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Comunidade_ uma comunhão amorosa

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HOOKS, Bell. Comunidade: uma comunhão amorosa. In: __________. Tudo
sobre o amor: Novas perspectivas. trad. BORGES, Stephanie. São Paulo: Elefante,
2021.
Comunidades alimentam a vida, não as famílias nucleares nem o “casal”, e
tampouco a dureza individualista. Não há lugar melhor para aprender a arte do amor
que numa comunidade.
As famílias nucleares são uma pequena unidade no interior de uma unidade maior
formada pela família estendida. Mas o capitalismo e o patriarcado, têm estimulado o
afastamento das famílias nucleares da família estendida, substituindo a comunidade
da família por uma unidade autocrática menor e mais privada ajudou a aumentar a
alienação e a possibilidade de abusos de poder, as mulheres são obrigadas a se
tornar mais dependentes de um homem, e as crianças, mais dependentes de uma
única mulher.
Hooks esclarece que não exista na dinâmica das famílias estendidas
disfuncionalidades, mas em virtude de seu tamanho e da inclusão de parentes sem
laços consanguíneos, elas são diversas e têm mais chances de incluir a presença de
alguns indivíduos sãos e amorosos. Sobreviver e triunfar diante de famílias
disfuncionais por vezes depende da presença do que a psicanalista Alice Miller
chama de “testemunhas iluminadas”.
A familiar nuclear patriarcal e privada é uma forma de organização social
relativamente recente. A maioria dos cidadãos do mundo não tem e nunca terá os
recursos materiais para viver em pequenas unidades separadas de comunidades
familiares maiores.
A família estendida é um bom lugar para aprender o poder da comunidade. Contudo,
ela só pode se tornar uma comunidade se houver comunicação honesta entre seus
indivíduos. Famílias estendidas e disfuncionais, assim como as unidades menores
das famílias nucleares, costumam ser caracterizadas por terem uma comunicação
turva.
Outro lugar onde as crianças, em particular, têm oportunidade de construir uma
comunidade e conhecer o amor é na amizade. Uma vez que escolhemos nossos
amigos, muitos de nós, da infância à vida adulta, temos nos voltado para eles em
busca de carinho, respeito, conhecimento e do empenho geral para promover o
nosso crescimento que não encontramos na família.
Amizades amorosas nos dão espaço para experimentarmos a alegria da
comunidade num relacionamento em que aprendemos a processar todos os nossos
problemas, a lidar com diferenças e conflitos enquanto nos mantemos vinculados.
Por isso, aprender a amar em amizades nos fortalece de formas que nos permitem
levar esse amor para outras interações com a família ou com laços românticos, mas
é comum não darmos o devido valor às amizades, mesmo quando elas são
interações nas quais experimentamos prazer mútuo, colocando numa posição
secundária, especialmente em relação a laços românticos.
Há muito mais chances de relacionamentos românticos se tornarem codependentes
quando cortamos todos os nossos laços com amigos para dar atenção exclusiva a
essas relações que consideramos primárias. Quanto mais verdadeiros nossos
amores românticos, menos nos sentimos compelidos a enfraquecer ou cortar laços
com amigos para fortalecer os vínculos com nossos parceiros. A confiança é a
pulsação do amor verdadeiro. E nós confiamos que a atenção que nossos parceiros
dão aos amigos e vice-versa não tira nada de nós. O que aprendemos com a
experiência é que nossa capacidade de estabelecer conexões de amizade
profundas fortalece todos os nossos laços íntimos.
Quando vemos o amor como o desejo de alimentar o próprio crescimento espiritual
ou o de alguém, demonstrado por gestos de carinho, respeito, conhecimento e
tomada de responsabilidade, a base de todo o amor em nossa vida é a mesma. Não
há amor especial reservado exclusivamente para parceiros românticos. O amor
verdadeiro é a base de nosso envolvimento com nós mesmos, com a família, com os
amigos, com companheiros, com todos que escolhemos amar.
O perdão é um ato de generosidade, que exige que coloquemos a libertação de
outra pessoa da prisão de sua própria culpa ou angústia acima de nossos
sentimentos de ofensa ou raiva, é um gesto de respeito, importante para viver em
comunidade, esta não significa que não exista conflitos, traições, ações positivas
com resultados negativos ou coisas ruins acontecendo com pessoas boas, mas o
amor permite enfrentar essas realidades negativas de uma forma que afirma e eleva
a vida.
Quando somos capazes de ficar sozinhos, podemos estar com os outros sem
usá-los como válvula de escape, se “sentar” quieto, parado, pode ser o primeiro
passo para conhecer o conforto de estar sozinho. O movimento que parte do estar
só para a comunidade aumenta a nossa capacidade de companheirismo. Por meio
do companheirismo, aprendemos como servir uns aos outros.
O pensamento machista com frequência obscurece o fato de muitas mulheres fazem
a escolha de servir, que elas se doam a partir de um lugar de livre-arbítrio, não
porque seja seu destino biológico. Quando alguém pensa que uma mulher que serve
“se doa porque é isso que as mulheres fazem”, nega sua humanidade completa e
desconsiderando a generosidade em seus atos.
Nenhuma de nós pode ter tudo do jeito como queremos o tempo todo. Abrir mão de
alguma coisa é uma maneira de sustentar um compromisso com o bem-estar
coletivo. Nossa disposição de fazer sacrifícios reflete nossa consciência da
interdependência.
Apreciar os benefícios de viver e amar em comunidade nos empodera para lidar com
estranhos sem ter medo, e lhes estender o dom da abertura e do reconhecimento.
“Ser bondosos e gentis nos conecta uns aos outros”, que pode ser um sorriso, um
cumprimento caloroso, um pouco de conversa, fazendo um ato de bondade ou
reconhecendo a gentileza que nos é oferecida. Podemos trabalhar diariamente para
tornar nossas famílias comunidades mais amplas, pois ao curarmos feridas
familiares, fortalecemos a comunidade, engajando uma prática amorosa.

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