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De maneira análoga a frase do filósofo Nicolau Maquiavel: “os preconceitos tem raízes mais profundas que os princípios”, é perceptível que os valores adquiridos no convívio social são critérios importantes para a construção e a perpetuação da discriminação dos homens quanto aos cuidados com a saúde. Nessa perspectiva, é indubitável que o conceito de masculinidade tóxica – perfil masculino pautado na agressividade, na força bruta e na opressão–, é um preconceito histórico que limita e prejudica a saúde do homem brasileiro, uma vez que tais estigmas impedem a realização de determinados exames e o diagnóstico de doenças graves. A princípio, é relevante ressaltar que apesar do desenvolvimento de perspectivas científica e racional, como o Iluminismo e o Renascimento, grande parte das pessoas ainda conservam ideologias discriminatórias quanto à confiabilidade e importância do conhecimento e da ciência. Nesse sentido, na série da Rede Globo “Sob pressão”, seu Augusto é um idoso que vive sozinho o qual, mesmo com todos os sintomas da COVID-19 se nega a ir ao hospital. O homem vai para o hospital mediante a contatação de uma vizinha com os profissionais de saúde. Desse modo, percebe-se que nem mesmo diante de uma doença que pode ser fatal para a vida, os homens deixam de lado seus preconceitos quanto à saúde, heranças de um passado histórico patriarcal. Ademais, um levantamento do Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo mostra que 70% das pessoas do sexo masculino que procuram um consultório médico tiveram a influência da mulher ou de filhos. Outrossim, o câncer de próstata é indicado à realização periódica do exame, como também uma consulta ao urologista. Entretanto, diversos homens devido a sua masculinidade e os preceitos criados e mantidos em sociedade, da criação da imagem do homem forte e agressivo –acentuado pela criação dos super-heróis–, não realizem os exames, chegando ao estágio avançado de algumas doenças. Assim, é perceptível a importância de campanhas como o novembro azul, para a conscientização dos homens sobre a importância de se prevenir e de remediar doenças que podem ser previamente diagnosticadas. Destarte, é perceptível que a manutenção de preconceitos enraizados pela sociedade patriarcal, são fatores para que os homens negligenciem os cuidados com sua saúde no Brasil. Portanto, o Ministério da Saúde juntamente com o Ministério da Educação deve elaborar cartilhas e informativos sobre a importância da saúde e da realização de exames para identificação de doenças graves nos estágios iniciais, por meio de palestras e trabalhos com as comunidades escolares, visando desconstruir o conceito de masculinidade tóxica e a discriminação com exames como o de câncer de próstata.
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