 (lei do
inquilinato, posteriormente revogada pela lei 8.245/91). Posteriormente, Lei de Mercado
de Capitais (4.278/65), da propriedade industrial (lei 9.279/96), da propriedade autoral
(lei 9.610/98)
- Constitucionalização do direito: inserção de matéria cível no texto constitucional (v.
Virgílio Afonso da Silva, Constitucionalização do Direito)
- Direito Civil Constitucional: metodologia de interpretação do Código Civil de 1916 a
partir da CF/88
♢ Recodificação e o Código Civil de 2002
Ruptura sim, revolução não
Tentativas anteriores ao CC/02� anteprojeto de 1941 (Philadelfo Azevedo, Orozimbo
Nonato e Hahnemann Guimarães), projeto de Código Civil de Orlando Gomes (PL
3.623/1965) e projeto de Código das Obrigações de Caio Mário da Silva Pereira (PL
3.264/1965)
Comissão Miguel Reale: 23/05/1969 (com participação de José Carlos Moreira Alves,
Agostinho de Arruda Alvim, Sylvio Marcondes, Ebert Chamoun, Clóvis do Couto e Silva e
Torquato Castro)
1972� publicação do primeiro anteprojeto e embate com Caio Mário
PLC 634/1975� aprovação em 09/05/1984 na Câmara dos Deputados com 238 emendas
(e mais de 800 prejudicadas)
PLS 118/1984: estacionado desde 10/1984, arquivado em 17/12/1990, desarquivamento
em 1991, retorno do andamento em 23/03/1995, aprovação em 12/12/1997 com 331
emendas
Retorno à Câmara: publicação das emendas em 04/02/1998 e retorno como PL
634-C/1975, comissão criada em 15/03/1999 e instalada em 15/06/1999, relatório de
Ricardo Fiuza em 06/12/2000 e aprovação final em 06/12/2001 e sanção em
10/01/2002
Influência do culturalismo de Miguel Reale: “concepção do Direito que se integra no
historicismo contemporâneo e aplica, no estudo do Estado e do Direito, os princípios
fundamentais da Axiologia, ou seja, a teoria dos valores em função dos graus de evolução
social”. Assim, prevaleceu a ideia realiana de que o Direito só pode ser compreendido
por meio de sua estreita vinculação com os valores éticos e sociais, por isso sua
linguagem aberta. A influência deste culturalismo de Reale está sintetizada nas três
diretrizes centrais: socialidade, eticidade e operabilidade.
♧ Diretrizes centrais
(1) Socialidade: prevalência dos valores coletivos sobre individuais. Exemplos: arts. 421,
1.228, §§ 1o a 5o, 1.239 e 1.240;(2) Eticidade: critérios éticos-jurídicos que dão maior poder ao juiz para encontrar a
solução mais justa ou equitativa. Exemplos: equidade, boa-fé objetiva etc – arts. 113, 187
e 422;
(3) Operabilidade: abertura hermenêutica ao juiz para que dê concreção ao Direito, que
é feito para ser executado (teoria da concreção jurídica). Exemplo: art. 927

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