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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ Ecologia Aplicada - Prof. Dr. Jean Vitule Rafaela R. Righi/GRR20204955 Análise de Diversidade de Comunidade de Zooplâncton para Diferentes Localidades 1. INTRODUÇÃO Os índices de similaridade, diversidade e de riqueza de espécies têm suma importância na avaliação de comunidades e são amplamente utilizados em relatórios ambientais visando descrever e comparar espaços ecológicos. Esse trabalho objetiva encontrar e discutir os índices de diversidade de cinco ambientes aquáticos distintos e que apresentam diferentes paisagens em seu entorno, sendo eles: Reservatório Passaúna, que conta um entorno majoritariamente urbanizado; tanque de pesca de Pesque Pague, que tem como finalidade cultivo de tilápias para pesca e consumo; Reservatório Piraquara II, localizado em área de preservação, porém encontra-se cercado por chácaras e áreas de pecuário e cultivo de milho; Reservatório Piraquara I, que fica em uma área de florestas nativas e (em sua maioria) não nativas como de pinus e por último Reservatório do Carvalho, localizado dentro do Parque Estadual Pico do Marumbi, em região de florestas nativas e primárias. Para esse estudo foram utilizados os índices de similaridade de Jaccard e Sorensen e o índice de diversidade de Simpson. 2. ÁREAS DE ESTUDO Em visita técnica realizada na primeira semana de setembro do ano de 2022 foram coletadas amostras da comunidade de zooplâncton em importantes reservatórios de abastecimento público da cidade de Curitiba e região metropolitana. De modo a facilitar a compreensão do leitor foi disposto um mapa contendo os pontos de amostragem indicando a área de drenagem referente a cada reservatório visitado, estas bacias de drenagem foram geradas utilizando o modelo digital de terreno. Figura 1: Bacias hidrográficas das áreas de estudo. Fonte: os autores (2022). 2.1 Reservatório Passaúna O reservatório Passaúna foi construído em 1989, é o segundo maior reservatório da RMC, com 48 hm3 de volume útil e 59 hm3 de volume total. De acordo com a SANEPAR (2003) ele é responsável por aproximadamente 22% do abastecimento da população da região, com potencial de fornecimento de 2000 L/s. Representado na Figura 8, tem sua barragem situada nas coordenadas geográficas de latitude 25◦31’50”S e longitude 49◦23’30”W. O reservatório possui 9 km2 de área superficial e um tempo de residência médio de 292 dias (CARNEIRO, et al., 2016) e está localizado na Bacia do Alto Iguaçu. 2.1.1 Pesque Pague Nas proximidades do reservatório Passaúna há uma barragem permeável que separa o corpo hídrico de tanques de piscicultura destinado a criação de espécies de peixes exóticos. Nesta localidade está consolidado uma convencional empresa de pesque pague com comércio de peixes e restaurante para consumo dos mesmos. 2.2 Reservatório Piraquara 2 O reservatório Piraquara II (25º30’ S e 49º00’ W) está localizado em Área de Preservação Permanente e foi construído em 2008 pela barragem do rio Piraquara, inserida na bacia hidrográfica do Iguaçu. Este reservatório raso com 75 dias de retenção de água é utilizado para abastecimento público (profundidade 3,7 m, área 5,64 km2, área de drenagem 58 km2). As principais atividades econômicas do entorno são a pecuária e a cultura do milho (Bittencourt & Gobbi 2006). 2.3 Reservatório Piraquara 1 Também inserido na bacia hidrográfica do Iguaçu (25°28'S e 48°59'W ), os entornos protetivos desse reservatório são de propriedade privada. Utilizado para abastecimento público para 8% da população de Curitiba e Região Metropolitana. 2.4 Reservatório do Carvalho O Reservatório do Carvalho está localizado no município de Piraquara, no Parque Estadual Pico do Marumbi, onde se encontra a principal nascente do Rio Iguaçu. O Reservatório foi construído em 1908 e funcionou até a década de 1940 e atualmente é administrado pelo Prefeitura de Piraquara, IAT e SANEPAR. Hoje é um local de preservação histórica e natural. 3. MATERIAL E MÉTODOS Como o estudo presente é baseado em amostras locais da comunidade de zooplâncton, uma etapa importantíssima é a definição do método de amostragem, que segue basicamente duas etapas: a coleta in-situ seguida da contagem de indivíduos em microscópio. Localmente foi utilizado um balde de 5 litros de água e uma rede com uma malha de 160 micrômetros (Figuras 2 e 3), para cada ponto de amostragem foi realizada uma triplicata onde cada amostra corresponde a abundância de espécies referente a 5 litros de água. É feita mais de uma amostra por ponto do reservatório para diminuir a flutuabilidade de resultados identificando a abundância média de espécies. De modo a conservar a representatividade da amostra é colocado junto a água residual da rede um pouco de formol de modo a eliminar a vida, impedindo a interação entre os indivíduos coletados. Realizada esta etapa em campo segue-se laboratorialmente onde são montadas lâminas contendo a água amostrada, para tais é mapeado manualmente com ajuda de microscópio o número de indivíduos de zooplâncton para cada espécie identificada em cada lâmina. Sabendo o volume de água contido na lâmina e o volume total da amostra é realizada uma simples operação matemática de modo a expandir a lista de espécies referente a lâmina para toda amostra. A partir desses dados, foram montadas planilhas para encontrar os índices necessários para as análises, previamente mencionados (Riqueza, Diversidade, Equitabilidade e Similaridade). Figura 2: Coleta de amostras nos reservatórios do Carvalho, Piraquara II e Passaúna. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Riqueza e Abundância de Espécies Gráfico 1: Riqueza - A Montante Passaúna Gráfico 2: Riqueza - A Jusante Passaúna Comparando os gráficos 1 e 2, podemos discutir a diferença no número de espécies pela localidade da amostra a montante, posicionada na margem esquerda em local com grande insolação e baixa profundidade e visualmente bastante fitoplâncton. Enquanto a jusante era um ponto logo após o vertedouro o que confere uma grande mistura a região além disso visualmente era observado menos fitoplâncton. Gráfico 3: Riqueza - Pesque e Pague Observando o gráfico 3, verifica-se que o número de indivíduos em todas as espécies é significativamente maior no pesque e pague do que nas amostras a montante e a jusante do Passaúna. Esse resultado pode decorrer do fato de que no pesque e pague há altos níveis de aporte de nutrientes (ração de peixe e despejo de poluentes) e luz solar, uma vez que a mata ciliar é quase inexistente, dessa forma contribuindo para o desenvolvimento de mais fitoplânctons e consequentemente zooplânctons, que são seus consumidores primários. Também é interessante notar que o fluxo de água no pesque e pague é muito baixo quando comparado aos outros pontos de coleta, sendo essa uma característica de ambientes favoráveis para espécies rotíferas, que de fato estão em maior abundância nessa amostra. Gráfico 4: Riqueza - Carvalinho No Gráfico 4, pode-se observar a menor riqueza de espécies do conjunto analisado, e abundância relativamente baixa também. A espécie mais abundante é a Lecane curvicornis. Trata-se de uma área localizada dentro de uma mata, com grande conservação de vegetação. Gráfico 5: Riqueza - Piraquara 1 Gráfico 6: Riqueza - Piraquara 2 Conforme os gráficos 5 e 6, é possível identificar em ambos um baixo índice de riqueza de espécies. Tais locais apresentam vasta área de vegetação conservada. A espécie mais abundante é a Lecane curvicornis. 4.2 Diversidade e Equitabilidade entre os reservatórios 5. Conclusão Gráfico 7: Diversidade local Gráfico 8: Probabilidade (1/D). Gráfico 9: Equitabilidade Por meio de uma análise geral, procurou-se destacar os índices de Diversidade Local (Simpson), Probabilidade, e Equitabilidade. A diversidade está relacionada com o número de espécies diferentes presentes num mesmo local. A probabilidade (representada por 1/D) determina a possibilidade desses indivíduos pertencerem à mesma espécie. Já a equitabilidade define a homogeneidade da distribuição de abundâncias entreas espécies, e reflete o grau de dominância dessas espécies na comunidade. Como pode-se verificar, os dois locais que mais apresentam diversidade de espécies são: Montante Passaúna e Pesque e Pague. O seu índice recíproco (Probabilidade 1/D), também apresenta os valores mais altos, demonstrando suas diversidades locais. Devido às suas altas diversidades, e conforme a verificação dos dados, a Riqueza de espécies neles também é mais alta. Os valores de Equitabilidade (oposto de dominância) apontam que ocorre menos dominância no Montante Passaúna, Carvalhinho e Pesque e Pague. Os locais menos diversos são Carvalinho e Piraquara 2, e suas respectivas riquezas também são baixas. É interessante notar que eles são os que mais apresentam conservação da vegetação, e poucos recursos para a alimentação das espécies rotífera, o que afeta a sua reprodução e existência. Especificamente o Carvalinho encontra-se dentro da mata, sendo o mais isolado de influências antrópicas e contaminação orgânica; o que explica sua baixa diversidade em espécies rotífera. Uma possível interpretação para esses dados está relacionada aos estados de conservação de vegetação e poluição dos locais analisados. O montante Passaúna encontra-se em um ambiente urbanizado, mais afetado pelas atividades antrópicas; e em visita ao local foi possível observar grande quantidade de macrófitas. A grande abundância de rotíferas e dessas algas pode significar um nível de eutrofização elevado e baixa qualidade da água. O Pesque e Pague, além de apresentar grande índice de riqueza e diversidade, possui a maior abundância dos locais observados. Nele também estava presente a eutrofização. Nesse caso específico, há o grande aporte de nutrientes, provenientes das rações utilizadas para alimentar os peixes dos tanques e de seus resíduos excretados. Tais quantidades são referentes aos milhares de peixes adicionados no Pesque Pague semanalmente. A partir das informações supracitadas e levando em consideração a grande quantidade de abundância e riqueza das espécies rotífera na região, estima-se que a qualidade da água do local é bastante baixa. 4.3 Similaridade Gráfico x: Similaridade de Jaccard e Sorensen Para os índices de similaridade, procurou-se analisar dois cenários diferentes de uma mesma bacia hidrográfica, a fim de verificar como contrastam os seus dados. Nesse cenário, analisou-se como local A = Piraquara 1; e local B = Piraquara 2. O índice de Sorensen confere mais peso para os dados de presença em comparação com a ausência, evidenciando as semelhanças enquanto o índice de Jaccard possui a tendência de evidenciar as diferenças. Isso pode ser observado pois existe uma variação de cerca de 12% entre Jaccard e Sorensen calculados. Verificando os números coletados, encontram-se os índices de similaridade de 70% (Jaccard) e 82% (Sorensen). O índice de Jaccard indica alta ocorrência de espécies de zooplâncton entre as áreas analisadas, denotando certa homogeneidade e grande semelhança entre esses ambientes, mesmo acentuando suas diferenças. Com a formação do reservatório após o barramento, ocorrem alterações na estrutura das comunidades, devido ao isolamento por meio de barreiras físicas. Essas alterações dividem as populações, e suas novas condições de vida podem ser favoráveis ou não para certas espécies, causando uma proliferação. No caso da Riqueza do Piraquara, apenas as espécies Lecane cornuta, Lecane ludwigii e Lecane quadridentata; foram amostradas individualmente em Piraquara 1 ou 2; as demais 7 espécies existem em ambas as regiões. Piraquara 1 Piraquara 2 Brachionus angularis Brachionus angularis Brachionus falcatus Brachionus falcatus brachionus quadridentatus brachionus quadridentatus Dicranophorus forcipatus Dicranophorus forcipatus Lecane cornuta Lecane curvicornis Lecane curvicornis Lecane leontina Lecane leontina Lecane lunaris Lecane ludwigii Lecane quadridentata Lecane lunaris Tabela 1: Espécies amostradas Além disso, com relação à qualidade da água, devido ao nível de conservação de vegetação e baixa poluição no reservatório Piraquara, há uma qualidade maior observada, visto que são observadas poucas espécies de rotífera. Entre Piraquara 1 e 2, observa-se apenas que Piraquara 1 apresenta uma espécie a mais em comparação a Piraquara 2. CONCLUSÃO Os locais mais diversos são: Montante Passaúna e Pesque e Pague. Além disso, ocorre menos dominância no Montante Passaúna, Carvalhinho e Pesque e Pague.Os locais menos diversos são Carvalinho e Piraquara 2, e suas respectivas riquezas também são baixas. Os locais menos diversos são os que mais apresentam conservação da vegetação e maior qualidade da água, enquanto os locais mais diversos são menos protegidos e conservados e apresentam menor qualidade da água. Os ambientes com maior influência antrópica direta apresentam maior abundância de espécies de rotífera. As evidências encontradas para essa baixa qualidade compreendem a eutrofização desses locais, além do grande aporte de nutrientes como observado no Pesque e Pague. REFERÊNCIAS CARNEIRO, C., KELDERMAN, P., and IRVINE, K. (2016). Assessment of phosphorus sediment–water exchange through water and mass budget in Passaúna Reservoir (Paran´a State, Brazil). Environmental Earth Sciences, 75:564–577. TÉCNICO, Responsável; BARRETO, Almir Petersen. PIRAQUARA I, BACIA DO ALTO IGUAÇU, PR. 2011. MOREIRA, Ana Carolina Pires. I-290-FERRAMENTAS POLÍTICAS PARA AUXÍLIO NO GERENCIAMENTO DE MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO PÚBLICO–ESTUDO DE CASO: RESERVATÓRIOS PIRAQUARA IE II, REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA. MEIRINHO, P. A. Ecologia do zooplâncton. Disponível na World Wide Web em: http://ecologia. ib. usp. br/portal/index. php, 2014. LOPES, R. et al. Composição, abundância e distribuição espacial do zooplâncton no complexo estuarino de Paranaguá durante o inverno de 1993 e o verão de 1994. Rev. bras. oceanogr. Pontal do Paraná, v. 46(2), 1998. Disponível em: <file:///D:/Downloads/6836-Texto_do_artigo-9277-1-10-20120502.pdf>. Acesso em 13 set. 2022.
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