Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O desenvolvimento humano é um processo contínuo que se inicia quando um oócito (óvulo) de origem feminina é fecundado por um espermatozoide, de origem masculina. A divisão celular, a migração celular e a morte celular programada (apoptose), a diferenciação, o crescimento e o rearranjo celular transformam o oócito fecundado, uma célula altamente especializada e totipotente, um zigoto, em um ser humano multicelular. A maior parte das alterações ocorre durante os períodos embrionário e fetal; todavia, alterações importantes ocorrem durante períodos posteriores do desenvolvimento: o período neonatal (primeiras quatro semanas), lactância (primeiro ano de vida), infância (dos dois anos à puberdade); e adolescência (11 aos 19 anos). Períodos de desenvolvimento O desenvolvimento humano é geralmente dividido entre os períodos pré-natal (antes do parto) e pós-natal (após o parto). O desenvolvimento de um ser humano a partir da fecundação de um oócito até o parto é dividido em dois períodos principais, o embrionário e o fetal. Os avanços mais visíveis ocorrem durante a terceira à oitava semanas – o período embrionário. Durante o período fetal, ocorrem diferenciação e crescimento dos tecidos e órgãos e a taxa de crescimento corporal aumenta. Estágios do Desenvolvimento Embrionário O desenvolvimento precoce é descrito em estágios devido ao período variável que os embriões levam para desenvolver determinadas características morfológicas. O estágio um começa na fecundação e o desenvolvimento embrionário termina no estágio 23, que ocorre no 56° dia. Um trimestre é um período de três meses, um terço do período de nove meses da gestação. Os períodos mais críticos de desenvolvimento ocorrem durante o primeiro trimestre (13 semanas), quando o desenvolvimento embrionário e o desenvolvimento fetal inicial estão ocorrendo. Lactância Esse é o período de vida extrauterina que ocorre, aproximadamente, durante o primeiro ano após o nascimento. Um lactente de idade de um mês ou menos é denominado neonato. Primeira Semana do Desenvolvimento Humano O desenvolvimento humano inicia-se na fecundação, quando um espermatozoide se une ao oócito, para formar uma única célula, o zigoto. Essa célula altamente especializada, totipotente (capaz de diferenciar-se em qualquer tipo celular). O zigoto, visível a olho nu, contém os cromossomos e os genes derivados da mãe e do pai. Ele se divide muitas vezes e transforma-se, progressivamente, em um ser humano multicelular, por meio da divisão, migração, crescimento e diferenciação celulares. Gametogênese A gametogênese (formação dos gametas) é o processo de formação e desenvolvimento das células germinativas especializadas, os gametas (oócitos/espermatozoides) a partir de células precursoras bipotentes. Esse processo, que envolve os cromossomos e o citoplasma dos gametas, prepara essas células para a fecundação. Durante a gametogênese, o número de cromossomos é reduzido pela metade e a forma das células é alterada. Embriologia Imagem: Gametogênese normal: conversão de células germinativas em gametas (células sexuais). Os esquemas comparam a espermatogênese e a oogênese. As oogônias não são mostradas nesta figura, pois se diferenciam em oócitos primários antes do nascimento. O complemento cromossômico das células germinativas é mostrado em cada estágio. O número indica o número total de cromossomos, incluindo o(s) cromossomo(s) sexual(is) depois da vírgula. Note que: (1) Após duas divisões meióticas, o número diploide de cromossomos, 46, é reduzido a número haploide, 23. (2) Quatro espermatozoides se formam a partir de um espermatócito primário, enquanto apenas um oócito maduro resulta da maturação de um oócito primário. (3) O citoplasma é conservado durante a oogênese para formar uma célula grande, o oócito maduro. Os corpos polares são células pequenas não funcionais que se degeneram. O espermatozoide e o oócito (gametas masculino e feminino) são células sexuais altamente especializadas. Cada uma dessas células contém a metade do número de cromossomos (número haploide) presentes nas células somáticas (as células do corpo). O número de cromossomos é reduzido durante a meiose, um tipo especial de divisão celular que ocorre somente durante a gametogênese. A maturação dos gametas é chamada de espermatogênese no sexo masculino e de oogênese no sexo feminino. O ritmo dos eventos durante a meiose difere nos dois sexos. Meiose A meiose é um tipo especial de divisão celular que envolve duas divisões meióticas; as células germinativas diploides dão origem aos gametas haploides (espermatozoides e oócitos). A primeira divisão meiótica é uma divisão reducional, pois o número de cromossomos é reduzido de diploide para haploide devido ao pareamento dos cromossomos homólogos na prófase (primeiro estágio da meiose) e pela segregação deles na anáfase (estágio no qual os cromossomos se movem da placa equatorial). Os cromossomos homólogos (um do pai e um da mãe), formam um par durante a prófase e se separam durante a anáfase, com um representante de cada par indo, aleatoriamente, para cada polo do fuso meiótico. O fuso se conecta ao cromossomo no centrômero (a porção mais condensada do cromossomo). Nesse estágio, eles são cromossomos de cromátides duplas. Ao final da primeira divisão meiótica, cada nova célula formada (espermatócito secundário ou oócito secundário) possui o número cromossômico haploide, ou seja, metade do número cromossômico da célula precedente. Essa separação ou disjunção dos cromossomos homólogos pareados constitui a base física da segregação. A segunda divisão meiótica vem após a primeira divisão sem uma interfase normal (isto é, sem a etapa de replicação do DNA). Cada cromossomo de cromátide dupla se divide e cada metade, ou cromátide, é direcionada para um polo diferente da célula. Assim, o número haploide de cromossomos (23) é mantido e cada célula filha formada por meiose tem um representante de cada par cromossômico (agora um cromossomo de cromátide única). A segunda divisão meiótica é semelhante a uma mitose normal, exceto que o número cromossômico da célula que entra na segunda divisão meiótica é haploide. A meiose: Possibilita a constância do número cromossômico de geração a geração pela redução do número cromossômico de diploide para haploide, produzindo, assim, gametas haploides. Permite o arranjo aleatório dos cromossomos materno e paterno entre os gametas. Reposiciona os segmentos dos cromossomos materno e paterno, por meio de cruzamento de segmentos cromossômicos, que “embaralham” os genes, produzindo a recombinação do material genético. Espermatogênese É a sequência de eventos pelos quais as espermatogônias (células germinativas primordiais) são transformadas em espermatozoides maduros; esse processo começa na puberdade. As espermatogônias permanecem quiescentes nos túbulos seminíferos dos testículos durante os períodos fetal e pós-natal. Elas aumentam em número durante a puberdade. Após várias divisões mitóticas, as espermatogônias crescem e sofrem modificações. As espermatogônias são transformadas em espermatócitos primários, as maiores células germinativas nos túbulos seminíferos dos testículos. Cada espermatócito primário sofre, em seguida, uma divisão reducional – a primeira divisão meiótica – para formar dois espermatócitos secundários haploides, que possuem aproximadamente metade do tamanho do espermatócito primário. Em seguida, os espermatócitos secundários sofrem a segunda divisão meiótica para formar quatro espermátides haploides, que são aproximadamente a metade do tamanho dos espermatócitos secundários. As espermátides (células em estágio avançado de desenvolvimento) são transformadas gradualmente em quatro espermatozoides madurospelo processo conhecido como espermiogênese. O processo completo, incluindo a espermiogênese, demora cerca de dois meses para acontecer. Quando a espermiogênese é completada, os espermatozoides entram na luz dos túbulos seminíferos. As células de Sertoli revestem os túbulos seminíferos, sustentam e participam da nutrição das células germinativas (espermatozoides/oócito) e estão envolvidas na regulação da espermatogênese. Os espermatozoides são transportados passivamente dos túbulos seminíferos para o epidídimo, onde são armazenados e tornam-se funcionalmente maduros durante a puberdade. O epidídimo é um ducto longo e espiralado. No seguimento do epidídimo vem o ducto deferente, que transporta os espermatozoides para a uretra. Os espermatozoides maduros são células ativamente móveis, que nadam livremente, constituídos por uma cabeça e uma cauda. O colo do espermatozoide é a junção entre a cabeça e a cauda. A cabeça do espermatozoide forma a maior parte dele e, é onde se localiza o núcleo. Os dois terços anteriores da cabeça são cobertos pelo acrossoma, uma organela sacular em forma de capuz que contém várias enzimas. Quando liberadas, as enzimas facilitam a dispersão das células foliculares da corona radiata e a penetração do espermatozoide na zona pelúcida durante a fecundação. A cauda do espermatozoide consiste em três segmentos: a peça intermediária, a peça principal e a peça terminal. A cauda fornece ao espermatozoide a motilidade que auxilia o seu deslocamento até o local da fecundação. A peça intermediária da cauda contém mitocôndrias que fornecem o trifosfato de adenosina (ATP), necessário para fornecer energia requerida para a motilidade do espermatozoide. Oogênese É a sequência de eventos pelos quais as oogônias (células germinativas primordiais) são transformadas em oócitos maduros. Todas as oogônias se desenvolvem em oócitos primários antes do nascimento; nenhuma oogônia de desenvolve após o nascimento. A oogênese continua até a menopausa, que é a interrupção permanente do ciclo menstrual. Maturação Pré-natal dos Oócitos Durante a vida fetal inicial, as oogônias proliferam por mitose (duplicação das células), um tipo especial de divisão celular. As oogônias (células sexuais primordiais) crescem e se tornam os oócitos primários antes do nascimento. Assim que o oócito primário se forma, células do tecido conjuntivo o circundam e formam uma única camada de células achatadas, as células foliculares. O oócito primário circundado por essa camada de células foliculares, constitui o folículo primário. Conforme o oócito primário cresce durante a puberdade, as células foliculares se tornam cúbicas e depois cilíndricas, formando, assim, o folículo primário. O oócito primário é logo envolvido por um material glicoproteico acelular e amorfo, a zona pelúcida. Os oócitos primários iniciam a primeira divisão meiótica antes do nascimento, mas o término da prófase não ocorre até a adolescência (começando com a puberdade). As células foliculares que envolvem o oócito primário secretam uma substância, conhecida como inibidor da maturação do oócito, que mantém estacionado o processo meiótico do oócito. Maturação Pós-natal dos Oócitos Esta etapa se inicia na puberdade, quando geralmente um folículo ovariano amadurece a cada mês e ocorre a ovulação (liberação do oócito do folículo ovariano). Nenhum oócito primário se forma após o nascimento, o que contrasta com a produção contínua de espermatócitos primários. Os oócitos primários permanecem em repouso nos folículos ovarianos até a puberdade. Quando um folículo matura, o oócito primário aumenta de tamanho e, imediatamente, antes da ovulação, completa a primeira divisão meiótica para dar origem ao oócito secundário e ao primeiro corpo polar. Diferentemente do estágio correspondente na espermatogênese, a divisão do citoplasma é desigual. O oócito secundário recebe quase todo o citoplasma e o primeiro corpo polar recebe muito pouco. O corpo polar é uma célula minúscula destinada à degeneração. Na ovulação, o núcleo do oócito secundário inicia a segunda divisão meiótica, mas ela progride somente até a metáfase, quando a divisão é interrompida. Se um espermatozoide penetra o oócito secundário, a segunda divisão meiótica é completada, e a maior parte do citoplasma é novamente mantida em uma célula: o oócito fecundado. A outra célula, o segundo corpo polar, também é formada e irá se degenerar. Assim que os corpos polares são expelidos, a maturação do oócito está completa. Comparação dos gametas: Os gametas (oócitos/espermatozoides) são células haploides (possuem metade do número cromossômico) que podem sofrer cariogamia (fusão dos núcleos de duas células sexuais). O oócito é uma célula grande quando comparada ao espermatozoide e é imóvel, enquanto o espermatozoide é microscópico e altamente móvel. O oócito é envolvido pela zona pelúcida e por uma camada de células foliculares, a corona radiata. Útero, tubas uterinas e ovários O útero é formado por duas porções principais: o corpo, que compreende os dois terços superiores, e o colo, o terço inferior com aspecto cilíndrico. O corpo do útero estreita-se desde o fundo, a porção superior arredondada do corpo, até o istmo, a região estreita de 1 cm de comprimento entre o corpo e o colo. O colo do útero é a porção terminal vaginal, de formato cilíndrico. O lúmen do colo, o canal do colo uterino, possui uma abertura estreita em cada extremidade. O óstio interno comunica-se com a cavidade do corpo uterino, o óstio externo comunica-se com a vagina. As paredes do corpo do útero são constituídas por três camadas: O perimétrio; a fina camada externa. O miométrio; a espessa camada de músculo liso. O endométrio; a fina camada interna. As tubas uterinas estendem-se lateralmente a partir dos cornos uterinos. Cada tuba se abre na sua porção distal dentro da cavidade peritoneal. Para fins descritivos, a tuba uterina é dividida em quatro porções: infundíbulo, ampola, istmo e porção uterina. Uma das tubas conduz um oócito de um dos ovários; as tubas também conduzem os espermatozoides que entram pelo útero para alcançar o local de fecundação, na ampola. A tuba uterina também conduz o zigoto em clivagem para a cavidade uterina. Ovários Os ovários são glândulas reprodutivas localizados próximos às paredes pélvicas laterais, de cada lado do útero. Os ovários produzem os oócitos; estrogênio e progesterona, os hormônios responsáveis pelo desenvolvimento das características sexuais secundárias e pela regulação da gestação. Ciclos reprodutivos femininos Iniciando-se na puberdade (10 a 13 anos de idade), as mulheres passam por ciclos reprodutivos (ciclos sexuais), que envolvem a atividade do hipotálamo do encéfalo, da glândula hipófise, dos ovários, do útero, das tubas uterinas, da vagina e das glândulas mamárias. Esses ciclos mensais preparam o sistema genital para a gestação. O hormônio liberador de gonadotrofina é sintetizado pelas células neurossecretoras do hipotálamo. Esse hormônio é transportado pela rede de capilares da circulação porta hipofisária (sistema porta hipofisário), para o lobo anterior da glândula hipófise. O hormônio estimula a liberação de dois hormônios hipofisários produzidos por essa glândula e que atuam nos ovários: • O hormônio folículo-estimulante (FSH) estimula o desenvolvimento dos folículos ovarianos e a produção de estrogênio pelas células foliculares. • O hormônio luteinizante (LH) age como um “disparador” da ovulação (liberação do oócito secundário) e estimula as células foliculares e o corpo lúteo a produzirem progesterona. • Esses hormônios também induzem o crescimento dos folículos ovarianos e do endométrio. Ciclo ovariano O FSH e o LH produzem mudanças cíclicas nos ovários – o cicloovariano – o desenvolvimento dos folículos, a ovulação (liberação de um oócito de um folículo maduro) e a formação do corpo lúteo. Durante cada ciclo, o FSH estimula o desenvolvimento de vários folículos primários em 5 a 12 folículos primários; entretanto, somente um folículo primário normalmente chega ao estágio de folículomaduro e se rompe na superfície ovariana, expelindo seu oócito. Desenvolvimento Folicular O desenvolvimento de um folículo ovariano é caracterizado por: • Crescimento e diferenciação de um oócito primário. • Proliferação das células foliculares. • Formação da zona pelúcida. • Desenvolvimento das tecas foliculares. Conforme o folículo primário aumenta de tamanho, o tecido conjuntivo ao redor se organiza como uma cápsula, a teca folicular. Essa teca logo se diferencia em duas camadas, uma camada vascular e glandular interna, a teca interna, e uma camada capsular, a teca externa. Acredita-se que as células tecais produzam fatores angiogênicos que estimulam o crescimento de vasos sanguíneos na teca interna, fornecendo, assim, nutrientes para o desenvolvimento folicular. As células foliculares se dividem ativamente, formando uma camada estratificada ao redor do oócito. O folículo ovariano logo se torna oval e o oócito assume uma posição excêntrica. Subsequentemente, surgem em torno das células foliculares espaços preenchidos por líquido, os quais coalescem para formar uma única e grande cavidade, o antro, que armazena o líquido folicular. Após a formação do antro, o folículo ovariano é denominado de vesicular ou folículosecundário. O oócito primário é deslocado para um lado do folículo, onde é envolvido por acúmulo de células foliculares, o cumulus oophorus, que se projeta para o antro. O folículo continua a crescer até estar maduro e produz uma dilatação (estigma folicular) na superfície ovariana. O desenvolvimento inicial dos folículos ovarianos é estimulado pelo FSH, mas os estágios finais da maturação necessitam também do LH. Os folículos em desenvolvimento produzem estrogênio, o hormônio que regula o desenvolvimento e o funcionamento dos órgãos genitais. A teca interna vascular produz um fluido folicular e algum estrogênio. Suas células também secretam androgênios que passam para as células foliculares, as quais os convertem em estrogênio. Certa quantidade de estrogênio também é produzida por grupos dispersos de células estromais secretoras, conhecidas coletivamente como glândula intersticial do ovário. Ovulação Por volta da metade do ciclo ovariano, o folículo ovariano, sob influência do FSH e do LH, sofre um repentino surto de crescimento, produzindo uma dilatação cística ou uma saliência na superfície ovariana. Um pequeno ponto avascular, o estigma, logo aparece nessa saliência. Antes da ovulação, o oócito secundário e algumas células do cumulus oophorus se desprendem do interior do folículo distendido. A ovulação é disparada por uma onda de produção de LH. Normalmente, a ovulação acontece de 12 a 24 horas após o pico de LH. A elevação nos níveis de LH, induzida pela alta concentração de estrogênio no sangue, parece causar a tumefação do estigma, formando uma vesícula. O estigma logo se rompe expelindo o oócito secundário junto com o líquido folicular. A expulsão do oócito é o resultado da pressão intrafolicular e possivelmente da contração da musculatura lisa da teca externa (capsular), estimulada pelas prostaglandinas. Imagem: Esquema ilustrando os níveis sanguíneos de vários hormônios durante o ciclo menstrual. O hormônio folículoestimulante (FSH) estimula o desenvolvimento dos folículos ovarianos e a produção de estrogênio. O nível de estrogênio aumenta e alcança um pico imediatamente antes da onda de hormônio luteinizante (LH). Aovulação ocorre normalmente 24 a 36 horas após a onda de LH. Se não ocorrer a fecundação, os níveis sanguíneos de estrogênio e progesterona circulantes caem. Essa queda hormonal causa a regressão do endométrio e o início da menstruação. As proteínas quinases mitógeno-ativadas 3 e 1 (MAPK 3/1), também conhecidas como quinases 1 e 2 reguladas por sinal extracelular (ERK1/2) nas células foliculares ovarianas, parecem regular as vias de sinalização que controlam a ovulação. A plasmina e as metaloproteases da matriz também parecem exercer papel no controle da ruptura do folículo. Ooócito secundário expelido está circundado pela zona pelúcida e uma ou mais camadas de células foliculares, organizadas radialmente como uma corona radiata, formando o complexo oócitocumulus. Os altos níveis de LH também parecem ser responsáveis por induzir o término da primeira divisão meiótica do oócito primário. Portanto, os folículos ovarianos maduros contêm oócitos secundários. A zona pelúcida (Fig. 2-8) é composta por três glicoproteínas (ZPA, ZPB, e ZPC), que normalmente formamuma rede de filamentos com múltiplos poros. A ligação do espermatozoide com a zona pelúcida (interação espermatozoide-oócito) é um evento complexo e crítico durante a fecundação. Corpo Lúteo Logo após a ovulação, as paredes do folículo ovariano e da teca folicular colapsam e se tornam pregueadas. Sob a influência do LH, elas formam uma estrutura glandular, o corpo lúteo, que secreta progesterona e alguma quantidade de estrogênio, o que leva as glândulas endometriais a secretarem e, assim, o endométrio se prepara para a implantação do blastocisto. Se o oócito é fecundado, o corpo lúteo cresce e forma o corpo lúteo gestacional e aumenta a produção de hormônios. A degeneração do corpo lúteo é impedida pela ação da gonadotrofina coriônica humana, um hormônio secretado pelo sinciciotrofoblasto do blastocisto. O corpo lúteo gestacional permanece funcionalmente ativo durante as primeiras 20 semanas de gestação. Nesse momento, a placenta assume a produção de estrogênio e de progesterona necessária para a manutenção da gestação. Se o oócito não é fecundado, o corpo lúteo involui e se degenera 10 a 12 dias após a ovulação. Ele é, então, chamado corpo lúteo menstrual. O corpo lúteo, em seguida, se torna uma cicatriz branca no tecido ovariano, denominada corpo albicans. Os ciclos ovarianos cessam na menopausa, a suspensão permanente da menstruação devido à falência dos ovários. A menopausa normalmente ocorre entre os 48 e os 55 anos de idade. As alterações endócrinas, somáticas (corporais) e psicológicas que ocorrem ao término do período reprodutivo são denominadas de climatéricas. Ciclo menstrual O ciclo menstrual é o período durante o qual o oócito amadurece, é ovulado e entra na tuba uterina. Os hormônios produzidos pelos folículos ovarianos e pelos corpos lúteos (estrogênio e progesterona) produzem mudanças cíclicas no endométrio. Essas mudanças mensais na camada interna do útero constituem o ciclo endometrial, mais comumente chamado de ciclo (período) menstrual, porque a menstruação (fluxo sanguíneo do útero) é evidente. O tempo médio do ciclo menstrual é de 28 dias, sendo o primeiro dia do ciclo determinado quando se inicia o fluxo menstrual. Os ciclos menstruais normalmente variam em extensão por vários dias. Fases do Ciclo Menstrual Fase Menstrual A camada funcional da parede uterina desintegra-se e é expelida no fluxo menstrual ou menstruação (sangramento mensal), que normalmente dura 4 a 5 dias. O sangue descartado pela vagina está misturado a pequenos fragmentos de tecido endometrial. Após a menstruação, o endométrio erodido fica delgado. Fase Proliferativa Esta fase, que dura aproximadamente 9 dias, coincide com o crescimento dos folículos ovarianos e é controlada pelo estrogênio secretado pelos folículos. Nesta fase de reparo e proliferação ocorre um aumento de duas a três vezes na espessura do endométrio e no seu conteúdo de água. As glândulas aumentamem número e comprimento e as artérias espiraladas se alongam. Fase Secretora A fase secretora ou fase lútea, dura aproximadamente 13 dias e coincide com a formação, o funcionamento e o crescimento do corpo lúteo. A progesterona produzida pelo corpo lúteo estimula o epitélio glandular a secretar um material rico em glicogênio. As glândulas se tornam grandes, tortuosas e saculares, e o endométrio se espessa devido à influência da progesterona e do estrogênio produzidos pelo corpo lúteo e também por causa do aumento de fluido no tecido conjuntivo. Se a fecundação não ocorrer: • O corpo lúteo se degenera. • Os níveis de estrogênio e progesterona diminuem e o endométrio secretor entra na fase isquêmica. • Ocorre a menstruação. Fase Isquêmica A fase isquêmica ocorre quando o oócito não é fecundado; as artérias espiraladas se contraem, dando ao endométrio uma aparência pálida. Essa constrição é resultado da diminuição da secreção de hormônios, principalmente a progesterona, devido à degradação do corpo lúteo. No fim da fase isquêmica, as artérias espiraladas se contraem por longos períodos, isso provoca estase venosa (congestão e diminuição da circulação venosa) e necrose isquêmica (morte) dos tecidos superficiais. Finalmente, ocorre a ruptura das paredes dos vasos lesionados e o sangue penetra o tecido conjuntivo adjacente. Pequenas lacunas de sangue se formam e se rompem na superfície endometrial, resultando em sangramento para a cavidade uterina e através da vagina. À medida que pequenos fragmentos de endométrio se destacam e caem dentro da cavidade uterina, as extremidades das artérias sangram para a cavidade. Por fim, 3 a 5 dias depois, toda a camada compacta e a maior parte da camada esponjosa do endométrio são eliminadas na menstruação. Os remanescentes das camadas esponjosa e basal permanecem para que se regenerem durante a fase proliferativa subsequente do endométrio. Se a fecundação ocorrer: •Inicia-se a clivagem do zigoto e a blastogênese (formação do blastocisto). • O blastocisto começa a implantar-se no endométrio aproximadamente no sexto dia da fase lútea. • A gonadotrofina coriônica humana, um hormônio produzido pelo sinciciotrofoblasto, mantém o corpo lúteo secretando estrogênio e progesterona. • A fase lútea prossegue e a menstruação não ocorre. Gestação Se ocorrer gestação, os ciclos menstruais cessam e o endométrio passa para a fase gravídica. Com o término da gestação, os ciclos ovariano e menstrual voltam a funcionar após um período variável (normalmente de 6 a 10 semanas se a mulher não estiver amamentando). Exceto durante a gestação, os ciclos reprodutivos normais prosseguem até a menopausa. Transporte de gametas Transporte do Oócito Na ovulação, o oócito secundário é expelido do folículo ovariano junto com fluido folicular. Durante a ovulação, as extremidades fimbriadas da tuba uterina aproximam- se intimamente do ovário. Os processos digitiformes da tuba, as fímbrias, movem-se para frente e para trás do ovário. A ação de varredura das fímbrias e a corrente de fluido produzida pelos cílios (extensões móveis) das células da mucosa das fímbrias “varrem” o oócito secundário para o infundíbulo afunilado da tuba uterina. O oócito passa então para a ampola da tuba uterina, principalmente como resultado da peristalse (movimentos da parede da tuba caracterizados pela contração e relaxamento alternados) que conduz o oócito na direção do útero. Transporte dos Espermatozoides A ejaculação reflexa do sêmen pode ser dividida em duas fases: Emissão: o sêmen é enviado para a porção prostática da uretra pelos ductos ejaculatórios após a peristalse (movimentos peristálticos) dos ductos deferentes; a emissão é uma resposta autônoma simpática. Ejaculação: o sêmen é expelido da uretra através do óstio uretral externo; isso é resultado do fechamento do esfíncter vesical no colo da bexiga, da contração do músculo uretral e da contração dos músculos bulboesponjosos. Os espermatozoides são rapidamente transportados do epidídimo para a uretra por contrações peristálticas da espessa camada muscular dos ductos deferentes. As glândulas sexuais acessórias, que são as glândulas seminais, a próstata e as glândulas bulbouretrais, produzem secreções que são adicionadas ao fluido espermático nos ductos deferentes e na uretra. A passagem dos espermatozoides do útero para a tuba uterina resulta principalmente das contrações da parede muscular desses órgãos. As prostaglandinas (substâncias fisiologicamente ativas) no sêmen parecemestimular a motilidade uterina no momento da relação sexual e auxiliam na movimentação dos espermatozoides até o local da fecundação na ampola da tuba uterina. A frutose, secretada pelas glândulas seminais, é uma fonte de energia para os espermatozoides no sêmen. Sequência da fecundação Normalmente, o local da fecundação é a ampola da tuba uterina. Se o oócito não for fecundado na ampola, ele passa lentamente pela tuba e chega ao corpo do útero, onde se degenera e é reabsorvido. A fecundação é uma sequência complexa de eventos moleculares coordenados que se inicia com o contato entre um espermatozoide e um oócito e termina com a mistura dos cromossomos maternos e paternos na metáfase da primeira divisão mitótica do zigoto; o embrião unicelular. Fases da Fecundação Passagem de um espermatozoide através da corona radiata. Penetração da zona pelúcida. Uma vez que o espermatozoide penetra a zona pelúcida, ocorre a reação zonal, uma alteração nas propriedades da zona pelúcida, tornando-a impermeável a outros espermatozoides. Fusão das membranas plasmáticas do oócito e do espermatozoide. As membranas plasmáticas ou celulares do oócito e do espermatozoide se fundem e se rompem na região da fusão. A cabeça e a cauda do espermatozoide entram no citoplasma do oócito. Término da segunda divisão meiótica do oócito e formação do pronúcleo feminino. Quando o espermatozoide penetra o oócito, este é ativado e termina a segunda divisão meiótica formando um oócito maduro e um segundo corpo polar. Em seguida, os cromossomos maternos se descondensam e o núcleo do oócito maduro se torna o pronúcleo feminino. Formação do pronúcleo masculino. Dentro do citoplasma do oócito, o núcleo do espermatozoide aumenta para formar o pronúcleo masculino, e a cauda do espermatozoide degenera. Logo que os pronúcleos se fundem em um único agregado diploide de cromossomos, a oótide se torna um zigoto. Os cromossomos no zigoto se organizam em um fuso de clivagem, em preparação para as sucessivas divisões do zigoto. O zigoto é geneticamente único porque metade dos cromossomos é materna e a outra metade é paterna. O zigoto contém uma nova combinação de cromossomos diferente da combinação das células paternas. Esse mecanismo é a base da herança biparental e da variação da espécie humana. A meiose possibilita a distribuição aleatória dos cromossomos paternos e maternos entre as células germinativas. O crossing-over dos cromossomos, por relocação dos segmentos dos cromossomos paterno e materno “embaralha” os genes, produzindo uma recombinação do material genético. O sexo cromossômico do embrião é determinado na fecundação dependendo do tipo de espermatozoide (X ou Y) que fecunde o oócito. A fecundação por um espermatozoide que carrega o cromossomo X produz um zigoto 46,XX, que se desenvolve em um embrião feminino; já a fecundação por um espermatozoide que carrega o cromossomo Y gera um zigoto 46,XY, que se desenvolve em um embrião masculino. Fecundação •Estimula o oócito a completar a segunda divisão meiótica. •Restaura o número diploide normal de cromossomos (46) no zigoto. •Resulta na variação da espécie humana por meio da mistura de cromossomos paternos e maternos. •Determinao sexo cromossômico do embrião. •Causa a ativação metabólica da oótide (oócito quase maduro) e inicia a clivagem do zigoto. Fertilização in vitro (FIV) e procedimento de transferência de embriões Clivagem do zigoto A clivagem consiste em divisões mitóticas repetidas do zigoto, resultando em um aumento rápido do número de células (blastômeros). Essas células embrionárias tornam-se menores a cada divisão. A clivagem ocorre conforme o zigoto passa pela tuba uterina em direção ao útero. Durante a clivagem, o zigoto continua dentro da zona pelúcida. A divisão do zigoto em blastômeros se inicia aproximadamente 30 horas após a fecundação. As divisões subsequentes seguem-se uma após a outra, formando, progressivamente, blastômeros menores. Após o estágio de nove células, os blastômeros mudam sua forma e se agrupam firmemente uns com os outros para formar uma bola compacta de células. A compactação possibilita uma maior interação célula- célula e é um pré-requisito para a separação das células internas que formam o embrioblasto (massa celular interna) do blastocisto. Quando existem 12 a 32 blastômeros, o ser humano em desenvolvimento é chamado de mórula. As células internas da mórula são circundadas pelas células trofoblásticas. A mórula se forma aproximadamente 3 dias após a fecundação e chega ao útero. Formação do blastocisto Logo após a mórula ter alcançado o útero (cerca de 4 dias após a fecundação), surge no interior da mórula um espaço preenchido por líquido, a cavidade blastocística. O líquido passa da cavidade uterina através da zona pelúcida para formar esse espaço. Conforme o líquido aumenta na cavidade blastocística, ele separa os blastômeros em duas partes: Uma delgada camada celular externa, o trofoblasto (nutrição), que formará a parte embrionária da placenta Um grupo de blastômeros localizados centralmente, o embrioblasto (massa celular interna), que formará o embrião. Durante esse estágio de desenvolvimento, ou blastogênese, o concepto (embrião e suas membranas) é chamado de blastocisto. O embrioblasto agora se projeta para a cavidade blastocística e o trofoblasto forma a parede do blastocisto. Depois que o blastocisto flutuou pelas secreções uterinas por aproximadamente 2 dias, a zona pelúcida gradualmente se degenera e desaparece. A degeneração da zona pelúcida permite o rápido crescimento do blastocisto. Enquanto está flutuando no útero, o blastocisto obtém nutrição das secreções das glândulas uterinas. Aproximadamente 6 dias após a fecundação (dia 20 de um ciclo menstrual de 28 dias), o blastocisto adere ao epitélio endometrial, normalmente adjacente ao polo embrionário. Logo que o blastocisto adere ao epitélio endometrial, o trofoblasto se prolifera rapidamente e se diferencia em duas camadas. • Uma camada interna, o citotrofoblasto. • Uma camada externa, o sinciciotrofoblasto, que consiste em uma massa protoplasmática multinucleada na qual nenhum limite celular pode ser observado. Imagem: Aderência do blastocisto ao epitélio endometrial durante os primeiros estágios da implantação. A, Após 6 dias, o trofoblasto está aderido ao epitélio endometrial no polo embrionário do blastocisto. B, Aos 7 dias: o sinciciotrofoblasto penetrou o epitélio e começou a invadir o tecido conjuntivo endometrial. Resumo da primeira semana Os oócitos são produzidos pelos ovários (oogênese) e são expelidos deles durante a ovulação (Fig. 2-20). As fímbrias da tuba uterina varrem o oócito para a ampola, onde ele pode ser fecundado. Geralmente somente um oócito é expelido na ovulação. Os espermatozoides são produzidos nos testículos (espermatogênese) e armazenados nos epidídimos. A ejaculação do sêmen resulta na deposição de milhões de espermatozoides na vagina. Várias centenas deles passam através do útero e entram nas tubas uterinas. Quando um oócito é penetrado por um espermatozoide, ele completa a segunda divisão meiótica. Como resultado, um oócito maduro e um segundo corpo polar são formados. O núcleo do oócito maduro constitui o pronúcleo feminino. Após o espermatozoide entrar no oócito, a cabeça dele se separa da cauda e aumenta para se tornar o pronúcleo masculino. A fecundação se completa quando os pronúcleos masculino e feminino se unem e os cromossomos maternos e paternos se misturam durante a metáfase da primeira divisão mitótica do zigoto. À medida que o zigoto passa ao longo da tuba uterina em direção ao útero, sofre clivagens (uma série de divisões mitóticas) em várias células menores, os blastômeros. Aproximadamente três dias após a fecundação, uma esfera de 12 ou mais blastômeros (a mórula) entra no útero. Uma cavidade se forma na mórula, convertendo-a em blastocisto, que é formado pelo embrioblasto, pela cavidade blastocística e pelo trofoblasto. O trofoblasto encapsula o embrioblasto e a cavidade blastocística e depois irá formar estruturas extraembrionárias e a porção embrionária da placenta. Quatro a 5 dias após a fecundação, a zona pelúcida desaparece e o trofoblasto adjacente ao embrioblasto se adere ao epitélio endometrial. O trofoblasto do polo embrionário se diferencia em duas camadas, uma externa, o sinciciotrofoblasto e outra interna, o citotrofoblasto. O sinciciotrofoblasto invade o epitélio endometrial e o tecido conjuntivo adjacente. Concomitantemente, forma-se uma camada cuboidal de hipoblasto na superfície inferior do embrioblasto. Ao final da primeira semana, o blastocisto está superficialmente implantado no endométrio. Imagem: Resumo do ciclo ovariano, fecundação e desenvolvimento embrionário durante a primeira semana. O estágio 1 do desenvolvimento começa com a fecundação na ampola da tuba uterina e termina com a formação do zigoto. O estágio 2 (dias 2 a 3) compreende o estágio inicial da clivagem (de 2 até aproximadamente 32 células, a mórula). O estágio 3 (dias 4 a 5) é a fase do blastocisto livre. O estágio 4 (dias 5 a 6) é representado pela implantação do blastocisto na parede posterior do útero, local normal da implantação. O blastocisto está seccionado para mostrar a estrutura interna dele.
Compartilhar