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Naturalismo: Literatura e Ciência

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NATURALISMO 
Aspectos gerais 
• Marco inicial no Brasil: 1881 – publicação de O mulato de Aluísio de 
Azevedo.
• O naturalismo é uma ramificação do Realismo – um realismo exagerado que 
trabalha com a animalização do homem.
• Seu foco será a classe operária.
• Aspectos negativos, as chagas sociais, “perversões sexuais”
Novas perspectivas para a origem humana 
Dos estudos de Darwin, duas ideias merecem atenção, porque 
influenciaram a definição de características da estética naturalista. 
• A constatação de que o ser humano é um animal como outro qualquer (“uma 
coisa sórdida, nua, bufante, sem qualquer alusão ao divino”). 
• A crença de que a natureza promove um processo de seleção no qual 
sobrevivem os mais adaptados e os mais fracos são eliminados (“da guerra da 
natureza, da fome e da morte segue-se a produção de animais superiores”).
Novas perspectivas para a origem humana 
Nesse contexto, o Naturalismo surge como um desdobramento da estética 
realista, voltado para a valorização da ciência como instrumento para análise e 
compreensão da sociedade. Ao lado de Darwin, outros dois intelectuais 
influenciaram de modo definitivo a estética naturalista: Auguste Comte e 
Hippolyte Taine.
Hippolyte Taine era um crítico literário e, em seus trabalhos sobre a literatura inglesa, utilizou 
pela primeira vez o termo determinismo para explicar quais fatores deveriam ser considerados na 
apreciação das obras literárias de um povo. Segundo ele, o indivíduo era socialmente condicionado 
por três fatores: 
• a raça da qual fazia parte e que lhe garantiria uma determinada herança.
• o meio no qual se encontrava.
• o momento em que vivia.
Determinismo 
É determinista a visão que apresenta o ser humano como 
produto do meio em que se encontra, da herança (cultural, social, 
biológica) recebida e das condições históricas características do 
momento em que vive.
Origem do Naturalismo
O Naturalismo foi um movimento artístico e cultural que surge em meados 
do século XIX na França.
Na literatura, seu precursor foi o escritor francês Émile Zola, a partir da 
publicação da obra “O Romance Experimental” em 1880. Ela foi considerada 
uma espécie de manifesto literário do movimento naturalista.
Seu livro que merece destaque é “Germinal” publicado em 1885, no qual o 
escritor descreve as condições subumanas dos trabalhadores de uma mina de 
carvão na França. No geral, os principais temas abordados na literatura 
naturalista são: miséria, violência, crimes, patologias humanas, sexualidade, 
adultério, dentre outros.
Naturalismo: a aproximação entre 
literatura e ciência
Inspirados pela teoria da evolução, os naturalistas acreditavam 
que o impulso para a transformação das espécies era a seleção 
natural. Ressaltavam que os seres humanos não estão livres das leis 
que regem a natureza, mesmo sendo dotados de razão.
A personagem naturalista age movida por desejos de ordem 
sexual que quase sempre superam sua capacidade racional de 
controlá-los.
O projeto literário do Naturalismo
Seu objetivo é claro: pretende exaltar a “evolução naturalista que empolga 
nosso século (o XIX), impulsiona aos poucos todas as manifestações da 
inteligência humana num mesmo caminho científico”
O projeto naturalista pretende colocar a literatura a serviço da ciência. Para 
cumprir esse projeto, os escritores buscam olhar para a realidade através da 
lente do determinismo e das teorias evolucionistas. 
Émile Zola chega a definir o Naturalismo como uma aplicação, na 
literatura, do método de observação e de experimentação descrito por Claude 
Bernard no livro Introdução ao estudo da medicina experimental. Cria, assim, 
o que chama de romance experimental
O projeto literário do Naturalismo
Os naturalistas deixam de lado a análise psicológica que marcou a literatura 
realista. Para eles, os traços individuais não interessam. Dedicam-se à análise 
dos fenômenos coletivos, que caracterizam melhor a tese determinista por eles 
defendida. Por isso, voltam o olhar para uma classe social que, até aquele 
momento, não havia merecido destaque nos romances: o proletariado.
 Nas obras naturalistas, vemos trabalhadores das minas de carvão, das 
pedreiras brasileiras, marinheiros, todos convocados a demonstrar uma mesma 
ideia: o ser humano é fruto do meio em que vive e das pressões que sofre
Pr
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na
tu
ra
lis
m
o
Literatura à serviço 
da ciência 
Personagens tratadas 
com olhar científico
Olhar racional e 
objetivo da realidade
Características 
• Linguagem coloquial 
• Observação da realidade
• Retrato objetivo da sociedade.
• Evolucionismo, cientificismo e positivismo.
• Descrição de ambientes e personagens.
• Problemas humanos e sociais: patologias psíquicas e físicas.
• Sensualismo e erotismo
A animalização do ser humano
Além de descrever a intimidade das personagens, o romance naturalista se 
empenha em revelar de que maneira as pessoas, submetidas a condições 
sub-humanas de vida e de trabalho, acabam perdendo a própria humanidade e 
sendo dominadas por seus instintos animais. 
No trecho a seguir, Catherine, uma jovem de 15 anos que trabalha no 
ambiente insalubre das minas, começa a se comportar como uma besta de 
carga.
[...] Afinal, o que estava acontecendo com ela naquele dia? Nunca se sentira 
tão mole. Devia ser o ar contaminado. Não havia ventilação no fundo daquela 
via longínqua. Respirava-se toda espécie de vapores que saíam do carvão com 
uma efervescência de fonte, e às vezes com tal abundância que as lâmpadas 
apagavam-se. [...] Não podendo mais, sentiu necessidade de tirar a camisa. [...] 
tirou tudo, a corda e a camisa, com tanta ânsia que teria arrancado a pele, se 
pudesse. E agora, nua, deplorável, rebaixada ao trote de fêmea ganhando a 
vida pela lama dos caminhos, esfalfava-se, com a garupa coberta de fuligem e 
barro até a barriga, como uma égua de carroça. De quatro patas, ela empurrava 
o vagonete. 
ZOLA, Émile. Germinal. Tradução de Francisco Bittencourt. São Paulo: Abril Cultural, 1979. 
p. 318-319. (Fragmento)
Linguagem: a descrição impiedosa
O foco narrativo em 3ª pessoa e as descrições são recursos que a 
linguagem do romance naturalista usa para sugerir um olhar racional e 
objetivo para a realidade. A descrição dos cenários pretende recriar a realidade 
de maneira fotográfica, compondo um espaço formado pela apresentação de 
várias imagens que se sobrepõem de modo a montar um quadro final bastante 
preciso. 
Veja um exemplo disso nesta cena do romance O cortiço, de Aluísio 
Azevedo.
Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua 
infinidade de portas e janelas alinhadas. [...] 
No confuso rumor que se formava, destacavam-se risos, sons de vozes que altercavam, sem 
se saber onde, grasnar de marrecos, cantar de galos, cacarejar de galinhas. [...] Daí a pouco, em 
volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. 
Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura 
de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as saias entre as 
coxas para não as molhar; via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas 
despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam 
em não molhar o pelo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com 
força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. [...] 
AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 26. ed. São Paulo: Ática, 1994. p. 35-36. (Fragmento)
Observe que 
Nesse trecho, o narrador usa verbos e substantivos para mostrar a 
animalização das personagens, sendo que os termos escolhidos podem ser 
todos associados a um mesmo campo semântico. Assim, além de fazer 
referência às personagens como “machos” e “fêmeas”, o narrador ainda usa os 
substantivos casco, pelo e ventas. 
Para descrever a higiene matinal, seleciona os verbos fossar e fungar, que 
normalmentesão utilizados para nomear o ato de farejar ou revolver a terra 
realizado por porcos e cães. O uso de todos esses termos provoca um efeito 
hiperbólico, fazendo com que o resultado da descrição dê um destaque 
exagerado para o comportamento animalizado das personagens.
O Naturalismo chega ao Brasil
No Brasil, o Naturalismo conquistou vários seguidores. O principal deles foi 
Aluísio Azevedo, que deu início ao movimento quando publicou, em 1881, o 
romance O mulato. 
Também tem destaque Júlio Ribeiro, que publicou, em 1888, A carne, narrativa 
que tematiza um caso de histeria patológica. No romance, a personagem Lenita é 
dominada por instintos de natureza sexual, comportando-se de modo animalesco. A 
obra provocou violentas reações da sociedade da época, despreparada para 
abordagens mais explícitas de temas ligados à sexualidade. 
Adolfo Caminha focaliza a decadência da sociedade de Fortaleza na história de 
Maria do Carmo, protagonista do romance A normalista (1893), moça educada que é 
seduzida pelo padrinho. Em O bom crioulo (1895), desenvolve a temática do 
homossexualismo entre marinheiros. 
Houve ainda Domingos Olímpio, que em Luzia Homem (1903) trata da condição 
humana e social do sertanejo; e Inglês de Souza, que procura expor os aspectos 
morais da evolução de um sacerdote na sua obra mais conhecida, O missionário 
(1888).
Os autores do naturalismo
Raul Pompéia Adolfo Caminha Herculano Sousa
Autor destaque 
Sobre o autor 
Aluísio de Azevedo foi um escritor brasileiro, precursor do 
movimento naturalista no Brasil.
Fundador da cadeira nº 04 da Academia Brasileira de Letras 
(ABL), atuou entre 1897 e 1913.
Principais Obras
Foi um dos mais emblemáticos escritores da prosa naturalista brasileira. 
De suas obras literárias merecem destaque:
• O Mulato (1881): obra que inaugura o movimento naturalista no Brasil, 
denunciando o preconceito racial.
• Casa de Pensão (1884): obra em que descreve a vida de jovens estudantes, 
habitantes de uma pensão no Rio de Janeiro.
• O Cortiço (1890): marco do movimento naturalista, essa obra é um retrato 
da sociedade brasileira do século XIX. Narra as histórias dos habitantes de 
um cortiço no Rio de Janeiro.
https://www.google.com/url?q=https://www.todamateria.com.br/o-mulato/&sa=D&source=editors&ust=1667345027464881&usg=AOvVaw2IBTuDJzt3ZmOMEyLhS7SF
https://www.google.com/url?q=https://www.todamateria.com.br/o-cortico/&sa=D&source=editors&ust=1667345027465097&usg=AOvVaw3WCtAoi2Kp9H9at6i3bfrD
Características das Obras
• Descrição minuciosa e narrativa lenta
• Linguagem simples
• Foco na realidade cotidiana
• Retrato da sociedade e crítica social
• Temas de patologia social
• Promiscuidade, adultério e vícios
• Personagens simples e degradadas
• Animalização das personagens
• Foco no comportamento das personagens
• Decadência moral
Como escritor, as principais características de suas obras são:
Aluísio Azevedo: o autor das “massas” 
Pouco antes do lançamento de O mulato, Aluísio Azevedo “plantou” uma 
notícia no jornal anunciando a chegada, à cidade, de um advogado que, na 
verdade, era personagem do romance que começaria a publicar. 
Dr. Raimundo José da Silva, distinto advogado que partilha de nossas ideias e 
propõe-se a bater os abusos da Igreja. Consta-nos que há certo mistério na vida deste 
cavalheiro. AZEVEDO, Aluísio. O povo como personagem. 
In: FARACO, Carlos. O cortiço. São Paulo: Ática, 1992. p. 8. (Fragmento).
A campanha foi um sucesso e foram vendidos dois mil exemplares, fato raro 
entre as publicações do período.
Aluísio Azevedo: o autor das “massas”
Em sua obra, destacam-se dois romances: Casa de pensão (1884) e O 
cortiço (1890). Essas duas narrativas tematizam alguns dos problemas da 
realidade brasileira vividos pelas classes sociais mais desfavorecidas, na 
segunda metade do século XIX. Com eles, Aluísio Azevedo consagrou-se “o 
primeiro romancista de massas” da literatura brasileira. 
O cortiço: ficha técnica
Ficha 
• Ano de lançamento – 1890.
• Gênero: romance.
• Composto de 23 capítulos.
• Pano de fundo: Rio de janeiro.
• Tempo: final do século XIX
• A obra é narrada em terceira pessoa, 
com narrador onisciente (que tem 
conhecimento de tudo).
A fermentação sanguínea e sensual de O 
cortiço
O cortiço é habitado por pessoas exploradas em três níveis por João Romão, o 
proprietário: são seus inquilinos, trabalham em sua pedreira e fazem compras em sua 
taverna. 
À medida que vai enriquecendo, João Romão prepara-se para se casar com 
Zulmira, filha do Miranda, o burguês dono do sobrado no qual sua ambição se 
espelha, a fim de consolidar a própria ascensão social. No entanto, vive amasiado com 
Bertoleza, uma escrava supostamente alforriada.
Jerônimo, um português sério e conservador, e sua mulher, Piedade, aparecem no 
cortiço, desencadeando um episódio marcante do livro. Jerônimo apaixona-se por Rita 
Baiana, a típica mulata sensual e bela, que namora Firmo, um capoeirista, morador do 
“Cabeça de Gato”, outro cortiço, próximo ao de João Romão.
A fermentação sanguínea e sensual de O 
cortiço
No enfrentamento entre os rivais, Jerônimo é ferido com uma 
navalha; depois, numa emboscada, assassina Firmo. Esse episódio 
desemboca num confronto entre os cortiços, do qual resulta um 
incêndio que só trará melhorias e prosperidade a João Romão. 
Para livrar-se da amante negra, ele a delata aos antigos senhores. 
Quando estes aparecem para capturá-la, Bertoleza suicida-se com 
uma faca de cozinha.
E viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braços nus, para dançar. 
[...] 
Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e bamboleando a cabeça, 
ora para a esquerda, ora para a direita, como numa sofreguidão de gozo carnal, num requebrado luxurioso 
que a punha ofegante; já correndo de barriga empinada; já recuando de braços estendidos, a tremer toda, 
como se se fosse afundando num prazer grosso que nem azeite, em que se não toma pé e nunca se encontra 
fundo. [...] 
E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados. 
Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela 
era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos 
e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a 
nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha 
do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a 
muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, 
acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro 
do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, 
uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar 
numa fosforescência afrodisíaca. [...] 
AZEVEDO, Aluísio. O cortiço
Observe que 
Para descrever os movimentos de Rita Baiana, Aluísio recorre com frequência 
a comparações com animais e plantas, deixando clara a vinculação do texto à 
estética naturalista. No fim da cena, Rita Baiana é apresentada como uma síntese 
irresistível da força natural do Brasil, que seduz os estrangeiros que aqui 
chegavam. Sua sensualidade simboliza, portanto, uma sexualidade associada aos 
elementos da natureza nacional, despertando desejos a que o português Jerônimo 
não conseguirá resistir. 
O indivíduo é, assim, completamente envolvido pelo meio, que de certa forma 
o devora. O cortiço adquire a condição de uma personagem, que vai se 
expandindo e multiplicando a cada dia. É nesse cenário promíscuo e insalubre que 
ocorre o cruzamento das raças, a explosão da sexualidade, a violência e a 
exploração do ser humano, demonstrando as teses deterministase evolucionistas 
que tanto influenciaram os escritores do período.
Raul Pompéia 
Um caso particular: Raul Pompeia
Algumas vezes a história literária dá exemplos de autores que se 
imortalizam pela publicação de uma obra em especial. Esse é o caso de Raul 
Pompeia e do romance O Ateneu (1888), consagrado pela crítica como uma 
das obras mais inteligentes da literatura brasileira. 
Com o subtítulo de “Crônica de saudades”, o livro conta a história da 
formação do menino Sérgio no internato Ateneu e se assemelha muito a um 
romance de memórias. O romance se diferencia das narrativas da época por 
apresentar um foco narrativo em primeira pessoa e por assumir um tom 
reflexivo que o afasta da objetividade. 
O ateneu: ficha técnica
Ficha 
• Obra publicada em 1888.
• O Ateneu narra o percurso de Sérgio pelo 
colégio interno Ateneu, localizado no bairro Rio 
Comprido, no Rio de Janeiro.
• É uma narrativa de confissão, narrada em 1ª 
pessoa por Sérgio (personagem-narrador).
• Dividido em 12 capítulos.
O ateneu 
O Ateneu, o livro mais importante de Raul Pompeia, foi publicado primeiramente 
sob a forma de folhetim, em 1888, na Gazeta de Notícias. Autobiográfico (uma vez 
que Raul Pompeia fora também aluno interno), o romance, narrado em primeira 
pessoa, conta a vida do adolescente Sérgio, dentro do internato. Caricaturando seus 
colegas, professores e o diretor do internato, o autor acentua-lhes defeitos, erros, 
hostilidades, hipocrisias, corrupções física e moral.
O componente memorialístico do livro deve-se a um episódio marcante da vida 
de Raul Pompeia, pelo trauma que lhe causou. Aos dez anos tornou-se aluno de um 
famoso internato carioca, o Colégio Abílio, cujo diretor, o barão de Macaúbas, era 
conhecido por sua severidade e prepotência. Assim, reconstruir as atrocidades 
cometidas nos bastidores do grande colégio da época, frequentado pela fina flor da 
sociedade brasileira, criticar o sistema educativo do colégio, com suas punições, seu 
autoritarismo, o regime de hipocrisia e de espionagem instituído pelo diretor, constitui 
uma das faces da obra. Nela o barão de Macaúbas transfiurou-se literariamente em 
Aristarco, o diretor do Ateneu.
Confusamente ocorria-me a lembrança do meu papelzinho de 
namorada faz-de-conta, e eu levava a seriedade cênica a ponto 
de galanteá-lo, ocupando-me com o laço da gravata dele, com a 
mecha de cabelo que lhe fazia cócega aos olhos.
Iniciara-me Sanches no Mal; Barreto instruiu-me na Punição.
Enredo
Chamado pelo autor de “Crônica de saudades”, O Ateneu, no entanto, 
ultrapassa essa dimensão autobiográfica por sua qualidade literária. 
Classifica-se como um “romance de formação”, isto é, um romance que narra 
a passagem da mente infantil para a adulta, e tem como mola propulsora, como 
fio da meada, a memória de Sérgio, o narrador-personagem. 
Já adulto, ele relata os episódios emocionalmente mais marcantes, mais 
traumatizantes, ocorridos ao longo dos dois anos em que foi aluno do Ateneu
Importante saber 
O romance traz algumas inovações importantes para o cenário da literatura 
brasileira. As descrições feitas por Raul Pompeia exploram o expressionismo das 
imagens, mas revelam um olhar cruel para as personagens. 
A escola funciona, no livro, como um microcosmo da sociedade. Assim como 
ocorria no mundo burguês, para Aristarco, o diretor do colégio, o valor maior era o 
dinheiro; o prestígio dos alunos, portanto, vinha da riqueza de suas famílias. 
Sérgio fala do colégio interno dando tons sombrios para o contexto em que se 
formava a elite brasileira do momento. 
Nos dois casos, critica-se a classe dominante, mas Raul Pompeia opta por fazê-lo 
de modo mais ressentido, motivado pelas doutrinas que influenciaram o Naturalismo. 
Por isso, Sérgio conclui: “Não é o internato que faz a sociedade, o internato a reflete. 
A corrupção que ali viceja vai de fora”. Mais uma vez, reforça-se a tese de que o 
indivíduo é fruto do meio em que vive. 
Enredo 
Tendo por tema central o drama da solidão, o desajuste do indivíduo num 
ambiente que lhe é hostil, O Ateneu compõe-se de 12 capítulos que se assemelham a 
uma sucessão de quadros, não subordinados necessariamente entre si. Mais do que 
relatar episódios, acontecimentos ou ações, tais quadros relatam as impressões, as 
sensações que deixaram na alma de Sérgio, seja em suas tentativas inúteis e 
malsucedidas de encontrar amigos, seja no amor platônico que dedica a Ema, a esposa 
de Aristarco. 
Essas duas faces da obra – a de desvendamento do interior do 
narrador-personagem e a de denúncia de todo um sistema educativo – são exemplos 
de como se reúnem tendências literárias opostas, pode-se dizer conflitantes: de um 
lado a tendência impressionista (e podemos acrescentar expressionista, simbolista, na 
medida em que convivem) e, de outro, uma tese a ser defendida, bem à moda 
naturalista.
Adolfo Ferreira Caminha (1867-1897)
Um dos principais representantes da literatura naturalista brasileira foi 
Adolfo Caminha. Publicou sua primeira obra em 1886, intitulada "Voos 
Incertos".
Sua produção literária é marcada por temas de violência, perversão, 
homossexualidade, crimes e tragédias.
A obra que merece destaque é "A Normalista" (1893) de cunho 
regionalista. Além disso, o "Bom Criolo"(1895) foi seu romance ousado por 
abordar a temática homossexual.
Herculano Marcos Inglês de Sousa (1853-1918)
Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, Inglês de 
Sousa foi um professor, advogado, político, jornalista e escritor 
brasileiro.
Publicou "O Coronel Sangrado" em 1877. Entretanto, foi em 
1891, que Inglês de Souza adquire reconhecimento literário com a 
publicação da obra "O Missionário", na qual aborda a influência do 
meio sobre o indivíduo.

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