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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DISCIPLINA: CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA PROFESSOR: MÁRIO HERMES SOARES CAMPOS SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL março / 2021 2 SUMÁRIO 1) LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 03 2) SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 04 3) COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA - TRIBUTOS FEDERAIS, 05 ESTADUAIS E MUNICIPAIS - GENERALIDADES 3.1) TAXAS E CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA 07 3.2) IMPOSTOS 08 3.2.A) IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO 3.2.B) IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DOS ESTADOS E DO 10 DISTRITO FEDERAL 3.2.C) IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS 11 3.3) CONTRIBUIÇÕES PARA A SEGURIDADE SOCIAL 13 4) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA 16 3 1) LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA Conceito - a Legislação Tributária é constituída pelo conjunto de normas, com diferentes níveis de “hierarquia”, que possuem relação direta com a regulamentação, conceituação, instituição e cobrança dos diversos tributos, conforme definido no art. 96 do Código Tributário Nacional – (CTN – Lei 5.172/66). Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. O Código estabelece uma ampla abrangência da legislação tributária, pois apresenta um vasto conjunto de normas e princípios, incluindo-se tanto os instrumentos introdutórios das normas-leis - como os tratados e convenções internacionais que necessitam um corpo legal interno para sua aplicação - assim como as normas internas criadas pelos diversos entes políticos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Portanto, o próprio Código conceitua o que vem a ser a legislação tributária, seguindo-se o artigo 100, que complementa tal conceito com as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas. Relativamente ao processo legislativo, temos os seguintes comandos constitucionais: Constituição da República Seção VIII DO PROCESSO LEGISLATIVO SUBSEÇÃO I DISPOSIÇÃO GERAL Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I - emendas à Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI - decretos legislativos; VII - resoluções. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. Os dispositivos acima evidenciam as principais fontes formais do Direito Tributário. As leis e os tratados e convenções internacionais são chamados de fontes primárias, eis que capazes de inovar no ordenamento jurídico. Temos ainda os decretos regulamentares e as normas complementares (atos administrativos oriundos das Administrações Tributárias), considerados fontes secundárias, posto que restritas aos limites das primeiras (normas primárias). 4 Portanto, podemos apresentar o seguinte quadro: Instrumentos (normas) primários Instrumentos (normas) secundários Constituição Emendas Constitucionais Leis Complementares Leis Ordinárias Leis Delegadas Medidas Provisórias Decretos e Resoluções Legislativos Decretos Regulamentares Instruções Normativas Portarias Resoluções Circulares Ordens de Serviços Entre outros Nos termos do artigo 146, da Constituição, relativamente ao sistema tributário nacional, as leis complementares possuem as seguintes funções: Constituição da República Art. 146. Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que: I - será opcional para o contribuinte; II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado; III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento; IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes. Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo. Além das funções expressamente previstas nos artigos 146 e 146A, acima reproduzidos, também será necessária a elaboração de lei complementar sempre que houver imperativo comando para tal no texto constitucional. Citando-se, como exemplo, o inciso VII, do 5 artigo 153, da Constituição, que prevê a possibilidade de criação, pela União, de imposto sobre grandes fortunas, exigindo-se, entretanto, sua instituição por lei complementar. Dessa forma, distinguem-se as Leis Complementares das Leis Ordinárias pelo fato de que às primeiras há expressa reserva constitucional quanto à sua matéria. Noutros termos, a matéria a ser tratada nas Leis Complementares está expressamente prevista na Constituição, cabendo às Leis Ordinárias os demais temas de regulação da sociedade. Trata-se, assim, de diferenciação decorrente dos chamados aspectos materiais, ou seja, a matéria por ela tratada. Quanto à forma, também temos uma substancial distinção entre as Leis Complementares e as Ordinárias. Segundo o art. 69 da Constituição da República, as leis complementares devem ser aprovadas por maioria absoluta dos membros da casa legislativa, o que se define como “quórum qualificado”. Entende-se por maioria absoluta, mais da metade dos membros da composição de cada casa legislativa. Assim, considerando que o Senado da República é composto por 81 senadores, para aprovação de uma lei complementar são necessários, no mínimo, 41 votos favoráveis à sua aprovação. Da mesma forma, no caso da Câmara Federal dos Deputados, composta por 513 membros, se fazem necessários, no mínimo, 257 votos favoráveis. Diferentemente, no caso das leis ordinárias é exigida a chamada maioria simples, considerada como tal os votos de mais da metade dos membros da Cada Legislativa presentes no momento da votação, desde que observado o quorum mínimo para votação. Trata-se, em tal hipótese, da diferenciação decorrente do chamado aspecto formal, devido à exigência de quorum qualificado para aprovação de uma lei complementar. As leis delegadas são atos legais normativos elaborados pelo Chefe do Poder Executivo, mediante autorização do respectivo poder legislativo ao qual esteja vinculado. Tal autorização é solicitada pelo Chefe do Executivo, onde relata o assunto que se pretende legislar. O chefe do executivo solicita a autorização cabendo ao poder legislativo delimitar o conteúdo e os termos de seu exercício, objeto da solicitação,sendo posteriormente expedida uma resolução legislativa autorizando a elaboração da Lei Delegada. Uma vez elaborada a lei pelo chefe do executivo, nos termos da autorização/resolução do legislativo, a lei é remetida ao legislativo para avaliação e aprovação, sem a possibilidade de apresentação de emendas. Medidas Provisórias são atos normativos expedidos pelo Presidente da República com força imediata de lei, inicialmente sem a participação do Poder Legislativo, que somente será chamado a discuti-la e aprová-la em momento posterior. Os pressupostos das medidas provisórias, nos termos do art. 62 da Constituição, são a urgência e relevância. As medidas provisórias têm validade de 60 (sessenta dias), podendo ser prorrogadas por outros 60 (sessenta dias), devendo ser aprovadas pelo Poder Legislativo nesse período, sob pena de perda de sua validade. Uma vez aprovadas pelo Legislativo, as medidas provisórias são convertidas em lei, mas com efeito desde a sua expedição pelo Chefe do Executivo. 6 Os Decretos Legislativos e as Resoluções Legislativas são atos expeditos pelo Senado Federal ou pela Câmara Federal, de acordo com o regimento dessas Casas Legislativas ou quando exigidos ou previstos pela Constituição da República 2) SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO Nos termos da Constituição da República o poder de tributar está repartido entre a União, os Estados-Membros, o Distrito Federal e os Municípios, os entes políticos que formam a federação, sendo as espécies tributárias (impostos, taxas e contribuições de melhoria) repartidas entre estas pessoas políticas, de acordo com a competência atribuída a cada uma delas pelo texto constitucional, que pode ser assim resumida: Competência comum - refere-se às taxas e às contribuições de melhoria, que podem ser instituídas indistintamente por qualquer dos entes políticos. A Carta declina os fatos jurídicos genéricos - atos de poder de polícia, prestação de serviço público específico e divisível, realização de obra pública benéfica - cabendo aos diversos entes instituí-los, de acordo com critérios que serão vistos adiante; Competência privativa - matéria tipicamente afeita aos impostos, onde a competência para instituí-los é atribuída de forma privativa e rigorosa, sobre fatos específicos e determinados, estabelecendo-se o campo de incidência do imposto, bem como a esfera de poder político autorizada a instituí-lo; Competência residual - é atribuída à União para instituir outros impostos além dos textualmente especificados na Constituição. Somente podem ser instituídos mediante lei complementar, não podendo ter fato gerador e base de cálculo idênticos aos de impostos já existentes ou previstos; encontra-se disciplinada no inciso I do artigo 154 da Constituição; Competência extraordinária - também atribuída à União para instituir impostos, na eminência ou caso de guerra, podendo, neste caso em específico, estar ou não o novo tributo compreendido na sua competência, devendo ser suprimidos gradativamente, uma vez cessadas as causas da criação, conforme artigo 154, inciso II da Constituição. 3) COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA - TRIBUTOS FEDERAIS, ESTADUAIS E MUNICIPAIS - GENERALIDADES Conforme o art. 145 da Constituição, os entes políticos tributantes possuem competência para cobrar os seguintes tributos: impostos, taxas e contribuições de melhoria. 7 Portanto, a própria constituição assim o determina ao facultar à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a prerrogativa para instituir as três espécies: Art. 145 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos; II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição; III - contribuição de melhoria, decorrentes de obras públicas. 3.1) TAXAS E CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA Relativamente a estas duas espécies verifica-se que o legislador constituinte estabeleceu fatos genéricos que servirão de balizamento para a sua instituição pelos diversos entes políticos: o exercício regular do poder de polícia e a prestação de serviços específicos e divisíveis, para as taxas; nos termos dos artigos 77 a 80 do CTN: Art. 77 - As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Parágrafo único - A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto, nem ser calculada em função do capital das empresas. Art. 78 - Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Parágrafo único - considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder. Art. 79 - Os serviços públicos a que se refere o art. 77 consideram-se: I - utilizados pelo contribuinte: a) efetivamente, quando por ele usufruído a qualquer título; b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; 8 II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade ou de necessidade públicas; III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários. Art. 80 - para efeito de instituição e cobranças de taxas, consideram-se compreendidos no âmbito das atribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios aquelas que, segundo a Constituição Federal, as Constituições dos Estados, as Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios e a legislação com elas compatível, competem a cada uma dessas pessoas de direito público. Quanto às taxas, há que se reportar à competência administrativa de cada ente político, apesar da competência tributária comum para instituí-las. Assim é que, a cada esfera de poder são atribuídas determinadas atividades, para o exercício das quais haverá a cobrança da respectiva taxa, atividade esta que só pode ser exercida por aquele determinado ente, dentro de sua competência. Como ilustração, podemos citar a competência administrativa específica atribuída aos Municípios para a concessão de alvarás de funcionamento de estabelecimentos ou execução de obras. Assim, somente os Municípios poderão instituir taxas em contraprestação à utilização ou colocação desses serviços à disposição dos contribuintes. a realização de obras públicas benéficas, para as contribuições de melhoria, nos termos dos artigos 81 e 82 do CTN: Art. 81 - A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. Art. 82 - A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos: I - publicação prévia dos seguinteselementos: a) memorial descritivo do projeto; b) orçamento do custo da obra; c)determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição; d)delimitação da zona beneficiada; e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação, pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior; III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízos da sua apreciação judicial. 1º. A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos 9 imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização. 2º. Por ocasião dos respectivos lançamentos, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integraram o respectivo cálculo. Com relação à contribuição de melhoria, sendo a sua hipótese de incidência a realização de uma obra pública, que irá beneficiar imóvel de propriedade do contribuinte, deve ser cobrada pela pessoa política que tenha realizado a obra da qual resultou o benefício (valorização do imóvel do contribuinte), dentro também de seu campo de atuação. Assim, quem realiza a obra poderá cobrar a respectiva contribuição de melhoria, obedecidas as disposições legais e regulamentares para a sua cobrança. 3.2) IMPOSTOS De forma diferente foram tratados os impostos. Por se tratarem de tributos não- vinculados a uma atuação estatal individual e específica, poderia vir a resultar em superposição de cobrança, caso não fosse atribuída especificamente a competência para cada ente político para instituição de seus impostos, de forma expressa e rígida. O CTN define imposto da seguinte forma: “ Art. 16 - Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.” Tratou assim o legislador constituinte de indicar de forma expressa os impostos atribuídos a cada ente político, nominando, determinando a hipótese de incidência e a competência de cada qual para instituí-los. Na Constituição, então, encontramos discriminadamente os impostos de competência da União, dos Estados (Distrito Federal) e dos Municípios, preocupando-se com a declaração de sua hipótese de incidência e atribuição, de forma privativa, ao ente político que lhe poderá instituir, estabelecendo ainda certas vedações e regras de repartição ligadas aos impostos. 3.2.A) IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO Art. 153 da Constituição: Art. 153 - Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros; II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III - renda e proventos de qualquer natureza; IV - produtos industrializados; 10 V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativos a títulos ou valores mobiliários; VI - propriedade territorial rural; VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. Os impostos previstos nos incisos I, II, e V são tidos como “impostos regulatórios”, porque utilizados também como mecanismos para evitar grandes distorções nas relações comerciais, monetárias e cambiais. Desta forma, as relações comerciais externas, as operações de câmbio e as de política monetária ficam sob o controle da União, como forma de manutenção do equilíbrio político, financeiro e econômico (extrafiscalidade) no território nacional. Possuem como características comuns e marcantes a não sujeição aos princípios da anterioridade e da legalidade para a majoração de suas alíquotas. Busca-se, assim, proporcionar à União atitudes mais ágeis sempre que se fizer necessário sobretaxar para inibir ou desestimular determinadas operações, ou de alguma forma intervir no mercado na defesa dos interesses nacionais. O imposto de importação é nitidamente de características protecionista e arrecadatória, e possui cada vez mais tipificação internacional, por meio de acordos que buscam o equilíbrio da tributação e a facilitação do comércio internacional. O imposto de exportação, a seu turno, é um tributo em desuso, visto que prevalece em âmbito internacional a cultura de “não se exportar impostos” e a de se estimular e facilitar ao máximo possível a exportação de produtos, exercendo muito mais caráter regulatório do que arrecadatório. O imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza será devido pela aquisição da renda resultante do produto do trabalho, capital, ou ainda de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos como renda. Determina o parágrafo 2º, do artigo 153, como particularidade deste tributo, os princípios da generalidade, da universalidade e da progressividade. O imposto sobre produtos industrializados, nos termos do parágrafo 3º. do art. 153 será seletivo em função da essencialidade dos produtos, e não cumulativo, abatendo-se, em cada operação, o montante cobrado nas anteriores. Além disso, determina-se a sua não incidência nas operações que destinem produtos ao exterior. A seletividade proporciona à União estabelecer tributação menos onerosa a produtos de larga utilização, por meio de fixação de alíquotas mais baixas e a não cumulatividade diminui o impacto inflacionário nas sucessivas tributações. O imposto sobre a propriedade rural, na atual carta, apresenta nítidos contornos sociais e está intimamente ligado ao princípio da “função social da terra”. É o que se depreende do parágrafo 4º. do art. 153. “O imposto previsto no inciso IV terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas e não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore, só ou com a família, o proprietário que não possua outro imóvel”. De acordo com a Emenda Constitucional nº 42, de 19/12/2003, o ITR poderá ser fiscalizado e cobrado pelo próprio Município que, 11 nos termos da lei, fizer opção para adoção de tal prerrogativa e desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal. Nessa hipótese, o Município optante ficará com cem por cento da arrecadação do referido imposto, sendo que, na sistemática normal compete à União sua arrecadação ficando o Município de localização do imóvel com cinquenta por cento do total arrecadado. Inovação da atual Constituição é a competência, atribuída à União, para criação do imposto sobre grandes fortunas, carecendo entretanto de lei complementar, que ainda não foi elaborada, para sua instituição. Fica, desta forma, o referido imposto, apenas como competência abstrata da União, até que se elabore a lei complementar que estabeleça os parâmetros para sua cobrança. 3.2.B) IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL Art. 155 da Constituição: Art. 155 - Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; III - propriedade de veículos automotores. O legislador constituinte dispensou especial destaque ao imposto incidente sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS), tratando, no parágrafo 2º, do artigo 155, de diversos aspectos de sua conformação, tais como: I) estabelece que o ICMS deverá ser regido pelo princípio da não-cumulatividade; II) determina a anulação ou não aproveitamento de créditosnos casos de não incidência ou isenção; III) estabelece que o tributo poderá ser seletivo, em função da essencialidade da mercadoria; IV e V) dão prerrogativas ao Senado Federal para estabelecer as alíquotas nas operações e prestações interestaduais e de exportação, bem como alíquotas mínimas e máximas nas operações internas; VI) estabelece critérios para fixação das alíquotas internas; VII) estabelece critérios para fixação das alíquotas em operação interestaduais; VIII) determina que o Estado de destino da mercadoria, sempre que possível, fará jus à diferença entre a alíquota interna e a interestadual, nas vendas a consumidor final; IX) inclui na hipótese de incidência do imposto a importação de mercadoria ou serviço e a prestação interna de serviços com fornecimento de mercadoria não compreendida na competência dos Municípios; 12 X) estabelece a não-incidência do imposto: a) na exportação de mercadorias e serviços para o exterior; b) na operação interestadual com energia elétrica, petróleo, lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo; c) nas operações com ouro, quando ativo financeiro; d) nas prestações de serviços de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita; XI) estabelece critério para inclusão, ou não, do IPI na base de cálculo; XII) determina matérias que deverão ser reguladas por lei complementar para o efeito de instituição do imposto nos Estados e no Distrito Federal, devendo esta definir os contribuintes, estabelecer regras sobre substituição tributária, disciplinar a forma de compensação, entre outros assuntos. Quanto ao imposto incidente sobre transmissão causa mortis e doações, trata-se de repartição do antigo imposto sobre transmissão sobre bens imóveis (ITBI) em impostos causa mortis e inter vivos. O imposto sobre transmissão causa mortis e doações ficou assim atribuído aos Estados e ao Distrito Federal, sendo competente para exigi-lo aquele em que o bem esteja situado. No caso de herança ou legado será competente para cobrar o imposto o Estado aonde seja processado o inventário ou houver o arrolamento dos bens. Tratando-se de doação será cobrado pelo Estado em que o doador mantenha domicílio ou pelo Distrito Federal, conforme caso. Também aos Estados e ao Distrito Federal compete o imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA). Trata-se de modalidade de tributo direto e progressivo, em razão do valor do veículo, incidente sobre o patrimônio pessoal do contribuinte – proprietário, sendo devido ao Estado em que o veículo esteja registrado e licenciado no 1º dia de cada exercício, ou ao Distrito Federal. 3.2.C) IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS Art. 156 da constituição: Art. 156 - Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I - propriedade predial e territorial urbana; II - transmissão inter vivos,a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos à sua aquisição; III - serviço de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar. Segundo a doutrina, há especial razão para que o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) seja de competência municipal, vez que cabe geralmente ao Município a criação dos principais serviços públicos que beneficiarão a propriedade predial e territorial urbana, tornando-se desta forma, lógica a outorga do respectivo 13 imposto incidente sobre a mesma. Nos termos do CTN, para efeito de cobrança desse imposto, entende-se como zona urbana aquela definida em lei municipal e desde que observado o requisito mínimo quanto à existência de pelo menos 2 (dois) dos seguintes melhoramentos, previstos no parágrafo 1º, do seu artigo 32: Código Tributário Nacional Art. 32. (...) § 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público: I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; II - abastecimento de água; III - sistema de esgotos sanitários; IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado A inovação introduzida pela atual Carta é o poder extra-fiscal atribuído ao IPTU, como instrumento de política urbana e como forma de aplicação da função social da terra. É o que se verifica da leitura do parágrafo 1º do artigo 156, determinado a progressividade nos termos da lei municipal, bem como o parágrafo 4º do artigo 182 (capítulo da política urbana) onde se trata de sua progressividade no tempo. Quanto ao imposto sobre transmissão de bens imóveis e de direitos a eles relativos por ato entre vivos (ITBI), tem como fato gerador a transmissão jurídica da propriedade conforme definida nas leis civis. São excluídos de sua incidência os direitos reais de garantia, tais como as hipotecas e as anticreses (doação em garantia de frutos). Seu contorno genérico é exatamente a transmissão, entre vivos, de caráter onerosa, de bens imóveis, excluindo-se, portanto, as operações não-onerosas e aquelas causa mortis, que se encontram dentro do campo de incidência do ITCD, como visto anteriormente. Compete ainda aos Municípios instituir imposto sobre a prestação de serviço de qualquer natureza (ISS). A primeira observação é que o constituinte atribuiu à lei complementar a tarefa de definir sobre quais serviços deverá incidir o imposto, além de excluir de seu campo de incidência as exportações de serviços para o exterior. Cabe também à lei complementar estabelecer as alíquotas máximas e mínimas do tributo, evitando-se assim tratamento muito díspare nos milhares de Municípios brasileiros, uma vez que os mesmos têm competência plena e privativa para instituí-lo. As alíquotas máxima e mínima do ISSQN encontram-se atualmente definidas na Lei Complementar nº 116, de 2013, em cinco e dois por cento. A lista de serviços sujeitos à incidência do ISS foi, inicialmente, implementada pelo Decreto-Lei nº 406/68, alterado pela Lei Complementar nº 56/87, normas estas revogadas pela Lei Complementar 116, de 31/07/2003, que trouxe nova normatização ao ISSQN, determinou a alíquota máxima de 5% para os serviços em geral, além de instituir outra Lista de Serviços. Como a referida lei não estabeleceu a alíquota 14 mínima do imposto sobre serviços deve prevalecer o percentual de dois por cento estabelecido pela EC 37. 3.3) CONTRIBUIÇÕES PARA A SEGURIDADE SOCIAL Paralelamente aos impostos, taxas e contribuições de melhoria, encontramos ainda na Constituição a atribuição, especificamente à União, para instituir empréstimos compulsórios, nos termos do art. 148, assim como, para a instituição de contribuições sociais, contribuições para intervenção no domínio econômico e de contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas. Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previstono art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. Na sequência, o parágrafo primeiro, do mesmo artigo 149, autoriza os Estados, o Distrito Federal e os Municípios a instituírem contribuições, cobradas apenas de seus servidores, para o custeio de regime próprio de seguridade social, desde que possuam tal regime. Muito se discutiu quanto à natureza jurídica das contribuições sociais. Prevalece atualmente a tese de que se trata de meras espécies do gênero tributo, devendo, portanto, se observar e cumprir todas as regras atinentes aos mesmos. Nesse sentido temos a lição de Paulsen, 2007, na obra Contribuições para o Custeio da Seguridade Social: No Sistema Tributário Nacional, hoje delineado no Capítulo I do Título VI (Da Tributação e do Orçamento) da Constituição, estão previstas cinco espécies tributárias: os impostos, as taxas, as contribuições de melhoria, as contribuições ditas especiais – dentre as quais as sociais, em que se incluem as de seguridade social, as do interesse das categorias profissionais ou econômicas e de intervenção no domínio econômico e dos empréstimos compulsórios. Especificamente quanto ao custeio da seguridade social pela União, a Constituição estabelece duas formas de financiamento, sendo mediante recursos retirados dos orçamentos dos entes políticos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), o que se 15 caracteriza como custeio indireto, assim como, com o produto da arrecadação das contribuições cobradas pela União e para esse fim destinadas pelo texto constitucional (custeio direto). É o que preceitua o art. 195 da Constituição: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. § 1º As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União. § 2º A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos. § 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. § 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. (...) Portanto, conforme o caput do acima reproduzido art. 195, o financiamento direto da seguridade social se dá mediante o pagamento, pelas pessoas físicas e jurídicas, de contribuições conforme elencadas nos diversos incisos e alíneas do artigo, cobradas das empresas e demais empregadores, dos trabalhadores, dos importadores de bens e serviços e ainda com previsão de incidência sobre concursos de prognósticos. No exercício da competência atribuída à União pela alínea “a”, do inciso I, do art. 195, acima reproduzida, é devida atualmente pelas pessoas jurídicas em geral a Contribuição Previdenciária incidente sobre a Folha de Salários e demais rendimentos do trabalho. Trata-se de uma contribuição, a cargo das pessoas jurídicas, que possui como hipótese de 16 incidência o pagamento ou crédito de salários ou outros rendimentos decorrentes da prestação de serviços à empresa por pessoas físicas, com ou sem vínculo empregatício. Conforme o § 13 do artigo 185 (inserido pela Emenda Constitucional nº 42, de 2003), podará haver substituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente sobre a folha de salários e demais rendimentos, tratada acima, por outra incidente sobre a receita ou o faturamento. No exercício de tal prerrogativa foi criada, a partir de 2011, a Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB), a qual substitui aquela incidente sobre a folha, para alguns setores e atividades econômicos, tratada genericamente como “desoneração da folha”, por uma forma de apuração com incidência sobre a receita bruta da pessoa jurídica. A CPRB, a partir de 2011, de forma progressiva foi agregando uma grande variedade de atividades e setores. Entretanto, após análises econômicas pelo poder executivo federal, definiu-se pela extinção de tal regime de apuração substitutivo da contribuição incidente sobre a folha de salários, de forma que várias atividades e setores antes abrangidos pela “desoneração” foram excluídos da norma substitutiva, havendo previsão legal de total extinção da CPRB em 31 de dezembro de 2020, conforme arts. 7º e 8º da Lei nº 12.536, de 2011, com redação dada pela Lei nº 13.670, de 2018. Também de responsabilidade das pessoas jurídicas, há previsão constitucional de cobrança de contribuições incidentes sobre a receita ou faturamento das pessoas jurídicas, conforme a alínea “b”, do mesmo inciso I, do art. 195. No exercício de tal competência temos atualmente duas contribuições que incidem sobre o faturamento ou receita bruta, que, a seu turno, possuem duas formas de apuração distintas, sendo os regimes cumulativo e não cumulativo. São a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e a contribuição o Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pis/Pasep). A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) possui competência prevista na alínea “c”, ainda do inciso I, do art. 195, sendo devida pelas pessoas jurídicas em geral que aufiram lucro e possui como base de cálculo o resultado ajustado da empresa, conforme o regime de apuração utilizado para apuração do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas. Incidentes sobre o salário e demais remunerações, conforme previsto no inciso II, do art. 195, temos, a cargo dos empregados e contribuintes individuais, pessoa físicas, a Contribuição Social do Segurado Empregado, que incide sobre sua folha de salários, inclusive o empregado doméstico e a Contribuição dos Segurados Contribuintes Individuais, incidente sobre a remuneração por estes auferida no mês. No inciso III, do art. 195 temos a previsão de cobrança de contribuição previdenciária sobre a receita de concursos e prognósticos. Conforme a legislação de regência de tal contribuição (art. 26, par. 1º, da Lei nº 8.212, de 1991), consideram-se concursos de prognósticos todos e quaisquer concursos de sorteios de números, loterias, apostas, inclusive as realizadas em reuniões hípicas. Ainda de acordo com a norma, renda líquida 17 é o total da arrecadação, deduzidos os valores destinados ao pagamento de prêmios, de impostos e de despesas com a administração. Inserido pela Emenda Constitucional nº 42, de 2003, passou a integrar o rol de competências da União para instituição de contribuições, o inciso IV, do artigo 195, que prevê a cobrança sobre a importação de bens ou serviços oriundos do exterior. No exercício de tal competência, foram instituídas a Cofins-Importação e o Pis/Pasep- Importação, devidas pelos importadores de bens estrangeiros e serviços oriundos do exterior,que possuem a mesma hipótese de incidência, mas alíquotas diferenciadas. Temos assim, uma grande diversidade de bases de financiamento e contribuintes das contribuições sociais, haja vista a diversidade de ações na área de seguridade social a cargo da União, o que consolida dois princípios norteadores dessas ações, quais sejam, o da diversidade de bases e da solidariedade, devendo ser suportada por toda a sociedade. Conforme o parágrafo 4º, ainda do art. 195, outras fontes de financiamento da seguridade social poderão ser instituídas pela União, devendo, entretanto, ser obedecido o rito previsto no art. 154, I, o qual determina que em tal hipótese o novo tributo somente poderia ser instituído por meio de Lei Complementar, a qual exige quórum qualificado para sua aprovação (maioria absoluta) nas duas casas legislativas. 4) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA Princípio da Legalidade Tributaria (matéria sobre reserva de lei) - este princípio está expresso no artigo 5º, inciso II, da Constituição estabelecendo que “ninguém será obrigado a fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. De tal importância este princípio no ramo do direito tributário que o constituinte, talvez por razões de ordem sistêmica ou didática, houve por bem ratificá-lo no artigo 150, inciso I, que determina ser vedado à União, Estado, Distrito Federal, e Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. Nos temos definidos pela Constituição, este princípio não se restringe apenas à criação do tributo, é mais abrangente e incorpora ao seu conceito qualquer forma ou ato que venha a representar aumento de tributo, ou de sua abrangência - dilatação da base tributária, aumento do universo de contribuintes ou de alíquotas, etc. Em que pese o rigor do texto constitucional, algumas exceções são admitidas por se tratar de situações que realmente requerem providências com maior celeridade. É o caso dos impostos extraordinários em virtude de guerra ou em sua iminência e do empréstimo compulsório também por motivo de guerra ou de calamidade pública. Outra hipótese de quebra de rigidez no princípio da legalidade diz respeito à possibilidade de redução ou majoração da carga tributária relativa aos impostos sobre o comércio exterior (impostos sobre operações de importação - II e de exportação - IE), o imposto 18 sobre produtos industrializados (IPI) e o imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativos a títulos e valores monetários (IOF). Todos esses tributos podem ter suas alíquotas alteradas administrativamente por apresentarem forte natureza regulatória paralelamente à sua função arrecadatória. Frise-se, que estas exceções encontram-se previstas no próprio texto da Carta Magna, não se tratando, portanto, de infringência ou inobservância da mesma.
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