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SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS 
DISCIPLINA: CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA 
PROFESSOR: MÁRIO HERMES SOARES CAMPOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
março / 2021 
 
 
 
 
 
 2
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1) LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 03 
 
2) SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 04 
 
3) COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA - TRIBUTOS FEDERAIS, 05 
 ESTADUAIS E MUNICIPAIS - GENERALIDADES 
 
3.1) TAXAS E CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA 07 
3.2) IMPOSTOS 08 
3.2.A) IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO 
3.2.B) IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DOS ESTADOS E DO 10 
DISTRITO FEDERAL 
3.2.C) IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS 11 
3.3) CONTRIBUIÇÕES PARA A SEGURIDADE SOCIAL 13 
 
4) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA 16 
 3
1) LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 
 
 
Conceito - a Legislação Tributária é constituída pelo conjunto de normas, com diferentes 
níveis de “hierarquia”, que possuem relação direta com a regulamentação, conceituação, 
instituição e cobrança dos diversos tributos, conforme definido no art. 96 do Código 
Tributário Nacional – (CTN – Lei 5.172/66). 
 
Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e 
as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que 
versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles 
pertinentes. 
 
O Código estabelece uma ampla abrangência da legislação tributária, pois apresenta um 
vasto conjunto de normas e princípios, incluindo-se tanto os instrumentos introdutórios 
das normas-leis - como os tratados e convenções internacionais que necessitam um 
corpo legal interno para sua aplicação - assim como as normas internas criadas pelos 
diversos entes políticos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). 
 
Portanto, o próprio Código conceitua o que vem a ser a legislação tributária, seguindo-se 
o artigo 100, que complementa tal conceito com as práticas reiteradamente observadas 
pelas autoridades administrativas. 
 
Relativamente ao processo legislativo, temos os seguintes comandos constitucionais: 
 
Constituição da República 
Seção VIII 
DO PROCESSO LEGISLATIVO 
SUBSEÇÃO I 
DISPOSIÇÃO GERAL 
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: 
I - emendas à Constituição; 
II - leis complementares; 
III - leis ordinárias; 
IV - leis delegadas; 
V - medidas provisórias; 
VI - decretos legislativos; 
VII - resoluções. 
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, 
alteração e consolidação das leis. 
 
Os dispositivos acima evidenciam as principais fontes formais do Direito Tributário. As 
leis e os tratados e convenções internacionais são chamados de fontes primárias, eis que 
capazes de inovar no ordenamento jurídico. 
Temos ainda os decretos regulamentares e as normas complementares (atos 
administrativos oriundos das Administrações Tributárias), considerados fontes 
secundárias, posto que restritas aos limites das primeiras (normas primárias). 
 
 4
Portanto, podemos apresentar o seguinte quadro: 
 
Instrumentos (normas) primários Instrumentos (normas) secundários 
Constituição 
Emendas Constitucionais 
Leis Complementares 
Leis Ordinárias 
Leis Delegadas 
Medidas Provisórias 
Decretos e Resoluções Legislativos 
 
Decretos Regulamentares 
Instruções Normativas 
Portarias 
Resoluções 
Circulares 
Ordens de Serviços 
Entre outros 
 
Nos termos do artigo 146, da Constituição, relativamente ao sistema tributário nacional, 
as leis complementares possuem as seguintes funções: 
Constituição da República 
Art. 146. Cabe à lei complementar: 
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a 
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; 
 II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; 
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, 
especialmente sobre: 
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos 
impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, 
bases de cálculo e contribuintes; 
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; 
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas 
sociedades cooperativas. 
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e 
para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou 
simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições 
previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 
239. 
Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também 
poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que: 
 I - será opcional para o contribuinte; 
 II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por 
Estado; 
III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela 
de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, 
vedada qualquer retenção ou condicionamento; 
 IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas 
pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes. 
 Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de 
tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem 
prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual 
objetivo. 
 
Além das funções expressamente previstas nos artigos 146 e 146A, acima reproduzidos, 
também será necessária a elaboração de lei complementar sempre que houver imperativo 
comando para tal no texto constitucional. Citando-se, como exemplo, o inciso VII, do 
 5
artigo 153, da Constituição, que prevê a possibilidade de criação, pela União, de imposto 
sobre grandes fortunas, exigindo-se, entretanto, sua instituição por lei complementar. 
 
Dessa forma, distinguem-se as Leis Complementares das Leis Ordinárias pelo fato de que 
às primeiras há expressa reserva constitucional quanto à sua matéria. Noutros termos, a 
matéria a ser tratada nas Leis Complementares está expressamente prevista na 
Constituição, cabendo às Leis Ordinárias os demais temas de regulação da sociedade. 
Trata-se, assim, de diferenciação decorrente dos chamados aspectos materiais, ou seja, a 
matéria por ela tratada. 
 
Quanto à forma, também temos uma substancial distinção entre as Leis Complementares 
e as Ordinárias. Segundo o art. 69 da Constituição da República, as leis complementares 
devem ser aprovadas por maioria absoluta dos membros da casa legislativa, o que se 
define como “quórum qualificado”. Entende-se por maioria absoluta, mais da metade dos 
membros da composição de cada casa legislativa. Assim, considerando que o Senado da 
República é composto por 81 senadores, para aprovação de uma lei complementar são 
necessários, no mínimo, 41 votos favoráveis à sua aprovação. Da mesma forma, no caso 
da Câmara Federal dos Deputados, composta por 513 membros, se fazem necessários, no 
mínimo, 257 votos favoráveis. 
 
Diferentemente, no caso das leis ordinárias é exigida a chamada maioria simples, 
considerada como tal os votos de mais da metade dos membros da Cada Legislativa 
presentes no momento da votação, desde que observado o quorum mínimo para votação. 
Trata-se, em tal hipótese, da diferenciação decorrente do chamado aspecto formal, devido 
à exigência de quorum qualificado para aprovação de uma lei complementar. 
 
As leis delegadas são atos legais normativos elaborados pelo Chefe do Poder Executivo, 
mediante autorização do respectivo poder legislativo ao qual esteja vinculado. Tal 
autorização é solicitada pelo Chefe do Executivo, onde relata o assunto que se pretende 
legislar. O chefe do executivo solicita a autorização cabendo ao poder legislativo 
delimitar o conteúdo e os termos de seu exercício, objeto da solicitação,sendo 
posteriormente expedida uma resolução legislativa autorizando a elaboração da Lei 
Delegada. Uma vez elaborada a lei pelo chefe do executivo, nos termos da 
autorização/resolução do legislativo, a lei é remetida ao legislativo para avaliação e 
aprovação, sem a possibilidade de apresentação de emendas. 
 
Medidas Provisórias são atos normativos expedidos pelo Presidente da República com 
força imediata de lei, inicialmente sem a participação do Poder Legislativo, que somente 
será chamado a discuti-la e aprová-la em momento posterior. Os pressupostos das 
medidas provisórias, nos termos do art. 62 da Constituição, são a urgência e relevância. 
As medidas provisórias têm validade de 60 (sessenta dias), podendo ser prorrogadas por 
outros 60 (sessenta dias), devendo ser aprovadas pelo Poder Legislativo nesse período, 
sob pena de perda de sua validade. Uma vez aprovadas pelo Legislativo, as medidas 
provisórias são convertidas em lei, mas com efeito desde a sua expedição pelo Chefe do 
Executivo. 
 6
Os Decretos Legislativos e as Resoluções Legislativas são atos expeditos pelo Senado 
Federal ou pela Câmara Federal, de acordo com o regimento dessas Casas Legislativas ou 
quando exigidos ou previstos pela Constituição da República 
 
 
2) SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 
 
 
Nos termos da Constituição da República o poder de tributar está repartido entre a União, 
os Estados-Membros, o Distrito Federal e os Municípios, os entes políticos que formam a 
federação, sendo as espécies tributárias (impostos, taxas e contribuições de melhoria) 
repartidas entre estas pessoas políticas, de acordo com a competência atribuída a cada 
uma delas pelo texto constitucional, que pode ser assim resumida: 
 
 Competência comum - refere-se às taxas e às contribuições de melhoria, que podem 
ser instituídas indistintamente por qualquer dos entes políticos. A Carta declina os 
fatos jurídicos genéricos - atos de poder de polícia, prestação de serviço público 
específico e divisível, realização de obra pública benéfica - cabendo aos diversos entes 
instituí-los, de acordo com critérios que serão vistos adiante; 
 
 Competência privativa - matéria tipicamente afeita aos impostos, onde a competência 
para instituí-los é atribuída de forma privativa e rigorosa, sobre fatos específicos e 
determinados, estabelecendo-se o campo de incidência do imposto, bem como a esfera 
de poder político autorizada a instituí-lo; 
 
 Competência residual - é atribuída à União para instituir outros impostos além dos 
textualmente especificados na Constituição. Somente podem ser instituídos mediante 
lei complementar, não podendo ter fato gerador e base de cálculo idênticos aos de 
impostos já existentes ou previstos; encontra-se disciplinada no inciso I do artigo 154 
da Constituição; 
 
 Competência extraordinária - também atribuída à União para instituir impostos, na 
eminência ou caso de guerra, podendo, neste caso em específico, estar ou não o novo 
tributo compreendido na sua competência, devendo ser suprimidos gradativamente, 
uma vez cessadas as causas da criação, conforme artigo 154, inciso II da Constituição. 
 
 
3) COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA - TRIBUTOS FEDERAIS, 
ESTADUAIS E MUNICIPAIS - GENERALIDADES 
 
 
Conforme o art. 145 da Constituição, os entes políticos tributantes possuem competência 
para cobrar os seguintes tributos: impostos, taxas e contribuições de melhoria. 
 7
Portanto, a própria constituição assim o determina ao facultar à União, aos Estados, ao 
Distrito Federal e aos Municípios a prerrogativa para instituir as três espécies: 
 
Art. 145 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
poderão instituir os seguintes tributos: 
I - impostos; 
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, 
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, 
prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição; 
III - contribuição de melhoria, decorrentes de obras públicas. 
 
 
3.1) TAXAS E CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA 
 
 
Relativamente a estas duas espécies verifica-se que o legislador constituinte estabeleceu 
fatos genéricos que servirão de balizamento para a sua instituição pelos diversos entes 
políticos: 
 o exercício regular do poder de polícia e a prestação de serviços específicos e 
divisíveis, para as taxas; nos termos dos artigos 77 a 80 do CTN: 
 
 Art. 77 - As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito 
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, 
têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a 
utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, 
prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. 
Parágrafo único - A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador 
idênticos aos que correspondam a imposto, nem ser calculada em função 
do capital das empresas. 
 Art. 78 - Considera-se poder de polícia atividade da administração 
pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, 
regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse 
público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à 
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades 
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à 
tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos 
individuais ou coletivos. 
Parágrafo único - considera-se regular o exercício do poder de polícia 
quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, 
com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei 
tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder. 
 Art. 79 - Os serviços públicos a que se refere o art. 77 consideram-se: 
I - utilizados pelo contribuinte: 
a) efetivamente, quando por ele usufruído a qualquer título; 
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos 
à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo 
funcionamento; 
 8
II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de 
intervenção, de utilidade ou de necessidade públicas; 
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte 
de cada um dos seus usuários. 
 Art. 80 - para efeito de instituição e cobranças de taxas, consideram-se 
compreendidos no âmbito das atribuições da União, dos Estados, do 
Distrito Federal ou dos Municípios aquelas que, segundo a Constituição 
Federal, as Constituições dos Estados, as Leis Orgânicas do Distrito 
Federal e dos Municípios e a legislação com elas compatível, competem a 
cada uma dessas pessoas de direito público. 
 
Quanto às taxas, há que se reportar à competência administrativa de cada ente político, 
apesar da competência tributária comum para instituí-las. Assim é que, a cada esfera de 
poder são atribuídas determinadas atividades, para o exercício das quais haverá a 
cobrança da respectiva taxa, atividade esta que só pode ser exercida por aquele 
determinado ente, dentro de sua competência. Como ilustração, podemos citar a 
competência administrativa específica atribuída aos Municípios para a concessão de 
alvarás de funcionamento de estabelecimentos ou execução de obras. Assim, somente os 
Municípios poderão instituir taxas em contraprestação à utilização ou colocação desses 
serviços à disposição dos contribuintes. 
 
 a realização de obras públicas benéficas, para as contribuições de melhoria, nos 
termos dos artigos 81 e 82 do CTN: 
 
 Art. 81 - A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, 
pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas 
atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que 
decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa 
realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra 
resultar para cada imóvel beneficiado. 
 Art. 82 - A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes 
requisitos mínimos: 
I - publicação prévia dos seguinteselementos: 
a) memorial descritivo do projeto; 
b) orçamento do custo da obra; 
c)determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela 
contribuição; 
d)delimitação da zona beneficiada; 
e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para 
toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; 
II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação, 
pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso 
anterior; 
III - regulamentação do processo administrativo de instrução e 
julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízos 
da sua apreciação judicial. 
1º. A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da 
parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos 
 9
imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores 
individuais de valorização. 
2º. Por ocasião dos respectivos lançamentos, cada contribuinte deverá ser 
notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu 
pagamento e dos elementos que integraram o respectivo cálculo. 
 
Com relação à contribuição de melhoria, sendo a sua hipótese de incidência a realização 
de uma obra pública, que irá beneficiar imóvel de propriedade do contribuinte, deve ser 
cobrada pela pessoa política que tenha realizado a obra da qual resultou o benefício 
(valorização do imóvel do contribuinte), dentro também de seu campo de atuação. Assim, 
quem realiza a obra poderá cobrar a respectiva contribuição de melhoria, obedecidas as 
disposições legais e regulamentares para a sua cobrança. 
 
 
3.2) IMPOSTOS 
 
 
De forma diferente foram tratados os impostos. Por se tratarem de tributos não-
vinculados a uma atuação estatal individual e específica, poderia vir a resultar em 
superposição de cobrança, caso não fosse atribuída especificamente a competência para 
cada ente político para instituição de seus impostos, de forma expressa e rígida. 
 
O CTN define imposto da seguinte forma: “ Art. 16 - Imposto é o tributo cuja obrigação 
tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, 
relativa ao contribuinte.” 
 
Tratou assim o legislador constituinte de indicar de forma expressa os impostos 
atribuídos a cada ente político, nominando, determinando a hipótese de incidência e a 
competência de cada qual para instituí-los. 
Na Constituição, então, encontramos discriminadamente os impostos de competência da 
União, dos Estados (Distrito Federal) e dos Municípios, preocupando-se com a declaração 
de sua hipótese de incidência e atribuição, de forma privativa, ao ente político que lhe 
poderá instituir, estabelecendo ainda certas vedações e regras de repartição ligadas aos 
impostos. 
 
 
3.2.A) IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO 
 
 
Art. 153 da Constituição: 
 
Art. 153 - Compete à União instituir impostos sobre: 
I - importação de produtos estrangeiros; 
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; 
III - renda e proventos de qualquer natureza; 
IV - produtos industrializados; 
 10
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativos a títulos ou 
valores mobiliários; 
VI - propriedade territorial rural; 
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. 
 
Os impostos previstos nos incisos I, II, e V são tidos como “impostos regulatórios”, 
porque utilizados também como mecanismos para evitar grandes distorções nas relações 
comerciais, monetárias e cambiais. Desta forma, as relações comerciais externas, as 
operações de câmbio e as de política monetária ficam sob o controle da União, como 
forma de manutenção do equilíbrio político, financeiro e econômico (extrafiscalidade) no 
território nacional. 
Possuem como características comuns e marcantes a não sujeição aos princípios da 
anterioridade e da legalidade para a majoração de suas alíquotas. Busca-se, assim, 
proporcionar à União atitudes mais ágeis sempre que se fizer necessário sobretaxar para 
inibir ou desestimular determinadas operações, ou de alguma forma intervir no mercado 
na defesa dos interesses nacionais. 
 
O imposto de importação é nitidamente de características protecionista e arrecadatória, e 
possui cada vez mais tipificação internacional, por meio de acordos que buscam o 
equilíbrio da tributação e a facilitação do comércio internacional. 
O imposto de exportação, a seu turno, é um tributo em desuso, visto que prevalece em 
âmbito internacional a cultura de “não se exportar impostos” e a de se estimular e facilitar 
ao máximo possível a exportação de produtos, exercendo muito mais caráter regulatório 
do que arrecadatório. 
 
O imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza será devido pela aquisição da 
renda resultante do produto do trabalho, capital, ou ainda de proventos de qualquer 
natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos como renda. 
Determina o parágrafo 2º, do artigo 153, como particularidade deste tributo, os princípios 
da generalidade, da universalidade e da progressividade. 
 
O imposto sobre produtos industrializados, nos termos do parágrafo 3º. do art. 153 será 
seletivo em função da essencialidade dos produtos, e não cumulativo, abatendo-se, em 
cada operação, o montante cobrado nas anteriores. Além disso, determina-se a sua não 
incidência nas operações que destinem produtos ao exterior. A seletividade proporciona à 
União estabelecer tributação menos onerosa a produtos de larga utilização, por meio de 
fixação de alíquotas mais baixas e a não cumulatividade diminui o impacto inflacionário 
nas sucessivas tributações. 
 
O imposto sobre a propriedade rural, na atual carta, apresenta nítidos contornos sociais e 
está intimamente ligado ao princípio da “função social da terra”. É o que se depreende do 
parágrafo 4º. do art. 153. “O imposto previsto no inciso IV terá suas alíquotas fixadas de 
forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas e não incidirá sobre 
pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore, só ou com a família, o 
proprietário que não possua outro imóvel”. De acordo com a Emenda Constitucional nº 
42, de 19/12/2003, o ITR poderá ser fiscalizado e cobrado pelo próprio Município que, 
 11
nos termos da lei, fizer opção para adoção de tal prerrogativa e desde que não implique 
redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal. Nessa hipótese, o 
Município optante ficará com cem por cento da arrecadação do referido imposto, sendo 
que, na sistemática normal compete à União sua arrecadação ficando o Município de 
localização do imóvel com cinquenta por cento do total arrecadado. 
 
Inovação da atual Constituição é a competência, atribuída à União, para criação do 
imposto sobre grandes fortunas, carecendo entretanto de lei complementar, que ainda não 
foi elaborada, para sua instituição. Fica, desta forma, o referido imposto, apenas como 
competência abstrata da União, até que se elabore a lei complementar que estabeleça os 
parâmetros para sua cobrança. 
 
 
3.2.B) IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DOS ESTADOS E DO 
DISTRITO FEDERAL 
 
 
Art. 155 da Constituição: 
 
 Art. 155 - Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos 
sobre: 
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; 
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de 
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, 
ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; 
III - propriedade de veículos automotores. 
 
O legislador constituinte dispensou especial destaque ao imposto incidente sobre 
operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de 
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS), tratando, no 
parágrafo 2º, do artigo 155, de diversos aspectos de sua conformação, tais como: 
I) estabelece que o ICMS deverá ser regido pelo princípio da não-cumulatividade; 
II) determina a anulação ou não aproveitamento de créditosnos casos de não incidência 
ou isenção; 
III) estabelece que o tributo poderá ser seletivo, em função da essencialidade da 
mercadoria; 
IV e V) dão prerrogativas ao Senado Federal para estabelecer as alíquotas nas operações e 
prestações interestaduais e de exportação, bem como alíquotas mínimas e máximas nas 
operações internas; 
VI) estabelece critérios para fixação das alíquotas internas; 
VII) estabelece critérios para fixação das alíquotas em operação interestaduais; 
VIII) determina que o Estado de destino da mercadoria, sempre que possível, fará jus à 
diferença entre a alíquota interna e a interestadual, nas vendas a consumidor final; 
IX) inclui na hipótese de incidência do imposto a importação de mercadoria ou serviço e 
a prestação interna de serviços com fornecimento de mercadoria não compreendida na 
competência dos Municípios; 
 12
X) estabelece a não-incidência do imposto: 
a) na exportação de mercadorias e serviços para o exterior; 
b) na operação interestadual com energia elétrica, petróleo, lubrificantes e combustíveis 
líquidos e gasosos derivados de petróleo; 
c) nas operações com ouro, quando ativo financeiro; 
d) nas prestações de serviços de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e 
de sons e imagens de recepção livre e gratuita; 
XI) estabelece critério para inclusão, ou não, do IPI na base de cálculo; 
XII) determina matérias que deverão ser reguladas por lei complementar para o efeito de 
instituição do imposto nos Estados e no Distrito Federal, devendo esta definir os 
contribuintes, estabelecer regras sobre substituição tributária, disciplinar a forma de 
compensação, entre outros assuntos. 
 
Quanto ao imposto incidente sobre transmissão causa mortis e doações, trata-se de 
repartição do antigo imposto sobre transmissão sobre bens imóveis (ITBI) em impostos 
causa mortis e inter vivos. O imposto sobre transmissão causa mortis e doações ficou 
assim atribuído aos Estados e ao Distrito Federal, sendo competente para exigi-lo aquele 
em que o bem esteja situado. No caso de herança ou legado será competente para cobrar o 
imposto o Estado aonde seja processado o inventário ou houver o arrolamento dos bens. 
Tratando-se de doação será cobrado pelo Estado em que o doador mantenha domicílio ou 
pelo Distrito Federal, conforme caso. 
 
Também aos Estados e ao Distrito Federal compete o imposto sobre a propriedade de 
veículos automotores (IPVA). Trata-se de modalidade de tributo direto e progressivo, em 
razão do valor do veículo, incidente sobre o patrimônio pessoal do contribuinte – 
proprietário, sendo devido ao Estado em que o veículo esteja registrado e licenciado no 1º 
dia de cada exercício, ou ao Distrito Federal. 
 
 
3.2.C) IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS 
 
 
Art. 156 da constituição: 
 
Art. 156 - Compete aos Municípios instituir impostos sobre: 
I - propriedade predial e territorial urbana; 
II - transmissão inter vivos,a qualquer título, por ato oneroso, de bens 
imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, 
exceto os de garantia, bem como cessão de direitos à sua aquisição; 
III - serviço de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, 
definidos em lei complementar. 
 
Segundo a doutrina, há especial razão para que o imposto sobre a propriedade predial e 
territorial urbana (IPTU) seja de competência municipal, vez que cabe geralmente ao 
Município a criação dos principais serviços públicos que beneficiarão a propriedade 
predial e territorial urbana, tornando-se desta forma, lógica a outorga do respectivo 
 13
imposto incidente sobre a mesma. Nos termos do CTN, para efeito de cobrança desse 
imposto, entende-se como zona urbana aquela definida em lei municipal e desde que 
observado o requisito mínimo quanto à existência de pelo menos 2 (dois) dos seguintes 
melhoramentos, previstos no parágrafo 1º, do seu artigo 32: 
 
Código Tributário Nacional 
Art. 32. 
(...) 
§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em 
lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos 
indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou 
mantidos pelo Poder Público: 
 I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; 
 II - abastecimento de água; 
 III - sistema de esgotos sanitários; 
 IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição 
domiciliar; 
 V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) 
quilômetros do imóvel considerado 
 
A inovação introduzida pela atual Carta é o poder extra-fiscal atribuído ao IPTU, como 
instrumento de política urbana e como forma de aplicação da função social da terra. É o 
que se verifica da leitura do parágrafo 1º do artigo 156, determinado a progressividade 
nos termos da lei municipal, bem como o parágrafo 4º do artigo 182 (capítulo da política 
urbana) onde se trata de sua progressividade no tempo. 
 
Quanto ao imposto sobre transmissão de bens imóveis e de direitos a eles relativos por 
ato entre vivos (ITBI), tem como fato gerador a transmissão jurídica da propriedade 
conforme definida nas leis civis. São excluídos de sua incidência os direitos reais de 
garantia, tais como as hipotecas e as anticreses (doação em garantia de frutos). Seu 
contorno genérico é exatamente a transmissão, entre vivos, de caráter onerosa, de bens 
imóveis, excluindo-se, portanto, as operações não-onerosas e aquelas causa mortis, que 
se encontram dentro do campo de incidência do ITCD, como visto anteriormente. 
 
Compete ainda aos Municípios instituir imposto sobre a prestação de serviço de qualquer 
natureza (ISS). A primeira observação é que o constituinte atribuiu à lei complementar a 
tarefa de definir sobre quais serviços deverá incidir o imposto, além de excluir de seu 
campo de incidência as exportações de serviços para o exterior. Cabe também à lei 
complementar estabelecer as alíquotas máximas e mínimas do tributo, evitando-se assim 
tratamento muito díspare nos milhares de Municípios brasileiros, uma vez que os mesmos 
têm competência plena e privativa para instituí-lo. As alíquotas máxima e mínima do 
ISSQN encontram-se atualmente definidas na Lei Complementar nº 116, de 2013, em 
cinco e dois por cento. A lista de serviços sujeitos à incidência do ISS foi, inicialmente, 
implementada pelo Decreto-Lei nº 406/68, alterado pela Lei Complementar nº 56/87, 
normas estas revogadas pela Lei Complementar 116, de 31/07/2003, que trouxe nova 
normatização ao ISSQN, determinou a alíquota máxima de 5% para os serviços em geral, 
além de instituir outra Lista de Serviços. Como a referida lei não estabeleceu a alíquota 
 14
mínima do imposto sobre serviços deve prevalecer o percentual de dois por cento 
estabelecido pela EC 37. 
 
 
3.3) CONTRIBUIÇÕES PARA A SEGURIDADE SOCIAL 
 
 
Paralelamente aos impostos, taxas e contribuições de melhoria, encontramos ainda na 
Constituição a atribuição, especificamente à União, para instituir empréstimos 
compulsórios, nos termos do art. 148, assim como, para a instituição de contribuições 
sociais, contribuições para intervenção no domínio econômico e de contribuições de 
interesse das categorias profissionais ou econômicas. 
 
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos 
compulsórios: 
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade 
pública, de guerra externa ou sua iminência; 
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse 
nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". 
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo 
compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. 
 
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de 
intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais 
ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, 
observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do 
previstono art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o 
dispositivo. 
 
Na sequência, o parágrafo primeiro, do mesmo artigo 149, autoriza os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios a instituírem contribuições, cobradas apenas de seus servidores, 
para o custeio de regime próprio de seguridade social, desde que possuam tal regime. 
 
Muito se discutiu quanto à natureza jurídica das contribuições sociais. Prevalece 
atualmente a tese de que se trata de meras espécies do gênero tributo, devendo, portanto, 
se observar e cumprir todas as regras atinentes aos mesmos. Nesse sentido temos a lição 
de Paulsen, 2007, na obra Contribuições para o Custeio da Seguridade Social: 
 
No Sistema Tributário Nacional, hoje delineado no Capítulo I do Título VI (Da 
Tributação e do Orçamento) da Constituição, estão previstas cinco espécies 
tributárias: os impostos, as taxas, as contribuições de melhoria, as 
contribuições ditas especiais – dentre as quais as sociais, em que se incluem as 
de seguridade social, as do interesse das categorias profissionais ou 
econômicas e de intervenção no domínio econômico e dos empréstimos 
compulsórios. 
 
Especificamente quanto ao custeio da seguridade social pela União, a Constituição 
estabelece duas formas de financiamento, sendo mediante recursos retirados dos 
orçamentos dos entes políticos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), o que se 
 15
caracteriza como custeio indireto, assim como, com o produto da arrecadação das 
contribuições cobradas pela União e para esse fim destinadas pelo texto constitucional 
(custeio direto). É o que preceitua o art. 195 da Constituição: 
 
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma 
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos 
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e 
das seguintes contribuições sociais: 
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da 
lei, incidentes sobre: 
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, 
a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo 
empregatício; 
 b) a receita ou o faturamento; 
c) o lucro; 
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não 
incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime 
geral de previdência social de que trata o art. 201; 
 III - sobre a receita de concursos de prognósticos. 
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele 
equiparar. 
 § 1º As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas 
à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o 
orçamento da União. 
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma 
integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e 
assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei 
de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus 
recursos. 
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como 
estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele 
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. 
 § 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção 
ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. 
(...) 
Portanto, conforme o caput do acima reproduzido art. 195, o financiamento direto da 
seguridade social se dá mediante o pagamento, pelas pessoas físicas e jurídicas, de 
contribuições conforme elencadas nos diversos incisos e alíneas do artigo, cobradas das 
empresas e demais empregadores, dos trabalhadores, dos importadores de bens e serviços 
e ainda com previsão de incidência sobre concursos de prognósticos. 
 
No exercício da competência atribuída à União pela alínea “a”, do inciso I, do art. 195, 
acima reproduzida, é devida atualmente pelas pessoas jurídicas em geral a Contribuição 
Previdenciária incidente sobre a Folha de Salários e demais rendimentos do trabalho. 
Trata-se de uma contribuição, a cargo das pessoas jurídicas, que possui como hipótese de 
 16
incidência o pagamento ou crédito de salários ou outros rendimentos decorrentes da 
prestação de serviços à empresa por pessoas físicas, com ou sem vínculo empregatício. 
 
Conforme o § 13 do artigo 185 (inserido pela Emenda Constitucional nº 42, de 2003), 
podará haver substituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente sobre a folha 
de salários e demais rendimentos, tratada acima, por outra incidente sobre a receita ou o 
faturamento. No exercício de tal prerrogativa foi criada, a partir de 2011, a Contribuição 
Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB), a qual substitui aquela incidente sobre a 
folha, para alguns setores e atividades econômicos, tratada genericamente como 
“desoneração da folha”, por uma forma de apuração com incidência sobre a receita bruta 
da pessoa jurídica. A CPRB, a partir de 2011, de forma progressiva foi agregando uma 
grande variedade de atividades e setores. Entretanto, após análises econômicas pelo poder 
executivo federal, definiu-se pela extinção de tal regime de apuração substitutivo da 
contribuição incidente sobre a folha de salários, de forma que várias atividades e setores 
antes abrangidos pela “desoneração” foram excluídos da norma substitutiva, havendo 
previsão legal de total extinção da CPRB em 31 de dezembro de 2020, conforme arts. 7º e 
8º da Lei nº 12.536, de 2011, com redação dada pela Lei nº 13.670, de 2018. 
 
Também de responsabilidade das pessoas jurídicas, há previsão constitucional de 
cobrança de contribuições incidentes sobre a receita ou faturamento das pessoas jurídicas, 
conforme a alínea “b”, do mesmo inciso I, do art. 195. No exercício de tal competência 
temos atualmente duas contribuições que incidem sobre o faturamento ou receita bruta, 
que, a seu turno, possuem duas formas de apuração distintas, sendo os regimes 
cumulativo e não cumulativo. São a Contribuição para o Financiamento da Seguridade 
Social (Cofins) e a contribuição o Programa de Integração Social e de Formação do 
Patrimônio do Servidor Público (Pis/Pasep). 
 
A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) possui competência prevista na 
alínea “c”, ainda do inciso I, do art. 195, sendo devida pelas pessoas jurídicas em geral 
que aufiram lucro e possui como base de cálculo o resultado ajustado da empresa, 
conforme o regime de apuração utilizado para apuração do Imposto sobre a Renda das 
Pessoas Jurídicas. 
 
Incidentes sobre o salário e demais remunerações, conforme previsto no inciso II, do art. 
195, temos, a cargo dos empregados e contribuintes individuais, pessoa físicas, a 
Contribuição Social do Segurado Empregado, que incide sobre sua folha de salários, 
inclusive o empregado doméstico e a Contribuição dos Segurados Contribuintes 
Individuais, incidente sobre a remuneração por estes auferida no mês. 
 
No inciso III, do art. 195 temos a previsão de cobrança de contribuição previdenciária 
sobre a receita de concursos e prognósticos. Conforme a legislação de regência de tal 
contribuição (art. 26, par. 1º, da Lei nº 8.212, de 1991), consideram-se concursos de 
prognósticos todos e quaisquer concursos de sorteios de números, loterias, apostas, 
inclusive as realizadas em reuniões hípicas. Ainda de acordo com a norma, renda líquida 
 17
é o total da arrecadação, deduzidos os valores destinados ao pagamento de prêmios, de 
impostos e de despesas com a administração. 
 
Inserido pela Emenda Constitucional nº 42, de 2003, passou a integrar o rol de 
competências da União para instituição de contribuições, o inciso IV, do artigo 195, que 
prevê a cobrança sobre a importação de bens ou serviços oriundos do exterior. No 
exercício de tal competência, foram instituídas a Cofins-Importação e o Pis/Pasep-
Importação, devidas pelos importadores de bens estrangeiros e serviços oriundos do 
exterior,que possuem a mesma hipótese de incidência, mas alíquotas diferenciadas. 
 
Temos assim, uma grande diversidade de bases de financiamento e contribuintes das 
contribuições sociais, haja vista a diversidade de ações na área de seguridade social a 
cargo da União, o que consolida dois princípios norteadores dessas ações, quais sejam, o 
da diversidade de bases e da solidariedade, devendo ser suportada por toda a sociedade. 
 
Conforme o parágrafo 4º, ainda do art. 195, outras fontes de financiamento da seguridade 
social poderão ser instituídas pela União, devendo, entretanto, ser obedecido o rito 
previsto no art. 154, I, o qual determina que em tal hipótese o novo tributo somente 
poderia ser instituído por meio de Lei Complementar, a qual exige quórum qualificado 
para sua aprovação (maioria absoluta) nas duas casas legislativas. 
 
 
4) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA 
 
 
Princípio da Legalidade Tributaria (matéria sobre reserva de lei) - este princípio está 
expresso no artigo 5º, inciso II, da Constituição estabelecendo que “ninguém será 
obrigado a fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. De tal importância este princípio 
no ramo do direito tributário que o constituinte, talvez por razões de ordem sistêmica ou 
didática, houve por bem ratificá-lo no artigo 150, inciso I, que determina ser vedado à 
União, Estado, Distrito Federal, e Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o 
estabeleça. 
 
Nos temos definidos pela Constituição, este princípio não se restringe apenas à criação do 
tributo, é mais abrangente e incorpora ao seu conceito qualquer forma ou ato que venha a 
representar aumento de tributo, ou de sua abrangência - dilatação da base tributária, 
aumento do universo de contribuintes ou de alíquotas, etc. Em que pese o rigor do texto 
constitucional, algumas exceções são admitidas por se tratar de situações que realmente 
requerem providências com maior celeridade. É o caso dos impostos extraordinários em 
virtude de guerra ou em sua iminência e do empréstimo compulsório também por motivo 
de guerra ou de calamidade pública. 
 
Outra hipótese de quebra de rigidez no princípio da legalidade diz respeito à possibilidade 
de redução ou majoração da carga tributária relativa aos impostos sobre o comércio 
exterior (impostos sobre operações de importação - II e de exportação - IE), o imposto 
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sobre produtos industrializados (IPI) e o imposto sobre operações de crédito, câmbio e 
seguro, ou relativos a títulos e valores monetários (IOF). Todos esses tributos podem ter 
suas alíquotas alteradas administrativamente por apresentarem forte natureza regulatória 
paralelamente à sua função arrecadatória. Frise-se, que estas exceções encontram-se 
previstas no próprio texto da Carta Magna, não se tratando, portanto, de infringência ou 
inobservância da mesma.

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