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CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLINICA III

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CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
Unidade III
7 CITOPATOLOGIA E VIAS RESPIRATÓRIAS: ANATOMIA E HISTOLOGIA DO 
SISTEMA RESPIRATÓRIO
O sistema respiratório consiste em vias respiratórias e pulmões, por meio dos quais ocorre a troca de 
gases. Funcionalmente, as vias respiratórias do sistema respiratório podem ser divididas em duas partes: 
vias aéreas de condução, por meio das quais o ar é transportado à medida que entra e sai dos pulmões, e 
vias respiratórias, onde ocorre a troca de gases. As vias aéreas de condução incluem as vias nasais, a boca 
e a nasofaringe, a laringe e a árvore traqueobrônquica. O ar é aquecido, filtrado e umidificado à medida que 
passa por essas estruturas. Os pulmões são as estruturas funcionais do sistema respiratório. Além de sua 
função na troca de gases, eles inativam substâncias vasoativas como a bradicinina, convertem angiotensina I 
em angiotensina II e funcionam como reservatório de sangue. Os lóbulos, que são as unidades funcionais 
do pulmão, consistem em bronquíolos respiratórios, alvéolos e capilares pulmonares. Nesse local, acontece 
a troca de gases. O oxigênio originado dos alvéolos se difunde através da membrana alveolocapilar e entra 
no sangue, enquanto o dióxido de carbono proveniente do sangue se difunde para dentro dos alvéolos.
Existem dois tipos de células alveolares: tipo I e tipo II. As células do tipo I, que desempenham a 
função de troca gasosa dos pulmões, são células escamosas extremamente finas que revestem a maior 
parte da superfície dos alvéolos. As células do tipo II, que produzem surfactante e funcionam como 
células progenitoras dos elementos celulares do tipo I, são cuboides e pequenas. Existem quatro tipos 
de proteína surfactante (SP): SP-A, SP-B, SP-C e SP-D. A SP-B e a SP-C têm propriedades essenciais de 
redução da tensão superficial, que são necessárias à facilitação da insuflação pulmonar. A SP-A e a SP-D 
modulam a reação imune aos patógenos estranhos e participam das respostas inflamatórias locais.
Os pulmões têm irrigação sanguínea proveniente de duas fontes: a circulação pulmonar desempenha 
a função de troca gasosa dos pulmões, enquanto a circulação brônquica distribui o sangue pelas vias 
aéreas de condução e pelas estruturas de sustentação do pulmão. Os pulmões também contêm um 
sistema duplo de vasos linfáticos: um sistema superficial na pleura visceral e um sistema profundo que 
drena as estruturas pulmonares mais profundas, inclusive os bronquíolos respiratórios.
As divisões simpática e parassimpática do sistema nervoso autônomo inervam o sistema respiratório. 
A inervação parassimpática causa constrição das vias respiratórias e aumenta as secreções 
respiratórias. A inervação simpática causa dilatação dos brônquios e diminui as secreções do sistema 
respiratório. Não há inervação motora voluntária no pulmão, nem fibras que transmitem dor. As fibras 
da dor são encontradas apenas na pleura (uma membrana serosa fina com duas camadas que envolve 
os pulmões). Uma película fina de líquido seroso separa as camadas parietal externa e visceral interna 
da pleura, tornando possível que as duas camadas deslizem uma sobre a outra e, ao mesmo tempo, 
continuem unidas, sem qualquer separação entre os pulmões e a parede torácica. A cavidade pleural é um 
espaço virtual no qual pode acumular-se líquido seroso ou exsudato inflamatório (GROSSMAN; PORTH, 2019).
92
Unidade III
7.1 Células do pulmão
Os principais componentes do tecido pulmonar, vistos nos preparados citológicos, são as células do 
epitélio respiratório e os macrófagos.
• Células colunares ciliadas: são muito especializadas, estão presentes na traqueia e nos brônquios, 
possuem núcleos basais, cromatina fina e uma barra terminal marcada com cílios.
• Células mucossecretoras (globet cells): estão presentes numa relação de uma para seis células 
ciliadas, também possuem núcleos basais e seu citoplasma é distendido pela presença de mucinas 
que são secretadas para a luz das vias respiratórias, exercendo importante efeito citoprotetor, tanto 
do ponto de vista de barreira mecânica, como pela presença em sua composição de receptores 
para microrganismos, imunoglobulinas, antioxidantes e tampões orgânicos.
• Células basais ou de reserva: localizam-se junto à membrana basal, são pequenas e indiferenciadas, 
provavelmente as precursoras das células ciliadas e mucossecretoras.
• Células neuroendócrinas (ou células de Kulchistsky): estão presentes no epitélio brônquico, 
tanto de forma isolada como em agregados (corpos neuroepiteliais) e só são identificadas através 
de colorações especiais ou pela microscopia eletrônica. Estão estreitamente relacionadas com as 
terminações nervosas da mucosa respiratória e têm funções sensitiva e secretora. Seus produtos 
de secreção são capazes de modular a proliferação celular, a reparação brônquica, a permeabilidade 
vascular e o tônus da musculatura dos vasos e brônquios, exercendo importante papel na 
patogênese da asma. Quando transformadas por carcinógenos, originam o carcinoma de pequenas 
células, uma das neoplasias pulmonares mais agressivas.
• Células de clara (clara cells): são células colunares, não ciliadas, que revestem os bronquíolos 
terminais onde o fluxo aéreo é mais lento, propiciando maior interação com os componentes 
químicos inalados. Geralmente não são identificadas como tais nos preparados citológicos. Sua 
função mais importante é a metabolização de xenobióticos e em algumas situações podem 
contribuir para a geração de intermediários carcinógenos.
• Células serosas: juntamente com as células mucosas são responsáveis pela maior parte dos 
componentes orgânicos do fluido que reveste internamente as vias respiratórias e pela 
secreção de componentes importantes para a defesa pulmonar como lizosima, lactoferrina e 
imunoglobulina A (IgA). Elas são encontradas na superfície epitelial e nas glândulas da lâmina própria.
• Pneumócitos tipo I: revestem cerca de 95% da superfície interna alveolar, são mais numerosas 
que os pneumócitos II, são planas, pobres em organelas e com citoplasma extenso. São células que 
não se dividem.
• Pneumócitos tipo II: encontram-se na superfície interna alveolar, são células redondas com 
citoplasma vacuolado, difíceis de serem distinguidas dos macrófagos alveolares nos preparados 
citológicos. São responsáveis pela produção do surfactante, substância que controla a tensão 
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CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
superficial da interface ar-líquido pulmonar e que facilita a fagocitose de microrganismos pelos 
macrófagos alveolares. Quando há lesão alveolar, funcionam como células de reserva para os 
pneumócitos tipo I.
• Macrófagos alveolares: originam-se dos próprios pulmões ou dos monócitos circulantes, sendo também 
conhecidos como pneumócitos tipo III. Cada alvéolo possui de dois a três macrófagos residentes livres 
que representam a primeira linha de defesa alveolar e são frequentemente identificados contendo 
pigmento de carbono no seu citoplasma. A presença de hemossiderina no seu citoplasma é indicativa 
de sangramento antigo que pode estar associado a lesões benignas, como infartos, ou a neoplasias 
malignas. Sua forma depende do tipo e da quantidade do material fagocitado. Geralmente apresentam 
um ou mais núcleos redondos ou ovais e o citoplasma é vacuolado.
• Células mesoteliais: são frequentemente vistas nas biópsias aspirativas, particularmente nas 
lesões da pleura. Em geral, formam lençóis planos com espaços ou “janelas” entre elas ou podem 
ser vistas isoladamente. Seus núcleos são redondos ou ovalados, podendo apresentar fendas, a 
cromatina é fina e uniforme, o nucléolo é pequeno e o citoplasma delicado. Quando reativas, 
podem ser confundidas com células malignas, pois apresentam citoplasma denso, pleomorfismo 
nuclear e nucléolo proeminente (PINTO; KATZ, 2012).
As infecções respiratórias são as causas mais comuns de doença respiratória. Isso inclui resfriado 
comum, influenza, pneumonias, tuberculose e infecções fúngicas. O resfriado comum é maisfrequente 
que qualquer outra infecção respiratória. Os dedos das mãos são as fontes principais de transmissão e 
as portas de entrada mais comuns são a mucosa nasal e a conjuntiva dos olhos.
Os vírus influenza causam três síndromes: rinotraqueíte simples, infecção respiratória viral seguida 
de infecção bacteriana e pneumonia viral. A contagiosidade da influenza é atribuída à capacidade que o 
vírus tem de sofrer mutações e formar subtipos, contra os quais a população não está protegida.
O termo pneumonia descreve uma infecção dos tecidos parenquimatosos do pulmão. Supressão do 
reflexo da tosse, lesão do epitélio ciliado que reveste o sistema respiratório ou depressão das defesas 
imunes predispõe à pneumonia. As pneumonias podem ser classificadas de acordo com o contexto no 
qual elas ocorrem (adquiridas na comunidade ou nos hospitais), o tipo de microrganismo que causa a 
infecção (típica ou atípica) e a localização do processo infeccioso (pneumonia lobar ou broncopneumonia).
Os pacientes imunossuprimidos constituem um grupo especialmente preocupante nas duas categorias. 
A pneumonia adquirida na comunidade consiste em infecções causadas por microrganismos presentes 
mais comumente nas comunidades que nos hospitais ou nas instituições asilares. A causa mais comum de 
pneumonia adquirida na comunidade é S. pneumoniae. A pneumonia adquirida no hospital (nosocomial) 
é definida por infecção das vias respiratórias inferiores, que começa dentro de 48 horas ou mais depois da 
internação. A pneumonia adquirida nos hospitais é a segunda causa mais frequente de infecções hospitalares. 
As pneumonias agudas típicas, inclusive as que são causadas por S. pneumoniae e L. pneumophila, são devidas 
aos microrganismos que se multiplicam fora das células alveolares e causam inflamação e transudação 
de líquidos para dentro dos espaços alveolares aerados. As pneumonias atípicas são causadas por vários 
microrganismos, inclusive M. pneumoniae e vírus que invadem o septo alveolar e o interstício pulmonar.
94
Unidade III
Tuberculose é uma infecção respiratória crônica causada por M. tuberculosis, que é disseminado 
por diminutas partículas invisíveis conhecidas como núcleos goticulares. A tuberculose é uma ameaça 
especialmente importante para pacientes infectados pelo HIV, indivíduos nascidos em outros países nos 
quais a incidência de tuberculose é alta e populações que residem em condições aglomeradas de alto 
risco, inclusive instituições corretivas, clínicas de tratamento de dependentes químicos e abrigos para 
pessoas sem lar. O bacilo da tuberculose desencadeia uma reação inflamatória crônica típica conhecida 
como inflamação granulomatosa. A destrutividade da doença resulta da reação de hipersensibilidade 
celular que o bacilo provoca, em vez de sua ação destrutiva intrínseca. A imunidade celular e as reações 
de hipersensibilidade contribuem para a evolução da doença. O tratamento da tuberculose tem sido 
complicado por surtos de doença resistente a vários fármacos.
As infecções causadas pelos fungos H. capsulatum (histoplasmose), C. immitis (coccidioidomicose) e 
B. dermatitidis (blastomicose) causam manifestações pulmonares, mas raramente são graves, a menos 
que causem destruição progressiva dos tecidos pulmonares ou que a infecção seja disseminada a outros 
órgãos e tecidos além dos pulmões (GROSSMAN; PORTH, 2019).
7.2 Coleta e confecção dos esfregaços
A qualidade do diagnóstico citológico depende de vários fatores operacionais, sobretudo da 
adequabilidade, tanto da coleta quanto dos esfregaços e do processamento laboratorial dos espécimes. 
Os materiais encaminhados ao laboratório são obtidos pelo médico assistente durante o exame clínico 
e geralmente chegam como esfregaços fixados ou a fresco. Após o registro de entrada do material, se já 
devidamente fixados, os esfregaços podem ser corados. Espécimes mucoides ou líquidos, normalmente 
a fresco, necessitam de etapas complementares antes da coloração: se líquidos, submetê-los à 
centrifugação, confeccionar os esfregaços a partir do sedimento e fixar em seguida; se mucoides, 
precisam ser pré-tratados ou homogeneizados antes da centrifugação, fixando-os após secar ao ar.
A quantidade e qualidade do material citológico são fatores determinantes na precisão diagnóstica 
e estão diretamente relacionados ao uso de técnicas adequadas de amostragem e ao processamento 
apropriado dos espécimes. Podemos dividir os espécimes citopatológicos em dois grandes grupos, 
dependendo da técnica empregada na coleta das amostras:
• obtidos através da punção aspirativa com agulha fina (PAAF) ou por capilaridade;
• obtidos a partir da raspagem de uma lesão ou de células que descamam naturalmente – 
compreendem os imprints, raspados, escovados, lavados e também as análises de escarro, urina, 
secreção mamilar e líquidos cavitários (PINTO; KATZ, 2012).
7.2.1 Punção
Segundo Koss, Stanislaw e Wlodzimierz (1992), é um método simples, rápido e seguro que confere 
boa precisão diagnóstica. Pode ser realizado ambulatorialmente. Complicações como sangramento, 
hematomas, processos inflamatórios e pneumotórax são raras. Algumas etapas preliminares e cuidados 
específicos são necessários na realização do procedimento, como o preparo físico e psicológico do 
95
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
paciente, a antissepsia do local a ser puncionado e um pequeno curativo oclusivo após a punção. É 
indicado o uso de anestésico na punção de órgãos profundos. São contraindicações para punção: 
presença de distúrbios de coagulação, tosse (nos casos de punção de tireoide ou transtorácica), cisto 
hidático (fígado), tumor do corpo carotídeo (pelo risco de hemorragia) e uso de anticoagulantes.
Punção aspirativa com agulha fina (Paaf)
Introduzida em 1926 por Martin e Ellis nos Estados Unidos, só ganhou popularidade no início 
dos anos 1950, quando patologistas suecos passaram a usar agulhas de menor calibre. Atualmente é 
utilizada em larga escala em vários países, consistindo na obtenção de amostras de nódulos ou tumores 
de qualquer topografia, seja de órgãos superficiais, como mama, tireoide, linfonodos e glândulas 
salivares principalmente, seja de órgãos profundos, como pulmão, fígado, pâncreas e retroperitônio. Nesses 
últimos, são guiados por métodos de imagem como ultrassonografia ou tomografia computadorizada.
As agulhas empregadas na coleta dos espécimes são de pequeno calibre, entre 0,5 mm e 0,7 mm. 
Entretanto, em caso de material espesso ou purulento, podem ser utilizadas agulhas de 0,8 mm. 
Comumente as agulhas para aplicação de insulina, de 0,45 mm, são utilizadas para puncionar nódulos 
mais superficiais. Outros equipamentos, como seringa plástica descartável de 10 ml ou 20 ml, luvas 
cirúrgicas, gaze estéril, solução de álcool iodado para antissepsia, lâminas de vidro para microscopia com 
extremidade fosca e fixador integram o restante do material necessário para realizar o procedimento. 
Alguns autores recomendam o uso da pistola (porta-seringa), enquanto outros a dispensam.
Para a realização da Paaf, devemos colocar o paciente em posição adequada, identificar a lesão por 
palpação, fazer a antissepsia local, acoplar a agulha à seringa e fixar a lesão entre o dedo indicador e o 
médio. Materiais líquidos, puncionados de nódulos císticos, necessitam de centrifugação prévia a fim 
de utilizar o sobrenadante na confecção do esfregaço. Em tais casos, as amostras são encaminhadas 
ao laboratório em recipiente limpo ou na própria seringa (sem a agulha, fechada com a tampa desta e 
vedada com esparadrapo), mantendo-as em geladeira se não puderem ser encaminhadas imediatamente. 
Não é preciso fixação prévia do material nem o uso de anticoagulante.
Nos espécimes predominantemente celulares dos nódulos sólidos, remover a agulha da seringa e 
puxar o êmbolo para trás, a fim de permitir a entrada de ar na seringa. Acoplar novamente a agulha e, 
com o orifício do bisel tocando levemente a superfície de uma lâmina, empurrar o êmbolo da seringa 
a fim de depositaruma gota do material, com 2 mm a 3 mm de diâmetro, diretamente sobre a lâmina 
para a preparação dos esfregaços.
A técnica de confecção dos esfregaços varia de acordo com o tipo de amostra obtida e com a 
familiaridade do profissional por determinado método. Em se tratando de material hemorrágico e 
semissólido, deve-se utilizar a extremidade de outra lâmina inclinada em 45º para estender o espécime 
delicadamente, em movimento único, rápido e uniforme, semelhante ao que é feito no esfregaço para 
hematologia. Para espécimes excessivamente fluidos, inclinar a lâmina para baixo e remover, com papel 
absorvente, o excesso de líquido que se deslocou por gravidade, utilizando a parte mais consistente que 
restou na lâmina para confeccionar o esfregaço. Quando a amostra for constituída por coloide ou outro 
96
Unidade III
tipo de substância semelhante, deve-se comprimi-la entre duas lâminas, puxando-as horizontalmente 
em direções opostas, suavemente.
Quando o material for colhido no próprio laboratório, após confecção dos esfregaços (em torno de 
seis por punção), deve-se lavar a agulha e a seringa com 10 ml de solução salina, colocar o lavado em 
um tubo limpo devidamente identificado e centrifugá-lo a fim de obter esfregaços adicionais com o 
material sedimentado (CHOJNIAK et al., 2011).
 Observação
No Paaf, os esfregaços geralmente são fixados em álcool a 95% ou a seco, 
embora o álcool absoluto também possa ser utilizado. Deve-se corar pelo 
Papanicolau ou (hemotoxilina-eosina (HE) e os secos ao ar por diff-quick 
(DQ) ou panótico. Então, deve-se, centrifugar o material e citocentrifugar 
o lavado da agulha e da seringa com solução salina para fazer cell block. 
Amostras insatisfatórias podem resultar de falhas técnicas como sucção 
reduzida ou excessiva na coleta, esfregaços espessos, fixação inadequada ou 
coloração defeituosa. Abscessos e lesões fibróticas, calcificadas, necróticas ou 
com degeneração cística podem dificultar a obtenção de material adequado 
por escassez ou ausência de células. Por fim, materiais puncionados de áreas 
fora da lesão originam diagnósticos falso-negativos por erro de amostragem.
Punção por capilaridade
Considerada uma variante da metodologia original, dispensa o uso da seringa na coleta dos 
espécimes. Parte do princípio de que o mais importante na obtenção do material é o efeito do corte 
e o deslocamento do tecido com a ponta da agulha e não a pressão negativa causada pela sucção da 
seringa. Inicialmente utilizada em 1986 pelo francês Zajdela na coleta de material do tecido ocular, 
teve seu uso estendido para outros órgãos em virtude de ser um método menos traumático, de mais 
fácil aplicação e que confere excelente celularidade às amostras. Os materiais necessários para esse 
procedimento são os mesmos empregados na Paaf (ZAMBONI et al., 2004).
7.2.2 Escovados
Através de aparelhos endoscópicos que possibilitam a visualização direta da lesão a ser estudada, os 
escovados permitem adquirir espécimes brônquicos, esofágicos, gástricos e intestinais, principalmente. 
Muitas vezes, esse método é mais eficaz em detectar neoplasias malignas do que a biopsia brônquica, 
por exemplo. Nesse caso, aplica-se uma escova na superfície da lesão endobrônquica, através do 
broncoscópio de fibra óptica, espalhando o material colhido numa lâmina para a confecção dos 
esfregaços ou coloca-se em um meio líquido de coleta para a realização de cell block.
O procedimento pode ser feito ambulatorialmente sob sedação leve e com anestesia tópica. O 
paciente deve estar em jejum de pelo menos quatro a seis horas e com acesso venoso periférico. Uma 
97
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
pequena escova é introduzida juntamente com a sonda de um fibroscópio pela cavidade oral, nasal ou 
anal, dependendo da localização do tumor, e suavemente deslizada por cima da lesão para efetuar a 
raspagem. Posteriormente, a escova é retraída para o interior da sonda e retirada junto com ela.
Recomenda-se efetuar o escovado antes de biopsiar a lesão, para evitar amostras hemorrágicas. 
O material escovado deve ser transferido rolando-se a escova sobre uma lâmina de vidro limpa, 
espalhando-o uniformemente e fixando-o imediatamente em álcool a 95% ou spray, visando preservar 
os detalhes da morfologia celular. Após a realização dos escovados, aconselha-se fazer, ainda, um lavado 
da escova, agitando-a em solução salina a fim de se examinar também o sedimento centrifugado (SILVA; 
CHTERPENSQUE, 2000).
7.2.3 Lavados
Consistem na instilação de solução salina tamponada na área da lesão, preferencialmente sob visão 
endoscópica direta, seguida da aspiração do material. Em geral, são realizados ambulatorialmente, 
mediante sedação leve. Os lavados são acondicionados em recipientes limpos com a indicação do local 
da coleta. Quando provenientes de diferentes localizações anatômicas, devem ser colocados em frascos 
distintos. Para evitar sua deterioração, o material deve ser enviado imediatamente ao laboratório para 
processamento ou ser devidamente preservado segundo o tipo de lavado.
• Lavado brônquico: método alternativo e mais comum do que o aspirado, consiste em “lavar” a 
mucosa com a instilação de 3 ml a 10 ml de solução salina e, em seguida, aspirar o líquido que 
deverá ser centrifugado, utilizando-se o concentrado para fazer esfregaços e cell blocks. Armazenar 
o material aspirado em geladeira até no máximo 24 horas após a coleta, sem usar anticoagulante ou 
fixador. Na impossibilidade de processamento laboratorial imediato, preservar o material adicionando 
quantidade idêntica de etanol a 50% (ou 70%) ou Carbowax (a 2% em álcool a 50%).
• Lavados broncoalveolares (LBA): permitem que as vias aéreas distais sejam “lavadas” com várias 
alíquotas de solução salina estéril. A primeira alíquota é mais representativa de material das 
vias aéreas mais largas e as seguintes representam material do compartimento alveolar. Os 
lavados broncoalveolares devem ser refrigerados (entre 4 ºC a 8 ºC) por no máximo duas horas, 
evitando-se o congelamento. É um método particularmente útil para o diagnóstico das infecções 
oportunistas nos pacientes imunocomprometidos. O Pneumocystis carinii, historicamente, foi o 
patógeno pulmonar mais identificado por esse método nos pacientes infectados pelo HIV. O LBA 
também é utilizado para o diagnóstico de malignidade com uma sensibilidade de 35% a 70%, 
principalmente nos tumores difusos ou multifocais (PINTO; KATZ, 2012).
7.2.4 Materiais obtidos espontaneamente
Escarro
Seus componentes são constituídos por uma mistura de elementos celulares e não celulares. A 
adequação da amostra é estabelecida pela presença de células cilíndricas ciliadas e de numerosos 
macrófagos alveolares, indicativos de que o trato respiratório inferior foi representado. Amostras 
98
Unidade III
múltiplas, colhidas em dias consecutivos, aumentam a sensibilidade (de 42% com amostra única para 
91% com cinco amostras), que também varia com a localização do tumor maligno, sendo de 46% a 77% 
para lesões centrais e de apenas 31% a 47% para as lesões periféricas. A especificidade do método é alta, 
variando de 96% a 99%. Através da citologia esfoliativa, é possível diagnosticar tumores centrais da 
árvore brônquica e, menos frequentemente, tumores periféricos menores ou até mesmo detectar lesões 
precursoras do carcinoma escamoso.
O escarro obtido após broncoscopia aumenta a acuidade diagnóstica. A coleta deve ser realizada 
de preferência pela manhã, quando o paciente o acordar, em jejum matinal, após rigorosa higiene 
bucal (escovação dos dentes e da língua), geralmente em três dias consecutivos. Com o intuito de 
obter material de origem pulmonar, o paciente é orientado a tossir várias vezes, eliminando a secreção 
diretamente em um recipiente de boca larga, seco e limpo. Caso haja dificuldade em conseguir escarro 
espontâneo, pode-se fazer nebulização simples ou inalação com indutores da tosse.
O material deve ser levado imediatamente ao laboratório ou conservado na geladeirapor no máximo 
12 horas. Os esfregaços devem ser preparados a partir de áreas que contêm fragmentos teciduais, 
sangue ou ambos, e devem ser imediatamente fixados em etanol a 95%. Quando a preparação imediata 
não é possível, deve-se fazer uma pré-fixação do escarro na diluição de 1:1 com etanol a 50% ou 
70%, ou utilizar solução de polietilenoglicol a 2% (Carbowax) em etanol a 50%. Uma vez utilizado o 
polietilenoglicol, este deverá ser removido em banho de álcool, antes da coloração (PINTO; KATZ, 2012).
 Observação
O escarro foi um dos espécimes mais utilizados para o diagnóstico 
citológico das lesões do trato respiratório devido à relativa facilidade para 
sua obtenção e por provocar pouco desconforto ao paciente. No entanto, 
com o advento da broncoscopia e da punção aspirativa por agulha fina 
(Paaf), seu uso tem declinado.
7.3 Tipos de amostras
A interpretação dos espécimes citológicos do trato respiratório requer familiaridade com o tipo 
de amostra, ou seja, como o espécime foi obtido e de como foi preparado do ponto de vista técnico, 
pois a citomorfologia e a acurácia diagnóstica variam com eles. As amostras podem ser classificadas 
em escarro e espécimes brônquicos, já descritos. Agora veremos as amostras de punção aspirativa por 
agulha fina (Paaf), que podem ser classificadas como indicado a seguir.
• Punção aspirativa transbrônquica: útil para o diagnóstico de lesões primárias localizadas abaixo 
da superfície brônquica e para o estadiamento de câncer pulmonar pela amostra de linfonodos 
do mediastino. A lesão é aspirada com agulha retrátil que passa através de um cateter flexível 
adaptado ao broncoscópio. É um método bom para distinguir carcinoma de pequenas células dos 
carcinomas de não pequenas células.
99
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
• Punção aspirativa transesofágica: feita com o endoscópio através da passagem de uma agulha 
pelo esôfago. Sua acuidade diagnóstica é de 70% a 80%, que se aproxima da punção aspirativa 
transbrônquica guiada por ultrassom (84% a 96%).
• Punção aspirativa percutânea: método alternativo para biopsia cirúrgica, pois apresenta mínima 
morbidade, facilidade e rapidez no diagnóstico. Seu principal objetivo é diferenciar o carcinoma 
de pequenas células daqueles de não pequenas células. Geralmente é realizada por radiologistas, 
utilizando o ultrassom ou a tomografia computadorizada como guia. A intervenção cirúrgica 
pode ser evitada em mais de 50% dos pacientes com suspeita clínica de câncer pulmonar. O 
pneumotórax é a complicação mais comum (PINTO; KATZ, 2012).
7.3.1 Adequabilidade das amostras
Pinto e Katz (2012) relatam que, para se obter preparações citológicas satisfatórias, deve-se empregar a 
técnica apropriada para os diversos espécimes. Um exame insatisfatório não significa que o resultado é 
negativo, mas tão somente que não foi possível estabelecer nenhum diagnóstico, seja de benignidade ou 
de malignidade. A seguir são descritas recomendações para os diversos tipos de amostras objetivando 
a adequabilidade do material.
Aparelho respiratório
O processamento varia segundo o tipo de amostra.
• Escarro: colocar o material em uma placa de Petri e examinar sob fundo escuro (papel embaixo da 
placa) e com iluminação direta para selecionar amostras das áreas com sangue ou com partículas 
sólidas e escuras, acinzentadas ou opacas. Confeccionar os esfregaços pelo método do esmagamento, 
fixar com spray ou álcool e corar pelo Papanicolau. Separar esfregaços extras para colorações especiais.
• Lavados: enviar a fresco. Remover qualquer fragmento visível para processar em cell block. 
Centrifugar o líquido e fazer esfregaços com o sedimento pela técnica do esmagamento, fixando 
em álcool ou spray. Corar pelo Papanicolau. Pode ser necessário citocentrifugá-lo.
• Escovados: fazer esfregaços após a coleta e fixar em álcool ou spray. São corados pelo método de 
Papanicolau. Durante a coleta, proceder segundo as técnicas de coloração rápida em esfregaços fixados 
ao ar para avaliar a satisfatoriedade do material. Mergulhar a escova em suspensão salina, para retirar as 
células aderidas, centrifugar ou citocentrifugar esse material e preparar cell block (PINTO; KATZ, 2012).
7.4 Análise da citologia normal do sistema respiratório e citopatologia 
neoplásica do sistema respiratório
Câncer de pulmão é uma das causas principais de mortes em todo o mundo. O tabagismo está envolvido 
na maioria dos casos desse tipo de câncer. O risco de desenvolver câncer de pulmão entre os fumantes 
aumenta com a duração do tabagismo e o número de cigarros fumados por dia. Riscos industriais como 
exposição ao asbesto aumentam as chances de desenvolver câncer do pulmão. Como o câncer de pulmão 
tem progressão insidiosa, o tumor geralmente está em um estágio muito avançado quando é diagnosticado. 
100
Unidade III
Esse fato explica o índice baixo de sobrevivência em cinco anos. Os carcinomas representam 95% de todos 
os cânceres pulmonares primários e, hoje em dia, podem ser subdivididos em quatro grupos principais: 
carcinoma espinocelular, adenocarcinoma, carcinoma de células grandes e carcinoma de pequenas células.
Com finalidades de estadiamento e tratamento, o câncer de pulmão é classificado como Cânceres 
Pulmonares de Pequenas Células (CPPC) ou Cânceres Pulmonares de Células Não Pequenas (CPCNP). A 
razão principal para isso é que quase todos os CPPC já produziram metástases por ocasião do diagnóstico. 
As manifestações clínicas do câncer pulmonar podem ser atribuídas ao envolvimento do pulmão e das 
estruturas adjacentes aos efeitos da disseminação local e das metástases e às síndromes paraneoplásicas 
que causam disfunção endócrina, neurológica e hematológica. Como ocorre com outros cânceres, o 
câncer de pulmão causa sinais e sintomas inespecíficos como anorexia e emagrecimento. As abordagens 
terapêuticas ao câncer de pulmão incluem ressecção cirúrgica, radioterapia e quimioterapia. O aumento 
recente da incidência do câncer de pulmão entre os idosos (65 anos ou mais) tem exigido uma reavaliação 
das estratégias terapêuticas para essa faixa etária; hoje a tendência é basear o tratamento nas condições 
fisiológicas mais o que na idade cronológica (GROSSMAN; PORTH, 2019).
Segundo Pinto e Katz (2012), histologicamente os carcinomas pulmonares podem ser agrupados 
nos seguintes tipos: carcinoma escamoso, adenocarcinoma, carcinoma de grandes células e carcinoma 
de pequenas células. Esses carcinomas frequentemente apresentam heterogeneidade histológica, ou 
seja, em uma lesão podem ser identificados mais de um tipo histológico. O escrutínio dos esfregaços 
deve considerar que a presença de abundante celularidade e de grupamentos grandes com células 
apresentando núcleos maiores que o núcleo das células brônquicas, ainda que uniformes, deve levantar 
a suspeita de malignidade. A análise citológica deve ser bastante criteriosa, sempre considerando a 
heterogeneidade desses tumores, para que se faça uma correta classificação.
Na verdade, um novo sistema de classificação geral do carcinoma de células não pequenas tem 
sido usado com frequência decrescente e o carcinoma de células grandes tem sido substituído pelos 
carcinomas neuroendócrinos de células grandes.
7.4.1 Cânceres pulmonares de pequenas células
Os CPPC caracterizam-se por um tipo celular distintivo, isto é, células redondas ou ovais pequenas 
que têm dimensões semelhantes ao tamanho de um linfócito. As células proliferam em grupos que não 
demonstram organização glandular ou escamosa. Exames de microscopia eletrônica revelam a existência 
de grânulos neurossecretórios em algumas células do tumor, que são semelhantes aos encontrados 
no epitélio brônquico do feto ou do recém-nascido. Esses grânulos sugerem a possibilidade de que 
alguns desses tumores secretem hormônios polipeptídicos. Marcadores neuroendócrinos, como enolase 
específica dos neurônios, peptídio semelhante ao paratormônio e outros produtos hormonais ativos, 
sugerem que esses tumores possam ter origem nas células neuroendócrinasdo epitélio brônquico. Esse 
tipo de célula está diretamente associado ao tabagismo e raramente é observado nos indivíduos que 
nunca fumaram. Os CPPC são altamente malignos, tendem a causar infiltrados difusos, disseminam em 
estágios precoces de sua evolução e raramente são operáveis. Metástases cerebrais são especialmente 
comuns com os CPPC e podem ser as primeiras manifestações do tumor. Esse tipo de câncer pulmonar 
está associado a várias síndromes paraneoplásicas, inclusive síndrome de secreção inadequada de 
101
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
hormônio antidiurético (SSIADH), síndrome de Cushing associada à secreção ectópica de hormônio 
adrenocorticotrófico e síndrome de Eaton-Lambert (um distúrbio neuromuscular).
7.4.2 Cânceres pulmonares de células não pequenas
Os CPCNP incluem carcinomas espinocelulares, adenocarcinomas e carcinomas de células grandes. 
Como também ocorre com os CPPC, esses cânceres podem sintetizar produtos bioativos e causar 
síndromes paraneoplásicas.
• Carcinoma espinocelular: é diagnosticado mais comumente nos homens e está relacionado com a 
história de tabagismo. Esse tipo de carcinoma tende a originar-se dos brônquios centrais na forma 
de uma proliferação intraluminar e, desse modo, pode ser diagnosticado mais precocemente por 
exame citológico do escarro que os outros tipos de câncer do pulmão. O carcinoma espinocelular 
busca disseminar-se centralmente aos brônquios primários e aos linfonodos hilares e, nos estágios 
mais avançados, espalha-se para fora do tórax. O carcinoma espinocelular está associado às 
síndromes paraneoplásicas que causam hipercalcemia.
• Adenocarcinoma: a associação desse tipo de câncer ao tabagismo é menos evidente que a do 
carcinoma espinocelular. O adenocarcinoma de pulmão é mais comum nas mulheres e nos 
indivíduos que não fumam. Os adenocarcinomas podem originar-se dos tecidos bronquiolares 
ou alveolares do pulmão. Esses tumores tendem a se localizar mais perifericamente que os 
carcinomas espinocelulares e, em alguns casos, estão associados a áreas de retração fibrótica. 
Essas áreas podem ser ocasionadas por infartos antigos, corpos estranhos metálicos, feridas e 
infecções granulomatosas, inclusive tuberculose. Em geral, os adenocarcinomas têm prognóstico 
mais desfavorável que os carcinomas espinocelulares nos estágios correspondentes.
• Carcinoma de células grandes: caracteriza-se por células poligonais volumosas. Esses tumores 
constituem um grupo de neoplasias altamente anaplásicas e difíceis de classificar como carcinomas 
espinocelulares ou adenocarcinomas. Os carcinomas de células grandes tendem a ocorrer na 
periferia dos pulmões e invadir brônquios segmentares e vias respiratórias mais calibrosas. Os 
tumores desse tipo têm prognóstico desfavorável em razão de sua tendência a produzir focos 
metastásticos distantes em estágios iniciais de sua evolução (HOCKENBERRY; WILSON, 2011).
 Lembrete
O adenocarcinoma representa a neoplasia pulmonar mais prevalente, 
acomete preferencialmente mulheres e é o tipo cuja associação com o tabagismo 
é menos evidente. O tumor localiza-se predominantemente na periferia dos 
pulmões, envolve muitas vezes a pleura visceral e, em muitos casos, associa-se a 
lesões destrutivas e cicatrizes no parênquima pulmonar (fibrose, espaços aéreos 
não funcionantes etc.) ou a hiperplasia de pneumócitos, que são os locais de 
origem de focos adenomatosos. A maioria dos adenocarcinomas origina-se nas 
vias respiratórias periféricas, a partir de células claviformes – club-cell (células 
epiteliais colunares não ciliadas) ou de pneumócitos do tipo II.
102
Unidade III
Líquidos
A pleura é uma delicada membrana serosa que reveste o pulmão (pleura visceral) e a parte interna 
da parede torácica (pleura parietal). A pleura visceral e a parietal estão em continuidade e formam um 
espaço virtual entre elas. Uma pequena quantidade de líquido está presente no espaço pleural e age 
como lubrificante para facilitar os movimentos respiratórios. A pleura normal possui uma camada única 
de células mesoteliais com uma pseudomembrana que repousa num tecido conjuntivo. Nesse tecido 
conjuntivo podemos encontrar arteríolas, vênulas e nervos (periféricos, simpáticos e parassimpáticos). A 
estrutura, a função e as doenças do pericárdio e peritônio são similares às da pleura.
• Células mesoteliais: é muito importante saber reconhecer as células mesoteliais benignas, pois 
elas podem ser confundidas com malignidade (particularmente adenocarcinoma), especialmente 
quando são reativas ou aparentemente atípicas, como frequentemente se apresentam. As células 
mesoteliais são células epiteliais derivadas do mesoderma. Quando normais ou não reativas, são 
vistas na Paaf como arranjos planos e ordenados, apresentando citoplasma e bordos celulares 
definidos com espaços ou “janelas” proeminentes entre elas. Os núcleos não reativos são 
paracentrais, usualmente uniformes, redondos a ovais, com cromatina fina e delicada e nucléolos 
infrequentes. Alterações reativas das células mesoteliais são comuns. Além dos arranjos planos e 
células isoladas, grupos tridimensionais com contornos em rosetas ou grupos papilares podem ser 
vistos. As células reativas apresentam variações pleomórficas (forma e tamanho). O citoplasma 
dessas células é denso na parte central e delicado e claro na borda. Os núcleos são centrais ou 
paracentrais com contorno irregular e nucléolo proeminente. As doenças mais frequentes do 
mesotélio são infecções e neoplasias.
• Mesoteliomas benignos: são raros na pleura e mais comuns no peritônio. Em geral o tumor cresce 
como um processo papilar recoberto por uma ou mais camadas de células mesoteliais. Na Paaf a 
celularidade é abundante com arranjos de células mesoteliais reativas ou atípicas. Os mesoteliomas 
benignos fibrosos são mais comuns na pleura (visceral) que no peritônio e uma das principais 
características é o predomínio dos fibroblastos em relação às células mesoteliais. A celularidade 
é variável. Algumas lesões são muito vascularizadas resultando num aspirado hemorrágico. As 
células são fusiformes, lembrando fibroblastos e núcleos desnudos podem ser vistos. Fragmentos de 
estroma metacromático frequentemente estão presentes. Mitoses não são vistas. Em alguns casos a 
celularidade pode ser maior, com células moderadamente pleomórficas e com cromatina grosseira.
• Mesoteliomas malignos: a pleura é o local mais frequente dos mesoteliomas malignos, mas eles 
também podem ocorrer no pericárdio e peritônio. Na Paaf as amostras são usualmente celulares, 
e os achados citológicos podem mostrar alterações puramente epiteliais, bifásicas (epiteliais e 
células fusiformes) até anaplásicas. O padrão bifásico é muito característico, mas nem sempre 
está presente. Alta celularidade com papilas abundantes e achados clínicos favoráveis ajudam 
no diagnóstico. O tipo mais comum do mesotelioma maligno é o carcinomatoso. Os aspectos 
celulares podem ser mínimos ou inequívocos de malignidade. As células formam agrupamentos 
planos ou tridimensionais, papilares ou do tipo túbulo acinares, mas podem ser pouco coesas sob 
a forma de células isoladas. O contorno celular varia de redondo a poligonal ou angular e pequeno 
componente de células fusiformes é comum. O citoplasma é abundante com bordos bem definidos. 
103
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
Vacuolização pode estar presente e ser decorrente de natureza degenerativa ou conter mucina 
mesenquimal metacromática (ácido hialurônico). A presença de células epitelioides vacuolizadas 
sugere adenocarcinoma. Corpos de psamomas e corpos de asbestos podem ser encontrados, mas 
nenhum deles é específico para malignidade (PINTO; KATZ, 2012).
 Lembrete
As manifestações clínicas do câncer pulmonar podem ser atribuídas 
ao envolvimento do pulmão e das estruturas adjacentes aos efeitos da 
disseminação local e das metástases e às síndromes paraneoplásicas que 
causam disfunção endócrina, neurológica e hematológica. Como ocorre com 
outros cânceres, o câncerde pulmão causa sinais e sintomas inespecíficos 
como anorexia e emagrecimento. As abordagens terapêuticas ao câncer de 
pulmão incluem ressecção cirúrgica, radioterapia e quimioterapia.
8 CITOPATOLOGIA DA MAMA: ANATOMIA E HISTOLOGIA DA MAMA
A mama humana é normalmente localizada na parede anterior do tórax apresentando na sua região 
central uma aréola e uma papila. Ela é dividida entre 15 a 20 lobos mamários independentes, separados 
por tecido fibroso. Cada lobo tem a sua via de drenagem, que converge para a papila através do sistema 
ductal. Portanto, a mama é formada de um lóbulo (ou unidade lobular ductal terminal) e de um grande 
sistema ductal. Têm como função principal a produção do leite para a amamentação.
Doenças fibrocísticas, fibroadenomas, cistos e a maioria dos cânceres se originam frequentemente dos 
lóbulos. Os grandes ductos podem ser os sítios de origem dos papilomas solitários, carcinoma papilar, ectasia 
ductal e possivelmente doença de Paget. Embriologicamente, a mama é uma glândula sudorípara apócrina 
modificada, derivada do ectoderma e suspensa pelos ligamentos suspensores de Cooper. Quando esses 
ligamentos são acometidos por fibrose (nos casos de câncer), tem origem a imagem de “casca de laranja”.
Durante a primeira fase do ciclo menstrual, os lóbulos tornam-se proliferativos em virtude da presença do 
efeito estrogênico. Nessa fase pré-ovulatória, as células ductais aspiradas se apresentam em monocamada 
e com citoplasma distinto. Os núcleos são pequenos, compactos e com nucléolos discretos. Já na segunda 
fase do ciclo (pós-ovulatória ou lútea), o lóbulo continua a se proliferar e o estroma, em resposta à ação 
do hormônio progesterona, torna-se edemaciado. Assim, as células se apresentam em várias camadas 
com citoplasma indistinto e marginação da cromatina, levando ao aparecimento de uma área clara ao 
redor do nucléolo, agora proeminente. Na mama, em contraste com o endométrio, o maior número de 
mitoses é encontrado na segunda fase do ciclo. Durante a menstruação, em decorrência da diminuição dos 
hormônios estrogênio e progesterona, os lóbulos voltam às características normais. Na pós-menopausa, o 
tecido conjuntivo e o tecido glandular atrofiam e ocorre a substituição gordurosa (liposubstituição).
As doenças que afetam a mama podem ser divididas em três grupos: inflamação (incluindo aguda, 
crônica e mastite granulomatosa), hiperplasia (incluindo doença fibrocística, alterações da gestação e a 
maioria das neoplasias benignas) e câncer (PINTO; KATZ, 2012).
104
Unidade III
Dados os aspectos da normalidade descritos por Schmitt e Gobbi (2016), para a melhor compreensão 
das doenças mamárias, é necessário conhecer suas estruturas morfológica e funcional, que sofrem 
modificações ao longo da vida e a cada ciclo menstrual.
A mama é uma glândula sudorípara modificada, formada por um sistema de ductos ramificados 
a partir do mamilo, os quais se estendem radialmente entre o estroma fibrogorduroso. Essa estrutura 
começa a ser formada a partir da quinta semana de vida intrauterina, com o aparecimento da linha 
mamária, um espessamento epidérmico que se estende da axila à região inguinal. A partir dela, 
brotos epiteliais invadem o mesênquima adjacente e, na área peitoral, formam colunas epiteliais 
que posteriormente se tornam canalizadas e dão origem ao sistema ducto lobular. A morfogênese 
da mama na vida embrionária é influenciada por bloqueio de apoptose nos brotos epiteliais pela 
expressão do gene BCL-2 nesse epitélio. Ao contrário de outros órgãos, a glândula mamária não está 
completamente desenvolvida ao nascimento: na puberdade feminina é que ocorre a ramificação do 
sistema ductal. Após essa fase, a glândula mamária é formada por estruturas lobulares que refletem 
diferentes fases do desenvolvimento.
O sistema complexo de ductos ramificados da mama pode ser dividido em dois grupos: a unidade 
terminal ducto lobular (UTDL) e os grandes ductos. A UTDL consiste em um lóbulo mamário e um 
ducto lobular terminal, representando a porção secretória. A UTDL conecta-se aos grandes ductos, 
inicialmente um ducto subsegmentar, que termina em um ducto segmentar; o conjunto desses ductos 
reúne-se em um ducto coletor (ou galactóforo), que emerge no mamilo. Entre o ducto segmentar e 
o coletor, logo abaixo do mamilo, existe uma dilatação fusiforme do sistema ductal conhecida como 
seio lactífero. Alguns autores dividem o sistema ductal mamário em um número que varia de 15 a 
20 segmentos ou lóbulos a partir da subdivisão dos grandes ductos, os quais drenam para os ductos 
coletores; no entanto, essa divisão não é totalmente apropriada, já que as ramificações dos ductos são 
frequentemente superpostas, e os ductos são curvos e dispostos em diferentes direções.
A UTDL é a unidade anatomofuncional da mama. Também conhecida como lóbulo mamário, é 
formada por pequenos dúctulos que se reúnem para formar o dúctulo terminal, o qual drena para 
o sistema ductal extralobular. Quando em intensa atividade secretora, como na gravidez ou na 
lactação, os pequenos dúctulos do lóbulo são denominados ácinos. O tecido conjuntivo intralobular 
é especializado e ricamente celular, com abundante rede de fibras reticulares, finas fibras colágenas e 
numerosos capilares; tem aspecto frouxo, é desprovido de fibras elásticas e pode conter número variável 
de linfócitos, plasmócitos e mastócitos.
O estroma intralobular parece responder a estímulos hormonais, variando seu aspecto durante o 
ciclo menstrual. No restante do parênquima, o tecido conjuntivo, mais denso e menos celular (tecido 
conjuntivo extralobular), origina-se de septos oriundos de uma faixa de tecido conjuntivo denso 
entre a derme e o estroma mamário. Esses septos dividem o parênquima e estendem-se até a fáscia 
peitoral. Ao redor dos grandes ductos, o tecido conjuntivo é mais celular e possui grande quantidade 
de fibras elásticas. Nessa região, existem também vasos linfáticos periductais. Durante sua migração, 
os brotos epiteliais que crescem no mesênquima para formarem o sistema ductal levam consigo 
parte da camada papilar da derme, formando um envoltório próprio de tecido conjuntivo para 
cada ducto. Os ductos e lóbulos são revestidos internamente por dois tipos de células epiteliais, as 
105
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
luminais e as mioepiteliais. A camada mais interna é formada por células luminais, que são colunares 
e com capacidade de secreção e absorção de fluidos; essas células têm fenótipo epitelial e expressam 
ceratinas (especialmente 7, 8 e 18), α-lactoalbumina, outras proteínas relacionadas com o leite (por 
exemplo, HMFG) e receptores para estrogênio.
A camada externa ou basal é formada por células mioepiteliais, com morfologia variável, podendo ser 
arredondadas ou alongadas; ao microscópio eletrônico, mostram diferenciação miofibrilar, o que pode 
ser comprovado pela positividade para actina à imuno-histoquímica. Essas células também expressam 
ceratinas (5, 14 e 17) e outros marcadores basais, como p63, P-caderina e CD10. As duas camadas de 
células estão apoiadas em uma membrana basal rica em laminina e colágeno tipo IV e, juntamente com 
os fibroblastos que as rodeiam, formam a base dos ductos. Além de células diferenciadas, são identificadas 
também células multipotentes capazes de autorregeneração e longo tempo de vida (células estaminais) 
e células progenitoras. Essas células localizam-se entre o mioepitélio e a camada luminal, podendo estar 
envolvidas na regeneração mamária.
O mamilo ou papila mamária tem estrutura especializada e distinta do restante do parênquima. 
É revestido por epitélio estratificado pavimentoso que se estende até parte do ducto coletor, onde se 
localiza a transição com o epitélio ductal glandular. Extensão do epitélio escamoso até o seio lactífero, ou 
além dele, é condição patológica conhecida como metaplasia escamosa, que se associa a outras doenças 
da mama. Além de grandes ductos, o mamilo contém tecido conjuntivo denso, fibras musculares e 
numerosasglândulas sebáceas que se abrem independentemente dos folículos pilosos.
A aréola é um anel de pele centrado pelo mamilo que contém glândulas sebáceas modificadas que 
se abrem na superfície em pequenas elevações conhecidas como tubérculos de Montgomery. Durante 
a gravidez, tornam-se proeminentes e a aréola aumenta de tamanho e ganha maior pigmentação, 
tornando-se uma modificação permanente. A divisão da glândula mamária em duas grandes porções 
(ductos maiores e UTDL) tem grande importância em patologia, porque algumas lesões afetam 
predominante ou exclusivamente certas regiões. Papiloma, ectasia ductal e abscesso subareolar são 
exemplos de lesões próprias dos grandes ductos, enquanto doença cística, hiperplasias epiteliais e a 
maioria dos carcinomas originam-se na UTDL.
 Saiba mais
O documento indicado a seguir dá mais informações sobre a incidência 
de câncer no Brasil.
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCA). Estimativa 2020: incidência 
de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: Inca, 2019. Disponível em: https://www.
inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//estimativa-
2020-incidencia-de-cancer-no-brasil.pdf. Acesso em: 31 maio 2020.
106
Unidade III
8.1 Coleta e confecção dos esfregaços, análise da citologia normal da mama e 
citopatologia neoplásica da mama
Os resultados citopatológicos de materiais obtidos através de Paaf da mama ou por descarga mamilar são 
descritos de acordo com a probabilidade de malignidade indo até o diagnóstico específico. A reprodutibilidade 
entre observadores é excelente para a categoria positiva para malignidade, pobre para os casos atípicos e bons 
para as demais categorias. Uma amostra de Paaf de mama é considerada satisfatória quando encontramos de 
cinco a seis grupamentos de células bem preservadas e, para um diagnóstico negativo (benigno), é necessário 
que essa amostra seja satisfatória. O médico deve sempre correlacionar o resultado citopatológico com os 
achados clínicos e radiológicos (triplo teste). É importante ressaltar que um resultado citológico negativo não 
é garantia de que o nódulo seja benigno, em especial nos casos em que os achados clínicos e a mamografia 
suspeitam de malignidade. A categoria atípica é utilizada nas amostras com pouca probabilidade para 
malignidade, sendo comum quando se tem uma mistura de achados citológicos de entidades benignas e 
malignas numa mesma amostra. Em geral, a biópsia está indicada. Já a categoria suspeita se aplica aos casos 
em que os achados são provavelmente de malignidade; por exemplo, os casos em que as células atípicas 
são pouco numerosas, mal preservadas, a amostra é hemorrágica ou inflamatória, impedindo o diagnóstico 
definitivo de maligno, ou ainda quando os achados sugerem um câncer de atipias mínimas como o carcinoma 
lobular, tubular ou papilar. A biópsia então se impõe. Diagnósticos positivos para malignidade estão reservados 
para os casos com características inequívocas de malignidade.
Três aspectos no diagnóstico são importantes: a celularidade, os arranjos celulares e o fundo do 
esfregaço (background). Aspirados hipocelulares podem ser encontrados nos casos de fibroadenoma, 
alterações fibrocísticas, necrose gordurosa, alterações secundárias à radiação, gravidez, lactação 
e carcinomas in situ ou invasivos (particularmente os tipos tubulares e lobulares). A celularidade 
moderada é comum na gravidez ou na lactação e nas alterações fibrocísticas. Nos fibroadenomas, 
tumor phyllodes e carcinomas, incluindo os invasivos, a celularidade varia de moderada a acentuada. 
Os arranjos celulares podem ser planos, frouxos, coesos, tridimensionais, ramificados, papilares ou ainda 
constituídos predominantemente por células isoladas. Entre os elementos que podemos encontrar no 
fundo do esfregaço, destacamos células inflamatórias, detritos amorfos, sangue e mucina. As células 
inflamatórias agudas são comuns nas mastites e nos carcinomas necrotizantes; as células inflamatórias 
crônicas nas hiperplasias, nas desordens proliferativas e no carcinoma medular; o sangue pode ser 
um indicativo de papiloma, carcinoma papilar ou outros carcinomas; mucina ou material mixoide nos 
fibroadenomas, carcinoma mucinoso ou mucocele (PINTO; KATZ, 2012).
As características de benignidade descritas por Zakour, Perry e Wells (1999) destacam dois aspectos 
fundamentais para o diagnóstico de benignidade: presença de células ductais coesas e de células 
mioepiteliais. Outro aspecto a ser considerado é a escassa celularidade (embora haja numerosas 
exceções, como fibroadenoma, papiloma, gravidez e mastites). As células são relativamente uniformes 
(nos casos de proliferação epitelial podem apresentar variações), estão coesas formando arranjos em 
lençóis ordenados, é rara a presença de células isoladas e algumas podem exibir sobreposição. O núcleo 
pode variar de tamanho, em geral não é maior que duas vezes o tamanho de uma hemácia. Sua 
forma pode ser redonda ou oval e o contorno nuclear é suave (quando irregular sugere malignidade). 
O núcleo pode ser levemente hipercromático, com a cromatina fina e pequeno nucléolo. O citoplasma 
varia de escasso e delicado a abundante e apócrino. Vacúolos de gordura intracitoplasmática são mais 
107
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
comuns nos carcinomas, mas também são encontrados em casos benignos (a exemplo das alterações 
da lactação). As lesões benignas caracterizam-se por uma grande variedade de tipos celulares, incluindo 
células apócrinas, ductais, espumosas, mioepiteliais e histiócitos.
Entre as características de malignidade descritas por Schmitt e Gobbi (2016), vale destacar os pontos 
descritos a seguir.
As neoplasias malignas são os carcinomas. Dos tumores malignos da mama, os carcinomas são os 
mais importantes. O carcinoma mamário é a neoplasia maligna visceral mais frequente e a principal 
causa de morte por câncer em mulheres. Segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2013), a 
frequência do câncer da mama vem aumentando tanto nos países desenvolvidos quanto naqueles em 
desenvolvimento. No Brasil, o câncer da mama é o mais incidente na população feminina, estimando-se 
cerca de 57.120 novos casos em 2014. No Brasil, na região Sudeste a frequência é de 71,2 casos/100.000, 
enquanto na região Norte é de 21,3 casos/100.000 mulheres. A menor incidência em mulheres na região 
Sudeste pode dever-se à atuação de fatores de risco (menor paridade, idade mais elevada da primeira 
gestação, maior longevidade, hábitos de vida que favorecem obesidade) e maior acesso ao diagnóstico de 
lesões precursoras.
O câncer de mama é a principal causa de óbito por câncer nas mulheres em todo o mundo, com 
cerca de 520 mil mortes estimadas em 2012. É a segunda causa de morte por câncer nos países 
desenvolvidos, atrás somente do câncer do pulmão, e a principal causa de morte por câncer nos países 
em desenvolvimento. Nas últimas décadas, apesar do aumento constante da incidência do carcinoma 
mamário, pela primeira vez demonstrou-se queda na mortalidade. O uso crescente de métodos de 
rastreamento, como a mamografia, tem permitido a detecção de lesões localizadas, de pequeno tamanho 
e até de carcinoma in situ. Além disso, o aumento do conhecimento da biologia do tumor e a introdução 
de novas técnicas terapêuticas têm contribuído para o decréscimo na mortalidade. O aperfeiçoamento 
da mamografia, o uso de cirurgias conservadoras e os progressos alcançados pela genética molecular 
podem ser apontados como alguns avanços significativos da última década. Clinicamente, o carcinoma 
da mama manifesta-se:
• como nódulo palpável, muitas vezes detectado pela própria paciente (por isso mesmo, medidas 
de educação para a saúde, como ensino e treinamento da autopalpação, apesar de pouco eficazes 
como método de rastreamento, ainda devem ser incentivadas, principalmente em países em 
desenvolvimento ou subdesenvolvidos, onde ainda não há programas de rastreamento eficazes, e 
a maioria dos tumores é diagnosticada como lesão palpável e em estádio avançado);
• poranormalidades mamográficas, razão pela qual programas de rastreamento devem ser 
estimulados (em muitos países em que foram implantados, os resultados são promissores);
• como achado incidental histológico em fragmentos de mama retirados por outra razão (doença 
benigna ou mamoplastia);
• pelo encontro de células malignas na investigação de derrames papilares;
• por suas metástases.
108
Unidade III
8.1.1 Carcinoma in situ
Carcinoma in situ é definido como proliferação epitelial maligna restrita aos ductos ou dúctulos 
mamários, distinguindo-se do carcinoma invasor por não ter invasão estromal. Até há pouco tempo, 
o carcinoma ductal in situ (CDIS) constituía somente pequeno número dos carcinomas mamários 
diagnosticados (0,8 a 5%). Graças ao uso da mamografia como método de rastreamento, a frequência do 
carcinoma in situ hoje chega a 25% de todos os cânceres da mama. Algumas alterações mamográficas 
têm alta correlação com carcinoma ductal in situ, como microcalcificações agrupadas e pleomórficas, 
com distribuição segmentar. Outras alterações mamográficas, como densidade assimétrica, lesão 
espiculada do tipo cicatriz radial e presença de nódulo, estão mais associadas a neoplasia invasiva.
Os carcinomas in situ da mama não representam uma entidade única. Além da existência de dois 
tipos distintos, lobular e ductal, diferenças histológicas e de comportamento clínico reforçam a ideia de 
que o carcinoma in situ representa um grupo heterogêneo de lesões. Isso se expressa pelo fato de que 
nem todos evoluem para carcinoma invasor. Além disso, embora em geral as lesões sejam únicas, em 
30% das mastectomias realizadas para ressecção de carcinoma in situ se detectam vários focos, o que 
tem implicações em pacientes submetidas a cirurgia conservadora.
Carcinoma ductal in situ (CDIS)
Com base no padrão arquitetural da neoplasia, a lesão pode ser classificada nos seguintes tipos: 
comedocarcinoma, cribriforme, micropapilar, papilar e sólido. Estudos recentes mostram limitações 
nessa classificação, já que existem pouca definição dos padrões arquiteturais, marcada variação entre 
diferentes observadores, coexistência de vários padrões na mesma lesão e fraca correlação com o 
comportamento biológico.
Somente os tipos comedocarcinoma e micropapilar apresentam relevância clínica, o primeiro por se 
associar mais a focos de invasão e o segundo pela tendência à multicentricidade. Comedocarcinoma 
(ou carcinoma ductal in situ com comedonecrose) refere-se a tumor de alto grau nuclear associado 
à área de necrose extensa que ocupa o interior do ducto. Quando extensa, a comedonecrose pode 
ser visível macroscopicamente como pontos brancos ou amarelados que drenam material necrótico 
quando se faz a compressão do espécime. Esforços para classificar o CDIS em subgrupos levando em 
conta o grau de malignidade têm sido feitos com o objetivo de se obter reprodutibilidade diagnóstica, 
simplificação de tipos e correlação prognóstica. Entre as várias propostas de classificação, a maioria 
considera dois grupos: de alto e de baixo graus histológicos. Embora a classificação em dois grandes 
grupos seja operativa e reprodutível, existe um grupo intermediário no qual a taxa de recidiva após 
cirurgia conservadora é intermediária entre os grupos de alto e baixo grau de malignidade. Além disso, 
são encontradas alterações genéticas distintas em diferentes subgrupos de lesões, bem como evolução 
para diferentes tipos de carcinomas invasores.
A classificação em graus histológicos baseia-se sobretudo no grau nuclear e na presença ou ausência 
de necrose. O grau nuclear é determinado de acordo com o pleomorfismo nuclear, o tamanho do núcleo 
e a presença de nucléolo. O tamanho do núcleo é avaliado pela comparação com os núcleos de ductos 
mamários adjacentes: pequeno (uma a duas vezes), intermediário (três a quatro vezes) e grande (cinco 
109
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
vezes ou mais). Núcleos grau 1 mostram monomorfismo, tamanho pequeno ou intermediário e nucléolo 
pouco evidente; núcleos grau 2 exibem pleomorfismo discreto, tamanho pequeno ou intermediário e, 
quase sempre, um nucléolo evidente; núcleos grau 3 apresentam pleomorfismo acentuado, tamanho 
intermediário ou grande e múltiplos e grandes nucléolos.
A necrose só é considerada quando se visualizam pequenas ou grandes áreas de necrose do tipo 
comedo; necrose de células isoladas não é considerada para a classificação.
O CDIS de baixo grau caracteriza-se por grau nuclear 1 ou 2, ausência de necrose e, frequentemente, 
arquitetura cribriforme; o de grau intermediário possui grau nuclear 1 ou 2, como o de baixo grau, 
mas exibe áreas de necrose; pode apresentar-se sob vários padrões (como cribriforme ou sólido com 
necrose). O CDIS de alto grau mostra necrose e atipias nucleares acentuadas, com grau nuclear 3. 
Além de recidivar com maior frequência, o carcinoma in situ de alto grau tem maior tendência a 
desenvolver focos de invasão do estroma. A classificação histológica guarda boa correlação com 
alguns marcadores biológicos. Aneuploidia e expressão de HER2/neu são mais comuns no grupo 
de alto grau de malignidade, enquanto receptores hormonais (estrógeno e progesterona) são mais 
encontrados em carcinomas de baixo grau.
Carcinoma lobular in situ (CLIS)
Representa de 10% a 30% dos carcinomas in situ e quase sempre se apresenta como lesão não 
palpável encontrada como achado incidental em mulheres na pré-menopausa. O risco de uma mulher 
com CLIS removido cirurgicamente desenvolver carcinoma invasor aumenta cerca de 1% ao ano, 
chegando ao risco relativo de mais de 10 vezes em relação ao da população geral e risco absoluto de 
20% depois de 20 anos. O aumento do risco vale para ambas as mamas, podendo o carcinoma que surge 
ser ductal ou lobular invasor, o que faz com que alguns autores sugiram que o CLIS é mais um marcador 
do que propriamente um precursor do câncer invasivo.
No entanto, o CLIS apresenta alterações morfológicas e genéticas (perda de expressão de E-caderina 
e perda de heterozigosidade em 16q) semelhantes às encontradas no carcinoma lobular invasor. 
Histologicamente, o CLIS é multicêntrico e acomete unidades lobulares, nas quais todos os dúctulos 
estão distendidos e preenchidos por células pouco coesas e com baixo grau nuclear. As células são 
pequenas, redondas ou poligonais e com citoplasma bem delimitado, às vezes com aspecto em anel de 
sinete. Mitoses são raras. O CLIS tem tendência a estender-se de forma pagetoide aos ductos maiores.
8.1.2 Carcinoma invasor
Trata-se de carcinoma que infiltra o estroma, independentemente da coexistência de componente 
in situ. Como os carcinomas in situ, também os invasores são divididos em dois grandes grupos: ductais 
e lobulares. Ao lado disso, alguns subtipos (carcinomas tubulares, medulares, mucinosos) e algumas 
formas especiais de apresentação (doença de Paget, carcinoma inflamatório) têm grande interesse 
prático devido ao seu prognóstico distinto.
110
Unidade III
8.1.3 Carcinoma ductal
O carcinoma ductal invasor (sem outra especificação, SOE), que é o tipo mais frequente de câncer 
da mama, representa um grupo heterogêneo de lesões que se caracterizam pela ausência de achados 
morfológicos que permitam enquadrá-las em um dos subtipos especiais. O carcinoma ductal tem 
comportamento mais agressivo do que a maioria dos tipos especiais, com sobrevida de cinco anos em 
60% das pacientes. Estudos genéticos confirmam aquilo que os patologistas já reconheciam há muitos 
anos, ou seja, que este grupo de tumores é muito heterogêneo e engloba lesões muito distintas. Entre 
os carcinomas ductais, pode-se encontrar todos os subtipos classificados de acordo com o padrão de 
expressão gênica (luminais, HER2/neu, basais e outros).
Descarga mamilar, descrita por Pinto e Katz (2012), quando espontânea e não relacionada à lactação 
ou a gravidez, é um achado anormal. Pode ser decorrente de uma lesão da mama como papiloma ou 
carcinoma, ou de uma alteração hormonal como no adenoma hipofisário.O exame da descarga mamilar 
pode ser realizado quando a paciente não apresenta lesões palpáveis ou anormalidades na mamografia 
sendo útil no diagnóstico de pequenos carcinomas de mama e nos papilomas. Os achados citomorfológicos 
de secreções benignas mamilares são: esfregaços pouco celulares, presença de células ductais, espumosas, 
inflamatórias e hemácias. Quando a secreção apresenta numerosos agrupamentos papilares de células 
ductais benignas aumentadas de volume é provável que estejamos diante de um papiloma ou de uma 
hiperplasia intraductal. Fazem parte dos achados de malignidade os grupamentos de células ductais 
pleomórficas, células malignas isoladas, núcleos desnudos nucléolos, sangue e restos necróticos.
 Lembrete
Reconhecidamente, a avaliação citológica apresenta uma série de 
vantagens quando comparada a outros métodos diagnósticos como, por 
exemplo, a biópsia. É um procedimento com menor grau de invasão, dispensa o 
uso de anestesia na maioria das vezes, possui menores taxas de complicações, 
durante e após a coleta, e fornece resultados rápidos e de baixo custo.
8.2 Citopatologia do trato urinário: anatomia e histologia do trato urinário
As primeiras ilustrações detalhadas do trato urinário foram elaboradas por Leonardo da Vinci, no 
século XVI, a partir do estudo de cadáveres dissecados. No século seguinte, utilizando microscópio de 
luz desenvolvido por Galileo Galilei, Marcello Malpighi descreveu os corpúsculos renais, ou de Malpighi 
(glomérulos). Mais recentemente, importantes avanços tecnológicos disponibilizaram melhores e mais 
potentes microscópios, reagentes imuno-histoquímicos mais específicos e técnicas de estudo molecular 
mais avançadas, que permitem a exploração de novos aspectos da estrutura do parênquima renal e 
maior conhecimento da sua função.
O rim humano adulto pesa em torno de 150 g (0,5% do peso corporal). Ao corte, apresenta a região 
cortical, que mede 1,0 a 1,5 cm de espessura, e a região medular. A primeira prolonga-se entre as 
pirâmides renais, que constituem a medular, dando origem às colunas renais. As pirâmides e a cortical 
111
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
que as envolvem constituem os lobos renais; os lóbulos são subunidades da cortical cujo centro é 
ocupado por estriações indistintas, os raios medulares, formados por túbulos e grupos de glomérulos. 
O ápice das pirâmides constitui as papilas, que se abrem em 12 cálices menores; estes correspondem a 
subdivisões de dois ou três cálices maiores, que nascem de ampla dilatação do ureter, a pelve renal.
O rim é constituído por unidades funcionais, os néfrons, cujo número varia entre 1 e 2 milhões. O 
néfron compreende o glomérulo, que produz o ultrafiltrado do plasma, e os túbulos (túbulo contorcido 
proximal, alça de Henle e túbulo contorcido distal), que modificam o filtrado glomerular para produzir 
urina. O néfron abre-se no sistema dos túbulos coletores. O glomérulo é formado pela cápsula de Bowman, 
por um novelo de 20 a 40 alças anastomosadas de capilares fenestrados e pelo mesângio. As alças capilares 
enoveladas aumentam enormemente a superfície de filtração (equivalente a cerca de 13 km de extensão).
Há dois polos: o urinário, que se continua com o túbulo proximal, e o vascular, através do qual entra a 
arteríola aferente e sai a eferente. No polo urinário, o epitélio da cápsula de Bowman se continua com o 
epitélio do túbulo proximal. No polo vascular, o revestimento epitelial da cápsula se dobra e se continua 
com o epitélio que envolve as alças capilares, formando o folheto visceral. O espaço entre os dois folhetos 
constitui o espaço subcapsular ou de Bowman. Com numerosas mitocôndrias e orla em escova, rica em 
microvilosidades, além de interdigitações celulares que aumentam muito a superfície de reabsorção.
A reabsorção tubular corresponde a dois terços do filtrado glomerular e se faz por mecanismos especiais 
e/ou de transporte ativo. Por meio dela, a concentração de sódio na urina é igual à do plasma e a de 
bicarbonato, a cerca de 10%; a urina praticamente não contém glicose ou aminoácidos. O paratormônio 
aumenta a absorção de cálcio e magnésio e inibe a absorção de fosfato e bicarbonato, participando também 
no metabolismo da vitamina D. A alça de Henle tem forma de U, com uma parte descendente e delgada e 
outra ascendente e larga. A porção descendente é revestida por epitélio achatado com pequeno número 
de vilosidades e invaginações basais. A porção ascendente tem diâmetro semelhante ao do túbulo proximal 
e fica recoberta por epitélio cúbico com poucas vilosidades; na parte basal, há muitas mitocôndrias e 
numerosas invaginações tubulares da membrana celular. A atividade enzimática é intensa.
A alça de Henle situa-se muito próximo dos capilares intertubulares, relacionando-se com a função 
de concentração da urina. Na porção descendente, a água passa livremente para o interstício medular 
hipertônico, enquanto na ascendente ocorre a absorção de 25% do Na+ filtrado; com isso, o fluido 
resultante tem volume igual a 10% do filtrado, com diluição máxima. O túbulo distal tem 4,6 a 5,2 mm 
de comprimento, é tortuoso como o proximal e desemboca no sistema de túbulos coletores. É revestido 
por células cúbicas com poucas microvilosidades, muitas invaginações tortuosas e profundas na parte 
basal e numerosas mitocôndrias. Nele, o Na+ é absorvido sob ação da aldosterona e ocorre a excreção 
de K+, amônia e prótons.
A junção da alça de Henle com o túbulo distal encosta-se na arteríola aferente, onde esta penetra no 
glomérulo. Nessa região, algumas células tubulares adquirem morfologia distinta (citoplasma compacto e 
granular, corável intensamente), formando massa de 40 a 70 μm chamada mácula densa. Nesse local, as 
células musculares da camada média da arteríola aferente tornam-se epitelioides e adquirem numerosas 
granulações, constituindo as células justaglomerulares, responsáveis pela secreção de renina. O conjunto 
de mácula densa, células justaglomerulares e células não granuladas formas o aparelho justaglomerular.
112
Unidade III
Os túbulos coletores constituem a primeira via de excreção da urina. Possuem luz ampla, que aumenta 
progressivamente até os ductos papilares (100 a 200 μm de diâmetro), os quais se abrem no ápice das 
papilas. São revestidos por epitélio cúbico com citoplasma claro e poucas microvilosidades. No sistema 
coletor ocorre a regulação da osmolaridade urinária, com participação do hormônio antidiurético 
(MALHEIROS et al., 2016).
8.2.1 Coleta e confecção dos esfregaços
Urina
Com esse espécime é possível detectar lesões pré-cancerosas e patologias da pelve renal, bexiga, 
ureter e uretra. Antes da coleta o paciente deve esvaziar a bexiga (a primeira urina da manhã não é 
adequada para o exame) e fazer uma hidratação bebendo um copo de água a cada 30 minutos, durante 
o perído de uma hora e meia a duas horas. Colher a próxima urina espontânea da manhã diretamente 
no recipiente coletor, de preferência no laboratório que irá processar o material, após asseio da genitália 
com água e sabão. Para promover a mobilização de urina no interior da bexiga e facilitar a descamação 
celular, alguns autores aconselham 15 minutos de exercícios físicos (correr, pular) antes da coleta. 
Volumes entre 25 e 100 ml de urina espontânea ou cateterizada são suficientes e o processamento 
deve ser imediato ou realizado em até seis horas após a coleta. Durante esse período, manter a urina 
refrigerada ou preservada em etanol a 50% (em partes iguais) ou a 70% (na proporção de duas partes 
de urina para uma de álcool) (PINTO; KATZ, 2012).
As doenças renais têm elevada morbidade, representando alto custo socioeconômico. Como em 
outras áreas do conhecimento, há interesse crescente no aperfeiçoamento dos métodos diagnósticos 
que possibilitem a identificação mais precoce das doenças e contribuam para aumentar o conhecimento 
dos mecanismos patogenéticos envolvidos, possibilitando a introdução de medidas terapêuticas mais 
eficientes. Os avanços diagnósticose terapêuticos alcançados nos últimos anos permitiram maior 
sobrevida para muitos pacientes com nefropatias. A biópsia renal, com a incorporação de novas técnicas 
imuno-histoquímicas e moleculares, além da análise convencional, continua sendo o padrão-ouro do 
diagnóstico de grande parte das nefropatias (MALHEIROS et al., 2016).
 Saiba mais
Conheça mais sobre a coleta de citologia urinária no seguinte site:
GONZAGA, L. H. Citologia urinária: técnicas de coleta, preparo e análise. 
Portal Educação, São Paulo, [s.d.]. Disponível em: https://siteantigo.
portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/medicina/citologia-urinaria-
tecnicas-de-coleta-preparo-e-analise/59061. Acesso em: 31 maio 2020.
113
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
8.2.2 Análise da citologia normal do trato urinário e citopatologia neoplásica do 
trato urinário
Neoplasias benignas ou de potencial biológico indeterminado
Tumores benignos do rim são frequentes, mas em geral de escassa importância clínica, exceto no 
diagnóstico diferencial com os malignos; a maioria constitui achado acidental de autópsia.
Adenoma papilar (adenoma da cortical) corresponde a um tumor pequeno, medindo em geral 
0,1 a 0,5 cm, assintomático e de achado acidental. É frequente, sendo encontrado em mais de 10% 
dos indivíduos com menos de 40 anos e em cerca de 40% daqueles com mais de 70 anos. Ocorre 
particularmente em rins contraídos e, de modo especial, em indivíduos submetidos a diálise por longo 
período. Para muitos, o adenoma deve ser considerado em conjunto com o carcinoma de células renais, 
dada a ausência de critérios seguros de benignidade ou malignidade. O tamanho do tumor é um 
parâmetro para essa distinção: considera-se adenoma o tumor com arquitetura papilar, de baixo grau, 
com menos de 0,5 cm de diâmetro. No entanto, tumores com mais de 0,5 cm de diâmetro podem ter 
comportamento benigno.
Oncocitoma é tumor raro, incide principalmente em indivíduos com 50 a 80 anos de idade e 
possivelmente origina-se de células intercaladas dos túbulos coletores. A neoplasia predomina no gênero 
masculino (3:1) e corresponde a 3 a 5% dos tumores renais. Em geral, é maior do que o adenoma (pode 
medir de 2 a 12 cm de diâmetro). O tumor é globoso ou ovoide, de coloração marrom, frequentemente 
com cicatriz central cinzenta (achado visto em exames de imagem que sugere o diagnóstico pré-
operatório), podendo apresentar focos de hemorragia, cistos ou cápsula. Raramente é bilateral ou 
múltiplo. O tumor é formado por células acidófilas e com citoplasma granular (oncócitos), sendo os 
grânulos representados por grande número de mitocôndrias. As células dispõem-se em massas sólidas 
na periferia e frouxas no centro. O oncocitoma, em geral, é assintomático e de descoberta acidental. 
Algumas vezes, manifesta-se com hematúria macroscópica, com ou sem dor no flanco e massa palpável.
O angiomiolipoma (0,7 a 2% dos tumores renais) associa-se a esclerose tuberosa em cerca de 50% 
dos pacientes, nos quais é mais comum em mulheres (4:1), entre 25 e 35 anos. Casos esporádicos incidem 
igualmente em ambos os gêneros, sendo mais encontrados entre 40 e 55 anos. O tumor forma nódulos 
únicos ou múltiplos, quase sempre menores que 1 cm, quando capsulares, e com 3 a 20 cm, quando 
intrarrenais. Os nódulos são amarelados e lobulados, com hemorragia frequente (o que pode levar a 
dor no flanco, sintoma mais relacionado ao tumor). Apesar da provável origem em células epitelioides 
perivasculares, a neoplasia é constituída por tecido adiposo, vasos sanguíneos e células musculares lisas.
Neoplasias malignas
O carcinoma de células renais (CCR) constitui 1% a 3% das neoplasias malignas humanas (excluindo-se 
as da pele) e 75 a 80% das neoplasias malignas renais em adultos. O tumor predomina no gênero 
masculino (2 a 3:1) e em alguns países é mais comum em pessoas de cor negra. Muito raro antes dos 
20 anos, é mais prevalente entre 50 e 70 anos, com pico na sexta década. O tumor pode ser esporádico 
114
Unidade III
ou ter caráter familial. Na pelve renal as neoplasias representam de 5% a 10% dos tumores renais, são 
mais comuns em homens (4:1) e têm grande semelhança histogenética e biológica com os tumores 
da bexiga. Com frequência, há repercussões renais, seja por infiltração, seja por obstrução urinária e 
suas consequências (pielonefrite, calculose e hidronefrose). Em cerca de 40% dos casos, as neoplasias 
uroteliais são múltiplas na pelve, no ureter e na bexiga, especialmente nesta; além disso, nesses casos 
são comuns áreas de atipia ou de carcinoma in situ em vários locais do trato urinário.
Histologicamente, as neoplasias uroteliais da pelve renal podem ser benignas (papiloma) ou malignas 
(carcinoma urotelial ou de células transicionais). O carcinoma urotelial infiltra-se precocemente na 
parede da pelve, nos cálices, nas veias e nos linfáticos. Metástases a distância são relativamente tardias. 
Tumores menos comuns são o carcinoma de células escamosas e o raro adenocarcinoma (MALHEIROS 
et al., 2016).
 Resumo
A alta incidência de câncer nas diversas áreas estudadas nos mostra 
a importância da citopatologia diagnóstica. Devemos ressaltar que 
citopatologia de mama não é um exame padrão ouro para diagnóstico de 
câncer de mama, mas poderá auxiliar no diagnóstico de inflamações como 
mastite entre outras.
Células da mama: o lóbulo e os grandes ductos são compostos por dois 
tipos de células: epiteliais e mioepiteliais. O epitélio, que é composto de uma 
ou duas células na sua espessura, tem funções secretoras e de absorção. 
As células mioepiteliais que circundam os ductos são contráteis e ao se 
contraírem movem o produto da secreção (o leite) através do sistema ductal.
Células ductais: células epiteliais ductais benignas são usualmente 
vistas em aspirados da mama como células pequenas e altamente coesas. 
São vistas em arranjos bidimensionais planos, mas podem apresentar leve 
sobreposição refletindo uma hiperplasia benigna.
Células mioepiteliais: a presença de células mioepiteliais ou de núcleos 
desnudos bipolares é indicativa de benignidade. Esses são ovais ou 
alongados, escuros, suaves e desprovidos de citoplasma.
Células espumosas/células apócrinas: representam metaplasia das 
células do epitélio lobular. São frequentemente encontradas em aspirados 
benignos tais como: doença fibrocística, fibroadenomas e cistos. Elas se 
apresentam de forma coesa, regular, plana, porém diferentemente das 
células ductais, essas células podem se apresentar tanto isoladamente 
como em grupos papilares.
115
CITOPATOLOGIA E CITOLOGIA CLÍNICA
Os carcinomas da mama podem ser classificados segundo alguns 
parâmertro. Quanto à localização e à extensão, os carcinomas são 
classificados em in situ e invasor, que, inicialmente, foram divididos em 
ductal ou lobular, pois pensava-se que tinham origens distintas. Além da 
morfologia clássica, os carcinomas da mama, especialmente os invasores, 
são agrupados de acordo com o perfil de expressão gênica e alterações 
genômicas em grandessubgrupos: (1) tumores luminais; (2) tumores 
HER2/neu; (3) tumores com fenótipo basal.
Já a citopatologia urinária é mais utilizada para diagnóstico de câncer 
no sistema urinário, onde as células descamadas podem se apresentar na 
amostra citológica. O rim é órgão de alta complexidade que exerce papel 
essencial na homeostase do organismo. Sua atuação principal é no papel 
de filtro incansável, processando em média 1.700 L de sangue para eliminar 
escórias metabólicas e toxinas por meio da produção de cerca de 1 a 2 L 
de urina a cada dia. Outras funções incluem manutenção do pH sanguíneo, 
regulação do balanço hidroeletrolítico e controle da pressão arterial. Além 
dessas, exerce ainda papel endócrino, por meio da síntese de hormônios 
e de substâncias vasoativas, como eritopoetina, renina, prostaglandinas e 
cininas. Para desempenhar tantas funções, o rim conta com uma estrutura 
altamente especializada.
As doenças renais têm elevada morbidade, representando alto custo 
socioeconômico.

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