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IV. Sucessão Ecológica e Biomas A natureza viva não é imune à destruição, mas é capaz de superar desastres. A colonização de um ambiente por novas comunidades biológicas denomina-se sucessão ecológica; no início, o ambiente em processo de colonização pode ser totalmente desprovido de vida ou ter sido parcialmente destruído por catástrofes naturais ou antrópicas. No decorrer do processo de sucessão, as espécies que compõem a comunidade biológica se alteram gradualmente, de forma ordenada e progressiva. Quando a sucessão se passa em ambientes inicialmente desprovidos de vida, onde as condições de clima e de solo são pouco favoráveis ao estabelecimento de seres vivos, como superfícies de lavas vulcânicas recém- solidificadas, de rochas, dunas etc., fala-se em sucessão primária. É o caso da recolonização da ilha de Rakata, na Indonésia. Apesar das condições iniciais altamente desfavoráveis, certas espécies de organismos – as espécies pioneiras – conseguem se instalar nesses lugares inóspitos e abrir caminho para a chegada de outras espécies. Dunas, por exemplo, são geralmente colonizadas por certas espécies de gramínea, cujas sementes são trazidas pelo vento. Essas plantas conseguem suportar o calor, a escassez de água e o solo pouco estável e dão início à colonização. Os liquens também são importantes na colonização de locais inicialmente desfavoráveis à existência de seres vivos, como a superfície de rochas. Quando a sucessão ocorre em locais parcialmente destruídos, mas anteriormente ocupados por comunidades biológicas, fala-se em sucessão secundária. Nesse caso, as mudanças geralmente são mais rápidas, pois as condições iniciais costumam ser mais favoráveis ao estabelecimento de seres vivos do que na sucessão primária. Exemplos de sucessão secundária são a recolonização de campos de cultivo abandonados, de regiões desflorestadas, de áreas destruídas por queimadas ou de lagos recém-formados. À medida que é colonizado pelas espécies pioneiras, o ambiente gradualmente se modifica. As variações na temperatura do solo tornam-se menos bruscas e o grau de umidade aumenta. Material orgânico resultante da decomposição dos cadáveres das espécies pioneiras acumula-se no solo, disponibilizando nutrientes e aumentando a capacidade de reter água. . Com as novas condições criadas pelas espécies pioneiras, outras plantas e animais podem se estabelecer no local. As espécies recém-chegadas competem com as pioneiras e, pouco a pouco, tomam o lugar delas. As sucessivas gerações de plantas e animais que nascem, crescem, morrem e se decompõem tornam o solo cada vez mais rico em matéria orgânica e umidade. Um local antes desabitado passa a abrigar uma comunidade biológica. A complexidade da comunidade depende de alguns fatores, como o tempo que se passou desde o início da colonização, as condições climáticas locais e as espécies colonizadoras. O processo de sucessão leva ao estabelecimento de uma comunidade biológica relativamente estável e bem adaptada às condições locais. A estabilidade é garantida pela ampla rede de interações construídas durante a sucessão de comunidades. A comunidade do estágio final de sucessão, em que a biodiversidade, a biomassa e as condições microclimáticas tendem a se estabilizar ao longo do tempo, é denominada comunidade clímax. A comunidade intermediária em um processo de sucessão ecológica é chamada sere ou estágio seral da sucessão. Sucessão Primária Sucessão Secundária Biomas Pode-se definir bioma como uma área geográfica onde se desenvolve um ecossistema relativamente uniforme, caracterizado pelo clima, pelo solo e pela fisionomia de sua vegetação. Regiões da Terra com latitudes coincidentes, em que prevalecem condições climáticas parecidas, geralmente têm formações vegetais com aparência semelhante, apresentando o mesmo tipo de bioma. Por exemplo, o bioma denominado floresta tropical predomina na faixa equatorial do planeta, tanto na América do Sul quanto na África, no sudeste da Ásia e na Oceania, embora em cada um desses locais haja espécies vegetais (e animais) distintas. Outro exemplo, o cerrado brasileiro, é um tipo de savana, bioma presente em latitudes coincidentes da América do Sul, da África e da Austrália. Tundra As tundras situam-se nas regiões próximas ao Polo Ártico, no norte do Canadá, da Europa e da Ásia. Nesses locais, a neve cobre o solo durante quase todo o ano, exceto nos três meses de verão, quando a temperatura chega, no máximo, a 10 C. Nessa estação, uma fina camada superficial do solo se descongela; poucos centímetros abaixo da superfície, porém, o solo permanece congelado, o que impede a drenagem da água do degelo e leva à formação de áreas pantanosas. Embora não falte água no solo da tundra, as plantas não conseguem absorvê-la eficientemente devido à baixa temperatura. Desse modo, apesar de se encontrarem em solo encharcado, os vegetais sofrem falta de água, fenômeno que os biólogos denominam “seca fisiológica”. Na tundra situada mais ao norte, a flora é constituída basicamente por musgos e liquens; mais ao sul, onde a temperatura média é mais elevada, há também gramíneas e pequenos arbustos. Com relação à fauna de mamíferos, na tundra vivem a rena e o boi-almiscarado, entre outros. A pelagem densa desses animais os protege do frio, e eles conseguem sobreviver comendo apenas liquens, que procuram revolvendo a neve com os cascos. As aves da tundra, em sua maioria aves aquáticas pernaltas, migram para regiões mais quentes durante os meses de inverno. Há ainda algumas espécies de inseto, que hibernam durante o inverno e entram em atividade logo que o degelo se inicia. Taiga As taigas situam-se principalmente no Hemisfério Norte, ao sul das tundras. O clima é frio, com invernos quase tão rigorosos quanto os da tundra, embora o período quente seja um pouco mais longo e ameno. A taiga é também chamada floresta de coníferas, por ser constituída basicamente por árvores desse grupo de gimnospermas, como pinheiros e abetos. As coníferas têm folhas estreitas e afiladas (folhas aciculadas), adaptadas para resistir às baixas temperaturas. Na taiga também estão presentes musgos e liquens. A fauna de mamíferos da taiga é composta de alces, ursos, lobos, raposas, visons, martas e esquilos, entre outros. A maioria das aves da taiga migra para o sul no inverno. Floresta temperada As florestas temperadas são bem desenvolvidas na América do Norte e na Europa, ocorrendo também na Rússia, na China, no Japão e na Austrália. Trata-se de um bioma típico de regiões de clima temperado, em que as quatro estações do ano são bem definidas. Na floresta temperada predominam árvores que perdem as folhas no fim do outono e as readquirem na primavera, sendo por isso chamadas plantas decíduas. A perda das folhas constitui uma adaptação ao inverno rigoroso, pois possibilita que a planta reduza sua atividade metabólica e suporte as baixas temperaturas. Na Europa, as árvores mais típicas da floresta temperada são os carvalhos e as faias. Na América do Norte, predominam os bordos e algumas espécies de carvalhos e faias. Além dessas árvores, tanto na Europa quanto na América do Norte, há arbustos, plantas herbáceas e musgos. Com relação à fauna de mamíferos, a floresta temperada é o hábitat de muitas espécies: javali, veado, raposa e doninha, além de espécies arborícolas de esquilo e arganaz (pequenos roedores que lembram esquilos). Há também vários tipos de pássaros e corujas e dezenas de espécies de inseto. Floresta tropical As florestas tropicais, também chamadas florestas pluviais tropicais, ocorrem na faixa equatorial da Terra, em regiões de clima quente, com alto índice de chuvas e com estações do ano menos definidasque as das regiões temperadas. Há florestas pluviais tropicais no norte da América do Sul (Bacia Amazônica), na América Central, na África, na Oceania e na Ásia. A vegetação da floresta tropical é exuberante, com árvores de grande porte e folhas perenifólias, que perduram ao longo das estações do ano. As folhas de muitas espécies são largas e delicadas, sendo por isso denominadas latifoliadas. As copas das árvores mais altas formam um “teto” ou “dossel” de vegetação, sob o qual existe um “andar” inferior, constituído pelas copas de árvores mais baixas. Em áreas da floresta pode haver andares gradativamente inferiores, até chegar ao nível dos arbustos e das plantas rasteiras. Essa estrutura em camadas, ou estratificação, origina diversos microclimas em cada nível, com diferentes graus de luminosidade e umidade. Os troncos das árvores são ocupados por muitas plantas epífitas, como bromélias e samambaias, que disputam por melhores condições de luminosidade. Nas florestas tropicais, a reciclagem da matéria orgânica é rápida: cadáveres de plantas e de animais, fezes e folhas que caem são rapidamente decompostos e seus elementos químicos são reciclados. Forma-se, no solo, uma camada fértil de cor escura – o húmus –, resultante da decomposição da matéria orgânica. A derrubada de uma floresta leva ao rápido empobrecimento do solo em nutrientes; isso ocorre porque, sem a cobertura vegetal e a constante reciclagem de elementos químicos, os nutrientes minerais do solo são carregados pelas chuvas, processo denominado lixiviação. A grande quantidade de ambientes internos nas florestas tropicais possibilita a existência de fauna rica e variada. As árvores são habitadas por muitos animais vertebrados, como mamíferos (macacos e esquilos), répteis (serpentes e lagartos) e anfíbios (sapos e pererecas). No solo também há anfíbios, répteis, mamíferos herbívoros (veados, antas etc.) e mamíferos carnívoros (onças, gatos-do-mato etc.), além de inúmeros invertebrados, principalmente insetos (mosquitos, besouros, formigas etc.). Savana As savanas caracterizam-se pela presença de arbustos e árvores de pequeno porte, além de gramíneas. São encontradas na África, na Ásia, na Europa, na Austrália e nas Américas. Na savana africana, por exemplo, a fauna compõe-se de herbívoros de grande porte (antílopes, zebras, girafas, elefantes e rinocerontes) e de grandes carnívoros (leões, leopardos, guepardos, hienas etc.). Há diversas espécies de pássaros, gaviões e aves corredoras, entre elas o avestruz. No Brasil, um tipo de savana é o cerrado, que será estudado mais adiante. Pradaria As pradarias, ou campos, apresentam vegetação constituída predominantemente por gramíneas. Esse bioma é encontrado em regiões marcadas por períodos de seca, como certas áreas da América do Norte e da América do Sul. Os pampas, que ocorrem no sul do Brasil e que serão tratados adiante, são um tipo de pradaria. A fauna da pradaria é constituída por roedores (pequenos mamíferos como hamsters e marmotas) e carnívoros (lobos, coiotes e raposas). Também são abundantes os insetos. Deserto Os desertos localizam-se em regiões de pouca umidade. A vegetação desse bioma, constituída por gramíneas e pequenos arbustos, é rala e espaçada, presente apenas em locais mais úmidos, como fendas no solo ou debaixo de rochas. As maiores regiões desérticas do globo situam-se na África (deserto do Saara) e na Ásia (deserto de Gobi). A fauna predominante no deserto é composta principalmente de animais roedores (ratos- - cangurus e marmotas), répteis (serpentes e lagartos) e insetos. Animais e plantas do deserto apresentam adaptações marcantes à escassez de água. Nos cactos, por exemplo, as folhas são modificadas em espinhos, adaptação que reduz a área da planta que perde água por transpiração. Muitos animais do deserto também exibem adaptações marcantes, como o comportamento de sair das tocas somente à noite ou passar a vida inteira sem beber água, extraindo-a exclusivamente do alimento quase seco que ingerem. Domínios Morfoclimáticos e Biomas do Brasil Considerando características climáticas, botânicas, hidrológicas, fitogeográficas e edáficas (relativas ao solo), o geógrafo brasileiro Aziz Ab’Sáber considerou a existência de seis grandes domínios morfoclimáticos em nosso país. Cada um desses domínios é caracterizado por um bioma típico, podendo apresentar outros tipos de bioma em áreas específicas. • Domínio Amazônico, no qual encontramos o bioma de floresta tropical de terra firme, um dos mais típicos, bem como os biomas de floresta de igapó inundável e das caatingas do Rio Negro, entre outros. • Domínio dos Mares de Morros (ou Domínio Atlântico), cujo bioma mais típico é a floresta pluvial costeira; nesse domínio também estão incluídos os biomas de restinga e os manguezais; • Domínio dos Cerrados, em que predomina uma vegetação típica conhecida como cerrado; • Domínio das Caatingas, em que predomina um bioma de savana semiárido, incluindo também os carnaubais; • Domínio das Araucárias, em que predominam as florestas de araucária; • Domínio das Pradarias, em que predominam os campos sulinos. Além desses seis domínios, há áreas de transição, que abrigam biomas com características intermediárias ou que não se enquadram em nenhum dos seis domínios. Esse é o caso do Pantanal Mato-Grossense, uma região de transição, constituída por um conjunto de diferentes biomas, entre os quais se destacam vastas planícies inundáveis. Outros exemplos de biomas localizados em áreas de transição são as matas de cocais e os manguezais. Os biomas mais importantes, tanto pela área que ocupam quanto pela biodiversidade, são: floresta amazônica (hileia); floresta pluvial costeira (floresta atlântica); floresta de araucárias; cerrado; pampa; caatinga; floresta de cocais (babaçual); manguezal; e os que compõem o Pantanal Mato- Grossense. Domínio Amazônico A floresta amazônica, também conhecida por hileia amazônica, é o principal bioma do Domínio Amazônico. O clima da região amazônica reúne condições propícias ao desenvolvimento de um exuberante bioma do tipo floresta pluvial tropical, em que as precipitações pluviométricas anuais geralmente ultrapassam 1.800 mm, e a temperatura é estável no decorrer do ano, situando-se entre 25 C e 28 C. Na floresta amazônica há diversos estratos ou andares formados pelas copas das árvores; o teto, ou dossel, localiza-se entre 30 m e 40 m acima do solo. Entre as árvores de grande porte da hileia amazônica destaca-se a castanheira- -do-pará (Bertholletia excelsa). A floresta amazônica é rica em plantas epífitas, entre as quais se destacam grandes bromeliáceas. Nela vivem também epífitas das famílias das aráceas e begoniáceas, cujas raízes aéreas descem das árvores até o solo, constituindo densas cortinas de cipós. Domínio dos Mares de Morros (ou Domínio Atlântico) A floresta pluvial costeira, ou floresta atlântica (ou ainda mata atlântica), é o principal bioma dentro do domínio dos Mares de Morros. Esse domínio se situa nas montanhas e planícies costeiras desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. A região sul do Espírito Santo e de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, são as únicas áreas onde esse bioma não se desenvolveu originalmente. A floresta pluvial costeira tem árvores com folhas largas (latifoliadas) e perenes (perenifólias), como as da floresta amazônica. A altura média do andar superior oscila entre 30 m e 35 m, mas a vegetação é mais densa no andar arbustivo. Há grande diversidade de epífitas, como bromélias e orquídeas. A floresta pluvial costeira é um dos biomas mais devastados pela exploração humana; calcula-se que restem apenas 5% da floresta original existente na ocasião da chegadados primeiros colonizadores europeus. Domínio das Araucárias A floresta de araucárias, ou mata de araucárias, é o principal bioma do Domínio das Araucárias . Esse domínio se situa principalmente nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, em regiões com índices pluviométricos em torno de 1.400 mm anuais e temperaturas moderadas, com baixas significativas no inverno. Alguns autores referem-se a esse bioma como floresta subtropical mista. A floresta de araucárias apresenta três andares vegetais bem definidos. O andar arbóreo é constituído principalmente pelas copas do pinheiro-do-paraná, também chamado de pinheiro- -brasileiro (Araucaria angustifolia), e de pinheiros do gênero Podocarpus. O pinheiro-do- paraná, a popular araucária, é a árvore mais característica desse bioma e chega a atingir 25 m de altura, com tronco de até 1,5 m de diâmetro. O andar arbustivo é muito denso, com diversos tipos de arbusto e samambaias arborescentes do gênero Dicksonia. As raízes dessas samambaias formam uma estrutura seca e compacta parecida com um tronco e constituem o xaxim, muito usado na fabricação de vasos. Apesar de ilegal, a exploração de xaxim continua acontecendo. No andar herbáceo há epífitas, como orquídeas e bromélias, bem como gramíneas que formam uma vegetação rasteira. Domínio dos Cerrados O cerrado é o principal bioma do Domínio dos Cerrados. Esse domínio se situa nos estados de Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Piauí, Maranhão, São Paulo e Paraná. Há também algumas “ilhas” dessa formação na região amazônica. Cobrindo uma área de aproximadamente 2 milhões de km2 , o cerrado é o segundo maior bioma brasileiro. Sua fisionomia varia nas diferentes regiões, apresentando desde formas campestres bem abertas, como os campos limpos, até formas relativamente densas, florestais, como os cerradões, havendo entre esses dois extremos uma variedade de aspectos fisionômicos. O cerrado também é um dos biomas brasileiros bastante ameaçados pela ação antrópica; quase 40% de sua área original foi desmatada para exploração de recursos naturais, principalmente na segunda metade do século XX. A vegetação do cerrado deu lugar a pastagens para a criação de gado bovino e a culturas agrícolas, sobretudo de soja. O cerrado é um tipo de savana, com vegetação arbórea formada por pequenas árvores e arbustos, muitos deles com troncos retorcidos e cascas espessas. O clima desse bioma é relativamente quente, com temperatura média anual por volta de 26 C e índices pluviométricos entre 1.100 mm e 2.000 mm por ano, com chuvas concentradas no verão. Na estação das chuvas, o solo do cerrado fica relativamente rico em gramíneas, que desaparecem na época de estiagem. As árvores mais comuns são o ipê (Tabebuia sp.), a peroba- do-campo (Aspidosperma tomentosum) e a caviúna (Dalbergia sp.). Diversos estudos indicam que a fisionomia típica da vegetação do cerrado parece ser fortemente influenciada pelas características minerais do solo e por incêndios naturais periódicos. Estes explicam o fato de diversas espécies de plantas do cerrado apresentarem adaptações ao fogo. Domínio das Caatingas A caatinga é o principal bioma do Domínio das Caatingas. Esse domínio ocupa cerca de 10% do território brasileiro, estendendo-se pelos estados de Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia e pelo norte de Minas Gerais. Os índices pluviométricos da caatinga são baixos, em torno de 500 mm a 700 mm anuais. Em certas regiões do Ceará, por exemplo, a média para os anos chuvosos é de 1.000 mm, mas pode chegar a chover apenas 200 mm nos anos mais secos. A temperatura situa-se entre 24 C e 26 C, variando pouco ao longo do ano. Além das condições climáticas rigorosas, a região da caatinga apresenta ventos fortes e secos, que contribuem para a aridez da paisagem nos meses de seca. A vegetação da caatinga é composta de plantas com adaptações marcantes ao clima seco, como folhas modificadas em espinhos, revestimentos altamente impermeáveis, caules que armazenam água etc. Essas adaptações compõem o aspecto característico das plantas da caatinga, o que se denomina xeromorfismo. Entre as plantas cactáceas, as mais expressivas são o mandacaru (Cereus sp.) e o xiquexique (Pilocereus sp.). Há também arbustos e árvores baixas como mimosas, acácias e amburanas (leguminosas); a maioria delas perde as folhas na estação das secas (são caducifólias), o que confere à caatinga seu aspecto típico, espinhoso e agreste. Entre as poucas espécies da caatinga que não perdem as folhas na época da seca, destaca-se o juazeiro (Zizyphus joazeiro), uma das plantas mais típicas desse bioma. Domínio das Pradarias Os campos brasileiros – o pampa – compõem o Domínio das Pradarias. A palavra “pampa” significa planície na língua indígena quíchua, ainda falada por povos da Cordilheira dos Andes. O pampa ocupa áreas de planície, localiza-se principalmente no sul do Rio Grande do Sul e caracteriza-se pela predominância de gramíneas. Eventualmente, pode abrigar pequenos bosques de arbustos, mas que são formações isoladas, não chegando a quebrar a homogeneidade do bioma. O índice de chuvas no pampa encontra-se geralmente entre 500 mm e 1.000 mm anuais. A temperatura varia de acordo com a estação: no inverno situa-se entre 10 C e 14 C; no verão, entre 20 C e 23 C. A maior parte da vegetação original do pampa foi destruída para dar lugar a áreas cultiváveis. Biomas das áreas de transição Floresta de cocais A floresta de cocais, ou mata de cocais ou, ainda, babaçual, localiza- -se principalmente em certas áreas dos estados do Maranhão e Piauí; sua espécie vegetal típica é a palmeira Orbignya martiana, o babaçu. A região onde ocorre a mata de cocais tem índice elevado de chuvas, entre 1.500 e 2.200 mm por ano, e temperatura média anual de 26 C. Um aspecto interessante desse bioma é que o solo permanece úmido o ano todo porque o lençol freático é pouco profundo. Manguezal O manguezal, ou mangue, é um bioma litorâneo presente em regiões de solo lodoso e salgado. É encontrado nas desembocaduras de rios e em áreas protegidas da ação direta do mar, como baías de águas paradas ou litorais guarnecidos por diques de areia. Durante a maré cheia, o solo do mangue fica coberto por água salobra. Os manguezais estendem-se por toda a costa brasileira, exceto nas regiões de litoral rochoso. Há mangues bem desenvolvidos no Pará, Amazonas, Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Na maioria dos mangues, há três tipos de vegetação arbórea: Rhizophora mangle, popularmente conhecida como “mangue-bravo”, Laguncularia racemosa, popularmente chamada “mangue-manso”, e espécies do gênero Avicennia. Manguezais são regiões altamente produtivas e economicamente importantes para as populações caiçaras que vivem em suas proximidades. A alta disponibilidade de nutrientes minerais e de matéria orgânica faz do mangue um local para alimentação de diversas espécies de animais marinhos e para a espécie humana. Grande número de peixes, moluscos e crustáceos, além de aves, obtém alimento, direta ou indiretamente, dos manguezais. Pantanal Mato-Grossense O Pantanal Mato-Grossense, ou Complexo do Pantanal, é um mosaico de diferentes biomas, sendo considerado uma das principais áreas de transição entre os domínios morfoclimáticos brasileiros. É uma grande planície com partes mais elevadas denominadas impropriamente de “cordilheiras”. As partes mais baixas são inundadas durante as cheias periódicas dos rios que cortam a região. Na estação entre as cheias, restam lagoas de água doce, onde se concentram jacarés, diversas espécies de peixes e outros animais de hábitosaquáticos. Poucos locais no mundo têm uma comunidade biológica tão exuberante quanto a do Pantanal Mato- -Grossense. Essa vasta planície inundável abriga uma das mais ricas reservas de vida selvagem do planeta. A fauna aquática é muito variada, com moluscos, crustáceos e centenas de espécies de peixes, entre eles o dourado, o pacu, o jaú, o pintado, o surubim, os lambaris e as piranhas. Em território brasileiro, o Pantanal ocupa a parte oeste dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estendendo-se pelo Paraguai, Bolívia e Argentina. Questões: 1 – A sucessão ecológica caracteriza-se: a) pela introdução, em uma comunidade, de uma espécie bem-sucedida em outro ecossistema. b) pela colonização de um ambiente com sucessivas mudanças nas comunidades biológicas. c) pelo fim do processo evolutivo da comunidade biológica, com extinção da maioria das espécies, incluindo as pioneiras. d) pelo grande sucesso ecológico de uma espécie na comunidade. 2 – O termo “espécie pioneira” a) aplica-se apenas a espécies que colonizam ambientes antes ocupados por seres vivos. b) aplica-se às espécies capazes de iniciar a colonização de um local desabitado. c) não se aplica a espécies vegetais, mas apenas a liquens e fungos. d) refere-se àquelas espécies que se extinguem primeiro na comunidade biológica 3 – Qual das alternativas a seguir traz uma associação incorreta? a) Pradaria – Plantas epífitas. b) Deserto – Xeromorfismo. c) Floresta temperada – Árvores caducifólias. d) Tundra – Seca fisiológica. 4 – Uma diferença entre sucessão primária e sucessão secundária é a) o tipo de ambiente existente no início da sucessão. b) o tipo de comunidade clímax que se estabelece em cada caso. c) o tempo de duração da sucessão, mais rápido na sucessão primária. d) o fato de a sucessão secundária levar a menor biodiversidade. 5 – Um bioma brasileiro do tipo savana tem aspecto ressecado e pequenas árvores e arbustos retorcidos. Essas características são mais influenciadas pela composição do solo do que pela falta de chuvas. Está-se falando de a) caatinga. b) cerrado. c) floresta amazônica. d) mata atlântica. e) mata de cocais. 6 – Caules-escora e raízes respiratórias (pneumatóforos) são adaptações ao solo encharcado, salgado e pouco consistente do bioma conhecido como a) Mata de Cocais b) cerrado c) Pantanal. d) floresta amazônica. e) manguezal. 7 – A substituição ordenada e gradual de uma comunidade por outra, até que se chegue a uma comunidade estável, é chamada sucessão ecológica. Nesse processo, pode-se dizer que o que ocorre é a) a constância de biomassa e de espécies. b) a redução de biomassa e maior diversificação de espécies. c) a redução de biomassa e menor diversificação de espécies. d) o aumento de biomassa e menor diversificação de espécies. e) o aumento de biomassa e maior diversificação de espécies. 8 – Qual das alternativas indica corretamente o tipo de bioma que prevalece nas regiões assinaladas? a) Floresta tropical em I, III e IV. b) Floresta tropical em I, III e V. c) Savana em I, III e IV. d) Savana em II, III e IV. e) Savana em II, IV e V. 9 – Os biomas do Brasil, cujas condições ambientais estão representadas no gráfico pelas regiões demarcadas I, II, III e IV, correspondem, respectivamente, a a) cerrado, caatinga, floresta amazônica e floresta atlântica. b) pampa, cerrado, floresta amazônica e complexo pantaneiro. c) cerrado, pampa, floresta atlântica e complexo pantaneiro. d) caatinga, cerrado, pampa e complexo pantaneiro. e) caatinga, cerrado, floresta atlântica e floresta amazônica 10 – O território brasileiro, devido a sua magnitude espacial, comporta um mostruário bastante completo de paisagens e ecologias do Mundo Tropical (AB’SÁBER, Aziz. Domínios de natureza no Brasil. 2003). Uma dessas paisagens, a floresta tropical amazônica, vem sendo objeto de inúmeras discussões em virtude de sua crescente exploração. Esse bioma caracteriza-se por apresentar: a) solo com uma camada superficial pobre em matéria orgânica. b) solo dificilmente lixiviado, após destruição de sua cobertura vegetal. c) grande diversidade biológica, em virtude da variedade de nichos ecológicos. d) vegetação com grandes árvores lenhosas e deciduais com adaptações xeromórficas. e) árvores cujas folhas possuem cutícula bastante impermeável, caracterizando plantas perenifólias. 11 – Observe o mapa, onde estão delimitadas as áreas de distribuição de três importantes ecossistemas brasileiros, I, II e III. Leia os três textos seguintes, 1, 2 e 3, que descrevem características de ecossistemas diferentes. 1. Vegetação composta por árvores de pequeno porte e arbustos esparsos, tortuosos, de casca grossa, e por plantas herbáceas, com predominância de gramíneas. Fauna representada por alguns animais como o lobo guará, a ema, o tatu-canastra e o tamanduá- bandeira. 2. Vegetação densa, predominantemente composta por árvores de grande porte, medindo até 20m de altura, com presença marcante de pteridófitas no sub-bosque. Fauna representada por alguns animais como o monocarvoeiro, a jaguatirica, os micos-leões-dourados e dacara- preta, e a jacutinga. 3. Vegetação composta por árvores baixas e esparsamente distribuídas, arbustos tortuosos com muitos espinhos e presença marcante de cactáceas. Fauna representada por pequenos roedores como o preá e o mocó e aves como as avoantes. A alternativa que relaciona corretamente o nome dos ecossistemas representados no mapa pelos algarismos I, II e III, respectivamente, com as características apresentadas em 1, 2 e 3, é: a) Cerrados, 2; Manguezais, 3; Caatinga, 1. b) Cerrados, 1; Mata Atlântica, 2; Caatinga, 3. c) Caatinga, 1; Mata Atlântica, 2; Cerrados, 3. d) Caatinga, 1; Manguezais, 2; Cerrados, 3. e) Pantanal, 1; Mata Atlântica, 2; Caatinga, 3. 12 – O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro, localizado em uma grande área do Brasil Central. Por fazer fronteira com outros importantes biomas (a Amazônia ao norte, a Caatinga a nordeste, o Pantanal a sudoeste e a Mata Atlântica a sudeste), a fauna e flora do Cerrado são extremamente ricas.(...) Apesar do seu tamanho e importância, o Cerrado é um dos ambientes mais ameaçados do mundo. Dos mais de 2 milhões de km² de vegetação nativa restam apenas 20% e a expansão da atividade agropecuária pressiona cada vez mais as áreas remanescentes. Qual das alternativas caracterizaria este bioma? a) Árvores com caules tortuosos e raízes longas; animais, como tamanduá-bandeira, tatu-canastra e lobo-guará. b) Muitas gramíneas e poucos arbustos; animais, como tatu, marreco e quero-quero. c) Muitos cactos, como o mandacaru, e árvores, como o umbuzeiro; animais, como tatupeba, caititu e calango. d) Gramíneas, aguapé, ipê e imbaúbas; animais, como onçaparda, cervo, lontra, garça e socó. e) Muitos pinheiros, como a araucária, além de cedro, imbuia e gameleira; animais, como tatu, gralha-azul e sabiá. 13 – O mangue é composto por três tipos de árvores (Rhizophora mangle — mangue-bravo ou vermelho, Avicennia schaueriana — mangue- seriba, e Laguncularia racemosa — mangue- branco). Uma característica morfológica comum aos três tipos de árvores encontradas no mangue está relacionada à pouca disponibilidade de oxigênio encontrado em seu solo. A característica morfológica de valor adaptativo referenciada no texto é a a) Ausência de frutos b) Ausência de estômatos c) Presença de folhas largas d) Presença de raízes-escoras e) Presença de Pneumatóforos 14 – A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro, ocupando cerca de 7% a 10% do território nacional. Nesse ambiente seco, mesmo quando chove, não há acúmulo de água, pois osolo é raso e pedregoso. Assim, as plantas desse bioma possuem modificações em suas raízes, caules e folhas, que permitem melhor adaptação a esse ambiente, contra a perda de água e de nutrientes. Geralmente, seus caules são suculentos e suas folhas possuem forma de espinhos e cutículas altamente impermeáveis, que apresentam queda na estação seca. a) armazenamento de nutrientes por um sistema radicular aéreo. b) fixação do vegetal ao solo por um sistema radicular do tipo tuberoso. c) fixação do vegetal ao substrato por um sistema radicular do tipo sugador. d) absorção de água por um sistema radicular desenvolvido e profundo. e) armazenamento de água do solo por um sistema radicular do tipo respiratório. 15 – Um convidado em um programa de televisão comentou sobre questões ambientais o seguinte: … “os grandes problemas da conservação da natureza estão, na realidade, intimamente ligados aos da sobrevivência do próprio ser humano na Terra e que certos filósofos não hesitam em afirmar que a humanidade está mal encaminhada. Não nos cabe fazer julgamentos, mas de acordo com todos os biólogos, o ser humano comete um erro capital pensando poder isolar-se da natureza. Existe já há muito tempo um divórcio entre o ser humano e o ambiente, com seu clima e seus biomas”. Quanto às palavras em destaque no texto, leia as afirmativas abaixo: I. Nas Florestas Tropicais, a vegetação é exuberante com folhas largas e perenes. II. A Tundra é um bioma que no degelo apresenta árvores que perdem as folhas no inverno. III. Nas regiões com Florestas Temperadas evidenciam-se as quatro estações do ano. IV. O Cerrado é composto basicamente de plantas herbáceas e árvores de pequeno porte. V. Há discreta variação climática e de temperatura nos diversos biomas mundiais. A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é: a) I, II e III b) I, III e IV c) II, III e IV d) III, IV e V e) I, II, III, IV e V 16 – Relacione os biomas terrestres com algumas de suas características. 1. Tundra 2. Campos 3. Deserto 4. Taiga ( ) As plantas apresentam poucas folhas ou estas são modificadas em espinhos, que as protegem dos animais; geralmente possuem caules verdes e largos que armazenam água e realizam a fotossíntese. ( ) A vegetação rasteira permite a sobrevivência de animais herbívoros. Os animais carnívoros se alimentam dos herbívoros e, em geral, são animais velozes, adaptados ao ambiente, como os antílopes, zebras e hienas. ( ) O bioma permanece congelado a maior parte do tempo, embora o verão seja um período em que não cai neve e dura cerca de 3 meses, com temperatura em torno dos 10 º C. ( ) Localiza-se em áreas do Canadá, da Sibéria e dos Estados Unidos, mas estando mais próximo ao Equador, recebe maior quantidade de energia solar. As árvores típicas são as coníferas, como o cedro e o pinheiro. Assinale a alternativa CORRETA. a) 3, 2, 1, 4. b) 3, 1, 2, 4. c) 2, 3, 4, 1. d) 2, 4, 1, 3. e) 1, 3, 4, 2. Gabarito: 1 – B 2 – B 3 – A 4 – A 5 – B 6 – E 7 – E 8 – B 9 – E 10 – C 11 – B 12 – A 13 – E 14 – D 15 – B 16 – A
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