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Sinapses: Comunicação entre Neurônios

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Monique Araujo 
 Sinapses 
Em média, um neurônio tem 1.000 conexões sinápticas e recebe mais de 
10.000 conexões. As células de Purkinje do cerebelo recebem mais de 100.000 
conexões aferentes, por exemplo. 
O sistema nervoso tem uma complexa rede sensorial em que os mais diversos 
tipos de receptores sensoriais, dentro e fora do corpo humano, estão o tempo todo 
captando estímulos e enviando ao Sistema Nervoso Central (SNC). Mais de 99% 
dessa informação sensorial, depois de ser “analisada”, é descartada pelo SNC e 
sequer se torna consciente. No entanto, algumas informações sensoriais 
captadas necessitam que respostas adequadas sejam enviadas por vias motoras 
até os respectivos órgãos efetores. 
Para que essa comunicação ocorra entre os diferentes neurônios, ou entre o 
neurônio e uma célula efetora (pode ser uma glândula ou um músculo), é 
necessário que ocorram sinapses. O termo sinapse parece ter sido dado pelo 
Fisiologista inglês Sir Charles S. Sherrington (1852-1952) e significa em grego 
“prender”. No entanto, Santiago Ramon Y Cajal já havia descrito 
histologicamente como “zona especializada de contato”. 
Atualmente, pode-se conceituar sinapse como sendo a passagem de um estímulo 
nervoso (informação) de um neurônio para outro, ou de um neurônio para uma 
célula efetora. Portanto, a sinapse é interpretada como uma forma de 
comunicação entre essas células. 
Primeiramente, acreditava-se que todas as sinapses eram elétricas até que, por 
volta de 1920, o farmacêutico alemão Otto Loewi descobriu que uma substância 
química denominada de acetilcolina (Ach) transmitia sinais do nervo vago (10º 
par craniano) ao coração. Essa descoberta gerou intensos debates sobre como 
ocorriam as transmissões sinápticas. 
Atualmente, sabe-se que existem dois tipos de sinapses: elétricas e químicas. No 
ser humano, a maioria das sinapses se utilizam de um transmissor químico 
(neurotransmissor). Porém, existem sinapses que atuam exclusivamente por 
estímulos elétricos. 
As sinapses elétricas necessitam de estruturas proteicas denominadas canais 
de junções comunicantes ou junções do tipo GAP, que permitem a passagem de 
íons de uma célula para a outra de maneira muito rápida e estereotipada. Esse 
tipo de junção interliga o citoplasma da célula pré-sináptica com o citoplasma 
da outra célula pós-sináptica (célula alvo), permitindo que a corrente elétrica 
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Monique Araujo 
flua através desses canais. A sinapse elétrica ocorre em neurônios e neuroglias, 
sendo também encontrada na musculatura lisa e na musculatura estriada 
cardíaca. 
O potencial de ação produzido na célula pré-sináptica produz um potencial 
pós-sináptico de despolarização, desencadeando um potencial de ação. A 
latência, que é o tempo entre o 
potencial de ação pré-sináptico e o 
potencial de ação pós-sináptico, é 
muito curta, sendo quase 
instantânea. Já a sinapse 
química depende de outros fatores 
que vão desde a liberação do 
transmissor na fenda sináptica, 
difusão do transmissor até a 
membrana pós-sináptica e ligação 
desse transmissor a um receptor 
específico na membrana pós-
sináptica para que ocorra a 
abertura de canais iônicos. 
A maioria dos canais de junções comunicantes fecha-se em resposta a uma 
diminuição do pH do citoplasma ou a um aumento do nível de cálcio 
intracelular. Sendo essa informação útil, inclusive, para verificar se a célula 
se encontra em perfeita funcionabilidade. Células lesadas têm altas 
quantidades de cálcio e prótons no seu interior. 
Algumas sinapses elétricas são chamadas de retificadoras, pois seus canais são 
dependentes de voltagem. Isso faz com que só sejam capazes de conduzir o 
estímulo elétrico em um único sentido, sempre da célula pré-sináptica para a 
célula pós-sináptica. 
A abertura e o fechamento dos canais parecem ser dependentes de um pequeno 
deslocamento das seis conexinas que os compõe. Cada canal de junção 
comunicante é formado por dois hemicanais, que ficam um na célula pré-
sináptica e outro na célula pós-sináptica. Esse hemicanal é denominado 
de conéxon e é composto de seis proteínas chamadas de conexinas que parecem 
ser capazes de executar essa mudança conformacional que resulta na abertura e 
no fechamento dos canais de junções comunicantes. 
Desse modo, as junções comunicantes são importantíssimas pela sua 
capacidade de aumentar a velocidade da sinalização neural e de produzir 
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sincronismo importante. Além disso, pelo seu tamanho relativamente grande, 
os canais de junções comunicantes também podem permitir sinais metabólicos 
entre as células, pois, além do fluxo de íons (positivos ou negativos) através 
deles ser comum, eles também permitem a passagem de alguns compostos 
orgânicos e até de pequenos peptídeos. 
As sinapses químicas são realizadas através de substâncias químicas 
chamadas de neurotransmissores, que atuam como mensageiros químicos, 
passando o estímulo 
nervoso de uma 
célula para a outra, 
as quais são 
separadas 
completamente por 
um espaço que se 
chama fenda 
sináptica.

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