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cripto awards a guerra por tras das criptomoedas

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Prévia do material em texto

A guerra por trás das criptomoedas
James Rickards
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
Rickards, James
Cripto wars [livro eletrônico]: a guerra por trás das criptomoedas / James Rickards; 
tradução de Mahana Pelosi Cassiavillani; prefácio de Shae Russel. - São Paulo : 
Empiricus, 2018. 192 p. 
Formato: PDF 
Título original: Cryptocurrency wars 
ISBN: 978-85-92581-23-7
1. Moedas digitais 2. Criptografia 3. Bitcoin 4. Transferência eletrônica de fundos 
I. Cassiavillani, Mahana Pelosi II. Russel, Shae III. Título.
CDD-332.4
Índices para catálogo sistemático:
1. Moeda : Economia financeira 332.4 
Empiricus, 2018
Todos os direitos reservados
Empiricus
Pátio Victor Malzoni
Av. Brigadeiro Faria Lima, 3.477 – 10° andar
Itaim Bibi – São Paulo/SP | CEP 04538-133
www.empiricus.com.br
EDITOR
Renato Torelli
COORDENAÇÃO DO PROJETO
Rafael Brandimarti
TRADUÇÃO
Mahana Cassiavillani
PREPARAÇÃO
Sandra Guerreiro
REVISÃO
Erika Sá
CAPA & DIAGRAMAÇÃO
Thales Mairesse
PARA ANN
6
CRIPTO WARS
SUMÁRIO
PREFÁCIO ............................................................................................................9
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 15
CAPÍTULO 1 ........................................................................................................ 21
Uma breve história das guerras cambiais
CAPÍTULO 2 ....................................................................................................... 31
Cripto não existe
CAPÍTULO 3 .......................................................................................................47
Criptomoedas e o destino do dólar americano como reserva 
monetária global
CAPÍTULO 4 ..................................................................................................... 53
O plano de criptomatança das elites
CAPÍTULO 5...................................................................................................... 83
Esqueça o Bitcoin. O futuro é hyperledger!
CAPÍTULO 6 ...................................................................................................... 101
Uma equipe que luta nas cripto wars
CAPÍTULO 7 ..................................................................................................... 107
Riscos, fraudes e outros cripto alertas
CAPÍTULO 8 ..................................................................................................... 139
Blockchain: duas estratégias e uma lista de interesse
CAPÍTULO 9 ..................................................................................................... 153
FMI, DES e DLT
CAPÍTULO 10 ................................................................................................... 179
Cinco filtros determinam as criptos que sobreviverão à guerra
CONCLUSÃO .................................................................................................... 185
8
CRIPTO WARS
PREFÁCIO
Guerras criptocambiais...
Não há dúvidas de que o dinheiro digital está chegando; na 
verdade, ele já está entre nós.
Quem vencerá a guerra? 
Será o Bitcoin, o primogênito do blockchain? 
Ou será o promissor Ethereum, com sua base de contratos 
inteligentes?
Ou será alguma das mais de 1,3 mil criptomoedas...
Ou o “Fedcoin” do governo americano?
Ou algo que não conseguimos nem imaginar? 
Na era pós-dólar, quem reinará supremo entre as novas for-
mas de ativos pertencentes aos bancos centrais? 
10
CRIPTO WARS
Serão os EUA, com uma forma digital de dólar?
Ou, mais provavelmente, uma forma de criptomoeda glo-
bal do Direito Especial de Saques (DES), ativo que o FMI está 
tentando enfiar goela abaixo de todos?
Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI, já está fazendo 
ameaças. Se ela as cumprir, cuidado — suas economias em 
dólar podem despencar da noite para o dia.
Todos os riscos, todas as ameaças e todos os passos proteti-
vos que você precisa dar estão neste livro.
Esta é uma impressão exclusiva. Você não encontrará o li-
vro na Amazon ou em livrarias físicas.
Por favor, não compartilhe nem reproduza este material. Ele é 
exclusivo para membros da Strategic Intelligence, como você. 
Quero que saiba o que está por vir... e que esteja preparado.
No universo das criptos, a bolha do Bitcoin não é o único 
problema. Você precisa saber muito mais.
Uma mudança radical está à espreita...
Tudo mudará... seu dinheiro, o modo como você trabalha e 
economiza, como seu negócio opera (se ele sobreviver) e até 
em quem você pode confiar com seus dados mais privados.
É uma batalha entre ideologias.
11
PREFÁCIO
Viveremos em um mundo livre e sem fronteiras? Um lugar 
em que todos podem superar as forças de controle central, 
como governos e grandes bancos?
Ou os poderes da atualidade vencerão, fazendo com que o 
blockchain gere redes fechadas e controláveis com bancos 
de dados permanentes e “ineditáveis” cheios de suas infor-
mações mais privadas?
A questão não se resume a apenas escolher os investimentos 
certos. O panorama é muito mais amplo. Lembre-se de 1993.
Com a internet, havia tanto além de um boom do mercado 
de ações.
O e-mail, algo bastante simples, transformou a forma como 
fazemos negócios. E o local em que fazemos negócios. Ele 
diminuiu distâncias geográficas e matou o fax.
Vitrines on-line geraram bilhões de dólares em renda antes 
intocada. E devastaram o varejo tradicional. Streaming aca-
bou com a Blockbuster e com os CDs.
As mídias sociais mudaram a forma como se faz política. 
E geopolítica.
Não há dúvida de que a cripto revolução mudará o mundo 
em que vivemos. A pergunta é quando.
Se você ganhar dinheiro no boom iminente, também terá 
diversas novas maneiras de gastá-lo, economizá-lo, armaze-
12
CRIPTO WARS
ná-lo e investi-lo... anonimamente, de forma mais eficiente 
e sem bancos e outros obstáculos.
Mas é preciso ficar atento...
Porque haverá um lado sombrio inevitável. Os homens das 
finanças e do governo não desistirão sem lutar. Eles tentarão 
usar essa mesma tecnologia contra você (e talvez consigam).
Você controlará suas informações. Mas o que acontece 
quando você é coagido a compartilhar seu registro de tran-
sações com as pessoas erradas? 
Elas conhecerão seu histórico financeiro instantaneamente. 
Você precisa compreender os riscos e as oportunidades. É 
por isso que estamos aqui: para lhe dar mais do que apenas 
recomendações de investimentos.
Enquanto Jim e nossa equipe pesquisam maneiras de lucrar 
nessa grande mudança de paradigma, nós também estare-
mos aqui para guiá-lo pela transformação.
Jim lhe mostrará o quadro geral. E fornecerá perspectiva e 
sabedoria, em vez de apenas informação.
Essa é sua especialidade há mais de quatro décadas.
É por isso que ele foi consultor do Pentágono e da CIA...
É por isso que ele foi chamado para ajudar a negociar a libe-
ração de reféns americanos presos no Irã na década de 1970...
13
PREFÁCIO
É por isso que ele ajudou a negociar o resgate do Long-Term 
Capital Management, em 1998, quando o sistema financeiro 
estava prestes a entrar em colapso...
É por isso que ele esteve no Tesouro americano alertando 
sobre a crise de 2008 meses antes do início do colapso...
É por isso que ele tem mais de três best-sellers...
E é solicitado em todo o mundo para palestras.
Como publicadora, nós investimos uma quantidade signi-
ficativa de dinheiro para disseminar a mensagem de Jim. 
Não apenas na Austrália, mas em pelo menos oito países.
Sua rede de informações o coloca em contato com pessoas 
como ex-presidentes do Fed, ministros estrangeiros e insi-
ders na Casa Branca, inclusive um membro do gabinete de 
Donald Trump.
No momento atual, você não precisa de mais informação. 
Você só precisa de informação melhor. É isso que Jim vai 
fornecer neste livro. E, assim que você tiver terminado de 
lê-lo, a história não acabará.
Jim continuará enviando a “história não contada” pela mí-
dia tradicional nas edições mensais da newsletterStrategic 
Intelligence.
Ele também enviará e-mails semanais com os artigos mais im-
portantes que encontrar em suas horas e horas de pesquisa.
14
CRIPTO WARS
Não é só Jim que está trabalhando duro para descobrir os 
eventos e as tendências mais importantes em mercados fi-
nanceiros e geopolíticos. Graças à rede mundial da Strategic 
Intelligence, você terá acesso a vários especialistas.
Penso nos benefícios aos assinantes como em capítulos des-
te livro — escritos e enviados para você em tempo real.
Como editora da Strategic Intelligence Austrália, estou orgu-
lhosa de tê-lo conosco.
Continue lendo para descobrir o que acontecerá com as 
guerras cripto cambiais...
Saudações, 
Shae Russell
Editora da Strategic Intelligence Austrália 
INTRODUÇÃO
Por favor, não invista nem mais um centavo em Bitcoin ou 
em qualquer outra criptomoeda até terminar de ler este livro.
Os dias de ganhar dinheiro fácil com Bitcoin acabaram. Há 
uma nova batalha pelo domínio no mundo das criptos.
Quem vencerá? 
Tenho certeza de que você deseja a resposta para a pergunta 
que mortifica todos que tenham pelo menos um dólar para 
investir: o mercado de criptos chegará a zero? 
Ou está destinado a disparar ainda mais? 
Antes que continuemos, aqui vai a resposta resumida...
Se houver dinheiro fácil no mercado de criptos — e há — você 
NÃO o encontrará onde todos os investidores já estiveram.
Não tenho dúvidas, os dias de derramar milhares em Bit-
coin, Ripple ou Ether e sentar à espera do recebimento de 
milhões acabaram.
Fim.
16
CRIPTO WARS
Isso significa que você perdeu a oportunidade? Claro que não.
Por exemplo, o que vou mostrar não tem nada a ver com 
Bit coin a US$ 100 mil... ou com penny criptos.
Minha equipe australiana elaborou uma ideia completa-
mente diferente — com base em uma “alt cripto” que nem 
um em mil investidores conhece.
E, mesmo entre os que a conhecem, a maioria não a com-
preende.
Apesar de termos um precedente histórico para quanto di-
nheiro ela pode criar... na verdade, um que mostra como 
essa alt cripto pode redefinir o mundo.
De que estou falando? 
De apenas uma das mudanças financeiras essenciais aborda-
das neste livro.
Você não encontrará este livro na Amazon ou em livrarias 
físicas. Mesmo os fãs mais entusiastas do Bitcoin estão per-
cebendo que os dias fáceis acabaram. Os que estavam pres-
tes a comprar agora se preocupam com a possibilidade de 
terem perdido a oportunidade...
Hoje, estou aqui para lhe dizer que você pode estar certo 
quanto ao pessimismo e MESMO ASSIM fazer uma fortuna 
no mercado de criptos. Mas não da forma como imagina.
17
INTRODUÇÃO
Este livro desmistificará como o fenômeno das criptos dis-
parou e como chegamos à situação atual. Além disso, mos-
trará por que esse fenômeno único de riqueza ainda não 
acabou. Ele está apenas evoluindo de maneira inesperada.
Se entender como essa evolução ocorrerá, você ainda pode-
rá fazer uma fortuna.
Por outro lado, se não entender o conflito que atualmente 
se delineia — uma verdadeira batalha pelo domínio da tec-
nologia por trás das criptos e pelos setores da economia que 
ela poderia mudar — você pode perder.
Muito.
Por isso, acredito que você deva ler este livro.
Principalmente se...
• Pretende investir qualquer coisa em Bitcoin, Ethereum 
ou uma das várias penny criptos que ainda não chega-
ram ao centro das atenções.
• Acredita, como eu, que a VERDADEIRA mudança fun-
damental da tecnologia de criptomoedas está apenas co-
meçando e pode redefinir governos, economias e nosso 
modo de viver.
• Ou acredita que é apenas uma questão de tempo até 
que uma revolução das criptos supere o mundo do di-
nheiro de papel, com o potencial de derrubar o Rei Dólar 
do posto de principal moeda de reserva.
18
CRIPTO WARS
Falo sobre todos esses temas nas páginas a seguir.
Também mostro por que há grandes riscos para investido-
res que não estão protegidos.
Você verá por que Bitcoin, Ripple ou Ethereum sozinhos 
não serão suficientes nos tempos estranhos que virão.
Também mostrarei por que o Bitcoin não será lembrado como 
a maior revolução do mercado de criptos — nem de longe.
Ele pode estar caminhando para se tornar o Pets.com ou o 
Myspace dessa revolução... deixando milhares de investidores 
na mão... enquanto uma alt cripto — também revelada no livro 
— rouba toda a atenção.
Você ainda pode ganhar dinheiro — muito dinheiro — no 
mercado de criptomoedas. Mas não se apenas comprar e 
acumular criptos.
O que virá é um fenômeno muito maior.
Ele durará muitos ciclos — e algumas fases inevitáveis de mu-
dança — antes de termos o verdadeiro desfecho. E haverá mui-
tos vencedores e perdedores surpreendentes pelo caminho.
O que você fará a seguir pode determinar de que lado ficará.
Acredito que ainda haja algumas pessoas inteligentes por 
aí que têm uma visão realista das criptomoedas, do que elas 
oferecem e dos riscos que apresentam.
19
INTRODUÇÃO
Se chegou até aqui, há grandes chances de que você seja 
uma delas.
Como eu, você sabe que o Bitcoin ou outra criptomoeda 
pode chegar a US$ 100 mil a unidade ou mais... ou pode 
chegar a zero, como vimos com muitas empresas pontocom 
na década de 1990.
Mas, também assim, você acredita que ainda há algo muito 
maior chegando.
Um fenômeno que, assim que você o compreender, pode 
deixá-lo muito rico... e ser o início de uma evolução funda-
mental na economia, nas ideias que temos sobre o governo 
e na forma como vivemos.
Você, como eu, provavelmente compreende que toda essa 
ideia — o conceito de que dinheiro digital é muito mais di-
fícil de rastrear — não é apenas mais uma notícia.
É um pivô potencial na história... de tudo. Mas principalmen-
te na história do dinheiro e das guerras cambiais. Tanto o di-
nheiro quanto as guerras cambiais evoluem todos os dias.
20
CRIPTO WARS
CAPÍTULO 1
Uma breve história das 
guerras cambiais
Como advogado, economista e investidor, tenho mais de 35 
anos de experiência trabalhando em mercados de capital de 
Wall Street.
Também já fui estrategista-chefe no West Shore Funds, tra-
balhei com a CIA e passei décadas em algumas das institui-
ções financeiras de mais prestígio dos Estados Unidos.
Mas o que não me deixa dormir à noite é o dólar e seu co-
lapso inevitável.
Foi meu trabalho com ameaças financeiras, como o colapso 
do dólar, que me deu a oportunidade de me tornar conselhei-
ro do governo americano e da comunidade de inteligência.
22
CRIPTO WARS
Essas experiências são a base de meu trabalho.
Guerras cambiais são uma das dinâmicas mais importantes 
no sistema financeiro global. Comecei a falar sobre o assunto 
em meu primeiro livro, A guerra das moedas.
Meu argumento era o mesmo de hoje: o mundo não está 
sempre em uma guerra cambial, mas, quando está, ela pode 
durar cinco, 10, 15 ou mesmo 20 anos.
Houve três guerras cambiais nos últimos cem anos. E, desde 
2010, o mundo passa por uma delas.
Em uma guerra cambial, os países tentam desvalorizar sua 
moeda em relação às moedas de outros países na tentativa 
de estimular o crescimento econômico.
Essas flutuações cambiais criam grandes oportunidades 
de investimento.
Guerras cambiais são uma das dinâmicas mais importantes 
no sistema financeiro global da atualidade.
Uma guerra cambial é uma batalha econômica. Ela ocorre 
no campo das políticas econômicas.
A ideia básica é que os países querem deixar sua moeda 
mais barata.
Eles dizem que desejam deixar a moeda mais barata para 
23
CAPÍTULO 1
promover a exportação. Talvez a Boeing se torne mais com-
petitiva no setor aéreo, por exemplo.
Mas o motivo real, sobre o qual quase não se fala, é que os 
países desejam importar inflação.
Pense no exemplo dos Estados Unidos. O país tem um dé-
ficit comercial, e não um superávit. Se o dólar americano 
estiver mais barato, a exportação americana fica um pouco 
mais atrativa.
O preço dos produtos americanos aumentará — sejam ma-
nufaturados, têxteis, eletrônicos etc. — e a inflação alimen-
tará a cadeia de fornecimento dos EstadosUnidos.
As guerras cambiais são uma maneira de criar flexibiliza-
ção monetária e de importar inflação.
O problema é que, assim que um país tenta desvalorizar sua 
moeda, outro país faz o mesmo, assim como um terceiro e 
assim por diante, em uma corrida rumo ao fundo do poço.
Lembre-se: o mundo não está sempre em uma guerra cam-
bial, mas, quando está, ela pode durar cinco, 10, 15 ou mes-
mo 20 anos.
É muito tempo, o que significa que você precisa considerar 
esses conflitos se quiser ser um investidor de sucesso.
Como dito, houve três guerras cambiais nos últimos cem 
anos. A Primeira Guerra Cambial ocorreu de 1921 a 1936. Ela 
24
CRIPTO WARS
começou com a hiperinflação da República de Weimar. Hou-
ve um período de desvalorizações monetárias sucessivas.
Em 1921, a Alemanha destruiu sua moeda.
Em 1925, a França, a Bélgica e outros países fizeram o mesmo.
Por muito tempo antes disso, o mundo permaneceu no clás-
sico padrão-ouro. Se você tivesse um déficit de balanço de 
pagamentos, pagava por ele em ouro.
Se tivesse superávit do balanço de pagamentos, recebia 
ouro de outros países.
O metal era o regulador da expansão ou contração das eco-
nomias.
Você precisava ser produtivo, buscar a vantagem compara-
tiva e ter um bom ambiente de negócios para que o ouro en-
trasse no sistema — ou pelo menos para que não perdesse 
o ouro que tinha. Era um sistema bastante estável, que pro-
movia muito crescimento e pouca inflação.
O sistema foi destruído em 1914 porque os países precisaram 
imprimir dinheiro para lutar na Primeira Guerra Mundial.
Quando ela acabou e o mundo entrou na década de 1920, 
os países queriam voltar ao padrão-ouro, mas não sabiam 
como fazê-lo.
Houve uma conferência em Gênova, Itália, em 1922, na qual 
o problema foi discutido.
25
CAPÍTULO 1
Antes da Primeira Guerra Mundial, o mundo estava em pa-
ridade. Havia uma certa quantidade de ouro e uma certa 
quantidade de papel-moeda lastreado no metal.
Então, a oferta de papel-moeda foi dobrada, deixando apenas 
duas opções se os países quisessem voltar ao padrão-ouro.
Eles poderiam dobrar o preço do metal — basicamente cor-
tar o valor de sua moeda pela metade — ou poderiam cortar 
a oferta de dinheiro pela metade.
Qualquer uma das opções poderia ser implementada, mas 
os países precisavam de paridade no nível antigo ou em um 
novo. Os franceses disseram: “Isso é fácil. Vamos cortar o 
valor da moeda pela metade”. E foi o que fizeram.
O efeito é de fácil explicação.
Se você assistiu a Meia-noite em Paris, de Woody Allen, viu ame-
ricanos vivendo luxuosamente na França da década de 1920.
Isso aconteceu por causa da hiperinflação da França. Ela 
não era tão ruim quanto a hiperinflação da República de 
Weimar na Alemanha, mas era bastante ruim. Quem tinha 
uma quantidade modesta de dólares vivia como um rei.
O Reino Unido também precisava tomar uma decisão e fez o 
oposto da França.
Em vez de dobrar o preço do ouro, o país cortou a oferta de 
dinheiro pela metade e voltou à paridade pré-Primeira 
Guerra Mundial.
26
CRIPTO WARS
Essa decisão foi tomada por Winston Churchill, ministro da 
Fazenda britânica na época. A medida foi extremamente 
deflacionária, o governo teve dificuldades de lidar com os 
preços mais baixos e o Reino Unido entrou na Grande De-
pressão três anos antes do resto do mundo.
Sob o padrão-ouro, quando um país dobra a oferta de di-
nheiro, precisa reconhecer que acabou com sua moeda. 
Churchill se sentia obrigado a agir de acordo com esse sis-
tema de valores.
O resto do mundo entrou na Depressão em 1929, mas o Rei-
no Unido entrou em 1926. Conto essa história porque voltar 
ao padrão-ouro a um preço mais alto medido em libras seria 
a maneira certa de agir. Foi o que os franceses fizeram. Es-
colher o preço errado contribuiu para a Grande Depressão.
Economistas hoje dizem: “Não poderíamos ter um padrão-
-ouro. Você não sabe que o padrão-ouro causou a Grande 
Depressão?”.
Eu sei que ele colaborou para a Grande Depressão, mas não 
por causa do ouro, e sim por causa do preço. Churchill esco-
lheu o preço errado, o que causou deflação. A lição da déca-
da de 1920 não é que é impossível ter um padrão-ouro, mas 
que os países precisam escolher o preço certo. Ou não im-
primir mais dinheiro.
Os britânicos continuaram ladeira abaixo até que final-
mente desvalorizaram a moeda em 1933. Depois, a França 
e o Reino Unido desvalorizaram sua moeda novamente em 
27
CAPÍTULO 1
1936. Houve um período de desvalorizações sucessivas e de 
políticas de empobrecer o vizinho.
O resultado foi uma das piores depressões da história mundial.
O desemprego disparou e destruiu a produção industrial, 
o que criou um longo período de crescimento fraco e nega-
tivo. A Primeira Guerra Cambial só foi resolvida depois da 
Segunda Guerra Mundial e, finalmente, do Acordo de Bret-
ton Woods. Nesse momento, o mundo entrou em um novo 
padrão monetário.
A Segunda Guerra Cambial ocorreu de 1967 a 1987. Seu princi-
pal evento foi a decisão de Nixon de tirar os EUA, e consequen-
temente o mundo, do padrão-ouro no dia 15 de agosto de 1971.
O objetivo dessa decisão era criar empregos e promover ex-
portações para ajudar a economia americana. O que real-
mente aconteceu? Os EUA tiveram três recessões seguidas: 
1974, 1979 e 1980.
O mercado de ações quebrou em 1974. O desemprego dispa-
rou e a inflação saiu de controle entre 1977 e 1981 (a inflação 
americana no período foi de 50%) e o valor do dólar caiu 
pela metade.
Novamente, a lição das guerras cambiais é que elas não pro-
duzem os resultados esperados, que são aumento nas ex-
portações e na taxa de emprego, além de crescimento. O que 
elas produzem é inflação extrema, recessão, depressão ou 
catástrofe econômica. Potencialmente, uma guerra de fato.
28
CRIPTO WARS
O que nos leva à Terceira Guerra Cambial, que começou 
em 2010.
Percebe que eu pulei os 35 anos entre 1985 e 2010? O que es-
tava acontecendo nesse período? 
Foi a era que chamamos de “Rei Dólar” ou política de “dólar 
forte”. Foi um período de bastante crescimento, estabilidade 
de preços e bom desempenho econômico em todo o mun-
do. Não havia um padrão-ouro nem um sistema baseado em 
regras, mas o Fed usava o preço do ouro como termômetro.
Basicamente, os EUA disseram ao mundo: “Não estamos 
em um padrão-ouro, estamos em um padrão-dólar. Os Es-
tados Unidos concordam em manter o preço de compra do 
dólar, e vocês, nossos parceiros comerciais, podem plane-
jar sua economia de acordo com alguma indexação à nossa 
moeda. Assim teremos um sistema estável”.
O sistema funcionou até 2010, quando os EUA rasgaram o 
acordo e declararam a Terceira Guerra Cambial. O presidente 
Barack Obama fez isso no discurso do Estado da União, em 
janeiro de 2010.
E aqui estamos. Nada disso me surpreende.
Muitos jornalistas veem o iene fraco e dizem: “Meu Deus. 
Estamos em uma guerra cambial”.
E eu digo: “Bem, claro que estamos. Há oito anos. E provavel-
mente continuaremos nela por mais oito anos, talvez mais”.
29
CAPÍTULO 1
Guerras cambiais são como uma gangorra multidirecional 
— elas vêm e vão, vêm e vão.
Mas agora não são apenas as moedas que fazem parte da 
batalha...
Apresentando as Guerras Criptocambiais
Atualmente, há 1,3 mil criptomoedas.
Todas elas estão em um tipo de guerra cambial diferente da 
guerra das moedas tradicionais.
Elas não tentam se desvalorizar para obter vantagens.
Em vez disso, buscam atenção, relevância e adoção global. 
Estão batalhando para se tornarem o próximo vício do sis-
tema monetário internacional.
A maioria dessas 1,3 mil moedas não sobreviverá, mas algumas 
permanecerão. É por isso que esse assunto está amplamen-
te associado às guerras cambiais que descrevi anteriormente.
O mundo está prestes a ter mais concorrência de moedas. 
Há um novo player nas guerras cambiais.
As únicas questões dos investidores são...
Que criptos serão extintas?
30
CRIPTO WARS
E que criptos florescerão?
É por isso que publicamos este livro. Quero ajudá-lo a en-
tender esse universo.Não estou interessado em recomendar frenesis especulativos.
Não falarei sobre uma moeda só porque ela está subindo, 
como muitos blogs fazem.
Isso é perigoso, e eu recomendo que você fique longe de es-
tratégias desse tipo.
Em vez disso, mostrarei tudo o que você precisa saber sobre 
esse universo e sobre dinheiro em geral para que tenha con-
fiança e entendimento completo do que está acontecendo.
Vamos começar com um ponto muito importante...
CAPÍTULO 2
Cripto não existe
As guerras criptocambiais são um grande tópico.
Blogueiros e especialistas usam a palavra cripto como se 
tudo nesse meio fosse a mesma coisa.
Isso está errado.
Por exemplo, considero que o dólar americano seja uma 
criptomoeda digital.
O que quero dizer com cripto?
Simplesmente criptografado.
O que significa que o tráfego de mensagens dos pagamen-
tos é criptografado.
Bem, adivinhe?
32
CRIPTO WARS
Pagamentos em dólar são criptografados.
Quando você faz pagamentos on-line com seu Mastercard 
ou Visa, quando os utiliza em um restaurante, quando re-
cebe um depósito de seu empregador ou quando faz uma 
transferência de valores para um investimento, todas essas 
mensagens são criptografadas.
É tudo digital.
Ninguém está andando por aí com malas cheias de di-
nheiro. Talvez algum traficante esteja, mas a maioria das 
pes soas não.
Temos pouco dinheiro vivo em nossa carteira.
Mas as pessoas usam cartões de débito, de crédito, fazem 
pagamentos diretos, transferências eletrônicas e pagamen-
tos on-line etc.
É como as pessoas pagam suas contas.
E todo esse tráfego de mensagens é digital, criptografado e 
em dólar.
Hoje, você pode chamar o dólar americano de criptomoeda.
Talvez essa seja uma base importante para fundamentar 
este livro e passar longe de toda a confusão em relação à pa-
lavra cripto.
33
CAPÍTULO 2
Definições e nuances são importantes. Precisamos saber 
se estamos falando sobre criptomoedas, tecnologia block-
chain, oferta inicial de moedas, contratos seguros, contra-
tos inteligentes e muito mais.
Também podemos falar sobre os vários usos dos regimes re-
gulatórios e legais envolvidos. Falarei mais sobre o tema em 
capítulos posteriores.
Cada item que mencionei é um tópico importante.
E, quando a maioria das pessoas fala sobre eles, todos os 
termos parecem ficar sob o grande guarda-chuva que é a 
palavra “cripto”.
Não quero que isso aconteça, pois esse processo desperdiça 
o valor que as chamadas criptomoedas desvendaram. E esse 
valor não está em ser digital ou criptografado, mas em ou-
tras características.
Precisamos falar com propriedade. Por isso, vamos definir 
alguns tópicos...
O blockchain
Para quem não está familiarizado com o tema, o boom das 
criptomoedas surgiu com um certo tipo de tecnologia, o 
protocolo blockchain.
34
CRIPTO WARS
Blockchain é basicamente um registro ou livro-razão.
Atualmente, quando você compra uma propriedade, com-
parece à venda e o vendedor lhe entrega um documento em 
que autoriza a transferência do imóvel. Seu advogado irá 
até a prefeitura e entregará a documentação para o funcio-
nário adequado.
O funcionário literalmente anotará a informação. Talvez ele 
a digite em um controle ou um registro de terras e acres-
cente um carimbo.
Você receberá o documento de volta para guardá-lo em seu 
cofre bancário.
A escritura é o documento legal que representa a proprie-
dade da terra.
Pense nos passos que acabei de descrever...
No fato de haver papel envolvido e na necessidade de ele 
passar por muitas mãos:
Do vendedor...
Do advogado...
Do funcionário...
Na sua...
35
CAPÍTULO 2
É como ocorre há centenas de anos.
Esses são registros públicos. Você pode ir até a prefeitura e 
escolher um lote e um bloco. É como eles são categorizados. 
Por exemplo, bloco 22, lote 15.
Você pode pesquisá-lo, descobrir quem é o proprietário 
atual e de quem ele comprou a propriedade.
Esse é um exemplo de método de livro-razão e registro para 
estabelecer a propriedade.
Entra o blockchain...
Primeiro, ele é completamente digital, portanto, esqueça 
toda a papelada que acabei de descrever.
Segundo, ele é criptografado com criptografia de nível mili-
tar, que é (pelo menos até onde sei) inquebrável.
Se há uma maneira de quebrá-la, garanto que é o segredo 
mais bem guardado do mundo.
Há pessoas trabalhando nisso o tempo todo, mas — nova-
mente, até onde sei — essa criptografia é inquebrável a não 
ser que você forneça sua chave: um código alfanumérico.
E, contanto que você não o revele, ninguém mais poderá 
quebrar a criptografia.
O blockchain é criptografado, é digital e é praticamente livre.
36
CRIPTO WARS
Mais importante, ele é distribuído. “Distribuído” significa 
que o livro-razão fica em milhares, milhões ou até dezenas 
de milhões de computadores e servidores por todo o mundo.
Isso é impressionante porque, se houvesse um incêndio na 
cidade e todos os registros de papel que acabei de descrever 
fossem destruídos, muito trabalho seria necessário para re-
criar tudo.
Mas, se um computador que contivesse o livro-razão literal-
mente explodisse, não importaria.
O mesmo livro-razão existe em todos esses outros compu-
tadores.
É a comunidade como um todo que o armazena.
Se uma parte alegar: “Eu tenho esse ativo” (poderia ser Bit-
coin ou qualquer outro ativo, sobre o que falaremos adiante), 
toda a comunidade dirá: “Não, você não tem. Todos temos 
o mesmo livro-razão e podemos ver que esse ativo foi de A 
para B, logo, o Sr. B é o proprietário”.
Esses são os benefícios da digitalização, da criptografia e 
da distribuição.
Essas três ferramentas poderosas são tecnologia block-
chain. Agora, o que você pode fazer com essa tecnologia? 
Uma das opções é criar uma criptomoeda.
37
CAPÍTULO 2
Criptomoedas 
O Bitcoin é a criptomoeda mais famosa, mas há muitas outras.
Fiz parte de um grupo de trabalho que identificou 90 crip-
tomoedas. De acordo com algumas estimativas, há mais de 
1,3 mil. Algumas têm mais circulação — mais seguidores se 
você preferir — que outras. Por uma perspectiva econômica, 
isso significa maior liquidez.
Como adquirir criptomoedas?
Como adquirir Bitcoin?
Bem, você pode vender algo e receber em Bitcoin.
Tenho uma loja em meu site pessoal que aceita Bitcoins.
Você pode usar dólares e euros para comprar Bitcoin em 
uma bolsa de criptomoedas.
Você também pode minerá-lo.
Mineração
A palavra é obviamente uma referência à mineração de ouro.
É claro que elas não são nada parecidas. Já estive em minas 
de ouro e é o setor mais físico que você pode imaginar. É 
38
CRIPTO WARS
preciso perfurar, caminhar em áreas remotas geladas, pan-
tanosas, equatoriais ou desérticas. É um setor difícil, com 
todos os tipos de máquinas e retroescavadeiras.
Minerar Bitcoin ou qualquer outra criptomoeda é o oposto...
É necessária muito poder computacional. Para simplificar, 
o protocolo do Bitcoin basicamente resolve problemas ma-
temáticos difíceis que exigem muito trabalho com núme-
ros, muito poder computacional e muita energia. Quem so-
luciona o problema primeiro e prova que o fez recebe uma 
nova cesta de Bitcoins “minerados”.
Algumas minas de Bitcoin são depósitos muito grandes 
com diversos servidores e enorme poder de processamento.
Alguns deles ficam na Islândia porque o país é mais frio, e 
muito calor é gerado com tanto poder computacional.
Além disso, a energia é relativamente barata lá porque o 
país possui um sistema geotérmico.
Esses problemas matemáticos que descrevi ficam mais difí-
ceis com o tempo. Sempre que alguém minera um Bitcoin, 
o problema seguinte fica um pouco mais difícil. O grau de 
dificuldade cresce exponencialmente, por isso, quando che-
garmos à mineração dos últimos Bitcoins, a quantidade de 
poder de processamento necessário será enorme.
Essa é a mineração de Bitcoin.
39
CAPÍTULO 2
ICOs
Eu disse que há muitas criptomoedas além do Bitcoin. No-
vas criptos são lançadas o tempo todo. O lançamento é cha-
mado de oferta inicial de moedas (ICO).
Essas ofertas iniciais de moedassão feitas por grupos de 
desenvolvedores parecidos com qualquer startup do Vale 
do Silício.
Em São Francisco, San Jose, Nova York, Vale do Silício, você 
pode encontrar times de desenvolvedores.
Talvez alguns deles tenham experiência em uma das gran-
des e bem-sucedidas startups, seja PayPal, Uber ou um des-
ses novos apps da moda.
Eles precisam de financiamento porque têm custos com 
salários, aluguel, equipamentos etc. Não é diferente de ne-
nhuma outra startup.
O caminho tradicional é se encontrar com investidores, pe-
dir dinheiro à mãe, familiares e amigos, ir de porta em por-
ta ou investir o próprio dinheiro.
Mais recentemente, surgiu o crowdsourcing ou crowdfun-
ding, sistema em que você coloca seu projeto em um site e 
as pessoas lhe dão dinheiro.
No crowdfunding original, quem contribui recebe uma ca-
miseta, ingressos para o cinema ou outros tipos de brindes.
40
CRIPTO WARS
Esses ICOs não são diferentes do crowdfunding ou do 
crowdsourcing.
Caso escolha participar, eu envio dólares — US$ 100, US$ 1 mil 
ou quanto for pedido. Em troca, recebo uma dessas moe-
das. Elas também são chamadas de tokens ou algum nome 
como Mastercoin.
O que recebo pela moeda?
É aqui que as coisas ficam interessantes.
Em uma startup normal, eu assinaria um contrato, enviaria 
meu dinheiro e receberia ações, unidades, parte da sociedade 
ou alguma outra coisa.
Tudo isso iria para o registro e, a partir de então, eu teria 
participações. Se a empresa falisse, minha participação pas-
saria a valer zero — um azar.
Se ela fosse bem-sucedida, eu teria comprado uma partici-
pação no próximo Google a US$ 1 por ação e algum dia ela 
chegaria a valer US$ 1 mil.
É isto que atrai as pessoas: grandes ganhos.
No ICO, eu não recebo uma ação, não tenho direito de votar 
nem de receber dividendos. Em vez disso, recebo uma moeda.
A ideia é que poderei gastar esse token ou moeda no siste-
ma que está sendo desenvolvido pela startup. Se a Netflix 
41
CAPÍTULO 2
tivesse sido financiada por um ICO, eu poderia usar minhas 
moedas da Netflix para pagar minha assinatura, por exem-
plo, e elas valeriam mais do que paguei por elas.
Essa é apenas uma utilidade possível das moedas de um 
ICO. Se eu sou o criador, programador ou desenvolvedor, 
posso definir o token como quiser. O problema é que pode 
haver complicações com a regulação.
É possível que um token aja como a ação de uma empresa, 
por exemplo. Se o valor do token está associado ao sucesso 
do empreendimento, há mais segurança. E assim surge uma 
grande quantidade de regulação corporativa. Sem falar das 
diversas brechas da lei.
Meu token pode “dizer”: “Não, Jim, você não recebe nenhuma 
ação. Você não pode votar. O que você pode é usar o app de 
graça”, ou “Você pode vendê-lo”, ou “Se o app for bem-sucedi-
do, você terá certos privilégios”, ou “Você pode conectar algo 
que está fazendo com o que nós estamos fazendo para que 
sejam compatíveis de certa forma”.
Pode haver segurança ou não. Essa é uma área muito nova e 
muito cinzenta, não há preto no branco.
Posso imaginar advogados de segurança tradicionais per-
dendo os cabelos tentando entender tudo isso.
Eu estive envolvido na origem do mercado de swaps.
Swaps e derivativos são comuns hoje, mas, no fim da déca-
da de 1970 e no início da década de 1980, quando eles esta-
42
CRIPTO WARS
vam literalmente sendo inventados, eu era consultor fiscal 
internacional no Citibank.
Nós sabíamos como registrá-los, mas não sabíamos como 
tratá-los em relação aos impostos.
Se você fizesse um pagamento de swaps, isso eram juros? 
Dividendos? Prêmios de seguro? 
Há argumentos a favor de cada uma dessas possibilidades.
Estávamos operando em uma área cinzenta. Hoje temos 
muito mais clareza... mas, com ICOs, estamos em uma área 
cinzenta novamente.
Tornando os contratos seguros
Uma das grandes aplicações da tecnologia blockchain é o 
que alguns estão chamando de contratos seguros.
Transferências feitas por meio de um registro distribuído 
(distributed ledger) são criptografadas e irrevogáveis. Se 
não impossíveis de hackear, pelo menos são distribuídas a 
ponto de se tornarem bastante seguras, por isso, conside-
ra-se que tenham o potencial de solucionar o problema da 
confiança em qualquer transação.
Volte ao tempo das cavernas e imagine que você tenha aca-
bado de matar um mastodonte enquanto eu estava colhen-
do frutos.
43
CAPÍTULO 2
Você tem carne fresca e eu tenho frutos.
Eu quero trocar alguns frutos por uma parte da sua carne 
de mastodonte.
E se eu lhe der os frutos primeiro e você fugir? E se você me 
der a carne primeiro e eu fugir? 
Podemos começar uma guerra tribal...
Esse é o problema de “quem dá o primeiro passo”. Ele ainda 
existe atualmente.
Ele acontece em uma escala muito maior do que na troca 
dos frutos e da carne de mastodonte quando falamos de 
transações corporativas na casa dos bilhões.
Como lidar com esse risco?
Ao longo de séculos de leis e contratos, precedentes e casos 
judiciais, execução e outros mecanismos, nós desenvolve-
mos maneiras de lidar com esses problemas.
Se o comprador e o vendedor não estão presentes pessoal-
mente para uma troca simultânea, é possível utilizar um 
agente depositário. Você pode usar seguros, um banco ou 
diferentes contrapartes.
Eu estive envolvido em um dos maiores problemas desse 
tipo quando estávamos negociando a libertação de reféns 
em 1979/1980.
44
CRIPTO WARS
Militantes iranianos entraram na embaixada americana e 
fizeram reféns na época do aiatolá Khomeini e da Revolu-
ção Iraniana, depois da queda do xá Reza Pahlavi.
Como foi um acontecimento espontâneo, os revolucioná-
rios não haviam pensado sobre sua situação financeira.
Muito de seu dinheiro estava em bancos americanos e foi 
imediatamente congelado.
Os EUA obviamente queriam os reféns de volta, e os iranianos 
queriam o dinheiro. Depois de um ano de negociações, o Irã 
já havia aproveitado todo o valor de propaganda do evento.
Os EUA não estavam dispostos a pagar o resgate, mas não 
consideravam a atitude em relação ao dinheiro iraniano 
nos bancos americanos como resgate. “É seu dinheiro que 
está congelado. Nós o devolveremos se vocês nos devolve-
rem nossos cidadãos.”
Esse era o acordo. Mas o problema era que nem os irania-
nos, nem os americanos (havia outros bancos ocidentais 
envolvidos, mas vamos nos ater aos EUA) confiavam um no 
outro para dar o primeiro passo.
Os EUA diziam: “Se enviarmos o dinheiro, vocês vão pegá-
-lo, ficar com os reféns e nos apunhalar pelas costas”.
Os iranianos pensavam a mesma coisa. “Se nós liberarmos 
os reféns, vocês nunca vão nos entregar o dinheiro. Como 
podemos confiar em sua palavra?”
45
CAPÍTULO 2
Nós resolvemos o problema dizendo: “A maneira óbvia de 
resolver isso é usar um agente depositário”.
Os EUA entregariam o dinheiro para o agente, que só o libe-
raria depois da libertação dos reféns.
Os iranianos não precisavam confiar nos Estados Unidos, 
apenas no agente depositário.
Depois o problema era quem no mundo teria a confiança 
dos dois lados.
Em quem os EUA confiariam o suficiente para enviar o di-
nheiro e em quem o Irã confiaria o suficiente para saber que 
o receberia assim que libertasse os reféns? 
A resposta era a Argélia, especificamente o Banco Central 
do país.
O país era ocidental e islâmico o suficiente para que ambos 
os lados ficassem satisfeitos.
É uma história longa e interessante, mas meu ponto é: é 
muito difícil resolver o problema de quem dá o primeiro 
passo em qualquer troca.
Com o Ethereum, e alguns dos apps sendo desenvolvidos 
com ofertas iniciais de moedas, esse problema é soluciona-
do por meio do protocolo, pela criação de um agente depo-
sitário automatizado.
46
CRIPTO WARS
Uma parte não depende da outra para receber o dinheiro, 
pois ele será enviado assim que os bens também o forem.
Esses são os contratos seguros. Muitas pessoas estão traba-
lhando em apps para esse tipo de contratos.
Mas eu questiono se elas estão tentando solucionar um pro-
blemaque não existe.
Por exemplo, quando uso meu cartão de crédito para com-
prar algo na Amazon, não fico com medo de não receber a 
mercadoria. Caso não a receba, posso cancelar a cobrança.
Esses casos são raros, por isso não os considero um problema.
Se realmente houvesse uma evolução, talvez a Amazon 
comprasse a tecnologia. Quem sabe? É apenas um exemplo.
Percebo que estou sendo minucioso, mas estou tentan-
do mostrar que há mais de um processo aqui: a tecnolo-
gia block chain, criptomoedas e ICOs emitindo tokens que 
poderiam ser moedas, mas são direito de propriedade de 
algum novo tipo de app. Os próprios apps estão desempe-
nhando esses papéis de registro ou de contratos seguros.
O ponto principal é que, quando você ouve alguém dizer 
“criptos”, não pode colocar todos esses processos na mesma 
classe de ativos. Há contexto e nuance. Caso os considerem 
iguais, a conversa será superficial e não abordará aspectos 
valiosos da discussão.
CAPÍTULO 3
Criptomoedas e o 
destino do dólar americano 
como reserva monetária global
Em vários momentos da história, penas e conchas foram 
dinheiro; hoje, dólares e euros assumiram essa função. O 
ouro e a prata certamente são dinheiro, bem como o Bitcoin 
e outras moedas digitais.
As pessoas dizem que algumas formas de dinheiro, como o Bit-
coin ou os dólares americanos, não estão lastreados em nada.
Mas isso não é verdade. Elas estão lastreadas em uma coisa: 
confiança.
Se você e eu acreditarmos que algo é dinheiro e concordar-
mos que seja dinheiro, então é dinheiro.
48
CRIPTO WARS
Eu posso chamar algo de dinheiro, mas, se ninguém mais 
concordar com isso, então não é dinheiro. O mesmo se aplica 
ao ouro, ao dólar e às criptomoedas.
Os governos têm uma vantagem porque fazem você pagar 
impostos com seu dinheiro, ou seja, essencialmente criam 
um uso artificial para sua própria forma de papel-moeda 
ao ameaçar as pessoas com punição caso não paguem im-
postos denominados na moeda do governo. O dólar tem o 
monopólio como moeda corrente de pagamentos de impos-
tos americanos.
De acordo com John Maynard Keynes e muitos outros eco-
nomistas, é essa capacidade que o poder estatal tem de coa-
gir o pagamento de impostos em uma moeda específica que 
dá à moeda seu valor intrínseco. Essa teoria do dinheiro 
significa que valorizamos o dólar só porque devemos usá-lo 
para pagar nossos impostos.
Criptomoedas como o Bitcoin têm duas características prin-
cipais.
Primeiro, não são emitidas ou reguladas por um banco cen-
tral ou uma autoridade regulatória única.
Elas são criadas de acordo com certos algoritmos e emitidas e 
transferidas por meio de uma rede de processamento distri-
buída (distributed processing network) usando código aberto.
Um servidor que contenha um livro-razão ou registro de 
criptomoedas pode ser destruído, mas a moeda continua a 
49
CAPÍTULO 3
existir nos outros servidores por todo o mundo e pode ser 
rapidamente replicada.
A segunda característica é a criptografia, que gerou o “crip-
to” do nome.
É possível observar transações ocorrendo no blockchain, 
que é o principal registro de todas as unidades de moedas e 
de transações.
Mas a identidade das partes fica escondida por trás do que 
se acredita ser um código impossível de quebrar.
Só os participantes da transação têm as chaves necessárias 
para decodificar a informação no blockchain de forma a ob-
ter a posse da moeda (mas eles não conseguem identificar 
um ao outro).
Isso não significa que as criptomoedas sejam completa-
mente seguras.
Grandes quantidades de unidades de criptomoedas foram 
perdidas por quem as confiou a certos “bancos” e “bolsas” 
de Bitcoin não regulados.
Outras moedas foram perdidas em fraudes à moda antiga.
Algumas unidades foram perdidas porque hardware pes-
soal, chaves de criptografia ou “carteiras digitais” foram 
destruídos.
50
CRIPTO WARS
Mas, de modo geral, o sistema funciona relativamente bem 
e está crescendo rapidamente nos campos de transações 
legítimas e ilegítimas.
É importante notar que o dólar americano também é uma 
criptomoeda digital para todos os propósitos.
Dólares são emitidos por um banco central — o FED — 
enquanto o Bitcoin é emitido de forma privada.
Apesar de termos algumas notas de dólar na carteira, a gran-
de maioria das transações denominadas na divisa america-
na, em forma de moeda ou de títulos, é feita digitalmente.
Nós pagamos contas on-line, compramos com o cartão de 
crédito e recebemos depósitos em nossa conta de forma di-
gital. Essas transações são criptografadas usando as mes-
mas técnicas de codificação do Bitcoin.
A diferença é que a propriedade de nossos dólares digitais é 
conhecida de certas partes confiáveis, como nossos bancos, 
corretores e empresas de cartão de crédito, enquanto a pro-
priedade do Bitcoin só é conhecida do usuário e está oculta 
por trás do código do blockchain.
O Bitcoin e outras criptomoedas apresentam certos desafios 
ao sistema existente.
Um problema é que o valor em dólares de um Bitcoin não 
é constante.
51
CAPÍTULO 3
Na verdade, esse valor tem sido bastante volátil, oscilando 
entre US$ 100 e US$ 20 mil nos últimos anos.
Fato é que o valor do dólar flutua em relação ao valor de ou-
tras moedas, como o euro.
Mas essas mudanças costumam ser medidas em frações de 
centavo, não em alterações de mais de US$ 1 mil por dia.
Essa flutuação gera problemas fiscais.
Uma possível solução para o problema da volatilidade do 
Bitcoin é indexá-lo ao ouro à taxa fixa.
Para isso, seria necessário um consenso na comunidade 
do Bitcoin, além da presença de um patrocinador dispos-
to a criar um mercado de ouro físico pelo valor combinado 
na criptomoeda.
Esse tipo de Bitcoin indexado ao ouro pode até rivalizar 
com a posição do dólar como moeda de reserva, principal-
mente se for apoiado por potências do ouro, como a Rússia 
e a China, que procuram maneiras de sair do atual sistema 
de hegemonia da moeda americana.
Outro problema é que o Bitcoin e outras criptomoedas ain-
da não sobreviveram a um ciclo econômico completo.
O Bitcoin, a primeira criptomoeda, foi inventado em 2009. A 
economia global está em fraca expansão desde então, mas não 
passou por um pânico financeiro ou uma recessão técnica.
52
CRIPTO WARS
Investidores têm alguma experiência com o desempenho 
de ações, títulos, ouro e outras classes de ativos em um pe-
ríodo de queda, mas não temos nenhuma experiência com 
o Bitcoin.
A liquidez vai acabar e os preços vão despencar?
Ou os investidores considerarão o Bitcoin um porto seguro, 
o que fará com que seu preço aumente?
Não sabemos a resposta. Eu acredito que o Bitcoin e outras 
criptos representam uma oportunidade.
Ainda é cedo para os investidores terem criptomoedas em 
seu portfólio, por conta da excessiva volatilidade e de ques-
tões fiscais não resolvidas.
Mas pode chegar o momento, mais cedo do que esperamos, 
em que empresas de tecnologia de Bitcoin garantam juros 
ao investidor com base no seu possível papel no futuro de 
pagamentos e em outras formas de transferência de riqueza.
Empresas como Western Union e PayPal dominam o setor 
de sistemas de pagamento privados da atualidade.
Talvez elas tenham a companhia de startups de criptomoe-
das no futuro próximo.
CAPÍTULO 4
O plano de criptomatança 
das elites
Há muito interesse em Bitcoin no momento.
É impossível visitar um site, ouvir um podcast ou assis-
tir a um vídeo do setor financeiro sem menções ao preço 
da criptomoeda.
Talvez você conheça um milionário do Bitcoin, alguém 
que comprou 500 Bitcoins há alguns anos e agora tem 
uma fortuna.
É verdade — essas pessoas existem.
Talvez você conheça alguém que comprou próximo da alta 
e perdeu tudo.
54
CRIPTO WARS
De qualquer forma, a histeria das criptos o distrai da verda-
de assustadora sobre a qual ninguém está falando.
Há muitas indicações de que governos, reguladores, auto-
ridades fiscais e a elite global estão se movimentando para 
a “criptomatança”.
O futuro do Bitcoin pode ser uma distopiana qual o Grande 
Irmão controla o blockchain e decide quando e como você 
pode comprar ou vender.
Ou a tecnologia de criptomoedas pode ser o mecanismo 
usado pelas elites globais para substituir o sistema finan-
ceiro baseado em dólar.
É claro, o Bitcoin é apenas mais uma entre muitas cripto-
moedas.
Há centenas no total, como Ethereum, Dash, Dogecoin, 
BlackCoin, CryptoCarbon e Syscoin.
Conheço a euforia do Bitcoin em primeira mão...
Sou um convidado frequente na TV financeira e concedo 
muitas entrevistas on-line. Não gosto de falar sobre Bitcoin; 
definitivamente não é meu tópico favorito.
Mas não consigo evitá-lo! 
Mais cedo ou mais tarde, em quase toda entrevista, o ânco-
ra me diz: “Jim, preciso perguntar: qual é sua opinião sobre 
o Bitcoin?”. E lá vamos nós.
55
CAPÍTULO 4
Minha opinião é clara.
Eu não tenho Bitcoins e não os recomendo a investidores.
Meus motivos estão relacionados à dinâmica de bolha, po-
tencial de fraude, robustez do ciclo econômico e intrusão go-
vernamental, todos os quais explico em detalhes neste livro.
Dito isso, não sou um tecnofóbico e não odeio o Bitcoin. En-
tendo a criptomoeda de modo muito técnico.
Já li os documentos técnicos originais de 2009, além de 
muitas análises posteriores.
Até trabalhei com uma equipe de especialistas e comandan-
tes militares do Comando de Operações Especiais dos EUA 
(USSCOM), com sede na Base Aérea MacDill, em Tampa, 
Flórida, para encontrar maneiras de prejudicar o uso que o 
Estado Islâmico faz de criptomoedas para financiar o califa-
do e suas atividades terroristas.
Você pode ler sobre o assunto nos próximos capítulos. Quan-
do se trata de Bitcoin, adoto uma atitude laissez-faire. Faça 
como preferir. Se desejar ter Bitcoin no portfólio como parte 
de uma cesta de ativos diversificada, a decisão é sua. Minha 
única advertência é caveat emptor — cuidado, comprador.
Antes de agir, saiba como o Bitcoin funciona e quais são os 
riscos de adquiri-lo.
Mas há uma história de criptomoedas muito maior que não 
está sendo contada.
56
CRIPTO WARS
O futuro não será o nirvana anarco-libertário que os inven-
tores do Bitcoin esperam alcançar.
Até aqui, falamos sobre a mineração de Bitcoin e sobre o 
blockchain. Vamos examinar mais algumas características 
das criptomoedas. E como e por que os governos estão se 
preparando para a criptomatança.
No fim, você deverá ter uma compreensão básica de cripto-
moedas e de como elas funcionam.
Você também será uma das poucas pessoas que sabem por 
que as criptos podem ser a arma favorita dos governos con-
tra cidadãos como você.
Vamos começar com o básico...
Bitcoin é dinheiro, e não investimento
Um Bitcoin é uma unidade registrada de forma digital.
Nesse sentido, dizer “um Bitcoin” não é diferente de dizer “um 
dólar”, “um euro”, “um centímetro” ou “um quilo”. É apenas 
uma maneira de contar as coisas.
Um Bitcoin também pode ser uma reserva de valor.
Suponha que eu tenha 100 Bitcoins registrados em uma 
tecnologia de contabilidade distribuída (DLT). O termo “ter” 
é problemático, porque minha identidade é criptografada 
57
CAPÍTULO 4
e a chave de criptografia privada só é conhecida por mim, 
logo direitos de propriedade nessa área são incertos e ainda 
estão evoluindo.
Se meus Bitcoins podem ser vendidos por US$ 4 mil a uni-
dade em um mercado líquido de uma bolsa confiável (outro 
aspecto problemático que será discutido a seguir), então, 
teoricamente, eu tenho US$ 400 mil em valor armazenado 
em um meio anônimo, conveniente e seguro.
Um Bitcoin também pode ser um meio de troca.
Alguns negociantes aceitam Bitcoin como pagamento de 
produtos e serviços.
Os Bitcoins podem ser transferidos em frações no caso de 
transações menores.
Por exemplo, se 1 Bitcoin = US$ 4 mil, então 0,001 Bitcoin = 
US$ 4, o que equivale a um café da Starbucks.
Se o Bitcoin é uma unidade de conta, uma reserva de valor 
e um meio de troca, então ele passa no tradicional teste de 
três partes da definição de dinheiro.
O Bitcoin é uma forma de dinheiro, como o dólar, o euro, o 
iene e a libra. Ele pode não ser uma forma de dinheiro de 
que você gosta, mas tudo bem, continua sendo dinheiro.
É importante lembrar disso porque o Bitcoin não é um inves-
timento.
58
CRIPTO WARS
Um investimento é o resultado de quando você aplica seu 
dinheiro em algo que tenha risco e recompensa, como 
ações, títulos ou imóveis.
Então você perde ou lucra com o investimento, o que pode 
ocorrer na forma de juros, dividendos ou aluguéis.
Você pode até mesmo perder tudo se o investimento subja-
cente der errado.
Com moedas, não há rendimentos nem investimentos, ape-
nas uma taxa cruzada com outras moedas.
Quando compradores de Bitcoin dizem que a criptomoeda 
“subiu” de US$ 1 mil para US$ 4 mil, esse não é um retorno so-
bre o investimento — é apenas uma mudança da taxa cambial.
Dessa maneira, também seria correto dizer que o Bitcoin não 
se alterou e que o dólar caiu de 0,001 Bitcoins para 0,00025 
Bitcoins; uma desvalorização de 75% medida em Bitcoins.
Depois de compreender a análise da taxa cruzada, você 
pode ver que o suposto “preço” do Bitcoin é apenas uma 
preferência de liquidez de uma forma de dinheiro em detri-
mento de outra.
Essa preferência não se refere a fundamentos que embasam a 
escolha de uma ação ou um título, levando em conta gestão, 
perspectivas e crédito.
Uma preferência de liquidez se baseia na confiança.
59
CAPÍTULO 4
O problema com a confiança como determinante do valor 
subjetivo do dinheiro é que ela é efêmera.
Ela pode estar presente hoje e ausente amanhã por causa do 
comportamento de massa, que é fácil de analisar na teoria, 
mas difícil de prever na realidade.
Bitcoin é dinheiro, mas o dinheiro é um jogo de confiança. 
É importante ter isso em mente.
Bitcoin e o blockchain
Como surgiu o Bitcoin?
Os Bitcoins são criados de acordo com um algoritmo mate-
mático proposto em um artigo publicado em 2009, cuja au-
toria é atribuída a uma pessoa (ou grupo de pessoas) identi-
ficada pelo pseudônimo Satoshi Nakamoto.
Nakamoto convidou matemáticos e engenheiros a solucio-
nar um problema matemático que envolve registro e proof-
-of-work (prova de trabalho).
Como recompensa por ter desempenhado essas funções, os 
operadores, conhecidos como “mineradores”, recebem Bit-
coins. Nakamoto completou o primeiro proof-of-work em 
2009 e recebeu uma recompensa de 50 Bitcoins.
O registro e o proof-of-work da mineração de Bitcoin são 
feitos com software de código aberto, o que significa que 
60
CRIPTO WARS
qualquer um que saiba utilizá-lo e tenha poder computacio-
nal suficiente pode participar do processo.
O resultado do registro e do proof-of-work fica em um livro-
-razão, que é armazenado em uma rede distribuída e des-
centralizada. Novas transações de Bitcoin são adicionadas 
ao livro-razão em “blocos” e o livro-razão em si, que expli-
carei posteriormente, é chamado de blockchain.
A natureza distribuída do livro-razão significa que o block-
chain reside em milhares de servidores individuais. Se um 
nó ou servidor é destruído, o blockchain continua a existir de 
forma facilmente verificável nos outros servidores da rede.
Transações e identificações de blockchain são criptogra-
fadas usando um sistema padrão de chaves públicas e pri-
vadas de 256 bits. A chave pública é identificável no block-
chain, mas os proprietários não podem ser identificados e 
as transferências não podem ser autorizadas sem a chave 
privada, que só o proprietário possui.
O algoritmo de Nakamoto faz com que cada novo bloco de 
Bitcoin seja mais difícil de minerar porque o blockchain em si 
fica maior e o número de inputs de tentativa e erro necessário 
para completar o proof-of-work cresce exponencialmente.
Atualmente, mais de 200 quintiliões de inputs são necessá-
rios para criar um novo bloco.
A mineração de Bitcoin exige tanto poder computacional 
que apenas servidores grandes e especializados conseguem 
61
CAPÍTULO 4
executar a tarefa. Sua natureza descentralizada, criptogra-fada e privada significa que nenhuma pessoa ou entidade 
está “encarregada” do blockchain.
Diferentemente de outras formas de dinheiro, que são emi-
tidas e controladas por governos, o Bitcoin não é controla-
do por ninguém a não ser pelo algoritmo matemático.
Esse ecossistema de criptomoedas tem um apelo enorme 
para libertários, anarquistas, tecnófilos, criminosos, sone-
gadores e terroristas. É um grupo variado.
O Bitcoin foi uma bolha? Ainda é? 
Analisando apenas um mês, um ou dois anos, com resultado 
anualizado ou real, os ganhos do Bitcoin são impressionantes.
A resposta à pergunta da bolha é quase certamente “sim”, 
mas isso diz pouco sobre o que motiva a bolha ou quanto 
tempo ela pode durar.
Não adianta avaliar o Bitcoin com base em “valor intrínse-
co”, pois a criptomoeda, assim como outras formas de di-
nheiro, incluindo o dólar e o ouro, não o tem.
O valor intrínseco é uma teoria econômica obsoleta que foi 
abandonada em 1871. A expressão é usada frequentemente, 
mas não tem propósito no caso do Bitcoin.
62
CRIPTO WARS
Em vez disso, economistas usam o valor subjetivo como for-
ma de considerar os preços.
De acordo com a teoria do valor subjetivo, o preço de algo é o 
que um comprador disposto pagará a um vendedor disposto 
com base na utilidade dos bens e serviços para o comprador. 
No entanto, “utilidade” pode ser um conceito “gelatinoso”.
Às vezes, a utilidade é bastante prática, como “preciso de 
um carro para trabalhar e ganhar meu sustento, então o 
carro tem uma utilidade que posso valorizar”. Mas, às vezes, 
a utilidade é idiossincrática, como em “gosto de apostar, 
por isso vou gastar meu dinheiro em Las Vegas, apesar de 
saber que tenho muitas chances de perder”.
Bitcoins certamente têm alguma utilidade para as pessoas.
Com eles, é fácil e barato realizar pagamentos, pelo menos 
na teoria.
A moeda oferece anonimato para os que o valorizam, in-
cluindo criminosos e terroristas.
É um meio útil de escapar do controle de capitais para 
aqueles presos em sistemas fechados, como Cuba, Coreia do 
Norte e China.
Também pode salvar refugiados que estão vulneráveis a 
ataques e confisco quando fogem.
Há poucas dúvidas de que muito das movimentações de 
preço do Bitcoin vem da mentalidade “ficar rico rapida-
mente” ou “criar algo do nada”.
63
CAPÍTULO 4
A ganância e a emoção de jogar têm utilidade para alguns, 
e o Bitcoin certamente pode satisfazer essas necessidades 
e desejos.
Mencionamos anteriormente que o aumento do preço do 
Bitcoin em dólar também pode ser visto como um colapso 
do dólar, isso se o Bitcoin for considerado uma reserva de 
valor estável e um numerário aceitável.
Isso acontece porque tanto o Bitcoin quanto o dólar são for-
mas de dinheiro, e sua taxa cruzada é apenas um swap de 
moedas, não um investimento.
Se o Bitcoin ficou constante, então o dólar caiu em relação 
ao Bitcoin em 2017.
Que outras evidências existem de um colapso generalizado 
do dólar? A resposta é: nenhuma.
Tanto o ouro quanto o euro tiveram um rali em 2017, mas 
nada comparado aos ganhos anualizados do Bitcoin. Se ti-
vesse havido um colapso generalizado da confiança no dó-
lar, evidenciado pelo preço do ouro, o Bitcoin teria se bene-
ficiado. Mas, por enquanto, o Bitcoin é o outlier.
Na ausência de evidências de que o dólar está entrando em 
colapso, sua queda medida em Bitcoins parece desconec-
tada de definições prosaicas de utilidade e, dessa forma, só 
pode ser explicada pela utilidade da ganância.
Essa notícia é ruim para o Bitcoin, porque uma lição recor-
rente dos mercados especulativos é que a ganância pode se 
transformar em medo da noite para o dia.
64
CRIPTO WARS
Há muitos exemplos de dinâmicas de bolha nas quais uma 
ação hiperbólica de preços em dólar, desconectada de outras 
informações sobre um declínio da moeda americana, rapi-
damente se transformou em um colapso catastrófico.
O índice Nasdaq 100 de 1996 a 2000, logo após o IPO da 
Netscape, como você pode verificar no gráfico a seguir, é 
um exemplo recente bastante útil.
A queda de 75% depois de janeiro de 2000 é um bom para-
lelo do que aconteceu e do que continuará a acontecer com 
o preço do Bitcoin em dólar, tudo porque um catalisador 
mudou do estado de ganância para medo.
Diversos desses catalisadores serão discutidos a seguir.
Bitcoin a US$ 200 ou menos (mais ou menos o preço de 
início do estágio hiperbólico mais recente) parece provável 
nos próximos dois anos.
Outro aspecto importante da valoração do Bitcoin é o fato de 
que a moeda nunca passou por um ciclo econômico completo.
Como já disse, o Bitcoin foi inventado em 2009, ano do iní-
cio do atual ciclo econômico.
É verdade que essa recuperação econômica é uma das mais 
fracas já registradas, com o crescimento americano ficando 
em cerca de 2% ao ano, comparado aos 3% ou mais de recu-
perações anteriores.
65
CAPÍTULO 4
Fonte: Bloomberg
$4.000
$5.000
$3.000
$2.000
$1.000
$0
Cotação do Bitcoin em dólares americanos
Julho de 2010 a agosto de 2017
Fonte: Bloomberg
$4.000
$5.000
$6.000
$3.000
$2.000
$1.000
$0
Índice Nasdaq 100
66
CRIPTO WARS
Mas, de qualquer forma, é uma recuperação, e uma das 
mais longas da história. Ninguém sabe quando a próxima 
recessão ocorrerá, mas, depois de uma expansão quase his-
tórica de 96 meses, não seria de se surpreender se ela che-
gasse logo.
Recessões não são a mesma coisa que pânicos financeiros. Às 
vezes, recessões e pânicos caminham juntos, como em 2008.
Mas é possível que recessões ocorram sem pânicos (1990) e 
pânicos ocorram sem recessões (1998).
De qualquer forma, o Bitcoin nunca passou por uma reces-
são ou um pânico.
O comportamento dos investidores em adversidades finan-
ceiras é variado.
Às vezes, há venda massiva de títulos... às vezes, de ações... 
e às vezes de commodities.
Uma coisa que recessões e pânicos têm em comum é que 
todos querem liquidez.
Quando a próxima recessão ou pânico ocorrer, provavel-
mente logo, a demanda global por liquidez forçará a venda 
de Bitcoins?
Um aumento no desemprego forçará os investidores a ven-
der Bitcoin para pagar as contas?
67
CAPÍTULO 4
Em caso positivo, toda essa venda forçada, além da demanda 
por liquidez, fará com que o preço do Bitcoin despenque caso 
ainda não o tenha feito em decorrência da dinâmica de bolha 
descrita anteriormente?
Vimos o desempenho de ações, títulos, ouro, imóveis e ou-
tros ativos em recessões e pânicos no passado.
Mas não sabemos como será com o Bitcoin porque a moeda 
nunca passou por um clima econômico adverso.
Estimo que a criptomoeda sofra em uma redução de liqui-
dez conforme investidores comecem a vender todas as 
formas de ativos, incluindo o Bitcoin, em busca de formas 
líquidas de dinheiro, que governos e credores estejam dis-
postos a aceitar.
Um colapso de 75% ou mais no preço do Bitcoin em dólar 
parece provável.
O Bitcoin é uma fraude?
Outra pergunta que não é feita com frequência: os ganhos 
com Bitcoin são reais?
Qual é a possibilidade de que parte do mercado de Bitcoin 
— se não todo — seja uma fraude elaborada?
Informações da mídia tradicional sobre o ganho com Bit-
coins vêm de sites que são ou bolsas de Bitcoin ou facilita-
68
CRIPTO WARS
dores on-line que conectam compradores e vendedores di-
retamente ou agregadores de notícias que usam os dados 
das bolsas e facilitadores.
Esses facilitadores e bolsas on-line têm nomes como BitBar-
gain, Coinbase, Kraken, Bitstamp e Bittylicious.
E há muitos outros.
Para realizar transações, é preciso se registrar como vendedor.
Você precisa fornecer informações pessoais e verificar sua 
identidade, o que não é muito diferente de abrir uma conta 
no banco ou na corretora.
A partir de então, você pode indicar sua intenção de vender 
Bitcoins. A bolsa ou o facilitador o notificará se for encon-
trado um comprador disposto a pagar o preço estabelecido 
por você.
Assim que o comprador e o vendedor concordam com um 
preço, ou assim que um “match” automatizado acontece, a 
transação é confirmada,subtrai-se a quantidade de dinhei-
ro e soma-se a quantidade de Bitcoin na conta do compra-
dor, e o contrário acontece na conta do vendedor.
Nesse sentido, não é muito diferente de comprar ou vender 
uma ação.
Mas há diferenças importantes entre essas transações e o 
que você vivencia com um “market-maker” como a Nasdaq.
69
CAPÍTULO 4
A primeira diferença é que bolsas de Bitcoin são pouco re-
guladas ou completamente desreguladas.
É verdade que várias delas receberam licenças de regulado-
res ou do sistema bancário em algumas jurisdições.
Mas essas licenças costumam estar relacionadas à preocu-
pação com lavagem de dinheiro. E significam que essas bol-
sas concordam em adotar regras que inibam essa prática.
Mas isso é tudo.
Não há exigência de testes para representantes registra-
dos, não há verificação de antecedentes de operadores, não 
há exigência de capital mínimo, não há fundos de seguro 
para perdas, não há exigência de segregação para fundos de 
clientes etc.
Nenhuma das proteções que evoluíram nos últimos 80 
anos nas bolsas de ações e de commodities está presente.
Esse mercado é o Velho Oeste, e caveat emptor é a lei.
Isso não significa que toda bolsa de criptomoedas é fraudu-
lenta ou carece de bases financeiras sólidas.
Sem dúvida, algumas bolsas são operadas em boa-fé.
Mas algumas são claramente fraudes e outras são adminis-
tradas sem solidez financeira.
70
CRIPTO WARS
O ponto é que não há como saber.
Não há como saber se você está fornecendo informações 
pessoais e acesso a seus fundos e conta bancários para in-
termediários honestos ou gangues criminosas.
Já houve grandes fracassos em bolsas de Bitcoin, incluindo 
a Mt. Gox, que foi à falência em 2014.
Ela causou a perda de 70 mil Bitcoins de clientes e tinha 
dívi das não quitadas de US$ 63,5 milhões.
Nos preços atuais, os Bitcoins perdidos valeriam mais de 
US$ 3,1 bilhões.
Há vários problemas possíveis que são mais graves do que 
falência e perda de moedas.
O primeiro é uma bolsa ou instituição ser usada como es-
quema Ponzi, o que seria fácil, principalmente com a atual 
euforia de compra de Bitcoin.
Um plano simples de executar é montar uma bolsa on-line 
em uma jurisdição pouco regulada. Depois, criar um site 
atrativo e profissional.
Em seguida, seriam desenvolvidos softwares de troca e apps 
para que as transações reais de Bitcoin ocorressem. Seria 
possível manter a bolsa por meses com compras e vendas 
verdadeiras para legitimá-la em sites agregadores.
71
CAPÍTULO 4
Também seria possível emitir comunicados de imprensa 
informando o crescimento e o progresso da bolsa. Aparen-
temente, esse Ponzi funcionaria como uma bolsa legítima 
de Bitcoin.
Por baixo dos panos, os operadores da bolsa contariam com 
o fato de que há mais compradores do que vendedores de 
Bitcoins atualmente.
Há um frenesi em todo o mundo para comprar Bitcoins, prin-
cipalmente com a dinâmica de preços descrita anteriormente.
Sempre que alguém deseja comprar Bitcoins, essa pessoa 
envia dinheiro para a bolsa e recebe a moeda em troca.
O Bitcoin “enviado” para o comprador poderia ser apenas 
um crédito em um livro-razão. Ele teria a criptografia e 
um lugar no blockchain, como qualquer Bitcoin, mas o 
comprador não necessariamente saberia disso; ele teria 
que confiar na bolsa. Enquanto isso, a transferência de di-
nheiro acontece.
Em um mundo em que as compras excedem as vendas, a 
bolsa poderia criar créditos falsos de Bitcoin e roubar seu 
dinheiro. Parte do dinheiro seria usado para pagar poucos 
clientes que se tornam vendedores.
Isso criaria a ilusão de uma bolsa em pleno funcionamento 
e, no curto prazo, melhoraria a reputação da bolsa pelo bom 
serviço e confiabilidade.
72
CRIPTO WARS
Essa situação poderia passar despercebida enquanto hou-
vesse compradores; exatamente como qualquer esquema 
Ponzi já conduzido, desde o homônimo Charles Ponzi até o 
infame Bernie Madoff.
A fraude só seria descoberta quando houvesse mais vendas 
do que compras e quando os donos de contas exigissem o 
envio de seus Bitcoins para outro endereço.
Nesse momento, os fraudulentos fechariam as portas, em-
bolsando o dinheiro das vendas.
Outro tipo de fraude é o “painting the tape”. Essa é uma téc-
nica na qual partes concordam em conduzir uma pequena 
quantidade de vendas táticas por preços inflados, na expec-
tativa de que esses preços sejam relatados pela bolsa.
Na realidade, muitas transações poderiam ser conduzidas a 
preços muito mais baixos, mas, nesse caso, muitos proprie-
tários não fariam nada por estarem felizes com os preços 
inflados que veriam no ticker.
Por exemplo, dois fraudadores poderiam abrir contas 
com credenciais falsas. Durante o dia, poderiam vender 
uma grande quantidade de Bitcoins um para o outro por 
US$ 4 mil a unidade.
Como estariam vendendo os mesmos Bitcoins repetida-
mente, não haveria lucro ou perda reais, por isso o preço da 
transação não faz diferença para os fraudadores.
73
CAPÍTULO 4
Eles poderiam realizar essa atividade diversas vezes a preços 
cada vez mais altos para criar a ilusão do aumento do merca-
do líquido. Essa ilusão poderia atrair players inocentes.
O esquema Ponzi poderia ser combinado com o “painting 
the tape” num esforço para extorquir os novos no mercado, 
bem como aqueles estranhos às complexidades das cripto-
moedas e à natureza desregulada do setor.
Além da questão da identificação de fraudes, há o perigo real 
de que usuários de Bitcoin estejam cometendo crime fiscal.
Na Austrália, se você compra um Bitcoin por US$ 1 mil e 
posteriormente o troca por US$ 4 mil em bens e serviços 
(com base em um novo valuation de US$ 4 mil), você precisa 
declarar US$ 3 mil como ganho de capital.
Quantos americanos estão fazendo esses cálculos e pagan-
do os tributos?
Quantos estão contando com o suposto anonimato do Bit-
coin para deixar de pagar os impostos devidos?
Ninguém sabe o número exato de sonegadores conscientes 
e não conscientes no mercado de Bitcoin. Mas é provável 
que ele seja grande.
Autoridades fiscais demonstraram mais de uma vez, desde 
Al Capone até Alan Bond, que sabem como encontrar sone-
gadores quando necessário.
74
CRIPTO WARS
Não há dúvidas de que as autoridades estão estudando a si-
tuação, comprando tempo e preparando armas legais.
Quando elas atacarem, será em escala massiva, com grandes 
resultados em acordos de pagamento, multas, juros, penali-
dades e prisão para alguns.
Esse ataque pode ser um catalisador para destruir a precifi-
cação subjetiva do Bitcoin, isso se outros catalisadores não o 
fizerem antes.
Não sou um grande fã de regulação, mas ela existe por 
um motivo.
Qualquer atividade que envolve uma parte confiar seu di-
nheiro à outra, rapidamente se torna um ímã de fraudes.
Historicamente, isso ocorreu no setor bancário, em correto-
ras, em bolsas de commodities e na gestão de ativos.
É por isso que atualmente todos esses negócios são bastan-
te regulados.
Não há motivos para acreditar que com o Bitcoin será diferente.
A regulação pesada em alguns setores do mercado finan-
ceiro ajuda a levar fraudadores a setores desregulados, como 
o do Bitcoin.
É verdade que a maioria das bolsas de Bitcoin não são frau-
des. A maioria são soluções empreendedoras para uma nova 
tecnologia financeira geridas com boa-fé.
75
CAPÍTULO 4
Mas é certo que há operações fraudulentas no ecossistema 
do Bitcoin; nós só ainda não sabemos quais são elas. Essas 
fraudes certamente serão reveladas (sempre são).
Quando isso acontecer, haverá uma perda generalizada de 
confiança em todas as bolsas, as boas e as ruins.
Essa perda de confiança é um de muitos catalisadores poten-
ciais que estourarão a bolha do Bitcoin e causarão um colapso 
catastrófico nos preços.
O futuro do blockchain
Uma causa de confusão para os novatos no universo cripto é a 
distinção entre Bitcoin (ou outras criptomoedas) e blockchain.
Ela é simples:
O Bitcoin é uma reserva de valor digital registrada em uma 
tecnologia de contabilidade distribuída (DLT).O blockchain é o algoritmo matemático por meio do qual o 
registro é mantido.
O Bitcoin está para o blockchain assim como o dólar está 
para o sistema bancário.
Essa distinção é essencial. O Bitcoin pode ou não ter um futuro 
promissor, mas o futuro do blockchain certamente será estelar.
76
CRIPTO WARS
O nome “blockchain” já está ultrapassado de certa forma. 
Um nome mais apropriado é tecnologia de registro distri-
buído (distributed ledger technology ou DLT).
O termo DLT faz jus às raízes do blockchain por remeter à 
contabilidade distribuída, mas também permite aprimo-
ramento e variações que não estão estritamente de acordo 
com o método original do blockchain.
Muito dinheiro do setor não vai para a compra de Bitcoins, 
mas para o lançamento de novas plataformas de tecnologia 
capazes de utilizar a DLT de forma ampla.
Utilizando a DLT, você pode registrar e acompanhar a pro-
priedade das moedas (como o Bitcoin), além de fazer o mes-
mo com ações, títulos, imóveis e praticamente qualquer 
ativo financeiro.
A DLT também pode ser usada para registar e verificar contra-
tos entre duas ou mais partes, como discutimos anteriormente.
O plano secreto das elites
Em 1958, Mao Tsé-Tung, líder do Partido Comunista da China, 
foi confrontado por intelectuais e artistas desmoralizados e 
alienados do Partido. Como resposta, ele instaurou uma nova 
política de liberdade intelectual.
77
CAPÍTULO 4
Mao declarou:
“A política de permitir que centenas de flores desabrochem 
e que centenas de escolas de pensamento debatam entre si 
existe para promover o florescimento das artes e o progresso 
da ciência.”
Essa campanha é conhecida como o “Desabrochar das Cem 
Flores”. A resposta ao convite de Mao foi uma onda entu-
siasta de pensamento criativo e de expressão artística.
O que veio a seguir não surpreendeu aqueles familiarizados 
com o modo de operação do poder do Estado. Assim que os 
intelectuais e os artistas surgiram, foi fácil para a polícia 
secreta de Mao identificá-los, matar e torturar alguns e en-
viar outros para “campos de reeducação”, onde aprenderam 
conformidade ideológica.
O Desabrochar das Cem Flores foi uma armadilha para 
aqueles que confiavam no Estado. Também foi uma amos-
tra do que viria na Revolução Cultural (1964-1974), em que 
foram erradicados todos os traços da cultura burguesa chi-
nesa e muito do legado histórico da China.
Algo parecido está ocorrendo com o Bitcoin e a DLT hoje. 
Governos estão observando pacientemente a tecnologia 
se desenvolver e crescer fora de seu controle pelos últimos 
oito anos.
Defensores libertários do blockchain celebram a falta de 
controle governamental. Mas a celebração é prematura, e 
78
CRIPTO WARS
a crença na sustentabilidade de sistemas poderosos fora do 
domínio do governo é ingênua.
Governos não gostam de competição, principalmente 
quando se trata de dinheiro. Governos não podem barrar o 
block chain, mas não é isso o que eles desejam. O que eles 
desejam é controlá-lo usando regulamentação, impostos e 
investigações e, por fim, poderes coercitivos, que incluem o 
aprisionamento de pessoas que se recusem a obedecer.
O blockchain não existe no éter (apesar de este ser nome de 
uma das criptomoedas) e não está em Marte. O blockchain 
depende de uma estrutura básica, que inclui servidores, redes 
de telecomunicação, o sistema bancário e redes de energia, 
todos os quais estão sujeitos ao controle governamental.
Um grupo de grandes empresas, todas regulamentadas pelo 
governo, anunciou um esforço conjunto para desenvolver 
um blockchain de código aberto que se tornará o padrão.
O grupo inclui JPMorgan, Wells Fargo, State Street, Swift, 
Cisco, Accenture, Bolsa de Valores de Londres e Mitsubishi 
UFJ Financial.
Não são exatamente cinco caras de moletom trabalhando 
na garagem de casa. É um sinal de que o Estado e as grandes 
corporações estão tomando conta dos negócios.
Uma instituição americana de elite, chamada Uniform Law 
Commission, que propõe leis-modelo nos 50 estados, lan-
79
CAPÍTULO 4
çou sua última proposta chamada “Uniform Regulation of 
Virtual Currency Businesses Act”.
Essa nova lei fornecerá um modelo regulatório para os fis-
cais do Estado e será uma plataforma de litígio para reque-
rentes privados e ações coletivas na busca de reparações 
contra abusos reais ou imaginados por parte de bolsas e 
mercados de moedas. Assim que o litígio começar, o anoni-
mato será a primeira vítima.
Considere os seguintes acontecimentos:
Em 1º de agosto de 2017, a SEC anunciou a “Orientação na 
Regulamentação de Ofertas Iniciais de Moedas”, o primeiro 
passo em direção à exigência de que todo levantamento de 
recursos por meio de tokens baseados em blockchain seja 
registrado no governo.
Em 1º de agosto de 2017, o Fórum Econômico Mundial, an-
fitrião da conferência das superelites globais em Davos, pu-
blicou um artigo com o título “Four reasons to question the 
hype around blockchain” (Quatro motivos para questionar 
a euforia em torno do blockchain, em tradução livre).
Em 7 de agosto de 2017, a China afirmou que passará a usar 
o blockchain para receber impostos e emitir “faturas eletrô-
nicas” para seus cidadãos.
Talvez mais alarmante, o Fundo Monetário Internacional 
(FMI), em um relatório especial de junho de 2017, disse o se-
guinte sobre o blockchain:
80
CRIPTO WARS
“A tecnologia de contabilidade distribuída (DLT), em espe-
cífico, pode incentivar mudanças no setor financeiro. (...) A 
DLT pode ser categorizada como ‘permissionless’ ou ‘permis-
sioned’ dependendo de quem pode participar do processo de 
validação. Permissionless DLTs permitem que todos façam 
transações e participem do processo de validação. Esses es-
quemas abertos (que fundamentam o Bitcoin, por exemplo) 
podem ser muito disruptivos se implementados com sucesso. 
Por contraste, em permissioned DLTs, o processo de valida-
ção é controlado por um grupo pré-selecionado de partici-
pantes (‘consórcio’) ou administrado por uma organização 
(‘completamente privada’), e, assim, funciona mais como 
uma plataforma comum de comunicação.”
Os informativos do FMI sempre exigem a tradução de um 
especialista, porque nunca são escritos em “português” e o 
significado real está sempre nas entrelinhas.
Mas a essência da linguagem desse relatório é clara.
O FMI favorece o sistema do tipo “permissioned” em detri-
mento dos abertos.
A instituição também prefere que o controle seja exercido por 
um “grupo de participantes pré-selecionados” ou por “uma 
organização”, em vez de permitir que “qualquer um” participe.
Esse documento deve ser visto como o primeiro passo no 
plano do FMI de migrar da atual forma de dinheiro, o Direito 
Especial de Saques (DES), para uma plataforma DLT contro-
lada pela própria instituição.
81
CAPÍTULO 4
Com o tempo, todas as formas de dinheiro poderiam ser banidas.
Esses e outros desenvolvimentos indicam que grupos de 
elite, incluindo FMI, JPMorgan, o pessoal de Davos, a Recei-
ta Federal americana, a SEC e outras agências, estão unin-
do-se para acabar com o ecossistema livre do blockchain e 
substituí-lo por um sistema “permissioned” sob o controle 
de um “consórcio”.
O Grande Irmão está chegando ao blockchain.
As criptomoedas e você 
Como já mencionei, eu não tenho Bitcoins nem outras cripto-
moedas e não as recomendo.
Meus motivos, como expliquei, incluem comportamento de 
bolha, falta de performance durante todo um ciclo econô-
mico, possível fraude da infraestrutura de trading e inter-
venção governamental.
Isso não significa que não haja maneiras de ganhar dinheiro 
com a atual euforia do Bitcoin e da DLT.
O segredo é encontrar boas empresas que estão inovando 
em DLT sem depender do Bitcoin.
82
CRIPTO WARS
CAPÍTULO 5
Esqueça o Bitcoin. 
O futuro é hyperledger!
Os maiores ganhos com o Bitcoin provavelmente são coisa 
do passado, mas esta nova tecnologia pode proporcionar 
ganhos similares se você investir agora...
Uma das histórias mais famosas do crash de 1929 é a de Jo-
seph P. Kennedy,

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