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Livro-Texto Unidade III politica social no brasil

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Unidade III
Unidade III
Agora, vamos passar à apresentação das chamadas políticas sociais setoriais, ou seja, intervenções 
públicas desenvolvidas para além do Sistema de Seguridade Social, em educação, habitação, justiça e 
segurança. Também abordaremos as ações desenvolvidas perante a família; não se trata de política social, 
mas de uma área de ação. Também exibiremos a ação desenvolvida em uma expressão específica e 
ligada à saúde, a saber: a saúde mental. Ao final, veremos as diversas perspectiva analíticas sobre a 
política social.
7 AS POLÍTICAS SOCIAIS SETORIAIS: SAÚDE MENTAL
A intervenção em saúde mental tem se configurado como um campo amplo de trabalho do 
assistente social brasileiro. No entanto, para entender em quais espaços da saúde mental, esse 
profissional tem sido requisitado é basal conhecer um pouco do desenvolvimento histórico da saúde 
mental e, na sequência, apresentarmos como os serviços dessa natureza têm se constituído. Ao final 
desse texto, exibiremos ainda as orientações realizadas pelo Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) 
para a atuação dos assistentes sociais em saúde mental.
7.1 História das práticas em saúde mental: realidade internacional e no Brasil
A saúde mental resulta de um amplo processo de desenvolvimento pelo qual passou o gênero 
humano. Assim, esse é um conceito novo, contemporâneo, mas aproximando‑nos das formas com que 
era compreendida a doença mental, nos mais variados contextos, nos dá a saber, em grande medida, de 
como eram as ações desenvolvidas em prol da loucura.
Dessa maneira, podemos observar que, na Grécia Antiga, Hipócrates, médico e pensador de 
referência daquele período, compreendia a loucura como a perda da razão. Portanto, o louco era 
associado a tudo que era irracional. No entanto, alguns pensadores da época apresentavam certo 
fascínio pela loucura, compreendendo o doente mental como um ser diferenciado, algo a ser 
imitado. Já, na Idade Média, por influência da Igreja Católica, o louco passou a ser tratado como 
alguém que estava sob influência maligna. O louco também era compreendido como um indivíduo 
que estaria “pagando” os pecados cometidos por gerações anteriores. No entanto, até a Idade 
Média, era comum que os doentes mentais transitassem e perambulassem sem controle. A partir da 
Idade Média, vemos que os loucos passam a ser rejeitados pela sociedade e segregados em espaços 
de confinamento (MELO, 2012). Foucault (1979) indica que, durante a Idade Média, era comum que 
aqueles considerados loucos fossem abandonados por navios em locais desabitados, entregues à 
própria sorte.
No século XVII, Descartes compreendida que os loucos eram pessoas que não poderiam 
compreender, de forma plena, a verdade. Portanto, perde‑se a crença de que loucura era ausência 
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de razão e da mesma forma é enfraquecida a concepção de que ela estaria orientada a algum 
problema de ordem espiritual. Descartes propunha a investigação dos fenômenos para melhor 
conhecê‑los e isso desarticulou, em grande medida, o saber assentado apenas em suposições. No 
entanto, mesmo com essa forma de compreender o doente mental, mesmo na transição entre 
Idade Média e Idade Moderna, o atendimento permaneceu sendo orientado pela segregação. No 
caso, as instituições alisares, assentadas na segregação e em práticas que buscavam controlar 
os corpos dos doentes mentais, tornaram‑se hegemônicas na atenção ao doente mental e se 
espalharam em toda Europa e em todas as partes do globo. Nessas instituições, as pessoas eram 
internadas, e permaneciam nesses espaços sem qualquer atividade, por longos anos. Muitos 
daqueles que eram institucionalizados, no entanto, não eram doentes mentais, podendo ser 
alocados em um mesmo espaço crianças abandonadas, idosos, ladrões, pessoas com hanseníase 
e doentes mentais. As instituições buscavam apenas o controle dos corpos e usavam práticas 
assentadas na agressão física, nos eletrochoques e outras medidas extremamente prejudiciais 
aos internados (MELO, 2012).
Esse estado de coisas só veio a ser alterado a partir de Philippe Pinel. Antes de prosseguirmos, consta 
na sequência a figura do referido médico:
Figura 20 – Philippe Pinel
Para Melo (2012), Pinel se destacou como o fundador da psiquiatria na França, em meados do século 
XVIII. Pinel foi diretor de dois importantes hospitais franceses: Bicêtre e Salpêtrière. Pinel mostrou‑se, 
desde o princípio de sua intervenção, contrário à prática que até então era utilizada nas instituições de 
acolhimento ao louco. Inicialmente sua proposta era por desenvolver atividades laborais ocupacionais, 
associando‑se a elas a utilização de medicamentos. Pinel pressupunha que o atendimento asilar era 
necessário, porém, defendia práticas inovadoras e humanas para a época. Além de recomendar atividade 
prática, ancorada em remédios e não mais em castigos, ele começou um processo de separação 
daqueles que eram atendidos nas clínicas. Isso porque, como sabemos, essas instituições recebiam todos 
aqueles que não eram aceitos socialmente. Pinel propunha que as instituições, chamadas psiquiátricas, 
atendessem somente os loucos.
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Unidade III
 Saiba mais
Recomendamos que utilizem como material complementar o filme 
a seguir:
UM ESTRANHO no ninho. Dir. Miloš Forman, 1976. 129 minutos.
Um filme antigo no qual vemos retratado um caso de um prisioneiro que 
finge ter uma patologia ao buscar ser encaminhado para uma instituição 
psiquiátrica. Na obra, temos a apresentação de uma suposta patologia, além 
disso, podemos observar as formas de tratamento conferidas ao doente 
mental no período. Vale a pena assistir a essa película.
Mesmo recomendando a utilização de novos métodos de abordagem, Pinel não tinha ainda todos 
os recursos necessários ao pleno atendimento do doente mental. Esses mecanismos só surgiram em 
fins do século XIX e início do século XX. Aqui nos referimos ao avanço e à expansão da neurologia e à 
ampliação dos psicotrópicos. No sentido em pauta, cabe a nós reforçar que é somente com a expansão 
e reconhecimento da neurologia que se tornou possível entender a loucura como proveniente, dentre 
outros aspectos afins, da disfunção neural. Nessa época, a loucura passou a ser nomeada por alguns 
profissionais como “psicose”, mas o entendimento é que a doença provinha do comprometimento de um 
aspecto biológico basal para evitar práticas e condutas que buscavam uniformizar a conduta do louco. Já os 
medicamentos psicotrópicos mostram‑se igualmente relevantes, visto que foi a partir de meados de 1950 
que eles passaram a ser amplamente utilizados, caracterizando o atendimento ao doente mental como 
uma “psiquiatria química”, ou seja, assentada no tratamento medicamentoso. Apesar de Melo (2012) 
destacar que hoje temos ciência de que o excesso de medicamentos pode também agravar a doença 
mental, na época, os medicamentos foram importantes dispositivos usados visando a minimização de 
algumas patologias, tornando o atendimento mais humano. Para tanto, mesmo com o desenvolvimento 
da neurologia e dos psicotrópicos, no momento, ainda teremos uma prática de ação especialmente 
orientada para a segregação do doente mental em espaços fechados, prevalecendo assim o atendimento 
centrado no modelo do hospital.
Foi da Itália, já em meados do século XX, que tivemos o surgimento de uma nova perspectiva do 
trabalho com o doente mental, defendida com muito vigor por Franco Basaglia. Você já ouviu alguma 
coisa sobre ele? Se não, faremos uma brevedescrição. Basaglia foi um psiquiatra e neurologista italiano, 
que teceu severas e pesadas críticas ao modelo de internação do doente mental. Além de propor 
práticas e condutas mais humanas, ele pressupunha que o doente mental deveria ser reinserido na 
vida em sociedade, posto que a loucura era algo que o integrava, que o fazia ser quem era. Basaglia 
é reconhecidamente apresentado como o maior interlocutor do que chamamos luta antimanicomial, 
uma vez que pressupunha o fechamento dos manicômios e a instituição de uma rede de atenção social 
destinada a promover a vida do doente mental em sua comunidade (AMARANTE, 2007).
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 Saiba mais
A fim de conhecer um pouco mais da vida de Basaglia? O texto seguir, 
de autoria de Paulo Amarante, um importante nome dos estudos da saúde 
mental no Brasil, nos dá a saber da vida acadêmica e da luta de Basaglia.
AMARANTE, P. Uma aventura no manicômio: a trajetória de Franco 
Basaglia. História, Ciências, Saúde‑Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 1, 
n. 1, p. 61‑77, out. 1994. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0104‑59701994000100006&lng=en&nrm=
iso>. Acesso em: 11 mar. 2019.
Amarante (2007) ainda nos diz que o exemplo mais representativo das lutas de Basaglia ficou 
consolidado no Hospital Provincial de Trieste, onde o psiquiatra assumiu a direção da instituição. 
Inicialmente Basaglia realizou uma mudança nas formas de conduta do hospital, passando a 
desenvolver práticas de partilha de decisões com os internos, além de estimular atividades lúdicas e 
de recreação. Em Trieste também foram abolidos castigos físicos, eletrochoques e condutas análogas. 
Com o tempo, Basaglia realizou a inserção dos doentes mentais de Trieste na sociedade novamente por 
meio da consolidação de uma rede territorial de atendimento construída através de serviços de atenção 
comunitária, atendimento em emergências psiquiátricas e no hospital geral, além de cooperativas de 
trabalho protegido, de centros de convivência e moradias assistidas. Melo (2012) nos colocou que, 
no ano de 1973, a Organização Mundial de Saúde declarou que a experiência de Trieste era a maior 
referência de atendimento psiquiátrico existente. A autora nos coloca ainda que, no ano de 1976, o 
Hospital Providencial de Trieste foi fechado, e os pacientes foram totalmente reinseridos na sociedade.
No entanto, na Itália, somente no ano de 1978 foi aprovada a Lei nº 180, de 13 de maio, em que foi 
autorizada a Lei de Reforma Psiquiátrica italiana, processando então uma profunda alteração do sistema 
de atendimento ao doente mental. Assim, buscou‑se cada vez mais o fechamento das instituições que 
prestavam o atendimento em regime fechado para os doentes mentais. Obviamente que essa mudança 
não aconteceu de um dia para outro, mas, com o tempo, a Itália foi mudando o seu formato de 
intervenção perante o doente mental.
 Saiba mais
Para conhecer melhor a respeito da reforma sanitária, acesse:
LEI 180 de 13 de maio de 1978. Controles e tratamentos sanitários 
voluntários e obrigatórios. Brasília, 1978. Disponível em: <http://www.
abrasme.org.br/resources/download/1359320456_ARQUIVO_Lei_180_
de_13_de_Maio_de_1978.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2019.
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A vivência italiana foi extremamente importante para o Brasil, condicionando também as mudanças 
em relação à saúde mental. No entanto, antes de falarmos disso, precisamos compreender como essa 
ação fora desenvolvida em nosso país e de forma análoga ter a ciência de como era entendido o doente 
mental no Brasil. Dias (2012) nos coloca que na época da colônia, os doentes mentais não recebiam 
nenhum atendimento específico. Nesse sentido, todos aqueles que padeciam de sofrimento mental 
eram entregues à própria sorte, sem uma intervenção específica. Em alguns casos, eram atendidos nas 
Santas Casas de Misericórdia, com crianças vítimas de abandono, pessoas que cometeram ato infracional 
e assim sucessivamente.
Foi no Império que surgiram, no entanto, as grandes instituições hospitalares destinadas a atender 
doentes mentais, as quais, em sua maioria, eram ligadas a organizações religiosas. Essas organizações 
criaram os grandes asilos psiquiátricos e conferiram a tônica do atendimento ao doente mental no 
país. Nesses espaços, assim como na Itália e em todo mundo, o doente mental era mantido em regime 
fechado, sem qualquer convivência com a sociedade, com a família, com o mundo exterior. “O modelo 
clássico de atenção em saúde mental foi a construção e manutenção de grandes asilos psiquiátricos 
que demonstraram sua incapacidade de tratar e de respeitar os direitos dos portadores de transtorno 
mental” (DIAS, 2012, p. 3). Partindo da ação do Império, entretanto, teremos a criação em 1852 do 
primeiro hospício do país, o Hospício Dom Pedro II.
 Observação
O período do Império em que temos a vinda da corte portuguesa ao 
Brasil foi de 1822 a 1889.
Já no ano de 1903, no contexto da República Velha, teremos a publicação de uma nova legislação, a 
Lei Federal de Assistência aos Alienados, de número 1.132, de 22 de dezembro. No entanto, na legislação, 
temos o direcionamento de que o doente mental deveria ser inserido em instituições de acolhimento a 
fim de não perturbar a ordem social. O artigo 1º da referida legislação deixa bem claro o entendimento 
em relação à ação sobre o doente mental e a pessoa que padece dessa patologia. Vejamos:
Art. 1º O individuo que, por molestia mental, congenita ou adquirida, 
comprometter a ordem publica ou a segurança das pessoas, será recolhido a 
um estabelecimento de alienados.
§ 1º A reclusão, porém, só se tornará effectiva em estabelecimento dessa 
especie, quer publico, quer particular, depois de provada a alienação.
§ 2º Si a ordem publica exigir a internação de um alienado, será provisoria 
sua admissão em asylo publico ou particular, devendo o director do 
estabelecimento, dentro em 24 horas, communicar ao juiz competente a 
admissão do enfermo e relatar‑lhe todo o occorrido a respeito, instruindo 
o relatorio com a observação medica que houver sido feita (BRASIL, 1903).
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Portanto, o doente mental é apresentado como aquele que pode ter nascido doente ou que pode 
ter adquirido a doença, mas, se perturbasse a ordem social, deveria ser recolhido ao asilo, os hospitais 
psiquiátricos. Assim, em grande parte da República Velha, o atendimento permaneceu assentado nos 
grandes hospitais. Dias (2012) nos diz ainda que nos anos 1920 tivemos mudanças na organização 
da Medicina, e isso trouxe influências para a prática asilar até então desempenhada. A autora nos 
remete então à confluência dos ideais do sanitarismo e da eugenia, que influenciaram as práticas em 
saúde, sobretudo no que diz respeito às instituições asilares. O sanitarismo buscava, tal como o termo 
sugere, higienizar o país e, dessa maneira, incutir novos hábitos ao povo brasileiro. Acreditava‑se que 
uma sociedade só conseguiria alcançar o desenvolvimento econômico se o seu povo fosse sadio, e, 
por isso, todas as condutas tidas como prejudiciais à saúde eram coibidas. Já a eugenia é a crença 
de que o ser humano possui uma carga biológica, que apresenta predisposições a ter determinados 
comportamentos. Logo, acredita‑se na existência de uma dada herança genética que orienta as pessoas 
a adotar determinadas posturas.
Derivando dessa perspectiva, eugênica e higiênica, no ano de 1923, temos a criação no Brasil da 
Liga Brasileira de Higiene Mental. A Ligatornou‑se responsável por criar hospitais para atendimento ao 
doente mental e também por instituir as colônias agrícolas, onde o trabalho era usado para supostamente 
intervir nas patologias dos atendidos. No entanto, esses serviços não eram constituídos apenas aos 
doentes mentais, uma vez que atendiam ainda a portadores de tuberculose e de hanseníase.
Dias (2012) nos indica ainda uma série de eventos que aconteceram, porém, a partir de 1930, estão 
ligados à questão do doente mental no período. Um deles foi a criação do Ministério da Educação e da 
Saúde Pública, em 1930, que, por sua vez, no ano de 1941, instituiu o Serviço Nacional de Doenças Mentais. 
O Serviço Nacional de Doenças Mentais deveria organizar a atenção ao doente mental no país, que 
só permaneceu sendo executado através dos hospitais. Além dessa ação, teremos, também, durante o 
governo Vargas, em 1934, a promulgação do Decreto nº 24.559, destinada à Assistência e Proteção à 
Pessoa e aos Bens do Psicopata. No entanto, analisando o teor do documento, vemos que se trata da 
delimitação de parâmetros para a atuação perante o doente mental, nomeados na lei em questão pelo 
termo “psicopatas”. Ainda a título de exemplo, observe o que nos dizem os artigos nº 3º e 4º sobre a 
proteção destinada a esse segmento:
Art. 3º A proteção legal e a prevenção a que se refere o art. 1º dêste decreto, 
obedecerão aos modernos preceitos da psiquiatria e da medicina social.
§ 1º Os psicopatas deverão ser mantidos em estabelecimentos psiquiátricos 
públicos ou particulares, ou assistência hetero‑familiar do Estado ou em 
domicílio, da própria familia ou, de outra, sempre que neste lhes puderem 
ser ministrados os necessários cuidados.
§ 2º Os menores anormais somente poderão ser recebidos em 
estabelecimentos psiquiátricos a êles destinados ou em secções especiais 
dos demais estabelecimentos especiais dos demais estabelecimentos 
dêsse gênero.
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§ 3º Não é permitido manter doentes com disturbios mentais em hospitais 
de clínica geral a não ser nas secções especiais de que trata o parágrafo 
único do art. 4º.
§ 4º Não é permitido conservar mais de três doentes mentais em um 
domicílio, observando‑se. porém, o disposto no art. 10.
§ 5º Podem ser admitidos nos estabelecimentos psiquiátricos os toxicômanos 
e os intoxicados por substâncias de ação analgésica ou entorpecente por 
bebidas inebriantes, particularmente as alcoólicas.
Art. 4º São considerados estabelecimentos psiquiátricos, para os fins dêste 
decreto, os que se destinarem a hospitalização de doentes mentais e as 
secções especiais, com o mesmo fim, de hospitais gerais, asilos de velhos, 
casas da educação e outros estabelecimentos de assistência social.
Parágrafo único. Êsses estabelecimentos psiquiátricos, públicos ou 
particulares deverão:
a) ser dirigidos por profissionais devidamente habilitados, dispôr de pessoal 
idôneo moral e profissionalmente, para os serviços clínicos e administrativos, 
e manter plantão médico permanente;
b) estar convenientemente instalados em edifícios adequados, com dependências 
que permitam aos doentes completa separação dos sexos convenientes distribuição 
de acôrdo também com as suas reações psicopáticas e a possibilidade de vida e 
ocupação ao ar livre;
c) dispôr dos recursos técnicos adequados ao tratamento conveniente aos 
enfermos (BRASIL, 1934).
Nos artigos inseridos, vemos que o hospital ainda é apresentado como o espaço por excelência do 
tratamento do doente mental. No entanto, observamos nesse texto que há a possibilidade de o doente 
mental ser atendido em casa, desde que tenha acesso a demais serviços necessários. Vemos também 
em tal legislação a necessidade, no entanto, de observação de dados aspectos pelas instituições de 
atendimento. Esse decreto foi substituído em 1946 pelo Decreto‑lei nº 8.550, que instituiu o Serviço 
Nacional de Doenças Mentais. No entanto, o Serviço Nacional de Doenças Mentais foi criado com a 
finalidade última de firmar convênios para a construção e a ampliação de hospitais psiquiátricos 
(DIAS, 2012). No ano de 1955, a Organização Mundial de Saúde manifestou‑se no sentido de fortalecer 
a necessidade da consolidação de normas para o atendimento hospitalar, mas, mesmo ela compreendia 
que esse era o único formato de atendimento destinado ao doente mental (MELO, 2012).
Após esse evento, teremos, de mais significativo, em 1960, a criação da Clínica Pinel, em Porto Alegre 
e, no ano de 1967, conforme Melo (2012), o Brasil promoverá a Campanha Nacional de Saúde Mental, 
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que, resultou na constituição de ambulatórios de saúde mental em 18 municípios brasileiros. Porém, 
nessa época, segundo Dias (2012), tivemos o aumento de 213 % das internações no Brasil, considerando, 
no entanto, o período de 1950 a 1970. De tal forma, a prática ambulatorial não desqualificava a hospitalar 
ainda hegemônica no país.
Melo (2012) reforça que as críticas ao formato hospitalar eram presentes na realidade brasileira desde 
o segundo pós‑guerra, porém, foi somente a partir de fins dos anos 1970, que elas se consolidaram. 
O pontapé inicial teria sido o Plano Integrado em Saúde Mental, lançado pelo Ministério da Saúde 
em 1978, e que tinha como objetivo promover a formação de equipes multidisciplinares e médicos 
generalistas para atuar na área da saúde mental. Por um lado, grande parte desses profissionais ainda 
eram alocados nos hospitais psiquiátricos, mas, por outro lado, a inserção de profissionais de várias 
áreas deflagra o surgimento ainda que rudimentar do entendimento de que o doente mental precisa 
de outros saberes e de outras ações além do padrão oferecido pelo hospital e que estava respaldado no 
saber médico e na utilização de medicamentos.
Nos anos 1970, vivenciamos ainda a organização do movimento sanitário, vinculado ao movimento 
de reforma sanitária. Além de exigir uma política social de saúde destinada a todos os brasileiros, de 
buscar qualificar as práticas em saúde, o movimento sanitário passa então a reivindicar a reforma 
psiquiátrica. Leia‑se como reforma psiquiátrica a instituição de condutas mais humanas perante os 
doentes mentais e, sobretudo, o fechamento dos hospitais. O movimento estava vinculado também 
à Organização dos Trabalhadores em Saúde Mental, que era contrário às formas de tratamento dos 
pacientes incluídos nas instituições asilares no país. Entretanto, no Brasil, como indica Melo (2012), 
no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, o país ainda era com predominância de atendimento 
hospitalar. No caso, o país contava ao final dos anos 1970 com mais de 80.000 mil leitos ocupados em 
instituições psiquiátricas.
 Saiba mais
A realidade dos hospitais psiquiátricos é deflagrada no documentário 
a seguir:
HOLOCAUSTO brasileiro. Dir. Daniela Arbex, 2003. 95 minutos.
Nele, temos uma recuperação histórica de um dos maiores hospitais 
psiquiátricos do Brasil, o Hospital Barbacena de Minas Gerais, em que 
tivemos muitas mortes e tratamentos agressivos de doentes mentais. Vale 
a pena assistir.
Para tanto, a discussão sobre a saúde e a saúde mental ganhou corpo no Brasil. Grande parte dessas 
discussões mostrou‑se presente na 8ª Conferência Nacional de Saúde no ano de 1986. Aprimorando os 
debates em relação ao campo da saúde mental, tivemos, no Brasil, a 1ª Conferência Nacional de Saúde 
Mental, no ano de 1987. Também é do ano de 1986 a redação do texto do projeto de fechamento 
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dos hospitais, do deputadoPaulo Delgado. O projeto aprovado apenas em 2001 foi vital para ampliar 
a discussão sobre a nocividade dos atendimentos hospitalares psiquiátricos desenvolvidos no país. 
A Lei Paulo Delgado, como ficou conhecida, destaca que é responsabilidade do Estado a gestão das 
ações em saúde mental, congregando esse tipo de serviço como um direito do cidadão. Informa ainda 
que a internação deveria ser usada somente quando os demais recursos não se mostrarem capazes 
de atender a necessidade do doente mental. E mais, indica que os pacientes que estavam há tempos 
institucionalizados deveriam ter suporte necessário para a reinserção social, familiar e comunitária. 
Vejamos parte do texto da referida legislação:
Art. 4º A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada 
quando os recursos extra‑hospitalares se mostrarem insuficientes.
§ 1º O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social 
do paciente em seu meio.
§ 2º O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a 
oferecer assistência integral à pessoa portadora de transtornos mentais, 
incluindo serviços médicos, de assistência social, psicológicos, ocupacionais, 
de lazer, e outros.
§ 3º É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais 
em instituições com características asilares, ou seja, aquelas desprovidas 
dos recursos mencionados no § 2º e que não assegurem aos pacientes os 
direitos enumerados no parágrafo único do art. 2º. Art. 5º O paciente há 
longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação de grave 
dependência institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de ausência 
de suporte social, será objeto de política específica de alta planejada e 
reabilitação psicossocial assistida, sob responsabilidade da autoridade 
sanitária competente e supervisão de instância a ser definida pelo Poder 
Executivo, assegurada a continuidade do tratamento, quando necessário 
(BRASIL, 2001).
Ainda reforça que a internação deveria seguir parâmetros mais rígidos. Antes de a lei ser aprovada, 
no entanto, houve muito estudo e pesquisa dos profissionais na saúde a fim de construir um modelo 
de atenção, além do hospital. De tantas discussões, surgiram atividades concretas, e a primeira delas 
aconteceu em Santos, em 1989, com a primeira experiência de intervenção perante o doente mental em 
meio aberto. Outras experiências similares foram sendo desenvolvidas em todo país, mesmo antes da 
consolidação da Lei Paulo Delgado, porém, somente com a promulgação da legislação, é que se definiram 
os Centros de Atenção Psicossocial como equipamentos privilegiados do atendimento ao doente mental 
(mas não o único). Por outro lado, procedeu‑se uma lenta e gradual “desospitalização”, termo pelo 
qual pacientes antigos institucionalizados foram reinseridos em suas famílias ou então alocados em 
residências terapêuticas. Entretanto, esse não foi um processo ainda plenamente consolidado e está em 
construção no nosso país.
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A seguir, a título de curiosidade, matéria que demonstra o fechamento de um desses hospitais.
Hospital psiquiátrico Vera Cruz em Sorocaba é oficialmente desativado
Os quatro últimos pacientes da unidade deixaram o local e foram para residências 
terapêuticas. Cidade antes conhecida como polo manicomial agora fica sem unidade para 
tratamento de doenças mentais.
O Hospital Vera Cruz foi oficialmente desativado nesta terça‑feira (6) em Sorocaba 
(SP). Os quatro últimos pacientes que estavam internados na unidade deixaram o 
local no período da manhã e foram encaminhados para residências terapêuticas de 
Salto (SP).
Os pacientes transferidos foram: Adalgiza Siqueira da Silva, de 70 anos, que estava 
internada no hospital há 26 anos; Adimael Latanzio, 50 anos, internado há 12 anos; Ananias 
Martins, 45 anos, internado há 30 anos, e Roberto Justino da Silva, 52 anos, que estava há 
16 anos na unidade.
De acordo com a coordenadora do Saúde Mental, Fernanda Biúdes, os pacientes foram 
encaminhados para residências terapêuticas de Salto porque é a cidade de nascimento deles 
e local de moradia dos familiares.
Com a desativação, a cidade de Sorocaba – que já foi o centro do maior polo manicomial 
no Brasil, com 2,7 mil pacientes – fecha oficialmente todos os seus hospitais psiquiátricos.
“O Termo de Ajuste de Conduta [TAC] foi assinado em novembro de 2012 em Sorocaba, 
Salto de Pirapora e Piedade. Sorocaba é o primeiro município a cumprir esse TAC. Era para 
ter sido encerrado em 2016”, conta a coordenadora. [...]
Fonte: G1 Sorocaba e Jundiaí (2018).
Exemplo de aplicação
De acordo com o texto prévio e adotando como parâmetros o que estudamos até o momento, 
podemos dizer que os hospitais psiquiátricos vêm sendo substituídos por residências terapêuticas. Como 
analisar essa mudança no formato de atenção à saúde mental proposta pelo fechamento dos hospitais? 
Reflita sobre isso.
No tópico subsequente, apresentaremos um rol amplo de informações a respeito do que pode ser 
compreendido, hoje, como atuação em saúde mental no Brasil.
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7.2 As ações em saúde mental desenvolvidas no Brasil
Agora que já estudamos parte da história das ações em saúde mental desenvolvidas no Brasil, o 
convidamos a dar andamento em seus estudos e conhecer as ações desenvolvidas atualmente, pelo Estado, 
em saúde mental. Destacaremos aqui dados sobre o Programa de Volta para Casa e sobre a Rede de Atenção 
Psicossocial, que, no momento, vêm realizando todo o atendimento ao doente mental no país.
O Programa de Volta para Casa destina‑se a viabilizar a reinserção social, familiar e comunitária para 
egressos de hospitais psiquiátricos. A ação beneficia pacientes que estavam internados há mais de dois 
anos, ou melhor dizendo:
O Programa De Volta Para Casa (PVC) garante o auxílio‑reabilitação 
psicossocial para a atenção e o acompanhamento de pessoas em sofrimento 
mental, egressas de internação em hospitais psiquiátricos, inclusive em 
hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico, cuja duração tenha sido 
por um período igual ou superior a dois anos. O PVC busca a restituição 
do direito de morar e conviver em liberdade nos territórios e também a 
promoção de autonomia e protagonismo dos usuários (BRASIL, [s. d.])c.
Destaque‑se o fato de que o tempo de internação contabilizado deve ser considerado expressamente 
como aquele em instituição destinada a atendimento psiquiátrico, não podendo ser associado nessa 
conta o tempo que o paciente tenha permanecido acolhido em instituições de outra natureza. 
Ou seja, funciona como uma mediação para que aquele paciente, que estava internado, pudesse deixar 
a instituição. Porém, essa ação só é cabível em casos em que fique comprovada a possibilidade de o 
indivíduo ser reinserido na sociedade.
Os beneficiários inseridos no De Volta para Casa podem receber uma remuneração, equivalente a 
R$ 412,00, por até um ano. O benefício pode ser renovado, desde que seja comprovada a necessidade 
do paciente. Para o acesso ao benefício financeiro e para que seja acompanhado por profissionais da 
área, é necessário que o paciente seja acompanhado por um Caps que esteja localizado na região de sua 
residência. Quando o município não possui Caps, o beneficiário deve ser acompanhado por profissionais 
da Atenção Básica.
No entanto, para que os municípios tenham o Programa de Volta para Casa, precisam fazer a adesão 
no Governo Federal. Essa adesão é uma espécie de termo de convênio, por meio do qual o Município se 
apresenta ao Governo Federal como interessado em executar o Programa. Estima‑se que em 2017 havia 
701 vinculadosao programa, e, um total de 4.499 beneficiários (BRASIL, [s. d.])c.
Além do De Volta Para Casa, temos a consolidação da chamada Rede de Atenção Psicossocial. A rede 
congrega benefícios e serviços organizados em prol do doente mental, podendo ser compreendida da 
seguinte forma:
A Rede de Atenção Psicossocial (Raps) propõe um novo modelo de atenção 
em saúde mental, a partir do acesso e a promoção de direitos das pessoas, 
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baseado na convivência dentro da sociedade. Além de mais acessível, a rede 
ainda tem como objetivo articular ações e serviços de saúde em diferentes 
níveis de complexidade (BRASIL, [s. d.])c.
Trata‑se de um rol de serviços localizado na região de residência dos beneficiários e tendo em vista a 
sua reinserção social, familiar e comunitária. São apresentados como serviços vinculados à rede: o Centro de 
Atenção Psicossocial e as Unidades de Acolhimento, além de práticas voltadas à reabilitação. Vamos conhecer 
um pouco mais dos Centros de Atenção Psicossocial ou Caps e depois passaremos a outros serviços.
Os Caps são serviços que oferecem aos doentes mentais e aos dependentes químicos, atendimento 
interdisciplinar. Aquele que é atendido pelo Caps não deixa a sua família, sua comunidade, mas 
permanece em sua realidade, comparecendo ao serviço somente para atendimento, que é previamente 
agendado. O Ministério da Saúde apresenta o serviço da seguinte maneira:
Unidades que prestam serviços de saúde de caráter aberto e comunitário, 
constituído por equipe multiprofissional que atua sobre a ótica interdisciplinar 
e realiza prioritariamente atendimento às pessoas com sofrimento ou 
transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso 
de álcool e outras drogas, em sua área territorial, seja em situações de crise 
ou nos processos de reabilitação psicossocial. São substitutivos ao modelo 
asilar, ou seja, aqueles em que os pacientes deveriam morar (manicômios) 
(BRASIL, [s. d.]e).
De tal forma, o Caps não atende somente o doente mental, mas também casos de dependência 
de álcool e drogas por meio de ação interdisciplinar prestada na região de residência do paciente. 
Atualmente no Brasil há vários tipos de Caps, uma vez que os serviços são constituídos com base no 
número de habitantes dos municípios e ainda conforme a patologia apresentada. Vejamos a seguir a 
definição do Ministério da Saúde:
CAPS I: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais 
graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende 
cidades e ou regiões com pelo menos 15 mil habitantes.
CAPS II: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais 
graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende 
cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes.
CAPS i: Atendimento a crianças e adolescentes, para transtornos mentais 
graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende 
cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes.
CAPS ad Álcool e Drogas: Atendimento a todas faixas etárias, especializado 
em transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, atende cidades e ou 
regiões com pelo menos 70 mil habitantes.
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CAPS III: Atendimento com até 5 vagas de acolhimento noturno e observação; 
todas faixas etárias; transtornos mentais graves e persistentes inclusive pelo 
uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 
150 mil habitantes.
CAPS ad III Álcool e Drogas: Atendimento e 8 a 12 vagas de acolhimento 
noturno e observação; funcionamento 24 h; todas faixas etárias; transtornos 
pelo uso de álcool e outras drogas, atende cidades e ou regiões com pelo 
menos 150 mil habitantes. (BRASIL, [s. d.]e).
De forma que, Caps I e Caps II realizam o atendimento ao doente mental. O que muda de um para o outro 
é a abrangência, pois o Caps I é constituído de municípios de pequeno porte, ou seja, aqueles que possuam 
menos de 15 mil habitantes. Já o Caps II destina‑se a municípios de médio porte, ou seja, que tenham em 
média até 70.000 habitantes. O Caps i, por outro lado, é o equipamento constituído para atender crianças e 
adolescentes que tenham qualquer patologia ou que apresentem quadro de dependência, também instituído 
em municípios com no mínimo 70.000 habitantes. O Caps ad aborda somente pessoas com dependência 
química, mas também é instituído em municípios com no mínimo 70.000 habitantes. Prática similar é a 
realidade pelo Caps ad III, porém, nesse caso, temos a oferta de acolhimento noturno e o funcionamento é 
ininterrupto. E o Caps III prevê atendimento na modalidade de acolhimento, todavia até 5 vagas. O Caps III 
pode ser constituído em locais que possuam até 150.000 habitantes.
Além dos Caps, temos as Unidades de Acolhimento, executadas, sobretudo, através do atendimento 
domiciliar de pacientes em sua residência, oferece atendimento contínuo para dependentes químicos, 
que façam uso de crack, álcool e outras drogas. Essas Unidades de Acolhimento realizam o acolhimento 
por tempo determinado, em média de 6 meses, de forma a preparar o dependente ao retorno da vivência 
familiar. Tais unidades devem ser compostas de meio de equipe interdisciplinar e apresentam duas 
modalidades ou formatos de organização, a saber:
Unidade de Acolhimento Adulto (UAA): destinada às pessoas maiores de 18 
(dezoito) anos, de ambos os sexos; e
Unidade de Acolhimento Infanto‑Juvenil (UAI): destinada às crianças e aos 
adolescentes, entre 10 (dez) e 18 (dezoito) anos incompletos, de ambos os 
sexos (BRASIL, [s. d.]e).
Nesses espaços, a prática busca humanizar o cuidado do doente mental e se qualificar como um 
espaço provisório de passagem. Além dessas unidades, temos as residências terapêuticas. As residências 
terapêuticas por outro lado são moradias para pessoas que já passaram pelas internações psiquiátricas, 
mas que não tiveram condições de serem reinseridos nas famílias. As residências ainda atendem grupos 
em situação de vulnerabilidade, como os moradores de rua, por exemplo. A definição do Ministério de 
Saúde sobre esse serviço é a seguinte:
São moradias ou casas destinadas a cuidar de pacientes com transtornos 
mentais, egressos de internações psiquiátricas de longa permanência e 
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que não possuam suporte social e laços familiares. Além disso, os Serviços 
Residenciais Terapêuticos (SRTs) também podem acolher pacientes com 
transtornos mentais que estejam em situação de vulnerabilidade pessoal e 
social, como, por exemplo, moradores de rua (BRASIL, [s. d.]e).
As residências terapêuticas guardam muita relação com a prática proposta por Basaglia, porém, 
foram constituídas em alguns municípios no Brasil e não em todos. Façamos antes uma pequena pausa. 
Observe a notícia na sequência.
Residências terapêuticas devolvem a liberdade para pacientes com sofrimento mental
Em Belo Horizonte, 257 pessoas são atendidas pelo serviço. Muitas delas viveram anos 
internadas em manicômios e hospitais psiquiátricos
“Eu sou Antônio Carlos Albergaria, o Toninho. Comecei a dar problema aos 23 anos. 
Adoeci e fui internado em Barbacena. Depois fui pra Santa Clara, depois para a clínica Nossa 
Senhora de Lourdes. Fiquei trinta a três anos lá. Não comia. A comida era horrível”.
O Toninho, como gosta de ser chamado, é morador de uma das residências terapêuticas 
de Belo Horizonte, que fica no bairro Santa Amélia, Região da Pampulha. Assim como ele, 
outras 257 pessoas são atendidaspelos Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) da capital. 
Ao todo, a cidade conta com 33 casas.
Segundo Fernando Siqueira, coordenador de Saúde Mental da SMSA, as residências 
terapêuticas são moradias, onde pessoas com sofrimento mental que ficaram internadas 
durante anos nos hospitais psiquiátricos, em manicômios, conseguem ser reinseridas na 
sociedade. “Essas pessoas ficaram, às vezes, 30, 40 anos internadas, sem cuidados e, muitas 
vezes, sendo maltratadas, tratadas como objeto. Aqui elas viram sujeitos, pessoas. Moram 
em casas que funcionam como a casa da gente mesmo”, explica.
Dona Mônica mora em uma residência terapêutica que fica no bairro Itapoã. Ela recebeu a 
equipe do MG1 com sorriso no rosto e muita história para contar. Ela disse estar feliz e confortável 
onde mora e que só conseguiu essa alegria há cinco anos, quando se mudou. Antes de morar em 
um dos SRTs, ela passou por muito sofrimento. “Eu tinha uns 21 anos quando tive um problema 
de depressão. Aí, minha família percebeu e procurou um psiquiatra. Só que a terapia que eu fiz 
nunca acabou. Me jogaram num hospital, assim, do nada. Lá era tudo fechado, hospício. Não tem 
a menor condição de uma pessoa sobreviver assim. Lá eu tomava mil, milhões de choques”, diz.
Fernando explica que todos os leitos em hospitais psiquiátricos, conveniados ao SUS, em 
Belo Horizonte, foram fechados. Para ele, a luta antimanicomial é uma das principais causas 
que a Secretaria Municipal de Saúde vem defendendo há alguns anos.
“A gente começa a fechar os hospitais psiquiátricos a partir do final da década de 1990, 
começo dos anos 2000. E aí, com a necessidade de fechar esses hospitais, cujos leitos eram 
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conveniados ao SUS, nós precisávamos dar um local para essas pessoas, já que nesses 
manicômios elas não eram tratadas como seres humanos. Os serviços residenciais terapêuticos 
são o auge da luta pelo tratamento em liberdade, da reforma psiquiátrica” ressalta.
Adaptado de: Poline (2018).
No texto anterior, vemos um exemplo da intervenção de residência terapêutica, em que observamos 
uma ação positiva, voltada à humanização dos cuidados em saúde mental. Além desses serviços, o 
Ministério da Saúde aponta como outras ações e serviços vinculados à saúde mental, dentre os 
quais: o serviço da urgência e emergência do Samu 192, sala de estabilização, Unidade de Pronto 
Atendimento de 24 horas e o Pronto Socorro. Esses são serviços constituídos para atuar em prol de 
urgências e emergências que sejam apresentados pelos doentes mentais ou então por àqueles que 
sejam dependentes químicos. Para atender a outras demandas relacionadas à saúde dos pacientes, 
são indicados os Ambulatórios Multiprofissionais em Saúde Mental. Os ambulatórios desenvolvem 
prática interdisciplinar contando com “[...] médico psiquiatra, psicólogo, assistente social, terapeuta 
ocupacional, fonoaudiólogo, enfermeiro e outros profissionais que atuam no tratamento de pacientes 
que apresentam transtornos mentais” (BRASIL, [s. d.]e).
Ainda, são apresentados os serviços:
Comunidades Terapêuticas
São serviços destinados a oferecer cuidados contínuos de saúde, de caráter 
residencial transitório para pacientes, com necessidades clínicas estáveis, 
decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas.
Enfermarias Especializadas em Hospital Geral
São serviços destinados ao tratamento adequado e manejo de pacientes 
com quadros clínicos agudizados, em ambiente protegido e com suporte 
e atendimento 24 horas por dia. Apresentam indicação para tratamento 
nesses Serviços pacientes com as seguintes características: incapacidade 
grave de autocuidados; risco de vida ou de prejuízos graves à saúde; risco de 
autoagressão ou de heteroagressão; risco de prejuízo moral ou patrimonial; 
risco de agressão à ordem pública. Assim, as internações hospitalares devem 
ocorrer em casos de pacientes com quadros clínicos agudos, em internações 
breves, humanizadas e com vistas ao seu retorno para serviços de base aberta.
Hospital‑Dia
É a assistência intermediária entre a internação e o atendimento ambulatorial, 
para realização de procedimentos clínicos, cirúrgicos, diagnósticos e 
terapêuticos, que requeiram a permanência do paciente na Unidade por um 
período máximo de 12 horas (BRASIL, [s. d.]d).
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Além disso, destaca‑se a possibilidade de o doente mental ou do dependente químico acessar o BPC 
ou o BPC na Escola. De tal maneira, é por meio dessas ações e serviços que são atendidos os doentes 
mentais e os dependentes químicos no Brasil.
7.3 O assistente social e a atuação em saúde mental
Para abordar neste tópico a ação do assistente social na saúde mental, recorremos às referências e 
diretrizes elaboradas pelo CFESS. Também apresentaremos exemplos de intervenção em serviços da Rede 
de Atenção Psicossocial, a fim de demonstrar, com maior clareza, como se dá a prática nesses espaços.
Assim sendo, o grande instrumento de embasamento da ação do assistente social na saúde 
denomina‑se Parâmetros para Atuação dos Assistentes Sociais na Política de Saúde, publicado 
pelo CFESS em 2010. Nesse documento vemos que há indicações sobre a prática do assistente 
social na área da saúde, de forma genérica e na sequência apresenta sob quais bases deverá ser 
desenvolvida a ação na saúde mental. De tal forma, o documento em questão reforça que para 
qualquer área de atuação, incluindo a ação do assistente social na saúde, é basal que o profissional 
observe os dispositivos legais que orientam nossa profissão. Os principais deles são postos pela lei 
que regulamenta a profissão e pelo código profissional de ética dos assistentes sociais. A referida 
lei dispõe um rol amplo de aspectos legais que disciplinam o exercício do assistente social no Brasil. 
Já o Código Profissional de Ética dos Assistentes Sociais disciplina aspectos éticos que devem ser 
observados pelos profissionais em suas relações laborais. De tal maneira, os dois documentos são 
fundamentais para disciplinar o exercício profissional dos assistentes sociais na saúde mental, 
ou seja, é basal ao assistente social, na saúde mental, estar embasado nos “[...] fundamentos 
teórico‑metodológicos e ético‑políticos construídos pela profissão em determinado momento 
histórico e procedimentos técnico‑operativos” (CFESS, 2010, p. 39).
Além disso, o documento Parâmetros para Atuação dos Assistentes Sociais na Política de Saúde 
destaca que para a intervenção na saúde, incluindo nesse campo a saúde mental, é fundamental 
considerar a Política de Saúde de acordo com o que está posto do texto constitucional, isto é, uma 
saúde de qualidade, de responsabilidade do Estado e, sobretudo, que seja, de fato, direcionada a 
todos que delas necessitarem. Consonante com essa perspectiva, o texto destaca que, na saúde 
mental, o profissional precisa estar engajado aos princípios postos pelo Movimento de Reforma 
Psiquiátrica e que busca, como vimos, a qualificação de práticas humanas e de qualidade em prol 
do doente mental.
Já nas equipes de saúde mental, o assistente social deve contribuir para 
que a Reforma psiquiátrica alcance seu projeto ético‑político. Nessa direção, 
os profissionais de Serviço Social vão enfatizar as determinações sociais e 
culturais, preservando sua identidade profissional. Não se trata de negar que 
as ações do assistente social no trato com os usuários e familiares produzam 
impactos subjetivos, o que se põe em questão é o fato do assistente social 
tomar por objeto a subjetividade, o que não significa abster‑se do campo 
da saúde mental, pois cabe ao assistente social diversas ações desafiantesfrente às requisições da Reforma Psiquiátrica tanto no trabalho com as 
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famílias, na geração de renda e trabalho, no controle social, na garantia de 
acesso aos benefícios (CFESS, 2010, p. 41).
Dessa forma, o assistente social é apresentado como um profissional que deve sempre se colocar 
em prol do Movimento de Reforma Psiquiátrica, fazendo que os objetivos desse movimento sejam 
plenamente contemplados. Isso porque, segundo o documento, os objetivos do movimento têm 
correspondência com os valores e postulados que orientam o exercício profissional. Aliás, por várias 
vezes, ao discutir a ação do assistente social na saúde, o documento ressalta que é basal ao profissional 
atuar de forma interdisciplinar, porém, observando o necessário respeito às atribuições privativas e 
competências profissionais. Nesse sentido, é extremamente relevante que a identidade profissional do 
assistente social seja preservada. Por fim, concluindo as orientações, o documento reforça a importância 
de que o assistente social não tome a subjetividade como objeto de sua ação profissional, uma vez que 
esse tipo de ação profissional cabe aos psicólogos.
Grande parte dessas colocações a respeito da atuação do assistente social na área da saúde mental é 
recuperada no Seminário Nacional de Serviço Social na Saúde que aconteceu em Olinda no ano de 2017. 
O resultado de palestras e exposições de mesas redondas foi consolidado em formato de livro pelo CFESS. 
Nele temos um rol amplo de textos que discutem a prática de saúde, enfatizando também aspectos 
vinculados à ação do assistente social na área de saúde mental. Os textos que abordam a questão da 
saúde mental estão vinculados à Plenária 1 do evento intitulada: “Política de Saúde Mental e os Serviços 
Substitutivos aos Hospitais Psiquiátricos: a inserção dos assistentes sociais”, no qual colaboraram as 
autoras Lúcia Cristina dos Santos Rosa e Conceição Maria Vaz Robaina. De tal forma, é importante frisar 
que tanto Rosa (2017) quanto Robaina (2017) reforçam que a atuação do assistente social na saúde 
mental jamais pode perder de vista os parâmetros que orientaram a Reforma Psiquiátrica. Da mesma 
maneira, ambas as autoras recuperam e reforçam a importância de que os profissionais sempre tenham 
a sua prática condicionada e orientada pela lei que regulamenta a profissão e pelo Código Profissional 
de Ética dos Assistentes Sociais.
No sentido em pauta, Robaina (2017) coloca que na área da saúde mental temos observado duas 
perspectivas. Uma delas é a prática em que o assistente social toma a subjetividade como seu objeto 
de intervenção. A autora tece uma crítica a tal conduta uma vez que o objeto de atuação do assistente 
social é a questão social e suas múltiplas formas de expressão. Por assim dizer, Robaina (2017) considera 
que a doença mental é resultado de um rol de fatores e a considera como uma das muitas expressões 
da questão social. Portanto, é uma prática equivocada. Para o rompimento dessa prática e para uma 
ação qualificada em saúde mental, é vital ao assistente social a realização de uma análise crítica em 
que seja possível realizar “[...] a identificação dos determinantes sociais e particularidades de como a 
questão social se expressa naquele âmbito” (ROBAINA, 2017, p. 56). Dessa forma, segundo a autora, o 
serviço social conseguiria também preservar a sua identidade profissional, desenvolvendo uma prática 
profissional sob a qual possui formação teórica e técnica.
A autora destaca que na saúde mental ainda temos a predominância da intervenção dos assistentes 
sociais nas famílias daqueles que possuem alguma doença mental ou que padecem com a dependência 
química, e que essa prática deve ser sempre desenvolvida considerando a ótica territorial dos serviços. 
Segundo ela destaca, os assistentes sociais sempre buscam desenvolver práticas que permitam a 
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estruturação da rede no território e métodos qualifiquados que favoreçam a participação e o controle 
social. De acordo Robaina (2017), tais condutas são comuns aos assistentes sociais que atuam com 
saúde mental e são analisadas como experiências positivas, uma vez que auxiliam em uma prática mais 
qualificada em prol dos atendidos pelos serviços.
Diante de tais colocações e para demonstrar que conseguimos conhecer um pouco mais a respeito 
das ações do assistente social em saúde mental, apresentaremos no decurso desse material o relato 
de duas experiências do profissional, uma desenvolvida em um Caps e outra de uma prática em uma 
comunidade terapêutica.
Silva e Gomes (2016) nos apresentam a descrição de uma experiência de atuação do assistente 
social no Caps considerando a prática profissional em Belém do Pará. No texto, as autoras destacam 
o entendimento da doença mental como expressão da questão social e o fato de que o serviço social 
sempre foi requisitado a atuar em saúde mental, inicialmente, nos hospitais psiquiátricos. No entanto, 
a partir do reordenamento do serviço de saúde mental, o serviço social passou a integrar equipes com 
outra orientação de atuação, dentre os quais, o Caps. Para ambas, a intervenção contemporânea do 
assistente social no Caps é essencialmente pluralista, uma vez que o profissional é chamado a integrar 
equipes interdisciplinares tendo em vista a necessidade de o atendido ser compreendido em sua 
totalidade. Ainda, conforme elas, dentro do Caps, o profissional não pode perder de vista a perspectiva 
histórica‑crítica.
Já no que diz respeito às ações desenvolvidas pelos assistentes sociais no cotidiano de ação no Caps 
de Belém do Pará, destacou‑se que as principais intervenções dos profissionais estavam orientadas à 
articulação com rede de serviços dos respectivos territórios, providência de documentos pessoais dos 
atendidos, realização de visitas domiciliares para aproximação à família dos atendidos e para fortalecer 
o vínculo familiar, orientações e encaminhamentos para acesso de benefícios sociais e emissão de 
parecer social, além de relatórios. De tal forma, as autoras destacam que são adotadas condutas pelos 
assistentes sociais visando sempre a efetivação dos direitos sociais dos atendidos.
Outro exemplo interessante nos é apresentado por Woerner (2015), que relata uma análise sobre a 
atuação dos assistentes sociais nas chamadas comunidades terapêuticas. Esse texto representa um estudo 
realizado com profissionais que atuam em instituições localizadas em Blumenau, Santa Catarina. Os autores 
nos colocam que as comunidades terapêuticas surgiram na Inglaterra em 1940 como serviços destinados 
a atender soldados com traumas por conta da guerra. Com o tempo, essas experiências foram mudando e 
na atualidade se constituem como dispositivos importantes da Rede de Atenção Psicossocial. No entanto, 
grande parte dessas instituições é privada e faz convênios com o Estado. Aliás, muitas delas têm em 
sua diretoria o trabalho voluntário de grupos religiosos. Isso é um dado importante, uma vez que nesses 
espaços era comum que pessoas vinculadas aos grupos religiosos desempenhassem o papel do assistente 
social, sem possuir graduação. No entanto, essas práticas foram descontinuadas, assim como o excesso de 
vinculação entre a ação e a religião.
Partindo de uma caracterização inicial, o autor coloca então que a sua análise teve início do estudo de 
uma comunidade terapêutica que atende somente homens, adultos e adolescentes. Em sua intervenção, 
o assistente social desenvolve sua prática com base em três fases, a saber: ingresso, atendimento e 
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Unidade III
desligamento. No ingresso, é mais comum que o profissional providencie a alocação do atendido e os 
documentos pessoais. De acordo com Woerner (2015), é comum que nesse momento o profissional 
precise tomar providências até mesmo para que os acolhidos possam ter suas necessidades de roupa e 
calçados sejam atendidas uma vez, é comum que muitos atendidos cheguem à comunidade terapêutica 
sem roupa. Já na fase de acompanhamento, cabe ao assistente social realizar todo o acompanhamento 
da situação judicial do atendido, providenciar relatórios acerca do caso e ainda tomar providências em 
relação à documentação pessoal para acesso a serviços necessários como, por exemplo, histórico escolar 
quando é o caso de frequência à escola. Entretanto, a ação do profissional acaba permanecendo mais 
orientada à questão familiar, desenvolvendo intervenções individuais e em grupo, visando fortalecer o 
vínculo familiar. Também, nesse caso, temos um reforço ao fato de que o profissional tenha como norte 
de suas ações a lei que regulamenta a profissão do assistente social e o código profissional de ética.
Enfim, acreditamos termos conseguido caminhar bem e conhecer um pouco mais da questão da 
saúde mental e também de nos aproximar de aspectos relacionados à prática do assistente social 
nesses espaços.
8 AS POLÍTICAS SOCIAIS SETORIAIS: EDUCAÇÃO E HABITAÇÃO
Nesse tópico, tal como enunciado no decurso do material, apresentaremos indicações sobre a política 
social de educação e a política social de habitação.
8.1 A política social de educação e a atuação do assistente social
A política social de educação só adquiriu essa característica a partir da Constituição de 1988. Antes 
desse período, teremos no Brasil várias ações pontuais e descontinuas por parte do Estado. Assim sendo, 
o texto constitucional nos indica no artigo 205:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será 
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988).
Agora a educação também passa a ser considerada direito de todos.
O texto constitucional ainda coloca que a política social de educação deve ser desenvolvida por meio 
de um rol de serviços, citados no artigo 208, a saber:
I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele 
não tiveram acesso na idade própria;
II – progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, 
preferencialmente na rede regular de ensino;
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IV – atendimento em creche e pré‑escola às crianças de zero a seis anos 
de idade;
V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação 
artística, segundo a capacidade de cada um;
VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII – atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de 
programas suplementares de material didático‑escolar, transporte, 
alimentação e assistência à saúde.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua 
oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino 
fundamental, fazer‑lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, 
pela frequência à escola (BRASIL, 1988).
Como podemos observar, há um rol amplo de serviços. O texto constitucional apresenta 
informações sobre a questão do financiamento e outras afins para que a Educação seja desenvolvida 
no Brasil. No entanto, na Constituição (BRASIL, 1988), temos uma pequena apresentação de aspectos 
genéricos acerca de tal política. No ano de 1990, contudo, buscando regulamentar o que está posto 
na Constituição, foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que disciplina e define 
parâmetros para a educação brasileira. Nós, assistentes sociais, estaremos inseridos nos mais diversos 
espaços que ofertam educação, porém, é mais recorrente que os profissionais estejam alocados no 
Ensino Infantil, Fundamental e nas universidades. Por enquanto, o Ensino Médio permanece sob 
administração do Estado, que ainda não incorporou outros profissionais à dinâmica educacional. 
Já o Ensino Infantil e Fundamental, pelo fato de serem geridos pelo município, em geral, adicionam 
assistentes sociais às equipes interdisciplinares. Nas universidades, por sua vez, já é mais comum. No 
entanto, é necessário pontuar que no Brasil não há ainda legislação que determine a inserção de 
assistentes sociais na área educacional. Aliás, é uma luta antiga do conjunto CFESS/Cress para que 
seja legalizada a inserção do assistente social no campo educacional.
Nesse sentido, vemos que as discussões sobre a importância do serviço social na educação são mais 
comuns a partir do ano 2000. No que diz respeito às indicações do conjunto CFESS‑Cress, teremos, no 
ano de 2001, a publicação do documento “Serviço Social na Educação”. Nele, temos informações que 
destacam a importância desse profissional no espaço pedagógico, e ainda quais seriam as principais 
ações e princípios norteadores do exercício profissional na área.
Os princípios reforçados, também nesse documento, são aqueles relacionados ao disposto no Código 
Profissional de Ética dos Assistentes Social e na lei que regulamenta a profissão do assistente social. 
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Assim, tal como indicamos, ao estudar a ação do assistente social na saúde mental, tais valores ou 
normas devem servir de orientação para os profissionais em qualquer área de atuação. Além disso, o 
documento indica como basal aos profissionais compreender a educação como uma política social, 
portanto é direito de todos e dever do Estado. Ademais, é importante que os profissionais considerem 
a função social da escola e a educação como um direito social, bem como as possíveis contribuições do 
serviço social para a garantia do direito à educação.
O documento “Serviço Social na Educação” coloca que a escola é uma espaço em que temos a 
manifestação de várias expressões da questão social. Logo, é na escola, no espaço educacional, que muitas 
das contradições expressas na sociedade se tornam perceptíveis. Essas expressões são a matéria‑prima, o 
objeto de trabalho do assistente social. Algumas das intervenções mais comuns no âmbito da educação 
por parte do assistente social estão ligados a acompanhar casos de evasão escolar e baixo rendimento 
ou desenvolvimento da aprendizagem. Portanto, o exercício do assistente social é orientado por ações 
que visam garantir “[...] o acesso e a permanência do aluno na escola” (CFESS, 2001, p. 12).
Podemos então identificar algumas atividades práticas que podem ser desenvolvidas pelos assistentes 
sociais que atuam na educação: realização de diagnósticos sociais sobre o público atendido, identificação 
de fatores sociais, econômicos e culturais que influenciam a organização do sistema educacional, sendo 
que essa prática deve ser desenvolvida por meio de uma ação interdisciplinar. Além dessa prática, o 
assistente social deve atuar de forma a viabilizar aos alunos o acesso a benefícios e serviços para que 
eles possam permanecer na escola e se desenvolver nesse espaço. Esse rol de ações tem como objetivo 
atuar “[...] principalmente no processo de inclusão social de crianças e adolescentes em idade escolar” 
(CFESS, 2001, p. 12). Afinal, não basta que a criança ou o adolescenteseja matriculado, mas sim que 
mantenha sua frequência e o desenvolvimento de sua aprendizagem.
O texto ainda indica como funções do assistente social na prática nas unidades de ensino:
• Pesquisa de natureza socioeconômica e familiar para a caracterização 
da população escolar;
• Elaboração e execução de programas de orientação sócio‑familiar, 
visando prevenir a evasão escolar e melhorar o desempenho e 
rendimento do aluno e sua formação para o exercício da cidadania;
• Participação, em equipe multidisciplinar, da elaboração de programas 
que visem prevenir a violência; o uso de drogas e o alcoolismo, bem 
como visem prestar esclarecimento e informações sobre doenças 
infectocontagiosas e demais questões de saúde pública;
• Articulação com instituições públicas, privadas, assistenciais e 
organizações comunitárias locais, com vistas ao encaminhamento de 
pais e alunos para atendimento de suas necessidades;
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Realização de visitas sociais com o objetivo de ampliar o conhecimento 
acerca da realizada sócio‑familiar do aluno, de forma a possibilitar assisti‑lo 
e encaminhá‑lo adequadamente;
• Elaboração e desenvolvimento de programas específicos nas escolas 
onde existem classes especiais;
• Empreender e executar as demais atividades pertinentes ao Serviço 
Social, previstas pelos artigos 4º e 5º da lei 8662/93 (CFESS, 2001, p. 13).
Consequentemente, temos na educação um rol amplo de atividades que podem ser desenvolvidas 
por esse profissional. Para isso, ele precisa considerar a escola e o espaço social em que está vinculada 
a escola como local de inclusão social e instância de gestão democrática. Essas são referências para a 
intervenção do assistente social no campo educacional.
Outro importante dispositivo que busca oferecer parâmetros para a atuação do assistente social na 
educação foi publicado pelo CFESS em 2014, denominado Subsídios para Atuação dos Assistentes Sociais 
na Política de Educação. No registro em questão, também temos a defesa dos documentos que definem 
o exercício do assistente social no Brasil, sendo esses: a lei que regulamenta a profissão do assistente 
social, além do Código Profissional de Ética dos Assistentes Sociais. Há ainda a indicação da necessidade 
de compreensão da educação como uma política social, direito do cidadão e dever do Estado.
No entanto, no documento em questão, há o destaque para que o assistente social desenvolva sua 
prática na área de educação adotando como referência os seguintes parâmetros:
• apreensão crítica dos processos sociais de produção e reprodução das 
relações sociais numa perspectiva de totalidade;
• análise do movimento histórico da sociedade brasileira, apreendendo 
as particularidades do desenvolvimento do capitalismo no país e as 
particularidades regionais;
• compreensão do significado social da profissão e de seu 
desenvolvimento sócio‑histórico, no cenário internacional e nacional, 
desvelando as possibilidades de ação contidas na realidade;
• identificação das demandas presentes na sociedade, visando formular 
respostas profissionais para o enfrentamento da questão social, 
considerando as novas articulações entre o público e o privado (CFESS, 
2014b, p. 26).
Portanto, é necessário que o profissional faça uma análise crítica da realidade, compreendendo sua 
atuação no campo educacional como uma prática desenvolvida nas expressões da questão social.
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Partindo de tais colocações, o texto indica que há dimensões a serem consideradas quando 
pensamos na prática do assistente social na educação. Ao fazê‑lo, temos a apresentação das principais 
condutas idealizadas para os assistentes sociais atuantes nessa área, sendo essas: atuação em prol da 
garantia do acesso e permanência na área educacional, efetivação de espaços de gestão democrática 
e na qualidade da educação.
De tal maneira, por acesso e permanência na escola, buscam‑se designar ações que viabilizem: 
“[...] acesso e permanência da população nos diferentes níveis e modalidades de educação, a partir 
da mediação de programas governamentais instituídos mediante as pressões de sujeitos políticos que 
atuam no âmbito da sociedade civil (CFESS, 2014, p. 37). Ou seja, haverá públicos específicos que não 
vão conseguir manter a frequência escolar, por fatores que estão além do espaço escolar. Esse grupo 
de indivíduos demanda por ações do profissional que deverá mobilizar os recursos necessários para a 
manutenção dessas populações nos espaços de educação formal.
A gestão democrática relaciona‑se à consolidação de espaços de participação popular em que a 
comunidade escolar tenha visibilidade e possa, dessa maneira, consolidar princípios de relações mais 
deliberativas. A questão da qualidade, por outro lado, comporta um rol de práticas e condutas que o 
assistente social precisa desempenhar para que a qualidade da educação seja mantida (CFESS, 2014, p. 37). 
De tal maneira, podemos inferir que esses dois aspectos (qualidade e democratização), assim como a questão 
da manutenção do aluno na escola, já foram apresentados como referências ao trabalho do assistente social 
no documento do CFESS de 2001, que estudamos alguns trechos previamente desse material.
Já no que diz respeito à dimensão da prática, o texto Subsídios para Atuação dos Assistentes Sociais na 
Política de Educação avança em indicar alguns pressupostos básicos necessários aos profissionais. Um deles 
(mas não o único) indica que atuar na área educacional é ir além de atender alunos por meio de abordagens 
individuais, antes, incorpora práticas que possam integrar a família e toda a comunidade escolar.
Reafirma, portanto, a compreensão de que o trabalho do/a assistente 
social, no campo da educação, não se restringe ao segmento estudantil e 
nem às abordagens individuais. Envolve também ações junto às famílias, 
aos professores e professoras, aos demais trabalhadores e trabalhadoras da 
educação, aos gestores e gestoras dos estabelecimentos públicos e privados, 
aos/às profissionais e às redes que compõem as demais políticas sociais, às 
instâncias de controle social e aos movimentos sociais, ou seja, ações não só 
de caráter individual, mas também coletivo, administrativo‑organizacional, 
de investigação, de articulação, de formação e capacitação profissional 
(CFESS, 2014b, p. 38).
Isto é, há um rol amplo de segmentos que devem ser inseridos nas pautas de ação dos assistente 
social atuante na educação. Portanto, segundo o documento, é basal ao profissional a ampliação das 
possibilidades técnicas e instrumentais para que sua intervenção consiga alcançar, de fato, os objetivos 
propostos. Necessário ainda ao profissional apresentar capacidade teórica e política para analisar o 
campo sob o qual atuar e para intervir sobre ele: “Para tanto, exige‑se do/a profissional de serviço social 
uma competência teórica e política que se traduza em estratégias e procedimentos de ação em diferentes 
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níveis (individual e coletivo), capaz de desvelar as contradições que determinam a Política de Educação” 
(CFESS, 2014, p. 41). Melhor dizendo, a intervenção deverá congregar “[...] aportes teórico‑metodológico, 
ético‑político e técnico‑instrumental” (CFESS, 2014b, p. 50).
No entanto, ao final do texto, vemos que é destacado que ainda há necessidade de luta e muita organização 
e reivindicação para que os assistentes sociais sejam incorporados à política social de educação. Por enquanto, 
ficamos com alguns exemplosde atuação de assistentes sociais na educação, sendo um na Educação Infantil 
e outro no Ensino Superior. Ribeiro (2015) apresenta uma pesquisa realizada em instituições de Educação 
Infantil da região de Brasília em que havia atuação do assistente social. A pesquisa observou que nessas 
instituições a prática do profissional estava orientada a atender casos de evasão, fracasso e desinteresse pelo 
estudo. Sua análise concluiu que por meio da prática do assistente social são efetivados direitos sociais das 
crianças que garantem a sua frequência na escola. Já a análise de Felix, Souza e Holanda (2017) tinha como 
objetivo uma aproximação a perspectiva do assistente social que atuava no Ensino Superior e, para isso, 
realizaram entrevistas com três assistentes sociais que atuavam na Universidade Federal Rural do Semiárido 
do Rio Grande do Norte. Nessa pesquisa, observaram que a prática profissional estava mais orientada à 
concessão de bolsas e benefícios para os universitários, e que os profissionais possuíam uma concepção crítica 
sobre a política de educação e como tal buscavam, por meio de sua conduta, a efetivação dos valores éticos 
e políticos que norteiam a prática profissional do assistente social.
Enfim, vemos que as possibilidades de atuação do assistente social na educação são amplas, e 
podemos desenvolver condutas extremamente relevantes para efetivação dos direitos sociais. Agora, 
passamos ao item subsequente no qual apresentaremos indicações sobre as possibilidades de ação do 
assistente social na habitação.
8.1.1 A política social de habitação e a atuação do assistente social
Nesse tópico, abordaremos a prática do assistente social na habitação. Partiremos de uma pequena 
retrospectiva histórica do desenvolvimento das ações em habitação no Brasil, para apresentarmos 
informações sobre a política nacional de habitação na atualidade. Ao final, exibiremos os princípios 
e referências para atuação do assistente social na área, além de experiências da prática do assistente 
social nessa expressão da questão social. Grande parte de nossas colocações será elaborada com 
base no documento: “Atuação dos Assistentes Sociais na Política Urbana: subsídios para reflexão” 
publicado pelo CFESS em 2016. Esse documento é bastante representativo e rico, uma vez que salienta 
a argumentação do CFESS em relação à questão urbana, incluindo nesse rol a questão habitacional. 
Também apresentaremos, com base em artigos, exemplos de atuação do serviço social na questão 
urbana, incluindo a habitacional.
Assim, vemos que a questão do acesso à habitação é algo que sempre foi mais difícil em nosso país 
para as populações pobres. Da mesma maneira, as populações que têm maior poder aquisitivo também 
têm mais facilidade para residir em espaços mais urbanizados. Ou seja, quando pensamos na questão 
da habitação, estamos pensando na residência, na casa, mas também no entorno, ou seja, no acesso a 
asfalto, saneamento básico e tudo mais que é necessário para uma vida de qualidade no espaço urbano 
ou rural. Essa dificuldade de ação à habitação é presente no Brasil desde a colônia. Nesse período, nas 
cidades de grande porte que foram se consolidando, já se observava a dificuldade de acesso à habitação 
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para alguns segmentos, sobretudo os mais empobrecidos. Assim, quem possuía condições de comprar 
terrenos ou então quem podia tomar posse de um espaço, o fazia. Quem não tinha, por outro lado, 
permanecia à margem do acesso à habitação. De acordo com o CFESS (2016), isso oferece as raízes para 
a especulação imobiliária e torna a compra de imóveis acessível somente a um dado segmento.
Essas formas fortalecem as estruturas fundiárias, alimentam os conflitos e 
constituem elementos explicativos da desigualdade físico‑territorial ainda 
vigente no país e, principalmente, da desigualdade social, na despossessão 
do/a trabalhador/a assalariado/a da terra para morar (CFESS, 2016, p. 19‑20).
Consequentemente, desde os primórdios no Brasil teremos uma diferenciação no que diz respeito ao 
acesso da habitação, separando ricos e pobres e dificultando o acesso da população pobre à habitação. 
No momento, o Estado não desenvolvia ações voltadas à atenção da questão habitacional. Parte dessas 
ações começou a ser desenvolvida pelo Império. No ano de 1850, tivemos no Brasil a promulgação 
da Lei de Terras que regulamentava a compra e venda de terras no país e que dispunha parâmetros 
para a organização das sesmarias e capitanias hereditárias. As sesmarias eram terrenos abandonados 
pelo governo português e entregues para aqueles que desejassem cultivar a terra, já as capitanias 
hereditárias eram faixas de terra grandes, que partiam do litoral ao interior. As capitanias eram 
cedidas pelo governo português para aqueles que desejavam povoar o país. As sesmarias eram como 
que pedaços de uma capitania (CFESS, 2016). O que ocorre, desde a colônia, é que as pessoas que não 
têm condições financeiras acabavam ocupando locais com precárias condições, dando margem para 
surgimento de ocupações irregulares e favelas.
Além dessa legislação supracitada, teremos, na época do Império, ações voltadas ao saneamento das 
áreas urbanas. Intervenções mais sistemáticas passaram a ser empreendidas somente a partir do governo de 
Vargas. Nesse período, o Estado passou a desenvolver ações para erradicar as ocupações irregulares, como 
as favelas. Porém, foram ações pontuais e que buscavam apenas a mudança de moradores das favelas para 
outras regiões. Outras práticas importantes do período foram desenvolvidas pelos Institutos de Aposentadoria 
e Pensão Social ou Iaps. Os institutos buscavam viabilizar o acesso à moradia para aqueles trabalhadores a 
eles vinculados e que contribuíam com as pensões. Portanto, o acesso à moradia por meio do Instituto era 
possível para as categorias de trabalhadores que contribuíssem com esse regime em questão. A maior parte 
da população, no entanto, permanecia sem acesso a qualquer auxílio para obter à habitação (CFESS, 2016).
Outras ações passaram a ser desenvolvidas a partir do governo de Dutra para sanear a questão 
das favelas. Aliás, com essa finalidade, foi criada a Fundação Leão XIII no Rio de Janeiro, que tinha 
como principal mote de atuação os moradores de favelas. Além dessa ação, também no governo Dutra, 
teremos a criação da Fundação da Casa Popular. A referida Fundação tinha como objetivo centralizar 
a questão do acesso à habitação. Tratava‑se de uma instituição que financiava o acesso à habitação 
para aqueles que não estavam vinculados aos Iaps e também firmava convênios com municípios para 
atender demandas relacionadas à urbanização. Agregou‑se a isso, somente em 1956, a promulgação 
da Lei nº 2.875 (BRASIL, 1956), que delimitava as ações necessárias para os moradores de favelas. A lei 
autorizava o repasse de recursos para que os Estados pudessem intervir de forma a acabar com as favelas por 
meio da construção e cessão de casas para aqueles que morassem em tais locais. A seguir, apresentamos 
a referida legislação composta de apenas sete artigos. Vejamos:
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Art. 1° E’ o Poder Executivo autorizado a abrir, pelo Ministério da Justiça 
e Negócios Interiores, o crédito especial de Cr$ 50,000.000,00 (cinqüenta 
milhões de cruzeiros), destinado a auxiliar a Cruzada de São Sebastião, do 
Distrito Federal, na urbanização das favelas dessa cidade.
Art. 2° E’ também autorizado o Poder Executivo a abrir, pelo Ministério da 
Justiça e Negócios Interiores, o crédito especial de Cr$ 20.000.000,00 (vinte 
milhões de cruzeiros) para auxiliar o Serviço Social contra o Mocambo, de 
Recife, capital

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