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Introdução à Epidemiologia: Medindo Saúde e Doença

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Geovana Sanches - TXXIV 
Epidemiologia 
Professora Maria Eliza Manso 
INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA 
 Etimologicamente, pode-se dividir a palavra 
epidemiologia em: 
EPI= sobre 
DEMOS= povo 
LOGOS= estudo 
 Definindo-se, portanto, epidemiologia como a 
ciência do que ocorre sobre o povo, ou seja, o estudo 
sobre o povo. 
Medindo saúde e doença 
Segundo a lei 8080- Lei orgânica da saúde, 
“Saúde é um estado de completo bem-estar físico, 
mental e social e não apenas a ausência de doença”. 
No conceito ampliado de saúde, temos que ela 
é resultante das condições de alimentação, habitação, 
educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, 
emprego, lazer, liberdade, acesso e posse de terras e 
acesso a serviços de saúde. A partir desse conceito é 
possível gerar dados quantificáveis para avaliar a saúde 
da população. 
Medir saúde e doença é fundamental para a 
prática da epidemiologia. Diversas medidas são 
utilizadas para caracterizar a saúde das populações. 
Situação de saúde 
São necessários dados, os quais vão gerar 
informações. Os dados de importância para a análise 
da situação de saúde são inúmeros e de fontes 
diversas. Eles nos permitem saber, por exemplo, as 
causas da doença e como ela se manifesta na 
população (faixa etária, massa corporal etc.). 
• Dados sobre a população: número de 
habitantes, idade, sexo, raça. 
• Dados socioeconômicos: renda, ocupação, 
classe social, tipo de trabalho, condições de 
moradia e alimentação. 
• Dados ambientais: poluição, abastecimento 
de água, tratamento de esgoto, coleta e 
disposição de lixo. 
• Dados de serviço de saúde: hospitais, 
ambulatórios, unidades de saúde, acesso aos 
serviços. 
• Dados de morbidade: doenças que ocorrem na 
comunidade. 
• Eventos vitais: óbitos, nascimentos vivos e 
mortos, principalmente. 
Analisar a situação de saúde tem sido uma das 
competências da epidemiologia, a fim de contribuir 
para a definição de políticas públicas. 
Ao medir o estado de saúde das populações, 
realiza-se o diagnóstico, que permite pensar as 
intervenções a serem realizadas e avaliar seu impacto. 
A epidemiologia não faz um diagnóstico individual, mas 
sim diagnóstico sanitário. 
Diagnóstico Individual Diagnóstico sanitário 
Examina o indivíduo Identifica os níveis de 
saúde-doença da 
população 
Formula hipóteses de 
diagnóstico 
Formula hipóteses de 
causalidade 
Aplica exames 
complementares 
Aplica métodos de 
verificação 
Conclui diagnóstico Elabora diagnóstico de 
situação 
Instaura tratamento Implementa ações e 
programas de saúde 
Faz avaliação clínica Faz avaliação do impacto 
das ações nos níveis de 
saúde-doença da 
população 
A partir disso, podem-se instituir políticas 
públicas, sendo que o objetivo do diagnóstico sanitário 
é, portanto, melhorar o nível de saúde da comunidade. 
Indicadores 
Os indicadores são “medidas contadas ou 
calculadas e observações classificáveis, capazes de 
revelar uma situação que não é aparente por si só”. 
Eles podem ser expressos em: 
• Frequência absoluta- diz respeito a um número 
de vezes que o elemento aparece na amostra 
ou o número de elementos pertencentes a 
uma classe. Não levam em conta o tamanho da 
população. 
• Frequência relativa- é a porcentagem do valor 
dos dados em relação ao total da amostra 
Números absolutos não são utilizados para 
avaliar o nível de saúde, pois não levam em conta o 
tamanho da população. Desta forma, os indicadores de 
saúde são construídos por meio de razões (frequência 
relativa), em forma de proporções ou coeficientes. 
Medir a saúde real da população é bastante 
difícil, por isso a forma de medir/ verificar mais 
utilizada está relacionada aos dados de morte e 
doença. A obtenção de dados pode ser por intermédio 
de estatísticas ambulatoriais ou hospitalares, assim 
como por inquéritos. 
Morbidade 
 Incidência é a ocorrência de um caso novo de 
uma doença ou agravo em uma população qualquer e 
em um dado período. 
Prevalência representa o número de casos 
presentes (novos + antigos) em uma determinada 
comunidade num período de tempo especificado. 
Letalidade representa a proporção de óbitos entre 
os casos da doença, sendo um indicativo da gravidade 
da doença ou agravo na população. É, portanto, a 
capacidade de uma determinada doença de causar 
óbito. 
 
 Geovana Sanches - TXXIV 
Mortalidade 
Os indicadores de mortalidade podem ser 
definidos com a razão entre frequências absolutas de 
óbitos e número de sujeitos expostos ao risco de 
morrer. 
• Coeficiente Geral de Mortalidade (CGM) ou 
Taxa de Mortalidade Geral (TMG): representa 
o risco de óbito na comunidade em um 
intervalo definido de tempo. Mede o risco de 
morte para o total da população, 
independente de sexo, idade ou causa. 
o Razão entre o número de óbitos e o 
número total da população 
• Coeficiente de Mortalidade por Causas 
Específicas (CME): representa o risco de óbito 
por determinada causa na comunidade. Esse 
indicador pode ser refinado, dividindo-se as 
mortes em doenças crônicas, infecciosas, 
suicídios, acidentes automotores, etc. 
• Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI): é 
uma estimativa do risco que as crianças 
nascidas vivas têm de morrer antes de 
completar 1 ano. 
• Coeficiente de Mortalidade Materna: 
representa o risco de óbitos por causas ligadas 
à gestação, ao parto ou ao puerpério, ou seja, 
desde a gestação até 42 dias após o parto. 
 
PROBLEMA EPIDEMIOLÓGICO 
Em epidemiologia, o problema tem origem 
quando doenças acometem grupos humanos. Há 
necessidade de remover fatores ambientais contrários 
à saúde ou criar condições que a promovam. Os 
problemas epidemiológicos como um todo nunca 
acometem apenas o individual. 
Os dados são provenientes de: questionários 
de saúde e pesquisas populacionais, consultas 
médicas, exames médicos periódicos (empresas), 
bancos de dados de saúde (operadoras de planos de 
saúde – SIP), informações populacionais (SIAB, Vigitel, 
etc.) e hospitalares (mortalidade, morbidade). 
Os dados devem ser confiáveis para a análise. 
Caso eles não sejam completos ou não expressem a 
realidade, serão geradas informações equivocadas, 
comprometendo a qualidade. 
Registro de dados: 
• Forma contúnua: óbitos, nascimentos, 
doenças de notificação obrigatória 
• Forma periódica: recenseamento da 
população 
• Forma ocasional: pesquisas realizadas com fins 
específicos, como por exemplo conhecer a 
prevalência da hipertensão arterial em uma 
comunidade, em determinado momento. 
Obs.: O indicador com pior notificação é o de 
mortalidade materna. Estima-se que ele esteja muito 
acima dos números notificados. 
Dado Informação 
É um número É a análise desse 
número, a explicação. 
 O alvo do estudo epidemiológico é uma 
população humana que pode ser definida em termos 
geográficos ou outro qualquer (exemplo: um grupo 
específico de pacientes hospitalizados ou de 
trabalhadores de uma indústria). Em geral a população 
utilizada em um estudo epidemiológico é aquela 
localizada em uma determinada área do país em um 
certo momento do tempo. 
Fenômeno da “Ponta do Iceberg” 
Refere-se a uma característica dos dados 
epidemiológicos, tanto de morbidade quanto 
mortalidade. As notificações representam apenas uma 
parte da população, a que morre ou a que chega ao 
serviço de saúde e tem seu diagnóstico feito e 
registrado corretamente. 
Dessa forma, na ponta do iceberg, encontram-
se os casos conhecidos, enquanto submerso estão os 
casos assintomáticos, casos sintomáticos que não 
chegam a serviços de saúde e casos que chegam ao 
serviço de saúde, mas não são diagnosticados e/ou 
informados. 
Medindo a falta de saúde 
 Medir saúde é uma tarefa difícil. Assim, para 
avaliá-lo, utilizando os dados negativos, ou seja, de 
não-saúde: morte, doenças e agravos. 
Um importante fator a considerar no cálculo 
das medidas de ocorrência de doenças é o total de 
pessoas expostas, ou seja, indivíduos que podem vir 
até a doença. Exemplo: carcinoma de colo uterino- a 
população de risco incluidivisão de sexo biológico 
(acomete apenas mulheres), idade (entre 25 e 69 anos) 
e vida sexual ativa ou não. 
 A população de risco refere-se as pessoas 
suscetíveis a determinadas doenças. Essa população 
pode ser estudada conforme fatores demográficos, 
geográficos e ambientais. Exemplo: acidentes de 
trabalho só ocorrem com pessoas que estão 
trabalhando, de modo que a população de risco para 
esses acidentes consiste nos trabalhadores. 
 
 Geovana Sanches - TXXIV 
• P- Base populacional do risco 
• E- Subconjunto de exposição 
• I- Subconjunto dos infectados 
• D- Subconjunto de doença 
• G- Subconjunto de casos graves 
• O- Subconjunto de óbitos 
Contagem: é número de vezes que ocorre um 
evento no estudo, em um determinado tempo e lugar. 
Importante para o planejamento das ações, por 
exemplo: em uma UBS há 250 pacientes com 
tuberculose, quantos medicamentos são necessários 
para atendê-los? ; é importante na vigilância de 
eventos raros e doenças emergentes, nos quais 
geralmente são utilizados números absolutos. 
Razão: é um valor dividido por outro, sendo 
que um não está incluído no outro. Exemplos: 
- Razão de Masculinidade: homens/mulheres (muito 
utilizado para HIV/AIDS); razão de feminilidade se daria 
pela divisão de mulheres/ homens, mas não é muito 
utilizada. 
• Cálculo de razão de masculinidade 
• Para investir na prevenção, seria escolhido 
uma faixa etária, de um sexo, de acordo com 
um indicativo. No caso, seria na faixa etária de 
40 a 50 anos - homens. 
 
- Razão de leitos: número de leitos hospitalares / 
população total 
- Razão de óbitos maternos: número de óbitos 
maternos / total de nascidos vivos. 
Proporção: é uma probabilidade. Tipo de razão 
na qual o numerador está incluído no denominador (é 
um subconjunto). Exemplo: em uma cidade, 10% da 
população tem hipertensão - a probabilidade de um 
morador dessa cidade ter hipertensão é 10% 
(estimativa de probabilidade). 
Odds: probabilidade em que o numerador é o 
evento de interesse e o denominador é o não-evento. 
O numerador e o denominador são complementares. 
Taxa ou coeficiente: é a medida de um 
determinando evento relacionado ao que isto 
representaria considerando-se toda a população 
exposta. Calcula-se pelo número de doentes / total de 
expostos x 10ˆk. 
Números absolutos, razões e proporções 
geralmente descrevem uma situação estática. 
Enquanto as taxas são medidas usadas para avaliar 
dinamicamente os fenômenos da população, 
permitindo a comparação entre diferentes locais. 
INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS 
Mortalidade 
 A taxa de mortalidade é usada principalmente 
para a comparação entre países. Trabalha-se com os 
subconjuntos óbito e população de risco. 
TMG (taxa de mortalidade geral): representa 
os óbitos por qualquer causa em uma dada população, 
em intervalo definido de tempo. Os dados são 
retirados dos atestados de óbito. 
 
Os principais usos do TMG são na descrição de 
condições de saúde, investigações epidemiológicas e 
avaliação de intervenções sanitárias. 
Quanto as limitações temos que a qualidade 
dos dados não é igual para todas as regiões de um país 
e em para os diferentes países - depende da 
organização dos serviços de saúde para notificar as 
mortes e da qualidade do preenchimento da certidão 
de óbito. Além disso, em comparações internacionais, 
há acentuadas diferenças na estrutura etária das 
populações estudadas. 
TMA (taxa de mortalidade ajustada ou 
padronizada): anula os efeitos de composição etária e 
em relação ao número de pessoas, sendo, portanto, 
melhor para fins de comparação. É feita em relação a 
100.000 habitantes (padronizada pela OMS). 
TME (taxa de mortalidade por causas 
específicas): permite identificar as causas que mais 
levam à morte nas diferentes faixas etárias, para sexos 
distintos. Possibilita a diferenciação entre as regiões do 
país e é de extrema importância para o planejamento 
das ações se saúde. 
TME= número de óbitos pela causa específica, 
em determinado local e período x 100.000 / 
população total do mesmo local e período 
Limitações para TME 
● O registro de causas de morte, embora venha 
melhorando não é fidedigno na maioria dos 
municípios brasileiros. 
● Nos casos em que a doença transcorreu sem 
acompanhando e o óbito ocorreu sem 
assistência médica , duas testemunhas 
atentam o óbito como morte natural. Isso 
ocorre principalmente em distritos afastados e 
a informação é registrado como causa 
“desconhecida”. 
 Geovana Sanches - TXXIV 
● Havendo acompanhamento clínico na fase 
final da doença, os motivos de mau 
preenchimento do atestado de óbito são: 
○ Erro de diagnóstico por insuficiência 
de recursos médicos , por deficiência 
pessoal ou pelo que se chama 
“indiagnosticável atual”. 
○ Desconhecimento do modo de 
preencher atestado de óbito. 
○ Atenção dada ao preconceito familiar 
quanto a doenças e condições 
estigmatizastes (sífilis, alcoolismo, 
suicídio) 
● Divergência de nomenclatura utilizada para a 
causa da morte 
● Divergência em relação à classificação 
Internacional de Doenças e Causas Morte. 
MORTALIDADE INFANTIL 
É uma estimativa do risco que às crianças 
nascidas vivas tem de morrer antes de completar um 
ano de idade. É considerado um indicador sensível das 
condições de vida e saúde de uma comunidade. 
Pode ser calculado por regra de 3 ou através de 
uma razão: 
CMI= óbitos de menores de 1 ano em 
determinada comunidade e ano x 1000 / 
nascidos vivos na mesma comunidade e ano. 
O numerador (óbitos de menores de um ano) e 
o denominador (nascidos vivos) podem apresentar 
problemas de classificação. Para evitar esses 
problemas, as definições da OMS devem ser seguidas: 
• Nascido vivo: Expulsão ou extração completa 
do corpo da mãe, independentemente da 
duração da gravidez, de um produto de 
concepção que, depois da separação, respire 
ou apresente qualquer outro sinal de vida, tal 
como batimentos do coração, pulsações do 
cordão umbilical ou movimentos efetivos dos 
músculos de contração voluntária, estando ou 
não cortado o cordão umbilical e estando ou 
não desprendida a placenta. 
• Óbito fetal: É a morte do produto conceptual, 
antes da expulsão ou da extração completa do 
corpo da mãe, independente da duração da 
gravidez. Indica óbito se o feto, depois da 
separação, não respirar nem apresentar 
nenhum outro sinal de vida, como batimentos 
do coração, pulsações do cordão umbilical ou 
movimentos efetivos dos músculos de 
contração voluntária. 
• Óbito infantil: É a criança que, nascida viva, 
morreu em qualquer momento antes de 
completar um ano de idade. Uma criança que 
nasceu viva, nem que tenha apresentado 
apenas batimentos de cordão umbilical, e 
morrido em seguida, deve ser considerada 
como óbito de menor de 1 ano (óbito infantil) 
e entrar no cálculo do coeficiente de 
mortalidade infantil (CMI). 
A todo bebê que nasce, há uma Declaração de 
Nascido Vivo (DN); no caso de o bebê apresentar um 
batimento de cordão e depois morrer, é necessário 
realizar um Declaração de óbito (DO). Tais registros 
devem ser registrados em cartório de registro civil. 
O erro nos registros é um viés no cálculo do 
coeficiente de mortalidade infantil e neonatal. 
Exemplo: caso uma criança seja classificada como óbito 
fetal erroneamente, o numerador perde um caso de 
óbito infantil e o denominador, um nascido vivo -> 
Redução artificial ou enganosa. 
O coeficiente de mortalidade infantil pode ser 
dividido em: 
● Coeficiente de mortalidade neonatal: óbitos 
de 0 a 27 dias inclusive, em relação ao total de 
nascidos vivos (por 1000) - doenças congênitas 
não obrigatoriamente hereditárias. 
○ Mortalidade Neonatal Precoce: 0 a 6 
dias - malformação 
○ Mortalidade Neonatal Tardia: 7 a 27 
dias 
● Coeficiente de mortalidade pós-neonatal ou 
infantil tardia: óbitos de 28 dias a 364 dias 
inclusive, em relação ao total de nascidos vivos 
(por 1000). 
 
Essa divisão, relacionada à idade da criança 
quando morreu, deve-se à observação de que no 
período neonatalpredominam as causas ligadas a 
problemas da gestação e do parto (causas perinatais e 
anomalias congênitas), e de que, no período pós-
neonatal, prevalecem as causas de morte relacionadas 
ao meio ambiente e às condições de vida e de acesso 
aos serviços de saúde (doenças infecciosas, 
pneumonias, diarreia, por exemplo). 
 
Mortalidade infantil de 1990 a 2015 
A TMI apresentou tendência decrescente e 
desacelerando no final da série, sendo que a maior 
redução da taxa de Mortalidade na Infância pode ser 
observada no período neonatal e neonatal precoce. 
 As taxas de mortalidade do período neonatal 
tardio e de 1 a 4 anos também diminuíram, levando à 
 Geovana Sanches - TXXIV 
redução da taxa de mortalidade em menores de 5 anos 
no Brasil e em todas as regiões. 
O Brasil alcançou a meta dos Objetivos de 
Desenvolvimento do Milênio (ODM), cumprindo a 
trajetória de redução de dois terços da Taxa de 
Mortalidade Infantil e na Infância. 
Política Nacional de Atenção à Saúde da Criança 
O objetivo dessa política é promover e 
proteger a saúde da criança e o aleitamento materno, 
mediante a atenção e cuidados integrais e integrados, 
da gestação aos 9 anos de vida, com especial atenção 
à primeira infância e às populações de maior 
vulnerabilidade, visando à redução da 
morbimortalidade e um ambiente facilitador à vida 
com condições dignas de existência e pleno 
desenvolvimento. 
Vale lembrar que a saúde da criança tem início 
na gestação. 
MORTALIDADE MATERNA 
É um indicador da qualidade de assistência à 
gestação e ao parto numa comunidade. 
Morte materna, segundo a 10ª Revisão da 
Classificação Internacional de Doenças (CID-10), é a 
"morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 
dias após o término da gestação, independente da 
duração ou da localização da gravidez, devida a 
qualquer causa relacionada com ou agravada pela 
gravidez ou por medidas em relação a ela, porém não 
devida a causas acidentais ou incidentais". 
Coeficiente de mortalidade materna 
CMM= número de óbitos de mulheres 
residentes, relacionados a gravidez, parto e 
puerpério x 100.000 / número de nascidos 
vivos de mães residentes 
 As definições da OMS (1994) são fundamentais 
para o cálculo correto deste indicador: 
a) Morte obstétrica direta: resultante de 
complicações obstétricas devido a 
intervenções, omissões, tratamento incorreto, 
etc. (aborto, infecção puerperal) 
b) Morte obstétrica indireta: resulta de doenças 
existentes antes da gravidez, ou desenvolvidas 
durante a gravidez, não devidas a causas 
obstétricas diretas, mas agravadas pelos 
efeitos fisiológicos da gravidez (diabetes 
mellitus, insuficiência cardíaca, etc.) 
No cálculo do coeficiente de mortalidade 
materna entram todos os casos de óbitos maternos, 
tanto por causas obstétricas diretas, como indiretas, 
que ocorreram em até 42 dias após o término da 
gestação. 
Apesar de não entrarem no cálculo para fins de 
comparação, é importante o serviço de saúde registrar, 
ainda, as mortes por causas obstétricas (diretas ou 
indiretas) que ocorreram após 42 dias do término da 
gestação, bem como as mortes relacionadas com a 
gravidez, sendo assim definidas (OMS, 1994): 
• Morte materna tardia: é a morte de uma 
mulher por causas obstétricas diretas ou 
indiretas mais de 42 dias, mas menos de um 
ano após o término da gravidez. 
• Morte relacionada com a gravidez: é a morte 
de uma mulher enquanto grávida ou até 42 
dias após o término da gravidez, qualquer que 
tenha sido a causa de morte. 
Principais causas de morte materna 
As mulheres morrem como resultado de 
complicações que ocorrem durante ou depois da 
gestação e do parto. 
A maioria dessas complicações se desenvolve 
durante a gravidez e a maior parte delas pode ser 
evitada e tratada. Outros problemas de saúde podem 
acontecer antes da gestação, mas são agravados 
durante a mesma, especialmente se não forem 
tratados como parte do cuidado da mulher. 
As principais complicações, que representam 
quase 75% de todas as mortes maternas, são: 
• Hipertensão (pré-eclâmpsia e eclampsia); 
• Hemorragias graves (principalmente após o 
parto); 
• Infecções (normalmente depois do parto); 
• Complicações no parto; 
• Abortos inseguros. 
Para reduzir a morte materna, o Ministério da 
Saúde tem implementado políticas para fortalecer a 
humanização do atendimento das gestantes, a 
melhoria da atenção pré-natal, nascimento e pós-
parto, assim como instituindo medidas de orientação e 
qualificação dos profissionais de saúde, tanto no 
âmbito da atenção básica como naquele de urgência e 
emergência. 
Associadamente, o fortalecimento das ações 
da Comissão Nacional de Mortalidade Materna e dos 
Comitês Estaduais e Municipais de Investigação do 
Óbito Materno é outra importante estratégia em 
curso: 
• Pré-natal deve começar o mais cedo possível 
• Rede Cegonha acompanha a saúde da mulher 
• Redução da taxa de cesárea no Brasil 
• Cursos qualificam o atendimento 
 
MORTALIDADE ENTRE ADULTOS 
A taxa de mortalidade entre adultos é definida 
como a probabilidade de morrer entre as idades de 15 
e 59 anos para cada 1000 pessoas. Essa taxa permite 
avaliar diferenças no nível de saúde entre países 
analisando-se a faixa etária de maior atividade 
econômica ou população economicamente ativa (PEA), 
compreendidas as faixas etárias entre 15 e 59 anos de 
idade. 
 Geovana Sanches - TXXIV 
No Japão, por exemplo, menos de 1 em cada 
10 homens e 1 em cada 20 mulheres morrem nesse 
grupo etário, comparado com 2 em cada 3 homens e 1 
em cada 2 mulheres em Angola. No Brasil, também 
predominam os óbitos masculinos, sendo a grande 
maioria destes causados por causas externas como 
acidentes e violência, (homicídios e lesões corporais 
graves, além dos acidentes por veículo a motor). 
Este incremento mundial de óbitos masculinos 
entre a PEA leva a um fenômeno demográfico 
conhecido como feminização da velhice, em que, nas 
faixas etárias acima de 60 anos, passam a predominar 
numericamente as mulheres. No Brasil, 55% da 
população acima de 60 anos é composta por pessoas 
do sexo feminino. 
Razão de Mortalidade Proporcional acima de 50 anos 
• Indicador de Swaroop Uemura 
Também é utilizado como indicador de nível de 
vida de uma população, pois, conforme aumenta a 
qualidade de vida de uma população, maior será o 
número de idosos encontrados nesta, refletindo 
melhora das condições econômicas, ambientais e 
políticas. 
 Indica a porcentagem de pessoas que 
morreram com 50 anos ou mais em relação ao total de 
óbitos. É fácil de calcular e possibilita a comparação 
nacional e internacional 
 
 
É interpretado segundo quatro níveis que 
relacionam os óbitos acima de 50 anos com as 
condições socioeconômicas do país: 
• 1° grupo: índice igual ou superior a 75% 
(países desenvolvidos) 
• 2° grupo: variando de 50 a 75% (países com 
desenvolvimento regular) 
• 3° grupo: variando de 25 a 49% (países com 
baixo desenvolvimento socioeconômico e de 
serviços de saúde) 
• 4° grupo: valores inferiores a 25% (muito 
baixo desenvolvimento socioeconômico e de 
serviços de saúde) 
Utilizado mundialmente por suas vantagens: 
1) simplicidade de cálculo 
2) facilidade de obtenção de dados 
3) possibilidade de comparação nacional e 
internacional 4- dispensa de dados de base 
populacional. 
Há críticas, tendo em vista que, conforme a 
população se torna mais idosa, o indicador não mais 
discrimina como antes o índice de desenvolvimento 
ente os diferentes países. 
Atualmente, face ao aumento da expectativa 
de vida em muitos países, alguns autores têm usado o 
limite de 60 anos e mais de idade para o cálculo da 
proporção de idosos entre os óbitos, como 
apresentando pela RIPSA (Rede Interagencial de 
Informações para a Saúde) em seu IDB98 (Indicadores 
de dados básicos para a saúde). 
A razão de mortalidade proporcional pode 
ainda ser calculada para outras faixas etárias: utiliza-se 
como numerador o número de óbitos ocorridos em 
uma determinada faixa etária e como denominador,o 
total de óbitos que aconteceram em uma dada 
população, em um período definido de tempo. Por 
exemplo, Razão de Mortalidade Infantil 
Proporcionalos: 
• Óbitos de crianças menores de 1 ano são 
relacionadas ao total de óbitos de todas as 
idades. 
• Também reflete as condições 
socioeconômicas dos países: quanto mais 
crianças morrem nas idades iniciais da vida, 
menos a população viverá, sendo que as 
mortes infantis são, em sua grande maioria, 
evitáveis e relacionadas às condições sociais 
como visto no Indicador Mortalidade Infantil. 
As mortalidades proporcionais por faixas 
etárias são utilizadas em várias situações na saúde 
pública, porém vem sendo destacadas, principalmente, 
ao tratarmos de óbitos entre idosos. Conforme a 
população se torna mais longeva, definir uma faixa 
etária como 60 e mais, como é feito em alguns estudos, 
não traduz a realidade, já que é obvio que um idoso de 
65 anos não é semelhante a outro de 90 anos em 
termos de processo saúde-doença. 
Curva de Nelson Moraes – Curva de Mortalidade 
Proporcional 
A Curva de Mortalidade Proporcional, ou Curva 
de Nelson Moraes é uma representação gráfica da 
mortalidade proporcional por idade, 
que permite rápida visão da distribuição de óbitos 
pelas diferentes faixas etárias, facilitando 
comparações. 
As curvas expressam os óbitos ocorridos em 
cinco agrupamentos etários: menores de 1 ano, 
crianças em idade pré-escolar (1 a 4 anos), crianças e 
adolescentes (5 a 19 anos), adultos jovens (20 a 49 
anos) e maiores de 50 anos. 
O numerador é composto pelos óbitos 
ocorridos de uma determinada faixa etária e o 
denominador é o total de óbitos em uma dada 
população, em um período definido de tempo. 
O formato da curva indica o nível sanitário da 
região: 
Þ Tipo I- nível de saúde muito baixo, onde a 
mortalidade infantil é alta, mas predominam 
 Geovana Sanches - TXXIV 
óbitos de adultos jovens. A curva assume aparência 
de um N 
 
Þ Tipo II- nível de saúde baixo, onde óbitos 
predominantes ocorrem nas faixas etárias de 
menores de 1 ano e de 1 a 4 anos. A curva assume 
aparência de um L . 
 
Þ Tipo III- nível de saúde regular, sendo que a 
proporção de óbitos infantis diminui e aumenta o 
número de mortes acima de 50 anos de idade. A 
curva assume aparência de um V . 
 
 
 
 
 
 
Þ Tipo IV- nível de saúde elevado. As pessoas 
morrem predominantemente acima de 50 anos e a 
curva assume aparência de um J. 
 
Índice de Guedes e Guedes 
As curvas de Nelson Moraes podem ainda ser 
quantificadas, refletindo uma tradução numérica. 
Embora a forma da curva esteja associada a um 
determinado diagnóstico das condições de saúde de 
uma população, a interpretação pode ser afetada pela 
avaliação subjetiva, e pode ser difícil, para curvas 
parecidas, realizar a diferenciação. 
Cada porcentagem encontrada de óbitos para 
cada faixa etária é multiplicada por um peso, sendo 
depois estes valores somados e divididos por 10, 
gerando um coeficiente, conhecido como Índice de 
Guedes e Guedes: 
• Menores de 1 ano: peso -4 
• De 1 a 4 anos: peso -2 
• De 5 a 19 anos: peso -1 
• De 20 a 49 anos: peso -3 
• A partir de 50 anos: peso +5 
Tabela 1: Cálculo do Índice de Guedes e Guedes (IGG) 
 
Correlação entre o tipo de Curva de Nelson Moraes 
(CNM) e o Índice de Guedes e Guedes (IGG). 
 
TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA 
A transição demográfica provoca uma forte 
mudança na estrutura etária da pirâmide populacional. 
Ela é caracterizada por: 
• Queda nas taxas de natalidade; 
• Queda na taxa média de fecundidade; 
• Redução da mortalidade precoce; 
• Aumento da esperança de vida ao nascer. 
 
Obs.: a taxa de fecundidade é o número médio 
de filhos por mulher em idade fértil. No Brasil, essa taxa 
já está abaixo de 2.1, a qual é considerada a taxa de 
reposição de uma população. Portanto, daqui para 
frente, teremos cada vez menos jovens e mais idosos. 
Tendência: crescimento baixo ou mesmo 
negativo da população jovem, desacelaração do 
 Geovana Sanches - TXXIV 
crescimento da população em idade ativa (15 aos 45 
anos) e grande crescimento do contingente de idosos. 
Estágios da transição demográfica brasileira 
1) Primeiro estágio: século 19 até 1940. 
• Altas taxas de natalidade + Altas taxas de 
mortalidade = população estável e grande 
proporção de jovens 
2) Segundo estágio: de meados dos anos 40 até início 
dos anos 70. 
• Altas taxas de natalidade + queda das taxas de 
mortalidade = grande população total com alta 
proporção de jovens 
3) Terceiro estágio: a partir de meados dos anos 
1960. 
• Redução das taxas de natalidade + taxas de 
mortalidade caindo = redução rápida do 
crescimento populacional e aumento da 
proporção de adultos jovens e idosos. 
Junto a esse processo, ocorreu a transição de uma 
sociedade rural e tradicional para uma sociedade 
urbana e moderna. Com isso, mudaram-se as formas 
de inserção da mulher na sociedade, com rearranjos 
familiares. Houve ainda, incrementos tecnológicos. 
Taxa de participação na PEA por sexo e grupos 
etários no Brasil (IBGE): 
 
Taxa de fecundidade 
 
Entre 1940 e 1960, a taxa média de 
fecundidade no Brasil manteve-se em torno de 6 filhos 
por mulher. Entretanto, desde então, esse indicador 
vem descrendo em todas as regiões do país e entre 
todos os grupos sociais, ainda que em ritmos 
diferentes. 
Em 2010, o país apresentou taxa de 
fecundidade de 1,9 filhos por mulher, variando de 2,1 
a 3 nas unidades federadas da região Norte, e de 1,6 a 
1,7 nas UF das regiões Sul e Sudeste. 
Redução da mortalidade precoce 
 A proporção de mortes ocorridas antes dos 20 
anos de idade passou de 12,2% em 2000, para 7,4% em 
2010. 
 Nesta mesma década, o risco de morrer no 
primeiro ano de vida caiu de 26,6 para 16,2 por 1000 
nascidos vivos (NV). 
 Não obstante, poderíamos e deveríamos fazer 
melhor. Cerca de 70% das mortes infantis no Brasil são 
consideradas evitáveis por ações efetivas do Sistema 
Único de Saúde. 
Expectativa global de vida 
 Graças ao íngreme e contínuo declínio na 
fecundidade e mortalidade, o mundo envelheceu 
rapidamente. A expectativa de vida vem 
progressivamente aumentando, ou seja, estamos 
vivendo por mais tempo. 
 Segundo projeções da ONU para 2050, todas as 
idades aumentarão 35%, sendo que entre 65 e 84 anos 
aumentarão 164%; entre 85 e 99 anos, 301% e idosos 
com mais de 100 anos, 746%. 
 Proporção estimada de idosos no mundo em 
2050: 
 
 
 No censo de 2010 realizado pelo IBGE, o Brasil 
possui 10,8% de sua população acima de 60 anos. 
Atualmente, essa proporção já subiu para 14,3%, com 
um total de 29,4 milhões de idosos. Estima-se, ainda, 
que em 2030 tenhamos 41,5% milhões de idosos, o que 
representaria 18% da população. 
Há uma tendência a feminização da população 
idosa, além do grande aumento da população de 
octogenários (com 80 anos ou mais), como 
demonstrado no infográfico abaixo. 
 
 Geovana Sanches - TXXIV 
 No censo de 2010, no Brasil, havia 24.236 
centenários e, até 2050, estima-se que sejam 35 mil. 
 Com esses dados, conclui-se que houve uma 
grande alteração no padrão demográfico. A forte 
queda na fecundidade e o aumento da longevidade 
impulsionaram um envelhecimento acelerado da 
população brasileira. Há tendências de crescimento 
baixo ou mesmo negativo da população jovem, 
desaceleração do crescimento da população em idade 
ativa e grande crescimento do contingente de idosos. 
Alguns conceitos 
Envelhecimento populacional: Mudança na 
estrutura etária da população, que produz um 
aumento do peso relativo das pessoas acima de 
determinada idade, considerada como definidora do 
início da velhice. 
Envelhecimento individual: Processo 
sequencial, individual, cumulativo, irreversível, 
universal, não patológico, de deterioração de um 
organismo maduro, próprio a todos os membros de 
uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos 
capaz de reagir frente ao estresse do meio- ambiente 
e, portanto, aumente sua possibilidade de morte. 
Envelhecimento ativo: refere-sea participação 
contínua das pessoas em questões sociais, econômicas, 
culturais, espirituais e civis, não se restringindo à 
participação em programas de atividade física ou à 
integração da força de trabalho. 
Senescência: processo natural de 
envelhecimento que, em condições normais, não 
costuma provocar qualquer problema. 
Senilidade: condição patológica de 
envelhecimento que requer assistência. Essa condição 
pode ocorrer devido a situações de sobrecarga, como, 
por exemplo, a presença de doenças. 
Política Nacional de Saúde da Pessoa idosa 
(PNSPI): Portaria MS/GM n 2528, de 19 de outubro de 
2006. Direciona medidas coletivas e individuais de 
saúde para população idosa em consonância com os 
princípios e diretrizes do Sistema Única de Saúde, a fim 
de promover a recuperação, a autonomia e a 
independência dos idosos. Inclui direitos e busca 
preservar a integração social da pessoa idosa, sendo o 
trabalho preponderando na manutenção da 
identidade do idoso e sua integração social. 
Dia Nacional do Idoso: Lei n 11.433, de 28 de 
dezembro de 2006. Institui o dia 1 de outubro como o 
Dia Nacional do Idoso. Também determina que os 
órgãos públicos responsáveis pela coordenação e 
implementação da Política Nacional do Idoso fiquem 
incumbidos de promover a realização e divulgação de 
eventos que valorizem a pessoa do idoso na sociedade. 
 
TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA 
 A transição epidemiológica é a mudança no 
padrão de adoecimento de uma população, alternado 
assim o padrão de morbimortalidade. Ela está 
intimamente relacionada à transição demográfica, com 
o aumento do número de idosos. 
 Ela pode ser explicada por várias teorias, sendo 
a mais utilizada a teroria de Omran, criada em 1971. 
Ela mostra como os padrões de adoecimento e 
mortalidade se alteraram ao longo da história. Há 
sempre um desequilíbrio entre doenças infecciosas ou 
doenças crônicas não transmissíveis. 
 
 Na antiguidade (Grécia Antiga), imperavam 
óbitos pelas doenças infecto-parasitárias e guerras. A 
primeira grande pandemia descrita ocorreu na Guerra 
do Peleponeso, em que a população morreu por 
diarreia, relacionada à Salmonella Typhi. Há ainda a 
peste negra, que dizimou quase a Europa inteira. No 
período da colonização das Américas, vieram à óbito os 
indígenas devido às doenças infecciosas (varíola e 
sarampo) trazidas pelos europeus. Quando ocorreu o 
tráfico de escravos, houve a introdução de doenças 
que nem os indígenas, nem os europeus tinham 
contato, como a febre amarela. 
Assim, essas doenças (como pneumonias e 
doenças diarreicas) sempre foram uma causa 
importante para mortalidade em grande número. 
Conforme a descoberta de medidas 
preventivas, imunização, saneamento básico, a 
incidência das doenças infecciosas diminui (exceto nas 
grandes epidemias). Com isso, as tendências atuais 
deslocam o óbito para as idades mais avançadas, 
aumentando as causas de óbito relacionadas às 
doenças crônico-degenerativas (principalmente 
aparelho circulatório e neoplasias). 
Carga global de doenças 
 Global Burden of Disease (GBD) 
A carga global de doenças é um esforço 
científico para quantificar a magnitude da perda de 
saúde devido a doenças, lesões e fatores de risco por 
idade, sexo, localidades geográficas. Leva em 
consideração o conceito ampliado de saúde. Visa 
apoiar a investigação científica contínua e permitir o 
planejamento em saúde. Envolve especialistas e 
pesquisadores de diversas áreas, em todo o mundo. 
Os dados são atualizados anualmente para 
toda a série 1990 a 2016. São provenientes de 
múltiplas fontes de todos os países, oriundos de 
estatísticas vitais, censos, bases administrativas (como 
o DataSUS), publicações, inquéritos, registros de 
câncer, registros policiais (causas externas), dados 
ambientais, trabalho, outros. Eles são comparáveis, 
ajustados, padronizados, permitindo estimativas 
globais, nacionais e por UF. A publicação permite uma 
 Geovana Sanches - TXXIV 
visualização pública de metodologia e resultados 
principais. 
Histórico 
- 1991: GBD originou-se de parceria entre Banco 
Mundial e OMS visando estudar a carga global de 
doenças. 
- 1996: resultados publicados em 2 volumes 
- 1997: artigos publicados no The Lancet 
- 2010: mudança do estudo da OMS para IHME 
(Institute of Health Metrics and Evaluation) – 
Washington University 
- GBD 2010: 488 autores de 303 instituições em 50 
países que colhem dados para se avaliar a carga global 
de doenças. 
- GBD 2016: 195 países, mais de 2500 colaboradores. 
Métricas gerais GBD (Indicadores utilizados) 
1) Óbitos (328 causas analisadas, entre doenças e 
lesões) 
2) Taxas de mortalidade, ajustadas, padronizadas 
3) YLLs (anos de vida perdidos por morte prematura; 
avalia-se o ano em que ela morreu, comparando-se à 
expectativa de vida) 
4) YLDs (anos de vida perdidos por incapacidade) 
5) DALYs (YLL + YLD) – Anos de vida perdidos ajustados 
por incapacidade 
6) Prevalência 
7) Incidência 
8) Fatores de risco 
9) Expectativa de vida 
10) Expectativa de vida saudável 
GBD Brasil 
Parceria que envolve IHME, Ministério da 
Saúde, Universidades Locais e pesquisadores. 
Objetivos são cooperação, ampliação de fontes, 
revisão estimativas, validação, análises para Brasil, 
análises para UF. As fontes de dados incluem inquéritos 
epidemiológicos, registros vitais, censo e vigilância 
epidemiológica. 
Transição Epidemiológica – Brasil 
 Houve um aumento das doenças crônico-
degenerativas na carga global de doenças no Brasil: em 
1990, eram 59,6% ; já em 2015, essa porcentagem 
ascendeu para 75,8%. 
 Há ainda uma importante queda das causas 
por doenças infecciosas, de 25,6% em 2010 para 
12,4%. Obs.: nessa porcentagem estão inclusas ainda 
as doenças nutricionais. 
 
 
 
O envelhecimento da população brasileira 
ocorreu de maneira muito rápida, de forma que o país 
não teve tempo para se preparar para essa transição 
demográfica. 
 Principais causas de mortes: doença isquêmica 
do coração; doença cerebrovascular; infecção de vias 
respiratórias inferiores. 
 Principais causas de mortes prematuras: 
violência interpessoal; doença isquêmica do coração; 
DCV. A causa com maior variação percentual foi nos 
transtornos neonatais, com -43,4%, o que foi permitido 
através do aumento no número de leitos de UTI 
neonatal e formação de pediatras intensivistas. 
Tripla Carga de doenças – Brasil 
 A partir dos dados obtidos pelo GBD Brasil, 
podemos afirmar que há uma Tripla Carga de doenças. 
Doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) 
 O envelhecimento, a urbanização, as 
mudanças sociais e econômicas e a globalização 
impactaram o modo de viver, trabalhar e se alimentar 
dos brasileiros, fazendo com que os brasileiros 
tivessem um aumento nos riscos para DCNT. 
Doenças infecciosas e Parasitárias (DIP) 
 A mortalidade por DIP vem declinando desde a 
década de 1940, inicialmente com queda aguda e 
recentemente mais lenta, embora persistente. Entre 
2000 e 2010, a mortalidade proporcional por DIP caiu 
de 4,7 para 4,3%. 
 O Brasil vinha apresentando um êxito pela área 
da saúde em relação às doenças passíveis de 
prevenção por imunização. Notificação de casos e 
óbitos por sarampo, poliomielite, rubéola, meningite, 
tétano, coqueluche e difteria em crianças menores de 
5 anos reduziu-se de mais de 153 mil casos e 5,5 mil 
óbitos em 1980, para cerca de 2 mil casos e 50 óbitos 
em 2009. 
 Apesar dessa diminuição, ao contrário da 
maioria do mundo, a queda que estamos tendo 
atualmente é pequena, e atualmente a situação está 
ainda pior com o aumento no número de casos de 
sarampo, febre amarela, dengue, influenza, etc. Assim, 
elas ainda são um componente importante de 
mortalidade no Brasil. 
 Têm-se desafios históricos como a persistência 
de doenças associadas à miséria e exclusão social, a 
exemplo da tuberculose e a hanseníase; a alta 
incidência da malária na região da Amazônia legal, 
oscilando em torno de 300 mil casos novos/ano; e as 
recorrentes epidemias de dengue. 
 Geovana Sanches - TXXIVA dengue foi responsável por quase 70% dos 
adoecimentos. 
Observou-se que as incidências de dengue, 
hanseníase, tuberculose, hepatite e leishmaniose 
tegumentar têm um padrão de maior difusão pelos 
municípios brasileiros, com maior expressão nas 
regiões Centro-Oeste e Norte. 
Causas externas de morte 
 O crescimento da violência representa um dos 
maiores e mais difíceis desafios do novo perfil 
epidemiológico do Brasil. Em 2010, 143 mil (12,5%) 
óbitos ocorreram devido as causas externas. 
 O aumento da mortalidade por causas 
externas, observado a partir de 1980, deve-se 
principalmente aos homicídios e aos acidentes de 
transporte terrestre, com destaque em grandes 
centros urbanos. 
 Os homens jovens são os mais afetados pelo 
crescimento dos homicídios (como agressores e 
vítimas), e pelos acidentes de trânsito. 
Novos e velhos desafios nesse persistente contexto 
de mudanças 
 O aumento da população idosa e as demandas 
crescentes relacionadas ao envelhecimento 
representam desafios importantes para o Sistema 
Único de Saúde do Brasil, o qual não tem profissionais 
hábitos para trabalhar com essa demanda crescente. 
 É necessária a sobreposição de agendas, pela 
persistência das doenças transmissíveis com o 
aumento dos fatores de risco para as DCNT e a enorme 
pressão das causas externas. 
 Há fases distintas dessa transição, com 
polarização entre diferentes áreas geográficas e grupos 
sociais, ampliando as contradições no território. 
 Os processos de transição demográfica e 
epidemiológica também demandam transformações 
nas respostas sociais, expressas inclusive pela forma 
como o sistema de saúde se organiza para ofertar 
serviços, impondo, portanto, uma transição na atenção 
à saúde. 
 
TRANSIÇÃO NUTRICIONAL E RISCO 
As transições nutricional, demográfica e 
epidemiológica estão intimamente relacionadas, 
sendo que a transição nutricional é um dos 
determinantes da transição epidemiológica e é 
responsável pela grande quantidade de DCNTs 
(doenças crônicas não transmissíveis) nas populações. 
 
Definição 
 Mudanças no padrão de alimentação, 
atividade física e causas de doenças que acompanham 
as mudanças no desenvolvimento econômico, estilo de 
vida, urbanização e demografia. 
As dietas tradicionais (nutricionalmente 
balanceadas) foram substituídas por dietas 
“ocidentais” (ricas em gordura, açúcares, carne e 
alimentos altamente processados e com pouca fibra). 
Associou-se, ainda, aumento no estilo de vida 
sedentário. 
• As dietas ocidentais têm calorias vazias. 
• O estilo de vida sedentário foi fomentado pela 
urbanização. 
 
De acordo com o IBGE, o Brasil apresenta 
queda no déficit de peso. Paralelamente, o excesso de 
peso e a obesidade aumentaram em ambos os sexos. 
A partir de 1990 com os programas de 
transferência de renda, a desnutrição diminuiu muito. 
Percentualmente, foi uma diminuição de cerca de 85% 
das pessoas em situação de subalimentação. 
A desnutrição não está associada somente a 
fome, também está associada a obesidade. 
Historicamente, ser gordo indicava melhor condição 
financeira. Hoje, há mudanças nesse padrão, sendo 
que as classes com maior renda apresentam menos 
obesidade. 
Complicações da obesidade na infância e 
adolescência 
• Dislipidemias; 
• Hipertensão arterial; 
• Diabetes tipo 2; 
• Problemas ósseos; 
• Distúrbios do sono; 
 Geovana Sanches - TXXIV 
• Esteatose hepática não alcoólica; 
• Puberdade precoce; 
• Depressão; 
• Baixa autoestima - bullying; 
• Problemas de comportamento 
Idosos 
 O baixo peso e excesso de peso é grave em 
idosos devido a baixa imunidade e maior risco para 
doenças cardiovasculares, respectivamente. 
 Há mais mulheres obesas entre os idosos, 
diferentemente do padrão encontrado em adultos. 
Isso ocorre porque as mulheres vivem mais do que os 
homens. 
Tendência do consumo alimentar no Brasil 
 A transição do consumo alimentar se dá 
porque alimentos básicos cada vez são cada vez menos 
consumidos e alimentos ultraprocessados (que 
contém calorias vazias), cada vez mais. 
Ultraprocessados 
Como diferenciar alimentos processados dos 
ultraprocessados? 
• Leitura da lista de ingredientes, presente no 
rótulo dos alimentos processados e 
ultraprocessados. 
• Número elevado de ingredientes (cinco ou 
mais). 
• Ingredientes com nomes pouco familiares e 
não usados em preparações culinárias. 
O valor nutricional é inversamente proporcional às 
calorias vazias. 
 Prática de atividades físicas no Brasil 
 Conforme a urbanização e incrementos no 
transporte, o sedentarismo aumentou. 
 
 
 Tanto escolares quanto idosos apresentam 
inatividade física significativa. 
 Fisiologicamente, o envelhecimento promove 
troca do miócito por gordura, diminuindo a massa 
muscular e, por isso, a inatividade física é tão grave: a 
falta de massa muscular dificulta a sustentação do 
esqueleto, levando a fraturas (inclusive espontâneas). 
 Idosos obesos sarcopênicos: são idosos 
obesos, mas sem massa muscular. A queda em um 
idoso é grave devido às repercussões que ela pode 
causar → incremento da mortalidade. 
Conceitos 
Risco: Probabilidade de ocorrência de um 
evento. 
Fator de risco: Atributo ou condição que 
favorece a ocorrência de um evento. O fator de risco 
pode ser retirado ou controlado. Exemplo: tabagismo, 
obesidade, dislipidemia. 
Marcador de risco: Características individuais, 
inevitáveis, já dados, cujo efeito se encontra fora da 
possibilidade de remoção ou controle. Exemplo: 
fatores genéticos. 
Fator de proteção: Atributo ou condição que 
reduz a ocorrência de um evento. 
Cenário atual das doenças crônicas não transmissíveis 
(DCNT) 
O processo de transição demográfica, 
epidemiológica e nutricional resultou em um aumento 
das prevalências de Doenças Crônicas Não 
Transmissíveis – DCNT. 
As DCNT (doenças cerebrovasculares e 
cardiovasculares, neoplasias, obesidade, diabetes, 
hipertensão, entre outras) são consideradas pela 
Organização Mundial de Saúde (OMS) um dos maiores 
problemas de saúde pública no mundo, pois podem 
levar ao indivíduo a grande grau de incapacidade/ 
dependente → qualidade de vida muito 
comprometida. 
Além disso, as DCNT trazem prejuízos não só a 
saúde do indivíduo, mas também a situação 
socioeconômica que a família e os indivíduos se 
encontram. 
A etiologia dessas doenças é complexa. 
Envolve marcadores de risco (genética, sexo e idade) e 
fatores de risco (tabagismo, inatividade física, 
alimentação inadequada e consumo excessivo de 
bebidas alcoólicas). Esses últimos, por estarem 
relacionados a modos e estilos de vida, são passíveis de 
modificação. 
 
 A maior quantidade de pessoas com DCNT 
poderá interferir na transição demográfica, pois 
 Geovana Sanches - TXXIV 
crianças e adolescentes obesos e com DCNT 
provavelmente irão morrer mais cedo. 
 
Iniciativas brasileiras 
Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das 
Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) – 2010. 
Define e prioriza ações e investimentos 
necessários para o enfrentamento das DCNT nos 
próximos 10 anos. 
Objetivos: Promover o desenvolvimento e 
implementação de políticas públicas efetivas, 
integradas e sustentáveis para a prevenção e o 
controle das DCNT e seus fatores de risco. 
Fortalecer os serviços de saúde voltados para cuidados 
crônicos. 
• Guia Alimentar para a População Brasileira 
• Dez passos para uma alimentação adequada e 
saudável 
• Academia de Saúde em praças 
• Programa Nacional de Controle do Tabagismo

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