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2019 Mercado de capitais Prof. José Alfredo Pareja Gomez de La Torre Prof. Maurício Leite Prof. Vilmar Siewert Júnior 2a Edição Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Prof. José Alfredo Pareja Gomez de La Torre Prof. Maurício Leite Prof. Vilmar Siewert Júnior Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: T689m Torre, José Alfredo Pareja Gomez de La Mercado de capitais. / José Alfredo Pareja Gomez de La Torre; Maurício Leite; Vilmar Siewert Junior. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 188 p.; il. ISBN 978-85-515-0272-3 1. Mercado de capitais. – Brasil. I. Torre, José Alfredo Pareja Gomez de La. II. Leite, Maurício. III. Siewert Junior, Vilmar. IV. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 332.6 III apresentação O Mercado de Capitais é peça importante para qualquer atividade econômica, seja privada ou do setor público, ele é o mercado de valores fundamental para as necessidades de poupança e investimento das economias modernas. Deste a implantação do Plano Real o mercado de capitais só vem crescendo e servindo ao desenvolvimento da economia brasileira, sendo assim parceiro das grandes mudanças e inovações da economia do Brasil. No contexto da gestão pública o Mercado de Capitais oferece grande apoio para que a atividade pública possa conseguir executar suas atividades, principalmente a partir do momento em que este mercado adquiri mais confiança no gasto público através da Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Convidamos você a ter um aprendizado interessante e útil sobre o mundo do Mercado de Capitais e como ele pode ser de grande ajuda para a construção de suas competências profissionais. Na primeira unidade estudaremos as Políticas Econômicas e Fundamentos Financeiros necessários para se ter um entendimento sistêmico do Mercado de Capitais. Na Unidade 2 estudaremos sobre a Estrutura e Normativa Financeira, abordando temas da Estrutura Financeira Nacional, qual a Normativa e Ética no mercado de valores. E finalmente como é que acontece a Intermediação Financeira no mercado de valores. Na última unidade vamos conseguir identificar quais os Produtos de Investimento Financeiro mais usados, como se realiza a precificação de ativos, e como se calcula os riscos envolvidos no mercado de valores. E finalmente estudaremos sobre a Tributação de Rendimentos. Lembre-se que estes conhecimentos, com certeza, vão lhe trazer competências profissionais que serão de grande ajuda nas suas projeções como profissional da área de gestão e finanças, seja como profissional do setor público como do privado. Fique à vontade e aproveite o aprendizado deste caderno e do material de apoio postado na Trilha de Aprendizagem de seu Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Desejo-lhe sucesso no estudo desta disciplina, na busca de seu projeto de vida, de se formar como profissional competente. Bons estudos! IV NOTA Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! V VI VII UNIDADE 1 – NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS .........................................................................................................................1 TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS ECONÔMICOS .........................................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3 2 NOÇÕES DE ECONOMIA ...................................................................................................................4 2.1 ECONOMIA POSITIVA E NORMATIVA ......................................................................................4 2.2 MICROECONOMIA E MACROECONOMIA ..............................................................................6 3 INDICADORES MACROECONÔMICOS RELEVANTES AO MERCADO DE CAPITAIS ........9 3.1 PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) ............................................................................................ 10 3.2 ÍNDICES DE INFLAÇÃO ............................................................................................................... 11 3.2.1 Caso prático do impacto da inflação .................................................................................... 12 3.3 PRODUTO INTERNO BRUTO NOMINAL (PIB NOMINAL) VERSUS PIB REAL ............. 15 3.4 PIB REAL POR SETORES ECONÔMICOS .................................................................................. 17 4 A TAXA DE CÂMBIO .......................................................................................................................... 19 4.1 INFLUÊNCIA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS NA POSIÇÃO CAMBIAL ................... 21 4.2 POLÍTICA CAMBIAL ..................................................................................................................... 23 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 29 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 30 TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO ............................................ 33 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 33 2 TAXA BÁSICA DE JUROS – SELIC .................................................................................................. 33 2.1 SELIC META E TAXAS DE MERCADO ..................................................................................... 36 3 CONCEITOS BÁSICOS DE CÁLCULO FINANCEIRO PARA O MERCADO DE CAPITAIS .............................................................................................................................................................39 3.1 TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE (TMA) E RETORNO DO CAPITAL ........................... 40 3.2 O REGIME DE CAPITALIZAÇÃO SIMPLES .............................................................................. 41 3.2.1 Operações de curto prazo ...................................................................................................... 43 3.2.2 Exemplos de operações de curto prazo ...............................................................................45 3.3 O REGIME DE CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA ........................................................................ 47 3.4 PONDERAÇÃO DE CARTEIRA ................................................................................................... 50 3.5 CASE DE USO DO MERCADO DE CAPITAIS EM EMPRESAS PEQUENAS ...................... 53 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 56 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 57 TÓPICO 3 – DINÂMICA DO INVESTIMENTO FINANCEIRO .................................................. 59 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 59 2 ANÁLISE COMPARATIVA DE VALORES MOBILIÁRIOS ....................................................... 60 3 FATORES DA ANÁLISE DE INVESTIMENTOS .......................................................................... 61 3.1 LIQUIDEZ ......................................................................................................................................... 61 3.2 NÍVEIS DE RISCO ........................................................................................................................... 62 3.2.1 Risco de mercado .................................................................................................................... 62 3.2.2 Risco de pagamento – crédito ............................................................................................... 64 suMário VIII 3.2.3 Risco de liquidez ..................................................................................................................... 65 4 BENCHMARK E NECESSIDADES DE INVESTIMENTO ........................................................... 67 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 72 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 75 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 76 UNIDADE 2 – ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA ....................................................... 77 TÓPICO 1 – INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA .............................................................................. 79 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 79 2 ECONOMIA E MERCADO FINANCEIRO ..................................................................................... 80 2.1 INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA E SEUS INTERMEDIÁRIOS ............................................ 82 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 85 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 86 TÓPICO 2 – SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL ....................................................................... 87 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 87 2 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL: CONCEITOS E FUNÇÕES ......................................... 87 2.1 ÓRGÃOS NORMATIVOS............................................................................................................... 91 2.2 ENTIDADES SUPERVISORAS ...................................................................................................... 93 2.3 OPERADORES FINANCEIROS .................................................................................................... 98 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................106 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................107 TÓPICO 3 – MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS..............................................................109 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................109 2 SISTEMÁTICA DO MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS ............................................110 3 PARTICIPANTES DO MERCADO DE CAPITAIS ......................................................................116 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................125 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................126 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................127 UNIDADE 3 – MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS............................................................129 TÓPICO 1 – PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO .................................................131 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................131 2 TIPOS DE INVESTIMENTO............................................................................................................132 2.1 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DOS PRODUTOS FINANCEIROS ......................................132 2.2 TIPOS DE RISCO ...........................................................................................................................134 2.2.1 Risco de Crédito ....................................................................................................................134 2.2.2 Risco de Liquidez ..................................................................................................................134 2.2.3 Risco de Mercado ..................................................................................................................135 2.3 PRODUTOS DE RENDA FIXA ....................................................................................................135 2.3.1 CDB – Certificado de Depósito Bancário ..........................................................................135 2.3.2 LCI – Letras de Crédito Imobiliário ...................................................................................139 2.3.3 Letra de Crédito do Agronegócio .......................................................................................141 2.3.4 Debêntures .............................................................................................................................142 2.3.5 Títulos Públicos Federais .....................................................................................................149 3 PRODUTOS DE RENDA VARIÁVEL ............................................................................................156 3.1 AÇÕES .............................................................................................................................................156 3.2 MERCADO DE DERIVATIVOS ...................................................................................................160 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................163 IX RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................165 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................168 TÓPICO 2 – PRECIFICAÇÃO DE ATIVOS......................................................................................1711 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................171 2 CAPM – CAPITAL ASSET PRICING MODEL ...............................................................................171 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................174 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................175 TÓPICO 3 – TRIBUTAÇÃO DE RENDIMENTOS .........................................................................177 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................177 2 TRIBUTAÇÃO DE PRODUTOS DE INVESTIMENTO .............................................................177 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................183 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................184 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................185 X 1 UNIDADE 1 NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • saber interpretar os principais índices econômicos relacionados ao mercado de valores; • entender como as condições econômicas influenciam o mercado de capitais; • saber como aplicar os instrumentos de cálculo financeiro no mercado de valores; • discernir os referentes de mercado (benchmark) nas decisões que envolvem o mercado de valores. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 - PRINCÍPIOS ECONÔMICOS TÓPICO 2 - PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO TÓPICO 3 - DINÂMICA FINANCEIRA DE INVESTIMENTO FINANCEIRO 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 PRINCÍPIOS ECONÔMICOS 1 INTRODUÇÃO Antes de começar, gostaria de lhe perguntar: o que é para você o mercado de capitais? Em parte, o próprio nome consegue lhe responder. Mas se você aprofundar mais um pouco, o mercado de capitais é onde compradores e vendedores negociam seus títulos, tais como ações, certificados de depósitos, títulos da dívida pública, notas promissórias, cédulas hipotecárias etc. No mundo financeiro esses papéis com valor financeiro são conhecidos como valores mobiliários, e estão sujeitos ao rigoroso controle e regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Essa breve definição permite-nos desenvolver mais um pouco a pergunta. O mercado de capitais permite aos agentes interessados (principalmente empresas e governo) captar recursos dos investidores e distribuir esses recursos conforme a dinâmica da própria economia, refletidos nos valores mobiliários que circulam no mercado de capitais. Isso permite a transferência de recursos monetários entre agentes investidores (com excedente de caixa/superavitários) para os agentes que estão precisando de recursos monetários para diversos fins (deficitários). Podemos dizer que há uma correlação entre a dinâmica do mercado de capitais, tanto nacional como internacional, com o constante fornecimento de recursos monetários para as diversas atividades econômicas, tais como da indústria, do comércio, governo. Observe que nessa definição do mercado de capitais se fala várias vezes da atividade econômica. Assim, para conseguir entender e atuar no mercado de capitais, é necessário entender os princípios econômicos e financeiros que dinamizam o mercado de capitais do país e do mundo. É precisamente por esse motivo que em toda a Unidade 1 estudaremos sobre isso! Agora, vamos começar nossos estudos falando sobre economia e finanças e seu impacto na movimentação financeira. Vamos lá? UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS 4 2 NOÇÕES DE ECONOMIA Qual o foco da ciência econômica? Existem várias respostas para essa pergunta, mas existe uma que é bem interessante de se observar, a economia analisa a escassez relativa de recursos objetivando satisfazer as necessidades e desejos da sociedade. Neste caso, quando falamos de recursos, estamos focando nos recursos produtivos (matéria-prima, bens de capital, recurso humano etc.) que são negociáveis no mercado dos fatores da produção para que as empresas possam produzir e ofertar no mercado de bens e serviços e assim satisfazer as diversas necessidades e desejos das pessoas que interagem em sociedade. Segundo Samuelson e Nordhaus (2012, p. 3): A essência da ciência econômica é compreender a realidade da escassez e, então, conceber como organizar a sociedade de modo a corresponder ao uso mais eficiente dos recursos. É nisso que reside a contribuição específica da ciência econômica. Diante do exposto, “A essência da ciência econômica é compreender a realidade da escassez [grifo nosso]”, assim, se um bem não é escasso, nós, como consumidores, não percebemos sua real necessidade. Pense no ar que respiramos desde que nascemos até o último dia aqui neste mundo, esse é um bem essencial à vida! Mas como não é escasso, nós, como seres humanos, não nos conscientizamos de seu real valor para nos manter vivos! Isto, em termos econômicos, quer dizer que desde o momento em que um bem se torna escasso, ele se torna um bem com “valor econômico”. Entretanto, como essa gestão da “escassez” pode ser executada na atividade econômica de um país? Essa atividade é executada por meio dos três grandes agentes econômicos (famílias/consumidores, produtores/empresas e o governo), que negociam seus interesses no mercado. Por um lado, as empresas procuram suas necessidades de produção adquirindo recurso produtivo no mercado dos fatores de produção, e por outro lado, os consumidores procuram satisfazer suas necessidades no mercado de bens e serviços. Partindo desse conceito básico, a economia vai se focando e especializando nas suas diversas formas, partindo da economia positiva e normativa, até as duas grandes divisões da análise econômica: Microeconomia e Macroeconomia. Neste tópico não vamos aprofundar sobre esses elementos da economia, isso pode nos levar para o estudo de várias páginas! Mas vamos nos focar no essencial para conseguir entender melhor seu vínculo com as atividades do mercado de capitais. 2.1 ECONOMIA POSITIVA E NORMATIVA Ao estudar uma série de acontecimentos econômicos, a economia se torna positiva e levanta uma série de questionamentos a serem respondidos por meio de ferramentas de análise econômica. Logo, a economia positiva analisa fatos para descrevê-los e assim conseguir responder aos questionamentos sobre o TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS 5 assunto. Enquanto que a economia normativa, por sua parte, analisa as condições econômicas do momento para levantar uma série de condicionamentos que envolvem juízos de valor. Declarações positivas são descritivas e referem-se a como o mundo é. A declaração de Norma é normativa. Declarações normativas são prescritivas e referem-se a como o mundo deveria ser. (MANKIW, 2013, p. 29) Segundo o exposto pelo autor, a análise positiva analisa fatos, e a normativa analisa o “como” as coisas deveriam ser, observe os seguintes exemplos: • Por que o serviço de Uber possui melhores tarifas que o serviço de táxi? • Será que para garantir um mínimo de redução da desigualdade é conveniente aumentar o universo de pessoas sujeitas ao recebimento da Bolsa Família? • O Brasil deveria negociar com a China para reduzir as tarifas sobre as importações? • O acordo assinado durante a greve dos caminheiros (21 de maio de 2018) de fato aumentou a renda destes? • Uma taxa básica de juros (Selic) maisbaixa aquece o consumo? • Será que para diminuir a pressão no aumento nos preços (inflação) dever-se-ia aumentar os juros básicos da economia? Destes questionamentos, os que abordam uma análise positiva da economia são o primeiro, o quarto e o quinto, e como economia normativa temos o segundo, o terceiro e o sexto. Conseguiu visualizar a diferença? A economia positiva analisa fatos que servem, entre outras coisas, como base para levantar uma série de hipóteses que serão de alimento para desenvolver políticas econômicas, assim, as duas (positiva e normativa) estão intimamente interligadas, observe: [...] uma visão positiva do mundo afeta a visão normativa sobre quais políticas são necessárias. A afirmação de Polly de que o salário mínimo provoca desemprego, se verdadeira, pode levá-la a rejeitar a conclusão de Norma de que o governo deveria aumentar o salário mínimo. Além disso, as conclusões normativas não resultam apenas da análise positiva, pois também envolvem juízos de valor. (MANKIW, 2013, p. 30) Essa diferenciação é muito importante levar em consideração, e não só para questões econômicas, mas também para situações complexas no mercado de capitais, nas finanças das empresas e em outras situações. No contexto do mercado de capitais, será que com a diminuição da taxa de juros básica (Selic) consegue-se aquecer o mercado de ações na Bolsa de São Paulo? Se diminuir a atratividade dos títulos da dívida pública (com menores juros, esses papéis se tornam menos rentáveis), consequentemente os investidores irão procurar melhor rentabilidade no mercado de ações. Eis aqui um exemplo de como a análise positiva e normativa pode ser aplicada ao mercado de capitais! UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS 6 2.2 MICROECONOMIA E MACROECONOMIA No contexto do mercado de capitais é útil entender como a Macroeconomia se torna uma ferramenta de análise efetiva para delinear políticas monetárias. No contexto macroeconômico, a política econômica utiliza os dados vindos dos grandes agregados macroeconômicos visando dinamizar a atividade econômica foco da microeconomia. Isto quer dizer que por meio da análise dos agregados macroeconômicos consegue-se dinamizar a atividade econômica dos agentes econômicos atuantes no mercado. Observe que a Microeconomia e a Macroeconomia estão interligadas. Em termos analógicos, a Macroeconomia observa os agregados da dinâmica econômica (como se fosse o ecossistema de uma grande floresta). E a Microeconomia é a análise do comportamento individual dos agentes econômicos quando se observa as suas particularidades, isto é, o comportamento do consumidor, o comportamento da empresa e a articulação do governo na atividade econômica. Observe que sem a atividade individual dos agentes econômicos analisados na Microeconomia, simplesmente não haveria Macroeconomia. A macroeconomia é o estudo do comportamento da economia como um todo. Examina as forças que afetam empresas, consumidores e trabalhadores no seu conjunto. A macroeconomia contrasta com a microeconomia, que estuda os preços, as quantidades e os mercados individualmente. (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012, p. 326) Sem uma inter-relação eficiente entre atividade microeconômica e do grande “ecossistema” macroeconômico, a dinâmica econômica perde estrutura e estaria sujeita ao impacto de diversos choques que poderiam levar até à desintegração da sociedade. Veja a seguir como a microeconomia e a macroeconomia encontram-se inter-relacionadas. Uma maneira fácil de enxergar essa inter-relação é por meio do fluxo monetário da economia. Nesta interpretação simples do fluxo circular de uma economia apresenta-se uma visão esquemática dos agentes econômicos, na qual as decisões são tomadas pelas: • Famílias, donas dos recursos produtivos necessários à produção, e como consumidoras, as famílias demandam os bens/serviços produzidos e ofertados pelas empresas. • Empresas, donas dos meios de produção que compram os recursos produtivos para serem processados e transformados em bens/serviços procurados pelas famílias (consumidores). Esses agentes interagem nos mercados de bens/serviços, nos quais as famílias procuram satisfazer suas necessidades e desejos comprando as mercadorias e serviços ofertados pelas empresas. A segunda interação destes agentes acontece no mercado de fatores de produção, no qual as famílias (como donas dos recursos produtivos) ofertam esses recursos às empresas. TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS 7 FIGURA 1 – FLUXO MONETÁRIO DA ECONOMIA FONTE: Mankiw (2013, p. 24) = Fluxo de insumos e produtos = Fluxo de dólares Salários, aluguéis e lucro Fatores de produção Trabalho, terra e capital Bens e serviços vendidos Bens e serviços comprados Receita Gastos Renda • Produzem e vendem bens e serviços • Contratam e usam fatores de produção • Famílias vendem • Empresas compram • Empresas vendem • Famílias compram • Compram e consomem bens e serviços • Possuem e vendem fatores de produção EMPRESAS MERCADOS DE FATORES DE PRODUÇÃO MERCADOS DE BENS E SERVIÇOS FAMÍLIAS O conjunto externo de setas representa o fluxo de dinheiro e o conjunto interno de setas refere-se ao fluxo correspondente de insumos e produtos. Observe que nesse fluxo monetário os Recursos Produtivos são fornecidos por meio de Remunerações, ou incentivos monetários. Recursos que logo são processados e transformados pelas Empresas em bens e serviços a serem ofertados às famílias. A seguir podemos visualizar a dinâmica do mercado dos fatores de produção: UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS 8 FIGURA 2 - RECURSOS EM TROCA DE REMUNERAÇÕES/INCENTIVOS MONETÁRIOS FONTE: O autor Mercado dos fatores da produção Adquiridos pelas empresas Moeda Local – R$ Ofertados pelos donos dos recursos em troca de R$ Recursos Naturais → Moeda → Aluguel Recurso Humano → Moeda → Salário Recursos de Capital → Moeda → Lucro e Juros Recurso Tecnológico → Moeda → Royalties / Regalias Recurso Empresarial → Moeda → Lucro É dessa maneira que o ciclo do fluxo monetário vai se fechando continuamente, pois os donos dos recursos irão receber recurso monetário que será a fonte de renda para as famílias conseguirem consumir o que as empresas ofertarem. Observe que a análise deste fluxo monetário faz parte da microeconomia, pois ela estuda o comportamento dos interesses econômicos tanto dos consumidores como dos produtores em função da dinâmica dos mercados. No entanto, será que esse fluxo é harmônico, sem apresentar grandes oscilações? Na vida real, a economia possui ciclos de crescimento/aquecimento e de decrescimento/crises econômicas, em função das oscilações no comportamento dos agentes econômicos. Grande parte dessas oscilações acontece pelos seguintes motivos ou vazamentos: • Mudanças no nível de poupança das famílias - quando as famílias desejam economizar mais do que o normal haverá uma redução no fluxo monetário, logo, uma tendência em reduzir as compras às empresas. Resultado? As empresas começam a ter maiores estoques de produto e logo começam a reduzir sua produção, que por sua vez reduz a demanda de recursos produtivos, reduzindo assim a renda das famílias. Deste modo, o fluxo monetário começa a se reduzir. • Mudanças nos tributos cobrados pelo governo - se o governo arrecadar mais do que o fluxo a que está habituado, haverá uma redução da renda das famílias a assim apresenta-se uma redução no fluxo monetário. • Mudanças no saldo líquido da balança comercial - se há um aumento nas importações e as exportações se mantêm iguais, logo, haverá uma diminuição da renda disponível na economia, pois parte da renda das famílias vai para o exterior por meio da compra de produtos importados. Isso acontece porque essa renda paga pelos produtos importados beneficia as empresas lá de fora, no exterior, e não as empresas nacionais, logo, é um fluxo negativo. Assim, nesses ciclos de crescimento e crises econômicas, os vazamentosdo fluxo possuem um papel importantíssimo, e é aí que a análise macroeconômica começa a interagir com a microeconomia. Nesses casos, por meio da análise dos agregados econômicos (macroeconomia), o governo desenvolve suas políticas econômicas, podendo interferir no fluxo monetário para que esses vazamentos parem de acontecer, influenciando, entre outras coisas, o mercado de capitais, assim: TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS 9 • Vazamento da poupança - o sistema financeiro começa a aumentar o nível de empréstimos às famílias e às empresas para incentivar o consumo e assim compensar o vazamento. • Vazamento dos impostos - o governo pode aumentar seu gasto por meio de investimentos em infraestrutura, novas escolas etc. Assim, essa redução na renda das famílias em função ao aumento dos impostos será compensada pelo aumento do gasto público. • Vazamento do saldo líquido da Balança Comercial - por meio de incentivos e políticas de comércio exterior, o governo pode incentivar o aumento das exportações, compensando assim esse vazamento de renda ao exterior. Talvez você esteja se perguntando: interessante rever estes conceitos econômicos, mas qual é sua ligação com o mercado de capitais? Observe que o fluxo monetário depende de moeda para conseguir se manter tanto nos mercados de bens/ serviços como no mercado dos fatores de produção. A eficiente dinâmica dessa “moeda”, em grande parte, dependerá do mercado de capitais, logo, para entender melhor a estrutura do mercado de capitais, objeto deste livro de estudos, é importante levar em consideração os conceitos econômicos básicos aqui apresentados. É precisamente nesse foco que as políticas econômicas ajudam a que essa inter-relação seja o mais eficiente possível dentro do quadro econômico do momento. Vejamos alguns exemplos de quais podem ser os questionamentos macroeconômicos envolvidos na análise do mercado de capitais: Está ocorrendo um período de exuberância financeira, com os preços das ações subindo rapidamente? Ou o Banco Central está utilizando a política monetária para combater os efeitos da queda dos preços da habitação e de uma crise financeira? (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012, p. 326). Esses questionamentos dificilmente poderiam ser levantados sem antes se ter uma prévia de indicadores dos agregados macroeconômicos, por isso eles serão estudados logo a seguir, levando em consideração o mercado de valores. 3 INDICADORES MACROECONÔMICOS RELEVANTES AO MERCADO DE CAPITAIS Existe uma série de indicadores macroeconômicos que influenciam diretamente no mercado de capitais e outros indicadores de maneira indireta. Entre os mais relevantes, tem-se: o Produto Interno Bruto (PIB), índices de inflação (principalmente IPCA e IGP-M), taxa básica de juros (Selic), taxa de câmbio, taxa de Certificado de Depósito Interbancário (CDI) e a taxa referencial (TR). UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS 10 3.1 PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) Para medir o nível econômico de uma região, um dos melhores indicadores é o PIB, mas qual o significado de PIB? Em resumo, ele é a soma das riquezas geradas durante um período por região, pode ser a nível de um estado da federação brasileira, do Brasil, ou até de uma grande região, tal como da União Europeia. No caso do Brasil, o PIB é medido trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). DICAS Já visitou o site do IBGE? Ele possui interessantes dados econômicos, industriais, geográficos, entre outros, que poderão ajuda-lo em diversas situações, tanto acadêmicas como profissionais. Acesse: <https://www.ibge.gov.br/index.php>. O PIB pode ser medido desde várias perspectivas, pelo nível da renda do país, pelos fatores da produção ou pelas despesas geradas. Desde o ponto de vista da produção, o PIB é medido pela coleta dos setores da agropecuária, indústria e pela geração de serviços. Segundo fontes do Banco Mundial, no ano de 2017 a geração do PIB por setores produtivos foi: Agropecuária, 10,3%; Indústria, 20,8% e Serviços, 68,8%, conforme podemos observar a seguir: QUADRO 1 – PIB BRASIL 2017 POR SETORES FONTE: <https://data.worldbank.org/country/brazil>. Acesso em: 05 ago. 2018. Geração de PIB por setores produtivos Agropecuária Indústria Serviços Setor 10,3% 20,8% 68,8% Crescimento por setor -6,6% -3,8% -2,6% Podemos observar que a geração do PIB do Brasil é majoritariamente gerada pelo setor de serviços, eis a importância dentro do contexto das fontes de recursos monetários para este setor. Mas será que a medição do PIB é diferente se ele é medido desde a perspectiva da geração da renda ou do consumo, e não desde a perspectiva da produção? O valor da medição feita dessa conta (PIB) será exatamente igual sob qualquer dessas perspectivas, observe a figura a seguir, nela é mostrada a geração de fluxo monetário (semelhante à estudada anteriormente), mas com a diferença de que nela se leva em consideração as diferentes perspectivas de geração do PIB. https://www.ibge.gov.br/index.php https://data.worldbank.org/country/brazil TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS 11 FIGURA 3 – FLUXO MONETÁRIO E A MEDIÇÃO DO PIB FONTE: Mankiw (2013, p. 467) = Fluxo de insumos e produtos = Fluxo de moedas Salários, aluguéis e lucro (=PIB) Fatores de produção Trabalho, terra e capital Bens e serviços vendidos Bens e serviços comprados Receita (=PIB) Despesas (=PIB) Renda (=PIB) EMPRESAS MERCADOS DE FATORES DE PRODUÇÃO MERCADOS DE BENS E SERVIÇOS FAMÍLIAS O PIB é igual ao total das despesas das famílias no mercado de bens e serviços. E é igual também ao total de salários, aluguéis e lucros pagos pelas empresas no mercado de fatores de produção. Então, a medição do PIB sob qualquer das perspectivas mostradas na figura será igual, logo, são diversas maneiras de analisar os agregados econômicos em função dos objetivos da gestão da política econômica do momento. 3.2 ÍNDICES DE INFLAÇÃO Seguramente você já deve ter reparado que uma nota de R$ 100,00 de hoje não consegue comprar a mesma quantidade de produtos no supermercado do que uma nota desse mesmo valor há 10 anos. Com certeza, nesse período você poderia adquirir mais produtos, mas quanto mais? Daqui a pouco vamos conferir isso, por meio dos dados estatísticos do IBGE, mas antes disso vamos rever alguns conceitos do que é mesmo a inflação. UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS 12 A inflação é basicamente a perda de poder aquisitivo de uma moeda considerando o fator tempo, no Brasil essa moeda é o R$. Em outras palavras, a inflação é a elevação dos preços na atividade econômica, segundo Samuelson e Nordhaus (2012, p. 538): A inflação ocorre quando o nível geral de preços está aumentando. Atualmente, calculamos a inflação recorrendo a índices de preços – médias ponderadas dos preços de milhares de produtos individuais. O índice de preços ao consumidor (IPC) quantifica o custo de uma cesta de bens e serviços de mercado em relação ao custo desse conjunto em determinado ano-base. E aqui no Brasil, quem faz monitoramento do Índice de Preços ao Consumidor (IPC)? Existem várias instituições que fazem esse monitoramento, esses índices de inflação: “[...] são calculados pelo Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)” (BRUNI, 2009, p. 77). Em termos nacionais, o índice aplicado é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA, este índice: [...] consiste em um indicador com abrangência nacional, divulgado pelo IBGE, utilizado pelo Banco Central como parâmetro para verificação dos objetivos do Regime de Metas de Inflação desde 1999. A desagregação oficial é a seguinte: alimentação e bebidas (peso de 22,7%), habitação (peso de 16,4%), artigos de residência (peso de 5,7%), vestuário (peso de 5,4%), transportes (peso de 21,4%), saúde e cuidados pessoais (10,6%), despesas pessoais (9,4%), educação (4,8%) e comunicação(3,6%) (BRUNI, 2009, p. 78). O índice de inflação feito pela FGV é conhecido como Índice de Preços do Mercado (IGP-M) e embora seja também uma ponderação, esta é feita por meio da medição de preços dos grandes setores da atividade econômica, se registrando a inflação desde matérias-primas, atividade agrícola e industrial até chegar ao índice de preços de consumo final. Neste caso do IGP-M é feita uma média ponderada da junção de três grandes índices de abrangência nacional: “Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M) – 60%; Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) – 30%; Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) – 10%” (Índices e Indicadores, 2018). 3.2.1 Caso prático do impacto da inflação Como foi observado, a inflação é o índice que mede a perda de poder de compra da atividade econômica de uma região, no caso do Brasil a inflação pode ser observada por meio dos índices IPCA, o IGP-M, entre os principais. Entretanto, como essa perda de valor pode ser visualizada? Suponha que você tem nas suas mãos uma nota de R$ 100,00, qual era o poder de compra desta nota há 10 anos? Bem menos, correto? Mas de quanto seria essa perda? TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS 13 Suponha que você vai ao supermercado e com essa nota de R$ 100 consegue comprar um quilo de queijo, R$ 30,00; um quilo de arroz, R$ 3,00; 500 gramas de feijão vermelho, R$ 7,50; diversas verduras e legumes, R$ 20,00; ovos e mais outras proteínas, R$ 30,00; produtos de limpeza, R$ 9,50. O total disso seria R$ 100,00, mas quantas coisas se poderia comprar com essa mesma nota de R$ 100 há 10 anos? Levando em consideração a inflação, com certeza alguma coisa a mais, e para determinar um referencial de poder de compra dessa nota de R$ 100, temos que considerar a inflação dos últimos 10 anos e calcular o valor de compra. Para isso, vamos ter que olhar o índice histórico da inflação dos últimos anos, conforme o quadro a seguir: QUADRO 2 – PERDA DO PODER DE COMPRA DO REAL FONTE: Adaptado de IBGE (2018) Valor do Poder de Compra Anos Valor Perda de poder Taxa de Inflação ano*2008 R$ 179,55 2009 169,64 9,91 5,84% 2010 162,20 7,44 4,59% 2011 153,03 9,17 5,99% 2012 144,07 8,96 6,22% 2013 135,72 8,35 6,15% 2014 128,54 7,19 5,59% 2015 119,97 8,57 7,14% 2016 108,37 11,61 10,71% 2017 102,86 5,50 5,35% 2018 100,00 2,86 2,86% Lembra da fórmula de valor presente aplicada no quadro? Valor Presente: VF x (1 + i)-n , onde: VF = Valor Futuro, i = taxa de juros e n = períodos. A fórmula também poderá ser FV = PV x (1 + i)n, onde: FV= Valor futuro, PV= Valor presente. No cálculo da perda de valor do dinheiro (inflação) mostrado no quadro, trocamos “VF” pelo valor em um ano determinado e ‘i” pela taxa de inflação, exemplo: Valor referencial ano 2009 → R$ 169,64 = 179,55 x (1 + 0,0584)-1 Valor referencial ano 2010 → R$ 169,64 = 179,55 x (1 + 0,0459)-1 Valor referencial ano 2011 → R$ 169,64 = 179,55 x (1 + 0,0599)-1 E assim sucessivamente até chegar ao ano 2018, ano no qual esse valor será de R$ 100,00. Observe que na fórmula do cálculo da perda anual do valor aplica-se “n” = -1. Isso em função de que o período a ser apurado é por cada ano, logo, “n” = - 1. ATENCAO UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS 14 Desse quadro podemos observar que esses R$ 100,00 há 10 anos podiam ter comprado mais 80% de produtos lá no supermercado nesse ano! Em termos econômico-financeiros, essa inflação histórica pode ser interpretada da seguinte maneira: • Esses R$ 179,55 tiveram uma perda de poder de compra de 44,31% (44,31% = 35/63/85/65/65/6x 100), ou seja, R$ 100,00 = R$ 179,55 – 44,31%, seu cálculo seria assim: R$ 179,55 – 0,4431 x R$ 179,55 = R$ 179,55 – R$ 74,17 = R$ 100,00. • A inflação média por ano desses últimos 10 anos foi de 6,0275% ao ano, vamos conferir? 6,03% = 179,55 x (1 + 0,060275)-10 ou seja, inflação média de 6,03%n ao ano. R$ 100,00 R$ 179,55 QUADRO 3 - PERDA DO PODER DE COMPRA DO REAL FONTE: Adaptado de IBGE (2018) Valor do Poder de Compra Anos Valor Perda de poder Taxa de Inflação ano*2008 R$ 179,55 2009 169,64 10,21 6,03% 2010 159,72 9,63 6,03% 2011 150,64 9,08 6,03% 2012 142,07 8,56 6,03% 2013 134,00 8,08 6,03% 2014 126,38 7,62 6,03% 2015 119,19 7,18 6,03% 2016 112,42 6,78 6,03% 2017 106,03 6,39 6,03% 2018 100,00 6,03 6,03% Observe que em ambos os quadros o valor final desses R$ 179,55, há 10 anos, termina sendo em valores comparativos aos atuais, no ano 2018, de R$ 100,00. A única diferença é que no primeiro quadro leva-se em consideração a taxa histórica de cada ano até chegar a janeiro do ano 2018. E no segundo quadro, leva-se em consideração a taxa média da inflação durante esses 10 anos. O mais importante deste pequeno estudo sobre a inflação é que não é possível analisar valores monetários entre diferentes períodos sem levar em consideração o fator inflação. TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS 15 Os R$ 100, 00 de hoje não são os mesmos que há 10 anos. Em termos figurativos, árvores de peras e maçãs sâo praticamente iguais, elas produzem frutas semelhantes, mas não iguais. O mesmo acontece com o dinheiro, R$ 100,00 de hoje parecem iguais aos R$ 100,00 de há um ano, mas possuem um poder de compra diferente. Assim, para conseguir equiparar e avaliar o poder de compra do dinheiro em tempos diferentes, sempre é necessário ponderar a taxa de inflação. Então, para conseguir comparar valores monetários entre dois períodos, é básico levar em consideração a inflação. Uma vez feito isso, você poderá fazer uma análise de valor entre esses períodos, suponha entre dois anos consecutivos. Essa conscientização do valor real do dinheiro no tempo é fundamental para fazer análises comparativas nos mercados de capitais. 3.3 PRODUTO INTERNO BRUTO NOMINAL (PIB NOMINAL) VERSUS PIB REAL Uma vez estudadas as noções básicas da inflação, vamos entrar na questão do PIB Nominal versus o Real, que envolve o fator inflação. Será que se consegue comparar o crescimento real do PIB do Brasil em função direta do valor dele em real de um ano para outro? A resposta é não, pois conforme o que acabamos de estudar sobre a inflação, o PIB Real considera o PIB Nominal menos o fator inflação desse período. IMPORTANT E Para visualizar melhor isto, suponha a comparação do PIB dos anos 2015 e 2016. Segundo IBGE, eis o resultado: o crescimento do PIB Nominal entre o ano 2015 e 2016 foi de 7%! Passando de R$ 5.9 trilhões para R$ 6,3 trilhões. Acesse o link: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/2013-agencia-de-noticias/releases/9439- pib-recua-3-6-em-2016-e-fecha-ano-em-r-6-3-trilhoes.html>. Mas nesses anos o Brasil não estava em recessão? A resposta é sim, o Brasil estava em recessão. Nessa época, de fato, o crescimento econômico real foi negativo, ou seja, houve decrescimento do PIB. Assim, desse crescimento monetário do PIB de 7% devemos descontar o fator da inflação, que foi de 10,6%, segundo o IBGE (2018). Considerando a inflação, qual deveria ser o PIB Real desse ano? O PIB Real será de -3,6% = 7,0% - 10.6% https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/2013-agencia-de-noticias/releases/9439-pib-recua-3-6-em-2016-e-fecha-ano-em-r-6-3-trilhoes.html https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/2013-agencia-de-noticias/releases/9439-pib-recua-3-6-em-2016-e-fecha-ano-em-r-6-3-trilhoes.html UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS 16 Observe que o crescimento do PIB em termos monetários cresceu 7% entre esses dois anos, porém, a economia brasileira estava de fato decrescendo. Nesse ano a inflação foi de 10,6%. Logo, essa inflação maior faz com que o poder aquisitivo da moeda perca valor em função do tempo. Deste modo, quando se comparar o PIB ao longo do tempo, sempre será feito conforme a dinâmica do PIB Real e não do PIB em valores correntes (PIB Nominal). Sintetizando, na linguagem econômica: • O PIB do Brasil em valores correntes ou monetários é medido em R$, conhecido como PIB Nominal, exemplo: o PIB Nominaldo ano 2016 foi de R$ 6,3 trilhões. • O PIB Real é referenciado em porcentagem, leva em consideração o fator da inflação, ou seja, é apurado por meio do crescimento do PIB Nominal (em %) menos o fator da inflação em %. Exemplo: o PIB Real do ano 2016 foi de -3,6%, sinalizando um decrescimento da economia nessa proporção nesse ano. Deste modo, em termos comparativos há o PIB Nominal, que informa o crescimento em termos correntes, em moeda Real durante um período. E o PIB Real, que informa a geração de riqueza real durante um período, se descontada a inflação. [...] os economistas usam uma medida denominada PIB real que responde à seguinte pergunta hipotética: qual seria o valor dos bens e serviços produzidos este ano se os avaliássemos com base nos preços vigentes em algum outro ano específico no passado? Quando se avalia a produção corrente a preços fixos em níveis passados, o PIB real mostra como a produção geral de bens e serviços da economia muda com o passar do tempo. (MANKIW, 2013, p. 473) Por motivos do foco de nossos estudos, não vamos nos aprofundar mais na comparação do PIB Nominal versus PIB Real, mas, para finalizar, vamos fazer a comparação real da economia brasileira durante os últimos anos, tanto do crescimento PIB como do crescimento do PIB per capita. TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS 17 GRÁFICO 1 – CRESCIMENTO DO PIB E PIB PER CAPITA, ANOS 2000 ATÉ 2016 FONTE: <https://bit.ly/2PQ4rMx>. Acesso em: 23 out. 2018 GRÁFICO II.1 - PIB e PIB per capita Taxa (%) de crescimento anual 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 -2,0 -4,0 -6,0 PIB per capitaPIB 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 Observe que no gráfi co está exposto só PIB e não PIB Real. Em termos econômicos, quando se expõe taxas de crescimento do PIB, fi ca subentendido que esse é o PIB Real. Assim, ao fazer comparações de crescimento do PIB durante um período, neste caso, desde o ano 2000 até o ano 2016, não é necessário colocar no gráfi co “PIB Real”. Ao se observar crescimentos em termos de porcentagem (%), automaticamente esse termo “PIB” refere-se ao “PIB Real”. 3.4 PIB REAL POR SETORES ECONÔMICOS No mercado de capitais é importante saber quais são as perspectivas de crescimento econômico, eis a relevância de conhecer os dados tanto do PIB Nominal quanto do PIB Real. Mas, além disso, para o mercado de capitais também é importante identifi car a tendência de crescimento por setores econômicos e inclusive por regiões dentro do mesmo país. Isso com o objetivo de determinar quais setores poderiam trazer melhores rendimentos aos capitais investidos nos setores de interesse. Embora o ano 2016 produza um crescimento PIB negativo de -3.6%, ao fi nal desse mesmo ano a economia nacional já tinha sinais de uma leve melhora, se levar em consideração que no ano 2015 o PIB cresceu -3,8%. Inclusive, no último semestre do ano 2016, o PIB teve um decrescimento de -0,9%, conforme o quadro a seguir, que mostra os dados do último trimestre do ano 2016 por setores econômicos: UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS 18 QUADRO 4 – CRESCIMENTO DO PIB POR SETORES ECONÔMICOS – ÚLTIMO TRIMESTRE DO ANO 2016 FONTE: <https://bit.ly/2Ao5xdh>. Acesso em: 23 out. 2018. PERÍODO DE COMPARAÇÃO INDICADORES PIB AGROPEC INDUS SERV FBCF CONS.FAM CONS. GOV Trimestre / trimestre imediatamente anterior (c/ ajuste sazonal) -0,9 1,0 -0,7 -0,8 -1,6 -0,6 0,1 PERÍODO DE COMPARAÇÃO INDICADORES PIB AGROPEC INDUS SERV FBCF CONS.FAM CONS. GOV Trimestre / trimestre imediatamente anterior (c/ ajuste sazonal) 0,4% 1,4% 0,1% 0,1% 0,6% 0,5% -0,4% Segundo o site do IBGE (2018), o PIB caiu 0,9% no 4º trimestre de 2016 frente ao 3º trimestre, levando-se em consideração a série com ajuste sazonal. É o oitavo resultado negativo consecutivo nesta base de comparação. A agropecuária cresceu 1,0%, enquanto que a indústria (-0,7%) e os serviços (-0,8%) recuaram. Neste quadro podemos observar que embora o PIB tenha caído -3,6% em 2016, no último trimestre desse ano a queda já não era tão acentuada, inclusive mostra setores com sinais de uma leve recuperação, tais como a agropecuária e consumo do governo (CONS.GOV). Os setores de serviço (SERV.), de investimentos em bens de capital - Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) - e consumo das famílias (CONS.FAM) ainda estavam em fase de decrescimento. Esses dados são importantes para marcar tendências de investimentos por setores econômicos, ao final desse ano (2016), provavelmente, o mercado de capitais estava mais ativo no setor da agropecuária que nos demais setores. E no primeiro trimestre do ano 2018, como foi o comportamento do PIB? Segundo os dados a seguir, foram bem melhores que no final de 2016. QUADRO 5 – CRESCIMENTO DO PIB POR SETORES ECONÔMICOS – PRIMEIRO TRIMESTRE DO ANO 2018 FONTE: <https://bit.ly/2qfjAfr>. Acesso em: 23 out. 2018. Dentre as atividades econômicas, o crescimento de 0,4% foi favorecido pela expansão de 1,4% da Agropecuária. A Indústria e os Serviços tiveram variação positiva de 0,1%. Na Indústria, houve expansão de 2,1% na atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana e de 0,6% na Extrativa mineral (IBGE, 2018). TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS 19 Os dois quadros anteriores mostram duas épocas diferentes do comportamento do PIB Real brasileiro. Isso em função das conjunturas do momento poderem marcar a diferença na hora de considerar investimentos em um dos setores econômicos. Assim, na gestão de mercado de capitais há um constante monitoramento do desempenho do PIB. Tendências do desempenho do PIB podem marcar mudanças em vários índices econômicos, entre eles a Taxa de Câmbio e a Taxa Básica de Juros (Selic), conforme iremos estudar a seguir. 4 A TAXA DE CÂMBIO A taxa de câmbio é o valor relativo da moeda nacional versus uma cesta de outras moedas dos países com os quais o Brasil possui relações comerciais. Desde finais da década de 1990 até hoje, a tendência da taxa de câmbio está marcada pela relação da moeda nacional, R$, versus as principais moedas do comércio internacional, isto é, o dólar americano, US$, e o euro, €. Em menor peso também há uma análise da taxa de câmbio do R$ com a libra esterlina, £, a moeda do Japão, ¥, e a moeda da China, CNY. Até finais do século XX, a libra esterlina era a segunda moeda mais importante depois do US$. A posição do câmbio mais usada aqui no Brasil é o R$ versus o US$, mas como é feita essa posição comparativa entre essas duas moedas? Fácil, veja a seguir: • No fechamento do câmbio da sexta-feira, 17/08/2018, segundo o site do BACEN (2018), a taxa de câmbio do real versus o dólar norte-americano na posição de compra estava marcando R$ 3,9389 por US$ 1,00. Isso quer dizer que nesse dia eram necessários R$ 3,94 para adquirir um dólar americano. Na posição cambial existem várias cotações de US$ conforme os diversos agentes que atuam nesse mercado, mas a cotação oficial é do Banco Central, conhecida como PTAX, segundo Bruni (2009, p. 79): No Brasil, a taxa PTAX pode ser considerada como a cotação oficial do dólar norte-americano em relação ao real, sendo definida como a taxa média ponderada do dólar norte-americano, praticada no mercado de câmbio, tomando por base as operações no mercado interbancário ao longo do dia. Há uma série de sites que mostram as posições das moedas internacionais, desde a oficial do BACEN aqui no Brasil até de sites de confiança em nível internacional, seguem: PTAX (BACEN): <https://www4.bcb.gov.br/pec/taxas/port/ptaxnpesq.asp?id=txcotacao> World Currencies da CNN: <https://money.cnn.com/data/currencies/> InfoMoney: <https://www.infomoney.com.br/mercados/cambio> ATENCAO https://www4.bcb.gov.br/pec/taxas/port/ptaxnpesq.asp?id=txcotacao https://money.cnn.com/data/currencies/ https://www.infomoney.com.br/mercados/cambio UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS 20 No mercadodo câmbio existe a posição valorizada ou desvalorizada em função das forças do mercado. Segundo Mankiw (2013, p. 29): Quando a taxa de câmbio muda de modo que um dólar compre mais moeda estrangeira, essa mudança é chamada valorização do dólar. Se a taxa de câmbio muda de modo que um dólar compre menos moeda estrangeira, essa mudança é chamada desvalorização do dólar. Por exemplo, quando a taxa de câmbio sobe de 80 para 90 ienes por dólar, diz-se que o dólar se valorizou. Conforme o exposto por Mankiw, as moedas podem sofrer valorizações ou desvalorizações em função de outras moedas, conforme a dinâmica da demanda e oferta no mercado de câmbio. Nesse sentido, se o país começar a exportar ou importar mais, o que irá acontecer? Veja a seguir: • Posição valorizada da moeda local, o R$, isso pode acontecer quando houver maior demanda de reais versus dólares. Exemplo, há um aumento no volume das exportações, logo, quando os exportadores trouxerem essas vendas ao país deverão liquidar os US$ fruto dessas vendas, devendo comprar moeda local (R$). Assim, essa dinâmica de aumento das exportações pode colocar pressão na taxa de câmbio para valorização da moeda local, o real, ou visto desde outra perspectiva, haverá uma pressão de desvalorização do US$ versus o R$. • Posição desvalorizada da moeda local, o real isso pode acontecer quando houver maior demanda de dólares versus o real. Exemplo, há um aumento no volume das importações, logo, quando os importadores tiverem que pagar as contas de seus fornecedores lá no exterior, logo, procuram US$ no mercado de câmbio para dar conta dessas obrigações. Assim, essa dinâmica de aumento das importações pode colocar pressão na taxa de câmbio para desvalorização da moeda local, o R$, ou visto desde outra perspectiva, haverá uma pressão de valorização do US$ versus o R$. Esse foi um exemplo simples das pressões que podem surgir no mercado de câmbio do R$ versus o US$, mas no mercado de câmbio atuam outros fatores além da Balança Comercial (exportações menos importações), há também a entrada e saída de capitais, pagamento de juros ao exterior, cobrança de lucros das empresas brasileiras no exterior, etc. Nesse sentido, quando há um aumento na entrada de US$ no país, haverá também pressão para uma valorização da moeda local, o R$. Isso acontece porque todos esses US$ entrando no país devem ser vendidos para comprar R$. Logo, esses dólares vão ficando no Banco Central do Brasil (BACEN), mas em troca de R$ circulando na economia, movimentação que é medida por meio do Balanço de Pagamentos. TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS 21 4.1 INFLUÊNCIA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS NA POSIÇÃO CAMBIAL O saldo em divisas (cesta de diversas moedas internacionais) que vai ficando no BACEN vai se refletindo nas Reservas Internacionais do país. Assim, o que gera pressões para uma valorização ou desvalorização da moeda local são as oscilações do saldo líquido de todas as entradas e saídas de divisas ao país. Esse saldo líquido é conhecido como saldo líquido do Balanço de Pagamentos. Mas o que quer dizer Balanço de Pagamentos? Em termos monetários, todas as atividades comerciais e financeiras que o país faz continuamente ficam registradas na conta nacional conhecida como Balanço de Pagamentos, e o resultado de todas essas movimentações é o saldo líquido do Balanço de Pagamentos, que alimenta as Reservas Internacionais quando esse saldo líquido for positivo, porém quando for negativo, vai reduzir as Reservas Internacionais. Nesse sentido, essas Reservas Internacionais têm uma função importantíssima de garantir as transações internacionais. Logo, quanto melhor for o posicionamento das Reservas Internacionais, maior estabilidade traz à taxa de câmbio. Eis a importância da gestão das entradas e saída de divisas ao país. E entre os fatores mais importantes das oscilações do saldo líquido de divisas, são tanto a Balança Comercial como a movimentação de capitais entrando e saindo do país. Além do fato de manter uma boa posição das reservas internacionais está a questão das perspectivas dessas do saldo líquido do Balanço de Pagamento. Assim, quando há a presença de uma crise econômica prolongada, isso se reflete como um risco à dinâmica das reservas internacionais, logo, pressões para uma desvalorização da moeda local, o R$. Fato que aconteceu nos anos 2014 e 2015, nessa época o real passou praticamente de R$ 2,00 para R$ 4,00 para comprar 1,00 US$, veja a seguir a disparada do US$ nessa época: GRÁFICO 2 – DISPARADA DO DÓLAR EM 2015 FONTE: <https://glo.bo/1mqrVZl>. Acesso em: 24 out. 2018. UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS 22 Essa disparada do US$ no ano 2015 é um reflexo das perspectivas dos mercados de alto risco da economia brasileira, logo, se apresentou uma disparada na procura de US$, fazendo com que a posição cambial mudasse para quase R$ 4,00 por 1,00 US$ ao final do ano 2015. Isso apresentou uma tendência de produzir a possibilidade de obter um saldo líquido negativo do Balanço de Pagamentos. Lembre-se de que o Balanço de Pagamentos, na maioria dos países, é referenciado em US$ e “[...] é um demonstrativo sistemático de todas as transações econômicas entre o país e o restante do mundo. Seus componentes principais são a conta corrente e a conta financeira”. (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012, p. 538). Então, qualquer mudança que acontecer, ou que “tem perspectivas de acontecer”, na Balança de Pagamentos se reflete na taxa de câmbio. Assim, a correta gestão do saldo líquido desta conta nacional é fundamental à estabilidade da taxa de câmbio. Veja a seguir as contas de entrada e saída de divisas que podem influenciar o Balanço de Pagamentos: QUADRO 6 – ENTRADA E SAÍDA DE DIVISAS FONTE: O autor (+/-) Saldo Líquido das Transações Correntes Valor líquido da Balança Comercial + Valor Líquido da Balança de Serviços + Valor das Transferências Unilaterais Correntes. (+/-) Saldo em Conta de Capital e Financeira (+/-) Investimentos Diretos (+/-) Empréstimos (+) Estrangeiros Investindo no país (-) Brasileiros Investindo no Exterior. (+) Novos Empréstimos (-) Amortizações desses Empréstimos (+/-) Capitais de Curto Prazo (+) Entrada destes (-) Saída destes (+/-) Saldo do Balanço de Pagamentos Saldo que vai alimentando às Reservas Internacionais Observe que o resultado do saldo do Balanço de Pagamentos gera aumento ou redução das Reservas Internacionais, o que por sua vez se reflete na posição cambial, assim: • Se há saldo positivo no Balanço de Pagamentos, haverá melhora nas Reservas Internacionais, logo, pressão para uma valorização da moeda nacional. • Se há saldo negativo no Balanço de Pagamentos, haverá redução das Reservas Internacionais, logo, pressão para uma desvalorização da moeda nacional. O resultado final do balanço internacional de pagamentos revela a posição do país em suas transações externas como um todo. As situações de déficit indicam saídas de reservas cambiais superiores às entradas, implicando geralmente queda das reservas cambiais; superávits, contrariamente, indicam ingressos líquidos de recursos, com o aumento dos estoques de ativos externos do país. (ROSSETTI, 2003, p. 888) TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS 23 No contexto das moedas emergentes, o Brasil possui reservas internacionais muito sólidas, equivalentes a mais de 14 meses de importações. Segundo o Banco Central do Brasil, as reservas internacionais para o mês de julho de 2018 somaram US$ 379,44 bilhões. Esse é um dos motivos do porquê, durante os meses de junho, julho e agosto de 2018, perante a forte crise de câmbio e fortalecimento do dólar na maioria de países ao redor do mundo, o real teve uma menor desvalorização, se se comparar com outras economias emergentes, tais como a disparada do dolar na Argentina, na Turquia e outros países. Essa condição econômica de fortes reservas internacionais ajuda a reduzir uma maior desvalorização da que já se vem experimentando no ano2018, se se levar em consideração a conjuntura de risco político lá fora, e aqui no Brasil perante as eleições presidenciais do mês de outubro de 2018, e do crescente aumento do gasto público. Em resumo, o Brasil, ao ter ótimas reservas internacionais (reflexo da gestão do Balanço de Pagamentos), é um fator determinante de redução de risco da dinâmica econômica do país, ajudando para ter uma melhor posição cambial relativa em função das condições econômicas e políticas internacionais. Segundo Máximo (2018, s. p.),“Exportação e reserva internacional mantêm risco país em níveis baixos”. 4.2 POLÍTICA CAMBIAL As reservas internacionais servem como ferramenta para aplicações da política cambial dos países. E em função da dinâmica própria da economia nacional, o país pode decidir como interagir com o resto do mundo. Essa política cambial é executada pelo governo, e segundo a conjuntura econômica e competitividade nacional, o governo toma a decisão da maneira mais adequada para que sua moeda possa se relacionar no mercado de câmbio. Essa definição de como o país vai se relacionar no mercado de câmbio é feita por meio de três grandes modelos: a Taxa Cambial Flutuante, a Taxa Cambial Fixa e a Taxa de Flutuação suja. Por meio da Taxa Cambial Flutuante o país deixa o valor da moeda flutuar conforme as próprias forças do mercado cambial atuantes. Mas quais são essas forças atuantes no mercado de câmbio? Essas forças são determinadas principalmente por dois grandes fatores: • Pelo saldo líquido do Balanço de Pagamentos e o posicionamento das reservas internacionais, isto é, o saldo líquido de tudo o que entra no país menos o que está saindo, conforme estudamos anteriormente. • Pelas expectativas econômicas da própria dinâmica desse saldo líquido do Balanço de Pagamentos. Essas expectativas possuem fatores tanto internos da própria economia e política nacional, como de fatores externos do resto do mundo. UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS 24 A política cambial flutuante traz algumas vantagens, mas também traz desvantagens, aí cabe ao governo ponderar e determinar se vale a pena executar este tipo de política. As vantagens é que a própria posição cambial da moeda vai determinando gradativamente como essas forças expostas acima vão se encaixando no valor relativo da taxa de câmbio. Sendo as forças do mercado um fator diário, a taxa de câmbio sofre mudanças gradativas, pequenos impactos. Mas qual poderia ser uma desvantagem? A desvantagem é que ao deixar o câmbio exposto 100% às forças do mercado, consequentemente, a moeda nacional fica muito exposta aos grandes choques e/ou mudanças drásticas das próprias forças do mercado, principalmente da entrada e saída de capitais estrangeiros. Pelo fato de ser uma taxa flutuante, há um fator de alto risco, que pode prejudicar as exportações, quando houver uma valorização muito drástica do R$; como também pode prejudicar as importações e/ou o controle da inflação quando houver uma desvalorização drástica. DICAS Qual o significado de mercado de câmbio paralelo? É o mercado de câmbio informal, sem a intervenção das instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central. Geralmente, há mercado paralelo quando a taxa de câmbio oficial está fixada num patamar artificialmente elevado. Ficou curioso? Acesse o artigo sobre o mercado paralelo na Argentina, país que há vários anos vem aplicando uma política de taxa fixa de câmbio: <http://exame.abril. com.br/mercados/noticias/dolar-paralelo-retoma-alta-apesar-nova-medida-da-argentina> Qual o significado de divisas? É a disponibilidade de moedas estrangeiras que possui um país. ATENCAO Entretanto, a política de taxa cambial fixa permite ao país segurar choques muito drásticos vindos das forças do mercado de câmbio. Em função disso, muitos países ficam tentados em determinar taxas de câmbio fixas, mas será que vale a pena segurar a taxa de câmbio mesmo quando o mercado dá sinais de mudança? No curto prazo até poderia dar certo, mas no longo prazo é bem possível que não, conforme você irá ler mais adiante. http://exame.abril.com.br/mercados/noticias/dolar-paralelo-retoma-alta-apesar-nova-medida-da-argentina http://exame.abril.com.br/mercados/noticias/dolar-paralelo-retoma-alta-apesar-nova-medida-da-argentina TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS 25 A dinâmica da política de taxa cambial fixa opera da seguinte maneira: O Banco Central define o valor fixo da taxa de câmbio, como aconteceu na primeira fase do Plano Real, lá em 1994. Nessa época, o governo fixou o valor da nova moeda, o real, em R$ 1,00 = US 1,00. Essa fixação do câmbio ajudou, e muito, a combater as pressões da hiperinflação da época. Mas será que o governo dessa época segurou o câmbio nesse valor R$ 1,00 = US 1,00 por muito tempo? O governo dessa época segurou o câmbio nesse patamar até cumprir sua meta de derrubar o excesso de inflação enraizada na economia brasileira. Mas logo após cumprir sua meta, o câmbio voltou para seu patamar flutuante. Como norma de política econômica, uma taxa fixa é implantada por um prazo determinado para cumprir finalidades específicas. Observe que com ou sem fixação de taxas cambiais, no longo prazo as forças do mercado tomam conta das posições cambiais. Levando isso em consideração, o governo da época, com o Plano Real, desenvolveu duas grandes fases da nova moeda: • Primeira fase: 1994 até 1998, o real ficou fixo. O objetivo disso era combater a alta inflação estrutural de época. Ao executar a estratégia de taxa de câmbio fixa, os produtos importados não iriam subir de preço, enquanto os nacionais teriam que parar de indexar seus preços à inflação. Resultado disto? Ser mais uma ferramenta para baixar a alta inflação da época. • Segunda fase: Gradativamente a moeda nacional, o real, começou a flutuar sob as forças do mercado de câmbio. Apesar do Plano Real ter tido um tremendo sucesso em diminuir a alta inflação, gradativamente o real vinha ficando exposto demais às forças do mercado, se sobrevalorizando e ficando em um patamar artificialmente elevado. Com o real artificialmente sobrevalorizado, formou-se uma situação de excesso de importações. Nessa conjuntura, os agentes econômicos preferiam comprar produto importado (artificialmente barato) em detrimento da oferta da produção nacional (artificialmente cara). Como a produção nacional foi ficando cara demais, as empresas começaram a vender e exportar menos. O resultado disso? Houve uma queda drástica na produção nacional e demissões em massa, ou seja, a taxa de câmbio fixa já começou a ser uma ameaça gravíssima à economia do Brasil. Esse breve resumo histórico deixa claro que as taxas de câmbio fixas servem por tempos determinados, tais como em épocas de pressões inflacionárias altas. Assim, ter metas objetivas a serem cumpridas por um tempo determinado, com uma taxa de câmbio fixa, é uma grande vantagem. A desvantagem é que se esta situação for mantida por períodos mais longos do que o necessário, pode elevar o risco de reduzir drasticamente as reservas internacionais, prejudicando a produção nacional e a geração de emprego, entre outras coisas. UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS 26 Como podemos observar, tanto a política de taxas de câmbio flutuantes como a de taxas de câmbio fixas apresentam vantagens e desvantagens. A aplicação deste tipo de política depende em muito da análise conjuntural da economia. Geralmente, os países tendem a ter uma política de câmbio flutuante, mas controlando as grandes oscilações do mercado de câmbio, e no Brasil não é diferente, isso é conhecido como política cambial suja. A política cambial suja consiste basicamente em deixar flutuar a taxa de câmbio entre duas grandes bandas. Essas duas grandes bandas possuem um teto máximo, até o qual a moeda nacional pode se desvalorizar; e um piso mínimo, até o qual a moeda nacional pode se valorizar. Fora dessa banda, o BancoCentral poderá intervir no mercado de câmbio, servindo como um amortizador, até deixar as forças do mercado determinarem o percurso do câmbio, mas minimizando o impacto. Isto quer dizer que o Banco Central do Brasil faz gestão para evitar grandes oscilações no câmbio, ou pelo menos amenizá-las. O respaldo para fazer isto são as reservas internacionais, executando intervenções no mercado, por meio de compra e venda de divisas (moeda estrangeira). Mas como é a dinâmica disto? Se executar a compra de US$, o Banco Central (Bacen) incentiva a demanda de US$, assim, o Bacen concorre na demanda de dólares com os importadores, se apresentando uma situação de pressão de “desvalorizar” a moeda nacional. Isto é feito para combater pressões drásticas de valorização do real. Se executar a venda de US$, o Bacen estará fazendo o efeito contrário do exposto anteriormente. Ou seja, incentiva a demanda de real e o Bacen estará concorrendo com os exportadores na venda de US$, e assim valorizando o real. Isto é feito para combater pressões drásticas de desvalorização do real. A taxa de câmbio em finais do mês de julho de 2018 estava perto dos R$ 3,90 por US$ 1,00. Será que o dólar norte-americano já estava antes nesse patamar? A resposta é sim, conforme podemos observar no seguinte gráfico. TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS 27 GRÁFICO 3 – OSCILAÇÃO DO REAL DESDE O ANO 2000 ATÉ 2014 FONTE: <https://bit.ly/2Pbb93w> Acesso: 19 ago. 2018. 1 (u .m .c ./U S$ ) 1 - Taxa de câmbio - Livre - Dólar americano (venda) - diário 01/01/2000 01/01/2002 01/01/2004 01/01/2006 01/01/2008 01/01/2010 01/01/2012 01/01/2014 4 3 2 1 0 3,75 3,25 2,25 1,25 0,25 2,75 1,75 0,75 3,5 2,5 1,5 0,5 GRÁFICO 4 - OSCILAÇÕES DO REAL DESDE 2014 A 2018 FONTE: <https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2901> Acesso 04 de nov. de 2018 BRAZILIAN REAL SOURCE: TRANDING ECONOMICS.COM | OTC INTERBANK 2014 2015 2016 2017 2018 4,5 4 3,5 2,5 3 2 Como acabamos de estudar, existe uma série de variáveis econômicas que infl uenciam na atividade do mercado de valores, tais como as oscilações da taxa de câmbio, a infl ação do momento e a perspectiva desta mesma taxa. Mas existem outras variáveis econômicas importantes para construir nosso entendimento econômico no contexto do mercado de capitais, a serem estudadas logo no seguinte tópico. Em especial estaremos nos focando na taxa básica da economia brasileira, a Taxa Selic. Veja a seguir a infl uência da infl ação durante o primeiro semestre do ano 2018 na atividade econômica. UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS 28 IMPORTANT E Acompanhe o artigo "IGP-M tem alta de 0,51% em julho e de 8,24% em 12 meses" publicado na Valor Econômico, disponível em: <https://www.valor.com.br/brasil/5696267/ igp-m-tem-alta-de-051-em-julho-e-de-824-em-12-meses> Acesso em: 24 out. 2018. https://www.valor.com.br/brasil/5696267/igp-m-tem-alta-de-051-em-julho-e-de-824-em-12-meses https://www.valor.com.br/brasil/5696267/igp-m-tem-alta-de-051-em-julho-e-de-824-em-12-meses 29 Neste tópico, você aprendeu que: • O mercado de capitais permite aos agentes interessados (principalmente empresas e governo) captar recursos dos investidores e distribuir esses recursos conforme a dinâmica da própria economia, refletidos nos valores mobiliários que circulam no mercado de capitais. • Para conseguir entender e atuar no mercado de capitais é necessário entender os princípios econômicos e financeiros que dinamizam o mercado de capitais do país e do mundo. • A economia positiva analisa fatos que servem, entre outras coisas, como base para levantar uma série de hipóteses que servirão para desenvolver políticas econômicas. • O governo, por meio de suas políticas econômicas, pode interferir no fluxo monetário para que as oscilações nos vazamentos parem de acontecer, influenciando, entre outras coisas, o mercado de capitais. • Existe uma série de indicadores macroeconômicos que influenciam no mercado de capitais, entre os mais relevantes tem-se: o Produto Interno Bruto (PIB), índices de inflação (principalmente IPCA e IGP-M), taxa básica de juros (Selic), taxa de câmbio, taxa de Certificado de Depósito Interbancário (CDI) e a taxa referencial (TR). • Banco Central do Brasil faz gestão para evitar grandes oscilações no câmbio, ou pelo menos amenizá-las. O respaldo para fazer isto são as reservas internacionais, executando intervenções no mercado, por meio de compra e venda de divisas (moeda estrangeira). RESUMO DO TÓPICO 1 30 1 Em termos econômicos o que permite, ou viabiliza, o Mercado de Capitais, e como essa “viabilização” é representada em termos de valor? 2 Qual a diferença entre economia positiva e normativa? 3 Conforme as diferenças entre economia positiva e normativa, observe as seguintes situações e defina se elas se encaixam no campo da economia positiva ou normativa. a) Por que o serviço de delivery consegue ofertar melhores preços de pizzas que as pizzas ofertadas no restaurante? b) Será que para aumentar o número de estudantes no Ensino Fundamental é conveniente para iniciar um programa tipo bolsa de estudos para as famílias mais pobres? c) O Brasil deveria analisar a possibilidade de negociar acordos bilaterais com o México, visando reduzir as tarifas das mercadorias comercializadas entre esses dois países? d) Uma taxa mais alta de juros consegue reduzir as pressões inflacionárias? 4 Qual é a ligação do fluxo monetário da economia com o mercado de capitais? 5 Suponha que a inflação histórica dos últimos anos é a apresentada no quadro a seguir, qual será o equivalente de poder de compra de R$ 1.661,36 do ano 2008? Para responder, favor preencher o quadro. AUTOATIVIDADE Valor do Poder de Compra Anos Valor Perda de poder Taxa de Inflação ano*2008 R$ 1.661,36 2009 7,00% 2010 5,00% 2011 4,90% 2012 5,80% 2013 6,50% 2014 4,00% 2015 5,00% 2016 8,00% 2017 4,00% 2018 2,00% Nota: taxa suposta FONTE : O autor 31 6 Conforme a inflação histórica exposta no exercício anterior (suposta), determine os valores médios do poder de compra dessa inflação no quadro a seguir: 7 Qual a diferença entre o PIB Nominal e o PIB Real? 8 O que é uma posição valorizada do R$ perante ao US$? Valor do Poder de Compra Anos Valor Perda de poder Taxa de Inflação ano*2008 R$ 1.661,36 2009 5,21% 2010 5,21% 2011 5,21% 2012 5,21% 2013 5,21% 2014 5,21% 2015 5,21% 2016 5,21% 2017 5,21% 2018 5,21% Nota: taxa suposta FONTE : O autor 32 33 TÓPICO 2 PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Para conseguir ter uma visão sistêmica (global) da dinâmica do Mercado de Valores, além de conhecimentos básicos de economia, é necessário entender como funciona o custo do capital - representado como taxa de juros – e como ele pode ser usado nas diversas situações que se apresentam no dia a dia deste mercado. Esse custo do capital está diretamente relacionado às decisões de investimento, conforme iremos descobrir nas seguintes linhas deste caderno de estudos. Caro acadêmico, é importante ficar atento às dicas e sugestões de leituras, assim como a realização das autoatividades para que os conhecimentos sejam aprofundados e praticados suficientemente, afim de que possa adquirir e internalizar os conceitos necessários para sua formação. Explore as informações apresentadas neste Livro de Estudo, buscando ampliar o conhecimento através do interesse e do empenho. 2 TAXA BÁSICA DE JUROS – SELIC As taxas de juros em uma economia vão se estabelecendo conforme a oferta de emprestar e demanda do recurso monetário, ou seja, os agentes econômicos que tiverem capital para emprestar procuram rentabilidade pelo uso de seu capital (investimentos), isto é, geração de juros por meio de uma taxa. Entretanto, quem tiver necessidade de usar esse capital terá que pagar pelo uso desses fundos emprestados em função do tempo desses empréstimos. Entretanto, a disponibilidade e o interesse real de
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