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Prévia do material em texto

Direito Constitucional 
 
Direito Constitucional 
Tópico: Teoria da Constituição 
Concursos em Geral 
 
 
 
 
Inclui: 
• Gráficos Estatísticos: 
 1. Disciplinas + cobradas 
 2. Tópicos + cobrados 
 3. Subtópicos + cobrados 
 4. Bancas 
• Edital Bizurado 
• Conteúdos Esquematizados 
• QR Code (áudio e vídeo) 
• Questões Comentadas 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Constitucional 
 
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Direito Constitucional 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. Direito Constitucional: tópicos mais cobrados ....................................................................................... 5 
2.Teoria da Constituição: subtópicos mais cobrados ................................................................................ 6 
3.Teoria da Constituição: subtópicos mais cobrados: cobrança por banca ........................................... 7 
4. Teoria da Constituição .............................................................................................................................. 13 
4.1. Poder Constituinte .................................................................................................................................. 13 
4.1.1. Poder Constituinte Originário ............................................................................................................ 13 
4.1.2. Poder Constituinte Derivado .............................................................................................................. 21 
4.1.2.1. Poder Constituinte Derivado Reformador ..................................................................................... 21 
4.1.2.2. Poder Constituinte Derivado Decorrente ...................................................................................... 25 
4.1.2.3. Poder Constituinte Derivado Revisor ............................................................................................ 26 
4.1.3. Poder Constituinte Supranacional .................................................................................................... 29 
4.1.4. Fenômenos Constitucionais .............................................................................................................. 30 
4.2. Classificação das Constituições .......................................................................................................... 34 
4.3. Classificação das Normas Constitucionais ........................................................................................ 43 
4.3.3. Normas de eficácia limitada ............................................................................................................... 44 
4.4. Constitucionalismo ................................................................................................................................ 48 
4.4.4. Neoconstitucionalismo ....................................................................................................................... 51 
 
 
 4 
 
 
Direito Constitucional 
Inicialmente, gostaríamos de apresentar um novo conceito de estudos para você que irá começar do zero ou 
já estuda, mas ainda não foi aprovado(a) no concurso dos seus sonhos. 
Nossa equipe é composta de professores(as) que também são concurseiros(as), profissionais super atualizados 
e comprometidos em compartilhar experiência e conteúdos diferenciados. 
Nossa missão será fornecer o melhor conjunto a você, trabalhando dentro da sua realidade, levando-se em 
consideração o pouco tempo que a maioria dos concurseiros(as) possuem para se sentar e estudar. 
Por este motivo, iremos compartilhar conteúdo direcionado, com abordagem dos assuntos relevantes para 
sua prova, em conjunto com a estratégia mais avançada para memorização da atualidade, na medida certa e 
suficiente. 
 
Concurseiro(a), o PDF Fire foi formulado com base em nossa experiência de candidato(as) aprovados(as), bem 
como em anos de dedicação com análise e pesquisas de provas anteriores. 
Guerreiro(a), neste gráfico indicaremos como as disciplinas são cobradas para as provas de Concursos. No 
total, analisamos 82.746 questões. 
Vamos às disciplinas de direito mais cobradas para Concursos: 
 
Concurseiro(a), repare que a disciplina Direito Administrativo é a mais cobrada na maioria dos concursos. 
Seguida pela disciplina de Direito Constitucional. Somadas ambas ultrapassam 50% das cobranças em 
certames. Daí a importância de dar ênfase ao que será abordado na sua prova e com isso garantir sua 
aprovação! 
A representação gráfica objetiva evidenciar o que deve ser estudado com maior relevância. Mas isso não quer 
dizer deixar de estudar as demais disciplinas. Apenas aplicar atenção proporcionalmente à importância do 
assunto no contexto geral. 
Temos na ilustração grande parte das disciplinas com relevância mediana, mas que no somatório final 
representam metade do conteúdo cobrado em provas. 
Veja que a fatia “outros” do gráfico compõe 5% das questões de concursos. Quando você já tiver estudado 
e revisado os assuntos mais recorrentes, estude também Direitos Humanos, Empresarial e Internacional 
Público e Privado. 
31%
22%8%
8%
7%
7%
5%
4%3%
5%
Concursos no Geral (todas as carreiras): 
Disciplinas mais cobradas
Direito Administrativo
Direito Constitucional
Direito Civil
Direito Penal
Legislação Extravagante
Direito Tributário
Direito Processual Penal
Direito Ambiental
Direito Processual Civil
Outros (Humanos, Empresarial,
Internacional).
 
 
 5 
 
 
Direito Constitucional 
1. Direito Constitucional: tópicos mais cobrados 
 
Concurseiro(a), o PDF Fire foi formulado com base em nossa experiência de candidato(as) aprovados(as), bem 
como em anos de dedicação com análise e pesquisas de provas anteriores. 
Nossa meta é abordar, de forma estratégica, os pontos mais incidentes nas provas, destacando o que você 
precisa realmente estudar para obter sua aprovação. 
Inicialmente, focaremos na disciplina de Direito Constitucional, conferindo os tópicos que mais caem. Não é 
segredo que esta disciplina é cobrada em toda prova. No total, analisamos 34.501 questões: 
 
 
Guerreiro(a), repare que o tópico Organização Político-Administrativa do Estado é o que mais cai. Além 
disso, veja que a fatia “outros” do gráfico compõe 9% das questões de concursos. Quando você já tiver 
estudado e revisado os assuntos mais recorrentes, estude também Ordem Social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17%
15%
14%
12%
11%
11%
11%
9%
Direito Constitucional: Tópicos mais 
cobrados
Organização Político-Administrativa do
Estado
Administração Pública - Disposições Gerais
e Servidores Públicos
Direitos Individuais: Remédios
Constitucionais e Garantias Processuais
Teoria da Constituição
Controle de Constitucionalidade
Direitos Individuais
Poder Legislativo
Outros (Ordem Social).
 
 
 6 
 
 
Direito Constitucional 
2.Teoria da Constituição: subtópicos mais cobrados 
 
Guerreiro(a), neste gráfico indicaremos os principais subtópicos dentro do tópico Teoria da Constituição. 
Os subtópico Poder Constituinte Originário, Derivado e Decorrente- Reforma (Emendas e Revisão) e 
Mutação da Constituição abarcam exatamente 37% das questões. Veja como seu estudo precisa ser 
estratégico! Não perca tempo estudando de forma passiva e catedrática, mas otimize ao aprofundar e revisar 
aquilo que mais cai! Neste materialjá mastigamos tudo para você! 
Todos os subtópicos mais cobrados são exaustivamente debatidos pela doutrina e compõem este 
material. 
Estudando por nossos quadros esquemáticos, bizus e questões selecionadas você vai arrematar esses temas 
“clássicos”, que não possuem muitas surpresas. Solidifique seu conhecimento e garanta pontos nessas 
questões que são basilares! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37%
21%
18%
12%
4%
4% 4%
Teoria da Constituição: Subtópicos mais 
cobrados
Poder Constituinte Originário, Derivado e
Decorrente - Reforma (Emendas e
Revisão) e Mutação da Constituição
Classificação das Constituições
Classificação das Normas Constitucionais
Princípios de Interpretação Constitucional
Métodos de Interpretação Constitucional
Constitucionalismo
 
 
 7 
 
 
Direito Constitucional 
3.Teoria da Constituição: subtópicos mais cobrados: cobrança por banca 
 
Concurseiro(a), para montar este material sobre Teoria da Constituição analisamos 2.278 provas de 
concursos e 2.909 questões. 
Boa parte dos estudantes, 70,3%, acertam questões sobre o tema, enquanto 29,7% erram. 
A CESPE/CEBRASPE é a banca que mais aborda o tema, seguida pela FCC, QUADRIX, VUNESP e FGV. 
 
 
 
Na próxima página, já faremos uma breve explicitação dos pontos expostos no gráfico acima no EDITAL 
BIZURADO. 
Como assim? 
Então, analisando centenas de editais e de provas, descobrimos que os editais dos concursos são 
extensos propositalmente. Isso mesmo! 
Observe que os editais são gigantes, cheio de informações de conteúdos ligados às respectivas 
disciplinas, mas, na verdade, as bancas de concurso concentram as cobranças nas provas em pontos 
específicos. Destarte, fica claro que é um artifício para confundir os(as) candidatos(as), para fazer com que ele 
sinta a necessidade de estudar tudo de tudo. 
Por este motivo, passamos a “bizurar o edital” para os(as) concurseiros(as), mapeando o que realmente 
será cobrado na prova, ajudando e direcionando seus estudos para que possa aprofundar e dominar 
os assuntos que sejam necessários e suficientes na sua aprovação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
53%
20%
11%
10%
6%
Teoria da Constituição: Cobrança por banca
CESPE/CEBRASPE
FCC
QUADRIX
VUNESP
FGV
 
 
 8 
 
 
Direito Constitucional 
 
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL 
TÓPICO 
(assunto + 
cobrado) 
TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 
SUBTÓPICOS 
(pontos + 
cobrados do 
assunto) 
Poder Constituinte 
Classificação das Constituições 
Classificação das normas constitucionais 
Constitucionalismo 
CONCEITOS 
 
 
 
 
 
Poder Constituinte 
Quais são as espécies de Poder Constituinte? 
1) Originário: O poder constituinte originário (inicial, inaugural, genuíno 
ou de 1.º grau) é aquele que instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por 
completo com a ordem jurídica precedente. O objetivo fundamental do poder 
constituinte originário, portanto, é criar um Estado, diverso do que vigorava em 
decorrência da manifestação do poder constituinte precedente. 
Características: É inicial, autônomo, ilimitado juridicamente, incondicionado, 
soberano na tomada de suas decisões, um poder de fato e político, permanente. 
2) Derivado: O poder constituinte derivado é também denominado instituído, 
constituído, secundário, de segundo grau, remanescente. Como o próprio nome 
sugere, o poder constituinte derivado é criado e instituído pelo originário. O 
Poder Constituinte Derivado deve obedecer às regras colocadas e impostas 
pelo originário, sendo, nesse sentido, limitado e condicionado aos parâmetros 
a ele impostos. Pode ser: 
2.1) Reformador; 
2.2) Decorrente; 
2.3) Revisor. 
Classificação das Constituições 
Como são classificadas as Constituições? 
1. 1) Quanto à origem 
1.1) Promulgadas: também chamadas de democrática, votada ou popular, 
são fruto do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte, eleita 
diretamente pelo povo, para, em nome dele, atuar, nascendo, portanto, da 
deliberação da representação legítima popular. 
1.2) Outorgadas: fruto de um ato unilateral de poder. Nascem em regimes 
ditatoriais, sem a participação do povo. 
1.3) Cesaristas (Bonapartistas): são elaboradas unilateralmente, mas 
submetem-se à ratificação por meio de consulta popular. Essa consulta, no 
 
 
 9 
 
 
Direito Constitucional 
entanto, apenas a reveste de aparente legitimidade. Não são nem promulgadas 
(democráticas) nem outorgadas. 
1.4) Pactuada: surge de um acordo (pacto) entre uma realeza decadente, de 
um lado, e uma burguesia em ascensão, de outro. 
1. 2) Quanto ao conteúdo 
2.1) Formal: nessa classificação, leva-se em conta apenas o modo de 
elaboração da norma. Se ela passou por um processo mais solene, mais 
dificultoso de formação (constituição rígida), será formalmente constitucional, 
não importando de que matéria venha a tratar. 
2.2) Material: aqui, é completamente irrelevante o modo como as normas foram 
elaboradas. Tratando de matéria essencialmente constitucional. 
Exemplo: estabelecimento de poder e sua limitação e direitos fundamentais. 
3) Quanto à Extensão 
3.1) Sintética: é aquela Constituição que versa apenas sobre normas 
essenciais à estruturação do Estado, sua organização e funcionamento, bem 
como sobre a divisão de Poderes e dos direitos fundamentais. 
3.2) Analítica: de conteúdo extenso, a constituição analítica (prolixa, 
desenvolvida) trata de temas estranhos ao funcionamento do Estado, 
trazendo minúcias que encontrariam maior adequação fora da Constituição, em 
normas infraconstitucionais. 
1. 4) Quanto ao modo de elaboração 
4.1) Dogmáticas: elaboradas em um momento determinado, refletem os 
valores (dogmas) daquela época. 
4.2) Históricas: formam-se a partir do lento evoluir da sociedade, dos seus 
costumes (daí serem chamadas de costumeiras). 
1. 5) Quanto à ideologia 
5.1) Ecléticas (Pragmáticas): também chamadas de compromissórias, são 
Constituições dogmáticas que se fundam em várias ideologias. 
5.2) Ortodoxas: são fundadas em uma só ideologia. 
1. 6) Quanto à finalidade 
6.1) Constituição-Garantia: de texto reduzido (sintética), busca 
precipuamente garantir a limitação dos poderes estatais frente aos indivíduos. 
6.2) Constituição Dirigente: caracterizada pela existência, em seu texto, de 
normas programáticas (de cunho eminentemente social), dirigindo a atuação 
futura dos órgãos governamentais. 
6.3) Constituição-Balanço: destinada a registrar um dado estágio das 
relações de poder no Estado. Sua preocupação é disciplinar a realidade do 
Estado num determinado período, retratando o arranjo das forças sociais que 
estruturam o Poder. Faz um “balanço” entre um período e outro. 
 
 
 10 
 
 
Direito Constitucional 
7) Quanto à ontologia (correspondência com a realidade) 
7.1) Normativas: estão em plena consonância com a realidade social, 
conseguindo regular os fatos da vida política do Estado. 
7.2) Nominativas (Nominalistas): são elaboradas com a finalidade de, 
efetivamente, regular a vida política do Estado. Mas, não alcança o seu objetivo. 
Trata-se de uma Constituição que não é observada na prática, não possui 
efetividade. 
7.3) Semântica: são criadas apenas para legitimar o poder daqueles que já o 
exercem. Nunca tiveram o desiderato de regular a vida política do Estado. É 
típica de regimes autoritários. 
8) Quanto à alterabilidade 
8.1) Imutável: não prevê mecanismos para sua alteração. Tem a pretensão de 
ser eterna. 
8.2) Rígida: prevê um procedimento solene, mais dificultoso do que o previsto 
para alteração das leis ordinárias. Fundamenta-se no princípio da Supremacia 
Formal da Constituição. 
8.3) Flexível: o procedimento para alterar a Constituição é o mesmo processo 
legislativo de elaboração e alteração das leis ordinárias. 
8.4) Semirrígida: é em parte rígida e noutra parte flexível. Desse modo, 
algumas normas da Constituição só podem ser modificadas por um 
procedimento mais dificultoso, enquantooutras se submetem ao mesmo 
processo legislativo das leis infraconstitucionais. 
1. 9) Quanto à Forma 
9.1) Escritas: formadas por um conjunto de regras formalizadas por um órgão 
constituinte, em documentos escritos solenes. Podem ser codificadas (quando 
sistematizadas em um único texto), ou legais (quando se apresentam esparsas 
ou fragmentadas). 
9.2) Não-Escritas (Costumeiras ou Consuetudinárias): não são 
solenemente elaboradas por órgão encarregado especialmente desse fim. São 
sedimentadas pelos usos, costumes, jurisprudência etc. 
Constituição Federal de 1988 
A Constituição Federal de 1988 classifica-se 
como promulgada, formal, analítica, dogmática, eclética 
(pragmática), dirigente, 
normativa (ou tendente a sê-la), rígida e escrita codificada. 
Classificação das Normas Constitucionais 
Segundo José Affonso, as normas constitucionais podem ser: 
1) Normas de eficácia plena: também conhecidas como normas de mera 
aplicação. São normas suficientes em si mesmas. Possuem aplicabilidade 
direta, imediata e integral. 
 
 
 11 
 
 
Direito Constitucional 
Exemplo: tripartição de poderes (art. 2º, CF). 
2) Normas de eficácia contida: também conhecidas como normas de eficácia 
restringível ou redutível. Possuem aplicabilidade direta e imediata, mas 
podem sofrer restrições posteriores. 
Exemplo: Art. 5º, XIII, CF que aduz o livre exercício das profissões, “atendidas 
as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. 
3) Normas de eficácia limitada: também conhecidas como normas de 
integração completáveis ou de eficácia relativa dependentes de 
complementação. Possuem aplicabilidade indireta ou mediata/diferida. 
Elas vinculam o legislador ordinário, que será obrigado a, futuramente, editar 
uma norma infraconstitucional. 
Exemplo: Imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII, CF). 
Ainda, José Affonso divide as normas constitucionais de eficácia limitada em 
duas categorias: 
3.1) Normas de princípio institutivo: contém esquemas gerais (iniciais) para 
a estruturação de instituições, órgãos ou entidades. 
Exemplo: Criação das Defensorias Públicas (art. 134, CF). 
3.2) Normas de conteúdo programático: veiculam programas de ação a 
serem veiculados pelo Estado. Trazem um objetivo social, mas não dizem como 
alcançá-lo. O caminho para consecução desse objetivo depende do legislador 
ou do Poder Público. 
Exemplo: Direito à alimentação (art. 6º, CF). 
Existem outras classificações possíveis das normas constitucionais? 
Guerreiro(a), alguns autores mencionam mais duas classificações: 
4) Normas de eficácia exaurida: também conhecidas como normas de eficácia 
esgotada ou esvaída. Sua aplicabilidade já se esgotou e seus efeitos já foram 
cumpridos. 
Exemplo: art. 4º, ADCT. 
5) Normas de eficácia absoluta: seriam as cláusulas pétreas. 
Crítica: as cláusulas pétreas são, na verdade, limitação ao Poder Constituinte 
Derivado (reformador e revisor), sem possuírem qualquer relação quanto à 
aplicabilidade. 
Constitucionalismo 
O que é a Constituição? 
Para os procedimentalistas, a Constituição é uma moldura de direitos que 
deve regular apenas o processo deliberativo da sociedade, ou seja, deve 
preservar os canais democráticos de formação da vontade, de modo que a 
própria sociedade deve escolher sobre a implementação dos direitos previstos 
na Constituição. 
 
 
 12 
 
 
Direito Constitucional 
Tal implementação não deve ser uma obra primordial do Poder Judiciário 
(portanto, rejeita o ativismo), mas, sim, mediante deliberações da sociedade 
via Legislativo. O procedimentalismo tem relação com a vertente doutrinária 
brasileira chamada de Democracia Deliberativa, tema de obra do jurista Cláudio 
Pereira de Souza Neto. 
De outro turno, o substancialismo acredita no modelo de Constituição 
Dirigente, desenvolvida pelo constitucionalista português Canotilho. Acredita 
em um modelo constitucional onde o Poder Judiciário exerce amplo papel 
de consolidação dos direitos fundamentais, implementando os direitos 
sociais sem freios. 
Na vertente substancialista, é legítimo que os juízes determinem a realização 
de políticas públicas, previstas como princípios fundamentais na Constituição, 
ainda que sem a interposição do Poder Legislativo. Nesses casos, é suficiente 
a inércia do Poder Executivo em executar determinada promessa constitucional 
para que se autorize a intervenção judicial. 
O constitucionalismo liberal teve início no final do séc. XVIII com as 
revoluções liberais (Francesa e Americana), que resultaram na queda das 
grandes monarquias. O que se buscava com essas revoluções era a liberdade 
dos cidadãos em relação ao autoritarismo do Estado. Foi a partir daí que houve 
a necessidade de prever quais eram os direitos de cada indivíduo, evitando a 
atividade arbitrária do Estado. Essa instrumentalização dos direitos individuais 
veio por meio das primeiras Constituições escritas. Sob a influência do 
iluminismo liberalista, sentiu-se a necessidade de garantir taxativamente as 
liberdades individuais, fazendo-o por meio de leis. 
Por fim, a ideia da hermenêutica constitucional aberta aos intérpretes da 
Constituição vem de Peter Häberle, jurista alemão, que defende uma 
democratização da hermenêutica constitucional. Ele propõe que o 
processo de interpretação constitucional deve permitir a participação de 
figuras que por ele serão influenciadas, como órgãos estatais, cidadãos e 
grupos sociais. 
Não se estabelece, assim, número limite aos participantes do processo 
hermenêutico, sendo estes as forças produtivas de interpretação, sem as quais 
seria impossível uma interpretação democrática da Constituição. Segundo 
Häberle, todo aquele que vive no contexto regulado por uma norma e que vive 
com este contexto, é, indireta ou, até mesmo diretamente, um intérprete da 
norma. O destinatário da norma é participante ativo, muito mais ativo do que se 
pode supor tradicionalmente, do processo hermenêutico. Como não são apenas 
os intérpretes jurídicos da Constituição que vivem a norma, não detêm eles o 
monopólio da interpretação. 
 
 
 
 13 
 
 
Direito Constitucional 
4. Teoria da Constituição 
 4.1. Poder Constituinte 
 4.1.1. Poder Constituinte Originário 
 
Professor, a quem pertence a titularidade do Poder Constituinte? 
A titularidade do poder constituinte, como aponta Sièyes em “O Terceiro Estado”, pertence ao povo. 
No que consiste o Poder Constituinte Originário (PCO)? 
O PCO (inicial, genuíno, primário, de primeiro grau ou inaugural) é responsável pela escolha e formalização 
do conteúdo das normas constitucionais, sendo um poder supremo e originário, extrajurídico e atemporal. 
Ele é responsável por estabelecer a Constituição de um Estado. 
Trata-se de um poder que advém diretamente da soberania popular, afinal todo poder emana do povo. É 
a partir desta concepção que se vislumbra uma base legítima ao Estado Constitucional e Democrático. O 
Poder Constituinte Originário reproduz o poder do povo que, soberanamente, organiza seu Estado e limita o 
poder deste frente aos indivíduos. 
Ou seja, o Estado nasce do documento confeccionado pelo Poder Constituinte Originário. 
 
 
Quem é o titular do Poder Constituinte Originário? 
Sobre o PCO, é importante distinguir sua titularidade do seu exercício. 
Para a doutrina majoritária, a titularidade do Poder Constituinte reside no povo, em razão de sua soberania. 
É o que preceitua Joseph Sieyès na obra “O que é o “Terceiro Estado?”. 
Titular significa deter o poder, ainda que eventualmente outros agentes o exerçam. Segundo Novelino, “a 
elaboração do texto constitucional por um grupo minoritário não o transforma no detentor da titularidade do 
Poder Constituinte, apenas revela o exercício legítimo deste poder por ter sido usurpado de seu autêntico 
titular”1. 
Quais as características do PCO? 
Segundo a doutrina, algumas das principaiscaracterísticas do PCO são: 
1) Inicial: instaura uma nova ordem jurídica do ponto de vista jurídico-formal e rompe por completo com a 
anterior; 
2) Autônomo: a nova ordem jurídica será estruturada no formato elaborado por quem exercer o poder; estrutura 
o poder como bem entender; 
3) Ilimitado: não encontra limites temáticos, seleciona os temas como bem desejar; 
4) Incondicionado: não tem que respeitar limites fixados pela ordem jurídica anterior, como regra, por se tratar 
de um poder político; 
5) Permanente: não se esgota com a edição da Constituição, permanece “adormecido”; 
6) Soberano: é a mais alta ordem jurídica emanada; não admite força superior a si próprio, seja no âmbito 
interno ou internacional. 
 
 
1NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. p. 74. Ed. JusPodivm. 
 
 
 14 
 
 
Direito Constitucional 
 
Preste muita atenção no conteúdo abaixo para não se confundir, haja vista que as bancas gostam de trocar os 
conceitos para confundir o candidato na prova. 
PODER CONSTITUINTE 
ORIGINÁRIO DERIVADO 
É a fonte de criação da primeira ou da nova 
constituição de um Estado. 
Como o nome já indica, provém do originário. 
Poder inicial (não há outro anterior ou superior). Não surge com autonomia, mas sim deriva de 
outro poder. 
Autônomo (pois estabelece a estrutura da 
constituição. 
Subordinado, já que deve respeitar os 
fundamentos estabelecidos, pelo Poder 
Constituinte Originário, dispostos na 
Constituição. 
Ilimitado (não se subordina a concepções 
preexistentes). 
 Limitado (pelo poder constituinte originário). 
Incondicionado (não segue formalidades 
preestabelecidas). 
Condicionado devido a ser exercido em 
obediência às normas impostas pelo poder 
originário. 
 
 
Preciso que ouça a orientação do professor para não erras esse assunto na prova. 
Ele irá chamar sua atenção para as pegadinhas mais usuais utilizadas pelas bancas 
 
 
A doutrina aponta que o “princípio da vedação do retrocesso” exige que o Poder Constituinte Originário 
se submeta a documentos internacionais de defesa de direitos, como acontece com os tratados 
internacionais de Direitos Humanos. 
 
Esse assunto foi cobrado na prova discursiva de juiz substituto no estado do CE em 2019 pela banca 
CESPE/ CEBRASPE. 
Seria juridicamente possível questionar a constitucionalidade de normas constitucionais 
originárias? 
Prevalece a tese de que é juridicamente impossível questionar a constitucionalidade de normas 
constitucionais originárias, por serem estas a expressão do caráter ilimitado, incondicionado e soberano 
da atividade do poder constituinte. 
O STF adotou o mesmo entendimento. Por ocasião do julgamento da ADI 815, DJ de 10/5/1996, o 
relator, min. Moreira Alves, afirmou que: “(...) a tese de que há hierarquia entre normas constitucionais 
originárias dando azo à declaração de inconstitucionalidade de umas em face de outras é incompossível 
com o sistema de Constituição rígida”. No julgamento da ADI 4.097/AgR, DJ de 21/11/2008, relatada pelo 
min. Cezar Peluso, foi indeferida a petição inicial, por impossibilidade jurídica do pedido, que se dirigia à 
declaração de inconstitucionalidade da norma que afirma serem inelegíveis os analfabetos. Foi abonado o 
 
 
 15 
 
 
Direito Constitucional 
magistério de Gilmar Ferreira Mendes, Clèmerson Clève, Marcelo Neves e de Jorge Miranda no sentido 
de ser incogitável o controle de constitucionalidade de deliberação do constituinte originário. Do autor 
português adotou-se o ensinamento de que “no interior da mesma Constituição originária (...), não 
divisamos como possam surgir normas inconstitucionais. Nem vemos como órgãos de fiscalização 
instituídos por esse poder seriam competentes para apreciar e não aplicar, com base na Constituição, 
qualquer de suas normas. É o princípio da identidade ou de não contradição que o impede”. 
A doutrina2 assim se posiciona: Sendo o poder constituinte originário ilimitado e sendo o controle de 
constitucionalidade exercício atribuído pelo constituinte originário a poder por ele criado e que a ele deve 
reverência, não há se cogitar de fiscalização de legitimidade por parte do Judiciário de preceito por aquele 
estatuído. 
 
Resumamos as informações estudadas sobre o tema: 
PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO 
CONCEITO CARACTERÍSTICAS NATUREZA 
Tem relação com a escolha e com 
o conteúdo das normas 
constitucionais. 
1) Inicial e Soberano. É um poder de fato. 
2) Autônomo. De índole política. 
É um poder político, supremo e 
originário. 
3) Ilimitado, apesar de a doutrina fixar 
limites. 
Também é identificada, 
nessa linha, a sua natureza 
pré-jurídica ou 
extrajurídico. 
Denominado também de “inicial”, 
“inaugural”, “genuíno” ou “de 1º 
grau”. 
4) Incondicionado. 
5) Permanente. 
 
 
Para memorizar, pense no próprio nomem iuris: Se o Poder Constituinte é Originário é porque origina 
uma nova ordem jurídica. 
Características do poder constituinte originário: 
"SAIII" 
Soberano 
Autonômo 
Inicial 
Incondicionado 
Ilimitado 
 
 
2 Gilmar Mendes e Paulo Branco. Curso de direito constitucional. 12.ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 113. 
 
 
 16 
 
 
Direito Constitucional 
 
1. (MPT – 2020 – MPT – Procurador do Trabalho) A doutrina moderna aponta que a titularidade do poder 
constituinte pertence ao povo. Sobre este tema, assinale a alternativa correta. 
a) O poder constituinte originário ou de primeiro grau instaura uma nova ordem jurídica, rompendo, por 
completo, com a ordem jurídica anterior, razão pela qual é considerado inicial, autônomo, ilimitado 
juridicamente, representando um poder jurídico, segundo a doutrina moderna. 
b) No caso dos Municípios, sua capacidade de auto-organização está delimitada nos termos do artigo 19 
da Constituição Federal, razão pela qual a doutrina majoritária entende que o poder constituinte derivado 
decorrente não se faz na órbita deste ente federado. 
c) A manifestação do poder constituinte reformador, também denominado de "competência reformadora", 
verifica-se através das emendas constitucionais, caracterizado pela carência de limitações expressas ou 
implícitas. 
d) Segundo o artigo 3º do ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias), a revisão 
constitucional seria realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da 
maioria simples dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. Trata-se do poder 
constituinte derivado revisor. 
 
2. (CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal) A possibilidade de um direito positivo 
supraestatal limitar o Poder Legislativo foi uma invenção do constitucionalismo do século XVIII, inspirado 
pela tese de Montesquieu de que apenas poderes moderados eram compatíveis com a liberdade. Mas 
como seria possível restringir o poder soberano, tendo a sua autoridade sido entendida ao longo da 
modernidade justamente como um poder que não encontrava limites no direito positivo? Uma soberania 
limitada parecia uma contradição e, de fato, a exigência de poderes políticos limitados implicou redefinir o 
próprio conceito de soberania, que sofreu uma deflação. 
Alexandre Costa. O poder constituinte e o paradoxo da soberania limitada. In: Teoria & Sociedade. n.º 19, 
2011, p. 201 (com adaptações). 
Considerando o texto precedente, julgue o item a seguir, a respeito de Constituição, classificações das 
Constituições e poder constituinte. 
A concepção de “soberania limitada”, citada no texto, implica a divisão da titularidade do poder constituinte 
entre o povo e a assembleia constituinte que o representa. 
Certo ou Errado 
3. (INSTITUTO AOCP – 2019 - PC-ES – Escrivão de Polícia) O Poder Constituinte é a manifestação 
soberana da suprema vontade política de um povo, social e juridicamente organizado. A respeito do Poder 
Constituinte, é correto afirmar que 
a) o Poder Constituinte derivado nãoestá preso a limites formais. 
b) o Poder Constituinte originário está previsto e regulado no texto da própria Constituição. 
c) o Poder Constituinte derivado pode se manifestar na criação de um novo Estado ou na refundição de 
um Estado. 
d) o Poder Constituinte originário pode ser reformador ou revisor 
 
 
 17 
 
 
Direito Constitucional 
e) o Poder Constituinte originário é permanente, eis que não se esgota no momento do seu exercício, 
podendo ser convocado a qualquer momento pelo povo. 
 
1. COMENTÁRIO: concurseiro(a), de fato a capacidade de auto-organização dos Municípios, que os 
autoriza a criar suas próprias Leis Orgânicas, não envolve um poder constituinte derivado decorrente. 
A justificativa da doutrina reside no fato de que esta lei deve obedecer a dois diplomas normativos mais 
elevados, quais sejam, a Constituição Federal e a Constituição Estadual. 
Alternativa correta letra “b”. 
A alternativa “a” está errada. A assertiva questiona a visão da doutrina moderna que já vislumbra algumas 
limitações ao Poder Constituinte Originário (PCO), razão pela qual ele não pode ser considerado ilimitado 
juridicamente. 
A alternativa “c” está errada. A casca de banana está na menção à carência (falta) de limitações. Na 
verdade, o Poder Constituinte Reformador possui diversas limitações que, na CF/88, estão disciplinadas 
expressamente no art. 60. 
A alternativa “d” está errada. A revisão constitucional depende de maioria absoluta, não simples. 
2. COMENTÁRIO: somente o povo é titular do poder constituinte consoante a doutrina dominante. 
 “Art. 1º, parágrafo único, CF. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes 
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” Não há que se falar em titularidade do poder 
constituinte por parte da assembleia constituinte. Esta apenas exerce a vontade do povo. 
O item está errado. 
3. COMENTÁRIO: candidato(a), como estudamos o Poder Constituinte Originário é permanente. Após 
inaugurar uma nova ordem constitucional, permanece adormecido até o momento em que precise 
novamente ser convocado. 
Alternativa correta letra “e”. 
 
Qual a natureza do Poder Constituinte Originário? 
Há na doutrina duas concepções: 
1ª Corrente: jurídica (naturalista): o PCO seria um poder de Direito, de natureza jurídica. Esta corrente 
vislumbra o direito natural acima do direito positivo e, assim, este direito natural vincula o PCO. 
O PCO, no momento em que elabora uma nova Constituição, inaugurando o ordenamento jurídico, deve 
observar imperativos do Direito Natural. 
Assim, o PCO, para os jusnaturalistas, é um poder jurídico já que extrai sua força e fundamento dos 
imperativos do direito natural. Trata-se de um suprapoder, superior à Constituição e responsável pela 
elaboração desta. 
É a posição de Manoel Gonçalves Ferreira Filho. 
 
 
 18 
 
 
Direito Constitucional 
2ª Corrente: política (positivista): não acredita na existência de um direito natural que condiciona o 
PCO. Na verdade, o Poder Constituinte Originário é um poder de fato ou político. Trata-se apenas de 
direito posto pelo Estado. Surge a partir da Constituição enquanto norma suprema originária. 
Para os doutrinadores que defendem esta corrente, antes da Constituição não há direito e, assim, não 
estaria o PCO limitado por qualquer norma jurídica. Dentro do espectro positivista, o PCO é um poder 
político por estar amparado na sociedade, já que, acima da Constituição, ele cria a Constituição. 
É a corrente adotada pela doutrina majoritária. 
 
Resumamos as informações acima que têm sido mais constantemente abordadas em provas: 
 
PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO 
 
CONCEPÇÕES: 
 
JUSNATURALISTA 
 
POSITIVISTA 
Entende o PCO como um poder de Direito, com 
natureza jurídica. 
Entende o PCO como um poder de fato, de 
natureza política. 
Há imperativos do direito natural que 
condicionam o exercício do PCO. 
Não acredita em imperativos do direito natural que 
condicionam o PCO. 
O Direito Natural é um suprapoder, superior à 
Constituição e responsável pela elaboração dela. 
O que legitima o exercício do poder é a sociedade, 
o poder emanado do povo. 
 
 
Apesar de a doutrina tradicional apontar que o Poder Constituinte Originário é ilimitado, hoje já se defendem 
algumas limitações, tais como as apontadas por Jorge Miranda: 
1) Limites imanentes: relacionados à própria essência do Estado. 
Decorrem da ideia de que um grupo assumiu o poder com o intuito de organizar um Estado. São aqueles limites 
que possuem correlação com a soberania, o povo e o território. 
2) Limites transcendentes: dizem respeito ao Direito Natural (valores inerentes à natureza humana), aos 
valores éticos e à consciência jurídica coletiva. 
3) Limites heterônomos: decorrem do Direito Internacional. 
Exemplo: o art. 4º, §3º, CADH impossibilita o restabelecimento da pena de morte naqueles países que a 
tenham abolido. Apesar de a CF/88 permitir a pena de morte em caso de guerra declarada, uma nova atuação 
do PCO, criando uma nova Constituição, não poderia restabelecê-la. 
 
 
 
 19 
 
 
Direito Constitucional 
Segundo Pedro Lenza3, “a ideia de que todo Estado deva possuir uma Constituição e de que esta deve conter 
limitações ao poder autoritário e regras de prevalência dos direitos fundamentais desenvolve-se no sentido de 
consagração de um Estado Democrático de Direito (art. 1º, caput, CF/88) e, portanto, de soberania popular. 
Assim, de forma expressa, o parágrafo único do art. 1º da CF/88 concretiza que ‘todo o poder emana do povo, 
que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição’. 
Vale dizer, mencionado artigo distingue titularidade de exercício do poder. O titular do poder é o povo. Como 
regra, o exercício desse poder, cujo titular, repita-se, é o povo, dá-se através dos representantes do povo.” 
Importante destacar que o trecho doutrinário evidencia o fato de que a República Federativa do Brasil é uma 
democracia semidireta. Como regra, elegemos representantes para o exercício do poder. 
Apesar disso, há elementos de democracia direta, exercido em mecanismos como referendo, plebiscito e 
iniciativa popular (art. 14, CF). 
 
Segundo o STF4, os dispositivos constitucionais têm vigência imediata, alcançando efeitos futuros de fatos 
passados. Trata-se de retroatividade mínima. 
Isso não impede que, futuramente, nova Constituição atribua efeitos diversos aos seus dispositivos. Isso 
porque, como é o documento que emana diretamente do Poder Constituinte Originário (PCO) tudo (em regra) 
pode dispor e prever. 
 
Os direitos adquiridos são oponíveis ao Poder Constituinte Originário? 
Guerreiro(a), fique atento porque isso foi recentemente abordado pela banca CESPE, mas não se trata de um 
tema pacífico. 
1ª Corrente: sim. Há doutrina recente que entende que o PCO não é ilimitado, mas esbarra em questões éticas, 
sociais e metajurídicas. Assim, não é possível que ele retroaja para atingir direitos adquiridos. 
2ª Corrente: não. Os direitos que foram adquiridos antes da promulgação de uma nova constituição não 
estão, como regra, protegidos contra ela, salvo se o próprio Poder Constituinte Originário assim prever. 
Segundo a doutrina, “os dispositivos de uma nova Constituição se aplicam imediatamente, alcançando os 
'efeitos futuros de fatos passados' (retroatividade mínima). No entanto, para desconstituírem fatos passados já 
consumados (retroatividade máxima) ou pendentes de consumação como, por exemplo, 'prestações 
anteriormente vencidas e não pagas' (retroatividade média), é desnecessária disposição constitucional 
expressa nesse sentido. Portanto, com o advento de uma nova Constituição, a retroatividade mínima ocorre 
de forma automática, ao passo que as retroatividades média e máxima exigem previsão textual”5. 
 
3 Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado.p. 77. 20ª edição. SaraivaJur. 
4 RE 242740/GO, Rel. Min. Moreira Alves, J. 20/03/2001 
5 Marcelo Novelino. Curso de Direito Constitucional. Ed. JusPodivm. 
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/777802/recurso-extraordinario-re-242740-go
 
 
 20 
 
 
Direito Constitucional 
E arremata-se: “é possível a retroatividade máxima e média da norma introduzida pelo constituinte originário 
desde que haja expressa previsão, como é o caso do art. 51 do ADCT da CF/88. Nesse sentido, doutrina e 
jurisprudência afirmam que não há direito adquirido contra a Constituição”.6. 
Este é o entendimento da banca CESPE: direitos adquiridos não são oponíveis ao PCO, nem para evitar óbice 
ao retrocesso social. 
 
4. (CESPE/CEBRASPE – 2019 – MPE-PI – Promotor de Justiça) De acordo com a doutrina, norma 
constitucional superveniente editada pelo poder constituinte originário sem qualquer ressalva tem eficácia 
a) retroativa máxima. 
b) retroativa média. 
c) retroativa mínima. 
d) somente para o futuro. 
e) exauriente. 
 
4. COMENTÁRIO: concurseiro(a), primeiramente vale lembrar que o Poder Constituinte Originário (PCO) é 
aquele inaugural, autônomo e ilimitado (em tese). 
Segundo o STF, os efeitos de uma nova Constituição, advindos do resultado da atuação do PCO, alcançam os 
efeitos futuros de fatos passados (retroatividade mínima). As normas constitucionais, salvo disposição 
expressa em contrário (pois a Constituição pode fazê-lo), não atingem os atos ou fatos consumados no passado 
(retroatividade máxima), nem os seus efeitos pendentes (retroatividade média). 
Alternativa correta letra “c”. 
 
Constituição Federal 
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual 
para todos, e, nos termos da lei, mediante: 
I - plebiscito; 
II - referendo; 
III - iniciativa popular. 
 
6 Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado. p. 169. 24ª edição. 2020. 
 
 
 21 
 
 
Direito Constitucional 
 
 4.1.2. Poder Constituinte Derivado 
 
Do que se do que se trata? 
O Poder Constituinte Derivado é também denominado instituído, constituído, secundário, de segundo 
grau, remanescente. Como o próprio nome sugere, o poder constituinte derivado é criado e instituído pelo 
originário. 
Ao contrário de seu “criador”, que é, do ponto de vista jurídico, ilimitado, incondicionado, inicial, o derivado deve 
obedecer às regras colocadas e impostas pelo originário, sendo, nesse sentido, limitado e condicionado aos 
parâmetros a ele impostos. 
Quais as subdivisões do Poder Constituinte Derivado? 
A doutrina vislumbra os seguintes aspectos do Poder Constituinte Derivado: 
4.1.2.1. Poder Constituinte Derivado Reformador 
 
 
 
A manifestação do poder constituinte reformador verifica-se através das emendas constitucionais. O Poder 
Originário permitiu a alteração de sua obra, mas obedecidos limites previstos no art. 60, CF. 
Professor, do que se tratam as limitações ao Poder Constituinte Derivado Reformador? 
O Poder Constituinte Derivado é, como estudado, instituído pelo Poder Constituinte Originário. Por ser um 
poder instituído, ele possui algumas limitações. 
Vejamos: 
1) Limitação temporal: trata-se da proibição de reforma constitucional por um período de tempo após 
promulgada a Constituição. 
2) Limitações circunstanciais: a Constituição não poderá ser emendada na vigência da intervenção federal, 
do estado de defesa ou do estado de sítio. É o que prescreve o art. 60, §1º, CF. 
Tratam-se de situações anômalas e graves, absolutamente excepcionais, em que o texto constitucional não 
pode ficar suscetível a mudanças. 
3) Limitações formais (procedimentais): dizem respeito ao processo legislativo. É o que torna a 
Constituição rígida. Previsão nos arts. 60, I, II, III e §§2º, 3º e 5º, CF. 
3.1) Quanto à iniciativa, o processo para alteração da Constituição depende de início pelos seguintes 
legitimados: 
3.1.1) 1/3, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados (171 Deputados) ou do Senado Federal (27 
Senadores); 
3.1.2) Presidente da República; 
3.1.3) Mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada 
uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 
Preste atenção, candidato(a): não existe iniciativa popular de Emenda Constitucional na CF/88! 
3.2) Quanto ao quórum para aprovação: Exige-se manifestação das duas casas do Congresso Nacional, 
manifestando-se por 3/5 dos seus membros (maioria qualificada), em dois turnos de votação (art. 60, §3º, CF). 
 
 
 22 
 
 
Direito Constitucional 
Diferentemente do que ocorre com a legislação ordinária, não há prevalência da casa iniciadora. Essa igualdade 
das casas, independentemente da iniciadora, é chamada de bicameralismo igualitário ou bicameralismo de 
equilíbrio. 
3.3) Quanto à promulgação, a Emenda Constitucional deve ser aprovada pelas Mesas da Câmara e do Senado 
em sessão conjunta (art. 60, §3º, CF). 
Fique atento(a), candidato(a): não há sanção, veto nem promulgação da Emenda pelo Presidente! As bancas 
adoram cobrar essa pegadinha em provas. 
3.4) A proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova PEC na mesma 
sessão legislativa. É o que dispõe o art. 60, §5º, CF. 
3.4.1) PEC rejeitada é aquela cujo mérito foi apreciado e descartado; 
3.4.2) PEC havida por prejudicada é aquela arquivada sem apreciação do mérito. 
4) Limitações materiais: são as cláusulas pétreas. Envolvem o núcleo intangível da Constituição Federal. 
Também são conhecidas como cláusulas superconstitucionais, cláusulas de eternidade, cláusulas 
entrincheiradas ou “cravadas na pedra”. 
As cláusulas pétreas explícitas no art. 60, §4º, CF são: 
4.1) Forma federativa de Estado; 
4.2) Voto direto, secreto, universal e periódico; 
4.3) Separação dos poderes; 
4.4) Direitos e garantias individuais. 
 
 
Resumamos o que foi visto até aqui: 
 
PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR 
LIMITAÇÕES 
TEMPORAIS CIRCUNSTANCIAIS FORMAIS MATERIAIS 
Trata-se da proibição 
de reforma 
constitucional por um 
período de tempo após 
promulgada a 
Constituição. 
Situações anômalas em 
que a Constituição não 
pode ser emendada. 
Dizem respeito ao 
processo legislativo. 
São cláusulas pétreas. 
Abarcam matérias que 
não podem ser 
fragilizadas por ECs. 
Envolve situações 
gravosas que não 
podem fragilizar a CF/88 
(art. 60, §1º, CF). 
Envolvem 
procedimentos de 
iniciativa, quórum, 
promulgação e votação. 
Há cláusulas pétreas 
explícitas (art. 60, §4º, 
CF) e implícitas. 
A CF/88 não consagrou 
limitações ao Poder 
Constituinte Derivado 
Reformador. 
Exemplo: intervenção 
federal, estado de 
defesa e estado de sítio. 
Exemplo: legitimidade 
do Presidente da 
República para 
propositura de EC. 
Exemplo: forma 
federativa de Estado 
(art. 60, §4º, I, CF). 
 
 
 
 
 23 
 
 
Direito Constitucional 
A doutrina reconhece ainda algumas cláusulas pétreas implícitas, quais sejam: 
1) Impossibilidade de se alterar o titular do poder constituinte originário; 
2) Impossibilidade de se alterar o titular do poder constituinte derivado reformador; bem como 
3) Proibição de se violar as limitações expressas. 
 
Outro ponto a ser memorizado pelo(a) candidato(a): 
PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR 
LIMITAÇÕES MATERIAIS 
EXPLÍCITAS IMPLÍCITAS 
Previstas no art. 60, §4º, CF. São elas: Elencadas pela doutrina. São elas: 
1) a forma federativa de Estado; 1) Impossibilidade de se alterar o titular do poder 
constituinte originário; 
2) o voto direto, secreto, universal e periódico; 
3) a separação dos Poderes; 2) Impossibilidade de se alterar o titular do poder 
constituinte derivado reformador; 
4) os direitos e garantias individuais. 3) Proibição de se violar as limitações expressas. 
 
Professor, como memorizar as Cláusulas Pétreas? 
Lembre-seda seguinte frase: FOi VOcê que SEPARou os DIREITOS? 
FO: forma federativa de Estado. 
VO: voto direto, secreto, universal e periódico. 
SEPAR: separação de poderes; e 
DIREITOS: direitos e garantias individuais. 
 
O Brasil não adota a Teoria da dupla revisão. Ou seja, não admite uma primeira revisão acabando com a 
limitação expressa e a segunda revisão constitucional minando as cláusulas pétreas e outras limitações. Fixe 
isso, candidato(a)! Cai bastante! 
 
 
 
 
 
 
 24 
 
 
Direito Constitucional 
 
 
 
Constituição Federal 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
I. de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; 
II. do Presidente da República; 
III. de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma 
delas, pela maioria relativa de seus membros. 
§1º. A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de 
estado de sítio. 
§2º. A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-
se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. 
§3º. A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, 
com o respectivo número de ordem. 
§4º. Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
I. a forma federativa de Estado; 
II. o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III. a separação dos Poderes; 
IV. os direitos e garantias individuais. 
§ 5º. A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de 
nova proposta na mesma sessão legislativa. 
 
5. (INSTITUTO AOCP – 2016 – Câmara de Rio Branco – Procurador) A Constituição Federal poderá ser 
emendada mediante proposta 
a) da metade, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal. 
b) do Procurador-Geral da República. 
c) de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma 
delas, pela maioria relativa de seus membros. 
d) do partido político com representação no Congresso Nacional. 
e) do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. 
6. (FCC – 2019 – DPE/SP – Defensor Público) Encontra-se em tramitação no Senado Federal a proposta de 
Emenda à Constituição Federal de 1988 nº 4/19, que modifica o artigo 228 para determinar a inimputabilidade 
dos menores de 16 anos. O Poder Constituinte Reformador 
a) não tem limites materiais desde que se preveja conjuntamente, na redação da proposta de emenda, revisão 
de conteúdo das próprias cláusulas pétreas. 
 
 
 25 
 
 
Direito Constitucional 
b) não tem limites materiais desde que suas decisões sejam submetidas a referendo deliberativo da população. 
c) tem limites materiais encontrados na proteção dos direitos e garantias individuais, dos quais se exclui a 
maioridade penal por não estar disposta no Capítulo I (Dos direitos e deveres individuais e coletivos) do Título 
II (Dos direitos e garantias fundamentais) da CF/88. 
d) tem limites materiais expressos nas chamadas cláusulas pétreas, que impedem modificações nos direitos e 
garantias individuais. 
e) tem limites materiais encontrados na proteção dos direitos e garantias individuais, que se encontram ao longo 
de toda a Constituição conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal. 
 
5. COMENTÁRIO: conforme art. 60, CF/88, “A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma 
delas, pela maioria relativa de seus membros”. 
A alternativa “c” é a correta. 
6. COMENTÁRIO: o Poder Constituinte Derivado Reformador é aquele responsável por alterar a 
Constituição Federal por meio das Emendas Constitucionais. Como estudado, ele possui diversos tipos de 
limitações, dentre as quais se encontram as limitações materiais. 
As limitações materiais são aquelas que possuem correlação com uma temática, como é o caso da proteção 
dos direitos fundamentais. Não são apenas aquelas previstas no art. 60, §4º, CF, mas estão presentes em 
todo texto constitucional. 
Exemplo: o STF já considerou cláusula pétrea o princípio da anterioridade tributária (ADI 939-7/DF)7. 
Alternativa correta letra “e”. 
4.1.2.2. Poder Constituinte Derivado Decorrente 
 
Sua missão é estruturar a Constituição dos Estados-Membros (e a lei orgânica do Distrito Federal) ou, em 
momento seguinte, havendo necessidade de adequação e reformulação, modificá-la. Tal competência decorre 
da capacidade de auto-organização estabelecida pelo poder constituinte originário. 
Em relação aos Municípios e Territórios Federais, há manifestação do Poder Constituinte Derivado 
Decorrente? 
Não. Em relação aos Municípios, eles elaboram Leis Orgânicas, não “Constituições Municipais”. Além disso, 
o conteúdo dessas leis obedece tanto à Constituição Federal, quanto à Constituição Estadual, havendo dois 
graus de imposição legislativa constitucional. 
No caso dos Territórios Federais, eles integram a União, não possuindo autonomia federativa. Assim, não 
se trata de manifestação do Poder Constituinte, mas de descentralização administrativo-territorial da União. Os 
Territórios possuem natureza de autarquia federal. 
 
 
 
 
 
7 STF. Plenário. ADI 939-7/DF. Relator Ministro Sydney Sanches. 
 
 
 26 
 
 
Direito Constitucional 
 
 
Veja alguns limites que a doutrina aponta a este poder: 
PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE 
LIMITAÇÕES 
POSITIVAS NEGATIVAS 
Constituições Estaduais devem concretizar, no 
território em que incidem, os fins, os preceitos e o 
espírito da Constituição Federal. 
Define-se pela impossibilidade de as 
Constituições Estaduais contrariarem a 
Constituição Federal. 
Aqui há uma diretriz, orientação a ser seguida. Trata-se de uma limitação de hierarquia 
normativa. 
 
 
7. (CESPE - 2014 - Câmara dos Deputados - Analista Legislativo - Consultor Legislativo Área II) De acordo 
com as noções gerais e os princípios fundamentais do direito constitucional positivo brasileiro, julgue os itens 
subsequentes. 
De acordo com a corrente doutrinária majoritária, o município é titular, nos limites estabelecidos pela CF, do 
poder constituinte derivado decorrente. 
Certo ou Errado 
 
 
7. COMENTÁRIOS: O poder constituinte derivado decorrente é a possibilidade de os Estados-membros 
elaborarem suas Constituições Estaduais e o Distrito Federal elaborar sua Lei Orgânica. Já a elaboração de Lei 
Orgânica pelos Municípios não seria fruto do poder constituinte, pois eles já deveriam seguir as regras 
definidas nas Constituições de seus respectivos Estados. 
O item está errado. 
 
4.1.2.3. Poder Constituinte Derivado Revisor 
O art. 3.º do ADCT determinou que a revisão constitucional seria realizada após 5 anos, contados da 
promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão 
unicameral. 
 
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) 
Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo 
voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. 
Professor, do que se trata o Poder Constituinte Difuso? 
O poder constituinte difuso pode ser caracterizado como um poder de fato e que serve de fundamento para 
os mecanismos de atuação da mutação constitucional. 
 
 
 27 
 
 
Direito Constitucional 
Se por um lado a mudança implementada pelo Poder Constituinte Derivado Reformador se verifica de modo 
formal, palpável, por intermédio das emendas à Constituição, a modificação produzida pelo Poder Constituinte 
Difuso se instrumentaliza de modo informal e espontâneo, como verdadeiro poder de fato, e que decorre 
dos fatores sociais,políticos e econômicos, encontrando-se em estado de latência. Trata-se de processo 
informal de mudança da Constituição, alterando-se o seu sentido interpretativo, e não o seu texto, que 
permanece intacto e com a mesma literalidade. 
 
8. (FGV – 2019 – MPE-RJ – Analista do Ministério Público) João, Professor de Direito Constitucional, explicou 
aos seus alunos que “a ordem constitucional é viva, de modo que as vicissitudes da realidade e as 
peculiaridades do caso concreto possibilitarão a obtenção de novas normas constitucionais, ainda que o texto 
permaneça inalterado.” 
A explicação de João se ajusta a uma concepção: 
a) contratual da Constituição, expressando a denominada reforma constitucional; 
b) concretista da Constituição, expressando a denominada reforma constitucional; 
c) formalista da Constituição, expressando a denominada revisão constitucional; 
d) concretista da Constituição, expressando a denominada mutação constitucional; 
e) formalista da Constituição, expressando a denominada mutação constitucional. 
 
8. COMENTÁRIOS: O mecanismo da mutação constitucional acaba se tornando um meio de preservar o 
poder constituinte originário, uma vez que este não pode sofrer controle de constitucionalidade. Dessa 
forma, a mutação constitucional surge como uma maneira de fazer a constituição evoluir sem alterar o seu texto 
constitucional. A alternativa “d” é a correta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 28 
 
 
Direito Constitucional 
 
É importante saber diferenciar: 
PODER CONSTITUINTE DERIVADO 
REFORMADOR DECORRENTE REVISOR 
O poder constituinte derivado 
reformador, chamado por alguns 
de competência reformadora, tem 
a capacidade de modificar a 
Constituição Federal. 
Sua missão é estruturar a 
Constituição dos Estados-
Membros ou, em momento 
seguinte, modificá-la. 
Conhecido também como poder 
anômalo de revisão ou revisão 
constitucional anômala ou 
ainda competência de revisão. 
Depende de um procedimento 
específico, estabelecido pelo 
poder constituinte originário, sem 
que haja uma verdadeira 
revolução. 
Tal competência decorre da 
capacidade de auto-
organização estabelecida pelo 
poder constituinte originário. 
Destina-se a adaptar a 
Constituição à realidade que a 
sociedade aponta como 
necessária. 
Exemplo: Emendas 
Constitucionais. 
Exemplo: poder exercido pelos 
Estados-membros ao elaborar as 
próprias Constituições. 
Exemplo: revisão à Constituição 
de 1988 realizada após 5 anos 
da promulgação da mesma, por 
voto da maioria absoluta dos 
membros do Congresso Nacional 
em sessão unicameral. 
 
 
9. (Questão Inédita) No que concerne ao poder constituinte derivado decorrente, julgue o item a seguir. 
O poder constituinte derivado decorrente é aquele que permite a modificação de uma constituição por meio das 
emendas constitucionais. 
Certo ou Errado 
10. (IBFC – 2019 – FSA-SP – Advogado) No que se refere ao Poder Constituinte Originário e Decorrente, 
assinale a alternativa incorreta. 
a) Do ponto de vista subjetivo, para ser considerado legítimo, o Poder Constituinte Originário deve ser exercido 
por representantes do povo (titular) eleitos especificamente para esse fim (Assembleia Nacional Constituinte) 
b) Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e Leis que adotarem, observados os princípios da 
Constituição Federal 
c) O Poder Constituinte Decorrente é ilimitado, porém condicionado 
d) O Poder Constituinte Decorrente Inicial é o responsável pela elaboração da Constituição Estadual 
 
 
 
 
 29 
 
 
Direito Constitucional 
 
9. COMENTÁRIO: trata-se de questão inédita e autoral que irá te ajudar a superar as dificuldades e 
pegadinhas da sua prova, geralmente tentando induzir o candidato ao erro e misturando conceitos. 
O poder constituinte derivado decorrente é aquele que permite aos Estados membros e ao Distrito Federal 
a elaboração e modificação de suas respectivas Constituições ou Lei Orgânica. O item está errado. 
10. COMENTÁRIO: em primeiro lugar, o(a) candidato(a) deve se atentar porque a questão pede a alternativa 
incorreta. A casca de banana da letra “c” está em mencionar que o Poder Constituinte Derivado é ilimitado. 
Na verdade, ele é limitado e condicionado. Tal poder obedece aos limites fixados pelo Poder Constituinte 
Originário, tanto em questões temáticas quanto em questões procedimentais. 
Alternativa incorreta letra “c”. 
Alternativa “a” está correta. Como o PCO extrai sua força da soberania popular, a forma legítima de seu 
exercício deve contar com representantes do povo (democracia indireta), congregados em Assembleia 
Nacional Constituinte com a finalidade de elaborar uma nova Constituição. 
Alternativa “b” está correta. Trata-se de manifestação do Poder Constituinte Derivado Decorrente, embasado 
na capacidade de auto-organização dos Estados, que confeccionam as próprias Constituições Estaduais. 
Alternativa “d” está correta. O termo “inicial” preconiza a elaboração de uma nova Constituição Estadual. Ele é 
chamado também de “primário” ou “inaugural”. 
4.1.3. Poder Constituinte Supranacional 
 
Do que se trata o Poder Constituinte Supranacional? 
Segundo Pedro Lenza8, “o poder constituinte supranacional busca a sua fonte de validade na cidadania 
universal, no pluralismo de ordenamentos jurídicos, na vontade de integração e em um conceito 
remodelado de soberania. [...] Agindo de fora para dentro, o poder constituinte supranacional busca 
estabelecer uma Constituição supranacional legítima: 'faz as vezes do poder constituinte porque cria uma 
ordem jurídica de cunho constitucional, na medida em que reorganiza a estrutura de cada um dos Estados 
ou adere ao direito comunitário de viés supranacional por excelência, com capacidade, inclusive, para 
submeter as diversas constituições nacionais ao seu poder supremo. Da mesma forma, e em segundo lugar, é 
supranacional, porque se distingue do ordenamento positivo interno assim como do direito internacional”. 
 
O Poder Constituinte Supranacional não se confunde com o Transconstitucionalismo (que estudaremos mais 
a frente). No primeiro, temos uma Constituição que alcança diversos Estados e os submete a uma ordem 
jurídica supranacional. 
Já no transconstitucionalismo, há uma relação de diálogo entre o Direito Constitucional local e o Direito 
Internacional, a fim de expandir a tutela dos direitos fundamentais, numa perspectiva de máxima efetividade. 
 
8 Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 164 
 
 
 30 
 
 
Direito Constitucional 
 
Concurseiro(a), para ilustrar a importância deste tema, observe como foi cobrado pela banca CEBRASPE: 
(CEBRASPE – 2010 – DPE/BA – Defensor Público) O denominado poder constituinte supranacional tem 
capacidade para submeter as diversas constituições nacionais ao seu poder supremo, distinguindo-se do 
ordenamento jurídico positivo interno assim como do direito internacional. 
Certo ou Errado. 
Gabarito comentado: a submissão de diversas ordens internas a um poder que excede o poder do Estado 
é uma das características do Poder Constituinte Supranacional. Como ele busca sua validade na cidadania 
universal e no pluralismo de ordenamentos, adquire essa característica de abrangência diferencial. 
O item está certo. 
4.1.4. Fenômenos Constitucionais 
 
Professor, quando instituída uma nova Constituição, o que acontece com o ordenamento jurídico 
precedente? 
Analisando o ordenamento jurídico brasileiro e a doutrina atual, quando uma Constituição é criada, a anterior é 
inteiramente revogada, mas as normas infraconstitucionais que forem materialmente compatíveis podem 
ser recepcionadas. 
A recepção é o fenômeno apto a permitir que a legislação anterior à nova Constituição permaneça válida e 
vigente no ordenamento jurídico, desde que compatíveis com o novel regime constitucional. 
O que se analisa é o conteúdo,não a roupagem. Inclusive, é possível que uma espécie normativa seja 
recepcionada com outro formato legislativo. 
Exemplo: Código Tributário Nacional foi aprovado com quórum de lei ordinária (Lei 5.172/66). Na égide da 
Constituição Federal de 1988, foi recepcionado como lei complementar. 
 
Candidato(a), você precisa saber diferenciar os seguintes institutos: 
REVISÃO REFORMA RECEPÇÃO 
No Brasil, realizou-se em 1993. 
Trata-se de norma de eficácia 
exaurida e aplicabilidade 
esgotada. 
Diz respeito à capacidade de se 
alterar a Constituição, através de 
um procedimento específico. 
Com o advento de uma nova 
Constituição, a legislação 
infraconstitucional pode ser 
recepcionada. 
Envolve a adaptação da 
Constituição, a partir de um 
processo simplificado, qual 
seja, maioria absoluta dos 
membros do Congresso 
Nacional, em sessão unicameral. 
Além das cláusulas pétreas, 
defronta-se com restrições de 
iniciativa (art. 60, I a III, CF), 
limitações circunstanciais, 
procedimentais, etc. 
Para tanto, exige-se 
compatibilidade material, 
mesmo que a espécie normativa 
não seja adequada. O que se 
analisa é o conteúdo, não a 
roupagem (a forma) 
 
 
 31 
 
 
Direito Constitucional 
Mesmo assim, obedece aos 
limites materiais, quais sejam, 
cláusulas pétreas (art. 60, §4º, 
CF). 
Aqui o procedimento é mais 
rigoroso (característico das 
Constituições rígidas). 
A ideia é preservar a estabilidade 
do ordenamento jurídico. Seria 
inviável recriar todas as leis. 
Exemplo: art. 3º, ADCT, que 
instituiu a única revisão 
constitucional da CF/88. 
Exemplo: inclusão do inciso IX 
ao art. 206, CF, para garantir 
“direito à educação e à 
aprendizagem ao longo da vida” 
(EC 108/200). 
Exemplo: Código Tributário 
Nacional (CTN). Quando editado 
(1966) tinha natureza de lei 
ordinária. Foi recepcionado como 
lei complementar. 
E o que acontece se a legislação infraconstitucional não for compatível com a nova Constituição? 
Guerreiro(a), “nos casos de normas infraconstitucionais produzidas antes da nova Constituição, incompatíveis 
com as novas regras, não se observará qualquer situação de inconstitucionalidade, mas, apenas, de 
revogação da lei anterior pela nova Constituição, por falta de recepção”9. 
 
 
As normas anteriores à Constituição podem ser alvo do controle de constitucionalidade pela via da Arguição 
de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF). É o que dispõe o art. 1º, parágrafo único, I, Lei 
9.882/99. 
 
Lei 9.882/99 
Art. 1º. A arguição prevista no §1º do art. 102 da Constituição Federal será proposta perante o Supremo 
Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder 
Público. 
Parágrafo único. Caberá também arguição de descumprimento de preceito fundamental: 
I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, 
estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição. 
 
 
 
11. (CESPE/CEBRASPE – 2020 – MPE/CE – Promotor de Justiça) Acerca da teoria do poder constituinte, 
julgue os seguintes itens. 
I Constituição superveniente torna inconstitucionais leis anteriores com ela conflitantes. 
II Uma vez aprovada proposta de emenda constitucional pelo Congresso Nacional em exercício do seu poder 
constituinte derivado reformador, não haverá sanção ou veto pelo presidente da República. 
III Norma anterior não será recepcionada se sua forma não for mais admitida pela Constituição superveniente, 
ainda que seu conteúdo seja compatível com esta. 
 
9 Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 237 
 
 
 32 
 
 
Direito Constitucional 
Assinale a opção correta. 
a) Apenas o item I está certo. 
b) Apenas o item II está certo. 
c) Apenas os itens I e III estão certos. 
d) Apenas os itens II e III estão certos. 
e) Todos os itens estão certos. 
 
11. COMENTÁRIO: candidato(a), vamos destrinchar item a item. 
Item I está errado. A pegadinha está no termo “inconstitucionais”. Na verdade, promulgada uma nova 
Constituição, será feito juízo de recepção ou não recepção da legislação infraconstitucional. 
Se a normativa existente não for compatível com o novo ordenamento constitucional, haverá revogação pela 
não recepção. Lembre-se que a análise de (in)constitucionalidade exige leis posteriores à Constituição. 
Item II está correto. Típica questão de prova objetiva! No caso das Emendas Constitucionais não há sanção 
ou veto do Presidente da República. O regime de aprovação exige apenas votação nas duas Casas do 
Congresso Nacional, em dois turnos, com aprovação por 3/5 dos membros de cada Casa (art. 60, §2º, CF). 
Memorize isso: no rito das Emendas Constitucionais, a única legitimidade do Presidente é quanto à iniciativa 
(art. 60, II, CF). 
Item III está errado. Como estudado, no regime de uma nova Constituição, as leis anteriores serão analisadas 
conforme seu conteúdo, sendo desimportante a roupagem. É o que aconteceu com o Código Tributário 
Nacional, recepcionado como lei complementar, apesar de, originalmente, ser lei ordinária. 
Alternativa correta letra “b”. 
Do que se trata o fenômeno da desconstitucionalização? 
Quando promulgada uma nova Constituição, o fenômeno da desconstitucionalização envolve a manutenção 
de normas da Constituição anterior, compatíveis com a ordem jurídica atual, mas com status de lei 
infraconstitucional. 
Apesar desse fenômeno não ser adotado no ordenamento jurídico brasileiro atual, nada impede que uma nova 
manifestação do Poder Constituinte Originário passe a prevê-lo. 
Professor, no que consiste a repristinação? 
Vamos entender com a seguinte situação: uma norma é elaborada na vigência da CF/46. No entanto, afigura-
se incompatível com a CF/67, razão pela qual não é recepcionada. Para o fenômeno da repristinação, se 
essa norma for compatível com a CF/88, pode ser recepcionada. 
Ou seja, nada impede que uma norma que permaneceu “desanimada” durante um regime constitucional, volte 
a produzir efeitos na vigência da próxima Constituição, desde que seja com ela compatível. 
Como regra, o Brasil não adota a repristinação, salvo se nova ordem jurídica expressamente autorizar. 
 
 
 
 
 33 
 
 
Direito Constitucional 
 
A repristinação não se confunde com o efeito repristinatório, admitido excepcionalmente no ordenamento 
brasileiro. Este último conceito consiste na retomada de validade e vigência de uma lei que anteriormente 
perdeu sua vigência. São as seguintes hipóteses: 
1) Concessão de cautelar pelo STF suspendendo determinada lei; 
2) Declaração de inconstitucionalidade de determinada lei com efeitos ex tunc; 
3) Art. 24, §4º, CF: norma estadual que, na repartição vertical de competências, volta a produzir efeitos; 
4) Medida provisória que suspendeu a eficácia da lei anterior, mas não foi convertida em lei pelo Congresso. 
 
 
Constituição Federal 
Art. 24, §4º. A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que 
lhe for contrário. 
E o termo “constitucionalização superveniente”, o que quer dizer? 
Também conhecido como “constitucionalidade superveniente”, essa teoria aduz que uma lei que nasce 
inconstitucional pode continuar a produzir efeitos e permanecer no ordenamento jurídico, desde que não seja 
declarada sua inconstitucionalidade e haja alteração do regime constitucional. 
Mais fácil entender com a seguinte situação hipotética: a Lei “A” foi editada sob a égide da CF/67. Apesar de 
nitidamente incompatível com o regime constitucional, a Corte Constitucional ainda não declarou, no entanto, a 
inconstitucionalidade. Nesse meio tempo, é promulgada a Constituição Federal de 1988. 
A Lei “A” pode permanecer no ordenamento jurídico sob o regime da CF/88? 
Não. Isso porque, para a teoria do controle de constitucionalidade brasileiro,a lei inconstitucional nasce 
inconstitucional, ela é nula, padecendo de um vício congênito. Não há que se falar em constitucionalidade 
superveniente. 
Apesar de o regime jurídico constitucional já ter mudado, sua (in)constitucionalidade será aferida tendo como 
parâmetro a Constituição vigente no momento em que a Lei “A” foi editada (ou seja, o parâmetro será a 
CF/67). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 34 
 
 
Direito Constitucional 
Por fim, do que se trata o fenômeno da Inconstitucionalidade Superveniente? 
 
Candidato, muito cuidado! Temos duas acepções aqui: 
INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE 
ACEPÇÃO 
TRADICIONAL CONTEMPORÂNEA 
A lei ou ato normativo impugnado no controle 
abstrato e concentrado de constitucionalidade, por 
meio de ação direta de inconstitucionalidade (ADI), 
deve ser posterior ao texto da CF/88 trazido como 
parâmetro. 
A doutrina moderna entende que uma lei ou ato 
normativo inicialmente considerando constitucional 
pela jurisprudência pode, futuramente, tornar-se 
inconstitucional. 
Caso contrário, se o ato normativo for anterior à 
CF/88, trata-se de um juízo de revogação pela não 
recepção (não de inconstitucionalidade). 
Essa alteração de entendimento decorre de fatores 
jurídicos, sociais, políticos e econômicos, dentre 
outros. Não há, aqui, sucessão de constituições. 
Exemplo: lei de Imprensa (Lei 5.250/67) foi 
impugnada por meio de ADPF e não recepcionada 
no ordenamento (ADPF 130). 
Exemplo: leis que admitiam o uso de amianto na 
modalidade crisotila foram julgadas constitucionais. 
No entanto, atualmente se conhece as mazelas do 
uso deste produto, de modo que o STF julgou as 
leis inconstitucionais (ADIs 3406 e 3470). 
 
 
4.2. Classificação das Constituições 
Como podemos classificar as Constituições quanto à origem? 
Guerreiros(as), quanto à origem, as Constituições poderão ser outorgadas, promulgadas, cesaristas (ou 
bonapartistas) e pactuadas (ou dualistas): 
1) Outorgada é a Constituição imposta, de maneira unilateral, pelo agente revolucionário (grupo, ou 
governante), que não recebeu do povo a legitimidade para em nome dele atuar. 
No Brasil, as Constituições outorgadas foram as de 1824 (Império), 1937 (inspirada em modelo fascista, 
extremamente autoritária, sob a ditadura de Getúlio Vargas), 1967 (ditadura militar). As Constituições 
outorgadas recebem, por alguns estudiosos, o “apelido” de Cartas Constitucionais. 
2) Promulgada, também chamada de democrática, votada ou popular, é aquela Constituição fruto do trabalho 
de uma Assembleia Nacional Constituinte, eleita diretamente pelo povo, para, em nome dele, atuar, nascendo, 
portanto, da deliberação da representação legítima popular. 
Exemplos: Constituições brasileiras de 1891 (primeira da República), 1934 (inserindo a democracia social, 
inspirada na Constituição de Weimar), 1946 e, finalmente, a atual, de 1988. 
3) Cesarista, não é propriamente outorgada, mas tampouco é democrática, ainda que referendada com 
participação popular. A participação popular, nesse caso, não é democrática, pois visa apenas ratificar a 
vontade do detentor do poder. 
 
 
 35 
 
 
Direito Constitucional 
4) Pactuadas: Surgem através de um pacto, são aquelas em que o poder constituinte originário se concentra 
nas mãos de mais de um titular. Há um equilíbrio instável de duas forças políticas rivais. 
Exemplo: Magna Carta (1215), em que os barões exigiram que João Sem Terra consentisse com diversos 
direitos. 
 
Vejamos a Classificação das Constituições observando um dos critérios mais cobrados: 
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES 
QUANTO À ORIGEM 
OUTORGADA PROMULGADA CESARISTA PACTUADA 
São impostas. São votadas. Também são impostas. Trata-se de um 
equilíbrio instável de 
forças políticas rivais, 
que pactuam pela 
estabilidade do poder. 
Não há legitimidade 
popular. 
Há representação 
legítima do poder. 
Há uma consulta 
popular que reveste de 
aparente legitimidade o 
documento. 
Exemplo: Constituição 
brasileira de 1967 
(ditadura militar). 
Exemplo: Constituição 
Federal de 1988. 
Exemplo: Constituição 
do Chile sob o regime de 
Pinochet. 
Exemplo: Magna Carta 
(1215). 
 
 
12. (FAUEL – 2020 - Câmara de Apucarana/PR – Advogado) Sob o prisma da origem, classifica-se a 
constituição formada mediante participação popular, por meio de referendo, em que apenas se ratifica a vontade 
do governante, como: 
a) Outorgada. 
b) Promulgada. 
c) Cesarista. 
d) Pactuada. 
 
13. (FGV – 2019 – TJ-CE – Técnico Judiciário) Após um golpe de Estado, o líder do movimento armado 
vitorioso solicitou que uma comissão de apoiadores, sob sua orientação, elaborasse um projeto de Constituição, 
o qual foi submetido a plebiscito popular, sendo, ao final, aprovado e publicado com força normativa. Essa 
Constituição dispôs que parte de suas normas exigiria a observância de um processo legislativo mais rigoroso 
para a sua alteração, com quórum qualificado para a iniciativa e a aprovação, enquanto a outra parte poderia 
ser alterada conforme o processo legislativo da lei ordinária. 
Essa Constituição deve ser classificada como: 
a) outorgada e rígida; 
b) popular e dogmática; 
c) bonapartista e flexível; 
d) cesarista e semirrígida; 
e) promulgada e analítica. 
 
 
 36 
 
 
Direito Constitucional 
 
 
12. COMENTÁRIO: concurseiro(a), para resolver essa questão você deve se ater ao trecho “em que apenas 
se ratifica a vontade do governante”. 
Veja que a participação popular não é verídica e livre, como deveria ser. Assim, não há que se falar em 
constituição promulgada, mas em cesarista. 
Alternativa correta letra “c”. 
13. COMENTÁRIOS: Cesaristas (bonapartistas): são criadas por um ditador ou imperador, mas necessitam de 
referendo popular. O texto é produzido sem qualquer participação popular, cabendo ao povo apenas a sua 
ratificação. 
Semirrígida ou semiflexível: é aquela dotada de parte rígida (em que somente pode ser alterada por processo 
mais dificultoso do que o utilizado para alterar leis), e parte flexível ((em que pode ser alterada pelo mesmo 
processo utilizado para criar leis). 
Exemplo: Constituição brasileira de 1824. 
A alternativa “d” é a correta. 
Professor, e quanto à forma, como as Constituições são classificadas? 
Quanto à forma (ou sistemática), as Constituições podem ser escritas (instrumental) ou costumeiras (não 
escritas ou consuetudinárias). 
1) Escrita (instrumental) seria a Constituição formada por um conjunto de regras sistematizadas e organizadas 
em um único documento, estabelecendo as normas fundamentais de um Estado. 
Exemplo: Constituição brasileira de 1988, Constituição portuguesa, a espanhola etc. 
2) Costumeira (não escrita ou consuetudinária) seria aquela Constituição que, ao contrário da escrita, não 
traz as regras em um único texto solene e codificado. É formada por “textos” esparsos, reconhecidos pela 
sociedade como fundamentais, e baseia-se nos usos, costumes, jurisprudência, convenções. 
Exemplo: Constituição da Inglaterra. 
E quanto à extensão? 
Quanto à extensão, podem as Constituições ser sintéticas (concisas, breves, sumárias, sucintas, básicas) ou 
analíticas (amplas, extensas, largas, prolixas, longas, desenvolvidas, volumosas, inchadas). 
1) Sintéticas seriam aquelas enxutas, veiculadoras apenas dos princípios fundamentais e estruturais do 
Estado. Não descem a minúcias, motivo pelo qual são mais duradouras. 
Exemplo: Constituição americana, que está em vigor há mais de 200 anos (com emendas e interpretações 
feitas pela Suprema Corte). 
2) Analíticas, por outro lado, são aquelas que abordam todos os assuntos que os representantes do povo 
entenderem fundamentais. Normalmente descem a minúcias, estabelecendo regras que deveriam estar em leis 
infraconstitucionais. 
Exemplo: art. 242, § 2.º, da CF/88, que dispõe que o Colégio Pedro II, localizado na cidade

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