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Facebook: CP IURIS Instagram: @cpiuris Email: contato@cpiuris.com.br www.cpiuris.com.br QUESTÕES – LEIS PENAIS ESPECIAIS 6 1- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA. I – Considera-se organização criminosa a associação de quatro ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a quatro anos, ou que sejam de caráter transnacional. II – Considera-se grupo criminoso organizado o grupo estruturado de três ou mais pessoas, existente há algum tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais infrações graves ou enunciadas na Convenção de Palermo, com a intenção de obter, direta ou indiretamente, um benefício econômico ou outro benefício material. III – Considera-se associação criminosa a associação de três ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes. a) Todas estão corretas. b) Apenas I e II estão corretas. c) Apenas I e III estão corretas. d) Apenas II e III estão corretas. e) Todas estão incorretas Gabarito: A I - CORRETA - segundo o art. 1º, Lei 12.850/13: Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado. § 1º. Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. II – CORRETA - segundo o art. 2, Convenção de Palermo (Decreto 5.015/04) Terminologia Para efeitos da presente Convenção, entende-se por: a) "Grupo criminoso organizado" - grupo estruturado de três ou mais pessoas, existente há algum tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais infrações graves ou enunciadas na presente Convenção, com a intenção de obter, direta ou indiretamente, um benefício econômico ou outro benefício material; III – CORRETA - segundo o art. 288, CP: Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. 2- A respeito do conceito legal de associação criminosa NÃO é CORRETO o que se afirma em: a) Trata de uma união de pessoas com um objetivo ilícito, de modo que a utilização do termo associação serve aos fins de deixar claro que o conceito somente é aplicável quando houver algum grau de permanência ou estabilidade, de modo a distinguir a organização e a associação do mero concurso de agentes. b) A própria ideia de organização traduz a presença de uma coletividade de agentes, de modo que não se concebe uma organização criminosa unipessoal, cuidando-se de tipo penal de concurso necessário. c) O conceito legal considera organização criminosa aquela que, ao lado dos demais elementos, seja caracterizada pela divisão formal de tarefas, não se reconhecendo a organização criminosa, quando seus membros não tenham funções formalmente definidas. d) A Lei aponta como objetivo da organização obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, de modo que o móvel da associação criminosa, à luz do direito brasileiro, não será necessariamente econômico. Gabarito: C a) Correta, segundo a doutrina: O texto legal menciona a associação de quatro ou mais pessoas estruturalmente ordenada. O vocábulo associação designa uma união de pessoas (CC, art. 53) em torno de um objetivo comum, sendo que as associações constituídas para fins lícitos, que não tenham caráter paramilitar, gozam de expressa proteção constitucional (CF, art. 5º, XVII a XXI). Aqui se trata de uma união de pessoas com um objetivo ilícito, de modo que a utilização do termo associação serve aos fins de deixar claro que o conceito somente é aplicável quando houver algum grau de permanência ou estabilidade, de modo a distinguir a organização e a associação do mero concurso de agentes, ainda que a lei brasileira, ao contrário da Convenção de Palermo, não exija que a organização seja existente há algum tempo. b) Correta, segundo a doutrina: A própria ideia de organização traduz a presença de uma coletividade de agentes, de modo que não se concebe uma organização criminosa unipessoal, cuidando-se de tipo penal de concurso necessário. Bem por isso, a LOC exige um mínimo de quatro pessoas para o reconhecimento da organização criminosa, enquanto o tipo da associação criminosa, na nova redação dada ao art. 288 do CP, estará configurado com a participação de três agentes. c) Incorreta, segundo a doutrina: O conceito legal considera organização criminosa aquela que, ao lado dos demais elementos, seja caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente. Embora a formulação seja distinta, a exigência não contraria a Convenção de Palermo, que reconhece a organização criminosa, ainda que seus membros não tenham funções formalmente definidas. Não se exige, porém, que a divisão de tarefas seja formal, ou seja, que haja um organograma ou designações específicas para os membros. d) Correta, segundo a doutrina: A Lei aponta como objetivo da organização obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, de modo que o móvel da associação criminosa, à luz do direito brasileiro, não será necessariamente econômico. A LOC aponta como objetivo da organização obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, de modo que o móvel da associação criminosa, à luz do direito brasileiro, não será necessariamente econômico. Esse ponto é merecedor de crítica, pois o reconhecimento do fim lucrativo é traço característico das organizações criminosas. A referência a vantagem de qualquer natureza, não apenas econômica, dificulta a distinção entre organizações criminosas e grupos terroristas, o que é agravado pela expressa extensão da aplicação da lei às organizações terroristas internacionais (art. 1º, § 2º, II)(...) GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Legislação penal especial / Victor Eduardo Rios Gonçalves, José Paulo Baltazar Junior; coordenador Pedro Lenza. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2016, p. 843/845. Destacamos. 3- Assinale a alternativa CORRETA. a) O juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até dois terços a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal. b) Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei o acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais como meio de obtenção da prova. c) Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, desde que esse benefício tenha sido previsto na proposta inicial. d) O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por até doze meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional. Gabarito: B a) Incorreta, segundo o art. 4º, Lei 12.850/13:O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas; II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa; V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada. b) Correta, segundo o art. 3º, Lei 12.850/13: Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova: I - colaboração premiada; II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; III - ação controlada; IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais; V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica; VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica; VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11; VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal. c) Incorreta, segundo o art. 4º, § 2º, Lei 12.850/13: Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, plicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). d) Incorreta, segundo o art. 4º § 3º, Lei 12.850/13: O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional. 4- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA. I - A Lei de Organização Criminosa, ao regulamentar o acordo de colaboração premiada (arts. 4º, §§ 6º a 15, e 7º), empresta ao instituto da colaboração premiada, de forma clara, o caráter de conformidade no processo penal ou justiça negociada. II - O instituto da colaboração premiada é indispensável no âmbito da criminalidade organizada, mas o instituto não vem na mesma linha da confissão, do arrependimento eficaz e da reparação do dano. III - Embora útil, ou até mesmo indispensável, a colaboração não deve ser banalizada, em razão dos riscos de acusações indevidas, bem como da exposição dos colaboradores e seus familiares. a) Todas estão corretas. b) Apenas I e II estão corretas. c) Apenas I e III estão corretas. d) Apenas II e III estão corretas. e) Todas estão incorretas Gabarito: C I - CORRETA - segundo a doutrina: A LOC, ao regulamentar o acordo de colaboração premiada (arts. 4º, §§ 6º a 15, e 7º), empresta ao instituto da colaboração premiada, de forma clara, o caráter de conformidade no processo penal ou justiça negociada23, sempre que o acordo envolver a colaboração, e a superação da visão do instituto como uma mera causa de diminuição de pena, a ser reconhecida pelo juiz, por ocasião da sentença, tenha ou não havido um acordo formal entre acusação e defesa. II – INCORRETA – de acordo com a doutrina: O instituto da colaboração premiada sofre críticas de uma pretensa imoralidade ou atentado à eticidade do Estado por estimular a delação. Barona Vilar opõe aos mecanismos de conformidade no processo penal, entre os quais pode ser incluída a colaboração premiada, as seguintes críticas: a) viola o princípio de obrigatoriedade da ação penal; b) atenta contra princípios do processo penal, tais como oralidade, imediação, publicidade e do juiz natural, presunção de inocência, direito à defesa no processo regular, busca da verdade material e coação sobre o imputado. Critica-se, ainda, o fato de que o colaborador poderia ser mais propenso a mentir a fim de alcançar os benefícios decorrentes da colaboração, ou mesmo de mentir por vingança. Em minha posição, a colaboração premiada é indispensável no âmbito da criminalidade organizada, e os ganhos que podem daí advir superam, largamente, os inconvenientes apontados pela doutrina. O instituto vem, na verdade, na mesma linha da confissão, do arrependimento eficaz e da reparação do dano, nada havendo aí de imoral (TRF2, HC 20030201015554-2, Maria Helena Cisne, 1ª T., 06/10/2004), residindo a sua racionalidade no fato de que o agente deixa de cometer crimes e passa a colaborar com o Estado para minorar seus efeitos, evitar sua perpetuação e facilitar a persecução. III – CORRETA – segundo a doutrina: Embora útil, ou até mesmo indispensável, a colaboração não deve ser banalizada, em razão dos riscos de acusações indevidas, bem como da exposição dos colaboradores e seus familiares (STJ, HC 97.509, Arnaldo Lima, 5ª T., u., 15/06/2010). Bem por isso, os agentes públicos envolvidos no procedimento devem tomar redobrados cuidados na avaliação da veracidade das declarações do colaborador, que pode estar motivado por vingança ou pelo desejo de se livrar da própria culpa, sem esquecer o risco de que a investigação seja dirigida no sentido desejado pela organização criminosa, valendo-se de supostos colaboradores pilotados, que façam chegar informações à Polícia como meio de se livrar de rivais ou comparsas indesejáveis. GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Legislação penal especial / Victor Eduardo Rios Gonçalves, José Paulo Baltazar Junior; coordenador Pedro Lenza. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2016, p. 859/860. 5- Assinale a alternativa INCORRETA, nos termos da Lei 12.850/13. a) O juiz poderá recusar a homologação da proposta que não atender aos requisitos legais, devolvendo-a às partes para as adequações necessárias. b) As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor. c) O registro das tratativas e dos atos de colaboração deverá ser feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações, garantindo-se a disponibilização de cópia do material ao colaborador. d) Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado de polícia responsável pelas investigações. e) O juiz participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor. Gabarito: E a) Correta, segundo o art. 4º, § 8º, Lei 12.850/13: O juiz poderá recusar a homologação da proposta que não atender aos requisitos legais, devolvendo-a às partes para as adequações necessárias. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) b) Correta, segundo o art. 4º, § 10, Lei 12.850/13: As partes podem retratar-se da proposta, caso em que asprovas autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor. c) Correta, segundo o art. 4º, § 13, Lei 12.850/13: O registro das tratativas e dos atos de colaboração deverá ser feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações, garantindo-se a disponibilização de cópia do material ao colaborador. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) d) Correta, segundo o art. 4º, § 9º, Lei 12.850/13: Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado de polícia responsável pelas investigações. e) Incorreta, segundo o art. 4º § 6º, Lei 12.850/13: O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor. 6- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA. I – O tipo penal do artigo 2º da Lei 12.850/13 (Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa) é uma lei penal em branco em sentido lato ou homogênea de qualidade homovitelina. II – Tanto quanto os integrantes e os financiadores do grupo criminoso, incorre no delito do art. 2.º, caput, da Lei 12.850/2013 aquela pessoa que tem a ideia criadora da organização criminosa e procede ao ato de criação da associação, mesmo que não tenha qualquer atividade subsequente nela. III – O sujeito que cria a organização criminosa, a financia e dela é integrante, mesmo que em um mesmo contexto, responderá por três crimes em concurso formal, tendo em vista expressa disposição legal nesse sentido na Lei 12.850/13. a) Todas estão corretas. b) Apenas I e II estão corretas. c) Apenas I e III estão corretas. d) Apenas II e III estão corretas. e) Todas estão incorretas Gabarito: B I – CORRETA – Segundo a doutrina: Art. 2.º, caput, da Lei 12.850/2013: “Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa: Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas”. Esse dispositivo legal encerra uma lei penal em branco em sentido lato ou homogênea de qualidade homovitelina. Isso porque o significado da expressão “organização criminosa” é desvendado pelo art. 1.º, § 1.º, da mesma lei. A norma penal em branco é homogênea em razão de o complemento possuir a mesma natureza jurídica (lei) e provir do mesmo órgão que elaborou a lei penal incriminadora (Poder Legislativo Federal – art. 22, I, da CR/88). É, ainda, homovitelina, porquanto a lei incriminadora e seu complemento (outra lei) encontram-se no mesmo diploma normativo (a Lei do Crime Organizado). II – CORRETA - de acordo com a doutrina: Pela primeira vez aportou no ordenamento jurídico brasileiro o crime de promover (fomentar, desenvolver, estimular, impulsionar, anunciar, propagandear) , constituir (compor, formar, dar existência), financiar (apoiar financeiramente, custear despesas, prover o capital necessário para) ou integrar (participar, tornar-se parte de um grupo, associar-se, estabelecer conexão), pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa. O legislador, portanto, criminalizou não só a conduta daquele que integra a organização criminosa e/ou a financia, mas, também, de quem a constitui e/ou a promove. Assim, tanto quanto os integrantes e os financiadores do grupo criminoso, incorre no delito do art. 2.º, caput, da Lei 12.850/2013 o “promotor ou fundador”, ou seja, “aquela pessoa que tem a ideia criadora da organização criminosa e procede ao ato de criação da associação, mesmo que não tenha qualquer atividade subsequente nela”. Por sua vez, o integrante ou membro da organização criminosa é aquela pessoa que integra as suas fileiras, engrossando o seu número de pessoas “disponíveis”. Aliás, é justamente na “disponibilidade do membro que reside a razão de ser da censura penal”, porquanto esse elemento “implica subordinação à vontade coletiva (a todo o tempo e em qualquer lugar) e esta subordinação reflete a especial perigosidade do membro. Por isso, o membro não tem que conhecer todas as atividades da associação, nem sequer nelas participar III – INCORRETA – Não há disposição legal nesse sentido, na verdade o tipo penal do art. 2º da lei trata-se de tipo misto alternativo. Observe a doutrina nesse sentido: Ademais, o crime de organização encerra um tipo penal misto alternativo (de ação múltipla, de condutas variáveis ou fungíveis). Destarte, ainda que determinado sujeito venha a flexionar mais de um núcleo do tipo, apenas um delito restará configurado se tudo ocorrer dentro de um mesmo contexto, sem prejuízo de que a reprimenda seja elevada quando da fixação da pena-base (art. 59 do CP). Masson, Cleber. Crime organizado. Cleber Masson, Vinícius Marçal. – 4. ed., rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018, p. 64/66. 7- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA. I – Para configurar o crime de organização criminosa faz-se necessário a presença de quatro ou mais pessoas, podendo ser computado nesse número o agente policial infiltrado. II – O “crime organizado por natureza”, na modalidade integrar, é delito permanente, pois a consumação se prolonga no tempo, enquanto perdurar a união pela vontade dos seus integrantes. III – Após o oferecimento da denúncia por associação criminosa, se os integrantes praticarem novos atos indicativos desse crime será considerado novo crime e poderá se proposta outra ação penal, pois o com o recebimento da denuncia considera-se cessada a permanência. a) Todas estão corretas. b) Apenas I e II estão corretas. c) Apenas I e III estão corretas. d) Apenas II e III estão corretas. e) Todas estão incorretas Gabarito: D I – INCORRETA – de acordo com a doutrina: Doutrina e jurisprudência majoritárias, tendo como foco o antigo crime de quadrilha ou bando, sempre se inclinaram no sentido de admitir a contagem dos inimputáveis e daqueles membros não identificados no número mínimo de pessoas exigidas pelo tipo para a consumação do delito, bastando apenas a comprovação de que estes participaram da divisão das tarefas traçadas pelo grupo criminoso. A Lei do Crime Organizado, a nosso aviso, sedimentou ainda mais esse entendimento ao preceituar que a pena é aumentada de 1/6 a 2/3 “se há participação de criança ou adolescente” (art. 2.º, § 4.º, I).8 É de se analisar com cautela, todavia, o envolvimento na organização criminosa de pessoa menor de 18 anos de idade. Com efeito, o inimputável deve apresentar um mínimo de discernimento mental para ser computado como integrante do grupo criminoso organizado. Assim sendo, não se está falando de adolescentes “simplesmente utilizados como instrumentos para a prática de delitos diversos, mas de jovens com perfeita integração aos maiores de 18, tomando parte da divisão de tarefas e no escalonamento interno. Há casos concretos de menores de 18 anos que são os líderes da quadrilha, enquanto os maiores não passam de subordinados”. Ainda nesse caminho, calha indagar: no número mínimo de quatro integrantes pode ser computado o agente infiltrado? Entendemos que não. “O policial infiltrado não pode ser computado, pois não age com o necessário animus associativo. A sua finalidade, aliás, é diametralmente oposta, qual seja desmantelar a sociedade criminosa”. Demais disso, a infiltração policial está condicionada à presença de indícios da prévia existência da organização criminosa (art. 10, § 2.º, da LCO). II – CORRETA – de acordocom a doutrina: O “crime organizado por natureza”, na modalidade integrar, é delito permanente, pois a consumação se prolonga no tempo, enquanto perdurar a união pela vontade dos seus integrantes. Daí decorrem quatro importantes consequências: a) é possível a prisão em flagrante a qualquer tempo, enquanto subsistir a organização criminosa;21 b) é dispensável o mandado de busca e apreensão quando se trata de flagrante de crime permanente, sendo possível a realização dessas medidas sem que se fale em ilicitude das provas obtidas, desde que haja uma justificativa prévia para o ingresso forçado em domicílio; c) a prescrição da pretensão punitiva tem como termo inicial a data da cessação da permanência, a teor da regra inscrita no art. 111, III, do CP; e d) se qualquer dos delitos for cometido no território de duas ou mais comarcas, a competência será firmada pelo critério da prevenção, nos moldes do art. 83 do CPP. III – CORRETA - de acordo com a doutrina: Demais disso, se após o oferecimento de denúncia pela prática do crime tipificado no art. 2.º, caput, da Lei 12.850/2013, os integrantes da associação criminosa vierem a praticar novos atos indicativos deste delito, deverá ser intentada outra ação penal. Com efeito, a conduta de integrar organização criminosa, de natureza permanente, embora envolva uma série de atos, forma uma só unidade jurídica, ensejando a propositura de uma única ação penal. Se depois de oferecida a denúncia em razão da prática do delito, a societas sceleris tem continuidade pela prática de novos atos configuradores do crime, é cabível a promoção de nova ação penal, pois o raciocínio contrário implicaria patente teratologia jurídica, ao admitir-se que atos futuros cometidos pela organização criminosa sejam compreendidos em denúncia anterior. Não há falar, nesse caso, em dupla punição pelo mesmo fato (bis in idem), pois existe mais de um delito no plano fático. Ou seja, para fins de nova acusação pelo crime de integrar organização criminosa, deve-se considerar cessada a permanência com o recebimento da denúncia, tal como já entenderam o STJ e o STF23 tendo como foco o crime inscrito no art. 288 do Código Penal. Portanto, caso os membros da organização permaneçam na mesma atividade criminosa após o recebimento da exordial acusatória, “é possível que o agente seja novamente denunciado ou até mesmo preso em flagrante sem que isso configure dupla imputação pelo mesmo fato”. Em casos que tais, o que se vê “é a existência de outro fato e, consequentemente, de novo crime que não poderá, por óbvio, ser compreendido na acusação anterior” Masson, Cleber. Crime organizado. Cleber Masson, Vinícius Marçal. – 4. ed., rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018, p. 66/69. 8 - Assinale a alternativa INCORRETA a respeito da colaboração premiada, nos termos da Lei 12.850/13. a) O recebimento da proposta para formalização de acordo de colaboração demarca o início das negociações e constitui também marco de confidencialidade, configurando violação de sigilo e quebra da confiança e da boa-fé a divulgação de tais tratativas iniciais ou de documento que as formalize, até o levantamento de sigilo por decisão judicial. b) A proposta de colaboração premiada deve estar instruída com procuração do interessado com poderes específicos para iniciar o procedimento de colaboração e suas tratativas, ou firmada pessoalmente pela parte que pretende a colaboração e seu advogado ou defensor público. c) Na hipótese de não ser celebrado o acordo por iniciativa do colaborador, o celebrante não poderá se valer de nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo colaborador, de boa-fé, para qualquer outra finalidade. d) O acordo de colaboração premiada poderá ser precedido de instrução, quando houver necessidade de identificação ou complementação de seu objeto, dos fatos narrados, sua definição jurídica, relevância, utilidade e interesse público. e) O acordo de colaboração premiada é negócio jurídico processual e meio de obtenção de prova, que pressupõe utilidade e interesse públicos. Gabarito: C a) Correta, literalidade do art. 3º-B, Lei 12.850/13: O recebimento da proposta para formalização de acordo de colaboração demarca o início das negociações e constitui também marco de confidencialidade, configurando violação de sigilo e quebra da confiança e da boa-fé a divulgação de tais tratativas iniciais ou de documento que as formalize, até o levantamento de sigilo por decisão judicial. b) Correta, literalidade do art. 3º-C, Lei 12.850/13: A proposta de colaboração premiada deve estar instruída com procuração do interessado com poderes específicos para iniciar o procedimento de colaboração e suas tratativas, ou firmada pessoalmente pela parte que pretende a colaboração e seu advogado ou defensor público. c) Incorreta, nos termos do art. 3º-B, § 6º, Lei 12.850/13: Na hipótese de não ser celebrado o acordo por iniciativa do celebrante, esse não poderá se valer de nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo colaborador, de boa-fé, para qualquer outra finalidade. d) Correta, literalidade do art. 3º-B, § 4º, Lei 12.850/13: O acordo de colaboração premiada poderá ser precedido de instrução, quando houver necessidade de identificação ou complementação de seu objeto, dos fatos narrados, sua definição jurídica, relevância, utilidade e interesse público. e) Correta, literalidade do art. 3º-A, Lei 12.850/13: O acordo de colaboração premiada é negócio jurídico processual e meio de obtenção de prova, que pressupõe utilidade e interesse públicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 9- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA. I – O Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia se a proposta de acordo de colaboração referir-se a infração de cuja existência não tenha prévio conhecimento e o colaborador não for o líder da organização criminosa e for o primeiro a prestar efetiva colaboração. II – Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, desde que esse benefício tenha sido previsto na proposta inicial. III – O juiz ou o tribunal deve proceder à análise fundamentada do mérito da denúncia, do perdão judicial e das primeiras etapas de aplicação da pena, nos termos do Código Penal e do Código de Processo Penal, antes de conceder os benefícios pactuados, exceto quando o acordo prever o não oferecimento da denúncia ou já tiver sido proferida sentença. a) Todas estão corretas. b) Apenas I e II estão corretas. c) Apenas I e III estão corretas. d) Apenas II e III estão corretas. e) Todas estão incorretas Gabarito: C I – CORRETA – Segundo o art. 4º § 4º, Lei 12.850/13: Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo, o Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia se a proposta de acordo de colaboração referir-se a infração de cuja existência não tenha prévio conhecimento e o colaborador: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) I - não for o líder da organização criminosa; II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo. II – INCORRETA – nos termos do art. 4º § 2º, Lei 12.850/13: Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). III – CORRETA - literalidade do art. 4º, § 7º-A, Lei 12.850/13: O juiz ou o tribunal deve procederà análise fundamentada do mérito da denúncia, do perdão judicial e das primeiras etapas de aplicação da pena, nos termos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) e do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), antes de conceder os benefícios pactuados, exceto quando o acordo prever o não oferecimento da denúncia na forma dos §§ 4º e 4º-A deste artigo ou já tiver sido proferida sentença. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 10- Assinale a alternativa INCORRETA nos termos da Lei 12.850/13. a) Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações. b) A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, representada pelo delegado de polícia ou requerida pelo Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus limites. c) O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial competente, para garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em andamento. d) O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso, mediante autorização judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito. e) Se a ação controlada envolver transposição de fronteiras, o retardamento da intervenção policial ou administrativa somente poderá ocorrer com a cooperação das autoridades dos países que figurem como provável itinerário ou destino do investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do produto, objeto, instrumento ou proveito do crime. Gabarito: D a) Correta, segundo o art. 8º, Lei 12.850/13: Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações. b) Correta, segundo o art. 10, Lei 12.850/13: A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, representada pelo delegado de polícia ou requerida pelo Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus limites. c) Correta, segundo o art. 23, Lei 12.850/13: O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial competente, para garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em andamento. d) Incorreta, segundo o art. 15, Lei 12.850/13: O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso, independentemente de autorização judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito. e) Correta, segundo o art. 9º, Lei 12.850/13: Se a ação controlada envolver transposição de fronteiras, o retardamento da intervenção policial ou administrativa somente poderá ocorrer com a cooperação das autoridades dos países que figurem como provável itinerário ou destino do investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do produto, objeto, instrumento ou proveito do crime.
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