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1 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S 2 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S 3 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A SNúcleo de Educação a Distância GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira. O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho. O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem. 4 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S Prezado(a) Pós-Graduando(a), Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional! Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as suas expectativas. A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra- dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a ascensão social e econômica da população de um país. Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida- de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas pessoais e profissionais. Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi- ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu- ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe- rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de ensino. E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos conhecimentos. Um abraço, Grupo Prominas - Educação e Tecnologia 5 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S 6 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo- sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve- rança, disciplina e organização. Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho. Estude bastante e um grande abraço! Professor: Gustavo Govi Martinelli 7 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc- nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela conhecimento. Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in- formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao seu sucesso profisisional. 8 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S A Política Pública Nacional de Segurança Pública refere-se a uma estrutura institucional que tem como objetivo o enfrentamento da violência dentro do território brasileiro, principalmente com a finalidade de diminuir a criminalidade. Essa política se baseia em aperfeiçoamen- to dos órgãos de segurança pública. Sendo assim, verifica-se que o Plano Nacional de Segurança Pública atual tem como base a inovação tecnológica, visando estabelecer uma integração de todos os sistemas estatais, por consequência, pretende-se estabelecer uma política que tenha a segurança interligada com as ações da comunidade, ou ainda, da sociedade em geral. Outro ponto a ser mencionado é que após a Constituição Federal, a sociedade se torna responsável pela segu- rança pública, logo, o poder constituinte a encarregou de preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio. Segurança Pública. Estado. Criminalidade. 9 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 01 A POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA – PND DO BRASIL Apresentação do Módulo ______________________________________ 11 12 34 18 Contextualizando a Segurança e a Defesa Nacional _____________ Diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa e Eixos Estruturantes A Organização das Forças Armadas ______________________________ CAPÍTULO 02 A ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA – END DO BRASIL Estratégia Nacional de Defesa e Estratégia Nacional de Desen- volvimento ____________________________________________________ 33 27Recapitulando ________________________________________________ Fundamentos da Estratégia Nacional de Defesa – END __________ 41 23A Concepção da Política de Defesa ______________________________ 36Objetivos estratégicos das Forças Armadas _____________________ Recapitulando _________________________________________________ 47 25Os Objetivos Nacionais de Defesa ______________________________ 10 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S Conhecimentos Necessários à Compreensão da Estratégia Nacio- nal de Segurança Cibernética – ENSC ____________________________ 50 A Política Nacional de Segurança da Informação – PNSI __________ 55 CAPÍTULO 03 A ESTRATÉGIA NACIONAL DE SEGURANÇA CIBERNÉTICA – ENSC DO BRASIL A Estratégia Nacional de Segurança Cibernética – E-Ciber ________ 60 Recapitulando __________________________________________________ 62 Fechando a Unidade ____________________________________________ 66 Referências _____________________________________________________ 70 11 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S Neste modulo será estudada a Política Nacional de Defesa do Brasil, analisando a Segurança e a Defesa Nacional, destacando a or- ganização das Forças Armadas, bem como a concepção da Política de Defesa pautadas pelos objetivos nacionais de defesa. Outro ponto que será analisado é a Estratégia Nacional de Defesa do Brasil, destacando os fundamentos da Estratégia Nacional de Defesa e o Poder Nacional. Por fim, será vista a Estratégia Nacional de Segurança Cibernética – do Brasil, evidenciando os conceitos oriundos da Segurança Cibernética como uma estratégia nacional, assim como será vista a política nacional de Segurança da Informação. Dito isso, é importante destacar que, conforme a Constituição Fe- deral de 1988, a segurança é uma prerrogativa do Estado. Desta forma, a política pública de segurança pública deve ser realizada pelo Governo Federal com o objetivo de diminuir a violência social. Observa-se que o Estado tem como papel fundamental garantir os direitos dos cidadãos, bem como fazer com que os indivíduos cumpram com o ordenamento jurídico. Atualmente, no Brasil, os casos de violência encontram-se com números alarmantes, principalmente crimes hediondos, como é o caso dos homicídios. Todavia, é relevante observar que vários são os esta- dos-membrosque visam adotar programas para efetivar as políticas de segurança pública, principalmente no intuito de diminuir a criminalidade. O Plano Nacional de Segurança Pública deve concentrar suas atividades em ações que realizem a prevenção e repressão da violência, todavia, verifica-se que um desafio da implementação deste plano é esta- belecer uma conexão entre todos os atores que têm como escopo a Segu- rança Privada, sejam esses órgãos estatais, ou mesmo os estados-mem- bros que devem trabalhar em conjunto pelo mesmo objetivo comum. Outro ponto a ser mencionado é que a gestão da informação pode ser uma ferramenta contra a criminalidade e, por consequência, pode ser um sistema importante na gestão das politicas de segurança pública, visto que servirá como um aliado na construção de um banco de dados, que pautará o planejamento estratégico e operacional da po- lítica nacional da segurança pública. Percebe-se ainda que a política nacional de proteção estatal deva ser realizada de forma que suas ações sejam monitoradas e ava- liadas, visando que haja uma prestação de contas para a sociedade, e que a sociedade tenha conhecimento dos resultados das políticas públi- ca referente à segurança pública no Brasil. Sendo assim, é necessário que o Poder Público disponibilize informações ao seu cidadão. 12 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S CONTEXTUALIZANDO A SEGURANÇA E A DEFESA NACIONAL Inicialmente, ainda que seja de conhecimento de todos, cum- pre salientar alguns pontos que são fundamentais para a compreensão desta disciplina. Diante disso, rememora-se que o Brasil atual foi cons- tituído pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, sendo a sua forma de governo a República, o seu sistema de governo o Presidencialismo, e o seu regime de governo é o Democrático, onde todo poder emana do povo (parágrafo único, art. 1º, CRFB/88). Sobre sua forma de estado, o Brasil é uma Federação e possui o pacto de indissolubilidade, ou seja, seus entes não podem se desligar do país. Ao menos, sem que haja um conflito para esse fim. Quanto aos entes que o Brasil possui, eles são: A POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA PND DO BRASIL P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S 12 13 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S ● A União, muitas vezes chamada de União Federal, que repre- senta a totalidade dos entes, daí o nome União; ● Os Estados, que são os vinte e seis estados brasileiros; ● O Distrito Federal, que é o centro administrativo da União; e ● Os Municípios, que são entes dentro de cada Estado. Pos- suindo o Brasil, aproximadamente, 5.400 Municípios. Porém, esse nú- mero pode mudar, pois é possível que eles sejam modificados, criados, anexados, dentre outros. Tanto os Estados quanto os Municípios podem sofrer modifi- cações, mas, com os Municípios, elas ocorrem em maior quantidade. Os Territórios fazem parte da União e, atualmente, o país não possui nenhum Território, pois os Atos das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT, em seu art. 14, transformou os Territórios do Ama- pá e Roraima em Estados. Igualmente, o Território de Fernando de No- ronha foi incorporado ao Estado de Pernambuco e, na Constituição Es- tadual deste, é chamado de Distrito Estadual, uma categoria sui generis de ente, não se refletindo na classificação constitucional. Sobreleva destacar que o pacto de indissolubilidade não impe- de que novos Estados e Municípios, dentre outros, sejam criados ou ex- tintos. Este pacto ser refere à saída de um ente da federação do Brasil, ou seja, que um ente venha a deixar de pertencer ao país. Caso se deseje criar ou extinguir um ente federado, as regras constitucionais deverão ser observadas para cada ente. Além disso, é preciso dizer que cada ente possui sua autonomia e competência, e que estas devem ser respeitadas. Quando à sua organização administrativa, o Brasil possui três poderes, o Executivo, que administra o país; o Legislativo, que elabora leis; e o Judiciário, que aplica as leis, mediante provocação aos casos que lhe são apresentados. Insta ressaltar que não é objetivo desta dis- ciplina se aprofundar nas funções típicas e atípicas de cada poder. Agora, é preciso compreender sobre os órgãos de segurança do Brasil. Eles são descritos no art. 144 da CRFB/88, transcrito abaixo integralmente para melhor entendimento: Título V Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas Capítulo III Da Segurança Pública Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; 14 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, estruturado em carreira, destina-se a: I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha reper- cussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o con- trabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros ór- gãos públicos nas respectivas áreas de competência; III - exercer as funções de polícia marítima, aérea e de fronteiras; IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. § 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. § 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incum- bem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. § 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. § 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos respon- sáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades. § 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à prote- ção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei. Como visto acima, a Política Federal também atua como Polícia Marítima. Ela e as Polícias Civis são polícias judiciárias, pois são as que re- alizam investigações e que fazem cumprir qualquer determinação judicial. Para melhor organização de seu aprendizado, na figura 1, abai- xo, apresentamos um esquema com os órgãos de segurança do Brasil. 15 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S Figura 1 – Órgãos de Segurança do Brasil Fonte: Autor, 2020. A Polícia Militar e o Bombeiro Militar fazem o policiamento os- tensivo e estão subordinados aos seus Estados. Além disso, juntos for- mam as Reservas do Exército. As polícias Federal (Marítima), Rodoviária e Ferroviária são su- bordinadas à União. As Polícias Civil, Militar e os Bombeiros Militares são subordi- nados aos seus respectivos Estados. Já as Polícias Penais podem estar subordinadasà União, aos Estados e ao Distrito Federal, dependendo de quem as criar. Essa nova categoria das Polícias Penais transformam o siste- ma penitenciário em polícia, após a Emenda Constitucional 104/2019. Contudo, sua competência é limitada às ocorrências internas e externas dos presídios, não podendo atuar de forma investigativa, que é compe- tência da Polícia Civil ou Federal. 16 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S Mesmo não tendo sido mencionadas no artigo. 144 da Consti- tuição Federal de 1988, destacamos que a Polícia Legislativa integra as forças policiais: a) Artigo. 27, §3º da CFRB/88: “§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu regimento inter- no, polícia e serviços administrativos de sua secretaria, e prover os respec- tivos cargos”; b) Artigo 51, IV da CFRB/88: Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fi- xação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucio- nal nº 19, de 1998) c) Artigo 52, XIII, CFRB/88): Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, trans- formação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Enfatizamos também que Agentes de Trânsito, Guardas Muni- cipais e Peritos são integrantes das Forças Policiais, as quais compõem os órgãos de segurança nacional, possuindo limitações quanto às com- petências do ambiente interno do país. Em linhas gerais, significa dizer que esses órgãos não atuarão em face de ameaças externas ao país. O que será explicado a seguir. A Estruturação da Política Nacional de Defesa Duas grandes responsabilidades do Estado moderno são a segurança e a defesa nacional. Embora pareçam semelhantes, esses conceitos são diferentes. A segurança nacional “é a condição que permite a preservação da soberania e da integridade territorial, a realização dos interesses na- cionais, livre de pressões e ameaças de qualquer natureza, e a garantia aos cidadãos do exercício dos direitos e deveres constitucionais.” (Mi- nistério da Defesa, 2015). 17 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S Já a defesa nacional é “conjunto de atitudes, medidas e ações do Estado, com ênfase na expressão militar, para a defesa do território, da soberania e dos interesses nacionais contra ameaças preponderante- mente externas, potenciais ou manifestas.” (Ministério da Defesa, 2015). Por conseguinte, conclui-se que a segurança rege qualquer perigo de origem interna, enquanto a defesa nacional protege o Estado moderno de riscos externos. Após a Guerra Fria, que ficou conhecida como o maior conflito ideológico bipolar da história do planeta, o mundo entrou num momento de imprevisibilidade de confrontamentos. Surgiram conflitos de caráter étnico, religioso e político, bem como, movimentos separatistas e tam- bém nacionalistas. Não sem aviso, recursos naturais também dão sinais de es- cassez, tendo como consequência a vasta degradação ambiental que culmina no aquecimento global. Isso gera uma demanda por alimentos e energia. Itens básicos para uma vida digna. Devido ao fenômeno da globalização, há uma crescente inter- dependência entre os países, exigindo a expansão do comércio interna- cional, com o inevitável fluxo de moedas. Ainda sobre isso, antes se percebiam conflitos por terra, água e o ar. Porém, duas novas fronteiras surgiram: o mundo virtual e o es- paço sideral. Com relação ao espaço, embora exista uma estação espacial multinacional, alguns países se preparam para explorar outros mundos, como a construção de uma base na Lua (Canaltech, 2018) e uma mis- são tripulada para o planeta Marte (UOL, 2019). Diante destes e de muitos outros desafios, é necessário que um Estado Soberano , no caso, o Brasil, se organize de forma a tornar pos- sível realizar com sucesso tanto a segurança quanto a defesa nacional. Foi com base nessas premissas que em 1996 foi aprovada a Po- lítica de Defesa Nacional – PDN. Uma das inovações na forma de pensar a defesa do país foi a de orientar a participação de toda a sociedade bra- sileira, retirando das Forças Armadas aquela sensação de que tudo era segredo e não seria possível comentar publicamente sobre esse tema. Com a atualização dessa política em 2005, foi inserida a Estra- tégia Nacional de Defesa – END de forma a seccionar e complementar todos os estudos e consolidações das medidas que devem ser imple- mentadas. Já em 2012, foi designado um novo nome, passando-se a chamar Política Nacional de Defesa – PND. Dentro da Política Nacional de Defesa – PND, também são encontrados os Objetivos Nacionais de Defesa – OND. Após vinte anos do início dessa política, também se observa- 18 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S ram legislações criadas para ajudar a gerir toda a nova sistemática de defesa então criada. Mas, antes de adentrar ao estudo das mesmas, deve-se entender a organização das Forças Armadas. A ORGANIZAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS Por oportuno, cumpre salientar que toda a Política Nacional de Defesa – PND é criada através de um Decreto, e não por uma Lei. Isso ocorre, pois essa temática é de competência do Poder Executivo, dispondo ele do Decreto para conferir validade a toda a PND. Quando as leis acima foram citadas, referem-se às Leis Com- plementares 97/1999 e 136/2010. A Lei Complementar 97/1999 traz as normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas. Vamos entender cada uma dessas normas gerais, iniciando pela organização. A Lei Complementar 97/1999, em seu Capítulo II – da organização – Seção I – das formas armadas, define da seguinte forma a organização: Art. 3o As Forças Armadas são subordinadas ao Ministro de Estado da Defe- sa, dispondo de estruturas próprias. Art. 3o-A. Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, órgão de assesso- ramento permanente do Ministro de Estado da Defesa, tem como chefe um oficial-general do último posto, da ativa ou da reserva, indicado pelo Ministro de Estado da Defesa e nomeado pelo Presidente da República, e disporá de um comitê, integrado pelos chefes de Estados-Maiores das 3 (três) Forças, sob a coordenação do Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Arma- das. (Incluído pela Lei Complementar nº 136, de 2010). § 1o Se o oficial-general indicado para o cargo de Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas estiver na ativa, será transferido para a reser- va remunerada quando empossado no cargo. (Incluído pela Lei Complemen- tar nº 136, de 2010). § 2o É assegurado ao Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas o mesmo grau de precedência hierárquica dos Comandantes e precedência hierárquica sobre os demais oficiais-generais das 3 (três) Forças Armadas. (Incluído pela Lei Complementar nº 136, de 2010). § 3o É assegurado ao Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas todas as prerrogativas, direitos e deveres do Serviço Ativo, inclusive com a contagem de tempo de serviço, enquanto estiver em exercício. (Incluído pela Lei Complementar nº 136, de 2010). Art. 4o A Marinha, o Exército e a Aeronáutica dispõem, singularmente, de 1 (um) Comandante, indicado pelo Ministro de Estado da Defesa e nome- ado pelo Presidente da República, o qual, no âmbito de suas atribuições, exercerá a direção e a gestão da respectiva Força. (Redação dada pela Lei Complementar nº 136, de 2010). 19 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U PO P R O M IN A S Art. 5o Os cargos de Comandante da Marinha, do Exército e da Aeronáutica são privativos de oficiais-generais do último posto da respectiva Força. § 1o É assegurada aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aero- náutica precedência hierárquica sobre os demais oficiais-generais das três Forças Armadas. § 2o Se o oficial-general indicado para o cargo de Comandante da sua res- pectiva Força estiver na ativa, será transferido para a reserva remunerada, quando empossado no cargo. § 3o São asseguradas aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aero- náutica todas as prerrogativas, direitos e deveres do Serviço Ativo, inclusive com a contagem de tempo de serviço, enquanto estiverem em exercício. Art. 6o O Poder Executivo definirá a competência dos Comandantes da Ma- rinha, do Exército e da Aeronáutica para a criação, a denominação, a locali- zação e a definição das atribuições das organizações integrantes das estru- turas das Forças Armadas. Art. 7o Compete aos Comandantes das Forças apresentar ao Ministro de Estado da Defesa a Lista de Escolha, elaborada na forma da lei, para a pro- moção aos postos de oficiais-generais e propor-lhe os oficiais-generais para a nomeação aos cargos que lhes são privativos. (Redação dada pela Lei Complementar nº 136, de 2010). Parágrafo único. O Ministro de Estado da Defesa, acompanhado do Coman- dante de cada Força, apresentará os nomes ao Presidente da República, a quem compete promover os oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos. Art. 8o A Marinha, o Exército e a Aeronáutica dispõem de efetivos de pessoal militar e civil, fixados em lei, e dos meios orgânicos necessários ao cumpri- mento de sua destinação constitucional e atribuições subsidiárias. Parágrafo único. Constituem reserva das Forças Armadas o pessoal sujeito a incorporação, mediante mobilização ou convocação, pelo Ministério da De- fesa, por intermédio da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, bem como as organizações assim definidas em lei. Conforme pode-se verificar, algumas previsões contidas nes- sa lei informam que as Forças Armadas são compostas pela Marinha, Exército e Aeronáutica. Cumpre esclarecer que essa foi a ordem de criação de cada força, ou seja, a Marinha foi a primeira força que o Bra- sil criou. O Exército foi a segunda e a Aeronáutica, a terceira. Além disso, é preciso saber que o Presidente da República é o Comandante Supremo das Forças Armadas, sendo o seu órgão con- sultivo o Conselho Militar de Defesa. De igual modo está o Ministro do Estado da Defesa, que também possui seu órgão consultivo, o Estado- -Maior Conjunto das Forças Armadas. As Forças Armadas estão subordinadas ao Ministro de Estado e Defesa, possuindo, cada uma seu respectivo Comandante. Toda essa organização é demonstrada na imagem a seguir. 20 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S Figura 2 – Organograma das Forças Armadas Fonte: O Autor, 2020. Após ter visto sobre a organização das Forças Armadas, é pre- ciso entender como são definidos o seu orçamento, preparo e emprego. As forças armadas têm seu orçamento proveniente do Ministé- rio da Defesa e contempla as prioridades definidas na Estratégia Nacio- nal de Defesa. Esse item é tratado no CAPÍTULO III - DO ORÇAMEN- TO, da lei Complementar 97/1999, conforme abaixo: Art. 12. O orçamento do Ministério da Defesa contemplará as prioridades definidas pela Estratégia Nacional de Defesa, explicitadas na lei de diretrizes orçamentárias. (Redação dada pela Lei Complementar nº 136, de 2010). § 1o O orçamento do Ministério da Defesa identificará as dotações próprias da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. § 2o A proposta orçamentária das Forças será elaborada em conjunto com o Ministério da Defesa, que a consolidará, obedecendo às prioridades esta- belecidas na Estratégia Nacional de Defesa, explicitadas na lei de diretrizes orçamentárias. (Redação dada pela Lei Complementar nº 136, de 2010). § 3o A Marinha, o Exército e a Aeronáutica farão a gestão, de forma individua- lizada, dos recursos orçamentários que lhes forem destinados no orçamento do Ministério da Defesa. O preparo refere-se ao cumprimento da destinação constitucio- nal das Forças Armadas. Conforme a Lei Complementar 97/1999, em seu CAPÍTULO IV - DO PREPARO: Art. 13. Para o cumprimento da destinação constitucional das Forças Arma- das, cabe aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica o preparo de seus órgãos operativos e de apoio, obedecidas as políticas esta- belecidas pelo Ministro da Defesa. 21 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S § 1o O preparo compreende, entre outras, as atividades permanentes de planejamento, organização e articulação, instrução e adestramento, desen- volvimento de doutrina e pesquisas específicas, inteligência e estruturação das Forças Armadas, de sua logística e mobilização. (Incluído pela Lei Com- plementar nº 117, de 2004) § 2o No preparo das Forças Armadas para o cumprimento de sua destinação constitucional, poderão ser planejados e executados exercícios operacionais em áreas públicas, adequadas à natureza das operações, ou em áreas priva- das cedidas para esse fim. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004) § 3o O planejamento e a execução dos exercícios operacionais poderão ser re- alizados com a cooperação dos órgãos de segurança pública e de órgãos pú- blicos com interesses afins. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004) Art. 14. O preparo das Forças Armadas é orientado pelos seguintes parâme- tros básicos: I - permanente eficiência operacional singular e nas diferentes modalidades de emprego interdependentes; II - procura da autonomia nacional crescente, mediante contínua nacionaliza- ção de seus meios, nela incluídas pesquisa e desenvolvimento e o fortaleci- mento da indústria nacional; III - correta utilização do potencial nacional, mediante mobilização criteriosa- mente planejada. Pela definição do §1º do art. 13 da citada lei, fique atento quan- to à memorização do que compreende o preparo, que “entre outras, compreende as atividades permanentes de planejamento, organização e articulação, instrução e adestramento, desenvolvimento de doutrina e pesquisas específicas, e ainda, da inteligência e estruturação das For- ças Armadas, de sua logística e mobilização”. Já o emprego se refere à efetiva atuação das Forças Arma- das. Essa decisão cabe, exclusivamente, ao Presidente da República (LC 97/1999, art. 15, §1º), que pode ter como motivação a “[...] iniciati- va própria ou em atendimento a pedido manifestado por quaisquer dos poderes constitucionais, por intermédio dos Presidentes do Supremo Tribunal Federal, do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados.”. Vejamos na íntegra sobre o emprego das Forças Armadas, conforme o Capítulo V – do emprego, da Lei Complementar 97/1999: Art. 15. O emprego das Forças Armadas na defesa da Pátria e na garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, e na participação em opera- ções de paz, é de responsabilidade do Presidente da República, que deter- minará ao Ministro de Estado da Defesa a ativação de órgãos operacionais, observada a seguinte forma de subordinação: I - ao Comandante Supremo, por intermédio do Ministro de Estado da De- fesa, no caso de Comandos conjuntos, compostos por meios adjudicados pelas Forças Armadas e, quando necessário, por outros órgãos; (Redação dada pela Lei Complementar nº 136, de 2010). 22 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S II - diretamente ao Ministro de Estado da Defesa, para fim de adestramento, em operações conjuntas, ou por ocasião da participação brasileira em opera- ções de paz; (Redação dada pela Lei Complementar nº 136, de 2010). III - diretamente ao respectivo Comandante da Força, respeitada a direção superior do Ministro de Estado da Defesa, no caso de emprego isolado de meiosde uma única Força. § 1o Compete ao Presidente da República a decisão do emprego das Forças Armadas, por iniciativa própria ou em atendimento a pedido manifestado por quaisquer dos poderes constitucionais, por intermédio dos Presidentes do Su- premo Tribunal Federal, do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados. § 2o A atuação das Forças Armadas, na garantia da lei e da ordem, por ini- ciativa de quaisquer dos poderes constitucionais, ocorrerá de acordo com as diretrizes baixadas em ato do Presidente da República, após esgotados os instrumentos destinados à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, relacionados no art. 144 da Constituição Federal. § 3o Consideram-se esgotados os instrumentos relacionados no art. 144 da Constituição Federal quando, em determinado momento, forem eles formalmen- te reconhecidos pelo respectivo Chefe do Poder Executivo Federal ou Estadual como indisponíveis, inexistentes ou insuficientes ao desempenho regular de sua missão constitucional. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004) § 4o Na hipótese de emprego nas condições previstas no § 3o deste artigo, após mensagem do Presidente da República, serão ativados os órgãos opera- cionais das Forças Armadas, que desenvolverão, de forma episódica, em área previamente estabelecida e por tempo limitado, as ações de caráter preventivo e repressivo necessárias para assegurar o resultado das operações na garan- tia da lei e da ordem. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004) § 5o Determinado o emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem, caberá à autoridade competente, mediante ato formal, transferir o controle operacional dos órgãos de segurança pública necessários ao de- senvolvimento das ações para a autoridade encarregada das operações, a qual deverá constituir um centro de coordenação de operações, composto por representantes dos órgãos públicos sob seu controle operacional ou com interesses afins. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004) § 6o Considera-se controle operacional, para fins de aplicação desta Lei Com- plementar, o poder conferido à autoridade encarregada das operações, para atri- buir e coordenar missões ou tarefas específicas a serem desempenhadas por efetivos dos órgãos de segurança pública, obedecidas as suas competências constitucionais ou legais. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004) § 7o A atuação do militar nos casos previstos nos arts. 13, 14, 15, 16-A, nos incisos IV e V do art. 17, no inciso III do art. 17-A, nos incisos VI e VII do art. 18, nas atividades de defesa civil a que se refere o art. 16 desta Lei Complementar e no inciso XIV do art. 23 da Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 (Código Elei- toral), é considerada atividade militar para os fins do art. 124 da Constituição Federal. (Redação dada pela Lei Complementar nº 136, de 2010). Não obstante, mesmo que as atribuições das Forças Armadas sejam outras, elas também podem exercer funções subsidiárias, confor- 23 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S me constam nos arts. 16 a 18 da LC 97/1999. Como exemplo, tem-se que: Cabe às Forças Armadas, além de outras ações pertinentes, também como atribuições subsidiárias, preservadas as competências exclusivas das polí- cias judiciárias, atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteira terrestre, no mar e nas águas interiores, independentemente da posse, da propriedade, da finalidade ou de qualquer gravame que sobre ela recaia, contra delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou em co- ordenação com outros órgãos do Poder Executivo, executando, dentre ou- tras, as ações de [...] (LC 97/1999, art. 16-A). Dentre as atribuições subsidiárias da Marinha, tem-se, dentre outras: “I - orientar e controlar a Marinha Mercante e suas atividades correlatas, no que interessa à defesa nacional; II - prover a segurança da navegação aquaviária; [...]” (LC 97/1999, art. 17). Sobre as atribuições subsidiárias do Exército, verificam-se, como exemplo: “I – contribuir para a formulação e condução de polí- ticas nacionais que digam respeito ao Poder Militar Terrestre; [...]” (LC 97/1999, art. 17A). Com relação à Aeronáutica, dentre as suas atribuições sub- sidiárias, citem-se: “I - orientar, coordenar e controlar as atividades de Aviação Civil; II - prover a segurança da navegação aérea; [...]” (LC 97/1999, art. 18). Após compreender o papel das Forças Armadas, é preciso analisar a concepção da Política de Defesa, o que é feito a seguir. A CONCEPÇÃO DA POLÍTICA DE DEFESA A Política Nacional de Defesa se concebe sobre 03 (três) pila- res, quais sejam: Desenvolvimento, Diplomacia e Defesa. Sobre isso, veja-se: A paz e a estabilidade nas relações internacionais requerem ações integra- das e coordenadas nas esferas do Desenvolvimento, para a redução das de- ficiências estruturais de uma nação, viveiros para o surgimento de ameaças à soberania e ao bem-estar social; da Diplomacia, para a conjugação dos interesses conflitantes de países; e da Defesa, para a dissuasão ou o enfren- tamento de ações hostis. Esses três pilares – Desenvolvimento, Diplomacia e Defesa – devem ser explorados com maior ou menor profundidade conforme o caso concreto, a fim de garantir a Segurança e a Defesa nacionais. (Minis- tério da Defesa, 2016, 11) (grifos no original). Especificamente sobre a Defesa brasileira, o Brasil adota os 24 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S seguintes posicionamentos: I. privilegiar a solução pacífica das controvérsias; II. apoiar o multilateralismo no âmbito das relações internacionais; III. atuar sob a égide de organismos internacionais, visando à legitimidade e ao respaldo jurídico internacional, e conforme os compromissos assumidos em convenções, tratados e acordos internacionais; IV. repudiar qualquer intervenção na soberania dos Estados e defender que qualquer ação nesse sentido seja realizada de acordo com os ditames do ordenamento jurídico internacional; V. participar de organismos internacionais, projetando cada vez mais o País no concerto das nações; VI. participar de operações internacionais, visando contribuir para a estabili- dade mundial e o bem-estar dos povos; VII. apoiar as iniciativas para a eliminação total de armas químicas, biológicas, radiológicas e nucleares, nos termos do Tratado sobre a Não-Proliferação de Armas Nucleares, ressalvando o direito ao uso da tecnologia para fins pacíficos; VIII. sem prejuízo da dissuasão, privilegiar a cooperação no âmbito inter- nacional e a integração com os países sul-americanos, visando encontrar soluções integradas para questões de interesses comuns ou afins; IX. promover o intercâmbio com países de maior interesse estratégico no campo de defesa; X. defender o uso sustentável dos recursos ambientais, respeitando a sobe- rania dos Estados; XI. promover maior integração da região amazônica brasileira; XII. buscar a manutenção do Atlântico Sul como zona de paz e cooperação; XIII. defender a exploração da Antártica somente para fins de pesquisa cien- tífica, com a preservação do meio ambiente e sua manutenção como patri- mônio da humanidade; XIV. manter as Forças Armadas adequadamente preparadas e equipadas, a fim de serem capazes de cumprir suas missões constitucionais, e prover a adequada capacidade de dissuasão; XV. buscar a regularidade orçamentária para o Setor de Defesa, adequada ao pleno cumprimento de suas missões constitucionais e à continuidade dos projetos de de Defesa; XVI. priorizar os investimentos em Ciência, Tecnolo- gia e Inovação relativos a produtos de defesa de aplicação dual, visando à autonomia tecnológica do País; XVII. promover a participação da mobilização nacional (recursos humanos, capacidade industrial e infraestrutura instaladas) na Defesa Nacional; e XVIII. estimular o fundamental envolvimento de todos os segmentos da so- ciedade brasileiranos assuntos de defesa, para o desenvolvimento de uma cultura participativa e colaborativa de todos os cidadãos. (Ministério da Defesa, 2016, p. 11-12) Após verificar a necessidade da garantia da segurança interna e da defesa externa do Brasil, fica claro que não é possível isolar o país, necessitando da análise do pilar da Diplomacia. 25 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S Nesse mesmo sentido, o Desenvolvimento deve ocorrer de for- ma a minimizar os impactos de uma nação como o Brasil. Por conseguinte, a Defesa propõe e exibe meios de repelir condutas hostis. Tudo para que os objetivos Nacionais da Defesa sejam alcan- çados. Esses objetivos serão tratados no próximo subtópico. OS OBJETIVOS NACIONAIS DE DEFESA A Política Nacional de Defesa elenca 08 (oito) objetivos Nacio- nais de Defesa, sendo considerados “as condições a serem alcançadas e mantidas permanentemente pela nação brasileira no âmbito de defe- sa.” (Ministério da Defesa, 2016, p.12). Os Objetivos Nacionais de Defesa são: I. Garantir a soberania, o patrimônio nacional e a integridade territorial: consiste na autoridade do Estado Brasileiro “sobre o conjunto das instituições, bens nacionais, direitos e obrigações, valores e cos- tumes, bem como a estabilidade da ordem jurídica em todo o território nacional.” (Ministério da Defesa, 2016, p.12) II. Assegurar a capacidade de Defesa, para o cumprimento das missões constitucionais das Forças Armadas: a capacidade a que se refere este objetivo diz respeito ao aparelhamento com tecnologias modernas, equipamentos eficientes e em quantidade compatível com o tamanho da responsabilidade para as Forças Armadas, devendo ainda, possuir recursos humanos qualificados. Além disso, são necessários o contínuo aperfeiçoamento e a interoperabilidade entre as Forças Arma- das. (Ministério da Defesa, 2016, p.12) III. Salvaguardar as pessoas, os bens, os recursos e os inte- resses nacionais, situados no exterior: observadas as regras jurídicas internacionais, Significa proporcionar condições de segurança aos brasileiros no exterior, assegurando o respeito aos direitos individuais ou coletivos, privados ou públicos, a execução de acordos internacionais, de modo a zelar também pelo patrimônio, pelos ativos econômicos e recursos nacionais existentes fora do Brasil. (Ministério da Defesa, 2016, p.13). IV. Contribuir para a preservação da coesão e unidade nacio- nais: a forma de contribuição consiste na “preservação da identidade nacional, dos valores, tradições e costumes do povo brasileiro, assim como dos objetivos nacionais fundamentais e comuns a toda a nação, garantindo aos cidadãos o pleno exercício dos direitos e deveres cons- titucionais.” (Ministério da Defesa, 2016, p.13). 26 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S V. Contribuir para a estabilidade regional e para a paz e a segu- rança internacionais: significa a participação do Brasil em órgãos ou en- tes de resolução de controvérsias internacionais na “busca de confiança mútua, pela colaboração nos interesses comuns e pela cooperação em assuntos de segurança e defesa.” (Ministério da Defesa, 2016, p.13). VI. Contribuir para o incremento da projeção do Brasil no con- certo das nações e sua inserção em processos decisórios internacio- nais: consiste na “participação do Brasil em organismos e fóruns inter- nacionais, em operações internacionais, visando auferir maior influência nas decisões em questões globais.” (Ministério da Defesa, 2016, p.13). VII. Promover a autonomia produtiva e tecnológica na área de defesa: além de requerer a qualificação do capital humano e investi- mentos internos para o desenvolvimento de mercado (empregos e ren- da), busca o “desenvolvimento de tecnologias autóctones, sobretudo no que se refere a tecnologias críticas, bem como o intercâmbio com outras nações detentoras de conhecimentos de interesse do País.” (Mi- nistério da Defesa, 2016, p.13). VIII. Ampliar o envolvimento da sociedade brasileira nos assun- tos de Defesa Nacional: esse objetivo confirma a participação da socieda- de nos assuntos de defesa nacional, “incrementando-se a participação de todo cidadão nas discussões afetas ao tema e culminando com a geração de uma sólida cultura de defesa.” (Ministério da Defesa, 2016, p.13). O próximo ponto da disciplina, após compreender a Política Nacional de Defesa, é a Estratégia Nacional de Defesa, que consolida a aplicação da própria política aqui analisada. Essas questões serão tratadas no capítulo seguinte. 27 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Prova: GUALIMP - 2020 - Prefeitura de Areal - RJ - Guarda Municipal Em consonância com a Constituição Federal de 1988, a segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exer- cida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pes- soas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos, EXCETO. a) Polícias penais estaduais e municipais. b) Polícia ferroviária federal. c) Polícias civis. d) Corpo de bombeiros militares. QUESTÃO 2 Prova: Instituto Excelência - 2019 - Prefeitura de Taubaté - SP - Guarda Civil Municipal Conforme a Constituição Federal: Segurança Pública art. 144 A se- gurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da in- columidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: § 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas: Assinale a alternativa INCORRETA sobre o arti- go e parágrafo citado acima: a) compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o di- reito à mobilidade urbana eficiente. b) compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- pios, aos respectivos órgãos ou entidades executivas e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei. c) constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações. d) Nenhuma das alternativas. QUESTÃO 3 Prova: IDIB - 2018 - Prefeitura de Farroupilha - RS - Guarda Civil Municipal Acerca da segurança pública, assinale a alternativa INCORRETA: a) A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos res- ponsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades. b) Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à 28 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S apuração de infrações penais, exceto os militares. c) Aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. d) Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública. e) A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. QUESTÃO 4 Ano: 2018 Banca: IMA Órgão: Prefeitura de Raposa - MA Conforme disposições da Constituição Federal Brasileira, a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública incumbe ao seguinte órgão: a) Corpo de bombeiro militar b) Polícia militar c) Polícia civil d) Polícia ferroviária federal QUESTÃO 5 Ano: 2018 Banca: OBJETIVA Órgão: Câmara de Balsa Nova - PR De acordo com a Constituição Federal e com ALEXANDRINO e PAU- LO, a segurança pública é um dever do Estado, direito e respon- sabilidade de todos e é exercida por determinados órgãos, como a Polícia Federal. Sobre essa corporação, pode-se afirmar que: I. Ela exercerá, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. II. Quando exercer a função de prevenção e de repreensão do tráfico ilícito de drogas e entorpecentes,contrabando e o descaminho, po- de-se dizer que estará exercendo o poder de polícia administrativa. III. A ela caberá a polícia ostensiva e a preservação da ordem públi- ca, ou seja, exercerá o poder de polícia administrativa. Está(ão) CORRETO(S): a) Somente o item I. b) Somente o item III. c) Somente os itens I e II. d) Somente os itens II e III. QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE A Política Nacional de Defesa elenca 08 (oito) objetivos Nacionais de Defesa, sendo consideradas “as condições a serem alcançadas e man- tidas permanentemente pela nação brasileira no âmbito de defesa”. 29 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S Sendo assim, quais são os 8 objetivos? TREINO INÉDITO Comandante Supremo das Forças Armadas é o: a) Presidente da República b) Ministro da Justiça c) Ministro do STF d) Ministro do Exército NA MÍDIA SECRETÁRIOS DE SEGURANÇA PÚBLICA DO PAÍS DEBATEM PO- LÍTICAS COM GOVERNO FEDERAL Ministro da Justiça e Segurança Pública apresentou os temas tratados na audiência com os secretários de segurança pública dos estados e do Distrito Federal, da qual participou o presidente Bolsonaro. No encontro entre os secretários de segurança pública, o ministro de- clarou que o crime acontece de forma local, nacional e transnacional, sendo assim, é importante que exista um Sistema Único de Segurança Pública, que atue de forma integrada e coordenada, bem como desta- cou o papel fundamental do Governo Federal no combate ao crime. Data da Publicação: 10/06/2020 19h57 Fonte: Governo do Brasil Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/noticias/justica-e-seguranca/2020/06/secretarios- -de-seguranca-publica-do-pais-debatem-politicas-com-governo-federal NA PRÁTICA Com o advento do voto, seja de forma direta ou indireta, a sociedade começa a escolher seus representantes, e o Estado se torna democráti- co. Todavia, desde então, o Poder Estatal tem várias modificações com o passar do tempo, mas a finalidade do Estado continua a ser o bem comum da população. Desta forma, para que a sociedade esteja bem é necessário que o Estado se preocupe com a segurança dos indivíduos dentro do território nacional. Diante desse contexto, verifica-se que a segurança e a defesa dos Estados são um dever do Poder Público, porém, são uma garantia de vida dos in- tegrantes da sociedade. Para poder cumprir esse dever, o Estado constitui um mecanismo de força para estabelecer: 1) a soberania frente a outros Estados; 2) dentro do seu território uma segurança para os indivíduos. PARA SABER MAIS Aproveite para ler os artigos 30 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S Política de segurança pública no Brasil: avanços, limites e desafios. Disponível no site: https://doi.org/10.1590/S1414-49802011000100007 Estado, polícias e segurança pública no Brasil. Disponível no site: https://www.scielo.br/pdf/rdgv/v12n1/1808-2432-rd- gv-12-1-0049.pdf 31 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S Após estudar a Política Nacional de Defesa do Brasil, será abordada agora a Estratégia Nacional de Defesa que, de certa forma, operacionaliza a própria política já analisada. Inicialmente, vale rememorar que o Brasil sempre primou pela convivência pacífica com todos os demais países do planeta, transfor- mando-se numa de suas identidades nacionais. Isso se traduz no fiel cumprimento dos princípios constitucionais de solução pacífica de con- flitos, defesa da paz e de não intervenção. Caso essa postura seja questionada pela entrada do Brasil na 2ª Guerra Mundial, salienta-se que o país só procedeu dessa forma após o afundamento de seus navios mercantes. Caso contrário, mesmo diante do cenário mundial, teria sido mantida a posição neutra no con- flito; possivelmente, apenas com apoio de suprimentos para o Aliados. De forma breve, o capitão de corveta alemão Harro Schacht, A ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA - END DO BRASIL P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S 31 32 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S então comandante do submarino U-507, no dia 15 de agosto de 1942, começou uma perseguição a navios brasileiros que não possuíam “mar- cas de neutralidade visíveis”, segundo relatos históricos. Então, esse mesmo capitão de corveta foi o responsável pelo afundamento dos navios passageiro-cargueiros Baependy, Araraquara, Aníbal Benévolo, Itagiba, Jacira e o Arará. Tudo num curto espaço de dias que podem ser contados em horas ininterruptas de caçada do ofi- cial nazista. Centenas de pessoas morreram sem terem a menor chan- ce de se defenderem. Vendo a covardia desta ação, o Governo Brasileiro não pôde ficar inerte e, impávido, lançou-se ao conflito com o 3º Reich alemão (SUPER INTERESSANTE, 2018). Vê-se que o país precisou ser provocado para, então, entrar em conflito com outra nação. Isso, por si só, já corrobora a postura inter- nacional sempre defendida e adotada pelo Brasil. Contudo, ser um país neutro não dá o direito de que este não seja também um país preparado para ingressar numa guerra. Parafraseando José Maria da Silva Paranhos Júnior, também conhecido como Barão do Rio Branco, “nenhum Estado pode ser pa- cífico sem ser forte” (Ministério da Defesa, 2016, p. 16). Principalmen- te diante do cenário de instabilidade nas relações internacionais que o mundo vem enfrentando. Dentre outras questões que justificam a Política Nacional de Defesa, envolver a sociedade é essencial para que haja compreensão das ameaças e potencialidades que o país tem que administrar. Nesse sentido, a Estratégia Nacional de Defesa – END traz as determinações para que os diversos segmentos do país implementem as medidas necessárias ao alcance dos objetivos da Política Nacional de Defesa – PND. Como a primeira versão da Estratégia Nacional de Defesa – END foi criada em 2008, sua primeira revisão ocorreu em 2012. Em 2016, ela foi atualizada para adaptar-se às diversas cir- cunstâncias nacionais e internacionais que a atualidade propõe. Essa atualização ocorreu por meio da Lei Complementar 97/99. Logo, a Estratégia Nacional de Defesa – END traz as estraté- gias que orientarão a sociedade brasileira quando do objetivo de defesa da pátria. Não obstante, informa a estrutura em todas as instâncias dos três poderes, assim como, a forma de relacionamento com os setores não governamentais. A pedra angular da Estratégia Nacional de Defesa – END é a via diplomática, seja em tempo de paz ou de crise, pois deve-se sempre minimizar os conflitos, buscando sempre o entendimento para as diver- 33 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S gências e disputas existentes. Mas para isso, o Brasil deve observar todos os preceitos do direi- to internacional, além dos compromissos já firmados com outros países. Ações que se inserem pelo caminho diplomático incrementam a confiança recíproca e os laços de amizade. Por conseguinte, conclui-se que a força de defesa brasileira, sendo seu Poder Nacional, somente será aplicada se forem verificadas ameaças aos interesses nacionais sem que seja possível estabelecer negociações amigáveis, visando sempre a preservação da soberania, dos interesses nacionais e da integridade territorial. Conforme o Ministério da Defesa (2020), a Estratégia Nacional de Defesa está estruturada em quatro eixos principais, que abordam: Como as Forças Armadas devem se organizar e se orientar para melhor de- sempenharem sua destinação constitucional e suas atribuições na paz e na guerra; A reorganização da Base Industrial de Defesa, para assegurar o atendimento às necessidades de equipamento das Forças Armadas apoiado em tecnologias sob domínio nacional, preferencialmente as de emprego dual (militar e civil); A composição dos efetivos das Forças Armadas; O futuro do ServiçoMilitar Obrigatório, observando a necessidade das Forças Armadas serem formadas por cidadãos oriundos de todas as classes sociais. ESTRÉGIA NACIONAL DE DEFESA E ESTRATÉGIA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO O Brasil tem sua estratégia nacional de defesa e estratégia nacional de desenvolvimento caminhando lado a lado. Embora seja um Estado de Paz, busca manter as forças armadas em preparo e treina- mento, tendo consciência que um projeto forte de defesa possibilita um projeto forte de desenvolvimento. O Ministério da Defesa (2012, p. 43) descreve a situação da seguinte forma: 1 - Estratégia nacional de defesa é inseparável de estratégia nacional de de- senvolvimento. Esta motiva aquela. Aquela fornece escudo para esta. Cada uma reforça as razões da outra. Em ambas, se desperta para a nacionalida- de e constrói-se a Nação. Defendido, o Brasil terá como dizer não, quando tiver que dizer não. Terá capacidade para construir seu próprio modelo de desenvolvimento. 2. Não é evidente para um País que pouco trato teve com guerras, conven- cer-se da necessidade de defender-se para poder construir-se. Não bastam, ainda que sejam proveitosos e até mesmo indispensáveis, os argumentos que invocam as utilidades das tecnologias e dos conhecimentos da defesa 34 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S para o desenvolvimento do País. Os recursos demandados pela defesa exi- gem uma transformação de consciências, para que se constitua uma estraté- gia de defesa para o Brasil. Defendido, o Brasil terá como dizer não, quando tiver que dizer não. Terá capacidade para construir seu próprio modelo de desenvolvimento. 3. Apesar da dificuldade, é indispensável para as Forças Armadas de um País com as características do nosso, manter, em meio à paz, o impulso de se preparar para o combate e de cultivar, em prol desse preparo, o hábito da transformação. Disposição para mudar é o que a Nação está a exigir agora de si mesma, de sua liderança, de seus marinheiros, soldados e aviadores. Não se trata apenas de financiar e de equipar as Forças Armadas. Trata-se de transformá-las, para melhor defenderem o Brasil. 4. Projeto forte de defesa favorece projeto forte de desenvolvimento. Forte é o projeto de desenvolvimento que, sejam quais forem suas demais orienta- ções, se guie pelos seguintes princípios: (a) Independência nacional efetivada pela mobilização de recursos físicos, econômicos e humanos, para o investimento no potencial produtivo do País. Aproveitar os investimentos estrangeiros, sem deles depender; (b) Independência nacional alcançada pela capacitação tecnológica autôno- ma, inclusive nos estratégicos setores espacial, cibernético e nuclear. Não é independente quem não tem o domínio das tecnologias sensíveis, tanto para a defesa, como para o desenvolvimento; e (c) Independência nacional assegurada pela democratização de oportunida- des educativas e econômicas e pelas oportunidades para ampliar a participa- ção popular nos processos decisórios da vida política e econômica do País. DIRETRIZES DA ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA E EIXOS ES- TRUTURANTES A Estratégia Nacional de Defesa pauta-se em 25 diretrizes que norteiam todo o seu funcionamento, as quais são descritas a seguir, com base em Ministério da Defesa (2012, p. 47): 1. Dissuadir a concentração de forças hostis nas fronteiras terrestres e nos limites das águas jurisdicionais brasileiras, e impedir-lhes o uso do espaço aéreo nacional. [...] 2. Organizar as Forças Armadas sob a égide do trinômio monitoramento/ controle, mobilidade e presença. [...] 3. Desenvolver as capacidades de monitorar e controlar o espaço aéreo, o território e as águas jurisdicionais brasileiras. [...] 4. Desenvolver, lastreada na capacidade de monitorar/controlar, a capacida- de de responder prontamente a qualquer ameaça ou agressão: a mobilidade estratégica. [...] 5. Aprofundar o vínculo entre os aspectos tecnológicos e os operacionais da mobilidade, sob a disciplina de objetivos bem definidos. [...] 6. Fortalecer três setores de importância estratégica: o espacial, o cibernético 35 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S e o nuclear. Esse fortalecimento assegurará o atendimento ao conceito de flexibilidade. [...] 7. Unificar e desenvolver as operações conjuntas das três Forças, muito além dos limites impostos pelos protocolos de exercícios conjuntos. [...] 8. Reposicionar os efetivos das três Forças. [...] 9. Adensar a presença de unidades da Marinha, do Exército e da Força Aérea nas fronteiras.[...] 10. Priorizar a região amazônica. [...] 11. Desenvolver a capacidade logística, para fortalecer a mobilidade, sobre- tudo na região amazônica. [...] 12. Desenvolver o conceito de flexibilidade no combate, para atender aos requisitos de monitoramento/controle, mobilidade e presença. [...] 13. Desenvolver o repertório de práticas e de capacitações operacionais dos combatentes, para atender aos requisitos de monitoramento/controle, mobi- lidade e presença. [...] 14. Promover a reunião, nos militares brasileiros, dos atributos e predicados exigidos pelo conceito de flexibilidade. [...] 15. Rever, a partir de uma política de otimização do emprego de recursos humanos, a composição dos efetivos das três Forças, de modo a dimensio- ná-las para atender adequadamente ao disposto na Estratégia Nacional de Defesa. [...] 16. Estruturar o potencial estratégico em torno de capacidades. [...] 17. Preparar efetivos para o cumprimento de missões de garantia da lei e da ordem, nos termos da Constituição. [...] 18. Estimular a integração da América do Sul. [...] 19. Preparar as Forças Armadas para desempenharem responsabilidades cres- centes em operações internacionais de apoio à política exterior do Brasil. [...] 20. Ampliar a capacidade de atender aos compromissos internacionais de busca e salvamento. É tarefa prioritária para o País, o aprimoramento dos meios existentes e da capacitação do pessoal envolvido com as atividades de busca e salvamento no território nacional, nas águas jurisdicionais bra- sileiras e nas áreas pelas quais o Brasil é responsável, em decorrência de compromissos internacionais. [...] 21. Desenvolver o potencial de mobilização militar e nacional para assegurar a capacidade dissuasória e operacional das Forças Armadas. [...] 22. Capacitar a Base Industrial de Defesa para que conquiste autonomia em tecnologias indispensáveis à defesa. [...] 23. Manter o Serviço Militar Obrigatório. [...] 24. Participar da concepção e do desenvolvimento da infraestrutura estraté- gica do País, para incluir requisitos necessários à Defesa Nacional. 25. Inserir, nos cursos de altos estudos estratégicos de oficiais das três for- ças, os princípios e diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa, inclusive aqueles que dizem respeito ao Estado-Maior Conjunto. [...] O Ministério da Defesa (2012) ainda define que o Brasil irá pro- gressivamente deixar de ser dependente de serviços e produtos impor- tados, o que será alcançado por meio de parcerias com outros países, 36 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S para desenvolver produtos de defesa nacionais, bem como capacitação tecnológica. Quanto aos eixos estruturantes, a Estratégia Nacional de De- fesa se organiza em tornos de três eixos, descritos abaixo, conforme o Ministério da Defesa (2012): - O Eixo número um define como as Forças Armadas devem se organizar e se orientar para desempenharem com eficácia a destinação constitucional e suas atribuições na Guerra e na paz. Esse primeiro eixo foi, inclusive, em parte apresentado acima, onde se enumeraram as 25 diretrizes estratégicas. Esse eixo ainda apresenta a forma de converter essas diretrizes em práticas e capacitações operacionais. - O Eixo número dois descreve a reorganização da Base In- dustrial de Defesa buscando resguardar que o atendimento às necessi- dades de produtos pelas ForçasArmadas tenha apoio nas tecnologias nacionais, de preferência as de emprego civil e militar. - O Eixo número três trata da composição dos efetivos das For- ças Armadas e, por conseguinte, do futuro do Serviço Militar Obrigató- rio. Tendo como propósito zelar para que a própria nação seja reprodu- zida nas forças armadas. Nesse Eixo, define-se que o Serviço Militar Obrigatório deve ter seu funcionamento como um espaço republicano, onde a Nação possa encontrar-se acima das classes sociais. OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DAS FORÇAS ARMADAS Quanto aos objetivos estratégicos das forças armadas, o Mi- nistério da Defesa (2012) os descreve conforme cada uma das forças que o compõem, da forma que apresentamos abaixo: 1) Marinha do Brasil Tem como prioridade garantir as formas de negar o uso do mar a quaisquer concentrações de formas inimigas que se aproximem por via marítima do Brasil. Esse é o objetivo primeiro, antes de qualquer ou- tro, da estratégia de defesa Marinha do Brasil. Sendo que, esse primeiro objetivo, o controle de áreas marítimas e a projeção de poder devem ter por foco, de acordo com as situações: (a) defesa proativa das plataformas petrolíferas; (b) defesa proativa das instalações navais e portuárias, dos arquipélagos e das ilhas oceânicas nas águas jurisdicionais brasileiras; (c) prontidão para responder a qualquer ameaça, por Estado ou por forças 37 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S não convencionais ou criminosas, às vias marítimas de comércio; e (d) capacidade de participar de operações internacionais de paz, fora do terri- tório e das águas jurisdicionais brasileiras, sob a égide das Nações Unidas ou de organismos multilaterais da região (MINISTÉRIO DA DEFESA, 2012, p. 69). A Marinha se reconstruirá, por etapas, como uma Força balan- ceada entre o componente submarino, o componente de superfície e o componente aeroespacial. Os outros objetivos, que vão do 2 até o 10, são descritos abai- xo, conforme o Ministério da Defesa (2012, p. 73): 2. A doutrina do desenvolvimento desigual e conjunto tem implicações para a reconfiguração das forças navais. A implicação mais importante é que a Mari- nha se reconstruirá, por etapas, como uma Força balanceada entre o compo- nente submarino, o componente de superfície e o componente aeroespacial. 3. Para assegurar a tarefa de negação do uso do mar, o Brasil contará com força naval submarina de envergadura, composta de submarinos convencio- nais e de submarinos de propulsão nuclear. O Brasil manterá e desenvolve- rá sua capacidade de projetar e de fabricar tanto submarinos de propulsão convencional, como de propulsão nuclear. Acelerará os investimentos e as parcerias necessários para executar o projeto do submarino de propulsão nuclear. Armará os submarinos com mísseis e desenvolverá capacitações para projetá-los e fabricá-los. Cuidará de ganhar autonomia nas tecnologias cibernéticas que guiem os submarinos e seus sistemas de armas, e que lhes possibilitem atuar em rede com as outras forças navais, terrestres e aéreas. 4. Para assegurar sua capacidade de projeção de poder, a Marinha possui- rá, ainda, meios de Fuzileiros Navais, em permanente condição de pronto emprego. A existência de tais meios é também essencial para a defesa das instalações navais e portuárias, dos arquipélagos e das ilhas oceânicas nas águas jurisdicionais brasileiras, para atuar em operações internacionais de paz e em operações humanitárias, em qualquer lugar do mundo. Nas vias fluviais, serão fundamentais para assegurar o controle das margens durante as operações ribeirinhas. O Corpo de Fuzileiros Navais consolidar-se-á como a força de caráter expedicionário por excelência. 5. A força naval de superfície contará tanto com navios de grande porte, ca- pazes de operar e de permanecer por longo tempo em alto mar, como com navios de porte menor, dedicados a patrulhar o litoral e os principais rios navegáveis brasileiros. Requisito para a manutenção de tal esquadra será a capacidade da Força Aérea de trabalhar em conjunto com a Aviação Naval, para garantir o controle do ar no grau desejado, em caso de conflito armado/ guerra. Entre os navios de alto mar, a Marinha dedicará especial atenção ao projeto e à fabricação de navios de propósitos múltiplos e navios-aeró- dromos. A Marinha contará, também, com embarcações de combate, de transporte e de patrulha, oceânicas, litorâneas e fluviais. Serão concebidas e fabricadas de acordo com a mesma preocupação de versatilidade funcional que orientará a construção das belonaves de alto mar. A Marinha adensará sua presença nas vias navegáveis das duas grandes bacias fluviais, a do 38 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S Amazonas e Para assegurar a tarefa de negação do uso do mar, o Brasil con- tará com força naval submarina de envergadura, composta de submarinos convencionais e de submarinos de propulsão nuclear. Armará os submarinos com mísseis e desenvolverá capacitações para projetá-los e fabricá-los. a do Paraguai-Paraná, empregando tanto navios-patrulha como navios-trans- porte, ambos guarnecidos por helicópteros adaptados ao regime das águas. A presença da Marinha nas bacias fluviais será facilitada pela dedicação do País à inauguração de um paradigma multimodal de transporte. Esse paradigma con- templará a construção das hidrovias do Paraná-Tietê, do Madeira, do Tocan- tins-Araguaia e do Tapajós-Teles Pires. As barragens serão, quando possível, providas de eclusas, de modo a assegurar franca navegabilidade às hidrovias. 6. O monitoramento da superfície do mar, a partir do espaço, deverá integrar o repertório de práticas e capacitações operacionais da Marinha. A partir dele, as forças navais, submarinas e de superfície terão fortalecidas suas capacidades de atuar em rede com as forças terrestre e aérea. 7. A constituição de uma força e de uma estratégia navais que integrem os componentes submarino, de superfície e aéreo, permitirá realçar a flexibili- dade com que se resguarda o objetivo prioritário da estratégia de segurança marítima: a dissuasão, priorizando a negação do uso do mar ao inimigo que se aproxime do Brasil, por meio do mar. Em amplo espectro de circunstân- cias de combate, sobretudo quando a força inimiga for muito mais poderosa, a força de superfície será concebida e operada como reserva tática ou estra- tégica. Preferencialmente, e sempre que a situação tática permitir, a força de superfície será engajada no conflito depois do emprego inicial da força sub- marina, que atuará de maneira coordenada com os veículos espaciais (para efeito de monitoramento) e com meios aéreos (para efeito de fogo focado). Esse desdobramento do combate em etapas sucessivas, sob a responsabi- lidade de contingentes distintos, permitirá, na guerra naval, a agilização da alternância entre a concentração e a desconcentração de forças e o aprofun- damento da flexibilidade a serviço da surpresa. 8. Um dos elos entre a etapa preliminar do embate, sob a responsabilidade da força submarina e de suas contrapartes espacial e aérea, e a etapa sub- sequente, conduzida com o pleno engajamento da força naval de superfície, será a Aviação Naval, embarcada em navios. A Marinha trabalhará com a Base Industrial de Defesa para desenvolver um avião versátil, que maximize o potencial aéreo defensivo e ofensivo da Força Naval. 9. A Marinha iniciará os estudos e preparativos para estabelecer, em lugar próprio, o mais próximo possível da foz do rio Amazonas, uma base naval de uso múltiplo, comparável, na abrangência e na densidade de seus meios, à Base Naval do Rio de Janeiro. 10. A Marinha acelerará o trabalho de instalação de suas bases de submari- nos, convencionais e de propulsão nuclear. 2) Exército Brasileiro Conforme o Ministério da Defesa (2020) “Contribuir para a ga- 39 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S rantia dasoberania nacional, dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, salvaguardando os interesses nacionais, cooperando com o desenvolvimento nacional e o bem-estar social. Para isto, preparar a Força Terrestre, mantendo-a em permanente estado de prontidão” é a missão do exército Brasileiro. Quanto aos seus objetivos estratégicos, conforme Ministério da Defesa (2020, p. 75), são 11, os quais podem-se citar: 1. O Exército Brasileiro cumprirá sua destinação constitucional e desempe- nhará suas atribuições, na paz e na guerra, sob a orientação dos conceitos estratégicos de flexibilidade e de elasticidade. [...] 2. O Exército, embora seja empregado de forma progressiva nas crises e na guerra, deve ser constituído por meios modernos e por efetivos muito bem adestrados. A Força deverá manter- -se em permanente processo de transformação, buscando, desde logo, evoluir da era industrial para a era do conhecimento. [...] 3. A transformação de todo o Exército em vanguarda, com base no módulo brigada, terá prioridade sobre a estratégia de presença. Nessa transforma- ção, será prioritário o aparelhamento baseado no completamento e na mo- dernização dos sistemas operacionais das brigadas, para dotá-las de capaci- dade de rapidamente fazerem-se presentes. [...] 4. O Exército continuará a manter reservas regionais e estratégicas, articu- ladas em dispositivo de expectativa. A articulação para as reservas estraté- gicas deverá permitir a rápida concentração de tropas. A localização das re- servas estratégicas deverá ser objeto de contínua avaliação, à luz das novas realidades do País. 5. O Exército deverá ter capacidade de projeção de poder, constituindo uma Força, quer expedicionária, quer para operações de paz, ou de ajuda huma- nitária, para atender compromissos assumidos sob a égide de organismos internacionais ou para salvaguardar interesses brasileiros no exterior. 6. . O monitoramento/controle, como componente do imperativo de flexibi- lidade, exigirá que, entre os recursos espaciais, haja um vetor sob integral domínio nacional, ainda que parceiros estrangeiros participem do seu projeto e da sua implementação. [...] 7. A mobilidade, como componente do imperativo de flexibilidade, requererá o desenvolvimento de veículos terrestres e de meios aéreos de combate e de transporte. Demandará, também, a reorganização das relações com a Marinha e com a Força Aérea, de maneira a assegurar, tanto na cúpula dos Estados-Maiores, como na base dos contingentes operacionais, a capacida- de de atuar como uma única força. 8. Monitoramento/controle e mobilidade têm seu complemento em medidas destinadas a assegurar, ainda no módulo brigada, a obtenção do efetivo po- der de combate. [...] 9. A defesa da região amazônica será encarada, na atual fase da História, como o foco de concentração das diretrizes resumidas sob o rótulo dos im- perativos de monitoramento/controle e de mobilidade. Não exige qualquer exceção a tais diretrizes e reforça as razões para segui-las. [...] 40 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S 10. Atender ao imperativo da elasticidade será preocupação especial do Exército, pois é, sobretudo, a Força Terrestre que terá de multiplicar-se, em caso de conflito armado/guerra. [...] 11. Os imperativos de flexibilidade e de elasticidade culminam no preparo para uma guerra assimétrica, sobretudo na região amazônica, a ser susten- tada contra inimigo de poder militar muito superior, por ação de um país ou de uma coligação de países que insista em contestar, a qualquer pretexto, a incondicional soberania brasileira sobre a sua Amazônia. [...] 3) Força Aérea Brasileira Quanto à Força aérea Brasileira, 4 objetivos estratégicos orien- tam sua missão e definem a sua função na Estratégia Nacional de Defe- sa. Eles estão ordenados de forma que cada um condiciona a definição e execução dos subsequentes. Conforme o Ministério da Defesa (2012, p. 87) estão descritos abaixo: 1) A prioridade da vigilância aérea. Exercer a vigilância do espaço aéreo, sobre o território nacional e as águas jurisdicionais brasileiras, com a assistência dos meios espaciais, aéreos, terrestres e marítimos, é a primeira das responsabili- dades da Força Aérea e a condição essencial para impedir o sobrevoo de enge- nhos aéreos contrários ao interesse nacional. A estratégia da Força Aérea será a de cercar o Brasil com sucessivas e complementares camadas de visualização, condicionantes da prontidão para responder. Implicação prática dessa tarefa é que a Força Aérea precisará contar com plataformas e sistemas próprios para monitorar, e não apenas para combater e transportar, particularmente na região amazônica. Exercer a vigilância do espaço aéreo, sobre o território nacional e as águas jurisdicionais brasileiras, com a assistência dos meios espaciais, aéreos, terrestres e marítimos, é a primeira das responsabilidades da Força Aérea e a condição essencial para impedir o sobrevoo de engenhos aéreos contrários ao interesse nacional. Caça F5 – M sobrevoando a Amazônia O Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA), integrador des- sas camadas, disporá de um complexo de monitoramento, incluindo o uso de veículos lançadores, satélites, aviões de inteligência e respectivos aparatos de visualização e de comunicações, que estejam sob integral domínio nacio- nal. O Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA) será forta- lecido como órgão central da defesa aeroespacial e do controle de engenhos espaciais, incumbido de liderar e de integrar todos os meios de monitoramen- to aeroespacial do País. A Base Industrial de Defesa será orientada a dar a mais alta prioridade ao desenvolvimento das tecnologias necessárias, in- clusive àquelas que viabilizem independência do sistema Global Positioning System (GPS) ou de qualquer outro sistema de posicionamento estrangeiro. O potencial para contribuir com tal independência tecnológica pesará na es- colha das parcerias com outros países, em matéria de tecnologias de defesa. 2) O poder para assegurar o controle do ar no grau desejado. Em qualquer hipótese de emprego, a Força Aérea terá a responsabilidade de assegurar 41 P O LÍ TI C A N A C IO N A L D E D E F E SA - G R U P O P R O M IN A S o controle do ar no grau desejado. Do cumprimento dessa responsabilidade, dependerá, em grande parte, a viabilidade das operações navais e das opera- ções das forças terrestres no interior do País. O potencial de garantir superio- ridade aérea local será o primeiro passo para afirmar o controle do ar no grau desejado sobre o território e as águas jurisdicionais brasileiras. Impõe, como consequência, evitar qualquer hiato de desproteção aérea decorrente dos pro- cessos de substituição da frota de aviões de combate, dos sistemas de armas e armamentos inteligentes embarcados, inclusive dos sistemas inerciais que permitam dirigir o fogo ao alvo com exatidão e “além do alcance visual”. 3) A capacidade para levar o combate a pontos específicos do território na- cional, em conjunto com a Marinha e o Exército, constituindo uma única força combatente, sob a disciplina do teatro de operações. A primeira implicação é a necessidade de dispor de aviões de transporte em número suficiente para deslocar, em poucas horas, os meios para garantir o controle do ar e uma brigada da reserva estratégica, para qualquer ponto do território nacional. Unidades de transporte aéreo ficarão baseadas próximas às reservas estra- tégicas da Força Terrestre. A segunda implicação é a necessidade de contar com sistemas de armas de grande precisão, capazes de permitir a adequada discriminação de alvos em situações nas quais forças nacionais poderão es- tar entremeadas ao inimigo. A terceira implicação é a necessidade de dispor de suficientes e adequados meios de transporte para apoiar a aplicação da estratégia da presença do Exército na região amazônica e no Centro-Oeste, sobretudo as atividades operacionais
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