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Weber - Resenha Patrimonalismo

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Pensamento Político Brasileiro
Resenha WEBER, M. Economia e Sociedade. Vol I e II. Brasília: Editora UnB, 1999. Volume 2, cap. IX, seção 3. 
A partir dos três tipos de dominação discorridos por Weber, o autor destaca dois subtipos, no texto, da dominação tradicional: o patrimonialismo e o patriarcalismo. Nesse sentido, insta destacar que a obediência neste tipo de dominação parte das tradições, isto é, na crença da inviolabilidade daquilo que sempre foi daquela maneira. Dentro da dominação tradicional, Weber apresenta o que ele considera como dominação patriarcal, que seria o tipo mais puro da dominação tradicional, pois a obediência é dada a partir do respeito à pessoa/autoridade portadora de uma e dignidade pessoal que se julga sagrada, configurando, por conseguinte, uma dominação mais “estável” por ser pautada em tradições, costumes e morais incontestáveis pelo seu tempo de permanência na sociedade. Além da dominação patriarcal, Weber também aborda outros subtipos da dominação tradicional: a patrimonial e a feudal. 
A dominação patrimonial, inspirada pela dominação patriarcal, tem sua legitimidade baseada em uma autoridade sacralizada por existir desde tempos antigos. Seu arquétipo é a autoridade patriarcal. Apesar de se espelhar muito no poder da tradição, o patrimonialismo apresenta outro elemento substancial, que é a arbitrariedade e a compassividade da autoridade patriarcal. Essa se manifesta, portanto, de maneira pessoal, íntima e instável, sujeitando os dominados à subjetividade do dominador. Em suma, o patrimonialismo enquanto fundamentação do poder político se caracteriza essencialmente pelo poder político arbitrário e pessoal do patriarca, que é, por sua vez, legitimado pela tradição. Contudo, a dinâmica entre essas duas características principais levam a uma ambivalência. 
Ao focar na arbitrariedade, esse tipo de dominação se aproxima do que Weber classificou como patrimonialismo sultanista, o patrimonialismo puro/patriarcal. Isto é, se prevalecer sobretudo a tradição, o patrimonialismo tende a transformar-se em um patrimonialismo estamental no qual as relações entre o príncipe e o corpo administrativo são mais estáveis e equalizadas. 
No estudo que Weber faz sobre o patrimonialismo, de forma alguma há, entre os tipos extremos do sultanismo e do feudalismo (patrimonialismo estamental), um salto abrupto ou uma passagem automática para tais formas de organização, mas sim um amplo leque de composições de poder específicas, ambiguidades e tensões. No meio dessa zona de transição que Weber discorre, é possível pensar em encaixar o patrimonialismo brasileiro, que não é nem uma dominação pura patriarcal nem feudal, mas amparada na tradição para legitimação do poder. 
 Para Weber, toda forma de dominação é constituída por tensões e conflitos específicos na luta pelo poder, sendo o equilíbrio instável entre tradição e arbítrio e governantes centralizadores e quadro administrativo descentralizador os binômios mais característicos da dominação tradicional. No caso do feudalismo, ocorre de forma mais acentuada uma apropriação dos meios administrativos por parte dos servidores, que acaba por gerar uma situação contratual entre estes e o governante patrimonial baseada na "honra" subjetiva das partes. 
Já no caso do patrimonialismo, convém ressaltar que além da descentralização, outro fator característico desse tipo de dominação é a ineficiência governamental e um alcance extensivo da administração patrimonial. Essa última é uma característica peculiar e contraditória, que costuma acompanhar vários arranjos políticos patrimonialistas: o fato de o governo central ser, ao mesmo tempo, onipresente e fraco. Para ilustrar sua concepção, Weber analisa o sistema fiscal do antigo império patrimonial chinês em que de toda massa de impostos suportados pelas famílias e aldeias camponesas, apenas uma fatia chegava à Corte do imperador, o restante era dissipado ao longo da hierarquia dos funcionários. Contudo, Weber reforça que tal estrutura patrimonial perdurou durante séculos em um equilíbrio tenso entre o comando patrimonial vindo de cima e o contrapeso dos funcionários e dos grupos de interesse locais e familiares.
Desse modo, os fundamentos personalistas do patrimonialismo, dissertados por Weber, tais como a falta de uma esfera pública contraposta à privada, a racionalidade subjetiva e casuística do sistema jurídico, a irracionalidade do sistema fiscal, a não-profissionalização e a tendência intrínseca à corrupção do quadro administrativo, tudo isso contribui para a uma ineficiência governamental altamente problemática e contrária ao tipo de sistema racional-legal-burocrático weberiano. Nesse sentido, considerando que a eficiência governamental é um dos atributos básicos do capitalismo moderno, os fatores mencionados se tornam um obstáculo à instituição do capitalismo nessas sociedades patrimoniais. 
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