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Período Letivo: 2022/1 Curso: Administração Nível: Graduação Disciplina: Gestão Ambiental Categoria: Obrigatória Carga Horária Total: 60h Créditos: 4 Professor: Dr. Gilton Luis Ferreira Data: 26/10/2022 Aluno: André Valani Barraqui Turno: Matutino REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ZANIRATO, SÍLVIA HELENA e ROTONDARO, TATIANA Consumo, um dos dilemas da sustentabilidade. Estudos Avançados [online]. 2016, v. 30, n. 88 [Acessado 25 Outubro 2022] , pp. 77-92. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0103-40142016.30880007>. ISSN 1806- 9592. https://doi.org/10.1590/S0103-40142016.30880007. AUTOR(A) DA OBRA SÍLVIA HELENA ZANIRATO Programas de Pós-Graduação em Mudança Social e Participação Política, Universidade de São Paulo, São Paulo/São Paulo, Brasil. Sílvia Helena Zanirato é professora do curso de Gestão Ambiental e dos Programas de Pós- Graduação em Mudança Social e Participação Política (Promusp) e Ciência Ambiental (Procam/IEE), todos da Universidade de São Paulo. @ -shzanirato@usp.br TATIANA ROTONDARO Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo/São Paulo, Brasil. Tatiana Rotondaro é professora de Sociologia do Departamento de Economia da FEA-USP e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (Procam/IEE) da Universidade de São Paulo. @ - tatiana.rotondaro@usp.br BREVE SÍNTESE DA OBRA Esse texto trata das transformações sociais e culturais que levaram à constituição da sociedade de consumo, à disseminação de hábitos, valores e atitudes que a sustentam. Com essa intenção, é abordada a constituição de desejos e as necessidades que se assentam na constante produção do novo, o que se insere na lógica do presente, tempo privilegiado da feitura e do consumo. Na sequência são discutidas as consequências da lógica renovação constante de produtos e do consumo se limites e suas implicações para o meio ambiente. Em continuidade são abordados documentos como a "Avaliação Ecossistêmica do Milênio", da ONU, de 2005, e os dados da Global Footprint Network, de 2015, que alertam quanto ao descompasso das atuais tendências de consumo de energia e de materiais para atender os desejos e necessidades em relação a escassez dos recursos naturais e à incapacidade de assimilação dos resíduos gerados no processo produtivo. Estudos dessa ordem indicam os limites da lógica presentista e apontam para a importância de um olhar para o futuro, sabendo que as escolhas de hoje comprometem a oferta de escolhas das novas gerações. Nas considerações finais abordamos o que temos como desafios a serem enfrentados para que possamos avançar na construção de outra lógica de consumo, que se insira no porvir e na parcimônia. METODOLOGIA A metodologia apresentada pelas autoras está intrinsicamente ligada ao fato de que não se pode falar em sustentabilidade sem considerar mudanças de estilo de vida, nas atitudes e comportamentos. DESENVOLVIMENTO DO TEMA As autoras Silva Helena Zanirato e Tatiana Rotondaro abrem o artigo nos mostrando o surgimento de um consumismo implícito e forçado, pois ao longo da história surgiram novos valores culturais que iniciavam a glorificação pela individualidade. Destacaram que essa individualidade pode ser absoluta (que podem saciáveis) e relativas (que são insaciáveis, pois aumentam de acordo com a condição socioeconômica e das interações sociais). Nos mostra assim que os sentimentos e atitudes a cerca de suas necessidades e de sua satisfação se expressam nas mais simples práticas do cotidiano, como hábitos de higiene, ou formalidade a se portar na mesa, por exemplo. Com isso possou-se a compreender muito melhor a relação entre consumo e necessidade, no âmbito moral e material. Antes mesmo do início do industrialismo notava-se o consumo baseado em ostentação, como meio de distinção social, pois resultava na reprodução dos valores da classe dominante da época, caracterizando seu modo de vida como parâmetro a ser seguido por causar uma “boa reputação”. Com o desenvolvimento em ascensão e em consequência os meios de comunicação e mobilidade urbana, esse posicionamento baseado em distinção passa a ser não somente pela exibição de bens a observação de outros indivíduos, mais sim da diferenciação e destaque perante a outras sociedades. Com o início do Taylorismo e do Fordismo, e com a produção acelerada e em larga escala, oferta-se produtos de qualidade menor a outras classes sociais, a publicidade cada vez mais incentivando o consumo e seduzindo os consumidores iniciando aí então o apelo pela supressão em relação a racionalidade econômica da troca. As autoras evidenciam que foi nesse contexto que a moda começou a ganhar espaço e se difundiu pela sociedade ocidental, e passou a atribuir a moda o sentimento de substituição a curto prazo, visto que, o consumo estabeleceu como principal critério o acesso a moda a distinção social. Pois sempre que o mercado ofertava algo o mesmo mercado lançava algo novo gerando uma nova necessidade, gerando assim um ciclo de “bola de neve”. Os consumidores passam a enxergar e naturalizar que a vida útil dos produtos tende a ficarem cada vez menores para que ocorra uma substituição cada vez mais rápida. Com a expansão do consumo surge a preocupação ambiental a cerca do uso desenfreado de recursos finitos e não renováveis. Deve-se pensar no bem estar humano a longo prazo e encontrar novas formas de satisfazer seus desejos e necessidades, e transformá-los em padrões de consumo que mantenham os sistemas e recursos para as próximas gerações. Foi exposto pelas autoras diversos encontros, conferências, relatórios acerca da extrema importância e urgência em se pautar os aspectos econômicos, políticos, éticos, sociais, culturais e ecológicos. O conceito de desenvolvimento veio ganhando força a partir do século XX, produtos verdes e cada vez mais sustentáveis e sócio inclusivos são criados, denomina-se então a moda verde, ecológica ou sustentável. Todos estes aspectos contribuem para a diminuição dos impactos no processo produtivo, mas mesmo assim ainda não é o ponto chave do artigo, pois ele deixa claro que não se pode falar em sustentabilidade sem considerar mudanças extremas no estilo de vida, nas atitudes e comportamentos humanos quanto aos seus desejos e necessidades. Sugere também mudanças nos paradigmas educacionais como forma de alavancar o pensamento crítico desde os primordes da educação, com a criação de novos hábitos valores e atitudes. CONSIDERAÇÕES FINAIS O artigo traz reflexões sobre como o consumo atual se apresenta de maneira distanciada das necessidades ecossistêmicas, o que gera enormes desafios em termos de reorganização civilizacional. A partir da análise de como os hábitos de consumo se estabeleceram na sociedade contemporânea, buscamos argumentar que o atual padrão de consumo que vivenciamos é produto de um longo e lento processo histórico de construção social de uma cultura, sustentada por valores, normas e padrões que se reproduzem. Por isso mesmo, a necessidade de mudanças que sejam comprometidas com os limites ecossistêmicos, o que implica na revisão de valores e normas, hábitos e práticas que contribuíram para o estabelecimento da sociedade de consumidores, o que hoje somos. GLOSSÁRIO