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O signo e o gênero textual • Introdução Nas unidades anteriores, você estudou diversos aspectos da língua e da linguagem, da elaboração de textos às funções sociais e culturais que a mensagem exerce na sociedade. Entre os tópicos estudados, destacou-se a importância do leitor no processo de construção e análise do texto. Nesta unidade, serão discutidos dois elementos do texto fundamentais a uma boa leitura e interpretação: os signos, que podem ser verbais ou não verbais, e os tipos e gêneros textuais, que indicam, principalmente, qual a finalidade do texto e a que público leitor ele é dirigido. No contexto do mundo contemporâneo, no qual as tecnologias possibilitam que as informações atinjam um maior número de pessoas, é importante identificarmos as características dos textos recebidos e como eles representam a nossa cultura. Objetivo Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: • Analisar o signo e o gênero textual e seus recursos expressivos. Conteúdo Programático Esta unidade está dividida em: • Aula 1 - O signo: palavras e imagens • Aula 2 - Tipologia e gêneros textuais • Aula 3 - O gênero textual como expressão da cultura Rota de Aprendizagem A Rota de Aprendizagem apresenta as ações que devem ser realizadas nesta unidade. Utilize a Rota de Aprendizagem para planejar e gerir, com eficiência, as suas ações e o seu tempo de estudo. Isso facilitará a construção do seu conhecimento e aumentará a possibilidade de que você tenha um bom desempenho nas avaliações. Clique aqui para acessar a Rota de Aprendizagem. Imagine que você está dirigindo por uma estrada e encontra uma placa de trânsito com o seguinte texto: “Motorista, tenha cuidado, pois o próximo trecho desta via é uma pista sinuosa à esquerda”. Certamente, você não conseguirá ler todo o texto, tendo em vista que o tempo necessário para a leitura se contrapõe à velocidade do carro. E se, em vez de ler, você visualizasse uma placa com uma imagem convencionada que representasse o mesmo aviso? https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/oli/re/u3/index.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/oli/re/u3/RA/G_OLI_RA_U3.htm Aula 1O signo: palavras e imagens O processo de comunicação pode se tornar mais eficaz se a escolha do signo verbal ou não verbal atender à proposta da mensagem e ao contexto em que ela é transmitida. No entanto, para que os signos possam ser compreendidos, o leitor precisa saber o que eles representam no contexto da mensagem. O signo verbal: denotação e conotação Signos verbais (ou signos linguísticos) são os que utilizam palavras, escritas ou faladas, em sua composição. Nesse caso, utilizamos uma linguagem verbal. Exemplos: “xícara” é um signo verbal composto de uma palavra; "asa de xícara” é um signo verbal composto de três palavras. Atenção: “asa de xícara” é um signo verbal porque representa um só elemento, ou seja, a palavra asa compõe uma parte do utensílio xícara. No entanto, “asa de anjo” e “asa de passarinho” são expressões que não representam apenas um elemento, pois a palavra “asa” mantém a sua unidade, tendo sido complementada por “de anjo” e “de passarinho”. Quando escrevemos ou pronunciamos o signo “asas”, logo nos vem à mente a imagem das asas de um pássaro, de um avião ou mesmo de um anjo. Nesse caso, o signo verbal corresponde à realidade. Assim, temos uma linguagem denotativa. Quando lemos ou ouvimos a expressão “asas da imaginação”, associamos um signo verbal (“asas”) a uma realidade à qual ele não corresponde diretamente, o que se constitui como uma linguagem conotativa. https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/oli/re/u3/aula-1.htm#more-info-1 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/oli/re/u3/aula-1.htm#more-info-2 O signo não verbal: imagens, índices, ícones e símbolos Muitas vezes, um texto prescinde de palavras, ou seja, um texto é elaborado e pode ser compreendido sem que o autor utilize signos verbais. Quando isso ocorre, temos um texto constituído por signos não verbais. Os signos não verbais são representações (visuais ou sonoras) de uma realidade. São exemplos de signos não verbais: dança, mímica, expressões faciais, gestos, desenhos, fotografias etc. Um texto elaborado em linguagem não verbal pode utilizar apenas uma imagem. A imagem ao lado pode ser compreendida pelo signo verbal “sorriso” ou pela combinação de signos “sorriso de mulher”. Entretanto, há signos não verbais que, pela repetição de seu uso ou pela reincidência de fenômenos, são associados a um determinado objeto, realidade ou ideia. Esses signos não verbais transformam-se em índices, ícones ou símbolos. Denominam-se índices os signos não verbais que funcionam indicando outra coisa, que poderá vir na sequência, e que são compreendidos segundo a experiência do interpretador (aquele que interpreta o signo). Um céu com muitas nuvens escuras e relâmpagos são um indício de que poderá ocorrer uma tempestade. A reincidência desse fenômeno natural transformou a imagem em índice. Batidas repetidas em uma porta indicam que alguém deseja ser atendido pelo morador da residência. Assim, o som das batidas constitui-se em um índice. Denominam-se ícones os signos não verbais, criados artificialmente, que representam um objeto por similaridade (semelhança), ou seja, que sejam coerentes com o objeto ou com a realidade a ser representada. Os ícones de masculino e feminino, proibição e reciclagem são compreendidos universalmente. Os emojis (ideogramas de origem japonesa) são ícones que transmitem a ideia de uma palavra ou de uma frase completa. Denominam-se símbolos os signos não verbais que são associados a ideias abstratas, tendo ou não relação direta entre o signo e o conceito. Os símbolos existem por convenção social, ou seja, uma determinada comunidade compreende e aceita uma associação entre um signo não verbal e o que ele deverá representar. Acima, temos os símbolos da justiça, do infinito e da paz. A “balança” é o símbolo da justiça porque representa o equilíbrio entre a culpa e o castigo; o “oito deitado”, originalmente, é um símbolo matemático usado desde a Antiguidade pelos gregos e representa o que não tem fim e, no contexto místico, representa a eterna recriação e repetição do universo; o símbolo da paz foi criado em 1958 pelo britânico Gerald Herbert Holtom e representa a união das letras N e D, que significam desarmamento nuclear. O peixe é um símbolo primitivo do cristianismo. As primeiras letras das palavras “Iesous Christos, Theou Yios Soter”, que significam “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”, correspondem à palavra grega Ichthys (“peixe”, em português). Esse símbolo mantinha os primeiros cristãos no anonimato, protegendo-os da perseguição dos romanos. Antes de se tornar símbolo, um signo não verbal pode ser definido como índice ou ícone. A repetição e aceitação do índice ou ícone pela sociedade pode atribuir ao signo o valor de símbolo. A escolha dos signos no processo comunicativo Como vimos na Unidade 2 (Aula 2), precisamos adequar nossa linguagem à situação comunicativa. Quando elaboramos um texto, seja oral, seja escrito, a escolha dos signos, verbais ou não verbais, deve estar de acordo com a situação comunicativa, a fim de que a mensagem seja compreendida pelo receptor. Para isso, é necessário que saibamos: a. A quem se destina o texto produzido? b. Qual a finalidade da mensagem? c. Que veículo será utilizado para transmitir a mensagem? Como leitores, preocupamo-nos mais com o conteúdo da mensagem do que com a forma como ela é transmitida. No entanto, se os signos utilizados não forem selecionados adequadamente, haverá ruídos na mensagem, e ela talvez não cumpra seu objetivo. Fonte: Portal doProfessor O outdoor acima apresenta um texto elaborado com signos verbais que estão de acordo com a proposta. No entanto, a escolha dos signos não verbais, que representam personagens de histórias infantis não parece adequada. Afinal, as crianças não têm muitos motivos para simpatizar com a figura da bruxa posicionada no centro da imagem. A escolha inadequada do signo não verbal causa um “ruído na comunicação”. Uma prática desenvolvida culturalmente é a “cantada”, uma tentativa de aproximação de alguém que desperta o interesse do falante. No entanto, para que a mensagem seja bem recebida pelo interlocutor, o falante deve ter cuidado com a escolha dos signos. http://portaldoprofessor.mec.gov.br/jornal.html http://portaldoprofessor.mec.gov.br/jornal.html https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/oli/re/u3/aula-1.htm#more-info-3 Uma “cantada” conhecida é “O cachorrinho tem telefone?”. No entanto, na charge acima, o falante substituiu o signo “cachorrinho” por “cadelinha”, o que não foi uma boa escolha. Vocábulos que possuem mais de um significado podem dificultar a compreensão da mensagem, provocando ambiguidade. Fonte: Conversa de Português O signo “muda” provocou uma ambiguidade, embora o leitor entenda a mensagem pelo contexto estabelecido pela expressão “vende tudo”. Com esses exemplos, constatamos que a escolha dos signos é fundamental para que a mensagem elaborada seja bem compreendida. Vídeo da Unidade Para saber como compreender as manifestações culturais pela apreensão dos signos e dos gêneros textuais, assista ao vídeo da unidade: Nossos textos, nossa cultura. http://conversadeportugues.com.br/ https://player.vimeo.com/video/337764034 https://player.vimeo.com/video/337764034 Aula 2Tipologia e gêneros textuais O tempo e o vento (1949-1962) é uma obra literária do escritor brasileiro Érico Veríssimo. Essa obra-prima divide a história em três partes (O Continente, O Retrato e O Arquipélago), distribuídas em sete volumes. A obra foi adaptada para o cinema em 2013 pelo diretor Jayme Monjardim. O filme é exibido em uma hora e 55 minutos. Fonte: Site Submarino Você prefere ler os livros que compõem a obra literária ou assistir ao filme? Não responda tão rápido. Conheça, antes, os conceitos tipologia textual e gêneros textuais. http://www.submarino.com.br/ Tipologia textual Quando elaboramos um texto, o nosso principal objetivo é a comunicação. Um texto mal estruturado pode deixar o leitor confuso. Assim, como leitores, devemos conhecer os tipos de texto que podem ser utilizados na comunicação. Denomina-se tipologia textual a classificação dos textos quanto à sua função e ao conteúdo da mensagem. Os principais tipos textuais são: Narração O texto narrativo destina-se a contar uma história, real ou fictícia. Apresenta os seguintes elementos: fatos (em sequência cronológica ou não), narrador, personagens, tempo e espaço. Normalmente, os verbos são utilizados no tempo passado. É o tipo textual próprio dos romances, contos e crônicas e de quaisquer textos que contem uma história. A composição musical Faroeste Caboclo, de Renato Russo, é um exemplo de narração. Na letra, identificamos o narrador (quem conta a história), os fatos, os personagens e referências ao tempo e ao espaço. Narração O texto dissertativo é, também, dissertativo-argumentativo e se caracteriza por desenvolver estratégias argumentativas (teses, opiniões) sobre um tema. É o tipo textual utilizado em trabalhos acadêmicos e resenhas. Toda dissertação apresenta uma opinião, mas essa opinião deve ser bem fundamentada para convencer o leitor ou, pelo menos, levá-lo à reflexão sobre a ideia proposta. https://www.letras.mus.br/legiao-urbana/22492/ Exposição O texto expositivo tem como propósito apresentar informações sobre um fato ou um objeto específico, indicando as suas principais características. São exemplos de textos expositivos: relatórios, seminários e palestras. Fonte: Blog Tecnologia e Educação Na charge, ao responder à professora, Joãozinho faz uma exposição sobre o país, segundo a sua própria compreensão. Descrição O texto descritivo tem a função de descrever, de forma objetiva ou subjetiva, coisas, pessoas ou acontecimentos. Todo texto que apresenta características de uma pessoa, coisa ou circunstância é descritivo, como relatórios médicos, cardápios, currículos, anúncios de classificados e rótulos de produtos industrializados. A descrição do chocolate Chokito tornou-se famosa e, apesar de não estar mais sendo veiculada há uma década, ficou na memória dos receptores da mensagem. Fonte: Blog Propagandas de Gibi http://carlamaranhao.blogspot.com.br/search?updated-max=2013-12-04T16:03:00-08:00&max-results=7&start=81&by-date=false https://propagandasdegibi.wordpress.com/2012/09/15/chokito-1979/ Injunção O texto injuntivo (ou instrucional) tem como finalidade instruir, orientar o receptor da mensagem. Os verbos são apresentados no modo imperativo. Bulas de remédios, receitas culinárias, propagandas e regulamentos são textos injuntivos. Fonte: Blog Nadia Nadalon Gêneros textuais Os gêneros textuais são inumeráveis, pois novos formatos de textos são criados para atender a novos contextos, especialmente com o avanço da tecnologia. Cada gênero textual possui sua característica, de acordo com o emissor, o receptor, a finalidade e o suporte (veículo) utilizado para transmitir a mensagem. Você encaminharia um requerimento a sua mãe solicitando que ela prepare o seu prato preferido para o jantar? Deixaria na mesa de seu chefe um bilhete com um pedido de aumento salarial? Certamente, esses gêneros textuais não são adequados às mensagens propostas. O produtor de um texto deve escolher o gênero textual que melhor atenda ao propósito da situação comunicativa, pois o leitor, por experiência, associa o conteúdo da mensagem ao gênero utilizado. Um produto ou serviço deve ser oferecido no gênero textual propaganda; uma notícia se lê em um texto jornalístico; os ingredientes de um bolo podem ser encontrados no gênero textual receita; as indicações de um remédio para determinado tratamento estão disponíveis no gênero textual bula; uma história ficcional pode ser lida nos gêneros: romance, conto, crônica, fábula, história em quadrinhos etc. http://nadianadalon.blogspot.com.br/ Certos suportes são apropriados a determinados gêneros, e, consequentemente, o leitor antecipa o conteúdo da mensagem que será lida. Há dois tipos de suportes: os convencionais, que se destinam a portarem ou fixarem textos, e os incidentais, que não têm a finalidade específica de apresentar o texto, o que ocorre ocasionalmente por motivos práticos ou por escolha do produtor. Destacamos, ainda, a ocorrência de gêneros híbridos, que é quando uma mensagem apresenta mais de um gênero textual. Fonte: Blog E.E Dom Cabral Na imagem acima, temos um gênero textual híbrido, composto pelo gênero textual charge e pelo gênero textual cartaz. https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/oli/re/u3/aula-2.htm#more-info-1 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/oli/re/u3/aula-2.htm#more-info-2 http://edomcabral.blogspot.com.br/search?updated-max=2014-06-02T16:24:00-07:00&max-results=7 Hipertextualidade Quando um texto associa à língua outras formas de linguagem, ele passa a ser denominado hipertexto. Originalmente, define-se hipertexto como uma forma de escrita e leitura não linear, com blocos de informações e de imagens que se integram ao texto principal. Dessa forma, o hipertexto permite a construção coletiva de um texto (autor, ilustrador, diagramador etc.) e a reorganização da leitura, tendo em vista que o leitor determina a ordemem que os elementos textuais serão lidos. A peça publicitária destacada utiliza dois gêneros textuais em sua mensagem: a propaganda de um produto e a composição musical Garota de Ipanema, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Aos dois gêneros é associada uma fotografia que dialoga com os textos, configurando a mensagem como hipertexto. Fonte: Blog Consumo e Propaganda O termo hipertexto foi proposto por Theodore Nelson, na década de 1960, por considerar que o cérebro humano processa informações de forma não linear, ou seja, o leitor faz associações entre o texto que lê com outros textos, imagens, sons etc. Além disso, o leitor pode escolher, por exemplo, a ordem em que lerá um livro de contos. O leitor, portanto, tem participação ativa na leitura. Textos complementados por notas de rodapé, ilustrações, fotografias, desenhos e legendas são exemplos de hipertextos. Um texto ilustrado, por si só, não se constitui como hipertexto. É preciso que a ilustração dialogue com os signos verbais, complementando-os ou até contradizendo-os. Com as novas mídias digitais, os hipertextos se tornaram um recurso fundamental à elaboração das mensagens. Assim, os estudos da linguagem apresentaram um novo conceito ao leitor: hipertextualidade. http://consumoepropaganda.ig.com.br/index.php/2010/07/06/olha-que-couve-mais-linda/ Hipertextualidade é a característica principal dos textos apresentados na internet, que são construídos de forma coletiva e que permitem ao leitor acessar outros textos, vídeos e áudios de acordo com as suas escolhas, em tempo real. A leitura, assim, alcança outro nível de interatividade, e o leitor se torna um coautor. A hipertextualidade propôs uma nova classificação de gêneros textuais: os gêneros virtuais. Como as mídias eletrônicas possibilitam a construção e reconstituição das linguagens utilizadas, surgem gêneros como e-mails, chats, fóruns, MSN, blogs, redes sociais etc. Aula 3O gênero textual como expressão da cultura Você já se emocionou com uma fotonovela? Você já viu um “certificado de liberação” da Censura Federal antes da exibição de um programa de televisão? Fonte: Blog Revistas de Fotonovela Fonte: Site Memória Globo O que esses dois gêneros textuais têm a ver com a cultura? E como podemos relacioná-los no contexto cultural? A diversidade dos gêneros textuais Você já estudou, na Aula 2 desta unidade, que os gêneros textuais são criados de acordo com as especificidades da comunicação. Cada gênero textual possui, pelo menos, uma função específica: bulas de remédio orientam sobre o medicamento que será utilizado; editais de concurso convocam candidatos e apresentam regras para as inscrições; jornais informam os leitores sobre fatos relevantes; outdoors anunciam produtos ou convocam o leitor para aderir a determinadas campanhas. Os gêneros textuais deixam de existir apenas se não atenderem mais à proposta da comunicação ou se o suporte utilizado não estiver mais disponível. Assim, mesmo que um gênero textual não seja mais utilizado com frequência na situação comunicativa, ele poderá ser utilizado. Nada impede, por exemplo, que você queira escrever uma carta em vez de enviar uma mensagem eletrônica. http://asfotonovelas.blogspot.com.br/2013/03/almanaque-de-fotonovelas-585b-1985.html http://memoriaglobo.globo.com/mostras/censura-na-tv-globo/censura-na-tv-globo/censura-na-tv-globo-na-tv-globo.htm O que devemos destacar, no entanto, não é a quantidade de gêneros textuais existentes, mas a sua diversidade, garantindo que as mensagens enviadas possam alcançar o objetivo proposto pelo autor de forma mais eficaz. Por que é importante estudar gêneros textuais? O estudo de gêneros textuais compreende a valorização da forma como a mensagem é transmitida, e não apenas o conteúdo da mensagem. Em uma sociedade produtiva e marcada pela velocidade das informações, tornou-se fundamental que nos comuniquemos de forma rápida e eficiente. A diversidade de gêneros textuais reflete uma sociedade dinâmica, que se faz representar por meio de muitas e diferentes manifestações culturais. Assim, estudar gêneros textuais nos ajuda a compreender melhor a sociedade da qual participamos. Gênero textual e ideologia O que vamos destacar, agora, é como os gêneros textuais se relacionam com a ideologia. O contexto cultural e ideológico, normalmente definido por épocas históricas (tema estudado na Aula 3 da Unidade 1), pode determinar o uso de alguns gêneros textuais. No período Barroco, a necessidade de converter ao cristianismo os habitantes do Brasil Colônia conferiu importância ao gênero textual sermão. O padre português António Vieira (1608-1697) foi enviado às terras brasileiras para evangelizar indígenas, africanos escravizados e colonizadores que aqui viviam. Uma das formas mais antigas de propagação de uma ideologia é o livro, um suporte de gêneros textuais literários, como romance, conto, crônica e poesia, e de gêneros textuais não literários, como teses, ensaios científicos, artigos científicos etc. Por ser um instrumento normalmente utilizado por pensadores e intelectuais, o livro sempre foi alvo dos censores. https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/oli/re/u3/aula-3.htm#more-info-1 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/oli/re/u3/aula-3.htm#more-info-2 Voltemos às perguntas que iniciaram esta aula: Você já se emocionou com uma fotonovela? Você já viu um “certificado de liberação” da Censura Federal antes da exibição de um programa de televisão? Afinal, qual a relação entre esses dois gêneros textuais? Os “certificados de liberação” da Censura Federal determinavam o que o poderia ser exibido na televisão, lido nos livros e nos jornais ou ouvido nas rádios durante o regime militar (1968 a 1985). Havia, portanto, o exercício de um poder instituído sobre o pensamento ideológico de uma nação. Assim, muitas editoras, por motivos econômicos, lançaram a fotonovela, gênero textual que fazia sucesso entre o público feminino e sobre o qual não havia tanta censura. Os “festivais de canção” representavam um importante veículo de disseminação de ideias, pois eram assistidos por um público composto especialmente por jovens estudantes. Cantores e compositores se apresentavam, muitos dos quais expressavam seus ideais de liberdade por meio das músicas. Por esse motivo, as músicas são um gênero textual que também sofreu com a censura, total ou parcialmente. De Chico Buarque de Holanda e Caetano Veloso ao grupo Kid Abelha, passando por Adoniran Barbosa, diversos compositores e cantores foram censurados. Na África de colonização portuguesa (Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau e São Tomé e Príncipe), muitos estudantes e intelectuais foram presos por liderar movimentos pela libertação de seus países, conscientizando outros jovens de sua condição de escravos por meio de manifestos políticos, gênero textual de teor ideológico. Atrás das grades, alguns deles, como o moçambicano José Craveirinha e o angolano António Jacinto, encontraram no gênero textual poesia uma forma de continuar a sua luta. Esses líderes revolucionários escreviam poemas e os enviavam pelos padres que eram autorizados a visitá-los na prisão e que, secretamente, ajudavam a causa dos africanos. https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/oli/re/u3/aula-3.htm#more-info-3 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/oli/re/u3/aula-3.htm#more-info-3 O escritor moçambicano José Craveirinha (1922- 2003), poeta, jornalista e ensaísta, escreveu poemas na prisão para continuarsua luta pela liberdade. Em sua biografia, o autor revelou que escrevia seus textos em pedaços de papel higiênico, utilizando uma caneta roubada de um militar durante uma sessão de interrogatório. Clique aqui para conhecer a biografia e os poemas do autor José Craveirinha. Vimos alguns exemplos de como gênero textual e ideologia se associam para comunicar uma mensagem. Devemos destacar, no entanto, que as ideologias se expressam, também, por meio de manifestações culturais, e essas manifestações selecionam ou criam gêneros para se expressarem. http://www.elfikurten.com.br/2015/06/jose-craveirinha.html Gênero textual e multiplicidade cultural Em todos os veículos de comunicação, as palavras “diversidade” e “multiplicidade” se destacam. Nossa sociedade contemporânea tem discutido as diversidades humanas (étnicas, sociais, de gênero etc.) e a multiplicidade cultural (linguagem, folclore, música, dança etc.). A palavra que reúne toda essa diversidade é multiculturalismo. Grupos sociais que defendem determinados comportamentos e manifestações culturais precisam comunicar as suas propostas a um grande público. Nesse sentido, a escolha do gênero textual utilizado deve estar de acordo com as expressões culturais que se pretende divulgar. No contexto cultural contemporâneo, a poesia, gênero literário e textual de grande prestígio até a metade do século XX, reinventa-se. Poetas pós-modernos utilizam textos poéticos para expressar uma cultura múltipla e para levar seus leitores à reflexão sobre a sociedade. O gênero poesia passa a se comunicar com o leitor de forma mais rápida e interativa. No texto ao lado, do poeta, compositor e cantor Arnaldo Antunes, destacam-se as cores e a oposição entre as palavras “vejo” x “miro” e “beijo” x” tiro”. A música (texto da composição), compreendida como gênero textual, é uma importante manifestação cultural. Rock, samba, rap, funk, axé music etc. são estilos que determinam os temas, os quais, por sua vez, manifestam culturas de grupos sociais específicos. Entendemos, assim, que a escolha do gênero textual não serve apenas à função do processo comunicativo. Quando estudamos os gêneros textuais, identificamos neles um importante instrumento de propagação de ideias e de expressão cultural. https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/oli/re/u3/aula-3.htm#more-info-4 Encerramento Como deve ser feita a leitura de um texto que associa signos verbais e não verbais? Embora o conteúdo da mensagem transmitido pelos signos verbais seja o mais evidenciado na leitura, o leitor não pode deixar de analisar os signos não verbais, pois eles não são apenas ilustrativos. Muitas vezes, os signos não verbais complementam o texto verbal, confirmando ou contradizendo o que está escrito. Por que a escolha do gênero textual é importante na elaboração de uma mensagem? A escolha do gênero textual é importante para que a comunicação seja bem- sucedida. É preciso que sejam definidos qual o objetivo da mensagem e a quem ela se destina. Os gêneros textuais, assim, podem ser utilizados de acordo com a funcionalidade do texto e com a proposta do autor da mensagem. É possível identificar aspectos culturais analisando-se a utilização dos gêneros textuais na elaboração das mensagens? Por quê? Sim. Os textos produzidos que manifestam aspectos culturais adaptam-se melhor a determinados gêneros textuais, tendo em vista a intenção do emissor, os objetivos da mensagem e o público-alvo. Assim, seguindo critérios de produção e aceitação, um gênero textual pode antecipar o conteúdo da mensagem e, portanto, dos aspectos culturais nela presentes. Resumo da Unidade Nesta unidade, você identificou os conceitos de signo verbal e signo não verbal, tipologia textual e gêneros textuais. Um texto não se compõe apenas de palavras (signos verbais). Imagens (signos não verbais) são utilizadas pelo produtor do texto para que sua mensagem seja mais eficaz e alcance os objetivos propostos. Além disso, os textos, orais ou escritos, podem ser classificados quanto à tipologia textual, de acordo com a sua função e com o conteúdo apresentado, o que facilita a compreensão do leitor. Os textos produzidos se organizam de acordo com o gênero textual em que são expressos e são criados conforme a necessidade da comunicação, tendo evoluído para o que se designa gêneros virtuais. Os gêneros textuais indicam não apenas a função do texto, mas a intenção do seu produtor de acordo com a ideologia e a cultura que ele deseja expressar, especialmente porque, na sociedade contemporânea, as manifestações culturais representam a diversidade e o multiculturalismo. Atividades Além do estudo dos roteiros, do livro da disciplina, das leituras complementares e dos vídeos das unidades, você deverá realizar as atividades pontuadas que se encontram no menu lateral do Epic. Acompanhe os prazos de envio das avaliações no documento “Calendário e Critérios de Avaliação”, na introdução da disciplina. Lembre-se: procure o professor-tutor no fórum "Fale com o tutor". Midiateca Vídeo • Este vídeo apresenta o conceito de multiculturalismo. • Este vídeo apresenta a música Diversidade, do compositor e cantor Lenine. • Este vídeo apresenta um filme que reflete sobre a diversidade cultural no Brasil, com depoimentos do antropólogo Darcy Ribeiro. Web Sites • O artigo indicado abaixo explica a compreensão da letra de música como gênero textual. MELLO, M. Letra de música: gênero textual. Linkedin, [S.l.], 12 ago. 2015. • Neste artigo, você poderá saber mais sobre a ação da censura a composições musicais durante o regime militar brasileiro.BORTOLOTI, M. Em nome do “bom gosto”, até Mário de Andrade teve poemas censurados pela ditadura militar. • Este site apresenta o conceito de gêneros textuais. PAVAN, M. G. R. Gêneros textuais. Mundo Educação, São Paulo, c2017. Textos Artigos • Este artigo apresenta um estudo sobre multiculturalismo. CHIAPPINI, L. Multiculturalismo e identidade nacional. Centro de Estudos de Literatura e Psicanálise Cyro Martins, Porto Alegre, 2001. https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/oli/re/u3/midiateca.htm#link-1 https://www.youtube.com/watch?v=oyeZRqWRF-w https://www.youtube.com/watch?v=29Mj-8RdvUE https://www.youtube.com/watch?v=xI4_GCi_35o https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/oli/re/u3/midiateca.htm#link-2 https://pt.linkedin.com/pulse/letra-de-m%C3%BAsica-g%C3%AAnero-textual-magno-mello http://atimosotimos.blogspot.com/2010/07/memorias-da-estupidez-marcelo-bortoloti.html http://atimosotimos.blogspot.com/2010/07/memorias-da-estupidez-marcelo-bortoloti.html http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/genero-textual.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/oli/re/u3/midiateca.htm#link-3 http://www.celpcyro.org.br/joomla/index.php?option=com_content&view=article&Itemid=0&id=754
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