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Coleta de DNA em condenados

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 2 
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA 
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA 
SECRETARIA DE GESTÃO E ENSINO EM SEGURANÇA PÚBLICA 
DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA 
COORDENAÇÃO-GERAL DE ENSINO 
COORDENAÇÃO DE ENSINO A DISTÂNCIA 
 
CONTEUDISTAS 
Camila Reis Guimarães Baleeiro 
Natália Cybelle Lima Oliveira 
 
REVISÃO 
Alice Borges Mendonça 
 
PRODUÇÃO (APOIO) 
Beatriz Beserra Mendes 
 
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA 
Daniele Rosendo dos Santos 
Márcio Raphael Nascimento Maia 
 
SETOR DE CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO 
 
PROGRAMAÇÃO E EDIÇÃO 
Lúcio André Amorim 
Renato Antunes dos Santos 
 
DESIGNER 
Fagner Fernandes Douetts 
Renato Antunes dos Santos 
 
DESIGNER INSTRUCIONAL 
Wagner Henrique Varela da Silva 
 
 3 
Sumário 
Apresentação do Curso ................................................................................... 6 
Objetivos do Curso .......................................................................................... 9 
Estrutura do Curso ......................................................................................... 10 
Módulo I - PRINCÍPIOS BÁSICOS DA BIOLOGIA E SUAS APLICAÇÕES NA 
GENÉTICA FORENSE .................................................................................... 11 
Apresentação do módulo .................................................................................... 11 
Objetivos do módulo ............................................................................................ 11 
Estrutura do módulo............................................................................................. 11 
Aula 1 - O estudo da Biologia na resolução de crimes ..................................... 12 
Aula 2 - A importância do material genético e aplicações práticas dos 
conhecimentos da Genética ................................................................................ 15 
Aula 3 - A Genética Forense e como ela auxilia na resolução de crimes ........ 22 
Finalizando ............................................................................................................ 30 
Módulo II - HISTÓRICO DA UTILIZAÇÃO DO DNA NA RESOLUÇÃO DE 
CRIMES E FUNDAMENTAÇÃO LEGAL ......................................................... 31 
Apresentação do módulo .................................................................................... 31 
Objetivos do módulo ............................................................................................ 31 
Estrutura do módulo............................................................................................. 31 
Aula 1 - Aspectos históricos da utilização do DNA na resolução de crimes .. 32 
Aula 2 - Utilização das Técnicas de Identificação pelo DNA no Brasil e no 
Mundo ................................................................................................................... 37 
2.1 Normas internacionais relacionadas aos Bancos de Perfis Genéticos:
 .................................................................................................................. 38 
AULA 3 – Arcabouço Legal Brasileiro que Normatiza a Identificação Genética 
Criminal e Inclusão de Perfis Genéticos em Bancos de DNA. ......................... 42 
Finalizando ............................................................................................................ 49 
 
 4 
Módulo III - NORMAS E UTILIZAÇÃO DOS BANCOS DE PERFIS GENÉTICOS
 ......................................................................................................................... 51 
Apresentação do módulo .................................................................................... 51 
Objetivos do módulo ............................................................................................ 51 
Estrutura do módulo............................................................................................. 51 
Aula 1 - A importância do Banco de Perfis Genéticos ...................................... 52 
Aula 2 - Normas Legais Aplicadas aos Bancos de Perfis Genéticos ............... 55 
Aula 3 - Sistema de Gestão de Qualidade dos Laboratórios Integrados à RIBPG
 ............................................................................................................................... 62 
Aula 4 - Casos resolvidos com o auxílio do Banco de Perfis Genéticos ......... 66 
Finalizando ............................................................................................................ 71 
Módulo IV - PROCEDIMENTOS BÁSICOS PARA A REALIZAÇÃO DE 
COLETA DE DNA DE CONDENADOS ........................................................... 72 
Apresentação do módulo .................................................................................... 72 
Objetivos do módulo ............................................................................................ 73 
Estrutura do módulo............................................................................................. 73 
Aula 1 - Fundamentação Legal sobre Procedimentos Relativos à Coleta de 
Material Biológico de Condenados ..................................................................... 74 
1.1 Sistema prisional e coleta de material biológico: ............................. 81 
1.2 Fluxo de Trabalho: ........................................................................... 82 
1.3 Codificação de Amostras de Referência oriundas da coleta obrigatória
 84 
Aula 2 - Introdução à Biossegurança e Equipamentos de Proteção Individual
 ............................................................................................................................... 87 
2.1 Introdução à Biossegurança ............................................................ 87 
2.2 Riscos Biológicos envolvidos na coleta de materiais biológicos ...... 93 
2.3 Equipamentos de proteção individual .............................................. 96 
Aula 3 - Técnicas de coleta de Amostras de Referência ............................... 102 
 
 5 
3.1 Etapas a serem realizadas antes das coletas ................................ 105 
Aula 4 - Acondicionamento, Armazenamento e Transporte de Amostras de 
Referência para as Unidades Periciais de Processamento ........................... 117 
4.1 Armazenamento e transporte de amostras de mucosa oral coletadas 
com suabes estéreis ............................................................................... 118 
4.2 Armazenamento e transporte de amostras de mucosa oral coletadas 
com cartões FTA® .................................................................................. 119 
Finalizando ......................................................................................................... 120 
Referências Bibliográficas .......................................................................... 121 
 
 
 
 6 
Apresentação do Curso 
 
Caro(a) aluno(a), 
 
Seja bem-vindo(a) ao Curso Coleta de DNA em condenados: 
Legislação e Procedimentos! 
Esperamos que durante essa jornada, você possa conhecer um pouco 
mais sobre a utilização da Genética Forense na aplicação da justiça, e como a 
Coleta de DNA (Ácido Desoxirribonucleico) de condenados pode contribuir para 
esse processo. Para isso, convidamos você a trilhar um caminho de 
conhecimentos essenciais para que se possa entender o potencial da parceria 
entre a Ciência e a Justiça. 
Para que a Justiça possa ser aplicada de maneira igualitária e objetiva, 
muitas vezes é necessário a aplicação da Ciência para a resolução de crimes e 
outras questões legais do nosso dia a dia. Por esse motivo, surgiu a necessidade 
da criação de um dos ramos das ciências naturais: As Ciências Forenses! Mas 
o que vem a ser isso? As Ciências Forenses atuam no processo de geração e/ou 
transferência de conhecimentos científicos e tecnológicos, com afinalidade de 
aplicação na análise de vestígios e visam responder questões científicas de 
interesse da Justiça. 
Dentro dessa grande árvore de conhecimento, a Genética Forense é um 
ramo muito importante, pois ela trata da utilização dos conhecimentos e das 
técnicas da Genética e da Biologia Molecular, para auxiliar nas respostas das 
demandas judiciais. Há mais de vinte anos é amplamente utilizada para 
demonstrar a culpabilidade dos criminosos, isentar os inocentes, identificar 
corpos e restos humanos, determinar paternidade com confiabilidade 
incondicional, elucidar trocas de bebês em berçários, detectar substituições e 
erros de rotulação em laboratórios de patologia clínica, entre inúmeras outras 
aplicações. 
A aplicação dessa ciência é especialmente importante na investigação da 
autoria de crimes. Para isso, a genética forense busca comparar os perfis 
 
 7 
genéticos de materiais biológicos encontrados em cenas de crimes, com os 
obtidos de amostras coletadas de suspeitos, sendo na maioria das vezes, uma 
ciência comparativa. Contudo, durante muito tempo, sua aplicação ficou 
limitada à apresentação de suspeitos pela autoridade policial. E foi justamente 
para superar essa limitação, que foi criado o conceito de Bancos de Perfis 
Genéticos, mas o que vem a ser isso? 
Pode ser feita uma analogia com uma grande biblioteca virtual, onde de 
um lado são depositadas as informações dos perfis genéticos relacionados aos 
mais diversos ilícitos penais, e do outro, as informações de indivíduos que já 
foram condenados por crimes, de acordo com as disposições legais aplicáveis. 
A partir daí, os bancos têm a função de comparar esses perfis, a fim de detectar 
coincidências, e assim, quando elas ocorrem entre um perfil de vestígios 
criminais com o de um condenado, é possível indicar a autoria de um crime que 
antes não tinha solução. Este é apenas um exemplo do potencial dessa 
ferramenta, e nós esperamos que durante esse curso você navegue por toda 
essa gama de possibilidades que ela nos dá, no auxílio às demandas da 
sociedade. 
O sucesso dessa ferramenta na solução de crimes, depende 
primordialmente de uma coleta bem feita do material biológico dos condenados 
reclusos no sistema prisional, de maneira que se permita a identificação 
genética, de acordo com o Art. 9º da Lei nº 12.654/2012. 
Uma coleta de qualidade, permite não só a solução de crimes, mas 
também garante que os resultados das análises seguintes a partir dessa coleta, 
sejam CONFIÁVEIS! 
Para isso, é imprescindível que o profissional que irá realizar o 
procedimento detenha os conhecimentos dos fundamentos e das técnicas, para 
que a coleta do DNA dessas pessoas ocorra da melhor forma. Erros na 
identificação de amostras, no acondicionamento desses materiais e na 
organização dos documentos, podem levar a problemas como a falsa imputação 
de crimes, por exemplo, o que além de impedir a aplicação da justiça da maneira 
correta, diminui a confiança da sociedade no serviço prestado por essa área 
essencial à Segurança Púbica. 
 
 8 
Assim, devido à necessidade de padronização dos procedimentos e 
técnicas para a realização de coleta de Amostras de Referência de DNA em 
indivíduos condenados pelos crimes descritos na Lei nº 12.654/2012, pelos 
profissionais que integram o Sistema Único de Segurança Pública (Susp), 
visando a inclusão em Banco de Perfis Genéticos, é que o presente curso foi 
criado. 
A aclimatação inicial é fundamental para se conhecer ao ambiente virtual 
de aprendizagem, entender o funcionamento do curso e realizar os estudos de 
forma tranquila. 
Leia o conteúdo com atenção, navegue nos links indicados, realize os 
exercícios e reflita sobre as possibilidades de aplicação. 
 
Preparado? 
 
Então, vamos lá! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
Objetivos do Curso 
 
A finalidade deste curso é, desenvolver competências básicas para que 
os profissionais do Sistema Único de Segurança Pública (Susp) conheçam quais 
são os procedimentos e técnicas necessárias, para realizar a coleta de material 
biológico de condenados de forma padronizada e segura, à luz dos crimes 
previstos pela legislação vigente, objetivando a inserção de perfis de DNA em 
Bancos de Perfis Genéticos. 
Esse curso criará condições para que você possa:
• Entender o disposto na Lei nº 12.654/2012 e demais normas legais 
relacionadas e suas aplicações práticas na Perícia Criminal brasileira; 
• Compreender a importância do DNA como ferramenta de identificação 
humana, bem como o uso do Banco de Perfis Genéticos nas 
investigações criminais envolvendo indivíduos alcançados pelos crimes 
enquadrados em leis específicas; 
• Elaborar um fluxo de trabalho para realização de coletas em instituições 
criminais, em concordância com os requisitos e documentações 
necessárias para sua execução; 
• Utilizar corretamente os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), bem 
como aplicar as práticas de Biossegurança.; 
• Realizar as técnicas de coleta de amostras biológicas de condenados 
para exames de DNA, seguindo os procedimentos padrões de 
identificação, armazenamento, acondicionamento e transporte de tais 
amostras, objetivando a inserção de perfis de DNA em Bancos de Perfis 
Genéticos. 
 
 
 
 
 10 
Estrutura do Curso 
 
O curso tem carga horária de 40 horas/aula e é totalmente ofertado na 
modalidade a distância, por meio do Ambiente Virtual de Ensino e 
Aprendizagem, em que são disponibilizados os conteúdos do curso, sendo de 
responsabilidade do discente acessar o Ambiente Virtual para realizar o estudo 
e as atividades obrigatórias. 
Para um melhor aprendizado sobre os tópicos a serem abordados, o 
conteúdo foi disponibilizado em 4 (quatro) módulos: 
 
Módulo 1 – Princípios Básicos da Biologia e suas aplicações na Genética 
Forense. 
Módulo 2 – Histórico da Utilização do DNA na Resolução de Crimes e 
Fundamentação Legal. 
Módulo 3 – Normas e Utilização dos Bancos de Perfis Genéticos. 
Módulo 4 – Procedimentos básicos para a realização de coleta de DNA de 
condenados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
Módulo I - PRINCÍPIOS BÁSICOS DA BIOLOGIA E SUAS 
APLICAÇÕES NA GENÉTICA FORENSE 
 
Aqui iniciamos o caminho de conhecimentos que você deverá adquirir 
para realizar a coleta de materiais biológicos de condenados, com o objetivo de 
inserção em Bancos de Perfis Genéticos. Porém, para que você possa 
compreender todos os aspectos necessários para realizar esta tarefa da forma 
certa e entender qual o propósito dela, temos que começar a jornada de dentro 
para fora. Entender um pouco da nossa biologia será essencial para trilhar o 
caminho do aprendizado. 
Esse módulo pretende criar condições para que você possa: 
• Conhecer um pouco do funcionamento do nosso DNA, do que trata a 
genética forense e como a nossa biologia pode ser fundamental na 
resolução dos mais diversos crimes; 
• Entender como os conhecimentos básicos da biologia do corpo humano 
podem auxiliar na resolução de crimes; 
• Conhecer o trabalho da Genética Forense e como ela auxilia na resolução 
de crimes; e 
Compreender a importância de coletar corretamente o material genético. 
Este módulo compreende as seguintes aulas: 
Aula 1 - O estudo da Biologia na resolução de crimes. 
Aula 2 - A importância do material genético e aplicações práticas dos 
conhecimentos da Genética. 
Aula 3 - A Genética Forense e como ela auxilia na resolução de crimes. 
 
 12 
 
Bom meu caro aluno, vamos então começar a entender quais os aspectos 
do nosso corpo que permitem que os conhecimentos da biologia possam auxiliar 
tanto na resolução de crimes, quanto no fornecimento de provas técnicas 
capazes de subsidiar a aplicação da justiça. Para isso precisamos entender 
aspectos mais básicos de como o nosso corpo funciona e do que se trata o DNA, 
que é a ferramenta de estudo e aplicação prática da Genética Forense. 
 Como sabemos, o corpo humano,e o de boa parte dos demais seres 
vivos, é formado por diferentes órgãos, cada um com uma função essencial, que 
juntos permitem que ele funcione de maneira adequada. Cada um desses órgãos 
é indispensável, pois realiza uma função única dentro daquele organismo. Como 
exemplo temos o nosso coração, que funciona como uma bomba, mantendo o 
nosso sangue em movimento, as veias e artérias que funcionam como vias de 
transporte para que o sangue bombeado pelo coração chegue aos demais 
órgãos e possa levar oxigênio para o nosso corpo. 
Na figura 1 podemos observar que são diversos e diferentes os órgãos do 
nosso corpo, olhando de perto, percebe-se justamente essas diferenças que 
possibilitam que cada um possa executar sua função dentro do todo. Enquanto 
o nosso coração é um músculo robusto pela força física que deve ter para 
bombear o nosso sangue e, fica numa parte central do nosso corpo, já a nossa 
pele, precisa ter mais resistência para nos proteger do mundo externo e se 
estende por todo nosso corpo, para desempenhar essa função. Então, imagine 
como a vida seria possível se não houvesse essa diversidade de funções e 
formas dentro da natureza do nosso corpo! 
 
 
 13 
 
 
Figura 1: Corpo humano 
Fonte: SCD/EaD/Segen. 
 
 
Agora é a hora de puxar na memória os aprendizados da escola, e lembrar 
que todos os órgãos do nosso corpo são compostos de maneira fundamental de 
unidades biológicas chamadas células. As nossas células são, basicamente, a 
menor parte do nosso corpo que consegue funcionar com relativa independência 
e com bastante funcionalidade. Ficou difícil entender? Vamos falar rapidamente 
do que é uma célula e você poderá compreender melhor. 
Dentro do estudo da vida, podemos perceber que, muitas vezes, a lógica 
do maior se aplica ao menor. Muitas das funções que vemos no nosso corpo 
acontece também nas nossas células, ou seja, as nossas células também 
possuem seus órgãos, que nesse caso se chamam organelas, e que 
desempenham funções que vão permitir o seu funcionamento. 
Veja a respiração, por exemplo, assim como o nosso corpo precisa 
respirar, a nossa célula também precisa. A diferença é que enquanto no nosso 
 
 14 
corpo são os pulmões os responsáveis por essa função, na célula as organelas 
responsáveis por essa função, são as mitocôndrias. Enquanto a pele é a 
responsável por recobrir o nosso corpo, nas células a membrana plasmática é a 
responsável por essa função. 
 
Se você observar bem, verá que todo sistema precisa 
de um órgão que sirva como centro de comando, ou seja, 
aquele que irá conectar cada uma das funções e dar sentido 
ao todo. No caso do nosso corpo, poderíamos dizer que o 
cérebro realiza essa função, visto que é o órgão 
responsável por interpretar os sinais internos e externos, 
encaminhando sinais através do sistema nervoso que 
conecta todo o nosso sistema biológico. Na nossa célula, é 
no DNA que encontramos as informações necessárias para 
instruir e coordenar as funções que cada parte irá 
desempenhar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 15 
Aula 2 - A importância do material genético e aplicações 
práticas dos conhecimentos da Genética 
 
O material genético que você carrega nas células que formam o seu 
corpo, existem instruções capazes de orquestrar as mesmas funções biológicas 
realizadas por todos os outros seres humanos à sua volta, como andar, respirar 
e pensar. Podemos dizer, portanto, que o nosso DNA guarda todas as 
semelhanças que temos entre nós, e com muitos outros seres da natureza. 
Apesar das nossas semelhanças serem inúmeras, são as nossas 
diferenças que possibilitam que o estudo do DNA possa auxiliar na resolução de 
crimes. As diferenças que encontramos no DNA de uma pessoa para a outra, 
bem como a influência de aspectos próprios do meio ambiente, são os principais 
fatores responsáveis por fazer com que cada pessoa seja diferente da outra, isto 
é, são essas diferenças que permitem que o nosso DNA, seja capaz de nos 
atribuir uma identidade. 
Verificando as semelhanças e diferenças quando comparamos o DNA de 
pessoas distintas, pode ser feita uma analogia com o sistema de endereçamento 
postal, no qual há milhares de indivíduos com o mesmo CEP, algumas centenas 
com o mesmo endereço de rua, poucos com o mesmo número do edifício, alguns 
com o mesmo número do apartamento, entretanto, apenas um com o nome e 
sobrenome correspondentes a este endereço. 
De maneira geral, o DNA de uma pessoa é formado pela combinação do 
DNA da mãe, com o DNA do pai. As possibilidades de combinação entre o DNA 
de duas pessoas são tão grandes que, é impossível, estatisticamente falando, 
que uma pessoa seja igual à outra. Desse modo, as informações genéticas que 
se traduzem nas características físicas e outros aspectos, como predisposição a 
doenças e habilidades individuais que você possui, caro aluno, basicamente são 
a combinação entre esses mesmos aspectos encontrados no DNA de seus pais. 
São inúmeras as funções que são coordenadas pelo nosso DNA, tanto 
em nível celular, quanto no nosso organismo como um todo. O nosso código 
genético, que é como chamamos o conjunto de informações contidas no nosso 
 
 16 
DNA, funciona como uma gigantesca biblioteca, que manda instruções dentro de 
um sistema complexo de transmissão de informações para que cada parte da 
nossa célula e do nosso corpo, desempenhe a sua função a contento. 
 
 
Figura 2: Animação de sequência de DNA 
Fonte: https://giphy.com/gifs/Massivesci-massivesci-nhgri-human-genome-
7A1dYzGilg6vLi9CLp 
 
 VOCÊ SABIA? 
O potencial de armazenamento de informações do DNA é tão 
grande, que pesquisadores da Universidade de Harvard, utilizando 
técnicas de bioengenharia e genética, conseguiram utilizar a molécula 
de DNA como mídia de armazenamento, como uma espécie de 
pendrive. Eles chegaram à conclusão de que com apenas um grama 
de DNA é possível armazenar 700 terabytes de informações! 
 
 
 Acessa o link: 
https://vimeo.com/47615970 
e assista o vídeo caso você tenha curiosidade em saber como os 
pesquisadores conseguiram transformar o DNA na mídia de armazenamento do 
futuro. 
https://vimeo.com/47615970
 
 17 
Agora podemos imaginar que, para dar conta de registrar essa quantidade 
de informações, o nosso DNA teria que ter quilômetros de extensão, já que essa 
molécula deve ser grande o suficiente para conter todas as instruções 
necessárias à vida humana. 
Foram feitas algumas estimativas por cientistas da área, que chegaram à 
conclusão de que, se nós pudéssemos pegar o DNA de todas as células de uma 
única pessoa e, esticá-lo até que ele formasse uma linha reta, a fita de DNA 
alcançaria um comprimento equivalente a 140 vezes a distância da terra ao sol. 
Mas como uma molécula desse tamanho cabe dentro de uma célula? 
 
 
Figura 3: Comprimento do DNA humano 
Fonte: https://unbelievable-facts.com/2016/08/science-facts.html/human-dna-length 
 
Para responder essa pergunta, é necessário que você conheça alguns 
aspectos sobre a estrutura do DNA. Você pode imaginar como é difícil 
representar e estudar compostos químicos e biológicos, principalmente por se 
tratar de estruturas invisíveis aos olhos, por isso pesquisadores e estudiosos da 
área, buscam criar formas de representar estruturas biológicas, como a molécula 
de DNA, a partir dos elementos químicos que a compõe. 
 
 18 
A partir dos mais diversos estudos na área, chegou à conclusão de que o 
DNA é formado, essencialmente, por quatro tipos de unidades chamadas 
nucleotídeos que, se diferenciam entre si de acordo com suas características 
químicas. Com o propósito de facilitar os estudos na área, os quatro tipos de 
unidades que formam o nosso DNA são representados pelas letras A,G,C e T, 
que correspondem aos compostos denominados adenina, guanina, citosina e 
timina, respectivamente. 
 
Figura 4: Quatro tipos de unidades que formam o DNA 
Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.19 
Regiões codificantes 
Dentro dessa grande molécula, existem as chamadas regiões 
codificantes que orientam a produção de proteínas e estão relacionadas às 
mais diversas funções do nosso corpo, e essas regiões são chamadas genes. 
São nos genes que encontramos as informações genéticas relacionadas não só 
ao funcionamento do nosso corpo, mas a todas as características físicas que 
apresentamos, que é chamada na biologia de fenótipo. 
 
Regiões não codificantes 
Hoje se sabe que menos de 10% do nosso DNA, é formado de genes, 
sendo a maior parte deles formados de regiões não codificantes, ou seja, 
regiões que não são responsáveis por nenhuma função biológica conhecida, ou 
característica física que apresentamos. Essas regiões apresentam grande 
variabilidade entre os indivíduos e muitas regiões repetitivas, o que faz com que 
sejam muito úteis na identificação genética, e são elas as regiões utilizadas para 
os estudos da Genética Forense. 
 
Regiões não codificantes 
Segundo se sabe, atualmente a molécula de DNA é formada por duas 
fitas que se complementam e se dispõe em um padrão helicoidal, compostas 
pelos quatro tipos de nucleotídeos que detalhamos acima. Com o auxílio de 
proteínas específicas, o material genético se compacta de maneira 
extremamente organizada e se condensa ao máximo, até que possa caber 
dentro do núcleo das nossas células. São essas estruturas condensadas e 
enoveladas de DNA, localizadas no interior do núcleo das nossas células, que 
chamamos de cromossomos. 
 
 
 
 
 
 20 
 
Figura 5: Representação do DNA 
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/dna.htm - modificado 
 
Vemos nessa figura, como os nucleotídeos se complementam formando 
uma fita dupla, que se organiza de forma helicoidal e se compacta até formar os 
cromossomos. Os cromossomos representam a forma mais compactada do 
nosso DNA e, é essa organização, que permite que essa molécula tão extensa 
possa ficar acomodada no núcleo das nossas células! 
Logo, o conjunto de cromossomos encontrado no interior de cada uma 
das células nucleadas de uma pessoa, reúne todas as suas informações 
genéticas. Os seres humanos possuem dentro de suas células 23 pares de 
cromossomos, portanto, totalizando 46 cromossomos, dentre os quais 23 são de 
herança materna e 23 de herança paterna. 
Dos 23 cromossomos que recebemos de cada um de 
nossos pais, 22 são chamados de autossômicos, que estão 
relacionados às características comuns entre indivíduos do 
sexo masculino e do sexo feminino, e um deles é chamado 
de cromossomo sexual. Após a união dos gametas, é 
formada uma única célula que contém 22 pares de 
cromossomos autossômicos e dois cromossomos sexuais. 
Existem dois tipos de cromossomos sexuais, o cromossomo X e o 
cromossomo Y, a sua combinação vai definir o sexo do indivíduo formado após 
 
 21 
a fecundação dos gametas. Um indivíduo do sexo feminino apresenta dois 
cromossomos X, enquanto o do sexo masculino, possui um cromossomo X e um 
cromossomo Y. 
A partir dessas informações, podemos afirmar que qualquer indivíduo tem 
no seu DNA, metade da informação genética herdada de sua mãe e metade 
herdada de seu pai. Mas se isso acontece, 
 
 
Figura 6: Para refletir 
Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen. 
 
A variabilidade entre irmãos e, entre os indivíduos em geral, ocorre porque 
no processo de formação dos gametas (óvulos e espermatozoides) ocorre um 
processo de recombinação genética que, confere grande variabilidade ao DNA, 
de forma que nenhum gameta é igual ao outro. Por isso, mesmo que dois irmãos 
tenham sido formados da união dos gametas do mesmo pai e da mesma mãe, 
eles apresentarão características genéticas e físicas distintas. O conjunto de 
informações genéticas obtidas a partir da análise de regiões encontradas nos 
cromossomos autossômicos, é chamado de perfil genético. 
Enquanto a variabilidade genética ocorre com maior frequência nos 
cromossomos autossômicos, esse evento não ocorre com a mesma intensidade 
com os cromossomos sexuais. Por esse motivo, uma pessoa do sexo masculino 
possui um Cromossomo Y herdado de seu pai, quase que inalterado, ou seja, 
sem grandes variações no seu DNA. O conjunto de informações genéticas 
obtidas a partir da análise de regiões encontradas neste cromossomo é chamado 
Haplótipo do Cromossomo Y. 
 
 
 22 
Aula 3 - A Genética Forense e como ela auxilia na resolução 
de crimes 
 
Bom, após essa breve jornada dentro do nosso corpo, vamos entender o 
seguinte questionamento: 
 
Figura 7: Para refletir 
Fonte: do conteuditsa; SCD/EaD/Segen. 
 
Para responder essa pergunta, vamos entrar agora no estudo da Genética 
Forense, uma área muito importante dentro das Ciências Forenses. 
As Ciências Forenses atuam no processo de geração e/ou transferência de 
conhecimento científico e tecnológico em cada um dos ramos das ciências 
naturais, com a finalidade de aplicação na análise de vestígios, buscando 
responder questões científicas de interesse da Justiça. Uma das principais 
ciências forenses, é a Genética Forense, que trata da utilização dos 
conhecimentos e das técnicas da Genética e da Biologia Molecular no auxílio à 
justiça. 
As técnicas de biologia molecular aplicadas à área criminal, concentram-
se em grande parte, em análises do DNA para identificação de um indivíduo a 
partir da análise de vestígios biológicos como cabelos, manchas de sangue e 
fluidos corporais, dentre outros itens recuperados no local do crime. Contudo, de 
que forma esses materiais biológicos acabam sendo transferidos para os 
vestígios coletados nesses locais? 
 
 
 23 
Cada vez que entramos em contato com quaisquer 
pessoas, ou objetos ao nosso redor, deixamos neles um 
pouco de nós. Parece poesia, mas na verdade quem explica 
esse fenômeno é a física. A Teoria de Locard, que foi 
postulada pelo cientista Edmond Locard, nos diz, de 
maneira resumida, todo contato deixa uma marca. Qualquer 
indivíduo que comete um crime, por exemplo, entrará 
invariavelmente em contato com diversos objetos ao seu 
redor, então para efetuar um roubo, uma pessoa precisará 
de ferramentas, abrir portas, gavetas, utilizar um veículo, 
entre muitas outras ações e movimentos que, irão gerar um 
contato e consequentemente deixará uma marca. 
 
Na prática 
Vamos supor que uma câmera de segurança, por exemplo, 
filma o exato momento em que uma pessoa toca na maçaneta da 
porta de um imóvel, para cometer um furto. Se pudéssemos aproximar 
aquela imagem muitas e muitas vezes, até um nível microscópico, 
veríamos as células da pele daquele indivíduo se soltando e ficando 
presas ao material daquela maçaneta que, conforme você pôde 
observar durante a leitura desse módulo, carregam dentro delas a 
identidade genética do autor daquele fato. 
 
A partir daí é possível concluir que quanto maior o contato, maior também 
será essa marca. Se este mesmo indivíduo do nosso exemplo anterior, se 
cortasse numa janela do imóvel alvo de furto, o sangue que ficaria impregnado 
no vidro carregaria ainda mais células e, consequentemente, muito mais cópias 
do DNA do autor daquele crime. Quanto mais células do autor estiverem 
presentes num objeto, maiores são as chances de obter um perfil genético 
daquele material, o que aumenta inclusive a sua capacidade de identificar aquele 
indivíduo. 
 
 24 
É isso que ocorre em grande parte dos crimes cometidos todos os dias. Os 
contatos deixam como rastro o material biológico dos indivíduos envolvidos, ou 
seja, as células do autor de um crime ou de vítimas, que serão coletadas pela 
equipe de Perícia Criminal no local de crime e encaminhadas ao Laboratório de 
Genética Forense. 
As tecnologias utilizadas na Genética Forense, permitem que o DNA 
presente naquele material encaminhado seja extraído do interior dessas células. 
Após a extração, o Laboratório poderá proceder com a etapa de Quantificação, 
que serve para estimara quantidade e qualidade do DNA encontrado naquela 
amostra. Posteriormente, as cópias de DNA ali presentes, serão multiplicadas 
muitas e muitas vezes em uma etapa chamada de Amplificação. Além de 
multiplicar as cópias de DNA, nesta etapa também ocorre a marcação do DNA 
com sondas que emitem fluorescência, que serão captadas por um analisador 
genético na etapa da genotipagem do DNA. 
Na figura abaixo, você pode conferir algumas dessas etapas e sua ordem 
de acontecimentos, a fim de facilitar a sua compreensão. Você pôde perceber 
que a análise genética, necessita de diversas etapas e equipamentos, o que faz 
com que demande tempo e recursos, tanto tecnológicos quanto humanos. 
 
 25 
 
Figura 8: Etapas da análise genética 
Fonte: PENA, 2005 (Modificado). 
Ao fim da etapa de genotipagem, os dados gerados pelo equipamento são 
interpretados por um software, que irá fornecer o produto final de análise da 
Genética Forense: o Perfil Genético. 
Na figura abaixo, temos um exemplo de um Perfil Genético 
Autossômico obtido após o processamento de uma amostra coletada em um 
local de crime. Nele podemos ver algumas informações que você já viu durante 
a leitura deste módulo e que poderá reconhecer agora de maneira prática. 
Observe que na porção superior da figura, vemos as regiões do DNA que serão 
analisadas. Como você sabe, o DNA é uma molécula bastante extensa, e por 
esse motivo é necessário que se escolham algumas regiões para análise 
genética, que serão comparadas entre os perfis obtidos de diferentes amostras. 
 
 26 
 
Figura 9: Exemplo de Perfil Genético Autossômico 
Fonte: do conteudista/ SCD/EaD/Segen. 
 
Podemos observar no perfil genético os cromossomos sexuais, que 
indicarão o sexo do indivíduo: neste caso se trata de uma pessoa do sexo 
masculino, pois vemos tanto o Cromossomo X, quanto o Cromossomo Y. 
E por último, vemos ainda os marcadores presentes nos Cromossomos 
Autossômicos. Se você prestar atenção, verá que na maioria das regiões são 
apresentados dois picos, sendo um deles representante da herança materna e 
o outro da herança paterna. Os números abaixo dos picos correspondem às 
variantes alélicas e, na região em que vemos apenas um pico, temos um 
exemplo de uma região na qual tanto a mãe quanto o pai do indivíduo 
apresentavam o mesmo alelo genético naquela região. 
Agora, na figura abaixo, você pode ver um exemplo da representação de 
um Haplótipo do Cromossomo Y. Observe que diferente do Perfil Genético 
Autossômico, no qual podemos constatar a contribuição materna e paterna, 
neste caso temos apenas um pico representado na figura em cada região 
analisada, já que as variantes alélicas presentes nesse cromossomo, 
representam apenas a herança paterna do indivíduo. 
 
 
 27 
 
Figura 10: exemplo da representação de um Haplótipo do Cromossomo Y 
Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen. 
 
Após obter o perfil genético, o Perito Criminal deverá proceder então com 
sua análise e interpretação, mas como isso ocorre? Após rever um pouco dos 
conceitos básicos da biologia, você viu que o DNA de uma pessoa é formado 
pela combinação do material genético de seus pais, e que nesse processo 
ocorrem eventos de recombinação genética que produzem um indivíduo único, 
fazendo com que seja possível identificar uma pessoa, e distingui-la de qualquer 
outra, através do perfil genético obtido a partir de seu DNA. 
Você viu ainda que, a variabilidade genética que permite a 
individualização do perfil genético de uma pessoa, ou seja, a distinção de seu 
DNA do de qualquer outra, não ocorre nos cromossomos sexuais. Por isso, a 
análise genética do cromossomo Y permite a identificação de uma linhagem 
paterna, e não de um indivíduo em si, visto que homens de uma mesma família 
apresentam, salvo raras exceções, o mesmo Haplótipo do Cromossomo Y. 
A análise do Haplótipo do Cromossomo Y é especialmente importante na 
resolução de crimes sexuais, pois o que ocorre muitas vezes é que o material da 
vítima se encontra presente em maior proporção que o do autor do crime. Em 
casos de vítimas do sexo feminino, que não apresentam o Cromossomo Y, no 
processo de amplificação do DNA, as sondas presentes nos reagentes marcam 
apenas as regiões do Cromossomo Y, de forma a isolar o material masculino 
dentro daquela amostra. 
 
 28 
Outro ponto relevante é que, já que o seu material genético é uma união 
de cromossomos de seu pai e de sua mãe, a comparação de uma certa região 
do seu DNA com a mesma região no DNA de um dos seus pais, permite que 
sejam observadas semelhanças genéticas, o que possibilita que sejam 
estabelecidos vínculos de parentesco entre duas pessoas a partir da análise 
genética, o que ocorre nos chamados testes de paternidade. 
Apesar desses testes serem comumente chamados dessa maneira, não 
é apenas o vínculo de pai e/ou mãe com o seu filho que pode ser estabelecido a 
partir dessas análises, sendo possível estabelecer outros vínculos familiares 
como análise de irmandade. Dentro da genética forense, esses testes são muito 
importantes quando se trata da identificação de pessoas de identidade 
desconhecida ou desaparecidas, através da comparação de seu DNA, com o de 
familiares em busca de seus parentes. 
Você pôde ver até aqui que, a partir do material genético recuperado de 
vestígios coletados de locais e vítimas de crimes, os Peritos Criminais do 
Laboratório de Genética Forense são capazes de analisar os perfis genéticos 
obtidos, o que possibilita tanto o estabelecimento de coincidências genéticas, 
quanto a verificação de relações de parentesco entre indivíduos. Contudo, para 
que essas relações possam ser estabelecidas, apenas o perfil genético obtido 
do vestígio não é suficiente, tendo em vista que toda e qualquer análise genética 
é realizada a partir da comparação entre perfis genéticos. 
Nos casos em que se busca saber a quem pertence determinado material 
biológico, é realizado o confronto genético entre o perfil obtido da amostra 
coletada de um vestígio encontrado no local de crime – que é chamada de 
Amostra Questionada, com o perfil obtido de um doador conhecido, que pode 
ser um suspeito ou uma vítima – chamada de Amostra de Referência. Ao realizar 
as comparações entre os perfis obtidos da Amostra Questionada e da Amostra 
de Referência, o que se busca obter é uma coincidência genética, isto quer dizer 
que o DNA comparado entre as duas amostras, deverá ser idêntico. Na figura 
abaixo, podemos ver a coincidência entre os marcadores genéticos obtidos na 
Amostra Questionada e os representados na Amostra de Referência coletada de 
um suspeito. 
 
 29 
 
Figura 11: Comparativo entre a amostra questionadas e a de referência 
Fonte: da conteudista; SCD/EaD/Segen. 
 
 
Desse modo, quando o objetivo é estabelecer relações de parentesco, se 
compara o perfil genético coletado de uma pessoa cuja identidade é 
desconhecida, com os obtidos das Amostras de Referência de seus supostos 
pais, por exemplo. No caso em que se possui ambos os pais para a análise 
comparativa, ao confrontar os perfis obtidos, se espera que metade do DNA da 
Amostra Questionada seja idêntico ao DNA materno e metade idêntico ao DNA 
paterno. 
É dessa forma que a Genética Forense atua, buscando evidenciar 
coincidências ou divergências genéticas, que poderão ser usadas para 
demonstrar a culpabilidade dos criminosos, isentar os inocentes, identificar 
corpos e restos humanos, determinar paternidade com confiabilidade 
 
 30 
incondicional, elucidar trocas de bebês em berçários, dentre muitas outras 
possibilidades que sejam de interesse da justiça. 
Parabéns! Você chegou ao fim do nosso primeiro Módulo. Espero que 
você tenha conseguido compreender alguns dos aspectos da nossa Biologia e 
sua importância para a resolução dos mais diversos tipos de crime. 
 
Neste módulo, você aprendeu que: 
 
• Apesar de termos dentro do nosso corpo estruturas biológicas comdiferentes funções, todas elas são formadas pela união de células, que 
guardam em seu núcleo o material genético de todo e qualquer ser 
humano; 
• A molécula de DNA é capaz de armazenar todas as informações 
necessárias para o funcionamento do nosso corpo, e que através dela 
podemos atestar as semelhanças e diferenças genéticas observadas 
entre os indivíduos; 
• A partir da análise de regiões específicas, é possível estabelecer um perfil 
genético, que é único para cada indivíduo, o que confere ao DNA a 
capacidade de estabelecer uma identidade. E é justamente por isso que 
a análise do DNA é tão importante da resolução de crimes, pois a partir 
dela podemos estabelecer a identidade de indivíduos que cometeram 
crimes e que abandonaram seu material biológico nos vestígios coletados 
pela Perícia Criminal; 
• Os marcadores genéticos apresentam diferenças entre si, e podem 
representar tanto regiões dos Cromossomos Autossômicos quanto do 
Cromossomo Y; 
• Através da análise comparativa, a Genética Forense é capaz de atestar 
coincidências ou divergências entre esses marcadores, que permitem 
verificar se determinado material biológico pertence a um indivíduo 
suspeito de um crime, por exemplo. 
 
 31 
Módulo II - HISTÓRICO DA UTILIZAÇÃO DO DNA NA 
RESOLUÇÃO DE CRIMES E FUNDAMENTAÇÃO LEGAL 
 
Agora que você já conhece os aspectos da nossa biologia básica que 
auxiliam da resolução de crimes, e como a Genética Forense utiliza esses 
conceitos em favor da justiça, vamos apresentar agora um breve histórico dessa 
área de conhecimento para que você entenda o caminho percorrido até os dias 
atuais. Adicionalmente, iremos apresentar o arcabouço legal que fundamenta a 
utilização do perfil genético como forma de identificação criminal, quais as 
limitações impostas pela Lei para a coleta do DNA de indivíduos apenados, bem 
como para sua inserção em Bancos de Perfis Genéticos. 
Esse módulo pretende criar condições para que você possa: 
• Conhecer alguns aspectos históricos da utilização do DNA na resolução 
de crimes; 
• Compreender como essa ferramenta foi e é utilizada em diversos países 
do mundo; 
• Conhecer as normas internacionais relacionadas aos Bancos de Perfis 
Genéticos; e 
• Conhecer o arcabouço legal brasileiro que normatiza a Identificação 
Genética Criminal e inclusão de perfis genéticos em Bancos de DNA. 
Este módulo compreende as seguintes aulas: 
Aula 1 - Aspectos históricos da utilização do DNA na resolução de crimes. 
Aula 2 - Utilização das Técnicas de Identificação pelo DNA no Brasil e no Mundo. 
Aula 3 - Arcabouço Legal Brasileiro que normatiza a Identificação Genética 
Criminal e inclusão de perfis genéticos em Bancos de DNA. 
 
 32 
 
Atualmente se fala bastante do DNA e das suas aplicações nos mais 
diversos campos do conhecimento, principalmente nas áreas relacionadas à 
saúde. Mas em que momento se pensou que esses conhecimentos também 
poderiam auxiliar à Justiça? 
Para responder essa pergunta, precisamos voltar um pouco no tempo e 
apresentar para você um grande cientista que ajudou a revolucionar a forma 
como o DNA era utilizado até então. 
Alec John Jeffreys é um geneticista britânico, professor da Universidade 
de Leicester (Inglaterra) que, em 1985 publicou um artigo na revista Nature, 
revista de grande impacto no meio acadêmico, Neste trabalho, ele comenta 
sobre certas regiões do DNA, denominadas regiões de minissatélites, que, 
poderiam identificar uma pessoa com quase 100% de certeza e, é neste trabalho 
que aparece pela primeira vez o termo “DNA Fingerprinting” ("impressões digitais 
do DNA"). Até esse momento, as impressões digitais eram a forma mais utilizada 
de identificação humana, já que também possuem a capacidade de 
individualização, ou seja, demonstrar um padrão que é único para cada 
indivíduo. 
Figura 12: DNA 
Fonte: https://giphy.com/gifs/dna-l1fWtMmQbuGvm 
https://giphy.com/gifs/dna-l1fWtMmQbuGvm
 
 33 
 
Apesar de se tratar de técnicas bem distintas, foi a partir dessa analogia, 
que o geneticista abriu as portas para que outros cientistas pudessem explorar 
as possibilidades de utilização do DNA como forma de identificação quando, 
ainda na década de 80, afirmou que todos os indivíduos poderiam ser 
identificados através de um padrão único de DNA. 
No início houve muita dúvida sobre usar sua descoberta na área forense, 
por se tratar de uma técnica inovadora, mesmo na área da biologia molecular e 
genética, porém esse estudo impulsionou vários outros que se sucederam, o que 
fez com que a década de 90 fosse considerada a era de ouro das pesquisas 
sobre a identificação por meio do DNA. 
As técnicas e formas de identificar as pessoas foram evoluindo com o 
passar dos anos, hoje as regiões do nosso DNA que são utilizadas para 
identificação, já estão bem definidas. Elas são amplamente utilizadas em todo o 
mundo e estão em constante atualização, tanto em seus aspectos científicos 
quanto tecnológicos, visto que se trata de uma ciência extremamente dinâmica. 
Bom, depois de apresentar este breve histórico, vamos ao seguinte 
questionamento: 
 
Figura 13: Para refletir 
Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen. 
 
 
Oficialmente, o DNA foi usado pela primeira vez para resolver um 
problema de imigração. Um jovem ganês que morava com a família na Inglaterra, 
fez uma viagem para seu país de origem e, quando regressou para o Reino 
Unido, teve sua entrada negada sob a acusação de documentação falsificada. 
Foi então que o governo solicitou que Jeffreys usasse da sua recente descoberta 
de identificação através da análise do DNA para solucionar o caso. 
 
 34 
Através do exame de DNA, ficou comprovado que a família biológica do 
rapaz residia mesmo na Inglaterra, possibilitando assim sua entrada no país 
(JEFFREYS et al., 1985a). Caso você tenha curiosidade de saber como o 
pesquisador trabalhou com esse caso, segue um vídeo em que Jeffreys explica 
a técnica utilizada. 
 
 Acessa o link: 
 https://www.youtube.com/watch?v=L0OM5oQI46g&t=8s 
e assista o vídeo que caso você tenha curiosidade em a técnica utilizada 
por Jeffreys. 
 
 
A técnica foi usada oficialmente na área forense para 
investigar uma série de crimes ocorridos no ano de 1986, 
envolvendo o estupro e homicídio de duas adolescentes, 
Lynda Mann e Dawn Ashcroft, no vilarejo de Narborough, 
na Inglaterra. Os crimes chocaram bastante a sociedade na 
época, o que gerou um grande empenho para que eles 
fossem solucionados. Nos dois crimes, a polícia coletou 
amostras de sêmen encontrado no corpo das vítimas e, na 
ocasião, um homem chamado Richard Buckland confessou 
os dois crimes. 
Foi nesse momento, que Jeffreys foi chamado para 
utilizar a técnica de DNA para comparar os perfis obtidos do 
sêmen coletado das vítimas, com o obtido da amostra de 
Richard Buckland, quando verificou que eles eram 
incompatíveis. Mas o que isso quer dizer? Isso significa que 
https://www.youtube.com/watch?v=L0OM5oQI46g&t=8s
 
 35 
o doador daquele material biológico, não poderia ser o 
suspeito que confessou aqueles crimes. Posteriormente se 
descobriu que Richard Buckland queria apenas publicidade 
e ele entrou para a história como o primeiro homem a ser 
inocentado através da análise do DNA. 
 
 
Figura 14: Primeiro assassinato resolvido com o uso da genética: caso Leicester 
Fonte: https://www.csiacademy.com.br/blog 
 
 
 
A partir daí, se iniciaram buscas incansáveis para encontrar o assassino 
das jovens. As autoridades de Narborough simularam uma campanha de doação 
de sangue, e foram coletadas amostras de sangue de 3.600 homens — toda a 
população masculina do lugar, com idade entre 14 anos e 40 anos. Daí em 
diante, Alec Jeffreys pôde analisar o DNA de todas aquelas amostras, chegando 
à conclusão de que nenhum daqueles homens poderia ser o estuprador. 
Foi apenas em 1988, que uma mulher informou à polícia sobre uma 
conversa que escutou, na qualum homem chamado Ian Kelly, funcionário de 
uma padaria, afirmara que teria doado seu sangue no lugar de um colega 
também padeiro, chamado Colin Pitchfork. A polícia foi então atrás de Colin, que 
não teve uma alternativa, senão doar seu sangue para comparação com o DNA 
https://www.csiacademy.com.br/blog
 
 36 
do material coletado das vítimas, quando foi finalmente identificado como o autor 
dos crimes, através do DNA, e se tornou o primeiro indivíduo a ser condenado 
através da identificação genética. 
O caso ficou extremamente famoso e foi feito inclusive um documentário 
pela rede BBC da Inglaterra sobre ele, dada sua importância na história da 
utilização da genética forense na resolução de crimes. 
 
Figura 15: Colin Pitchfork, condenado pelos assassinatos em 1988. 
Fonte: https://www.leicestermercury.co.uk/news/local-news/catching-britains-killers-
colin-pitchfork-3358060 
 
 
De lá para cá, diversos outros crimes foram solucionados com a utilização 
dos conhecimentos da genética forense. Essa ferramenta é bastante valiosa 
tanto para encontrar a autoria de crimes não solucionados, quanto para inocentar 
pessoas acusadas com base em provas frágeis, como o reconhecimento por 
vítimas e/ou retratos falados, que apresentam maior subjetividade e que, 
frequentemente, são responsáveis pela condenação de pessoas inocentes. 
 
De lá para cá, diversos outros crimes foram 
solucionados com a utilização dos conhecimentos da 
genética forense. Essa ferramenta é bastante valiosa tanto 
para encontrar a autoria de crimes não solucionados, 
quanto para inocentar pessoas acusadas com base em 
 
 37 
provas frágeis, como o reconhecimento por vítimas e/ou 
retratos falados, que apresentam maior subjetividade e que, 
frequentemente, são responsáveis pela condenação de 
pessoas inocentes. 
 
Aula 2 - Utilização das Técnicas de Identificação pelo DNA 
no Brasil e no Mundo 
 
O potencial de identificação de autoria de crimes por meio do DNA, 
causou tamanho impacto, que essa nova realidade motivou inclusive a criação 
de um projeto denominado “Innocence Project”, criado nos Estados Unidos em 
1992 e que hoje já está presente em diversos outros países, inclusive no Brasil. 
O projeto já conseguiu reverter diversas condenações equivocadas com o uso 
de testes de DNA, sendo responsável por inocentar 350 pessoas através dessa 
ferramenta desde sua criação, algumas com sentença de morte decretada. 
Essa ferramenta também foi responsável por solucionar diversos casos 
antigos, que já não tinham perspectivas de serem solucionados, chamados “Cold 
Cases”. Isto se deve ao fato dessa ferramenta não ser utilizada à época do 
cometimento do crime, por isso a análise de DNA trouxe uma nova possibilidade 
de investigação, permitindo a conclusão de diversos casos. 
 
 
 38 
 
Figura 16: Pense nisso 
Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen. 
 
 
Apesar dessa tecnologia já possuir mais de 30 anos, somente nos anos 
2000 a técnica ganhou maior notoriedade na sociedade, a partir de casos como 
o do menino Pedrinho. O caso ocorreu no ano de 1986, em Brasília, onde Maria 
Auxiliadora Braule Pinto teve seu filho sequestrado por uma mulher que, se 
passou por enfermeira do hospital onde ela deu à luz a seu filho, Pedro. A mulher 
era Vilma Martins Costa, que registrou o menino como seu filho. Levou-o para 
Goiânia, onde o criou até 2002. Através de uma denúncia anônima, teve seu 
crime descoberto, o que ficou comprovado após a realização de testes de DNA. 
Estes, confirmaram que seu filho, registrado como Osvaldo Martins Borges era, 
na verdade, Pedro Rosalino Braule Pinto, o menino que havia sido sequestrado. 
 
2.1 Normas internacionais relacionadas aos Bancos de 
Perfis Genéticos: 
 
Atualmente, o número de casos resolvidos em todo o mundo por meio da 
prova de DNA cresce exponencialmente, contudo, até pouco tempo só era 
possível realizar a comparação do material genético obtido de vestígios 
criminais, com suspeitos encaminhados pelas autoridades policiais e judiciarias, 
o que limitava bastante as possibilidades de indicação de autorias. 
 
 39 
Com a implantação de um banco de dados de DNA, os perfis genéticos 
obtidos de vestígios coletados de vítimas e em locais de crime, podem ser 
confrontados a qualquer tempo com perfis de criminosos condenados, mesmo 
que por outro tipo de crime e em qualquer estado da federação, aumentando 
bastante as possibilidades de identificação dos autores dos mais diversos tipos 
de crimes. 
Ainda é possível fazer o cruzamento de dados com perfis de vestígios 
obtidos de outras vítimas, e de outros locais de crime, estabelecendo a relação 
entre diversos crimes cometidos por um mesmo indivíduo, o que viabiliza a 
identificação de crimes em série. 
O Federal Bureau of Investigation – FBI (Agência Norte Americana de 
Investigação), foi pioneira na criação de um banco de perfis genéticos e tornou-
se a líder no desenvolvimento de tecnologias para a utilização de DNA na 
identificação de criminosos. O sistema de Índice de DNA Combinado (CODIS - 
Combined DNA Index System) criado pelo FBI, que começou como um projeto 
piloto em 1990 e ganhou força em 1994, deu ao FBI a autoridade de estabelecer 
um banco de dados em nível nacional, nos EUA, para fins de investigação 
criminal. 
Foram selecionadas 13 regiões do DNA, que não indicam características 
físicas de indivíduos, e servem como padrão mínimo para todos os laboratórios 
que utilizam o sistema com o intuito de comparar os perfis genéticos obtidos de 
suspeitos e condenados com os perfis genéticos de vestígios cadastrados no 
banco. 
 
 
SAIBA MAIS! 
O FBI disponibiliza gratuitamente este programa aos governos 
dos países interessados em utilizá-lo na área de segurança pública. 
Além dos aproximadamente 180 laboratórios de DNA que utilizam o 
CODIS nos EUA, mais de 40 laboratórios também utilizam em outros 
27 países. 
 
 40 
 
Nos EUA 
Como parte da Lei de Identificação de DNA dos EUA (DNA Identification 
Act), todos os laboratórios de DNA operados pelo governo federal americano, 
que recebem fundos federais ou que empregam software preparado para o 
CODIS, são obrigados a demonstrar conformidade com os padrões e requisitos 
de qualidade emitidos pelo FBI. Mesmo os demais países que utilizam o software 
nos seus bancos de perfis genéticos, precisam comprovar que seguem padrões 
mínimos de qualidade, o que demanda processos de avaliação contínua, que 
visam ajudar os laboratórios criminais a cumprir as normas federais americanas, 
para integrar o CODIS e utilizar as tecnologias de análise de DNA com fins 
criminais de forma eficaz e confiável. 
 
 
No Brasil 
O Brasil iniciou a implantação do CODIS (Combined DNA Index System) 
em seus estados a partir de 2010, após curso de formação que contou com a 
participação de Peritos Criminais das unidades que possuíam, ou estavam em 
vias de implantação de laboratórios forenses de DNA. 
 
Em 2008, a Polícia Federal norte-americana (FBI) e a Polícia Federal 
brasileira, firmaram a “Letter of Agreement”. Foi estabelecido um convênio entre 
as instituições, já em 2009, durante a identificação de vítimas do acidente aéreo 
com o voo AF 447 (Rio‐Paris), os Peritos Criminais do Departamento da Polícia 
Federal, utilizaram‐se do software CODIS, para comparações entre perfis 
genéticos de corpos de identidade desconhecida e dos familiares em busca de 
seus parentes. 
 
 
 41 
 
Figura 17: Testes de DNA permitem identificar vítimas do AF 447, diz França 
Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/05/testes-de-dna-permitem-identificar-vitimas-
do-af-447-diz-franca.html 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/05/testes-de-dna-permitem-identificar-vitimas-do-af-447-diz-franca.html
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/05/testes-de-dna-permitem-identificar-vitimas-do-af-447-diz-franca.html
 
 42 
AULA 3 – ArcabouçoLegal Brasileiro que Normatiza a Identificação 
Genética Criminal e Inclusão de Perfis Genéticos em Bancos de 
DNA. 
 
Será que a implantação do sistema aconteceu de um dia para o outro? 
Acho que você deve imaginar que foram necessárias muitas discussões, 
principalmente no âmbito legal, para que esta ferramenta pudesse se adequar 
ao ordenamento jurídico brasileiro e para que o banco de dados genéticos, 
pudesse funcionar a contento no auxílio às investigações criminais no nosso 
país. 
Apesar dos bancos de perfis genéticos para persecução penal estarem 
bem estabelecidos há cerca de vinte anos nos EUA, no Brasil, somente após a 
Lei n° 12.654/2012, que prevê a coleta de perfil genético como forma de 
identificação criminal, passou a admitir a coleta e armazenamento de dados em 
bancos de perfis genéticos para identificação criminal. 
 
SAIBA MAIS! 
A Lei n° 12.654 foi sancionada em 28 de maio de 2012, e 
alterou dispositivos da lei de identificação criminal e de 
execução penal, passando a prever a coleta compulsória e 
armazenamento de perfis genéticos em bancos de dados para 
identificação criminal, no caso dos condenados por crimes 
específicos e previstos em lei, conforme veremos a seguir. 
 
Abaixo você pode observar uma linha do tempo que, resume as leis que 
sustentam atualmente a coleta de DNA, a identificação genética e a comparação 
de perfis genéticos em bancos de dados no Brasil: 
 
 
 
 43 
 
Figura 18: Linha do tempo que, resume as leis que sustentam atualmente a coleta de DNA, a 
identificação genética e a comparação de perfis genéticos em bancos de dados no Brasil. 
Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen. 
 
Agora que você sabe quais são as leis que servem de arcabouço legal 
para a coleta de DNA de condenados, vamos conhecer mais a fundo o que cada 
uma delas diz sobre o assunto? Entender um pouco dessas leis permite que os 
servidores envolvidos no processo possam agir com legalidade, ou seja, dentro 
dos limites impostos pela lei. 
Como você deve saber, dentro do ordenamento jurídico brasileiro, existem 
leis que funcionam como base para determinados procedimentos legais e que 
são frequentemente alteradas por outras que se sucedem, com o intuito de 
complementar assuntos abordados pela lei original. É exatamente disso que 
vamos tratar agora. 
 
Lei nº 7.210/1984 
A Lei nº 7.210/1984, que instituiu os procedimentos para execução penal, 
é a lei que serve como base para execução de penas relacionadas ao código 
penal brasileiro. Desde a data da sua publicação, foram promulgadas outras leis 
que, paulatinamente, foram alterando artigos específicos da Lei de Execução 
Penal, de modo que em sua versão atual vemos que alguns de seus dispositivos 
apresentam modificações posteriores à sua data de publicação. 
 
 44 
 
Lei nº 12.037/2009 
O mesmo aconteceu com a Lei nº 12.037/2009, que dispõe sobre a 
identificação criminal do civilmente identificado e que também foi alterada por 
leis posteriores. Esta lei foi a responsável por estabelecer quais os 
procedimentos e limites para que pessoas presas pelos mais diversos crimes 
sejam identificadas criminalmente, isto é, sejam submetidas a outras formas de 
identificação que não aquela possibilitada pelo documento de identificação civil, 
bem como a utilização destas formas de identificação no sistema penal e nos 
processos relacionados às investigações policiais. 
 
Lei nº 12.654/2012 
Já a Lei nº 12.654/2012, prevê a coleta de perfil genético como forma de 
identificação criminal e foi responsável por alterar dispositivos, tanto da Lei nº 
7.210/1984, quanto da Lei nº 12.037/2009. Por conta disso, abordaremos agora 
quais foram as principais modificações promovidas por esta Lei e como elas 
impactaram o ordenamento jurídico brasileiro. 
 Bom, no que se refere à Lei nº 12.037/2009, a modificação principal 
promovida pela Lei nº 12.654/2012, foi a inclusão do perfil genético como forma 
de identificação criminal que anteriormente contemplava apenas a coleta de 
impressões digitais e registros fotográficos dentro do sistema penal. Essa 
modificação, apesar de parecer simples, abriu ainda mais os caminhos para que 
a genética forense pudesse auxiliar as investigações criminais. 
 
A identificação genética por se tratar de um mecanismo inovador no 
ordenamento jurídico, naturalmente, gerou muitos questionamentos éticos e 
morais em torno de sua utilização nas investigações criminais. Muitos desses 
questionamentos, incluíam o fato de algumas técnicas de coleta de materiais 
biológicos serem dolorosas e invasivas, além de que as informações genéticas 
poderiam revelar características físicas dos indivíduos, o que poderia causar 
desvios no seu real propósito de identificar pessoas com fins criminais. 
 
 45 
Em suma, a preocupação era que os dados genéticos pudessem revelar 
traços físicos, históricos de doenças, dentre outras características que 
pudessem ser utilizadas por interesses tanto pessoais, quanto de empresas que 
pudessem ter interesses financeiros nas informações genéticas dessas pessoas, 
o que poderia ameaçar a liberdade e privacidade individual, além de causar 
desvios de finalidade na utilização das informações genéticas dos indivíduos 
contemplados na lei. Esses questionamentos foram muito importantes para que 
a Lei nº 12.654/2012 incluísse normas que pudesse proteger qualquer indivíduo 
que tenha seu material biológico coletado, assim como proteger o sigilo de suas 
informações. 
Por isso, veja abaixo quais os dispositivos que protegem os indivíduos 
submetidos à identificação genética. Vejamos o que diz o artigo a seguir da Lei 
nº 12.654/2012: 
 
Art. 5º-A. Os dados relacionados à coleta do perfil genético 
deverão ser armazenados em banco de dados de perfis 
genéticos, gerenciado por unidade oficial de perícia criminal. 
 
§ 1º As informações genéticas contidas nos bancos de dados de 
perfis genéticos não poderão revelar traços somáticos ou 
comportamentais das pessoas, exceto determinação genética 
de gênero, consoante as normas constitucionais e internacionais 
sobre direitos humanos, genoma humano e dados genéticos. 
 
§ 2º Os dados constantes dos bancos de dados de perfis 
genéticos terão caráter sigiloso, respondendo civil, penal e 
administrativamente aquele que permitir ou promover sua 
utilização para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em 
decisão judicial. 
 
§ 3º As informações obtidas a partir da coincidência de perfis 
genéticos deverão ser consignadas em laudo pericial firmado 
por perito oficial devidamente habilitado. 
 
 
 
 
 
 46 
Se você analisar atentamente o que a lei nos diz, verá que foram incluídas 
medidas de proteção na norma, como a necessidade de que o banco de perfis 
seja gerenciado por uma unidade oficial de perícia criminal, visto que são 
unidades que tem como função a produção de provas materiais e científicas, 
agindo acima de tudo com imparcialidade, e que podem, através da emissão de 
Laudo Pericial, relatar os dados científicos e com isso permitir a identificação 
genética do autor de um crime. 
Além disso, a lei determina que os dados genéticos armazenados não 
podem revelar traços somáticos ou comportamentais das pessoas, além de seu 
gênero, o que significa que esses dados não podem estar relacionados a 
nenhuma característica física do indivíduo como: tons de pele, cor de cabelo e 
olhos, altura, dentre outros. Por isso, o perfil genético armazenado no banco, 
consiste basicamente, em uma série de números que traduzem informações 
relacionadas às regiões do DNA e que não informam os tipos de características 
fenotípicas vetadas pela lei. 
Outro caráter imprescindível apontado pela norma é que, os dados 
armazenados nesse banco possuem caráter SIGILOSO, ou seja, não são 
acessíveis por nenhum outro órgão, dentro ou fora da segurança pública, que 
não os Laboratórios de Genética autorizados. Mesmo na emissão dos Laudos 
Periciais querelatam as coincidências genéticas detectadas pelo banco, não 
podem ser divulgadas informações sobre os perfis analisados, ou o código de 
identificação das amostras de condenados, a fim de proteger ao máximo suas 
informações. 
A Lei nº 12.654/2012 ainda limita a forma de coleta, quando indica que 
esta deverá ser realizada de maneira ADEQUADA e INDOLOR. Por isso, 
atualmente, essa coleta é realizada por meio de esfregaço, com uso de um 
suabe ou outro dispositivo de coleta, na mucosa bucal do indivíduo, mais 
precisamente na parte interna da boca. Esse método, além de ser rápido, seguro 
e indolor para o indivíduo que está tendo seu material coletado, também é de 
fácil realização pelo profissional qualificado para a coleta. 
Em conformidade com o que foi abordado anteriormente, não foi só a Lei 
de Identificação Criminal que sofreu alterações importantes. A Lei nº 7.210/1984 
 
 47 
de Execução Penal também sofreu modificações recentes que veremos a seguir. 
Apesar da Lei n° 12.654/2012 ter modificado artigos relacionados a execução 
penal, foi a Lei nº 13.964/2019 que incluiu as modificações mais recentes nos 
artigos relacionados à coleta de DNA dos condenados por crimes descritos na 
referida Lei n° 12.654/2012. 
 
Lei nº 13.964/2019 
A Lei nº 13.964 foi publicada em 2019, com o objetivo de aperfeiçoar a 
legislação penal e processual penal. Apesar desta lei abordar diversos aspectos 
sobre a execução penal, no que tange ao nosso assunto neste curso, a Lei previu 
inicialmente a manutenção do que a Lei nº 12.654/2012 abordava quando se 
referia ao artigo 9-A da Lei nº 7.210/1984 de Execução Penal, que incluía a 
previsão de coleta de material biológico visando identificação genética para 
indivíduos condenados por crimes hediondos. Entretanto, modificações recentes 
fizeram com que o artigo fosse publicado conforme previsão original e, por conta 
disso, os crimes hediondos não estão mais contemplados na Lei que permite a 
identificação genética. 
 
Veja agora como a Lei de Execução Penal se encontra atualmente 
publicada e quais os crimes previstos nela que permitem que a identificação 
genética criminal: 
 
Art. 9º-A. O condenado por crime doloso praticado com violência 
grave contra a pessoa, bem como por crime contra a vida, contra 
a liberdade sexual ou por crime sexual contra vulnerável, será 
submetido, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, 
mediante extração de DNA (ácido desoxirribonucleico), por 
técnica adequada e indolor, por ocasião do ingresso no 
estabelecimento prisional. 
 
§ 5º A amostra biológica coletada só poderá ser utilizada para o 
único e exclusivo fim de permitir a identificação pelo perfil 
genético, não estando autorizadas as práticas de fenotipagem 
genética ou de busca familiar. 
 
§ 6º Uma vez identificado o perfil genético, a amostra biológica 
recolhida nos termos do caput deste artigo deverá ser correta e 
 
 48 
imediatamente descartada, de maneira a impedir a sua 
utilização para qualquer outro fim. 
 
§ 7º A coleta da amostra biológica e a elaboração do respectivo 
laudo serão realizadas por perito oficial. 
 
 
 
Após essa leitura, você pôde ver que, dentro do ordenamento jurídico 
brasileiro, nem todos os crimes permitem a coleta de materiais biológicos para a 
identificação genética. A publicação da lei limita quais os crimes que permitem a 
identificação genética, assim como a inclusão dos perfis genéticos em bancos 
de dados, o que quer dizer que a coleta só é autorizada pra indivíduos 
condenados por crimes contra a vida, contra a liberdade sexual ou, por crime 
sexual contra vulnerável. 
Além de descrever os crimes que permitem a coleta, a lei reforça que as 
técnicas de coleta deverão ser indolores, e que não pode ser revelada nenhuma 
característica física a partir do perfil genético obtido. Adicionalmente, a lei limita 
a retenção dos materiais coletados, indicando que eles deverão ser descartados 
após a obtenção do perfil, com a finalidade de conferir maior proteção ao 
indivíduo apenado. 
Então, caro aluno, você pôde conhecer até agora alguns aspectos 
dispostos pela Lei que normatizam a coleta de DNA em indivíduos apenados e 
sobre a utilização de perfis genéticos na identificação criminal. Veja abaixo um 
esquema de revisão sobre os requisitos legais relacionados ao assunto que você 
viu até agora! 
 
 
 49 
 
Figura 19: Requisitos legais para a coleta de DNA de condenados 
Fonte: do conteudista. 
 
 
 
Agora que você viu quais leis amparam a coleta do material genético de 
condenados e quais são os requisitos para que ela aconteça, é essencial mostrar 
como funciona então o Banco de Dados no qual os perfis genéticos serão 
armazenados. 
 
Neste módulo, você aprendeu que: 
 
• A utilização do DNA como forma de identificação foi possível graças ao 
geneticista Alec John Jeffreys, que utilizou de forma pioneira as técnicas 
de identificação genética tanto para análise de vínculos familiares quanto 
para a resolução de crimes; 
 
 50 
• Apesar de extremamente assertiva, a técnica de identificação genética só 
ganhou fama após sua utilização em casos de grande repercussão, que 
mostraram sua eficácia, tanto no Brasil quanto no resto do mundo; 
• Ainda que a identificação genética seja amplamente utilizada na 
resolução de crimes, as possibilidades de utilização desta técnica foram 
ampliadas com a criação e normatização de Bancos de Perfis Genéticos, 
que contemplam tanto perfis obtidos de vestígios quando de indivíduos 
condenados, buscando aumentar as identificações de autorias; 
• As formas de coleta de DNA em indivíduos apenados, bem como os 
crimes de permitem a identificação genética estão contidas em Leis 
específicas do nosso ordenamento jurídico para garantir a lisura do 
procedimento; 
• As leis relacionadas à identificação genética criminal dispõem de maneira 
clara sobre a necessidade de técnicas adequadas de coleta de material 
biológico em indivíduos apenados nas unidades prisionais, sobre as 
limitações no uso de informações genéticas obtidas desses indivíduos, tal 
qual sobre a necessidade de órgão responsável pela gestão dessas 
informações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 51 
Módulo III - NORMAS E UTILIZAÇÃO DOS BANCOS DE PERFIS 
GENÉTICOS 
 
Após revisitar os conceitos da biologia básica relacionados à área da 
Genética Forense e percorrer o caminho legal que fundamenta e possibilita a 
coleta de DNA de Condenados, chegou a hora de conhecer um pouco sobre a 
ferramenta que permite conectar as informações genéticas ligadas aos mais 
diversos tipos de crime: O Banco de Perfis Genéticos. Assim compreenderá 
como essa tecnologia auxilia na resolução de crimes e como ela funciona. 
 
Esse módulo pretende criar condições para que você possa: 
• Entender a importância da Rede Integrada e dos Bancos de Perfis 
Genéticos; 
• Conhecer as normas legais aplicadas aos Bancos de Perfis Genéticos; 
• Entender os requisitos necessário dentro do Sistema de Gestão de 
Qualidade dos laboratórios integrados à Rede Integrada de Bancos de 
Perfis Genéticos (RIBPG); e 
• Conhecer os resultados alcançados pela ferramenta no Brasil e sua 
importância na resolução de crimes. 
Este módulo compreende as seguintes aulas: 
Aula 1 - A importância do Banco de Perfis Genéticos. 
Aula 2 - Normas legais aplicadas aos Bancos de Perfis Genéticos. 
Aula 3 - Sistema de Gestão de Qualidade dos laboratórios integrados à RIBPG. 
Aula 4 - Casos resolvidos com o auxílio do Banco de Perfis Genéticos. 
 
 52 
 
Provavelmente você pôde perceber, durante a leitura dos módulos 
anteriores, que as informações obtidas a partir das análises realizadas na 
Genética Forense, dependem de uma análise comparativa. Isto quer dizer que, 
para determinar a quem pertence o material biológico relacionado a um ilícito 
penal, não é suficiente somente a obtenção de um perfil genético, sendo 
necessário adicionalmente que seja apresentadoum suspeito para coleta de 
Amostra de Referência e posterior comparação, na maioria dos casos. É nesse 
ponto que, essa área de estudo encontrou uma grande limitação, já que 
enquanto um suspeito não era apresentado para coleta, diversos crimes 
permaneciam sem solução. 
Conforme você estudou no Módulo II, a implantação 
de um banco de dados de DNA, possibilita o confronto dos 
perfis genéticos obtidos de vestígios coletados de vítimas e 
de locais de crime, com perfis de criminosos condenados, 
mesmo que por outro tipo de crime e em qualquer estado 
da federação, além de possibilitar o cruzamento de dados 
com perfis de vestígios obtidos de outras vítimas e locais de 
crime, estabelecendo a relação entre diversos crimes 
cometidos por um mesmo indivíduo. 
 
Desta maneira, é possível fornecer às autoridades policiais não só a 
indicação de autoria de crimes, mas também informações valiosas que podem 
orientar linhas de investigação que poderiam estar paradas, por falta de novas 
informações relacionadas àquele caso. Para ficar mais claro, analise o seguinte 
exemplo: suponha que o Banco de Perfis Genéticos aponte a coincidência entre 
os perfis masculinos obtidos de duas vítimas de crimes sexuais, relacionadas a 
duas investigações distintas. 
 
 53 
Enquanto uma das vítimas não conseguiu fornecer elementos que 
auxiliassem na identificação do agressor, a segunda conseguiu reconhecer um 
suspeito, preso após ser confirmado como sendo o autor do crime por meio das 
provas de DNA. Quando o perfil obtido de um vestígio apresenta uma 
coincidência previamente detectada com um suspeito, na ocasião de sua 
inclusão no banco, o perfil é identificado como tendo autoria conhecida, o que 
facilita uma análise posterior pelos Peritos Criminais do laboratório. 
Ao passo que o Banco de Perfis Genéticos informa à Delegacia 
responsável pela investigação que ambos os crimes foram cometidos pelo 
mesmo indivíduo, o autor do primeiro crime passa a ser automaticamente 
identificado. A partir daí, um crime que não tinha perspectiva de solução passa 
a ter sua autoria indicada e o indivíduo passa a responder por ambos os crimes 
que cometeu. 
IMPORTANTE! 
Outra ferramenta extremamente relevante que o 
banco de DNA possibilita implementar, é a busca por 
pessoas desaparecidas. A Lei nº 13.812, publicada em 
março de 2019, instituiu a Política Nacional de Busca de 
Pessoas Desaparecidas e criou o Cadastro Nacional de 
Pessoas Desaparecidas. O objetivo é implementar e dar 
suporte à política que trata esta Lei e é composto de bancos 
de informações públicas e sigilosas que ficam à disposição 
dos órgãos de segurança pública. 
 
 
SAIBA MAIS! 
A referida lei considera como pessoa desaparecida, todo ser 
humano cujo paradeiro é desconhecido, não importando a causa de 
seu desaparecimento, até que sua recuperação e identificação 
tenham sido confirmadas por vias físicas ou científicas. 
 
 54 
Recentemente, foi criado o Grupo de Trabalho – Identificação de 
Pessoas Desaparecidas, exclusivamente focado na busca dessas 
pessoas, através do cadastro dos perfis genéticos de familiares que 
são confrontados com os perfis oriundos de cadáveres de identidade 
desconhecida, cadastrados no banco, assim como com os obtidos de 
amostras diretas dos desaparecidos, produzidas a partir de seus 
objetos pessoais. 
 
Apesar de nem todo desaparecimento estar necessariamente ligado a um 
crime, o número de pessoas cujo paradeiro é desconhecido, aumenta 
exponencialmente a cada ano, e os esforços para encontrá-las não era 
proporcional a urgência demandada por milhares de famílias que buscam apoio 
para encontrar seus familiares. Veja abaixo como esses números são 
expressivos e como era urgente a mobilização dos órgãos da segurança pública 
para auxiliar nesta questão. 
 
Figura 20: Desparecidos no Brasil 
Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/seguranca/audio/2020-
10/numero-de-desaparecidos-no-brasil-em-2019-ultrapassou-os-79-
mil#:~:text=O%20n%C3%BAmero%20de%20desaparecidos%20no,enquanto%20outras%2013
0%20foram%20assassinadas. 
 
 
 
 
 
 55 
Aula 2 - Normas Legais Aplicadas aos Bancos de Perfis 
Genéticos 
 
Apesar das enormes contribuições à justiça que essa ferramenta 
consegue proporcionar, sua implantação só foi possível a partir de um conjunto 
de normas legais. Algumas delas você pôde estudar no Módulo II, e agora você 
vai conhecer uma norma mais relacionada à criação e implantação do banco de 
dados de DNA no Brasil. 
IMPORTANTE! 
O Decreto nº 7.950, publicado em 12 de março de 
2013, instituiu o Banco Nacional de Perfis Genéticos 
(BNPG) e a Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos 
(RIBPG), órgãos pertencentes ao Ministério da Justiça e 
Segurança Pública. Estes têm como objetivo permitir o 
compartilhamento e a comparação de perfis genéticos 
constantes dos bancos de perfis genéticos da União, dos 
Estados e do Distrito Federal. Veio para regulamentar a Lei 
nº 12.654/2012, que em seu art. 9º § 1º determinava que a 
identificação do perfil genético seria armazenada em banco 
de dados sigiloso, conforme regulamento a ser expedido 
pelo Poder Executivo. 
 
Acessando o portal do Ministério da Justiça e Segurança Pública, você 
pode encontrar diversas informações sobre a RIBPG e os resultados alcançados 
a partir da utilização da ferramenta, nos diversos estados da federação. 
Veja agora algumas informações sobre o funcionamento do Banco que se 
encontram disponíveis no portal: 
 
 56 
“Trata-se de uma ação conjunta entre Secretarias de Segurança Pública 
(ou instituição equivalente), Secretaria Nacional de Segurança Pública 
(SENASP) e Polícia Federal (PF) para o compartilhamento de perfis genéticos 
obtidos em laboratórios de genética forense. 
Regularmente, os perfis genéticos armazenados nos bancos de dados 
são confrontados em busca de coincidências que permitam relacionar suspeitos 
a locais de crime ou diferentes locais de crime entre si. Os perfis genéticos 
gerados pelos laboratórios da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos 
(RIBPG) e que atendem aos critérios de admissibilidade previstos no Manual de 
Procedimentos Operacionais, são enviados rotineiramente ao Banco Nacional 
de Perfis Genéticos (BNPG), onde são feitos os confrontos de forma nacional 
com perfis gerados pelos laboratórios de genética forense que compõe a RIBPG, 
bem como perfis encaminhados de outros países por meio da Interpol. 
No contexto de apuração criminal, perfis genéticos oriundos de vestígios 
de locais de crimes são confrontados entre si, assim como com perfis genéticos 
de indivíduos cadastrados criminalmente. O efetivo cadastramento é 
fundamental para que os vestígios sejam identificados e a RIBPG, possa auxiliar 
na elucidação de crimes, verificação de reincidências, diminuição do sentimento 
de impunidade e ainda evitar condenações equivocadas. 
Outra utilização primordial dos bancos de perfis genéticos, é a 
identificação de pessoas desaparecidas. Neste contexto, perfis oriundos de 
restos mortais não identificados, bem como de pessoas de identidade 
desconhecida, são confrontados com perfis de familiares ou de referência direta 
do desaparecido, tais como escova de dente, ou roupa íntima. É garantido pela 
legislação vigente, que a comparação de amostras e perfis genéticos doados 
voluntariamente por parentes de pessoas desaparecidas, serão utilizadas 
exclusivamente para a identificação da pessoa desaparecida, sendo vedado seu 
uso para outras finalidades.” 
 
 
 
 
 57 
SAIBA MAIS! 
 
Acesse: https://www.justica.gov.br/sua-seguranca/seguranca-
publica/ribpg/institucional. 
 
Uma das grandes vantagens possibilitada pela utilização do banco, é o 
compartilhamento de informações genéticas relacionados aos diversos estados 
do país. A partir do intercâmbio dessas informações, diversas quadrilhas que 
atuam no país puderam ser desmontadas, através

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