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O Direito Penal contemporâneo passou por inúmeras transformações ao longo dos anos. Desse modo, nesta webaula vamos compreender com clareza o conceito de Direito Penal, as suas fontes e a diferença entre Lei penal e norma penal. Conceito O Direito Penal é um ramo do Direito Público que, a partir das normas e princípios estabelecidos pelo Estado, determina as condutas que afrontam a vida, a liberdade, a segurança, o patrimônio e outros bens jurídicos reconhecidos como merecedores de tutela. Além disso, estabelece as correspondentes punições (penas privativas de liberdade, penas restritivas de direitos, multas, medidas de segurança) e o modo de execução das penas. Com essa de�nição em mente, vamos observar a distinção entre Direito Penal Objetivo e Direito Penal Subjetivo: Direito Penal objetivo É o ordenamento jurídico positivado, ou seja, posto pelo poder público. Em outras palavras, é o conjunto de normas escritas na lei penal. Exemplo: Código Penal Direito Penal subjetivo É o direito que o Estado possui de exercer a tutela penal em defesa da sociedade. É o direito de punir do Estado, o jus puniendi. Saiba mais O Direito Penal é um ramo do Direito Público que se ocupa da defesa dos bens jurídicos reconhecidos como relevantes, e o Estado (União) é quem tem a competência para de�nir quais bens serão objeto de tutela a partir da observância dos valores culturais socialmente dominantes. Considerando que o Brasil é um Estado Democrático de Direito por determinação constitucional, todas as normas infraconstitucionais, inclusive as penais, devem ser elaboradas de acordo com os preceitos contidos na Constituição, de modo a assegurar a máxima efetividade aos direitos e as garantias. Fontes do Direito Penal As fontes do Direito são as formas por meio das quais se origina a norma jurídica. No âmbito do Direito Penal, tem-se que as fontes podem ser formais ou materiais. Formais São responsáveis por exteriorizar o direito penal e lhe dar forma. Dividem-se em imediatas ou diretas e mediatas ou indiretas. Imediatas ou diretas Dizem respeito à lei, a qual será responsável pela criação do crime e pela cominação da sanção correspondente. Teoria Jurídica do Direito Penal Direito Penal: função ético-pro�issional, objeto e Estado Democrático de Direito Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso signi�ca que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos �cam desabilitados. Por essa razão, �que atento: sempre que possível, opte pela versão digital. Bons estudos! Mediatas ou indiretas Referem-se aos costumes, à doutrina e à jurisprudência. Ressalte-se que há doutrinadores que a�rmam que os costumes são fontes de interpretação e não do Direito. Não é possível condenar alguém, por exemplo, em razão de uma regra de costume. Mas é possível interpretar uma norma proibitiva e já existente no ordenamento com base no costume. Materiais Em regra, somente a União pode produzir normas penais. Porém, não pode a União legislar arbitrariamente. O fundamento da Lei deve estar em consonância com a moral vigente, com as mudanças sociais ocorridas e com os anseios sociais. No entanto, excepcionalmente, leis complementares podem autorizar os Estados a legislarem sobre questões especí�cas de Direito Penal. Segundo René Ariel Dotti (2013, p. 83), as coordenadas constitucionais representam valores, liberdades, interesses e garantias do modelo de Estado Democrático de Direito adotado pela República Federativa do Brasil e devem ser re�etidas na elaboração das normas penais. É a CF que estabelece a competência privativa da União para legislar sobre o Direito Penal e que institui princípios e regras de segurança individual e coletiva. — (DOTTI, 2013, p. 83). “ ” Lei penal versus norma penal Para René Ariel Dotti (2013, p. 309), “a lei é a regra jurídica escrita, instituída pelo legislador, no cumprimento de um mandato outorgado pela comunidade de cidadãos”, enquanto a norma jurídica seria “um dispositivo que associa à veri�cação de determinados fatos certas consequências, no âmbito do Direito”. Evidencie-se que as normas penais são classi�cadas em Dotti (2013, p. 310) como: Preceptivas, proibitivas ou permissivas: de acordo com a indicação de conduta, proibição ou autorização. Primárias: contêm um imperativo de comando (fazer) ou de proibição (não fazer). Secundárias: preveem uma sanção para o caso de descumprimento do comando. Logo, sanção é uma consequência jurídica oriunda da desobediência do comando legal. E quem são os destinatários da Lei Penal? Devem obediência à Lei Penal a pessoa física e, em algumas situações, a pessoa jurídica, como no caso dos crimes ambientais por exemplo, pois tanto as pessoas quanto as empresas vivem sob a jurisdição do Estado brasileiro. Ainda, a norma penal pode ser completa (fechada) ou incompleta (aberta). Vejamos tais distinções: Completa: a descrição da conduta é completa, sem que seja necessário recorrer a outras normas para interpretação. Exemplo: art. 121 do CP. Incompleta: a descrição da conduta é incompleta, necessitando de complementação valorativa ou normativa. Tipo penal aberto: o complemento é valorativo, isto é, feito pelo juiz ao analisar o caso concreto. Por exemplo: “sem justa causa”, “documento”, “culposo”, etc. Norma penal em branco: o preceito normativo é genérico e depende de complementação por outra norma já existente ou futura (lei, decreto, regulamento, circular, etc.). A norma penal em branco divide-se em: Norma penal em branco própria/em sentido estrito/heterogênea: o complemento vem de fonte legislativa diversa. Por exemplo: Lei de Drogas. Norma penal em branco imprópria/em sentido amplo/ homogênea: o complemento decorre da mesma fonte legislativa (União). Por exemplo: art. 237 do CP. Homovitelina: o complemento está no mesmo documento (ou no mesmo ramo). Por exemplo: lei penal complementa lei penal – o Código Penal dispõe sobre quem é funcionário público (art. 312 e 327). Heterovitelina: o complemento está em documento diverso (ou em ramo diverso). Por exemplo: lei civil complementa lei penal – o Código Civil (CC) enumera as hipóteses de impedimento de casamento (art. 236 do CP e art. 1.521 do CC). Norma penal em branco ao revés/às avessas/invertido/revertido: o complemento não se refere ao preceito primário, mas à sanção. Pesquise mais A seguir estão sugestões para você aprofundar seus conhecimentos críticos sobre o Direito Penal, a criminologia e a política criminal: BATISTA, N. Introdução crítica ao direito penal brasileiro. 10. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2005. (Nesta obra de dois capítulos, o autor trabalha, de forma sintetizada, didática e crítica, os principais aspectos que envolvem o Direito Penal Contemporâneo, a Criminologia, a sociedade, o sistema penal e a política criminal). SHECAIRA, S. S. Criminologia. 6. ed. São Paulo: RT, 2014. (O trabalho, concebido originalmente como uma tese de livre-docência, foi pensado para ser um guia do estudioso que quer dar os primeiros passos pelo tema da Criminologia). LARANJA mecânica. Direção: Stanley Kubrick. Roteiro: Stanley Kubrick. Estados Unidos; Reino Unido: Warner Bros., 1978. (106 min), son., color. (Baseado em um livro homônimo, trata dos desvios ultraviolentos do jovem Alex). Compreender estes conceitos é fundamental para iniciar os estudos sobre a teoria jurídica do Direito Penal. Aprofunde seus estudos e sempre esteja atento às atualizações de legislação.