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livro - linguagem juridica

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Prévia do material em texto

Linguagem 
Jurídica
Curso
Profissionalizante
Autor
Ivone Fernandes Morcilo Lixa
Indaial – 2022
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2022
Elaboração:
Ivone Fernandes Morcilo Lixa
Revisão, Diagramação e Produção:
Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - LINGUAGEM, LINGUAGEM JURÍDICA E VOCABULÁRIO JURÍDICO ....1
TÓPICO 1 - LÍNGUA E LINGUAGEM ......................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 3
2 LÍNGUA E LINGUAGEM – CONCEITOS INICIAIS ................................................ 4
3 FUNÇÕES DA LINGUAGEM ...................................................................................12
4 NÍVEIS DE LINGUAGEM ......................................................................................... 17
5 LINGUAGEM ORAL E ESCRITA .............................................................................19
RESUMO DO TÓPICO 1 .............................................................................................24
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................25
TÓPICO 2 - LINGUAGEM JURÍDICA ...................................................................... 27
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 27
2 LINGUAGEM JURÍDICA – CONCEITOS INICIAIS .............................................28
3 JARGÃO JURÍDICO E PODER SIMBÓLICO ........................................................31
4 AS CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM JURÍDICA .....................................36
4.1 TÉCNICO-CIENTÍFICA ........................................................................................36
4.2 LÓGICA E ESTILO ...............................................................................................39
4.3 CONCISÃO ...........................................................................................................40
4.4 ESTÉTICA ..............................................................................................................41
RESUMO DO TÓPICO 2 ............................................................................................43
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................44
TÓPICO 3 - VOCABULÁRIO JURÍDICO .................................................................45
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................45
2 POLISSEMIA ............................................................................................................45
3 HOMONÍMIA ............................................................................................................ 47
4 SINONÍMIA E PARONÍMIA .....................................................................................48
5 AMBIGUIDADE E VAGUEZA .................................................................................49
RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................56
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................ 57
REFERÊNCIAS ...........................................................................................................58
UNIDADE 2 - PRODUZIR E INTERPRETAR TEXTOS: CONSIDERAÇÕES.......59
TÓPICO 1 - DECODIFICANDO E INTERPRETANDO TEXTOS .............................61
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................61
2 A PRÁTICA DE LEITURA .......................................................................................62
2.1 A MOTIVAÇÃO PARA LER .................................................................................63
2.2 OS TIPOS DE LEITORES ...................................................................................64
3 NOÇÕES METODOLÓGICAS DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO ................... 67
3.1. É POSSÍVEL APRENDER A LER? ....................................................................69
3.2 VOCABULÁRIO TÉCNICO: COMO INTERPRETAR? ..................................... 70
3.3 A LEITURA DO PARÁGRAFO ............................................................................ 72
4 ESTRATÉGIAS DE LEITURA ................................................................................. 72
4.1 SKIMMING E SCANNING ................................................................................... 73
RESUMO DO TÓPICO 1 ............................................................................................. 75
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................ 76
TÓPICO 2 - A PRODUÇÃO DE TEXTOS POR ESCRITO .......................................77
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................77
2 LEITURA, ANÁLISE E PRODUÇÃO TEXTUAL: CONSIDERAÇÕES ...............77
2.1 PARA ESCREVER É PRECISO ANTES APRENDER A LER .......................... 79
2.2 OS OBJETIVOS DA ESCRITA ............................................................................ 81
3 COESÃO E COERÊNCIA ....................................................................................... 81
3.1 CONCEITO DE COESÃO .....................................................................................82
3.2 A COESÃO NA PRÁTICA ....................................................................................84
3.3. CONCEITO DE COERÊNCIA .............................................................................86
3.4 A COERÊNCIA NA PRÁTICA ............................................................................88
3.4.1 Coerência semântica......................................................................................88
3.4.2 Coerência sintática ........................................................................................89
3.4.3 Coerência estilística ......................................................................................89
3.4.4 Coerência pragmática ...................................................................................89
RESUMO DO TÓPICO 2 .............................................................................................91
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................92
TÓPICO 3 - A PRODUÇÃO DE TEXTOS ORAIS ....................................................93
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................93
2 A ARGUMENTAÇÃO COMO RECURSO PERSUASIVO ....................................93
2.1 A PERSUASÃO E A ARTE DO CONVENCIMENTO .........................................95
2.2 OS TIPOS DE ARGUMENTOS ...........................................................................96
2.3 COMO SE DEVE FAZER UM DISCURSO ....................................................... 97
3 A EXPRESSÃO ORAL COMO MEIO DE COMUNICAÇÃO EFICAZ ..................98
3.1 OS RUÍDOS NA COMUNICAÇÃO ORAL ..........................................................99
3.2 DICAS PARA UMA COMUNICAÇÃO ORAL EFICAZ ....................................100
3.3 PRATICANDO O IMPROVISO ...........................................................................101
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................... 102
AUTOATIVIDADE ...................................................................................................... 103
REFERÊNCIAS .........................................................................................................104
UNIDADE 3 - DIREITO MODERNO E INTERPRETAÇÃO JURÍDICA ............... 107
TÓPICO 1 - O DIREITO MODERNO E A QUESTÃO INTERPRETATIVA ............ 109
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 109
2 A RACIONALIDADE CIENTÍFICA MODERNA ................................................... 109
3 O POSITIVISMO JURÍDICO COMO EXPRESSÃO DO DIREITO MODERNO .115
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................... 123
AUTOATIVIDADE ...................................................................................................... 124
TÓPICO 2 - DIREITO, ARGUMENTAÇÃO E LÓGICA JURÍDICA........................127
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................127
2 ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA ..............................................................................127
3 O DIREITO COMO SISTEMA LÓGICO ................................................................ 135
RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................... 146
AUTOATIVIDADE .......................................................................................................147
TÓPICO 3 - A REDEFINIÇÃO INTERPRETATIVA E
 ARGUMENTATIVA DO DIREITO CONTEMPORÂNEO ................... 149
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 149
2 A CRISE DO POSITIVISMO JURÍDICO .............................................................. 150
3 EMERGÊNCIA DO NOVO CONSTITUCIONALISMO COMO
 PARADIGMA DE DIREITO E DE INTERPRETAÇÃO ........................................ 153
4 A ARGUMENTAÇÃO E A NORMATIVIDADE DOS PRINCÍPIOS .................... 158
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................... 162
AUTOATIVIDADE ...................................................................................................... 163
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 165
UNIDADE 1
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender a diferença entre língua, linguagem e fala com a finalidade de 
identificar língua como o conjunto de palavras organizadas por meio de re-
gras gramaticais específicas; 
• identificar o processo de comunicação como um interativo entre sujeitos;
• diferenciar a linguagem oral da escrita como modalidades distintas;
• particularizar a linguagem jurídica como uma metalinguagem e manifesta-
ção específica da língua portuguesa;
• caracterizar a linguagem jurídica em sua particularidade técnica e científica;
• compreender o vocábulo jurídico como um conjunto de termos que devem 
ser utilizados de maneira adequada.
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará 
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – LÍNGUA E LINGUAGEM
TÓPICO 2 – LINGUAGEM JURÍDICA
TÓPICO 3 – VOCABULÁRIO JURÍDICO
LINGUAGEM, 
LINGUAGEM JURÍDICA E 
VOCABULÁRIO JURÍDICO
3
1 INTRODUÇÃO 
A linguagem é parte integrante de nosso cotidiano e é o instrumento que 
nos permite dialogar com os demais para transmitirmos ideias, desejos, necessida-
des, sentimentos etc. Por meio da linguagem, nomeamos coisas e fatos e também 
organizarmos nosso pensamento sobre o mundo a nossa volta.
Desde o nascimento nos comunicamos, primeiro, por meio de formas de lin-
guagem simples e espontânea, como choro, sons, olhares e gestos, que são com-
preendidos por nossos familiares. Aos poucos, adquirimos a cultura do meio em 
que vivemos, vamos mudando e sofisticando nossa linguagem, utilizando diversos 
meios de comunicação. 
Em síntese, a linguagem é o instrumento de comunicação pelo qual é pos-
sível a atividade ou a ação entre os membros de um grupo social, sendo construída 
por um conjunto de sinais e respectivas regras que estabelecem combinação entre 
eles, podendo ser classificada em verbal, não verbal e mista. 
Variando os níveis de linguagem – desde a coloquial, que é a linguagem co-
mum, cotidiana e informal, até a mais sofisticada e culta – podemos utilizar as mo-
dalidades oral e escrita como “recursos” expressivos de acordo com a oportunidade 
e necessidade persuasiva. 
Neste primeiro momento, vamos refletir sobre o conceito de linguagem, seus 
elementos, formas e funções. 
Pronto para iniciar os estudos? Vamos adiante!!!
TÓPICO 1
LÍNGUA E 
LINGUAGEM
4
2 LÍNGUA E LINGUAGEM – CONCEITOS INICIAIS
Embora no cotidiano as palavras “linguagem, língua e fala” sejam utilizadas 
sem rígida distinção, são expressões que não podem ser confundidas. Apesar de 
serem conceitos relacionados entre si, são aspectos diferentes da comunicação 
humana estudados pela linguística. 
FIGURA 1 – O QUE É LINGUÍSTICA?
FONTE: <https://bit.ly/3vEculW>. Acesso em: 25 abr. 2022.
Então, a linguagem é estudada por especialistas, os linguistas, que, desde 
teorias e estudos específicos, se dedicam a compreender as transformações das 
línguas e seus desdobramentos em distintos idiomas. Ainda, também têm a preo-
cupação de analisar a estrutura das palavras, expressões e a particularidade fonéti-
ca de cada idioma. A linguística não estuda regras ou normas de escrita porque não 
se confunde com a gramática tradicional, mas tem como preocupação a linguagem 
em si mesma com a finalidade de possibilitar domínio da comunicação, o que é es-
sencial na área jurídica, como veremos adiante. 
“Linguagem”, em termos gerais, é definida como instrumento de comunica-
ção, e a língua é um “código” pelo qual se estabelece a comunicação entre um emis-
sor (aquele que codifica) e um receptor (aquele que decodifica). Observe a Figura 2, 
veja que a comunicação ou processo comunicativo envolve diferentes elementos: 
• Emissor: também chamado de locutor ou remetente. É aquele que emite a men-
sagem para um ou mais receptores, o que comunica, que solicita ou que expres-
sa algo.
https://bit.ly/3vEculW
5
• Receptor: conhecido por interlocutor, destinatário ou ouvinte. É aquele que re-
cebe a mensagem emitida pelo emissor.
• Mensagem: é o conteúdo ou conjunto de informações transmitidas pelo emis-
sor. Pode ser um texto verbal (uso de palavra oral ou escrita) ou não (corporal, 
gestos ou sinais).
• Código: é o conjunto de signos utilizados na mensagem que são comuns tanto 
para o emissor como para o receptor.
• Canal de comunicação: meio utilizado para a transmissão da mensagem, tais 
como: televisão, revista, meios virtuais etc.
• Contexto: podendo ser chamado também de referente. É a situação comunica-
tiva que emissor e receptor estão inseridos.
• Ruídos na comunicação: ocorre quando a mensagem não é decodificada de 
forma correta pelo interlocutor, causados por diversos fatores, tais como: código 
utilizado pelo locutor desconhecido pelo interlocutor; barulho no local; tom de 
voz do locutor etc.
FIGURA 2 – ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
FONTE: <https://bit.ly/3vbYznW>. Acesso em: 25 abr. 2022.
No processo comunicativo, há um componente relevante a ser acrescen-
tado: a cultura. Não basta apenas que o emissor e receptor partilharem o mesmo 
código – linguagem – para haver uma comunicação eficiente. Também é necessário 
6
que pertençam a meios comunicativos ou tradições culturais semelhantes ou co-
muns, uma vez que os códigos linguísticos não são homogêneos para indivíduos 
que falam a mesma língua e nem sempre compartilham a mesma competência – 
domínio e sofisticação – linguística. 
Portanto, a linguagem é uma interação entre sujeitos históricos e culturais 
que a utilizam para agirem e transformarem seu meio social. Esta concepção é 
aceita pelo moderno conceito de linguagem e é importante na análise do discurso e 
na argumentação. Neste sentido, nos explica Mikhail Bakhtin (2006.p. 72): 
[...] para observar o fenômeno da linguagem, é preciso situar os sujeitos 
– emissor e receptor ao som -, bem como o próprio som, no meio social. 
Com efeito, é indispensável que o locutor e o ouvinte pertençam à mes-
ma comunidade linguística, a uma sociedade organizada. E mais, é indis-
pensável que estes dois indivíduos estejam integrados na unicidade da 
situação social imediata, quer dizer, que tenham relação de pessoa para 
pessoa sobre terreno bem definido.
Apesar da dificuldade em reduzir o termo linguagem a um único conceito, 
é possível afirmar que é um sistema de sinais complexo utilizado pelo ser humano 
para exprimir e transmitir ideias e pensamentos. 
Podemos sintetizar afirmando que, atualmente, considera-se a linguagem 
como ação, atividade, que permite a um determinado grupo social a prática de di-
versos atos que exige do semelhante reações, comportamentos e vínculos. 
Há que se lembrar que a comunicação não é exclusiva de seres humanos, 
existindo também entre os animais não humanos. No entanto, embora tendo a ca-
pacidade comunicativa por meio de linguagem própria, os animais não humanos 
não desenvolvem a língua. Apesar de ser complexa em algumas espécies, a co-
municação naturais dos animais não humanos é muito diferente por utilizar uma 
linguagem natural como cheiro, toque, movimento, sinais visuais e faciais. 
Para os animais em geral, humanos e não humanos, a linguagem é um con-
junto de sinais adquiridos genericamente ou ensinado pela vida em grupo, servindo 
para procriação, afastar inimigos, como forma de submissão etc. Embora demons-
trando possuir raciocínio analítico e capacidade de emitir sons e pronunciar pala-
vras, animais não humanos não elaboram cultura e, ao que parece, a linguagem é 
limitada e sem capacidade de combinar e aprimorar informações. 
Em síntese, a linguagem sempre estará presente no processo comunicati-
vo tornando possível a relação entre os comunicadores. Tradicionalmente, é definida 
7
como um sistema de sinais utilizados pelos seres humanos desde os tempos mais 
remotos para exprimir e transmitir ideias e pensamentos. Muitas foram as formas de 
linguagem utilizadas pelo ser humano ao longo da história, desde sistemas de sinais, 
como gestos e gritos, até a fala e meios técnicos sofisticados como nos dias de hoje. 
Veja a Figura 3, que nos mostra a evolução da linguagem e da comunicação 
ao longo do tempo. 
FIGURA 3 – A EVOLUÇÃO DA LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO
FONTE: <https://bit.ly/37IzU1s>. Acesso em: 25 abr. 2022.
A EVOLUÇÃO DA COMUNICAÇÃO
O homem começou a sentir a necessidade de comunicar-se desde 
que começou a viver em sociedade, fosse para alertar sobre alguma coisa ou 
expressar sua cultura ou sentimento. Ao longo dos tempos, a comunicação 
evoluiu paralelamente com o homem até hoje. 
IMPORTANTE
https://bit.ly/37IzU1s
8
A evolução da comunicação pode-se dividir em duas partes: Pré-His-
tória e História. 
Pré-História, é toda a forma de civilização anterior à invenção da escrita. 
O surgimento da escrita marca o início da História. 
Paleolítico e Mesolítico de 500.000 a.C. a 18.000 a.C. Foi quando 
o homem começa a dominar a natureza, fabricar utensílios, usar trajes para se 
proteger do frio, usar o fogo e, dentre outras coisas, desenvolver a linguagem 
para se comunicar. Nesse processo, inicia-se o que hoje conhecemos como 
pinturas rupestres, ou seja, desenhos feitos em cavernas ou pedras para con-
seguir expressar-se.
FONTE: <https://bit.ly/3vIOpdr>. Acesso em: 25 abr. 2022.
Neolítico de 18.000 a.C. a 5.000 a.C. O homem passou a viver em 
grupos maiores, as habitações passaram de cavernas a casas construídas por 
ele próprio, os trajes eram feitos por tear, e a comunicação passou a ser ex-
pressa por meio da técnica de gravar o cotidiano em ossos, pedras e madeiras, 
assim como apareceu a modelagem em argila. 
Idade dos metais de 5.000 a.C. a 4.000 a.C. É assim denominada 
porque o homem começou a utilizar cobre, ferro e bronze no seu dia a dia; as 
civilizações viram centros urbanos e o homem descobre a importância de se 
desenvolver perto de rios. Os seus meios de locomoção também se desenvol-
vem, porém, o meio de comunicação continua o mesmo. 
https://bit.ly/3vIOpdr
9
A transição da Pré-história para a História se dá no final da Idade dos 
Metais, que foi por volta de 4.000 a.C. Os historiadores aceitam como certo 
o aparecimento da escrita na Mesopotâmia e no Egito. 
Agora chegamos à História que é assim denominada, pois, nessa Era, 
temos arquivos que registram e datam os acontecimentos. Através dessa 
época é que temos uma real noção de como o homem vivia e se comunicava, 
o que pensava e o que sentia em relação ao mundo ao seu redor. 
Se o surgimento da escrita marca o início da história, a invenção da téc-
nica de imprimir ilustrações, símbolos e a própria escrita, promove a possibili-
dade de tornar a informação acessível à um número cada vez mais crescente 
de pessoas, alterando assim o modo de viver e de pensar de uma sociedade.
FONTE: <https://bit.ly/3kbAreN>. Acesso em: 25 abr. 2022.
Define-se a linguagem como atividade ou ação que possibilita a interação 
entre os membros de um grupo social para a prática de diversos e distintos atos que 
exigem reações e/ou comportamentos que estabeleçam vínculos entre os indivídu-
os. É constituída por um conjunto de sinais e respectivas regras que estabelecem 
combinação entre eles e utilizada como instrumento de comunicação. Em síntese, 
podemos afirmar que linguagem é todo sistema de sinais convencionais, por meio 
dos quais os sujeitos interagem uns com outros. São inúmeras as formas de lingua-
gem, exemplo: linguagem corporal, linguagem falada, linguagem da informática etc. 
Nos dias de hoje, considera-se que, de acordo com o sistema de sinais que 
se utiliza, a linguagem é classificada em: 
• Linguagem verbal: é aquela que utiliza, para a comunicação, as palavras. O 
termo “verbal” é de origem latina “verbale” que vem de “verbu” que significa “pa-
lavra”. Esta é a maneira mais convencional de linguagem utilizada por ser mo-
mentânea e pode transmitir ideias e pensamentos de qualquer nível de comple-
xidade. Podemos classificar a linguagem verbal em dois tipos:
o Escrita: esta maneira de se comunicar verbalmente é utilizada, em geral, 
quando o receptor não está presente na conversa e, na maioria das vezes, a 
interação não é momentânea. 
https://bit.ly/3kbAreN
10
o Oral: diferente da escrita, em sua maioria apresenta a interação imediata. Ela 
pode ocorrer independente do fato de o interlocutor estar no mesmo local, 
como é o caso de uma conversa por telefone. Para uma boa comunicação 
oral, é preciso estar atento à naturalidade e à objetividade da mensagem.
• Linguagem não verbal: é aquela que utiliza qualquer outro tipo de sinal como 
gestos, sons, imagens etc. Por exemplo, quando alguém, por alguma razão, não 
tem ou perde a capacidade de fala, utiliza linguagem não verbal. 
• Linguagem mista: é quando ocorre uma mescla entre a linguagem verbal e 
a não verbal, utilizando simultaneamente palavras e sinais (ou outros códigos) 
para comunicar uma mensagem ao interlocutor. Por exemplo: quando chama-
mos alguém pelo nome ou concordamos com um “sim” ao mesmo tempo que 
movimentamos a cabeça com sinal positivo.
FIGURA 4 – LINGUAGEM VERBAL, NÃO VERBAL E MISTA
FONTE: <https://bit.ly/3xVTRfQ>. Acesso em: 25 abr. 2022.
É comum utilizarmos a combinação da linguagem verbal e não verbal, do 
tipo mista. Atualmente, utilizamos mensagens via internet com palavras (mensa-
gem verbal) e com emojis (linguagem não verbal). 
11
FIGURA 5 – EMOJIS – UMA LINGUAGEM COMUNICATIVA
FONTE: <https://bit.ly/3kcYj1C>. Acesso em: 25 abr. 2022.
Você já notou como utilizamos constantemente as várias formas de linguagem?
Uma vez compreendido o que é linguagem, vamos discutir o que é língua. 
A língua é a linguagem que utiliza a palavra como sinal de comunicação, 
sendo, assim, um aspecto de linguagem. 
Para Terra (2018, p. 13), em geral, define-sea língua como um “sistema de 
natureza gramatical, que pertence a um grupo de indivíduos, formado por um con-
junto de sinais (o léxico) e por um conjunto de regras para a combinação (gramática 
em sentido amplo)”. 
A língua é uma construção social de caráter abstrato que se concretiza por 
meio da fala, que é um ato individual de vontade e inteligência que não se confun-
de com fala. Para Ferdinand de Saussure (1972, p. 27) há uma clara distinção entre 
língua e fala:
[...] esses dois tipos objetos (língua e fala) estão estreitamente ligados e 
se implicam mutuamente: a língua é necessária para que a fala seja in-
teligível e produza todos os seus efeitos; mas esta é necessária para que 
a língua se estabeleça; historicamente o fato da fala vem sempre antes 
... Existe, pois, interdependência da língua e da fala; aquela é ao mesmo 
tempo o instrumento e produto desta. Tudo isso, porém não impede que 
sejam duas coisas absolutamente distintas. 
A língua, portanto, é uma construção sociocultural que existe independente 
do comunicador. Ao nascermos, a língua já está formada e partilhada pelo grupo 
humano e subsistirá independente de nossa existência. Em geral, em todas as so-
ciedades a escrita é posterior à língua, e não é raro que se faça uso da língua sem 
que se saiba utilizar sua escrita. 
12
Você já ouviu falar em culturas ágrafas? O que é uma sociedade ágra-
fa? Sociedade ágrafa” é aquela que não desenvolveu por si mesma um siste-
ma próprio de escritura. Exemplo: os Incas foram uma civilização avançada, 
mas nunca tiveram uma escritura; eram ágrafos. 
Como se registra a história de uma sociedade ágrafa, já que a escrita é 
uma das mais conhecidas fontes histórias? 
Com a colaboração de outras ciências, como antropologia, arqueologia e 
paleontologia, novos materiais passaram a servir de indícios do passado de um 
povo: imagens, relatos orais, vestígios, artefatos, ossos, armas, fotografias, mú-
sicas, construções e outros objetos. Essas podem ser tão importantes quanto a 
escrita no processo de resgate do passado de uma civilização ou comunidade. 
Sendo assim sabendo que as sociedades ágrafas ou que fazem parte da 
história antiga não possuíam recursos como, fotografias, músicas e outras fontes 
mais modernas, para estudarmos essas sociedades, utilizamos as fontes mate-
riais. Que são os vestígios materiais. Sinais que o homem deixa pelos lugares por 
onde passa, que podem ser vistos em vários sítios arqueológicos abertos à visita-
ção pública ou em museus especializados. Exemplos: cerâmicas com elementos 
femininos, pedras talhadas e polidas, fósseis, ruínas entre outros 
FONTE: <https://bit.ly/3Ozki0S>. Acesso em: 25 abr. 2022.
NOTA
A língua é o elemento que possibilita a interação entre os indivíduos em um 
determinado grupo social que torna os signos realidade por meio da associação 
entre significantes sonoros e significados. É um fenômeno de grande diversidade e 
complexidade, cujas forças que lhe dão dinâmica são inúmeras, tais como os meios 
de comunicação em massa. 
3 FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Segundo a utilização da linguagem pelo comunicador ou falante, a lingua-
gem possui diferentes funções que dependem dos elementos utilizados na co-
municação, ou seja, do emissor, receptor, mensagem, código, canal e contexto. As 
13
combinações desses elementos determinam o objetivo do ato comunicativo. 
Segundo Petri (2017, p. 22), as funções da linguagem podem ser classifica-
das em: função referencial, função emotiva, função conotativa, função poética e 
função metalinguística. Cada qual possuindo características bastante particulares. 
• Função referencial ou denotativa: é também chamada de função informati-
va, a função referencial tem como objetivo principal informar ou referenciar 
algo. Por sua função, este tipo de texto é escrito na terceira pessoa (singular ou 
plural) enfatizando seu caráter impessoal. Como exemplo: a linguagem de textos 
jornalísticos e científicos. São textos que, por meio de uma linguagem denotati-
va (sentido literal ou real), informam a respeito de algo, sem explicitar aspectos 
subjetivos ou emotivos à linguagem. São textos claros e objetivos.
o exemplo: na linguagem jurídica tem-se função referencial, por exemplo, em 
uma qualificação de parte. Observe a objetividade do texto reproduzido no 
Quadro 1: 
QUADRO 1 – FUNÇÃO REFERENCIAL
João Paulo de Souza Filho, brasileiro, casado, comerciante, portador do documento de iden-
tidade RG nº 1.234.567-8, inscrito no CPF sob nº 109.876.543-21, com endereço eletrônico 
jpsilva@marte.com.br, domiciliado e residente na Rua: Das Flores nº 67, Bairro Oliveira, São 
Caetano do Sul, SP. CEP: 89.056-240, nesta Comarca, onde recebe intimações, vem respeito-
samente ante Vossa Excelência propor:
FONTE: A autora
• Função emotiva ou expressiva: esta função traz as emoções do emissor e é 
também chamada de função expressiva e tem como objetivo principal trans-
mitir suas emoções, sentimentos e subjetividades por meio da própria opinião. 
É o tipo de função que explicita, que evidencia as opiniões e emoções de quem 
escreve a mensagem, por isso o texto é escrito em primeira pessoa e está volta-
do para o emissor, porque possui um caráter pessoal.
o exemplo: textos poéticos, cartas, diários etc. Em geral, são textos marcados 
pelo uso de sinais de pontuação, por exemplo, reticências, ponto de exclama-
ção etc. a fim de dar ênfase à mensagem transmitida. 
14
FIGURA 6 – FUNÇÃO EMOTIVA
FONTE: <https://bit.ly/3vOuOca>. Acesso em: 25 abr. 2022.
• Função conativa ou apelativa: o objetivo é influenciar o receptor a partir do 
apelo, por esta razão é chamada também de apelativa. É caracterizada por uma 
linguagem persuasiva que tem o  intuito de convencer o leitor. Por isso, o 
grande foco é no receptor da mensagem. Essa função é muito utilizada nas pro-
pagandas, publicidades e discursos políticos, de modo a influenciar o receptor 
por meio da mensagem transmitida. Este tipo de texto costuma se apresentar na 
segunda ou na terceira pessoa com a presença de verbos no imperativo e o uso 
do vocativo.
FIGURA 7 – FUNÇÃO APELATIVA
FONTE: <https://bit.ly/3KbYXXR>. Acesso em: 25 abr. 2022.
15
• Função poética: esta função tem como objetivo enfatizar a mensagem, res-
saltando a maneira como ela é estruturada para dar destaque ao seu sig-
nificado. Ao se escolher a função poética, a preocupação é muito mais com as 
rimas, que pode ser tanto em prosa como em verso, com a estrutura e com a 
imagem do que com as palavras em si. O texto não é objetivo e transmite pouca 
informação.
FIGURA 8 – CARACTERÍSTICAS DA FUNÇÃO POÉTICA
FONTE: <https://bit.ly/3ODwJc4>. Acesso em: 25 abr. 2022.
• Função metalinguística: a função metalinguística é caracterizada pelo uso 
da metalinguagem, ou seja, a linguagem que se refere a ela mesma, como a 
que se usa nos dicionários, cujos verbetes explicam a própria palavra. Ou ainda, 
no filme que tem por próprio tema o cinema. No poema que tem por tema o fazer 
literário ou em uma peça de teatro que tem por tema o teatro e demais gêneros 
em que a linguagem está preocupada com o próprio código. Nestes casos, o 
emissor explica um código utilizando o próprio código. 
https://www.todamateria.com.br/metalinguagem/
16
FIGURA 9 – FUNÇÃO METALINGUÍSTICA NAS TIRINHAS DE HUMOR
FONTE: <https://bit.ly/3xZdJi2>. Acesso em: 25 abr. 2022.
Em síntese, pode-se afirmar que, de acordo com a intenção do falante, a 
linguagem pode ser utilizada de distintas maneiras tornando mais eficiente a comu-
nicação, assim, cada indivíduo pode organizar sua fala de acordo com o que deseja 
transmitir, adquirindo a linguagem distintas funções. É muito útil conhecer adequa-
damente as distintas funções da linguagem. 
FIGURA 10 – SÍNTESE: AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM
FONTE: <https://bit.ly/3Mu2D8Z>. Acesso em: 25 abr. 2022.
17
4 NÍVEIS DE LINGUAGEM
Você já deve ter percebido que são inúmeras as variações linguísticas de 
um idioma como resultado de contínuas e dinâmicas relações comunicativas de 
um determinadogrupo social. O Brasil, por exemplo, é um país com imensa varie-
dade de línguas. Somos, atualmente, o oitavo país com maior número de línguas 
em uso, sendo a maioria delas dos povos indígenas. São 190 línguas indígenas que 
atualmente estão em perigo de extinção. O Brasil, além dos diferentes sotaques 
regionais, é um país multilíngue. 
Ao longo do tempo, nossa língua sofreu mudanças constantes. Por exemplo, 
a palavra “você”; antigamente era “vossa mercê”, que se transformou sucessivamente 
em “vossemecê”, “vosmecê”, “vancê” e, com o passar do tempo, foi sendo modificada, 
por populações, culturas, povos diferenciados. Assim, vamos nos dando conta que é 
comum nos depararmos com linguajares diversificados de uma região a outra, o que 
vai contribuindo de maneira significativa para a complexidade de nosso idioma.
Contudo, como unificar essa grande variedade linguística? Isso é possível? 
A escola é o centro de referência para o ensino da língua vernácula, a língua “pura” 
sem “estrangeirismos”, a chamada linguagem culta, sem elementos descaracteri-
zadores, constituída por normas gramaticais. Entretanto, há uma permanente di-
cotomia entre a norma culta e o universo linguístico dos indivíduos, em que o falar/
escrever “certo” se sobrepõe às variantes linguísticas. Há um “falar brasileiro”, que é 
um modo de se utilizar a língua portuguesa, que é a língua nacional, com enormes 
variedades linguísticas. 
Haveria uma forma “certa” para uso da língua? Para Marcos Bagno (2007), a 
língua é um enorme iceberg que flutua no mar do tempo e a gramática normativa é 
a tentativa de descrever apenas uma parcela mais visível, que é a chamada “língua 
culta”. No entanto, essa é parcial e não pode ser aplicada a todo o resto da língua, 
sob o risco de ser reproduzido um tipo de preconceito comum na sociedade brasi-
leira: o preconceito linguístico. Chamando a atenção para o preconceito linguístico, 
afirma Bagno (2007, p. 16): 
Como a educação ainda é privilégio de muita pouca gente em nosso país, 
uma quantidade gigantesca de brasileiros permanece à margem do domí-
nio de uma norma culta. Assim, da mesma forma como existem milhões 
de brasileiros sem-terra, sem escola, sem teto, sem trabalho, sem saúde, 
também existem milhões de brasileiros sem língua. Afinal, se formos acre-
ditar no mito da língua única, existem milhões de pessoas neste país que 
não têm acesso a essa língua, que é a norma literária, culta, empregada 
pelos escritores e jornalistas, pelas instituições oficiais, pelos órgãos do 
poder — são os sem-língua. É claro que eles também falam português, 
18
uma variedade de português não-padrão, com sua gramática particular, 
que, no entanto, não é reconhecida como válida, que é desprestigiada, 
ridicularizada, alvo de chacota e de escárnio por parte dos falantes do 
português-padrão ou mesmo daqueles que, não falando o português-pa-
drão, o tomam como referência ideal — por isso podemos chamá-los de 
sem-língua.
Superar o preconceito linguístico é um enorme desafio, porque são muitos 
os aspectos comunicativos do nosso idioma. Desde o espaço físico, no qual intera-
gimos, que é um campo de atividade social de grande importância quando se refere 
à atuação linguística que, por natureza, se concretiza no terreno geográfico, onde 
suas qualidades geológicas e produtivas influenciam significativamente em nossa 
maneira de se comunicar, de se comportar, de agir, de viver (SANTOS, 2018). Em 
região de floresta densa, por exemplo, a linguagem local/regional será repleta de 
termos que se referem às especificidades da natureza local, como, por exemplo, a 
palavra “buriti” – do tupi-guarani: mbur (alimento) + iti (árvore alta) = árvore alta de 
alimento ou de vida. 
Conforme as relações sociais vão se desenvolvendo, vão sendo criadas no-
vas palavras e expressões que condizem com a necessidade de nomear novos bens 
de consumo e entretenimento. Um exemplo é o estrangeirismo que atribui valores 
linguísticos a produtos e bens de serviço por meio da língua do país de origem, 
como é o caso de  internet, pen drive, hot-dog, videogame, shampoo etc. Ainda, 
Santos (2018, p. 6), nos esclarece que:
Toda sociedade é heterogênea, ou seja, ela é portadora de diferentes tipos 
de cenários onde as ações humanas podem se manifestar: cenários cul-
turais, religiosos, artísticos, profissionais, de lazer, comerciais etc., e entre 
esses cenários há um elemento divisor de águas que difere entre si e es-
tabelece limites de comportamentos que acabam restringindo, de certa 
forma, o desenvolvimento da outra, são as classes sociais dos indivíduos. 
O modo de comunicação das diferentes classes sociais se estabelece pe-
rante o modo de vida dos falantes e de suas formas de expressões carac-
terísticas. Tem-se, superficialmente, disseminado a ideia de que, depen-
dendo da classe social, pode-se estabelecer um determinado linguajar 
para cada uma delas; todavia, essa ideia acaba entrando em contradição 
ao inferir-se que mesmo inseridos em uma classe social específica um ou 
mais indivíduos podem possuir e exercer maior ou menor domínio linguís-
tico em qualquer classe social.
Portanto, as diferenças sociais não podem servir de condição para que os 
indivíduos sejam considerados aptos a exercer a comunicação “certa ou errada”. Na 
verdade, são adequações e conformidades da língua estabelecidas que não podem 
excluir indivíduos, mas sim, contribuir para coesão e coerência em momentos que 
necessitam de maior ou menor dedicação de atenção. A escolarização pode levar 
a se pensar que a linguagem correta é a linguagem escrita, que é, por natureza, 
19
lógica, clara, explícita, ao passo que a linguagem falada é confusa, incompleta, sem 
lógica etc. Esta percepção é equivocada. A fala tem elementos contextuais e prag-
máticos que a escrita pode revelar, e, por outro lado, a escrita tem elementos que a 
linguagem oral não utiliza.
Utiliza-se a expressão “linguagem culta” para designar uma variedade lin-
guística representada pelas pessoas de alta escolarização formal e com acesso à 
cultura letrada. Linguagem de nível culto é aquela considerada ideologicamente 
como “certa” e é definida como aquela que o grupo social atribui valor distinto da 
linguagem popular que é aquela que se constrói nas múltiplas relações comunica-
tivas entre os indivíduos de diferentes espaços e vivencias sociais. É aquela que 
tende a ser coloquial e, muitas vezes, é responsável pelo surgimento de termos 
comuns como gírias, jargões e figuras de linguagem, dentre outras manifestações 
e expressões linguísticas.
FIGURA 11 – LINGUAGEM CULTA E LINGUAGEM COLOQUIAL
FONTE: <https://bit.ly/37BNV12>. Acesso em: 25 abr. 2022.
5 LINGUAGEM ORAL E ESCRITA
A linguagem comporta duas modalidades distintas e bastante utilizadas: a 
linguagem oral e a linguagem escrita. São formas diferentes tanto em “recursos 
https://uniasselvi01-my.sharepoint.com/personal/carolina_branco_uniasselvi_com_br/Documents/Documents/2022/2 - LIVROS PÓS/01 - LINGUAGEM JURÍDICA/%3c
20
expressivos” como gramaticalmente. Não há dúvida de que a linguagem falada é o 
primeiro e mais importante meio de comunicação. Não é sem razão que o ser hu-
mano é considerado um “animal que fala”.
Como adiante veremos, sob o ponto de vista argumentativo, a comunicação 
oral possui vantagens em relação à escrita, apesar de algumas desvantagens tam-
bém. Usando-se a oralidade, é possível mais agilidade e interação comunicativa, 
além de outras formas de linguagem como a corporal, o que garante mais eficácia 
da comunicação. 
Ao estarmos presencialmente com nosso interlocutor, podemos estar mais 
atentos à reação dos que nos ouvem, sendo possível “moldar” ou reorientar a linha 
argumentativa de acordo com a interação com os receptores. Gestos ou postura 
corporal podem indicar necessidade de reformular ou reforçar a argumentação a fim 
de persuadir o público-alvo. 
A linguagem oral, ou a “palavra falada”, possui relevância e validade no cam-
po jurídico produzindo efeitos, como veremos. Imagine,por exemplo, uma situação 
em que ocorreu grave ofensa verbal a alguém que pleiteia danos morais em juízo. 
Como produzir prova se não há documento escrito para produzir o convencimento 
do magistrado? É possível provar o alegado por meio de prova testemunhal, audio-
visuais, depoimento pessoal do ofendido etc. 
Evidente que a escrita representa maior segurança jurídica porque fica o 
registro de um ato ou um fato com relevância na vida social e jurídica. No entanto, a 
informalidade da palavra falada permite mais agilidade nas revisões e possibilidade 
de persuasão. 
Em síntese, segundo Petri (2017, p. 26), são características da linguagem oral:
1. É mais abrangente uma vez que mesmo pessoas não alfabetizadas, 
mas que conheçam o código, são capazes de se comunicar, usando 
essa modalidade;
2. Faz uso de recursos da linguagem não verbal como gestos, olhares etc.;
3. Entonação e ritmo que se modificam de acordo com o sentido da 
mensagem;
4. Maior interação entre emissor e receptor uma vez que estão “face a face”;
5. Pode ser mais repetitivo a fim de reforçar o significado da mensagem;
6. Não há possibilidade de ser apagada a mensagem como ocorre na escrita;
7. A frase pode utilizar complementos e ser feito o uso de pausas;
8. É possível o uso de marcadores conversacionais, ou seja, expressões 
utilizadas para confirmação como: “ne”?; “certo?”; “não é mesmo?” etc.
9. Pode utilizar expressões populares e gírias. 
21
Portanto, no uso da linguagem oral, é comum que o emissor utilize recursos 
que permite ao receptor sentir-se participante ativo da comunicação. A informali-
dade, típica da linguagem oral, pelo desapego gramatical e forma de interação pos-
sibilita agilidade na comunicação e, em alguns casos, dependendo da competência 
e habilidade do comunicador, maior convencimento. 
A linguagem escrita, historicamente posterior à oral em todas as culturas, 
estima-se que teve sua origem na Antiga Mesopotâmia, há cerca de 5.000 anos, por 
meio da chamada escrita cuneiforme, dado a seu formato em forma de “cunha”, e 
também no Egito Antigo, por meio dos hieróglifos.
Sem dúvida, a escrita foi um grande marco para o desenvolvimento da hu-
manidade permitindo, entre outras coisas, o acúmulo e aprimoramento do conheci-
mento. Portanto, a escrita não é apenas uma questão de mero registro de saberes, 
sentimentos, ideias e culturas, mas representa a possibilidade de agregar conheci-
mento o que permitiu o avanço da ciência. 
22
FIGURA 12 – A EVOLUÇÃO DA ESCRITA
FONTE: <https://bit.ly/3958jaY>. Acesso em: 25 abr. 2022.
23
Sob o ponto de vista argumentativo, a linguagem escrita possui a vantagem 
de ser produzida antes de ser apresentada ao receptor, o que permite planejar com 
cuidado a produção textual, escolher o nível de linguagem a ser utilizado e rever 
antecipadamente antes de sua exposição. 
Por outro lado, não há interação imediata com o receptor, não havendo a 
possibilidade de correção ou esclarecimento caso a mensagem não seja bem com-
preendida, uma vez que, em regra geral, a leitura do texto não é feita na presença 
do escritor. 
Assim, a escrita de um texto exige clareza, coerência e coesão na exposição 
das ideias e enunciados de forma a afastar obscuridades ou lacunas. Por exemplo, 
um jurista deve ter muito cuidado na elaboração de um texto, em razão de que, 
apesar dos modernos e ágeis meios virtuais de comunicação, no campo jurídico, a 
maioria dos atos processuais se realiza por meio da escrita: petições, atas, docu-
mentos, certidões, mandados, laudos, despachos, sentenças, acórdãos etc. apesar 
de a comunicação oral ser bastante presente na seara jurídica. Por segurança jurí-
dica, os atos praticados devem ser devidamente registrados a fim de serem consul-
tados a qualquer momento. 
Para Petri (2017, p. 26-27), são características da linguagem escrita: 
1. É menos abrangente uma vez que apenas pessoas alfabetizadas po-
dem fazer uso dela;
2. Não aproveita os mesmos recursos da linguagem oral;
3. Não é possível ao emissor perceber a reação do leitor;
4. Não há normalmente repetição de palavras;
5. Há a possibilidade de correção;
6. Utiliza raramente gírias e expressões populares;
7. É mais permanente que a linguagem oral;
8. Utiliza pontuação para representação a entonação e ritmo da modali-
dade oral;
9. É mais prestigiada socialmente. 
Na linguagem oral, há compartilhamento de situação espaço-temporal o 
que permite ao emissor direcionar sua atividade de maneira a garantir um discurso 
explícito. Já na linguagem escrita, há outros recursos importantes como a pontua-
ção que indica pausas, dando mais função expressiva à comunicação. 
24
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: 
• Embora os termos linguagem, língua e fala sejam utilizados sem distinção, um 
estudo mais atento permite compreender que são aspectos diferentes utilizados 
na comunicação humana e estudados pela linguística.
• A linguagem é definida como um instrumento utilizado no processo comuni-
cativo, e envolve emissor, receptor, mensagem, código, canal de comunicação, 
contexto e ruídos.
• Ao longo da história da civilização humana, a linguagem tem servido para a in-
teração dos membros de um grupo social e se manifesta de distintas formas, 
sendo classificada em: verbal, não verbal e mista.
• A linguagem possui distintas funções, quais sejam: denotativa, emotiva, conota-
tiva, poética, metalinguística, dentre outras.
• É possível a utilização da linguagem em diferentes níveis, servindo todas para a 
comunicação de acordo com o contexto e necessidade.
• É um equívoco admitir a linguagem culta, a “escolarizada”, como a “correta”. Tal 
concepção é uma forma de segregação ideológica que desconsidera e margina-
liza as diferentes formas de comunicação.
• A linguagem, tanto escrita como oral, são modalidades de comunicação e recur-
sos expressivos, cada qual com vantagens e desvantagens, ambas utilizadas no 
campo jurídico exigindo cuidado e domínio linguístico. 
25
AUTOATIVIDADE
1 A linguagem além de ser o meio pelo qual estabelecemos diálogo com os 
demais, nomeamos as coisas e os fatos dando sentido ao mundo em que vive-
mos. Nós, seres humanos, nos comunicamos de distintas formas desde o nos-
so nascimento e, ao longo da vida, temos a capacidade de aprimorar e sofisticar 
a linguagem. Acerca do conceito de linguagem, assinale a afirmação CORRETA:
a) ( ) Língua, linguagem e comunicação são sinônimas.
b) ( ) Linguagem é uma capacidade humana que permite a comunicação.
c) ( ) A linguagem é uma atividade exclusivamente oral 
d) ( ) A escrita não é uma forma de linguagem 
2 A linguagem verbal é a forma mais convencional de comunicação que pode 
ser escrita ou oral. A linguagem escrita é utilizada, em geral, quando o re-
ceptor não está presente na conversa, enquanto a oral é aquela que ocorre 
quando há uma interação imediata entre o emissor e o receptor. Acerca da 
linguagem oral, assinale a afirmação CORRETA:
a) ( ) A linguagem oral apenas pode ser utilizada quando emissor e receptor 
estão no mesmo local.
b) ( ) Na linguagem oral utiliza-se a escrita como forma de comunicação
c) ( ) A linguagem oral pode ser utilizada independente de receptor e emis-
sor estarem no mesmo local.
d) ( ) A linguagem oral não é instantânea. 
3 A língua é definida como um sistema de natureza gramatical que pertence a 
um grupo de indivíduos que partilham uma mesma cultura. A língua é forma-
da por sinais e regras que se manifestam, também, por meio da fala. Acerca 
da língua, assinale a afirmação CORRETA: 
a) ( ) Língua é uma capacidade humana universal que independe da cultura 
do grupo social. 
b) ( ) A existência da língua em um grupo social independe da existência da escrita.
c) ( ) Necessariamente, para existir a língua, deve haver a fala e a escrita.
d) ( ) A língua não é uma forma de comunicação entre os membros de um 
grupo social. 
26
27
TÓPICO 2
LINGUAGEM 
JURÍDICA
1 INTRODUÇÃO
Como vimos anteriormente, comunicar utilizandodiferentes tipos de lin-
guagem é parte das relações humanas. Cada profissão cria e aprimora expressões 
próprias com características comuns que são utilizadas por seus membros, definin-
do-se, assim, a linguagem jurídica de cada campo técnico. 
No campo jurídico não é diferente. 
Para os profissionais do Direito a linguagem e seu domínio é a principal fer-
ramenta utilizada para convencer, transigir, demandar, enfim, atuar na luta pela de-
fesa e garantia de direitos. 
Você verá em seus estudos como é importante o domínio do vocabulário ju-
rídico. Conhecer o sentido dos termos utilizados nas leis e códigos, as relações das 
palavras nos textos jurídicos e as variações nas estruturas sintáticas das palavras 
que permitem dar ênfase ao discurso. 
O conhecimento e domínio do vocabulário jurídico, com o cuidado de não 
cometer excessos, é a primeira tarefa que se impõe aos que abraçam o campo pro-
fissional do Direito. 
 
Por meio da palavra, o Direito se concretiza. Além de falar bem para as ne-
cessidades do cotidiano, aos que se dedicam ao mundo jurídico é necessário ir 
além: é dominar a linguagem jurídica com precisão. 
Manter o formalismo, o estilo e a ética, os profissionais do Direito devem ser 
modernizar constantemente para persuadir e convencer. Sem o “juridiquês” desen-
freado, que é filho da inútil e ingênua afetação, para não cair no ridículo, a lingua-
gem jurídica deve ser clara e precisa, porém culta e erudita. 
Vamos conhecer um pouco da linguagem jurídica?
28
 2 LINGUAGEM JURÍDICA – CONCEITOS INICIAIS
A linguagem jurídica é uma das manifestações específicas da língua portu-
guesa aplicada a uma área específica do conhecimento com características pró-
prias. Embora, em não raras vezes, utilizando signos linguísticos da linguagem co-
mum, não é compreendida imediatamente por um não jurista – por um leigo. Sem 
dúvida, este é um obstáculo a ser superado quando do início da formação profissio-
nal no campo jurídico. 
As definições e conceitos específicos com que o Direito opera são elemen-
tares e necessários para o campo jurídico, mas sem sentido fora do Direito, porque 
não tem outra função a não ser exprimir termos e expressões que apenas possuem 
significado exclusivamente jurídico. 
Veja a Figura 13, que diferencia os termos “segredo de justiça” e “sigilo judi-
cial”. Para os que não são da área jurídica, podem parecer sinônimos, mas não são. 
Cada um possui um sentido específico e são bem diferentes. No entanto, quem 
sabe a diferença? Apenas aqueles que conhecem a linguagem jurídica. 
FIGURA 13 – TERMOS JURÍDICOS ESPECÍFICOS: SEGREDO DE JUSTIÇA E SIGILO JUDICIAL
FONTE: <https://bit.ly/3KnCuY3>. Acesso em: 25 abr. 2022.
A linguagem jurídica é específica por duas razões, basicamente:
29
• porque há um vocabulário jurídico próprio;
• porque dá sentido ao discurso e à argumentação jurídica. 
A linguagem jurídica é utilizada em situações particulares pela necessidade 
de, no exercício profissional, serem conceituados fenômenos relacionados ao Direi-
to e estabelecer seu sentido jurídico, que, em regra geral, não têm o mesmo ou não 
encontram qualquer significado no uso corrente. Isto ocorre porque tem natureza 
técnico-científica própria, uma vez que utiliza de palavras para o campo teórico-
-prático do Direito, onde reside o problema do vocabulário jurídico.
 
Aí está o primeiro obstáculo a ser enfrentado, porque, como qualquer ci-
ência, os termos devem ser utilizados com exatidão, devendo o termo técnico ser 
empregado adequadamente, sendo absolutamente indispensável não só para a 
compreensão rápida dos argumentos utilizados como também para a correta iden-
tificação dos fenômenos discutidos.
Há que se observar que nenhum termo está dissociado de sua significação 
comum ou lexical (da língua, da linguagem natural ou do código abstrato), em geral 
relacionada a sua etimologia (origem), e que, quando se estabelece sentido mais 
específico (técnico-científico), há necessidade de ser verificado seu sentido contex-
tual que identificará a forma mais precisa ou técnica. 
A linguagem jurídica é uma metalinguagem, ou seja, é uma linguagem que 
descreve outra linguagem artificial, termos utilizados para designar fatos da vida 
social que possuem sentido e relevância no campo jurídico. 
Qual a razão do Direito construir uma linguagem própria? 
Como já discutido no tópico anterior, a própria natureza intrínseca ao ser 
humano é social, vive em sociedade para atender suas necessidades, interesses e 
realizar suas potencialidades. Esta característica inata do ser humano em colocar 
“seu eu”, seu pensar, em comum com o próximo, é o ato comunicativo próprio da 
convivência, de relação de grupo e da prática social. 
Porém, o estudo da comunicação jurídica se justifica pela relação inerente 
entre o Direito e a sociedade, na qual a atuação daquele tem como objetivo nor-
matizar as relações sociais e os seus efeitos. E, diante do universo jurídico, se pode 
afirmar que as ações humanas que verdadeiramente importam à ciência jurídica di-
zem respeito aos efeitos que estas podem gerar ao grupo social ou a algum de seus 
membros, já que a própria existência do Direito tem por objetivo regular os atos que 
afetam os membros da sociedade, são os chamados valores jurídicos. 
30
Valores jurídicos tais como a ordem, a segurança, a liberdade, as justiças, 
dentre outros, são inerentes à condição humana e são compreendidos de maneira 
distinta pelos indivíduos e o Direito estabelece uma espécie de “consenso” a fim de 
estabelecer critérios que possibilitem a vida em comum, e é aí que surge a neces-
sidade de uso de linguagem própria e complexa. Assim como outros profissionais, o 
advogado, por exemplo, ao ser solicitado para prestação de um trabalho específico, 
é necessário relatar o fato valorado juridicamente, bem como o que deve ser feito 
de acordo com critérios técnicos. 
FIGURA 14 – A ESPECIFICIDADE DA LINGUAGEM JURÍDICA
FONTE: <https://bit.ly/38nFgyX>. Acesso em: 25 abr. 2022.
Na Figura 14, percebe-se a dificuldade de compreensão da linguagem jurídi-
ca por aqueles que não são profissionais da área. Observe que os termos utilizados 
são conceitos que regulam e protegem valores. No caso, utiliza-se a expressão in 
dubio pro reo o que significa que, na dúvida, a “balança deve pender” para o acusa-
do uma vez que a liberdade integra o conjunto de bens inerentes à condição huma-
na e de grande relevância no mundo do Direito. 
Sem dúvida, o Direito é, por excelência, se comparado a outros campos do 
conhecimento, a ciência da palavra, o que exige o aprimoramento do domínio da 
palavra no exercício da profissão, pois é, na linguagem, o espaço em que o Direito se 
efetiva. Assim, pode-se afirmar que a capacidade de realizar uma boa comunicação, 
permite recriar os fatos com consistência e credibilidade e de estabelecer relações 
de causa e efeito entre estes, e as leis formarão um parâmetro decisório que irá 
amparar o Direito requerido. 
https://uniasselvi01-my.sharepoint.com/personal/carolina_branco_uniasselvi_com_br/Documents/Documents/2022/2 - LIVROS PÓS/01 - LINGUAGEM JURÍDICA/%3c
31
O Direito é um espaço de comunicação relevante para as relações humanas 
uma vez que a sociedade humana é uma coletividade constituída por entes comu-
nicantes. É neste sentido que Miguel Reale (1992, p. 34) considera o Direito uma 
linguagem indissociável das relações humanas: 
O Direito é, por conseguinte, um fato ou fenômeno social; não existe senão 
na sociedade e não pode ser concebido fora dela. Uma das características 
da realidade jurídica é, como se vê, a sua socialidade, a sua qualidade 
de ser social. Logo, ... desde que passou a viver em sociedade, o homem 
vem sentindo cada vez mais a necessidade imperiosa de se comunicar, 
pois já foi dito que o homem é aquilo que consegue comunicar aos seus 
semelhantes. 
Por meio da palavra é que o profissional do Direito atua, devendo ter claro que, 
se comunicar para atender às necessidades comuns e diárias de comunicação,é 
diferente de falar com precisão no exercício da profissão jurídica, havendo a necessi-
dade de domínio da linguagem para que tenha cautela na escolha das palavras. 
Isso não significa que linguagem jurídica se confunda com “jargão profissio-
nal”, para que o profissional acabe se encapsulando em um hermetismo vocabular 
somente acessível e compreendido por poucos iniciados. 
3 JARGÃO JURÍDICO E PODER SIMBÓLICO
Jargão é o vocabulário típico de uma especialidade profissional e é utilizado 
especificamente por pessoas que compõem determinado segmento ou grupo tec-
nicamente especializado. Por exemplo, existem jargões de médicos, engenheiros, 
técnicos de informática etc. Evidente que o jargão é importante para a compreen-
são dos procedimentos e documentos jurídicos por sua complexidade, com signifi-
cados incompreensíveis para leigos. 
32
FIGURA 15 – JARGÃO JURÍDICO
FONTE: <https://bit.ly/3vFgylP>. Acesso em: 25 abr. 2022.
Como veremos adiante, o uso exagerado e impróprio da linguagem jurídica 
sob uma falsa roupagem de tecnicismo, nada mais é do que uma preocupação de 
efeitos “pirotécnicos” da palavra com compromisso de rigor profissional. 
https://uniasselvi01-my.sharepoint.com/personal/carolina_branco_uniasselvi_com_br/Documents/Documents/2022/2 - LIVROS PÓS/01 - LINGUAGEM JURÍDICA/%3c
33
QUADRO 2 – CONHEÇA ALGUNS JARGÕES JURÍDICOS.
UM GLOSSÁRIO NO TRIBUNAL
Expressões e palavras que fazem a pompa do jargão do Direito
Abroquelar: fundamentar.
Apelo extremo: recurso 
extraordinário.
Areópago: tribunal.
Autarquia Ancilar: Insti-
tuto Nacional de Previdên-
cia social.
Cártula chéquica: folha 
de talão de cheques.
Com espeque no artigo: 
com base no artigo
Com fincas no artigo: 
com base no artigo.
Com supedâneo no arti-
go: com base no artigo.
Consorte supérstite: viú-
vo(a).
Digesto obreiro: consoli-
dação das Leis do Trabalho.
Diploma provisório: me-
dida provisória.
Ergástulo público: cadeia.
Estipêndio funcional: sa-
lário.
Estribado no artigo: com 
base no artigo.
Egrégio pretório supre-
mo: Supremo Tribunal Fe-
deral.
Excelso sodalício: Supre-
mo Tribunal Federal.
Exordial: peça ou petição 
inicial.
FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/38iS8GH>. Acesso em: 25 abr. 2022.
Entretanto, o domínio da linguagem jurídica é também um meio de promo-
ção social, política ou cultural que exprime relação de poder. É obvio que, por ser o 
Direito objeto de ciência, este desenvolve seu próprio discurso com lógica e termi-
nologia peculiares, e aqueles que se dedicam à árdua tarefa de estudar cientifi-
camente o Direito, poderão ter domínio sobre seu aparato conceitual. Não 
se pode conceber o Direito sem sociedade, ou mesmo uma sociedade sem nor-
matização que venha a se valer de regras (ou princípios) para controlar/limitar as 
condutas dos indivíduos que integram o grupo social. 
Sob certo ponto de vista, o Direito é um instrumento de sustentação social 
criado para impor condutas coercitivamente obrigatórias e independentes da von-
tade da parte. É evidente que nem toda sociedade deverá obrigatoriamente possuir 
códigos, tal qual concebemos na cultura jurídica ocidental, para reger a convi-
vência humana, mas sempre haverá um conjunto de normas que lhe possibilite 
estabilidade e que permita o desenvolvimento de atividades econômicas, políticas, 
familiares etc., a fim de garantir relativa segurança para os indivíduos e para as re-
lações surgidas entre eles, para evitar que somente a força (individual), por si só, 
seja o único elemento para solucionar conflitos. Ao longo da história, a luta foi a 
condição para a construção e manutenção de direitos, uma vez que não são dados 
espontaneamente pela natureza nem tampouco graciosamente concedido pelos 
donos do poder. 
34
No entender de Ihering (2006), é um dever do interessado para consigo mes-
mo e também um dever para com a sociedade a luta pelo direito. E afirma Ihering 
(2006, p. 1): “Todos os direitos da humanidade foram conquistados na luta: todas as 
regras importantes do Direito devem ter sido, direito de um povo ou direito de um 
particular, faz-se presumir que se esteja decido a mantê-lo com firmeza”. Portanto, 
o Direito não são palavras, são vivencias e experiências humanas construídas e 
garantidas pela força e luta. “O Direito não é pura teoria, mas uma força viva [...]. A 
justiça sustenta numa mão a balança e que pesa o Direito e, na outra é a força bru-
tal; a balança sem a espada é a impotência do Direito” (IHERING, 2006, p. 5)
Neste sentido, os indivíduos ao edificarem o Direito, que tem como mediação 
a linguagem, para reger e limitar as relações sociais, aceitam como legítimo tanto o 
poder político que cria as normas, quanto válidos e aceitáveis os conteúdos destas, 
pois, em certo sentido, se assim não fosse, existiria, no mínimo, insubordinação 
social e política questionando o poder regulatório constituído e suas instituições. É 
neste ponto que ganha relevância o pensamento de Bourdieu (2007) sobre a con-
cepção do Direito como poder simbólico e a noção de que o autor pressupõe que os 
dominados se submetem espontaneamente ao controle, porque possuem alguma 
crença nesse comando. 
[…] como o poder de constituir o dado pela enunciação, de fazer ver e fazer 
crer, de confirmar ou de transformar a visão do mundo e, deste modo, a 
ação sobre o mundo, portanto o mundo; poder quase mágico que permite 
obter o equivalente daquilo que é obtido pela força (física ou econômica), 
graças ao efeito específico de mobilização, só se exerce se for reconheci-
do, quer dizer, ignorado como arbitrário. Isto significa que o poder simbó-
lico não reside nos “sistemas simbólicos” em forma de uma “illocutionary 
force” mas que se define numa relação determinada – e por meio desta 
– entre os que exercem o poder e os que lhe estão sujeitos, quer dizer, isto 
é, na própria estrutura do campo em que se produz e se reproduz a cren-
ça. O que faz o poder das palavras e das palavras de ordem, poder de 
manter a ordem ou de a subverter, é a crença na legitimidade das palavras 
e daquele que as pronuncia, crença cuja produção não é da competência 
das palavras (BOURDIEU, 2007, p. 14-15, grifos nossos).
A pergunta que fazemos é: como o poder político consegue impor o Direito 
em uma determinada sociedade? O Direito tem uma face simbólica que se manifes-
ta por meio de uma linguagem aparentemente lógica e coerente capaz de garantir 
interesses e necessidades humanas, como se tivesse, por si mesmo, o poder de 
disciplinar a vida social. 
Assim, o Direito expresso na linguagem jurídica vai sendo visto como algo 
“natural” criando uma autonomia de um sistema que se autoexplica. 
35
E é sob tal aspecto que Bourdieu (2007) considera que a reivindicação de 
uma autonomia absoluta do Direito e o esforço dos juristas em elaborar um corpo de 
doutrinas, regras e conceitos, independente de constrangimentos e pressões so-
ciais elaborando em si seu próprio fundamento, é onde reside seu poder simbólico. 
São construídos modelos que, na realidade, são puras ficções da ciência ju-
rídica, que vão construindo uma pretensa neutralidade valorativa, afastando o fe-
nômeno social que lhe é subjacente, concepção que influencia diretamente a for-
mação jurídica que privilegia o ensino estritamente técnico do Direito. E, assim, o 
sistema se autoalimenta afastando o futuro jurista dos fenômenos sociais, cons-
truindo uma linguagem e discurso homogêneo que, no momento de suas escolhas 
juridicamente possíveis para um conflito, há pouca possibilidade de desfavorecer 
ou contrariar o modelo dominante. Desde tal crítica, chama-se a atenção para o fato 
de que a linguagem jurídica, que expressa as normas jurídicas, dá a falsa impressão 
de que é perfeita, pronta e acabada, independente de suas contradições e pressões 
sociais, e aí encontramos um aspecto importante para uma análise permanente 
crítica e cuidadosa da linguagem jurídica. 
Em síntese, se a linguagem jurídica procura criar e manter uma simbologia 
própria, que é fortalecida pelos jargõesjurídicos que apenas são compreendidos 
pelos profissionais aptos e treinados, os conflitos sociais são aparentemente man-
tidos sob controle e dentro da expectativa do aceitável. 
Para melhor compreender o tema acerca do Direito como expressão 
do poder simbólico, sugere-se as seguintes leituras: 
• “O direito como expressão do poder simbólico”, de Daniel França: https://
bit.ly/3OCWd9i. 
• “A força do direito e a violência das formas jurídicas” de Rodrigo Ghiringhelli 
de Azevedo: https://bit.ly/3rLt16n.
DICA
Sem dúvida, o campo do Direito é um espaço de concorrência de monopólio 
de “dizer o Direito” por meio de uma linguagem própria, na qual se confrontam sujei-
tos competentes e de capacidade reconhecida, e de compreender e definir o justo e 
legítimo do caso concreto. Isso implica na necessidade de reforçar um discurso com 
estilo próprio que confere, ao mesmo tempo, capacidade técnica, política e social 
36
para utilizá-lo na transformação da realidade social – um conflito entre partes – em 
realidade jurídico-judicial – debate entre profissionais que conhecem as “regras do 
jogo” e dominam a linguagem jurídica. 
4 AS CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM JURÍDICA 
Como você já compreendeu, a linguagem jurídica possui algumas caracterís-
ticas que a tornam singular em relação à língua nacional. Já vimos que possui parti-
cularidades em função da existência de um vocabulário técnico-científico próprio e é 
exatamente destes tais aspectos específicos que a linguagem jurídica se distingue. 
Segundo Petri (2017, p. 44), a linguagem jurídica carrega em si ambiguida-
de na medida em que “[...] é ao mesmo tempo culta (na sua origem), popular (por 
destinação) e técnica (por sua produção). Sua juridicidade a especializa quando sua 
finalidade é a de destinar a todos”. É linguagem de um grupo que “fala” o Direito, seja 
o legislador (o que o edita), aquele que o diz (o juiz), os profissionais do Direito em 
geral (advogados, defensores, membros do Ministério Público, estudantes de Direito 
etc.) e para os destinatários do Direito. Assim, é uma linguagem de caráter profissio-
nal manejada por diferentes atores sociais sendo, portanto, uma linguagem cultural. 
4.1 TÉCNICO-CIENTÍFICA
A linguagem jurídica é, em grande parte, legada pela tradição, ou seja, foi 
sendo construída e reproduzida ao longo do tempo pelos pensadores do Direito e 
acumulada pelo saber jurídico. Embora tenha sido modificado o sentido das expres-
sões do Direito, como veremos mais adiante, a grande marca da linguagem jurídica 
é sua perenidade inscrita na história. 
Porém, será uma linguagem ultrapassada e atrasada? Não porque os termos 
antigos, alguns deles até em latim, não perdem força, mas porque a renovação da 
linguagem jurídica é permanente, sobretudo pelos neologismos, que é a atribuição 
de novos sentidos às palavras já existentes na língua. 
A renovação permanente da linguagem jurídica é dada sobretudo pela juris-
prudência e doutrina jurídica. No entanto, lembre-se que a linguagem jurídica deve 
ser prática e a serviço dos profissionais do Direito. É criada e realizada em função 
da atividade jurídica e judicial e, por esta tal razão, é definida como uma linguagem 
técnico-científica. 
37
A característica técnico-científica ocorre em função do uso semântico 
(acepção) de uma palavra (lexia) no campo teórico-prático do Direito, o que é um 
primeiro problema de vocabulário jurídico a ser enfrentado quando iniciamos o es-
tudo do Direito, pois a primeira dificuldade que existe em qualquer ciência, e precisa 
ser convenientemente enfrentada, é, sem dúvida, a da nomenclatura ou a da exa-
tidão dos termos obrigatoriamente a serem utilizados tecnicamente para a perfeita 
comunicação. Há de se destacar que não há palavra sem significação comum ou 
mesmo lexical, o sentido do termo no texto, segundo o próprio idioma, da língua 
natural, é estabelecido geralmente por sua etimologia. Porém, ao ser utilizada em 
sentido técnico, é necessária a verificação de seu sentido contextual, o que permi-
tirá a identificação precisa do termo. 
É uma linguagem que essencialmente nomeia institutos jurídicos (casamen-
to, divórcio, posse etc., que são “agrupamentos” conceituais e legais que permitem 
sua “localização”, sua identificação no ordenamento jurídico), seu referente (a que o 
termo se refere juridicamente) e seu vocabulário específico. Petri (2017, p. 45) des-
taca que a linguagem jurídica:
[...] nomeia as realidades jurídicas, isto é, essencialmente as instituições e 
as operações jurídicas, entidades que o Direito cria, consagra ou modela. 
Assim, ela nomeia todos os níveis dos poderes públicos, todas as formas 
de atividade econômica, as bases da vida familiar, os contratos, as con-
venções. O Direito nomeia igualmente as realidades naturais e sociais que 
ele apreende e transforma em “fatos jurídicos”, atribuindo-lhes efeitos de 
direito. Assim, ele nomeia os delitos e as situações jurídicas. 
O Direito, como toda ciência, desenvolve uma linguagem correspondente 
com terminologias próprias que se distanciam de seu sentido comum e originário 
e, assim, criam-se categorias próprias que também servem para neutralizar a lin-
guagem natural, contribuindo não possibilitar aos não juristas as convenções e prá-
ticas jurídicas. Confundir linguagem técnica com uso de “palavras difíceis”, termos 
“exclusivamente” jurídicos e rebuscamento desnecessário, corre o risco de cair em 
um cientificismo desnecessário e forma de exercício de poder que reforça o poder 
simbólico autolegitimador do Direito. 
É importante você se familiarizar com a linguagem que fará parte de 
seu cotidiano. Na internet, há diversos glossários e dicionários jurídicos. Su-
gere-se consultar o seguinte material: https://bit.ly/3xTwCDc.
DICA
38
Por fim, salienta-se que, no caso do Direito, linguagem técnica não se con-
funde com latinismos. Apenas para esclarecer melhor, o chamado “latinismo” é uma 
reminiscência com emprego do uso de palavras latinas de maneira exagerada. Evi-
dente que há termos como habeas corpus que é de uso comum e com significado 
próprio. No entanto, e quando nos deparamos com expressões como: cláusula re-
bus sic stantibus; data venia; venia conecessa; mandamus; in casu? Embora, para 
alguns, o uso de expressões latinas demonstra erudição, mas como já dito, a função 
da comunicação no Direito não é pirotécnica. O uso inadequado e indiscriminado do 
latim pouco contribui para o acesso à justiça e garantia do Direito, até porque, em 
não raras vezes, sequer o usuário sabe o significado do termo empregado. 
QUADRO 3 – AS DEZ EXPRESSÕES LATINAS MAIS UTILIZADAS
1 Conditio sine qua non: essa expres-
são significa a condição sem a qual algo 
não pode ser. Ela é aplicada para justifi-
car que, se não for daquela forma, não 
haverá a devida validade. Uma das prin-
cipais aplicações do termo é em casa-
mentos. Nesse caso, a união só aconte-
ce se houver a vontade mútua do casal, 
ou seja, conditio sine qua non.
2 Periculum in mora: o termo é utili-
zado para mostrar que há o perigo na 
demora. Nesse caso, ele deixa explícito 
que a morosidade do processo judicial 
pode gerar algum dano aos envolvidos 
no processo. O advogado utiliza o ter-
mo para justificar a necessidade de uma 
decisão mais rápida, como uma liminar, 
visando proteger seu cliente de riscos.
3 Habeas corpus: uma das expressões 
jurídicas em latim mais conhecidas, ha-
beas corpus significa “que tenha o cor-
po”. Essa referência à liberdade é direta, 
já que o termo é utilizado na solicitação 
desse direito a alguém, evitando qual-
quer ato abusivo. O habeas corpus é so-
licitado para evitar uma prisão ou a con-
tinuidade dela inadequadamente.
6 A posteriori: já a expressão a posteriori 
é o oposto. Ela já é aplicada em argumen-
tações  mais avançadas, tendo o efeito 
como principal avaliação, para então che-
gar até a causa. Nessa etapa a análise já 
conta com provas mais concretas para 
justificar todo o contexto do caso.
7 Data venia: essa é uma expressão 
cordial,utilizada no contexto de argu-
mentações jurídicas. Data venia pode 
ser entendida como uma licença ou per-
missão para discordar de determinado 
ponto de vista. Sua aplicação é uma for-
ma respeitosa de, diante de uma ideia, 
colocar outra colocação contrária com 
opiniões diferentes.
8 Modus operandi: essa é uma das ex-
pressões jurídicas em latim mais utiliza-
das também fora do Direito. Trata-se da 
indicação de uma forma de agir padro-
nizada, ou um procedimento convencio-
nal aplicado. Seu uso no Direito é muito 
comum na avaliação de criminosos em 
série, que sempre repetem a forma de 
praticar os atos.
9 Amicus curiae: é uma expressão 
simples que significa “amigo da corte”.
https://cejur.unyleya.edu.br/blog/saiba-como-as-tecnicas-de-negociacao-podem-se-tornar-ferramentas-poderosas/
https://cejur.unyleya.edu.br/blog/saiba-como-as-tecnicas-de-negociacao-podem-se-tornar-ferramentas-poderosas/
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4 Erga omnes: seu significado é “para 
todos”, ou seja, é utilizada em decisões 
nas quais o efeito vale para todas as par-
tes envolvidas. Suas implicações são vá-
lidas para todos os casos, por isso a ex-
pressão é utilizada como um método de 
eficácia. Assim, fica entendido que todos 
devem cumprir determinada decisão.
5 A priori: a priori é um termo que se 
aplica quando há a indicação de que um 
conceito ou argumento é fundamen-
tado de maneira inicial. Nesse caso, as 
provas são fundamentadas apenas na 
razão, sem que tenha havido determi-
nado estudo.
Sua utilização ocorre em casos em que 
uma terceira pessoa é convocada para 
auxiliar o juiz para definir o veredito. O 
amicus curiae é uma figura muito co-
mum em casos de grande apelo popular, 
com cobertura ampla das mídias tradi-
cionais e mobilização considerável.
10 In dubio pro reu: in dubio pro reu 
significa “em dúvida pelo réu”. Nesses 
casos, o termo é utilizado quando se 
pressupõe a inocência do acusado. O 
artigo 5º da Constituição determina que, 
se houver dúvidas quanto à culpa, o ve-
redito do juiz deve ser favorável ao réu, 
ou seja, ele é inocentado.
FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3MysEEd>. Acesso em: 25 abr. 2022.
Observe, no Quadro 3, que as expressões latinas trazem em si complexos 
conceitos jurídicos.
4.2 LÓGICA E ESTILO
Como expressão de um pensamento, a linguagem não pode ser tão somente 
informativa, mas uma comunicação racional e logicamente ordenada. Como nos 
lembra Telles Júnior (1980, p. 32), a “[...] lógica é a ciência da argumentação (ou 
produto do raciocínio), diretiva da operação de raciocinar”. Para se compreender a 
comunicação jurídica, é absolutamente indispensável a construção e manutenção 
de um raciocínio lógico durante o processo comunicativo, no sentido de “organizar” 
sistematicamente o discurso. 
Mais adiante estudaremos a lógica e argumentação jurídica de maneira es-
pecífica, ao tratarmos o tema de interpretação, na Unidade 3. Entretanto, apenas 
para compreendermos que não é possível deixar de frisar que a linguagem jurídi-
ca como exposição argumentativa não pode deixar de considerar a compreensão 
adequada das expressões utilizadas. Embora se possa expressar diferentes termos 
com distintas significações, os sentidos se estruturam e se interrelacionam, de for-
ma a fixar limites de sentido contribuindo para a não ambiguidade e contradição, 
com vistas a melhor persuasão.
40
O discurso jurídico, em sua totalidade, tem por vetor principal o chamado 
princípio da interação entre emissor e receptor. Como já estudado, a comunicação 
tem como princípio básico a interação de ideias e pensamentos entre o emissor e o 
receptor por meio da fala e, para que ocorra o processo comunicativo e reações en-
tre ambos, a construção do discurso há que ser lógica, coerente e, sobretudo, culta.
 
O nível culto da linguagem jurídica é relacionado com a necessidade persu-
asiva e lógica, a fim do operador demonstrar o domínio e capacidade de expressar a 
profundidade conceitual que serve para manejar a linguagem com autoridade.
A logicidade se evidencia na clareza e uso semântico adequado da lingua-
gem evitando-se a ambiguidade, vagueza ou obscuridade da mensagem, razão 
pela qual os termos devem estar em seu “devido lugar no discurso”, como se diz, 
usar “a palavra certa no lugar e sentido certo”. 
A correção da linguagem no Direito confunde-se com o seu inerente forma-
lismo, rigor gramatical e precisão técnica. É por essa razão que os juristas possuem 
um estilo próprio utilizando pronomes de tratamento formais, títulos e adjetivos de 
tal maneira que acaba por ser bastante evidente no cotidiano do trabalho dos juris-
tas o estilo jurídico de se expressar. 
O tradicionalismo no tratamento jurídico é bastante arraigado na formação 
e na cultura jurídica de tal maneira que são consolidadas pelo costume. Expressões 
como: “egrégio Tribunal de Justiça”; “nobre casuístico”; “eminente julgador”; “excel-
so Supremo” etc., são expressões que conferem característica específica ao texto 
e discurso jurídico. Porém, há sempre que se ter cuidado no uso das expressões 
jurídicas, a fim de não pecar pela erudição exagerada e sem propósito como a falta 
de clareza e lógica na comunicação, o que é um fator que compromete o objetivo 
persuasivo. 
4.3 CONCISÃO
Outro atributo importante da linguagem jurídica é a concisão, ou objetivi-
dade, que é a busca de expressão do pensamento de forma breve, privilegiando o 
essencial do que se pretende expor. 
É aqui que o uso de locuções e de máximas (brocardos, aforismos, provér-
bios) latinas podem auxiliar, uma vez que são formas concisas que auxiliam na ex-
pressão de significados jurídicos. Locuções latinas como ad judicia (procuração vá-
41
lida apenas para o juízo); data venia (com a devida licença para discordar); e mutatis 
mutandis (mudado o que deve ser mudado), por si só sintetizam o objetivo da co-
municação. Ou mesmo brocardos jurídicos como pacta sunt servanda (os acordos 
devem ser cumpridos); nullum crimen sine lege (não há crime algum sem lei como 
princípio do Direito Penal) possuem a função de expressar de maneira concisa um 
complexo conceito. 
Destaca-se que, apesar na necessidade de objetividade e concisão, não é 
adequado o uso do que se denomina “frases de arrastão”, que são frases que utili-
zam pouco e variados conectivos coordenativos, como, por exemplo, “pois é, é, en-
tão, pois”. Ainda não são recomendáveis as chamadas “frases de ladainha”, que uti-
lizam excesso de conectivos, tais como “viveu feliz e leu e amou e chorou e sofreu 
e morreu”. Ou mesmo as “frases telegráfica”, como: “o acusado entrou na audiência 
e sentou. Abaixou a cabeça. Estava triste. Sabia da condenação”.
 
4.4 ESTÉTICA
Uma das características relevantes na comunicação jurídica é a elegância. O 
Direito e sua linguagem são produtos de uma acumulação histórica milenar que se 
reveste de técnica. É neste sentido que afirma Reale (1992, p. 87, grifos do original): 
Os juristas falam uma linguagem própria e devem ter orgulho de sua lin-
guagem multimilenar, dignidade que bem poucas ciências podem invocar 
[...] antes exige os valores da beleza e da elegância” e devem “ter vaidade 
da linguagem jurídica, uma das primeiras a se revestir de forma científica, 
continuando a ter, desde as origens, o Direito Romano como fonte exem-
plar e ponto de referência.
Você já deve ter se dado conta que o Direito é, por excelência, a arte e a 
ciência da palavra e que deve ser boa e bem elaborada, pois é por meio dela que o 
profissional do Direito se expressa. 
Como o jurista busca, na prática, a realização do justo no caso concreto, no 
sentido de garantia e proteção a direitos, tendo na pessoa humana e sua dignidade 
como fonte valorativa, não há como dissociar a técnica da ética. 
https://jus.com.br/tudo/pacta-sunt-servanda
https://jus.com.br/tudo/direito-romano
42
FIGURA 16 – CONCEITO DE ÉTICA
FONTE: <https://bit.ly/3LeZutB>. Acesso em: 25 abr. 2022.
A Figura 16, na qual brevemente se conceitua ética, chama a atenção para 
o fato de que, no manejo da linguagem

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