Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
11 Vozes d'África 9. -Após ler os três poemas, um de cada geração po-, ética, escreva um pequeno texto comentando a lin-; guagem de cada um (seleção vocabular, estrutural sintática, ritmo poético, figuras de linguagem] pontuação, etc.) e as sensações que provocaram! em você. , 1 1 'Prometeu: personagem mitológico ao qual coube a incumbência de criar o homem; por dar ao homem o domínio do fogo, foi castigado: por ordemdei Zeus, foi acorrentado e levado ao Monte Cáucaso. Uma águía deveria bicar-lhe o ligado eternamente; devorado durante o dia, à noite o ligado se reconstituiria] 'penedla: rocha, penedo. 'galé: no contexto, indivíduo sentenciado a trabalhos forçados. 'Suez: região a nordeste do Egito, que une o continente africano ao Oriente Próximo (local onde, hoje, existe o canal de Suez). 'alimárla: animal de carga, besta. (fragmentos) Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes Embuçado nos céus? Há dois mil anos te mandei meu grito, Que embalde desde então corre o infinito ... Onde estás, Senhor Deus? ... Qual Prometeu' tu me amarraste um dia Do deserto na rubra penedia' - Infinito: galé'L. Por. abutre - me deste o sol candente, E a terra de Suei' - foi a corrente Que me ligaste ao pé ... [...] Cristo! embalde morreste sobre um monte ... Teu sangue não lavou de minha fronte A mancha original. 1. Os versos de "Vozes d' África" apresentam uma interessante regularidade formal. Comente-a. 2. O poema é construído a partir de uma estrutura de diálogo: de quem é a voz enunciadora? Quem é o interlocutor? Ouve-se a voz desse interlocutor? 3. O grito lançado pela voz enunciadora foi ouvido? Que palavra do texto justifica sua resposta? 4. "Há dois mil anos" remonta à época do nascimento de Cristo. Que passagem do texto faz referência a essa época? Que relação tem com o assunto do poema? 5. Justifique a referência a Prometeu. Que tipo de relação se estabelece? 388 rORTUGuts PARAo ENSINO MtOlO Ainda hoje são, por fado adverso, Meus filhos - alimária' do universo, Eu - pasto universal... Hoje em meu sangue a América se nutre - Condor que transformara-se em abutre, Ave da escravidão, Ela juntou-se às mais ... irmã traidora Qual de José os vis irmãos outrora Venderam seu irmão. Basta, Senhor! De teu potente braço Role através dos astros e do espaço Perdão p 'ra os crimes meus! ... Há dois mil anos ... eu soluço um grito ... Escuta o brado meu lá no infinito, Meu Deus! Senhor, meu Deus! !... ALVES, Castro, Castro Alves - obra completa. 2. ed. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1966. 6. Como podemos entender o verso "Meus filhos- alimária do universo"? 7. Que tipo de relação se estabelece entre abutre e condor? Que figura de linguagem se constitui? 8. Explique o verso "Hoje em meu sangue a Améri-: ca se nutre". i j I ! 1 EEBIMT DISCP:Português Alunos: __~ e _ Praf. MªDo Carmo Turma: _ data: _ Entre, por meio da leitura de alguns trechos do poema 1/ Ideiasíntimas ", na "terra fantástica" do mundo de Caliban cultivado por Álvares de Azevedo. O ambiente é um quarto de estudante no qual o jovem se entrega a uma viagem por esse espaço e pelo interior de si mesmo. Nessa viagem há o reconhecimento dos objetos que formam o pequeno mundo e o reconhecimento da relação entre este e aqueles, de modo que a solidão e o desarranho do quarto são um prolongamento da condição interior do eu lírico. Ossian - o bardo é triste como a sombra Que seus cantos povoa. O Lamartine É monótono e belo como a noite, Como a lua no mar e o som das ondas ... Eu beijo-os cada noite: neste exílio Venero-os juntos e os prefiro unidos ... - Meu pai e minha mãe! Se acaso um dia, Na minha solidão me acharem morto, Não os abra ninguém. Sobre meu peito . Lancem-os em meu túmulo. Mais doce Será certo o dormir da noite negra Tendo no peito essas imagens puras. XIV Parece que chorei ... Sinto na face Uma perdida lágrima rolando ... Satã leve a tristeza! Olá, meu pagem, Derrama no meu copo as gotas últimas Dessa garrafa negra ... Eia! bebamos! És o sangue do gênio, o puro néctar Que as almas de poeta diviniza, O condão que abre o mundo das magias! Vem, fogoso Cognac! É só contigo Que sinto-me viver. lnda palpito, Quando os eflúvios dessas gotas áureas Filtram no sangue meu correndo a vida, Vibram-me os nervos e as artérias queimam, Os meus olhos ardentes se escurecem E no cérebro passam delirosos Assomos de poesia ... Dentre a sombra Vejo num leito d'ouro a imagem dela Palpitante, que dorme e que suspira, Que seus braços me estende ... Eu me esquecia: Faz-se noite; traz fogo e dois charutos E na mesa do estudo acende a lâmpada ... (In: Alvares de A=evedo. cit.,p. 31-8.) Bardo: poeta,trovador Blasé: entediado Condão.virtude especial,dom Ditoso:feliz Eflúvio: emanação.exalação Lamartine:poeta romântico francês. Lascivo:sensual Libar:beber,sorver Olvidar:esquecer Ossian: pseudônimo de James Macpherson, poeta escocês. Parece-me que vou perdendo o gosto, Vou ficando blasé: passeio os dias Pelo meu corredor, sem companheiro, Sem ler, nem poetar ... Vivo fumando. Minha casa não tem menores névoas Que as deste céu d'inverno ... Solitário Passo as noites aqui e os dias longos ... Dei-me agora ao charuto em corpo e alma; X Meu pobre leito! eu an;o-te contudo! Aqui levei sonhando noites belas; As longas horas olvidei libando Ardentes gotas de licor dourado, Esqueci-as no fumo, na leitura Das páginas lascivas do romance ... Meu leito juvenil, da minha vida És a página d'oiro. Em teu asilo Eu sonho-me poeta e sou ditoso ... E a mente errante devaneia em mundos Que esmalta a fantasia! Oh! quantas vezes Do levante no sol entre odaliscas Momentos não passei que valem vidas! Quanta música ouvi que me encantava! Quantas virgens amei! que Margaridas, Que Elviras saudosas e Clarissas, Mais trêmulo que Faust, eu não beijava ... Mais feliz que Don Juan e Lovelace Não apertei ao peito desmaiando! Ó meus sonhos de amor e mocidade, Porque ser tão formosos, se devíeis Me abandonar tão cedo ... e eu acordava Arquejando a beijar meu travesseiro? XII Aqui sobre esta mesa junto ao leito Em caixa negra dois retratos guardo: Não os profanem indiscretas vistas.
Compartilhar