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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ CAMPUS FORTALEZA DEPARTAMENTO DE INDÚSTRIA TECNOLOGIA EM MECATRÔNICA INDUSTRIAL Trabalho para a obtenção de nota parcial para a disciplina de eletrônica analógica Título: Conceitos Básicos Sobre Fontes De Tensão Com Regulação Linear E Chaveada Discente: Antonio Ederson Pereira Queiroz Fortaleza, setembro de 2020 Objetivos de estudo Promover o desenvolvimento de conceitos básicos e avançados em eletrônica, visando dar apoio a temas de pesquisa e suporte teórico para o desenvolvimento de projetos práticos. Constituem-se em objetivos específicos: Formalizar os conceitos básicos para o desenvolvimento de aplicações em eletrônica; Levantar o estado da arte de eletrônica a partir de bases científicas; Desenvolver fontes lineares e chaveadas; Discutir e comparar modelos, técnicas e soluções para problemas em eletrônica. Resumo Todos os circuitos eletrônicos requerem uma fonte de tensão contínua, com determinado grau de estabilização. É claro que, nos equipamentos de pequeno porte tal alimentação pode ser obtida através de pilhas ou baterias mas, no caso mais geral, utiliza-se a energia disponível na rede elétrica local, através de um conversor. Num primeiro momento isso foi obtido através de conversores rotativos, como é o caso do sistema Ward-Leonard, constituído de uma máquina alimentada por corrente alternada na qual se obtinha uma saída em corrente contínua. Porém no caso mais geral utiliza-se um conversor estático (isso é, não rotativo) denominado Fonte de Alimentação. As fontes de alimentação modernas podem ser classificadas em dois grandes grupos: com Regulação Linear ou com Regulação por Chaveamento. Desse modo, o que denomina simplesmente de Fonte Chaveada é, na verdade, um Conversor Estático de Corrente Alternada em Corrente Contínua com Regulação por Chaveamento. Nesse trabalho são apresentadas, de forma resumida, as Fontes Lineares e Chaveadas, mostrando suas vantagens e desvantagens. Demonstra-se o projeto simplificado dessas fontes de baixa potência. Mostra-se também as perspectivas de evolução das fontes , que devem ser observadas nos próximos anos. As fontes de alimentação CC são aplicadas de diversas maneiras, estando elas presentes em todo circuito eletrônico, eletrodomésticos, eletroportáteis, sistemas de controle em industriais, sistemas de telecomunicações, sistemas de som, rádio frequência, entre outros, daí verifica-se a grande importância do estudo desses dispositivos. Introdução Para um bom entendimento sobre fontes chaveadas é fundamental resgatar a evolução da tecnologia, e saber sobre aquelas que as antecederam: as fontes lineares. Comparar as duas tecnologias é importante para que se compreenda onde chegamos e quais características e performance se pode exigir de uma fonte chaveada. Uma fonte linear é alimentada pela tensão da rede elétrica, em 110Vca ou 220Vca, diretamente no primário de um transformador. Neste transformador é necessário que exista um enrolamento para a entrada em 110Vca, outro enrolamento para a entrada 220Vca. A escolha será feita por uma chave seletora. Este transformador é específico para receber a tensão alternada em 60Hz. Por este motivo é grande e pesado. Neste transformador a tensão é reduzida, no secundário, para uma tensão próxima a tensão em corrente contínua, que se deseja para a saída. A tensão do secundário é então retificada e filtrada. A tensão de saída é obtida após a filtragem e será tanto mais contínua quanto maior for o capacitor da filtragem. Para obter-se uma tensão mais “limpa”, normalmente utiliza-se um regulador linear logo após a retificação. Pode-se constatar que a fonte linear é muito simples de se projetar e fabricar. A maior preocupação é definir corretamente a relação de transformação entre o primário e o secundário, prevendo-se que na menor tensão de entrada, em 110Vca ou 220Vca, a tensão do secundário seja suficiente para que o regulador linear tenha margem para que consiga controlar a tensão para o valor desejado. Confira como funciona, a seguir, um projeto básico de fonte linear. No entanto, a facilidade de projeto e a robustez da fonte linear não compensam a grande dimensão e peso, como também o seu baixo rendimento, pois são características já não mais aceitáveis nos equipamentos atuais. A fonte chaveada substituiu a fonte linear trazendo vantagens como o baixo volume e peso, além do rendimento bem maior que chega a 89%, enquanto a fonte linear não passa de 50%. Por outro lado, as vantagens da fonte chaveada são ofuscadas pela complexidade de se projetá-la. Enquanto o projeto e a fabricação de uma fonte linear podem ser feitos por pessoas com conhecimento básico de eletrônica, uma fonte chaveada requer alta especialização. Na fonte chaveada o processamento da tensão da rede para obtenção da tensão em corrente contínua da saída é todo feito em alta frequência. Desta tecnologia resulta a denominação chaveada: a transformação é feita através de um chaveamento em alta frequência onde a regulação da tensão de saída é obtida variando-se a largura dos pulsos de condução da chave (PWM) ou, em alguns casos, variando-se a frequência do chaveamento (modulação por frequência). Com a utilização de chaveamento em alta frequência obtém-se uma grande compactação, com baixo volume e peso: o transformador de uma fonte chaveada chega a ser 50 vezes menor que o transformador de uma fonte linear de mesma potência. Em função das vantagens apresentadas pelas fontes chaveadas, as fontes lineares passaram a ser pouco utilizadas, restritas a aplicações específicas. Fontes de Tensão com Regulação Linear Para melhor entender um fonte linear, acompanhe na figura abaixo um diagrama de blocos de uma fonte desse tipo e mais adiante as explicações de cada uma dessas etapas. Etapas e Componentes Básicos de uma Fonte Linear Fusível de Proteção O ideal é iniciar o projeto de uma fonte de alimentação, seja ela linear ou chaveada, pelos componentes de proteção. O componente de proteção mais simples e mais utilizado contra sobrecorrente e curto-circuito são os fusíveis. Que nada mais é do que um filamento condutor fino, geralmente em um invólucro de vidro ou outro material, sendo esse filamento capaz de se romper quando submetido a um determinado valor de corrente elétrica elevado. Quando isso acontece, o fusível se rompe, abrindo o circuito da fonte, protegendo os demais componentes. Simbologia do fusível: Fusível real: Transformador: O transformador abaixa a tensão da linha para um nível seguro, mais adequado para o uso com diodos, transistores e outros dispositivos a semicondutores. O transformador possui dois enrolamentos, um primário que recebe a maior tensão e um secundário que através da indução eletromagnética fornece a tensão mais baixa na saída. Sendo N1 e N2 a relação entre as espiras dos enrolamentos primário e secundário, a tensão na saida é dada por: A figura a seguir representa o esquemático dos enrolamentos do transformador e um transformador real empregado em fontes. Após a transformação de uma tensão elevada da rede em um valor de tensão mais baixo e adequado para a aplicação, capaz de ser utilizado pelos componentes eletrônicos, esse alor de tensão que sai do transformador pode ser aplicado na entrada do circuito de retificação. Retificação A retificação, que é a conversão da tensão CA em CC é feita por dispositivos semicondutores chamados de diodos. Que pelas características do seu processo de construção, quando polarizados diretamente são capazes de restringir a passagem de corrente em um sentido. A associação correta desses diodos nos permite criar os circuitosretificadores. Os retificadores utilizados são os de onda completa, pois apresentam maior eficiência quanto ao aproveitamento do sinal de tensão. Abaixo segue a representação de um diodo e um diodo real, além dos circuitos para os retificadores de onda completa com tap central e em ponte, respectivamente. Diodo e seu símbolo esquemático: Ponte de diodos: Retificador de onda completa com tomada (tap) central: Retificador de onda completa em ponte: Com a retificação, a corrente circula em um único sentido no resistor de carga, caracterizando-se então como um sinal CC. Porém, para estabilizar esse valor de tensão, que até então trata-se de um semiciclo senoidal pulsante no quadrante positivo, há a necessidade da utilização de filtros. Filtro Capacitivo Na etapa de filtragem, em geral, são utilizados capacitores em paralelo com a carga. Os capacitores são dispositivos capazes de armazenar carga em um campo elétrico e descarregar dentro de um intervalo de tempo regido pela sua constante RC. Capacitores são elementos reativos que reagem à passagem de corrente através do acúmulo de cargas elétricas, ou seja, o capacitor é capaz de armazenar energia eletroestática. Os capacitores mais comuns são construídos por duas placas condutoras (metálicas), separadas por um material dielétrico (material isolante). O filtro de entrada com capacitor produz uma tensão CC de saída igual ao valor de pico da tensão retificada. Este tipo de filtro é muito mais usado nas fontes de alimentação. Símbolos do capacitor e capacitor real: A seguir, uma figura esquemática de como fica um circuito simples de fonte CC linear com retificação em ponte e filtragem por capacitor. Retificador de onda completa em ponte com filtro capacitivo. Regulação de Tensão O circuito regulador pode aproveitar a entrada contínua advinda do filtro para produzir uma tensão que não só possua menor ripple mas que ainda mantenha constante seu nível de saída, mesmo para variações na entrada ou na carga conectada. Em aplicações onde se necessita valores reduzidos de corrente, essa regulação é, via de regra, obtida, utilizando-se reguladores a base de circuitos integrados, como mostrado por MALVINO (1987). Já em aplicações que necessitam maiores valores de corrente, os circuitos reguladores são constituídos de elementos discretos baseados em transistores e diodo zener. Um CI regulador bastante comum são os da linha 78XX, possuindo regulações para 5V, 9V, 12V entre outros. Os CI reguladores são em geral utilizados com capacitores e até indutores conectados aos seus pinos para melhorar ainda mais a regulação. Imagem do circuito de regulação de tensão com CI 78XX: CI regulador encapsulado: Circuito simplificado completo de fontes lineares com regulação de tensão: Fontes Chaveadas As fontes chaveadas, também conhecidas como Fonte de Alimentação Chaveada ou Switching Mode Power Supply (SMPS), possuem como principal finalidade o fornecimento de energia, veja suas aplicações: Equipamentos Eletrônicos de Informática, como notebook, netbook, computadores all-in-one etc; Automação Comercial, em impressora fiscal, PDV etc; Automação Bancária, em ATM’s, impressora térmica, leitor de CMC7, leitor de códigos de barras, entre outros; Automação Industrial, em painéis e máquinas; Telecomunicações em central telefônica, interfone, telefone sem fio, celulares, e outros; Segurança em DVRs, câmeras e domes, alarmes, etc. e outras aplicações. As fontes também podem funcionar como carregadores de baterias nos equipamentos portáteis como notebooks, netbooks e telefones sem fio e smartphones. Uma fonte chaveada é basicamente um conversor no qual tanto a tensão de entrada como de saída são contínuas (conversor CC-CC). Conforme o tipo de conversor empregado, o valor da tensão de saída pode ser maior ou menor que a tensão de entrada, apesar que em sua maioria, normalmente a tensão de saída é menor que a de entrada. O interruptor eletrônico opera somente nos estados de saturação (ligado) e corte (desligado), com freqüência de operação muito maior que a freqüência da rede elétrica. O resultado é, então, uma tensão alternada não-senoidal que é retificada novamente e entregue à carga. De modo esquemático tem-se os seguintes elementos, conforme a figura: Filtro de Linha É constituído por indutor e capacitores e tem como função principal a filtragem de harmônicos (ruídos) de alta freqüência provenientes do chaveamento da própria fonte ou que entram pela rede (110V ou 220V), provenientes de outros equipamentos. Neste bloco costuma-se colocar os varistores, opcionalmente utilizados para a absorção de sobretensões da rede, além de termistor NTC para a limitação do “inrush” de corrente que ocorre quando a fonte é ligada. Há também a inclusão do fusível de proteção da própria fonte. Veja o exemplo abaixo com partes de um ‘diagrama esquemático’: Retificação e Filtro de Entrada Constituído de diodos, normalmente em ponte, é responsável pela retificação da tensão alternada da rede (110V ou 220V) transformando-a em tensão contínua. O capacitor (ou banco de capacitores) é utilizado para filtrar a ondulação resultante da retificação, deixando a tensão tanto mais contínua quanto maior a capacitância total. Neste bloco pode estar inserida uma chave para a seleção da tensão de entrada (110V ou 220V). O uso de diodos ligados direto na tensão da rede elimina a necessidade de um transformador no circuito de entrada, que é volumoso e pesado. Esquemático de retificador e filtro de entrada. Circuito de Chaveamento É constituído de transistor, bipolar ou mosfet, e o circuito integrado com controle por modulação da largura de pulso (PWM). Em muitas fontes já é utilizado um circuito integrado que possui o transistor e o PWM em um único encapsulamento. Neste bloco é feito o chaveamento, em alta freqüência, da tensão contínua fornecida pelo retificador. Os transistores operam em condição de corte e saturação. Apesar das primeiras fontes chaveadas usarem transistores bipolares, esses foram logo abandonados em favor dos MOSFETs, que operam em freqüência mais elevada com baixas perdas e permitem simplificar o circuito de chaveamento. Para evitar a produção de ruído audível, é necessário que a freqüência de chaveamento do interruptor eletrônico seja maior que 20 kHz. Circuito de controle do chaveamento Transformador Constituído por um núcleo de ferrite e enrolamentos com fios de cobre ou com as trilhas de uma placa de circuito impresso multilayer. Este bloco é responsável pela adaptação da tensão e também pelo isolamento entre a alta tensão da rede e a tensão de saída em tensão contínua. No primário do transformador circula a corrente de alta freqüência, imposta pelo chaveamento do transistor. No secundário do transformador aparecerá uma tensão de alta freqüência e de baixa amplitude, próxima do nível da tensão contínua que se quer obter para a saída da fonte. Para fontes de múltiplas saídas o processo é o mesmo, porém com vários enrolamentos secundários. Na figura, o transformador é o responsável por baixar a tensão de alta frequência da entrada, chaveada em alta frequência por um MOSFET, nesse exemplo. Transformador de ferrite em fonte chaveada. Retificação e Filtragem de Saída Constituído por diodos retificadores do tipo “fast” ou “ultra-fast”, capacitores eletrolíticos de baixa tensão, alta capacitância e baixa resistência série equivalente (ESR) e indutores, é responsável pela retificaçãoe a filtragem da tensão fornecida pelo secundário do transformador. Para fontes de múltiplas saídas os circuitos com diodos, capacitores e indutores repete-se para cada secundário do transformador. Neste caso, os zeros são normalmente interligados formando uma única referência denominada GND ou 0V. Na figura abaixo, um exemplo de esquemático de retificador e filtro na saída de uma fonte chaveada: Circuito de realimentação e controle Constituído por um optoacoplador, que amostra a tensão de saída obtida na etapa de retificação e filtragem anterior, e um circuito integrado do tipo comparador. Nesta etapa uma amostra da tensão de saída é comparada com uma referência e a diferença realimenta o circuito de PWM. O circuito PWM reduz ou aumenta a largura dos pulsos aplicados no comando do transistor de chaveamento. Na maioria dos circuitos se a tensão de saída estiver baixa, o interruptor eletrônico é comandado a permanecer conduzindo por um tempo maior; se estiver alta, o comando determinará um tempo mais curto de condução. Por esse motivo o controle é chamado por largura de pulso (PWM = pulse width modulation) e muitas vezes as fontes chaveadas são também conhecidas como Fontes PWM . Em fontes de múltiplas saídas normalmente escolhe-se a tensão mais “nobre”, que alimentará os circuitos mais sofisticados do equipamento, para se utilizar na realimentação e controle. Circuitos de Proteção Normalmente as fontes chaveadas incorporam circuitos de proteção contra curto- circuitos, sobretensão e outras condições anormais de funcionamento, constituídos por comparadores e outros circuitos auxiliares, colocados posteriormente a etapa de retificação e filtragem de saída. Podem ser implementadas através de controles adicionais sobre o interruptor eletrônico. Há também circuitos auxiliares para o acionamento do interruptor eletrônico e, em alguns casos, de interruptores auxiliares, como é o caso das fontes ressonantes. A seguir, uma figura exemplo de um desses circuitos de proteção: Comparação entre Fontes Lineares e Chaveadas Conclusão As fontes chaveadas são atualmente muito empregadas nos mais variados sistemas eletrônicos, principalmente devido às suas características de baixo volume e peso em comparação com as fontes com regulação linear. No entanto, são circuitos complexos que demandam um maior cuidado para o projeto e implementação prática. A evolução das fontes chaveadas dá-se tanto sob o aspecto do oferecimento de componentes com melhores características como pelo desenvolvimento da técnica de projeto e construção. Comparativamente às outras áreas da Eletrônica, muito há a ser feito, principalmente nos aspectos de integração de componentes e de melhoria da confiabilidade. Apesar desses desafios, as fontes chaveadas permanecem como uma alternativa extremamente interessante para todos os sistemas eletrônicos. Bibliografia e Documentos de Referência http://www.cricte2004.eletrica.ufpr.br/mehl/downloads/FontesChaveadas.pdf Acessado em 01/09/2020 https://d335luupugsy2.cloudfront.net/cms/files/29813/1510244199ebook-fontechaveada.pdf Acessado em 05/09/2020 https://eletricidadesemsegredosblog.wordpress.com/2017/10/11/fonte-linear-vs-fonte- chaveada/ Acessado em 08/09/2020 Malvino, Albert Paul - Eletrônica no Laboratório - Ed. McGraw-Hill SP - 1987. Boylestad, Robert - Nashelsky, Louis – Dispositivo Eletrônico e Teoria de Circuitos - Ed. Prentice/Hall Brasil - RJ – 1993.
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