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SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS www.esab.edu.br 3 Sumário 1. Apresentação l.......................................................................08 2. Evolução temporal................................................................09 3. A Função transporte no Suply Chain.....................................14 4. Modais de transporte.............................................................20 5. Da infraestrutura às políticas de transporte...........................27 6. O transporte inserido no processo logístico...........................32 7. Resumo I................................................................................36 8. Apresentação II......................................................................38 9. Projetos de redes logísticas...................................................39 10. Oferta e desempenho do transporte......................................46 11. Carga simples e consolidada.................................................51 12. Decisões estratégicas nos sistemas de transporte................57 13. Roteirização...........................................................................62 14. Fluxos multimodais e intermodais..........................................68 15. Segmentos de transporte de cargas......................................73 16. Estratégia de Gestão de Frotas.............................................78 17. Fatores influenciadores dos custos........................................84 18. Custos logísticos de transporte..............................................89 19. Resumo II...............................................................................95 20. Apresentação III.....................................................................98 21. Planejamento de Transporte Urbano. Pessoas e Cargas......99 22. Terceirização de operações logísticas.................................107 23. Dimensionamento da frota...................................................113 24. Transporte de cargas regionais, nacionais e internacionais..119 25. Acomodação de cargas no transporte rodoviário.................124 www.esab.edu.br 4 26. Análise de risco e prevenção de acidentes..........................129 27. Manutenção de frotas no transporte rodoviário de cargas...138 28. Resumo III............................................................................144 29. Apresentação IV...................................................................145 30. Tecnologia da informação na logística.................................146 31. Sistemas e TI no transporte.................................................151 32. Estratégias de transporte e diagramação de carga..............157 33. Inovação em transportes......................................................162 34. Resumo IV............................................................................166 35. Apresentação V....................................................................168 36. Série de documentos necessários para o transporte...........169 37. Controle aduaneiro na importação e exportação. Impostos e taxas....................................................................................173 38. Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e)...................179 39. Manifesto de carga eletrônico (MDF-e)................................184 40. Resumo V.............................................................................188 41. Glossário..............................................................................190 42. Referências..........................................................................193 www.esab.edu.br 5 Apresentação Estimados (as) alunos (as)! Benvindos (as) à disciplina de Logística de Transportes e Distribuição. Como gestores ou futuros gestores logísticos vocês precisam ter conhecimento e dominar todos os processos inerentes à atividade logística e empresarial. A gestão integrada da cadeia de suprimentos exige uma ampla multidisciplinaridade que vai do fornecimento de matérias-primas para a produção até o momento no qual o consumidor final adquire o produto. Isso, passando pela manufatura, armazenagem, distribuição, gestão de custos logísticos e, incluindo, o transporte. Precisamente o transporte será o assunto principal desta parte do curso. Com o passar das unidades vocês terão a oportunidade de se familiarizarem com todas as temáticas pertencentes ao mundo de transporte de cargas, como parte integrante do processo logístico, vital para o desenvolvimento econômico de uma nação. Os convido para que juntos mergulhemos nas atividades de transporte e distribuição. Bons estudos! Professor Eduardo Blanco. Ementa Conceitos evolutivos das operações de transporte e sua integração com a cadeia de suprimentos. Os modais de Transporte. Construção de redes logísticas. Distribuição de mercadorias. Oferta de transporte para atender as demandas. Estratégia de roteirização para os fluxos logísticos. Custos logísticos. Metodologias de planejamento de transporte. www.esab.edu.br 6 Terceirização das atividades logísticas. As diferenças e integração entre os transportes regionais, nacionais e internacionais de carga. Projeto de segurança e diminuição de riscos da frota. Sistemas de informação aplicada às atividades logísticas e de transporte. Inovação no setor de transporte. Legalidade do transporte de cargas. Controle aduaneiro. Objetivos Gerais Apresentar os conceitos que envolvem Logística de Transporte e Distribuição. Capacitar o aluno para aplicação de técnicas e métodos para otimização dos problemas pertinentes ao transporte e distribuição na perspectiva logística. Competências e Habilidades • Fundamentar princípios e conceitos da logística de transporte e distribuição • Reconhecer as operações de transporte e sua integração com a cadeia de suprimentos • identificar os modais de transporte e a atuação na logística • Entender o nível de oferta de transporte e as respectivas demandas • Conhecer a estratégia de roteirização • Entender de custos logísticos • Reconhecer as metodologias de planejamento de transporte • Aplicar a terceirização das atividades logísticas • Identificar transportes regionais, nacionais e internacionais e a integração entre os mesmos. • Entender projeto de segurança e risco de frota www.esab.edu.br 7 • Reconhecer sistemas de informação aplicada às atividades logísticas e de transporte • Entender transporte urbano de pessoas e de cargas • Aprofundar inovações em transporte • Conhecer a legalidade do transporte de cargas e o controle aduaneiro www.esab.edu.br 8 Seção 1 – Transporte Nesta primeira seção da disciplina abordaremos os conceitos evolutivos das operações de transporte e verificaremos de que forma elas se integram a cadeia de suprimentos. Também analisaremos os diferentes modais para transporte de cargas e toda a infraestrutura necessária para que esta atividade empresarial funcione com eficiência. www.esab.edu.br 9 Estimados acadêmicos, bem-vindos à disciplina de transporte e distribuição. Ao falarmos neste termo a primeira ideia que nos vem na cabeça é transporte de pessoas. Lidar com esse tipo de movimentação é tarefa extremamente complexa que compete principalmente à gestão pública das cidades. No entanto, aqui encontramos uma lacuna que os gestores modernos devem tentar preencher. Estamos nos referindo ao transporte de cargas, preocupação que via de regra, fica apenas com as empresas de logística atreladas ao setor privado. Falamos em lacuna porque uma boa parte do transporte diário nas cidades é de transporte de cargas. Poderíamos falar que os dois tipos de transporte convivem. Se assim é o planejamento de ambos, deve ser de forma integrada. Na realidade, vemos que isso não acontece. Por essa razão dedicaremos, ao longo desta apostila, algumas unidades específicas para planejamento urbano. Vamos neste momento, para começarmos a discussão a respeito do transporte decargas, rever a evolução desse tipo de atividade ao longo da história. Desde a idade da pedra, com a pretensão de movimentar grandes blocos minerais por alguns metros, até a corrida espacial em 2020, enviando o primer voo tripulado ao espaço de uma parceria público-privada, o ser humano e sua inventividade o levaram a pensar, criar e executar diferentes formas de se transportar e movimentar tudo aquilo que se tornava necessário para sua existência cada vez mais refinada. www.esab.edu.br 10 Vamos verificar agora de que forma foram sendo conseguidos os avanços em cada tipo de transporte. Comecemos pelo ferroviário. Ele evolui consideravelmente durante o século XIX, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. Esse meio era imprescindível para que os resultados da revolução industrial se espalhassem pelas nações mais desenvolvidas da época. Por meio dos comboios formados em aqueles tempos, cargas, pessoa e alimentos circulavam em grandes quantidades entre os diferentes países destas regiões. Inclusive, durante as duas guerras mundiais, tropas e equipamentos também eram movimentados por trem. Uma versão com foco no transporte de passageiros, que ainda sobrevive, sendo muito útil nas grandes urbes, é o metro. Seguindo nesta viagem pelo passado dos transportes vamos falar do aéreo. Os primeiros voos realizados pelo homem para se transportar e movimentar pequenas cargas de um ponto a outro foram de balão. Na época foram desenvolvidos sistemas de ar quente, e posteriormente de hidrogênio e hélio que conseguiam encher os balões de ar e mantê-los assim durante o voo para navegar com o aproveitamento das forças dos ventos. Já no começo do século XX aconteceram os primeiros voos de avião sendo, especificamente, para transporte apenas na década do 20. Ao falarmos em transporte marítimo podemos referenciar os fenícios e egípcios, que já naquela época, transportavam mercadorias e guerreiros. Posteriormente, os Vikings se encarregavam de movimentar as valiosas cargas que tomavam em suas conquistas territoriais. Logo, os portugueses criaram os primeiros grandes navios a vela para cruzar os oceanos e levar para Europa os produtos de suas invasões. Por fim, a máquina a vapor impulsionou a indústria naval conseguindo servir a importação e exportação de produtos no século passado. www.esab.edu.br 11 Finalizando, temos o mais conhecido e utilizado, pelo menos no Brasil, o transporte rodoviário. Ele foi evoluindo na medida que o desenvolvimento dos automóveis foi crescendo. Ao mesmo tempo, a infraestrutura necessária para isso acontecer, como vias e centros de abastecimento, foram sendo criados. Toda essa dinâmica se deu principalmente no século XX. Percebam que o desenvolvimento do transporte em uma nação é atrelado a seu desenvolvimento econômico. As nações progrediram e se industrializaram na segunda metade do século passado, e para que toda essa produção circulasse de forma que, ao chegar no varejo, uma complexa infraestrutura foi montada pelos territórios desses países. Em alguns, se deu prioridade para o transporte ferroviário no que tange ao transporte de cargas. Isso principalmente aconteceu nos países colonizados pela Inglaterra, Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, China, Argentina. No Brasil, apesar de que o Conde de Mauá tentou criar uma matriz ferroviária com ajuda de empresas inglesas, ainda no século XIX, a opção com o passar das décadas e interesses financeiros e setoriais acabou sendo rodoviária e assim se mantém até os dias atuais. O transporte não consiste apenas na movimentação de mercadorias de um ponto para outro. Essa atividade, se for planejada e operacionalizada a partir de um sistema integrado e eficiente pode aumentar em muito a produtividade de empresas, de uma região, dos estados e de todo o país. Muitas vezes escutamos falar em debates e análises das mais variadas áreas que um dos obstáculos para que a economia do Brasil se desenvolva mais, é a falta de infraestrutura. Ao falarmos neste termo estamos nos referindo à necessidade de melhores portos, aeroportos, estrutura de armazéns, estradas, fiscalização, segurança e tudo o que tenha a ver com as operações logísticas, inclusive, legislação simples que permita a desburocratização de todas atividades nesse sentido. www.esab.edu.br 12 Durante muitas décadas se entendeu que o transporte se limitava a veículos conduzidos por motoristas que levavam materiais e produtos das fábricas para os armazéns e para as lojas. Eram épocas da visão tradicional da logística na qual a única preocupação era que os produtos produzidos chegassem até aos clientes. Essa visão não foi deixada de lado, até porque, se nos remetemos às funções da logística, os produtos precisam chegar até aos clientes. No entanto, com a chegada do Suply Chain, os relacionamentos entre os diferentes atores da cadeia de suprimento sofreram uma importante mutação, transformando de vez a forma de realizar negócios integrados ao longo de toda a rede independente do setor econômico que estejamos falando. Nessa nova visão o transporte ocupa papel preponderante de integração, colaboração e ação estratégica. Dessa forma, o mesmo deixou de ser apenas a mobilização de um ponto a outro. O termo mudou para sistema de transporte e se estendeu muito além de apenas veículos circulando. Hoje, se entende que um sistema de transporte é integrado por estradas, vias, veículos, motoristas, armazéns, equipamentos de carga e descarga, operadores, recursos humanos de todos os tipos, postos de abastecimento de combustíveis, oficinas ao longo das estradas, espaços de alimentação e descanso, pedágios, segurança, auxílio, postos de controle e pesagem, tecnologia da informação aplicada em todos estes estágios e muitos outros elementos, sem os quais não seria possível que a função transporte existisse. Pelas razões acima expostas, entendemos que para melhorar a eficiência do serviço prestado pelo transporte e assim aumentar a produtividade dos diferentes setores produtivos e comerciais, deve paralelamente acontecer o desenvolvimento de todos os envolvidos citados na lista anterior. O veículo, independentemente do tamanho, consiste em apenas um elo de toda essa rede que deve funcionar de forma planejada, harmônica, integrada e www.esab.edu.br 13 sincrônica. Claro que na prática, muitas vezes, essa ideia pode parecer utópica ou difícil de se concretizar. No entanto, os esforços valem a pena, já que existem provas mais que suficientes para que os empresários e todas as partes entendem que só têm a ganhar com a aplicação de metodologias desse tipo. Os mercados vêm mudando e exigindo novas formas de operar e de realizar negócios já faz umas décadas. Em tempos atuais, essa realidade bate à porta de médias e pequenas empresas, dos menores empreendimentos dos mercados que no dia a dia sofrem com a falta de possibilidade de realizar melhores negócios, junto a seus fornecedores, para poder oferecer um nível de serviço mais alto para seus clientes e assim conseguir uma solvência melhor de seus negócios que os ajudem, não só a passar por crises financeiras de diferente índoles, como também transformar seus esforços em empresas que gerem emprego, impostos e lucratividade. Essa visão deve permear a função do transporte dentro das atividades logísticas como uma prerrogativa de gestão eficiente da cadeia de suprimentos. As próximas unidades desta disciplina procurarão ter presente esta diretriz para que vocês, caros alunos, consigam assimilar as melhores práticas de mercado para assumir definitivamente o papel estratégico que os gestores logísticos devem ocupar hoje no cenário da economia regional, nacional e global. Na unidade 2 vamos discutir a respeito da integração do transporte na visão do Suply Chain. Boa leitura para todos! EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 14 Uma das atividades que mais se repete ao longo da cadeia de suprimentos é, semdúvidas, o transporte. Fica claro, em uma análise preliminar, que qualquer operação ao longo da cadeia de suprimentos é dependente da existência do transporte para seu sucesso. Ao longo da história temos no Brasil situações nas quais, por greves ou funis operacionais no transporte e sua infraestrutura, a produção ficou parada e estancada por semanas causando altíssimos prejuízos à economia nacional, assim como sintomas de desabastecimento nas prateleiras de muitos setores. Incluímos o transporte dentro do processo logístico de distribuição. Esse processo é formado por várias atividades gerais como gestão estratégica, armazenagem e estocagem e transporte. Na atividade de gestão estratégica da distribuição encontramos tarefas como definição dos canais mais apropriados, estabelecimento geográfico dos centros de distribuição e armazéns, determinação das políticas de estoque, incluindo os níveis de estocagem, opção de sistemas eficientes de roteirização, programas de logística reversa e logística pós- consumo, entre outras. É precisamente por esta complexidade operacional dos atores envolvidos que a atividade de transporte dispara gatilhos funcionais em uma série de outras atividades envolvendo praticamente todos os elementos da cadeia de suprimentos. www.esab.edu.br 15 De acordo com Schluter (2013, p.78) “o sistema logístico de transporte funciona, basicamente, com base na demanda de consumo final, que dispara a necessidade de produção e/ou reposição de bens no mercado”. O autor, ainda, explana que essa dinâmica movimenta todos os elementos da cadeia produtiva, desde as fontes fornecedoras de matérias-primas, insumos e materiais, passando pelas indústrias de manufatura e transformação de materiais, chegando nas empresas que comercializam todo tipo de produtos prontos para o consumo final abrangendo, é claro, todo o sistema logístico de transporte. Esse sistema é formado, de acordo com Schluter (2013), por três atores que atuam diretamente e mais um ator que intervém de forma indireta. O primeiro ator é constituído pelos setores industrial, comercial e de agronegócios que de certa forma disparam a primeira etapa do sistema ao selecionar o operador. O segundo grupo é formado por empresas de transporte rodoviário de cargas, operadores logísticos, operadores de transporte multimodal e quarterizadores de serviços logísticos que consistem em empresas de serviços de melhorias e estratégias na distribuição. O terceiro grupo de atores é composto pelos governos federal, estaduais e municipais que atuam como fornecedores de toda a infraestrutura necessária para que a distribuição aconteça, como estradas, ruas, acessos, terminais, portos, aeroportos entre outros elementos que formam o sistema como um todo. O quarto e último grupo, que atua paralelamente, é constituído pelo sistema educacional, público e privado, em todos os níveis, incluindo cursos profissionalizantes, graduação e pós-graduação que formam e fornecem mão de obra especializada para o setor logístico. www.esab.edu.br 16 A figura que segue exemplifica de forma bem clara a dinâmica deste sistema: Figura 1 – Os atores do sistema logístico de transporte Adaptado pelo autor de Schluter (2013). O posicionamento dos grupos no esquema do sistema logístico de transporte não é fixo, e sim dinâmico e interativo. Eles atuam em diferentes momentos e tempos ao longo da cadeia de suprimentos. Importante é que compreendamos que o transporte não é apenas o veículo que movimenta os produtos de um ponto a outro, apesar de normalmente ser assim interpretado. Para uma compreensão completa precisamos falar em sistema de transporte. Esse começa com a infraestrutura necessária para que o transporte aconteça em todos seus modais. Assim, entra em jogo o Grupo3, o Estado. Este, em seus três níveis, federal, estadual e municipal deverá criar a possibilidade de infraestrutura total necessária para tal atividade, sendo com seu próprio investimento ou por meio de concessões ou privatizações. Estamos nos referindo a estradas, ruas, pontes, acessos, terminais, portos, aeroportos, armazéns, controles fiscais, controles de peso, controles de segurança e tudo aquilo necessário para o desenvolvimento da atividade logística. www.esab.edu.br 17 Neste sentido, muito escutamos, principalmente em épocas de eleições, a respeito da falta de infraestrutura para o crescimento econômico. Muito bem, é desse tipo de estrutura que esse assunto trata. Depois de todos esses elementos disponíveis entra o grupo1, com toda a força de produção para que as mercadorias sejam manufaturadas de acordo com a demanda e fiquem disponíveis para a distribuição. Aqui também nos encontramos com iniciativas privadas que vem fortalecer a estrutura disponibilizada pelo Estado com empreendimentos como postos de abastecimento de combustíveis, serviços de manutenção de veículos, hotéis, restaurantes e outros tipos de estrutura de apoio comercial. Por fim, entra em ação o grupo2 que consiste em todos os operadores logísticos e as empresas de transporte com seus veículos em todos os modais. Não podemos esquecer, que toda a estrutura oferecida por esses 3 grupos precisa de mão de obra especializada. Sem ela é impossível que esta dinâmica logística aconteça. Entra neste momento o grupo 4 como uma atividade secundária, mas de vital importância. Aqui institutos, escolas, faculdades e universidades se encarregarão de formar, especificamente, a mão de obra necessária para que essa máquina econômica funcione com eficiência. É comum que imaginemos o transporte apenas como veículos se deslocando de um ponto a outro. Para você entender mais a respeito da formação de sistemas de transportes e assim ampliar seus conhecimentos acesse o link do artigo. Boa leitura! https://books.google.com.br/ https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=AGNY9y9ZE6YC&oi=fnd&pg=PA5&dq=sistemas+de+transporte&ots=lw2mBoaeCX&sig=oscPesFKk20qEn70uKi0XSu65v4#v=onepage&q=sistemas%20de%20transporte&f=false www.esab.edu.br 18 Como já devem ter percebido, o transporte implica em um complexo aparelho de instituições que devem trabalhar de forma colaborativa para promover a capacidade necessária para que o motor econômico de uma nação funcione. Dessa forma, os usuários do sistema de transporte tomarão decisões de contratação, nos diferentes níveis e etapas da cadeia de suprimentos, a respeito de que tipos de modais, estrutura de apoio, operadores e transportadoras contratarão. De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa e Ensino em Logística (IPELOG) e citada por Schluter (2013), existem 10 atributos que os usuários utilizam para escolher o operador que vão contratar. Figura 2 – Atributos para decisão por parte dos usuários. Adaptado pelo autor de Schluter (2013). www.esab.edu.br 19 Agora que entendemos como que é formado um sistema de transportes vamos falar, na próxima unidade dos diferentes modais que podem ser utilizados. Boa pesquisa para todos! EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 20 As empresas têm, ao longo da cadeia de suprimentos, diferentes necessidades de transporte e movimentação de mercadorias entre vários pontos. A origem e destino dessas movimentações podem ser dos mais variados se situando a alguns km de distância, em outras cidades, outros estados ou até outros continentes. Um produto pode ser fabricado em uma indústria do Japão que recebe as matérias-primas de vários fornecedores que podem ser do mesmo país, de outro ou ainda de algum continente distante. Esse produto pronto e unitizado é acondicionado em containers para ser transportado até o porto. Lá ele será depositado em um armazém para posteriormente ser carregado em um navio. Vai cruzar vários oceanos até chegar em algum porto brasileiro, onde será descarregado e colocado em outro armazém até conseguir a liberação da carga na aduana. Logo será transportado de caminhão até algum centro de distribuiçãoe será novamente armazenado, até finalmente ser mobilizado até os pontos de varejo ou lojas nas quais será novamente armazenado nos estoques para definitivamente ir para prateleira e ficar à disposição do consumidor final. Se por um lado temos uma cadeia de suprimentos desse tamanho, também, na outra ponta, podemos nos encontrar com redes extremamente simples e menores, como por exemplo, um viveiro que cultiva temperos tendo recebido as sementes de algum produtor regional e, depois de ter crescido alguns centímetros, www.esab.edu.br 21 vende direto para o consumidor final. Percebam que independentemente do tamanho da cadeia em questão as funções se repetem e tem o mesmo sentido. Com o transporte acontece a mesma situação. Assim, vamos agora verificar juntos as características de cada um dos modais de transporte existente. Modal de transporte ferroviário As vias utilizadas por este tipo de transporte são denominadas de trilhos e existem várias bitolas de acordo com a empresa que construiu a rede. Os veículos consistem em formações que contemplam locomotivas e vagões adaptados para todo tipo de carga. Se caracteriza por transportar uma alta quantidade de carga, podendo chegar a ter até 200 vagões com tração distribuída em 4 pontos da formação. Percebam que uma operação dessas consegue transportar a mesma quantidade que 200 caminhões levando um contêiner cada um. Os custos fixos são elevadíssimos devido a manutenção das vias, assim como a quantidade de equipamentos e pessoas necessárias para colocar em movimento essa formação. Já os custos variáveis são relativamente baixos. Por outro lado, o investimento inicial é altíssimo, pela construção da rede, a infraestrutura necessária e a aquisição das locomotivas e vagões. A velocidade dessa modalidade é considerada intermediária situada entre o aquaviário e o rodoviário. A sua frequência também é intermediária já que não existe tanta disponibilidade quanto o rodoviário mas pode se programar uma partida mais fácil que o aquaviário. www.esab.edu.br 22 Figura 3 - Modal ferroviário unsplash.com (royalties free) Você conhece a história de empreendedorismo do Conde de Mauá? Acesse o link a seguir, leia atentamente e reflita a respeito da matriz atual de transporte no Brasil. Boa reflexão! https://www.terra.com.br/ Modal de transporte rodoviário É o transporte realizado por vias e estradas com todo tipo de veículos apropriados para essa operação. Por suas características ele tem uma capacidade de mobilização de cargas pequena se comparado com o ferroviário ou aquaviário. Essa é uma das razões que o mesmo é responsável pelo maior custo dentro dos custos logísticos de uma operação comercial. Como os preços e impostos de veículos, sua manutenção, sua operação e a depreciação dos veículos atingem altos valores, ao fazermos o rateio por unidade transportada percebemos a https://www.terra.com.br/noticias/educacao/historia/o-barao-de-maua-e-sua-estrada-de-ferro,4a1fa96138533410VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html www.esab.edu.br 23 importância financeira dessa magnitude. Por outro lado, se comparado ainda com o transporte aquaviário, ferroviário e aéreo, o rodoviário tem a capacidade de entregar os produtos diretamente nos centros de distribuição, lojas ou até na casa do consumidor final, situação impossível para os outros modais. Ao analisarmos os custos do transporte rodoviário, se comparados com os demais podemos chegar a algumas conclusões. Os custos fixos, ao confrontá-los com os outros modais, acabam sendo baixos visto que as vias e estradas não são de propriedade dos transportistas, nem das empresas que realizam as compras, nem dos fornecedores. Ao mesmo tempo, se por um lado o custo dos veículos pode parecer alto para seus proprietários, se comparamos ele com o custo de aquisição de um navio, um avião ou um trem, ele continua sendo extremamente baixo. Já os custos variáveis costumam ser altos já que são pagos pedágios, impostos da construção de rodovias no combustível e o próprio combustível utilizado para mobilizar os veículos. Do ponto de vista da velocidade, a mobilização rodoviária é mais rápida que a ferroviária e a aquaviária, no entanto, mais lenta que a aérea. Por fim, se falarmos em frequência a rodoviária se caracteriza por ter uma alta possibilidade, visto que praticamente não existem restrições para um veículo partir na hora que estiver carregado e em condições. www.esab.edu.br 24 Figura 4 - Modal rodoviário unsplash.com (royalties free) Modal de transporte aéreo Este tipo se dá por meio da utilização de aeronaves que circulam por vias aéreas. Tanto os custos fixos como variáveis são extremamente elevados. A sua capacidade é pequena, mas a velocidade é a maior de todo o grupo. A frequência é considerada baixa, principalmente no Brasil onde não contamos com uma estrutura específica para transporte de cargas aéreas. Figura 5 - Modal aéreo unsplash.com (royalties free) www.esab.edu.br 25 Modal de transporte aquaviário Como já falamos os veículos utilizados são navios ou embarcações e as vias os próprios rios. O investimento na embarcação tem um custo elevadíssimo inicial, assim como a construção de estruturas, como cais e outros. Claro que a empresa pode utilizar os cais e portos de outras empresas, municípios ou estados, no entanto, o custo dessa utilização também é bem alto. A sua velocidade é lenta e a capacidade de transporte é a maior dos cinco modais, existindo supernavios que transportam até 15.000 contêineres em uma única viagem. A frequência do aquáviário é baixa visto a complexidade e riscos deste tipo de operação. Figura 5 - Modal aquaviário unsplash.com (royalties free) Modal de transporte dutoviário Este tipo se utiliza para mobilizar minerais, petróleo, óleos, água, gases e outros elementos com estas características. O custo de instalação é altíssimo visto que, além dos dutos e equipamentos necessários, devem ser realizadas expropriações www.esab.edu.br 26 com altas indenizações por onde passa a rede. Sua velocidade é baixa, mas constante, por isso que sua frequência é considerada altíssima visto que se encontram permanentemente em funcionamento. Figura 7 - modal dutoviário unsplash.com (royalties free) Cada país opta por uma matriz de transporte que destaca a movimentação de tudo o que é produzido. Estamos nos referindo as políticas públicas de logística e infraestrutura que, de forma estratégica, são implementadas por cada nação. Esse será o tema da próxima unidade. Boa leitura! EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 27 Historicamente, na maior parte das nações, todas as decisões e políticas de infraestrutura logística e transporte ficam sobre a responsabilidade do Estado em seus três níveis. A princípio esta lógica faz sentido visto que do ponto de vista econômico o Estado deve propiciar estabilidade nos mercados e na economia, para que as empresas se desenvolvam e assim a economia do país cresça ano após ano. O problema aparece quando interesses extra econômicos e particulares se infiltram nas tomadas de decisão ou na concepção das políticas nesse sentido. Primero devemos definir o que é política. Esse termo tão contraditório, quando vem entendido e utilizado se refere a procedimentos que podem ser adotados em determinadas áreas. Diferente da política partidária que também tem essa conotação somente dentro do contexto de um determinado partido político. Dessa forma, encontraremos na prática dois tipos de políticas praticadas pelos governos nos três níveis. Essas são as políticas de governo e as políticas de Estado. As políticas de governo consistem em diretrizes, nas diferentes áreas de atuação dos governos, que tem como horizonte apena o período no qual essa administração está no poder. Sendo assim, normalmente, são planos que não ultrapassam os 4 anos. Sabemos que esse tempo é muito pequeno para desenvolver projetos de maior envergadura. Além disso, se depoisde 4 anos o governo troca de mãos, dificilmente se dará continuidade àqueles projetos. www.esab.edu.br 28 Assim, tudo recomeça e o dinheiro público é gasto de forma ineficiente. Por outro lado, temos as políticas de Estado que independem do governo que estiver na situação. Essas consistem em planos que visam atingir grandes objetivos com um horizonte de 10, 20 ou 30 anos. Assim, independente do partido ou político que estiver no poder, a linha de raciocínio e atuação é a mesma. Vamos esclarecer que nos países em desenvolvimento, como o caso do Brasil, raramente veremos políticas de Estado, sendo que predominam as de governo com planos extremamente curtos e rodeados de interesses extra sociais. Depois desse entendimento vamos entender como que chegamos na atual matriz de transportes e infraestrutura logística do Brasil. Já devem ter escutado falar no Visconde ou Barão de Mauá. Esse foi um estudioso, político e empresário que atuou na segunda metade do século 19 no Brasil. Ele cursou seus estudos em universidades inglesas e na época manteve contato com as grandes empresas de aço da Inglaterra que vinham construindo as grandes ferrovias nos maiores países do planeta. Essas empresas se interessaram pela instalação de uma ampla rede de ferrovias no Brasil, visto que, estava claro que a industrialização e desenvolvimento econômico de países nessas dimensões, que possuíam grandes quantidades de recursos naturais, passava por uma matriz de transporte que permitisse a movimentação desses recursos por todo o território. O modal ferroviário era o ideal para este logro. Aliás, continua sendo. Estamos falando de 1880, 140 anos atrás. O Brasil era governado ainda por Pedro II. Entusiasmado, Mauá tentou passar essa concepção para o imperador. Esse se animou com a ideia e aprovou a iniciativa destinando uma grande quantia de dinheiro inicial para que os projetos começassem. www.esab.edu.br 29 O visconde enxergava, como bom visionário que era, um Brasil amplamente desenvolvido do ponto de vista industrial e não apenas uma nação que dependia de sua agricultura. Os projetos começaram com as empresas inglesas, mas logo, os senadores da época, que eram os donos das terras ou amigos dos donos das terras se posicionarão contra o projeto de desenvolvimento. A pressão foi tão grande que o imperador cedeu e os projetos pararam. Essa história é bem interessante, existe um livro e até um filme brasileiro que a relata com detalhes. O importante aqui é entendermos que uma decisão de uma política errada a respeito da infraestrutura de uma nação pode marcar a diferença entre a riqueza e a pobreza. Hoje, 140 anos depois, o Brasil continua sendo um país agrícola que depende principalmente da venda de comanditeis para o exterior. A industrialização, se comparada com as grandes nações, ficou estancada principalmente pela falta de infraestrutura. Estudos econômicos e sociais indicam que esta opção errada determinou para sempre que o Brasil não seja uma potência mundial. Todas as economias mais desenvolvidas do planeta possuem redes ferroviárias para movimentação de sua produção e dos recursos que atingem todos os cantos do país. O Brasil não. Em lugar disso se optou pela matriz rodoviária, com todas suas deficiências que já conhecemos. Deixemos agora a história para trás e vamos nos dedicar a falar da nossa realidade, já que agora temos que trabalhar com ela. Mas é importante que entendamos que as decisões de políticas de infraestrutura e transporte que sejam tomadas hoje, definirão o rumo econômico das próximas décadas. No Brasil, em 2018, o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil elaborou e publicou a Política Nacional de Transportes que contempla os modais aeroviário, rodoviário, ferroviário e aquaviário. Na sua apresentação encontramos as seguintes palavras: “A Política Nacional de Transportes – PNT é www.esab.edu.br 30 o documento de mais alto nível para o Setor de Transportes do país, no qual estão estabelecidos os princípios, os objetivos, as diretrizes fundamentais e os instrumentos para o planejamento e desenvolvimento setorial”. (Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, 2018, p. 6). Neste documento encontramos objetivos, diretrizes, instrumentos e estratégias definidas para cada modal de transporte. Se apresentam, para cada um desses tipos, de 25 a 35 ações que devem ser executadas para implementar essa política de forma eficiente. Lembremos que é apenas um documento de planejamento e proposta. É claro que é de difícil aplicação devido aos grandes desafios e investimentos altíssimos que devem ser realizados no país. No entanto, ele se encaixa no que seria uma política de Estado visando o desenvolvimento no longo prazo. Se fizermos um giro pelo país podemos perceber que muita coisa está sendo feita, apesar de estar longe do ideal. Em quase todas as situações vamos nos encontrar com investimentos privados, isto é, concessões ou privatizações para empresas, principalmente estrangeiras, com poder de investimento e alta experiência em seus devidos setores. Assim, temos exemplos positivos como o Aeroporto Internacional de Florianópolis que operava com extrema deficiência e sem estrutura e que foi concedido a uma empresa suíça que, em menos de dois anos, construiu o aeroporto mais moderno e tecnológico do país. Muitos devem seguir esse exemplo. Situação semelhante acontece com o Porto de Itajaí, que no ano de 2022 passará também da prefeitura para mãos privadas com investimentos que transformaram a forma de operar do mesmo. www.esab.edu.br 31 A última política de transportes elaborada no país foi no ano 2018. Você pode acessar o link a seguir e fazer o download do documento com o resumo executivo. Tem informações interessantes para os gestores de logística. Boa leitura! https://www.infraestrutura.gov.br/ Independente das políticas de transporte e logística que os governos podem criar e implementar, os diferentes setores do mercado, assim como as federações, associações e empresas que fazem parte dos mesmos, também podem definir políticas específicas para o setor. Essa ação é de extrema importância e potencializa muito o crescimento de cada setor visto, que cada um tem características diferentes que merecem planos específicos de desenvolvimento. EXERCITANDO: vamos às questões on-line e à atividade dissertativa! https://www.infraestrutura.gov.br/images/2018/POLITICA_PLANEJAMENTO_TRANSPORTES/documentos/resumo_executivo_PNT_portugues.pdf www.esab.edu.br 32 Um processo consiste em uma sequência predefinida e ordenada de atividades e tarefas. Ele se caracteriza por ter um fluxo dividido em fases nas quais acontecem atividades de mudança de status ou agregação de valor. Essas fases ou etapas possuem fornecedores que providenciam elementos para que essa fase aconteça com normalidade e clientes que esperam uma entrega satisfatória dessa etapa. Esses fornecedores e clientes podem ser de ordem interna. Para exemplificar melhor essa explicação, imaginemos um processo de estocagem. O fornecedor, neste caso, seria o departamento de produção e manufatura, que entrega para a atividade de estocagem uma certa quantidade de mercadorias. O cliente, nesse mesmo exemplo, seria a equipe de distribuição e movimentação que se encarregará de retirar os produtos do armazém na hora que um pedido acontecer. Observem que o processo de estocagem deve acontecer com normalidade para que a entrega seja realizada com eficiência. Da mesma forma funciona em um processo logístico. Na figura que segue apresentamos um esquema que identifica a formatação de um processo por fases. www.esab.edu.br 33 Figura 8 – Formatação de um processo logístico Figura do autor (2020) Observem que a menor unidade funcional na operação de uma empresa é a tarefa. Assim, um grupo de tarefas constituem uma atividade. Já várias atividades formam um processo. Olhando para a figura temos um processo denominado arbitrariamentede X1. Esse, em sua totalidade é formado por 3 atividades sendo A, B e C. Por sua vez, a atividade A é formada por 4 tarefas, a B por 3 e a C por 5. O processo logístico como um todo se caracteriza por ter procedimentos estáticos e procedimentos dinâmicos. É o que denominamos de stop and go, traduzindo, existem momentos nos quais os produtos ou mercadorias se encontram em status estático e, em outros momentos, em status dinâmico. Vamos agora verificar as diferenças destes dois momentos. Procedimentos estáticos De acordo com Schluter (2013, p. 48), um procedimento estático “pode ser definido como uma parada que o produto sofre em sua produção para execução de beneficiamento ou de disponibilidade para demanda futura”. Podemos citar como exemplos de procedimentos estáticos uma parada para pintura na linha de montagem de uma indústria (produção), estocagem em um armazém (suprimento) ou disponibilidade e exposição nas prateleiras de um supermercado (distribuição). www.esab.edu.br 34 O tempo é uma variável importante de ser levada em conta em um status estático e vai depender do tipo de operação realizada naquele instante. Uma parada do produto em estoque ficará por maior tempo que uma parada do produto na produção para realizar a pintura, que será por alguns minutos ou horas. Via de regra, o valor da demanda é determinante para estipular esses tempos dos procedimentos estáticos. Vale destacar que um status desse tipo exige a existência de uma determinada infraestrutura, equipamentos e mão de obra. Procedimentos dinâmicos Schluter (2013, p. 48) define um procedimento dinâmico como “o deslocamento do produto entre dois procedimentos estáticos”. Como exemplo, podemos citar o transporte de um contêiner do porto para um centro de distribuição (transporte) ou a movimentação de um produto na fábrica da linha de produção para o estoque (estocagem). Na figura a seguir exemplificamos esses momentos em dois processos logísticos diferentes, o de estocagem e o de manuseio. Figura 9 – Representação de processos logísticos Adaptado pelo autor de Schluter (2013). www.esab.edu.br 35 Um processo logístico pode ser representado por três subsistemas internos denominados de suprimento, produção e distribuição. Cada um será composto por uma série de processos. Podemos ilustrar em um diagrama de fluxos os procedimentos estáticos e dinâmicos, utilizando as figuras determinadas por padrão e convenção internacional, para entendermos esta lógica operacional. Figura 10 – Diagrama de um sistema logístico Adaptado pelo autor de Schluter (2013). Estimados alunos, nas unidades desta seção nos aproximamos dos conceitos básicos dos sistemas de transporte. Na próxima seção vamos conferir as forma de realizar uma gestão eficiente de todas as etapas desta dinâmica logística. Bons estudos! EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 36 Resumo da seção 1 Nesta seção, vimos a evolução do transporte, pontuando a importância do transporte de cargas. Vimos que um sistema de transportes é formado por toda a infraestrutura necessária para que aconteça de forma eficiente, sendo, na perspectiva logística, na abordagem no desenvolvimento, uma atividade essencial para todos os países. No Brasil prevalece o meio de transporte rodoviário, cujo modelo se fortalece por interesses econômicos e políticos, ao passo que um investimento em transporte de cargas ferroviário se apresenta como necessário. O transporte implica em um complexo aparelho de instituições que devem trabalhar de forma colaborativa para promover a capacidade necessária para que o motor econômico de uma nação funcione. Os usuários do sistema de transporte tomarão decisões de contratação, nos diferentes níveis e etapas da cadeia de suprimentos, a respeito de que tipos de modais, estrutura de apoio, operadores e transportadoras contratarão. Existem diversos modais de transporte: rodoviário, ferroviário, aéreo, aquaviário e dutoviário. De forma, que as empresas têm, ao longo da cadeia de suprimentos, diferentes necessidades de transporte e movimentação de mercadorias entre vários pontos. Cada modal tem suas especificidades, quanto aos custos, frequência, velocidade, etc., devendo, cada empresa, utilizá-los nos parâmetros que melhor atenda sua realidade. www.esab.edu.br 37 No Brasil, em 2018, o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil elaborou e publicou a Política Nacional de Transportes que contempla os modais aeroviário, rodoviário, ferroviário e aquaviário, esperando-se, a partir desta iniciativa, que o país possa evidenciar a implementação de uma infraestrutura para o desenvolvimento. Por fim, entendemos que o transporte se insere nas diferentes dinâmicas acontecidas dentro do processo logístico, que se caracteriza por ter procedimentos estáticos e procedimentos dinâmicos. www.esab.edu.br 38 Seção 2 – Gestão de transporte Na segunda seção da disciplina de transportes abordaremos a construção de redes logísticas e de distribuição de mercadorias. As formas de obter oferta de transporte para tais demandas e as formas mais eficientes de transporte por meio do traçado de estratégias de roteirização contemplando todos os fluxos logísticos, também farão parte das unidades deste bloco da disciplina. Os diferentes segmentos de transporte de cargas, assim como suas características, e o estudo dos fatores de formação de custos logísticos se farão presentes nesta seção. www.esab.edu.br 39 Nos diferentes formatos de cadeias de suprimentos podemos nos encontrar com duas modalidades conceituais que mudam radicalmente a forma de operar entre si. Estas são as cadeias e as redes. Vamos esclarecer a diferença entre elas. Uma cadeia normalmente apresentará um design linear. Nessa lógica, uma parte dela se relaciona apenas com a empresa seguinte e com a anterior. Já uma rede pode ser circular, quadrada, retangular uniforme, desuniforme, ou seja, não interessa o formato, o que interessa são os relacionamentos, todas as partes ou empresas podem ter a possibilidade de se relacionar entre si. Essa lógica diferente é proposta pelos teóricos britânicos. De acordo com Pires (2014) os ingleses preferem chamar o Suply Chain (cadeia de suprimentos) de Suply Network (rede de suprimentos), precisamente pela dinâmica de relacionamentos que explicamos anteriormente. Esses autores defendem esta conceituação, no entanto, aceitam que o termo Suply Chain já se encontra tão divulgado mundialmente que não se opõem ao mesmo. Pires apresenta o seguinte esquema para entender rapidamente a lógica proposta por eles. www.esab.edu.br 40 Figura 11 – Cadeias e Redes Adaptada pelo autor - (Pires 2014) Observando a figura podem perceber graficamente os diferentes graus de relacionamento existentes entre uma cadeia e uma rede. A colocação dos britânicos faz sentido, não acham? Esclarecido esse ponto, para que tenhamos em conta que os relacionamentos devem ser os mais amplos possíveis para que a rede ou cadeia como um todo se desenvolva, vamos passar a analisar as diferentes cadeias que encontramos. Dessa forma, podemos definir a construção de redes que incluam a dinâmica do transporte como parte de um sistema logístico. Para isso, primeiro precisamos determinar os momentos estáticos e dinâmicos. O procedimento consiste em realizar um levantamento de todas as ações com o máximo de detalhes inerentes às transformações e movimentações que o www.esab.edu.br 41 produto ou mercadoria receberão. Esse desenho se realiza em forma de fluxograma no qual também se destacam, como falado anteriormente, os procedimentos que têm características estáticas e os que têm atributos dinâmicos. A melhor forma de realizar um desenho de rede deste tipo é o trabalho in-loco, visto que apenas por meio da visualização dos processos, atividades e tarefas será possível identificar e organizar em forma de fluxo os diferentes elementos dessa rede. Cabe destacar que a técnica podeser aplicada tanto para uma linha de produção, contemplando desde o almoxarifado onde se encontram as matérias-primas, até o armazém onde serão estocados os produtos acabados, como para uma rede de distribuição completa, desde o fornecedor de matéria-prima até as prateleiras do varejo. Agora que entendemos como funciona uma rede e como que podemos levantar as informações necessárias para estabelecer um fluxograma de atividades estamos em condições de tratarmos da formação e construção de redes de transporte. Depois de ter sido realizado o levantamento do fluxo do sistema devemos verificar a infraestrutura que será necessária para toda a operação. Lembremos que estes processos e atividades acontecem em vários locais e momentos diferentes ao longo da rede, logo, em cada um desses espaços terão que existir as condições necessárias para suportar a operação, tanto de infraestrutura como de recursos humanos. Além da infraestrutura mencionada, que inclui a frota de veículos entre outros itens como docas, armazéns, pátios, estoques, equipamento de movimentação e outros, precisamos pensar na roteirização de entregas e distribuição. www.esab.edu.br 42 Para isso podemos optar por pelo menos cinco formatos de redes diferentes, de acordo com a leitura de Chopra (2014): Rede de remessa direta Neste tipo de rede as cargas vêm direto de cada um dos fornecedores para cada local do comprador. Aqui a roteirização é especificada e o gestor define a quantidade a ser transportada e o modo de transporte que será utilizado. A principal vantagem deste modelo é a eliminação de estoques intermediários, diminuindo custos e facilitando a operação. Além disso, como a remessa vai direto sem intermediários o tempo de transporte diminui. Este formato se justifica quando a demanda é grande nos locais de venda e os lotes de entrega têm tamanho suficiente que justifique a operação. Figura 12 – Rede de remessa direta Adaptado pelo autor de Chopra (2014) Rede de remessa direta com milk runs Neste modelo de remessa um veículo entrega produtos de um único fornecedor para vários lojistas ou ainda mercadorias de vários fornecedores para somente um lojista. Para isso existe um esforço considerável na decisão do gestor da cadeia de www.esab.edu.br 43 suprimentos a respeito da rota mais eficiente. Nessa metodologia encontramos duas vantagens, por um lado, por ser direta evita intermediários e depósitos o que reduz o custo operacional, pelo outro lado, por ser milk runs otimiza as entregas em uma única viagem com um único veículo. Figura 13 – Rede de milk run de vários fornecedores para vários locais de venda Adaptado pelo autor de Chopra (2014) Rede de remessas via centro de distribuição Nesta opção os fornecedores não encaminham as entregas direto para os lojistas, e sim, para centros de distribuição regionais (CD), que se encarregaram de preparar as remessas no tamanho e quantidades certas para cada uma das lojas. O centro de distribuição é uma camada extra existente entre os fabricantes ou fornecedores e os lojistas. Ele cumpre duas principais funções que consistem em amplo poder de armazenamento e operacionalidade para a transferência de mercadorias. A existência desse tipo de infraestrutura permite que se estabeleça uma economia de escala com fluxo de grande quantidade de mercadorias permitindo que os custos gerais e até de produção sejam reduzidos, com grandes vantagens para todos os envolvidos, desde os fornecedores até os consumidores. www.esab.edu.br 44 Figura 14 – Rede de remessas via Centro de Distribuição (CD) Adaptado pelo autor de Chopra (2014) Rede de remessas via centro de distribuição utilizando milk runs Aqui devemos levar em conta que as entregas que serão realizadas a partir do centro de distribuição para cada lojista devem ter tamanho pequeno e que se adequem a entregas rápidas, dinâmicas e com veículos medianos ou pequenos. Esses veículos realizarão as entregas em rotas predeterminadas que contemplarão vários lojistas. Figura 15 – Rede de remessas Milk Run a partir de Centro de Distribuição (CD) Adaptado pelo autor de Chopra (2014) www.esab.edu.br 45 Remessa interurbana com cross-docking Nesta modalidade se estabelecem infraestruturas de cross- docking entre o centro de distribuição e os lojistas. Assim, se utiliza um transporte de maior capacidade para chegar perto das lojas nesses pontos de cross-docking. Aqui se realiza a separação e consolidação dos pedidos e se enviam para os pontos finais em veículos menores, normalmente, já dentro da própria cidade ou região metropolitana. Na próxima unidade vamos verificar a forma de programar a oferta do transporte e como mensurar o desempenho do mesmo. Boa aprendizagem para todos! EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 46 A oferta do transporte depende da capacidade operacional da empresa operadora que oferece o serviço. São algumas variáveis que o gestor logístico deve levar em conta para determinar a possibilidade de estabelecer parcerias com os operadores de transporte. O quadro a seguir nos apresenta de forma detalhada a pesquisa que cabe ao gestor realizar para ter todas as informações necessárias para a tomada de decisão. Figura 16 – Variáveis de informação para verificar a oferta de um fornecedor Adaptado pelo autor de Schluter (2013). www.esab.edu.br 47 Verificando o quadro percebemos que o primeiro item a ser levado em conta verifica informações gerais da empresa como tempo de existência, experiência, donos e formas de gestão. O segundo item se refere diretamente a situação financeira da empresa. As questões de programas de qualidade e melhorias contínuas são contempladas no terceiro item. Todos os pontos que seguem fazem alusão às questões operacionais como processos, equipamentos veículos e demais elementos que asseguraram um alto nível de serviço logístico e operacional. O gestor logístico deve realizar um exaustivo estudo que relaciona a demanda de operação de transporte e mobilização com a oferta disponível, por meio dos parceiros a serem selecionados e contratados ao longo de toda a rede. Deve existir um equilíbrio justo entre estes dois elementos, demanda e oferta, para que não fiquem produtos parados de forma ineficiente pela falta de equipamentos para transporte, nem veículos com capacidade ociosa parados ou mal utilizados pela falta de cargas para movimentar. O equilíbrio justo se dá quando toda a rede trabalha a plena capacidade. A questão de calcular de forma assertiva a demanda por transporte sempre será uma atividade extremamente complexa para os gestores da cadeia de suprimentos. No artigo que você encontrará no link que segue, o autor estuda esta questão de forma detalhada. Boa pesquisa! https://esalqlog.esalq.usp.br/ https://esalqlog.esalq.usp.br/upload/kceditor/files/2015/08/Demanda-de-transporte-de-cargas_atributos-determinantes-para-decis%E2%94%9C%C3%BAo-de-possuir-frota-pr%E2%94%9C%E2%94%82pria-e-escolha-do-modal.pdf www.esab.edu.br 48 A utilização de KPI´s para mensurar a performance da rede Os KPI´s ou indicadores-chave de performance servem como elementos de verificação da eficiência das operações das redes, tanto no nível interno como externo, de cada um dos processos implementados ao longo da cadeia. Esses indicadores não são apenas numéricos, mas a expressão, por meios decimais, de uma série de conceitos pré-estabelecidos que servirão para a avaliação do desempenho quantificável da rede e de suas operações. Eles também não podem ser lidos isoladamente, e sim, em conjunto com os demais indicadores. Deve se determinar um algoritmo que estabeleça a relação e desempenho entre eles, a fim de oferecer uma informação final para o gestor que o ajude a entender o grau de eficiência da rede de transporte. Uma ação de extrema importância nesse sentido consiste em traçar objetivos de desempenho para a rede e posteriormente compartilhá-los entre todos os elementos operadoresda mesma. Dessa forma, cada um terá um papel e um determinado foco de eficiência pré-determinado. Uma tarefa para a qual deve ser dedicado um tempo importante é a elaboração dos indicadores. Um indicador, consiste em algum elemento que permite que realizemos uma leitura de uma atividade ou uma tarefa. Normalmente encontramos dois tipos de indicadores. Por um lado, temos os indicadores de execução que consiste em algum tipo de documentação, relatório, amostra, imagem, vídeo ou qualquer outro elemento que indique que uma determinada tarefa foi executada. Esses costumam ser de rápida leitura e identificação, e possuem a característica de serem de caráter quantitativos. Pelo outro lado, nos encontramos com os indicadores de desempenho. Esses mensuram o grau de eficiência atingido por uma determinada tarefa, atividade ou processo. Eles são de ordem qualitativa já que medem a qualidade da ação www.esab.edu.br 49 executada e o quanto ela se aproximou do desejado. A leitura destes é mais demorada porque muitas vezes o desempenho só consegue ser interpretado após analisar os resultados da atividade. Por essa razão que também são mais complexos de elaborar e aplicar. O principal elemento a ser levado em conta é o que deve ser mensurado dentro de um processo. Especificamente em redes de transporte poderíamos citar alguns, como lead time ou tempo transcorrido entre o pedido e a entrega, velocidade de processamento dos pedidos de mobilização, tempo de carga e descarga, velocidade média dos veículos para otimizar os custos de combustível, rotas traçadas e nível de serviço logístico geral entre outros elementos. Além disso, determinar em que momento e com que frequência deve ser aplicada a leitura de um indicador é estratégico para a avaliação de desempenho. Os intervalos de medições podem ser estipulados por períodos de tempo, cada 3 horas, diariamente, quinzenalmente e assim por diante, ou, ainda, demarcados para acontecerem após a finalização de uma tarefa, atividade ou processo, por exemplo, ao finalizar a carga, ao passar da metade da rota, ao voltar no Centro de Distribuição, apenas para citar alguns exemplos. A figura a seguir nos apresenta alguns indicadores logísticos, assim como os objetivos de cada um deles. Percebam que o objetivo explica de forma clara o que esse indicador procura explicar. Desse objetivo vai derivar o elemento que deve ser quantificado para obter um determinado nível em uma escala de valor construída para cada indicador. www.esab.edu.br 50 Figura 17 – Indicadores logísticos e seus objetivos Adaptado pelo autor de Schluter (2013) Como falamos, estes são apenas alguns dos muitos que podem ser observados para cada atividade logística e para a cadeia de suprimentos como um todo. Na próxima unidade verificaremos as diferenças existentes entre cargas simples e consolidadas. Bons estudos para vocês EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 51 Como vocês sabem, um dos principais elementos a levar em conta na hora de transportar cargas é o espaço que a mesma ocupará e o espaço disponível em cada unidade de transporte. Esse espaço é denominado de capacidade e se mensura em metros cúbicos (m3). Durante muito tempo as empresas de transporte só se preocupavam com transladar as cargas de um ponto a outro, de acordo coma a demanda, sem se interessar com o aproveitamento total da capacidade de transporte. Com o aumento dos custos e as necessidades de maior eficiência financeira e operacional, os operadores prestaram maior atenção a essa atividade, para tirar maior proveito de cada viagem de acordo com a capacidade total dos veículos. A atividade de alocar algumas mercadorias pequenas ou grupo delas em uma única carga com o fim de agilizar sua armazenagem, movimentação e transporte recebe o nome de consolidação de carga. O principal objetivo desta ação é reduzir custos de armazenagem e transporte, assim como aproveitar de forma mais eficiente o espaço estático, a capacidade total de transporte de cada veículo e da frota como um todo. O caso mais comum que encontramos na prática é quando vários fornecedores de produtos mobilizam suas cargas dividindo determinados espaços de armazenamento como armazéns, contêineres e terminais, entre outros. Essa metodologia possui vantagens assim com desvantagens. Vamos ver detalhadamente as duas situações. www.esab.edu.br 52 Vantagens da consolidação • Redução de custos de frete e de armazenagem. • Aumento da qualidade do serviço prestada para cada cliente. • Melhor controle e acuracidade das cargas. • Diminuição dos tempos de controle e verificação. • Concentração dos esforços em uma única carga (contêiner ou outro tipo de volume). • Queda nos custos gerais de transporte como combustível. • Otimização do espaço definido para armazenamento de mercadorias. • Atenuação nos riscos e erros do processo logístico como um todo. • Menos burocracia, visto que a documentação é mais simplificada por ser uma única carga. • Rapidez de entrega, visto que ao ser uma única carga todo o processo se vê simplificado. • Facilidade de manuseio e movimentação, visto que os produtos estão agrupados em cargas únicas. Desvantagens da consolidação • Demora na liberação das mercadorias de um contêiner no caso de uma delas não ser liberada. • Disponibilidade física de ir até o terminal para realizar a desova do resto das mercadorias que foram liberadas (tomando como exemplo a situação do ponto anterior). • No caso de roubo, todas as mercadorias serão levadas e os prejuízos podem ser grandes. www.esab.edu.br 53 No final do processo existem empresas ou atividades de desconsolidação que se encarregarão de separar os produtos por pedidos e encaminhar para as lojas ou clientes. Alguns elementos devem ser levados em conta antes de definir sua aplicação. O primeiro elemento de avaliação deve ser o perfil da carga e das mercadorias. Material, quantidade, tipo, fragilidade, possibilidade de divisão em lotes menores ou até em unidades. O segundo elemento que deverá ser observado é a necessidade de manuseio específico que possa exigir a mercadoria durante os processos de armazenagem, movimentação, transporte e entrega. Logo, dessas análises deve se avaliar a possibilidade de consolidar produtos que exijam condições semelhantes de tratamento na armazenagem, mobilização, transporte e entrega de forma a padronizar a operação. Como exemplo, podemos citar a dificuldade de consolidar produtos normais junto com produtos frágeis, colocando em risco a integridade física dos mesmos. Até aqui fizemos um tratamento para a consolidação de cargas com foco maior em operações locais, entre centros de distribuição e lojas, ou consumidores. No entanto, este método também é utilizado em operações de importação e exportação por meio dos operadores logísticos, sendo que em um único contêiner consolidarão cargas menores de vários clientes ou fornecedores. De acordo com Fleury (2002) existem, na ampla literatura a respeito deste tema, concordâncias em que a consolidação de cargas se dá em três níveis na gestão logística de uma organização ou da cadeia de suprimentos, como uma visão sistêmica. Estes três níveis se enquadram dentro do planejamento estratégico, tático e operacional da distribuição de mercadorias por meio do transporte. www.esab.edu.br 54 No nível estratégico, com visão de longo prazo, se visualizam investimentos na infraestrutura da rede, políticas de desenvolvimento logístico, sistematização e modelagem de protótipos possíveis de operacionalização do sistema. Consistem em planos de dimensionamento da rede de distribuição, decisões de instalação de equipamentos físicos como terminais, centros de distribuição e armazéns, além dos equipamentos de mobilização. Também se levam em conta os possíveis dimensionamentos das frotas em todas as etapas. Observem que todas essas questões vão influenciar diretamente as operações de consolidaçãofuturas. Apenas como exemplo, se não existissem centros de distribuição regionais com toda sua operacionalização funcionando corretamente, como e onde poderíamos unitizar cargas para distribuição em uma rede de lojas de uma cidade, visto que um caminhão com contêiner não poderia descarregar direto no ponto de venda (?). Em síntese, se toda essa operação não foi visualizada anteriormente, não teremos como realizar consolidação de cargas. Essa mesma situação se dá nos níveis nacionais e internacionais de transporte e movimentação de cargas e mercadorias. No plano tático, ou de meio prazo, se contemplam as decisões da utilização da infraestrutura instalada e disponível da forma mais eficiente possível. Opções como qual modal utilizar, como trabalhar a intermodalidade ou multimodalidade, de que forma integrar diferentes empresas e operadores com vistas a ganhar desempenho e baixar custos logísticos. Por fim, a consolidação de cargas no nível operacional, ou de curto prazo, se dá pela construção e definição de processos, atividades e tarefas que definam a operação do dia a dia das empresas e operadores logísticos. Nesse ponto se estabelecem fluxos operacionais como cargas, descargas, estocagem, www.esab.edu.br 55 controles, movimentação, roteirização e tudo aquilo que vise a implementação e entrega do melhor nível de serviço logístico possível. Um termo que escutamos muito nesta dinâmica empresarial são as estruturas de distribuição denominadas de Hub and Spoke. Essa técnica consiste na concentração de cargas ou mercadorias vindas de diferentes pontos para sua redistribuição para os pontos necessários de acordo com a demanda da rede. A figura seguinte exemplifica esses possíveis modelos muito utilizados na distribuição de mercadorias por meio da consolidação de cargas. Na mesma, poderão verificar que existem várias possibilidades de contato e comunicação física entre os atores da rede. Temos a situação mais normal na qual o hub principal distribui para os hubs secundários que por sua vez distribuem para as lojas ou pontos de venda. Por outro lado, podemos ter que o hub principal pode entregar mercadorias direto para as lojas. Ainda, temos uma situação na qual podem existir lojas que não se enquadram em nenhuma região específica, e pela falta de um hub secundário recebem atenção direta do hub principal. Figura 18 – Estrutura de Hub and Spoke para distribuição Elaborada pelo autor www.esab.edu.br 56 Na próxima unidade, caros acadêmicos, analisaremos juntos as possibilidades existentes a partir da formação de sistemas de transporte. Nos vemos lá! EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 57 O gestor logístico deve tomar de forma permanente decisões a respeito de processos a ser implementados e rotinas a serem executadas. Podemos dizer que deve decidir entre o mix logístico mais conveniente para cada rede, operação ou situação dentro da dinâmica logística das organizações. Na sequência vamos abordar alguns desses temas. Decisão da escolha do modal de transporte: o gestor vai se encontrar com uma série de variáveis que deverá levar em conta na hora de tomar uma decisão e fatores, que de acordo com Ballou (2006) se resumem em: • tarifa dos fretes; • confiabilidade; • tempo em trânsito; • perdas, danos, perspectivas, reclamações e rastreabilidade; • considerações de mercado do embarcador; • considerações relativas aos transportadores. Além desses elementos encontramos a questão da competitividade que pode ser apresentada a partir de uma operação eficiente de entregas, que inclui o transporte. www.esab.edu.br 58 Tomemos como exemplo o e-commerce. No início desse tipo de atividade, o diferencial passava pelos próprios produtos, já que poucos sites conseguiam oferecer mercadorias similares ou iguais. Com o passar do tempo e a ampliação das cadeias de suprimento no setor do comércio eletrônico, esse deixou de ser um diferencial. Em pouco tempo todos os sites ofereciam os mesmos produtos. Assim, os diferenciais começaram a ser aplicados nos preços e nas formas e facilidades de pagamento. Com a popularização dos serviços bancários, depois de um tempo esse diferencial também perdeu seu peso, visto que todos os espaços digitais começaram a se equiparar no que tange a preços de produtos iguais ou semelhantes e condições de pagamento. Assim, por fim, a vantagem competitiva começou a passar pela eficiência e rapidez na entrega. A distribuição assertiva, segura e rápida se transformou no diferencial do e-commerce nos tempos atuais. Nesse item, o transporte rápido e seguro é vital para uma operação de sucesso. Sincronia da roteirização com os embarques e desembarques: como o transporte pode representar até dois terços do total dos custos logísticos é recomendável que o mesmo seja roteirizado de forma eficiente. Ao falarmos em roteirização também estamos nos referindo a sincronia de todas as atividades e tarefas que são requeridas para uma operação de transporte. Entre elas citamos o embarque e desembarque. Isso pelo fato de que nada adiantaria termos uma roteirização inteligente com diminuição de tempos de transporte em trânsito e quilômetros rodados, se ao chegar no ponto de entrega a equipe de desembarque não está pronta para tal atividade. Da mesma forma acontece com o embarque. Lembremos, que para um veículo ficar liberado para continuar transportando, os tempos de embarque e desembarques devem ser contemplados. De acordo com Ballou (2006, p. 191) existe o www.esab.edu.br 59 problema de encontrar uma rota ao longo de uma rede em que o ponto de origem seja diferente do ponto de destino” e “mais complexo ainda é o problema de fazer itinerários quando os pontos de origem e destino são o mesmo”. As metodologias de roteirização serão ampliadas na próxima unidade. Programação da utilização e disponibilidade de veículos: a roteirização e programação de veículos (RPV) está diretamente ligada à complexidade da roteirização. Para uma melhor análise das ações a serem implementadas devem ser levados em conta os seguintes fatores, que são, de acordo com Ballou, 2006, p.199): • Cada escala pode ter tanto coleta como entrega de volumes. • Múltiplos veículos com capacidade limitada tanto de peso quanto de volume podem ser usados. • Há um tempo máximo de tráfego em cada rota antes de um período mínimo de repouso estipulado em horas (este tempo muda na legislação de país para país). • As escalas permitem coleta e entrega apenas em determinados períodos do dia. • As coletas são permitidas em um roteiro apenas depois da efetivação das entregas. • Os motoristas têm direito a breves intervalos e descanso ou refeição em determinados períodos do dia. Assim, esses elementos agregam certa complexidade à atividade de roteirização. Atividade de consolidação de cargas: a consolidação tem como foco o maior aproveitamento do volume possível de transporte em cada viagem. Dessa forma, pequenos fretes www.esab.edu.br 60 devem ser consolidados em cargas maiores prontas para ser transportadas. Para essa prática quatro técnicas são utilizadas: A - Consolidação dos estoques: consiste em definir os estoques de acordo com as demandas a serem atendidas. Dessa forma, maior quantidade de referências podem ser enviadas a cada embarque. B - Consolidação do veículo: neste caso, como as cargas são menores se agrupam vários pedidos para aproveitar a mesma viagem. É uma das metodologias mais utilizadas. C - Consolidação de armazém: aqui devem ser criadas condições para viabilização do transporte de grandes volumes por longas distâncias e o transporte de pequenas cargas por curtas distâncias. D - Consolidação temporal: neste caso os pedidos ficam retidos até tornar viável uma remessa única para o mesmo cliente. Uma decisão de suma importância, que também passa pelo crivo estratégico, consiste na opção de transporte próprio ou terceirizado. Na visão contemporânea da gestão da cadeiade suprimentos encontramos que as empresas devem se concentrar em seu core-bussines. Logo, como exemplo, uma indústria deve se concentrar em produzir, não em transportar. No entanto, este fato fica interligado ao nível de serviço logístico que a empresa quer entregar e à qualidade dos fornecedores de transporte aos quais a empresa tem acesso e possibilidade de contratar. Normalmente, quando a empresa precisa distribuir um produto de altíssimo valor agregado, opta por transporte próprio. Por outro lado, existem altos custos na aquisição, operação e manutenção e uma frota própria. www.esab.edu.br 61 Assim, muitas empresas optam por terceirizar os serviços logísticos de transporte. Nesse caso a realização de uma parceria forte com a empresa de transporte pode se tornar um grande diferencial. Lembremos que hoje existem empresas altamente especializadas nesse tipo de serviços com um substancial agregado de valores como reposição inteligente, controle compartilhado de estoques, pesquisa da previsão de demanda integrada e até, finalização das últimas etapas da produção antes de realizar a distribuição e entrega dos produtos finais. Decisões econômicas de transporte: a respeito de custos logísticos e de transportes teremos uma unidade dedicada especificamente a esses assuntos, no entanto, citaremos aqui algumas decisões e pontos de análises econômicos que cabem aos gestores logísticos. • Qualificação de motoristas e colaboradores. • Manutenção de veículos e equipamentos de movimentação. • Aprimoramento e manutenção da estrutura física. • Aquisição de sistemas inteligentes de roteirização. • Esforços de controle e monitoração de toda a operação. • Negociações com redes de abastecimento como postos de gasolina. • Segurança da frota, funcionários e cargas durante o armazenamento e transporte. Nesse ponto da apostila chegamos em um tema de extrema importância que tem se transformado em um dos pontos diferenciais entre as empresas de logística. Nos referimos a roteirização que será o assunto da próxima unidade. Boa aprendizagem para vocês! EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 62 Dentro de um esquema de distribuição de mercadorias a roteirização de veículos disponibilizados para as entregas tem se transformado no ponto chave em vários sentidos. Por um lado, um roteiro inteligente diminui os custos com combustíveis para os veículos. Pelo outro, diminui os tempos de lead time elevando o nível de serviço logístico oferecido. Dessa forma, toda vez que um veículo parte de um centro de distribuição ou armazém para realizar entregas para uma série de clientes, deve ser realizado um esforço por cumprir com as entregas da forma que foi acertada dentro dos parâmetros de economia e tempo que tornem possível e satisfatória a operação. Por meio de uma classificação bem generalizada identificamos que no exercício da roteirização podemos encontrar duas situações. Roteirização sem restrições, onde não existe nenhuma condicionante de tempo e espaço que restrinjam a ordem, a hora e as quantidades que devem ser entregues. Já a roteirização com restrições, se torna um pouco mais complexa, visto que, por razões específicas, foram colocados limitantes no que diz respeito às variáveis tempo e espaço. No que tange ao tempo nos referimos concretamente a dias específicos ou horários limites de entrega que são determinados e exigidos pelo cliente. Ao falarmos em espaço fazemos menção ao volume máximo de transporte por viagem, se comparado com o volume de entrega exigido pelos clientes nos seus pedidos. www.esab.edu.br 63 Brasil (2017) cita as palavras de Shigunov Neto e Gomes (2016, p. 151) quando se referem a roteirização: “...é o processo de planejamento e execução de entrega de produtos para os consumidores finais, de modo a reduzir custos e satisfazer as necessidades dos clientes”. Fica claro aqui, que a roteirização se adapta principalmente ao modal rodoviário para a entrega em lojas, pontos de venda ou até para o consumidor final. Quando nos encontramos com uma rota de percurso curto e com poucos pontos de atendimento, a operação é bem mais simples, mas, ainda assim, e de acordo com as observações de Brasil (2017) têm alguns fatores que devem ser considerados tais como: • Limite de tempo da jornada dos motoristas. • Horários estabelecidos para carga e descarga nos estabelecimentos ou regiões de uma cidade. • Velocidade máxima permitida. • Condições da mobilidade urbana da região. • Tamanho máximo dos veículos em determinadas vias públicas. • Limites de carga dos veículos. Verifiquemos agora alguns métodos utilizados, levando em conta os pontos de origem e de destino, de acordo com os preceitos de Ballou (2006). Um ponto de origem e um ponto de destino Uma das técnicas mais simples de roteirização é a de optar pelo caminho mais curto entre um ponto de origem e um de destino. Podemos exemplificar esse método por uma rede formada pelos diferentes clientes. Cada um deles é representado por um nó. A distância e o tempo de percurso www.esab.edu.br 64 entre esses nós serão representados em um gráfico no qual obteremos a sequência ideal do percurso como mostra a figura a seguir. Figura 19 – Rota com um ponto de origem e um ponto de destino Figura do autor Pontos de origem e destinos múltiplos Quando temos essa situação, de vários pontos possíveis de origem que podem suprir as necessidades de vários pontos de destino, nos encontraremos com o desafio de conseguir realizar uma integração inteligente que otimize todos os recursos para transporte. Essa realidade se dá quando existem mais de um fornecedor ou fábrica capaz de abastecer com o mesmo produto ou linha de produtos mais de um cliente. A representação gráfica nos mostra mais claramente esta situação. www.esab.edu.br 65 Figura 20 – Rota com pontos de origem e destino múltiplos Figura do autor Pontos de origem e destino coincidentes É uma situação bastante comum e acontece principalmente quando as empresas têm frota própria ou terceirizada, mas com locação fixa nos armazéns da empresa. Dessa forma, os veículos saem para realizar sua rota de entregas e voltam no final da atividade para a empresa. Alguns exemplos desse tipo de roteiro, segundo Ballou (2006, p.196), se dá em setores como: • Entrega de bebidas em bares e restaurantes. • Suprimento de moeda e programação de máquinas automáticas. • Recolhimento de sobras em restaurantes. • Concerto, assistência técnica e entrega de eletrodomésticos. www.esab.edu.br 66 • Entrega doméstica de compras pedidas pela internet. • Distribuição por atacado de armazéns para varejistas. O objetivo neste tipo de roteirização é achar a sequência de entregas por meio da qual se minimizem as distâncias e o tempo total do percurso, até voltar no ponto de partida. Na figura a seguir exemplificamos graficamente esse tipo de roteiro. Figura 21 – Rota com pontos de origem e destino coincidentes Figura do autor O caixeiro viajante é uma das técnicas de roteirização utilizadas nas atividades logísticas. No link a seguir você encontrará uma série de materiais explicativos de como funciona esta metodologia. Boa leitura! https://mundogeo.com/ https://mundogeo.com/2007/04/06/geoinformacao-e-logistica-caminho-mais-curto-roteamento-de-veiculos-e-o-caixeiro-viajante/ www.esab.edu.br 67 Nesta unidade falamos a respeito da roteirização que maiormente é realizada no transporte rodoviário. Na próxima unidade vamos falar dos sistemas multimodais e intermodais. Bons estudos! EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 68 Como vimos em unidades anteriores, o transporte de cargas pode ser realizado por meio de vários modais. Apenas para lembrar, na prática nos encontramos com o transporte rodoviário, o ferroviário, o aquaviário, o aéreo e o dutoviário. Em muitas operações logísticas de transporte, principalmente quando as fábricas ou os fornecedores se encontram geograficamentedistantes, são utilizados vários modais para que a mercadoria chegue ao destino pretendido. Vamos imaginar uma situação hipotética representada na figura que segue. Uma determinada marca de tênis possui uma rede com lojas disseminadas por todo o Brasil. Um desses pontos de venda fica em um shopping de renome da cidade do Rio de Janeiro. Os tênis são fabricados na área industrial da cidade de Xangai, na China. Vamos acompanhar o percurso deste produto uma vez que ficou pronto e está armazenado nos armazéns da empresa chinesa. Vamos considerar também que a empresa brasileira adquiriu várias centenas de tênis que ocuparam um contêiner inteiro. Uma vez o pedido identificado pela fábrica e comprovado o crédito ou pagamento do mesmo o pedido é preparado e os produtos são colocados em um contêiner por empresa especializada do setor logístico. Este contêiner será transladado da fábrica até o porto de Xangai por um caminhão truck, específico para este tipo de transporte. Já no terminal do www.esab.edu.br 69 porto a carga será depositada num pátio esperando a liberação da aduana e o momento de embarcar no navio. Na hora certa, os equipamentos de movimentação de cargas do porto realizaram o embarque deste e outros contêineres. O navio, na data certa parte com destino ao Brasil, podendo ser o porto de Santos no litoral paulista. Depois de uns dias de navegação o navio aporta e procede a descarregar os contêineres. A carga que nos interessa, a do tênis, ficará no pátio do terminal santista até obter a liberação da aduana brasileira. Dessa forma, será embarcada em um caminhão truck específico para essa movimentação. O veículo se dirigirá até um centro de distribuição regional localizado na região da cidade do Rio de Janeiro. Neste CD o contêiner será descarregado e a carga armazenada. Logo, um outro tipo de caminhão, com capacidade e características menores, transladará os produtos até um ponto de cross docking da empresa de tênis situado em outro ponto da cidade. Aqui os tênis serão separados de acordo com a demanda de cada loja e serão enviados para as mesmas em vans de fácil acesso a trânsito pela cidade. Realizemos agora um levantamento dos transportes utilizados: 1. Transporte rodoviário em caminhão truck da fábrica ao porto de Xangai. 2. Transporte aquaviário de navio de Xangai até o porto de Santos no Brasil. 3. Transporte rodoviário em caminhão truck do porto de Santos ao CD no Rio de Janeiro. 4. Transporte rodoviário em caminhão do CD ao ponto de cross docking no Rio de Janeiro. 5. Transporte do ponto de cross docking à loja no shopping no Rio de Janeiro. www.esab.edu.br 70 Percebam que tivemos, neste exemplo, um total de 5 transportes diferentes utilizando duas modalidades, a rodoviária e a aquaviária. Figura 22 – Fluxo de transporte Multimodal Figura do autor Para entendermos melhor esse fluxo e as formas possíveis de operacionalização dos diferentes modais, vamos apresentar os conceitos de transporte multimodal e intermodal. Para que se de uma destas opções na prática a operação de transporte precisa utilizar pelo menos duas modalidades para que um produto ou mercadoria recorra o percurso entre a origem e o destino. No modelo de transporte intermodal, cada vez que se troca o modal, ou o tipo de veículo dentro do mesmo modal, se emite um novo documento. Neste caso a responsabilidade do transporte é compartilhada entre os transportadores. Por outro lado, na modalidade de transporte multimodal se emite um único documento que acompanhará a carga ao longo de todo o percurso. A responsabilidade nesse caso será de um OTM ou Operador de Transporte Multimodal que se encarregará de www.esab.edu.br 71 todas as diligências dessa carga entre o embarque na origem até o desembarque no destino, passando por todas as operações de troca de modais e tipo de transporte. De acordo com a legislação vigente implementada pela Lei Nº 9.611 de 19 de fevereiro de 1998, o Operador de Transporte Multimodal (OTM) é a pessoa jurídica que tem como responsabilidade o transporte multimodal de cargas executados por ele mesmo ou por terceiros no caso de transportadoras contratadas. Ele assume a operacionalização dos contratos, assim como a responsabilidade do status da carga ao longo do caminho entre as duas pontas. Esse tipo de operação exige uma infraestrutura física e logística preparada para a interação entre diferentes modais. Dessa forma, e de acordo com a infraestrutura de cada país, estado ou região encontramos situações nas quais a carga de uma carreta rodoviária inteira é passada de forma muito prática para um trem, que posteriormente passará a carga para um navio. Por exemplo, podemos imaginar um contêiner que se acopla tanto a um caminhão, como ao vagão do trem, como ao armazém do navio. É comum que em portos, aeroportos e outros pontos estratégicos encontremos terminais intermodais equipados para este tipo de operação. Como já sabemos, cada uma das modalidades possui vantagens e desvantagens quando comparadas com os outros modais. Quando falamos em fluxos de intermodalidade ou multimodalidade entendemos que as desvantagens diminuem porque se compensam com as vantagens dos outros modais, outorgando, assim, maior nível de serviço logístico à operação como um todo. Outra vantagem do multimodalismo reside na segurança do transporte, visto que as diferentes cargas estarão unitizadas em um ou vários contêineres do começo ao fim do percurso, o que diminuirá os riscos de possíveis violações ou roubos. www.esab.edu.br 72 Ao mesmo tempo, fica muito mais fácil integrar diferentes atividades para essa carga como armazenagem, transporte e distribuição das mercadorias. Do ponto de vista dos custos, em qualquer uma das duas modalidades existe uma tendência a diminuir, comparando o custo final do transporte com a soma dos custos individuais de cada modal. Na próxima unidade da disciplina abordaremos os diferentes segmentos de transporte de cargas que encontramos no mercado. Até lá! EXERCITANDO: vamos às questões on-line e ao fórum! www.esab.edu.br 73 Se analisamos as diferentes dinâmicas de mercado, entendemos que o único momento perceptível pelo consumidor é o da compra. O cliente chega na prateleira de um supermercado, como exemplo, e somente enxerga o produto disponível para ele adquirir. Como esse produto chegou até esse ponto, quem o transportou, onde foi armazenado, qual foi sua origem, quem o fabricou, de onde vieram as matérias-primas, qual foi a tecnologia aplicada e que tipo de mão de obra foi utilizada, são elementos que ficam fora do campo de visão do consumidor. Isso não é por acaso, de certa forma o sistema está desenhado para que assim seja. Dentro dessa realidade nos deslocamos com nossos veículos, no transporte público, a pé ou por qualquer outro meio sem percebermos que ao nosso redor milhares de tipos diferentes de mercadorias estão sendo constantemente transportadas de um ponto a outro. Nem percebemos quanto importante é essa dinâmica logística que nunca para, e que tem como objetivo possibilitar que na hora que desejemos adquirir um produto ele esteja lá disponível, com as características certas, no local e quantidades certas e com o preço certo. Dessa forma, podemos imaginar que esse tipo de transporte permanente se divide em várias categorias, até porque, para cada grupo de produtos ou mercadorias diferentes existe um www.esab.edu.br 74 tipo de equipamento e operação específica que se adequa para esse fim. Na sequência vamos verificar os diferentes segmentos de transporte de cargas que podemos encontrar. Transporte de carga geral: consiste nas operações de transporte de produtos, matérias-primas e mercadorias que não exigem nenhum tratamento específico e que, portanto, podem ser movimentadas em equipamentos considerados convencionais, apesar de que possam vir a ter alguma característica que se adeque ao tipo de carga. Nesse tipo podem ser transportados:• Materiais de construção • Produtos alimentícios • Produtos farmacêuticos • Produtos líquidos • Produtos industrializados • Produtos químicos • Outros Transporte de cargas perigosas: este tipo de transporte de carga está previsto na legislação por meio do CTB (Código de Trânsito Brasileiro) e determina exigências bem rígidas que ofereçam segurança total nesse tipo de operação. Assim, o carregamento, transporte, descarregamento e armazenamento e a manipulação devem seguir normas específicas. Entre os cuidados existe a formação dos motoristas para este tipo de serviço, assim como de todos os envolvidos na movimentação deste tipo de carga. Se enquadram nesta categoria: • Combustíveis • Explosivos www.esab.edu.br 75 • Gases • Inflamáveis • Oxidantes • Venenosos • Radiativos • Corrosivos • Poluentes • Infecciosas • Outras Transporte de cargas de grande porte: grandes equipamentos, máquinas ou estruturas que devam ser mobilizadas de um ponto a outro. De acordo com o CTB estas cargas são denominadas de indivisíveis e seu transporte precisa de um cuidadoso planejamento que abrange a segurança, o trânsito, possíveis cortes de redes de energia e comunicação e outros elementos que ajudem a não colocar em risco a integridade física e patrimonial. Como exemplo podemos citar: • Transformadores de alta tensão • Hastes de energia eólica • Embarcações • Grandes maquinarias • Outros Transporte de produtos farmacêuticos: esse segmento também possui uma legislação bem estrita para oferecer segurança, não somente para o transporte, mas também para a preservação dos medicamentos transportados. www.esab.edu.br 76 Transporte de encomendas: com o aumento do comércio eletrônico, esse tipo de transporte tem se intensificado e aperfeiçoado no que tange aos processos de desempenho. Agilidade, preservação, tempo de entrega e segurança são itens indispensáveis nesse modelo. Transporte de mudanças: tanto no âmbito habitacional como empresarial, esse tipo de transporte é comum de ser encontrado nas áreas, principalmente, urbanas. Deve se adequar às normas estabelecidas pelo município e pelos condomínios ou áreas da cidade onde seja realizada a atividade. Transporte de cargas frigoríficas: é um dos tipos que exige um equipamento específico que funcione de acordo com as exigências de temperatura de cada tipo de produto. Manutenção e limpeza são variáveis de suma importância. Transporte de carga completa: se dá quando uma empresa ocupa o volume completo de um veículo para o transporte de suas mercadorias. Nesse caso a rota é mais simplificada, já que a transportadora movimentará as mercadorias de um ponto, podendo ser da fábrica, até um centro de distribuição ou diretamente na loja ou empresa. Transporte de carga fracionada: acontece quando várias empresas utilizam o volume de carga total ou parcial de um veículo. A rota nesse caso é mais complexa, visto que normalmente o caminhão deverá desembarcar produtos em vários pontos. Devem ter percebido já, na leitura do texto anterior, que todos esses segmentos estão, a princípio, relacionados ao transporte rodoviário. No entanto, devemos entender que em muitos casos, como por exemplo o transporte de produtos farmacêuticos, é utilizado algum outro modal como o aéreo e que exige os mesmos cuidados que nos casos aqui citados. www.esab.edu.br 77 Dessa forma, produtos, matérias-primas, insumos, equipamentos, produtos semiacabados e todo tipo de mercadorias circulam diariamente sem parar por todas as vias e espaços das cidades que habitamos. Que bom que isso acontece de forma minimamente organizada, porque além de possibilitar a satisfação das necessidades dos indivíduos e empresas, permite que a economia de um país se desenvolva naturalmente. Quanto maior a estrutura e organização de uma nação ou região para que toda essa dinâmica logística aconteça, maior possibilidade que a economia regional se desenvolva, facilitando que as empresas possam desenvolver seus produtos e serviços e colocá-los de forma rápida e eficiente no círculo de consumo das sociedades. Da mesma forma que verificamos a complexidade que os sistemas e redes de transporte podem atingir, mais ainda se levamos em conta os diferentes segmentos que operam normalmente nos mercados, entendemos que precisamos planejar e definir estratégias eficientes que se adequem e promovam a outorga do maior nível de serviço logístico possível de ser oferecido, tanto para as empresas, as organizações do setor púbico e privado e para os consumidores finais. Este tema das estratégias será abordado na unidade seguinte da disciplina. Bons estudos para todos! EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 78 Dentro das atividades da gestão logística vamos nos deparar com um processo de extrema importância que tem se tornado em elemento estratégico nas organizações modernas. Estamos nos referindo a gestão de frotas. Valente (2008) estipula que a gestão de frota consiste na atividade de reger, administrar ou gerenciar um conjunto de veículos pertencentes a uma mesma empresa. Se entende que esta atividade possui um espectro bem amplo do ponto de vista operacional envolvendo o planejamento, dimensionamento, organização, aquisição de equipamentos e veículos, roteirização, levantamento de custos, precificação, manutenção, renovação de equipamentos e veículos, treinamento, controle e prospecção de clientes entre outras possíveis atividades. Definir uma estratégia significa optar por um caminho a ser tomado, uma linha de atuação, uma diretriz que norteie todas as atividades e a forma de operar da frota ou da empresa. Esse fator é independente do fato da frota ser própria, terceirizada, ou ainda, de se tratar da gestão de uma empresa de transporte especificamente. A seguir vamos enumerar uma série de fatores que devem ser levados para estabelecer uma estratégia para gestão de frotas. www.esab.edu.br 79 Para esse exercício primeiramente vamos dividir a formulação da estratégia em 4 fases: 1. Realizar diagnóstico 2. Definir política 3. Implementar a execução 4. Realizar controle A etapa número 1 consiste em diagnosticar o real estado de toda a operação, começando pelos veículos, os equipamentos e a mão de obra especializada. Seguem alguns itens que podem ser levantados: • Descrição do histórico e estado atual de cada um dos veículos. • Análise do odômetro considerando o que cada veículo conseguiria circular por mês (levando em conta seu estado) e quanto de fato ele circula. • Levantamento do montante gasto com combustível por mês com cada veículo e com a frota como um todo. • Levantamento do montante gasto com manutenção da frota completa e por veículo. • Salários dos motoristas e de todos os envolvidos com a operação direta de transporte. • Verificação do grau de treinamento e do tipo de direção que cada um dos motoristas executa, devendo prevalecer a direção defensiva. No segundo momento, após a realização do diagnóstico, devemos proceder a definição da política de transporte que a empresa utilizará. Uma política consiste em definir diretrizes que guiarão as ações da empresa durante sua existência. www.esab.edu.br 80 Aqui são contemplados estilos de decisão, formas de resoluções de problemas, principais valores operacionais, definição de grandes metas e os meios para atingi-las. Podemos falar que o planejamento estratégico da empresa e da linha de atuação, assim como o detalhamento das ações que serão implementadas no futuro, devem ser construídas nessa fase. Também devem se contemplar os procedimentos padrões, assim como as normas processuais e comportamentais de toda a empresa. No terceiro momento se procede a execução de tudo aquilo que foi planejado no ponto anterior, assim, como a implementação das ações necessárias para que a empresa ofereça os serviços de acordo com as expectativas dela, de seus clientes, e de todo o mercado de atuação. Essa implementação dasações também pode ser chamada de gestão estratégica que consiste na aplicação de todas as estratégias já determinadas. Por essa razão é que o planejamento precisa se transformar em um documento claro, transparente e executável, ao alcance de todos os integrantes da empresa e deve expressar claramente o papel, a função, as atividades, as tarefas e os resultados esperados para cada setor e colaborador da organização. A última fase da implementação de uma estratégia de gestão de frotas está constituída pela realização dos controles necessários para verificar o quanto as ações e seus resultados estão se aproximando do esperado e planejado. Para realizar um controle eficiente e construtivo devem ser respeitados alguns passos expressados a seguir. 1. Definir o que será mensurado. 2. Determinar de que forma será mensurado. 3. Construir a ferramenta de mensuração. 4. Criar os indicadores que serão utilizados. www.esab.edu.br 81 5. Estabelecer os momentos e locais de mensuração. 6. Delinear a frequência com que as mensurações serão realizadas. 7. Realizar as medidas. 8. Tabelar, comparar e criar relatórios. Realizar uma gestão de frotas eficiente em um país da dimensão do Brasil é uma tarefa extremamente difícil. Exige muita análise, pesquisa, diagnóstico, informações, compreensão de mercado e de possíveis cenários e esforços por pensar em estratégias que se adequem a todos esses elementos de mercado previamente levantados. Na sequência enumeramos alguns elementos estratégicos que não podem faltar na criação de uma estratégia de gestão de frotas. Criar um programa de manutenção preventiva dos veículos e equipamentos. Cada veículo tem sua vida própria. Não podemos entender que todos terão a mesma velocidade de depreciação e deterioração, visto que isso dependerá muito do tipo de carga, das estradas pelas quais o veículo transita, da forma de direção do motorista e dos cuidados diários que são aplicados ao mesmo. No entanto, podem ser definidos padrões preventivos de cuidados que estenderão o ciclo de vida dos veículos, assim como das peças que os compõem. A palavra preventiva é de vital importância nessa situação. Prevenir é se adiantar aos fatos e ocorrências e tomar todas as medidas necessárias para evitar os riscos e prolongar a vida útil do equipamento. Definir uma estratégia inteligente de diminuição e custos É comum que escutemos no cotidiano de empresas de todos os setores a frase “temos que diminuir os custos”. Alguns pesquisadores de renome que atuam na área organizacional www.esab.edu.br 82 defendem que sempre existe a forma de baixar custos. Realmente, se analisamos o conjunto de processos que formatam as atividades das empresas descobrimos que raramente se desempenham com 100% de eficiência, até porque, isto seria a perfeição, o que sabemos que é impossível de ser alcançada. No entanto, qualquer ajuste que seja realizado em uma tarefa, atividade ou processo como um todo pode se traduzir em reduções de custos operacionais. Os gestores erram consideravelmente quando par baixar custos cortam o café, os benefícios, a utilização de impressoras e o papel, apenas para colocar como exemplo. A diminuição inteligente de custos deve ser relacionada à produção em si. Não estamos aqui querendo falar que reduzir gastos administrativos não seja interessante, no entanto, a redução deste tipo de custo não se traduz em melhor lucratividade. Agora, a diminuição da utilização de insumos e matéria-prima por meio do aprimoramento de um processo, ou o aumento da produtividade, utilizando menos horas para produzir a mesma quantidade provocam aumentos consideráveis da lucratividade por meio da diminuição de custos operacionais. O melhor de tudo, que esta diminuição é em escala respeitando a mesma lógica da escala de produção. Utilizar tecnologia da informação para a gestão Não existe nenhuma dúvida que a melhor forma de auxiliar a gestão estratégica de uma frota é por meio de sistemas computacionais e softwares específicos que oferecem soluções para esse tipo de atividade. Desde a gestão da manutenção dos veículos, a escala de motoristas e até a roteirização da distribuição podem ser controlados de forma eficiente por esse tipo de sistemas. Dedicaremos uma unidade inteira a este assunto. www.esab.edu.br 83 Ficar atento às tendências de mercado As empresas de transporte devem estar permanentemente atentas as tendências que os mercados apresentam. Neste ponto não nos referimos apenas às tendências de transporte, mas principalmente às novas formas de comportamento empresarial e de tratamento da demanda nos pontos de venda que exigem reformulações nas dinâmicas de pedido, na preparação dos mesmos, nas rotas de entrega e no lead time (tempo entre o pedido e a entrega). Até a mudança no comportamento dos consumidores vai impactar diretamente as formas de planificar o transporte de mercadoria. Estabelecer um programa permanente de treinamentos Preparar as pessoas para suas funções aprimorando os conhecimentos e provocando atitudes proativas e colaborativas por meio de programas de aprendizagem contínua é primordial para que uma estratégia de gestão de frotas atinja os resultados esperados. Esse tipo de treinamento deve ser para todos os que direta ou indiretamente se envolvem nas atividades de movimentação, transporte e distribuição de mercadorias ao longo da cadeia de suprimentos. Na próxima unidade, estimados acadêmicos, vamos tratar a respeito dos elementos que diretamente influenciam os custos de transporte nas organizações. Boa leitura para todos! EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 84 Você quer aprofundar na questão de custos de transporte de cargas? Acesse o link a seguir assista o vídeo e leia o artigo. Vale a pena! https://maplink.global/blog/o-que-e-custo-transporte/ Sempre dizemos que entre os custos de uma empresa produtora, os custos logísticos são os mais significativos e ainda, que entre estes, os custos com transporte são os que mais impactam os gastos empresariais e, portanto, o nível de preços dos produtos. Para realizarmos uma análise dos elementos que mais influenciam estes custos de transporte vamos retomar a ideia de procedimentos estáticos e dinâmicos que abordamos em outras unidades. Do ponto de vista técnico e operacional os deslocamentos ou movimentação de mercadorias entre procedimentos estáticos e dinâmicos geram custos que denominamos de custos de transporte. De acordo com Schluter (2013, p. 65) “O custo de deslocamento no subsistema de produção, por exemplo, é baixo, quando comparado ao custo de deslocamento do subsistema de suprimento e distribuição, o qual envolve transporte em longas distâncias, que necessitam da utilização de equipamentos mais onerosos”. Como exemplo dessa afirmação podemos entender https://maplink.global/blog/o-que-e-custo-transporte/ www.esab.edu.br 85 que o custo de movimentação do ponto final de produção para o armazém dentro do espaço físico da empresa é menor que o custo de transporte da mesma quantidade de unidades do armazém para o centro de distribuição localizado a centenas de quilômetros da unidade fabril. A partir de agora vamos enumerar uma série de fatores que, de acordo com Schluter (2013), influenciam diretamente nos custos de transporte. Características do produto Dentro das características dos produtos ou mercadorias que serão transportadas vamos nos deparar com os seguintes elementos: Peso: o peso dos produtos influencia de forma direta o custo de transporte e de armazenagem. O valor do transporte é diretamente proporcional ao peso transportado. Volume: da mesma forma que o peso, o volume determina o espaço que a carga ocupará, tanto no armazém como no veículo. Dessa forma, também influencia o preço paralelamente com o peso. Valor: o valor financeiro da carga e dos produtos que ela contém determina também os recursos que serão utilizados ao longo de todo o processo de movimentaçãoe transporte. Prazo de validade: o prazo de validade afeta o custo de obsolescência, assim os produtos de menor validade possuem maior urgência de transporte. Embalagem: dependendo do tipo de embalagem utilizada, as empresas de transporte precisarão disponibilizar equipamentos específicos para movimentação que podem encarecer o serviço. www.esab.edu.br 86 Risco: os processos logísticos, entre eles o transporte, sofrem incrementos consideráveis, quanto maiores são os riscos inerentes ao transporte de uma determinada carga. Perfil da demanda de cada mercado O tipo de comportamento de consumo que o cliente final pratica influenciará diretamente os noveis de demanda que serão repassados no sentido inverso ao longo de toda a cadeia de suprimentos. Para cada tipo de demanda existirá uma forma diferente de produzir, estocar, movimentar, transportar, distribuir e reabastecer os pontos de venda, logo, os custos logísticos e de transporte se verão afetados diretamente por essa demanda. Relação produto-mercado Os sistemas logísticos, assim como toda a infraestrutura necessária para sua operacionalização, incluindo a formatação dos diferentes processos ao longo da cadeia, dependerão de uma intrínseca relação existente entre o produto e a dinâmica operacional do mercado no qual ele é comercializado. Produtos de ciclo de vida longo possuem uma demanda mais previsível, o que facilita a movimentação desses ao longo da rede. Já produtos de ciclo de vida curto determinam uma demanda mais imprevisível e os esforços logísticos para atender o mercado se tornam maiores ocasionando um aumento considerável nos custos de transporte e distribuição. Dinâmica de ocorrência do tipo de demanda As formas como a demanda é constituída igualmente afetará os custos logísticos totais, incluindo os de transporte. Elementos como quantidades encomendadas, origens das mercadorias, destino e sazonalidade serão determinantes para estes custos. www.esab.edu.br 87 Valente (2008) enriquece as perspectivas dos elementos influenciadores de custos de transporte e coloca os seguintes vetores: Quilometragem desenvolvida: o custo por quilômetro rodado diminui na medida que aumenta a quantidade de quilômetros. Isso porque existe um custo fixo elevado nas operações de transporte, que se rateia por cada quilômetro rodado pelo veículo. Tipo de tráfego: a mobilidade muda dependendo da área onde o veículo realize o transporte. Em áreas não urbanizadas o gasto de combustível e tempo é menor se comparado com o transporte realizado em centros urbanos. Tipo de via: as condições das vias, seja em áreas urbanizadas ou não, nela influenciará diretamente o gasto do veículo por meio de itens como topografia. Sinuosidade, condições de conservação das vias, tipo de superfície de rolamento são determinantes nesse sentido. Região: sabemos que o Brasil é um país de dimensões continentais, e isso, entre outros fatores, faz com que as condições econômicas sejam diferentes nas várias regiões. Assim, dependendo do local, variáveis como salários, impostos, preço dos combustíveis e derivados e outros, podem variar consideravelmente. Porte do veículo: se bem aproveitada a capacidade total do veículo, o custo por quilometragem rodada será menor naqueles de maior porte, se comparado com os menores. Desequilíbrio nos fluxos: nos últimos tempos tem se dado muita importância a este fator. Ele determina que seja maior aproveitada a capacidade na volta dos veículos após ter realizado uma entrega. Como exemplo, se um caminhão truck se www.esab.edu.br 88 movimenta de Manaus ao Rio Grande do Sul para transportar uma carga, seria ideal que após a entrega tenha outra carga para ser transportada de Rio Grande do Sul para outro ponto que fica na rota de regresso do veículo a sua origem. Além dos elementos diretamente relacionados à operação e transporte, encontramos causas oriundas do que na economia se denomina de Custo Brasil. Esse valor determina o grau de complexidade com que os fluxos de produção no país se deparam, colocando em desvantagem o produto nacional se comparado com os importados. Isso tanto em operações de importação como de exportação. Vimos nessa unidade os fatores que afetam de forma diferente os custos de transporte nas operações logísticas. Na próxima unidade analisaremos de forma mais detalhada a formatação destes custos. Bons estudos! EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 89 Antes de passarmos a apresentar alguns métodos que são utilizados na prática para elaborar os custos deste tipo de atividade, vamos destacar as ideias de Valente (2008) a respeito de questões de ordem metodológica para a análise de custos. O autor defende a diferença existente entre custos fixos e variáveis. Custos fixos: • Custo de capital • Depreciação • Remuneração • Despesas com pessoal • Despesas administrativas Custos variáveis: • Combustível • Lubrificantes • Rodagem • Peças e acessórios Valente (2008) nos apresenta 3 métodos utilizados para o cálculo de custos operacionais. www.esab.edu.br 90 Método dos custos médios desagregados Muito utilizado por empresas de transporte, tem como base a apropriação de cada componente que determinam os custos operacionais. Para isso se utiliza uma média de consumo de cada item em análise. Portanto, neste modelo, as variações de velocidade, rodagem e outras estimativas não afetam o valor dos custos imediatamente, já que estes são calculados pela média ao longo do tempo. Vocês já devem ter percebido que essa técnica pode dar diferencias consideráveis nos custos se, como exemplo, um mês tiver mais operações que outro, por essa razão é que essa metodologia é recomendada para empresas que tenham atividade regular sem grandes mudanças. Se destaca a facilidade para seu cálculo, por esta razão é muito utilizado. Método do comprimento virtual Este modelo se vale de fórmulas e equações mecanicistas, provenientes da literatura técnica que foi testada por meio de experiências em todo o mundo, inclusive no Brasil. Neste caso se individualiza cada veículo e os custos são calculados de forma particular. Esse método é reconhecido pelo setor de transportes de todos os países desenvolvidos, visto que permite levar em conta as condições de rodovias e estradas, o que permite que a aproximação do cálculo com o custo real seja bem sensível. Assim, como o resto dos métodos, esse possui limitações com peculiaridades que Valente (2008) destaca e enumeramos a seguir: • O modelo de cálculo de consumo de combustível pode ser aplicado a qualquer tipo de veículo sempre que se conheçam suas características. www.esab.edu.br 91 • Como o modelo foi desenvolvido em 1970 não tem evoluído para contemplar veículos de última geração, não sendo, assim, tão representativo para a frota brasileira. • A velocidade ideal e a mais econômica já deveria ter sido revista, devido a mudança na motorização e nos níveis de consumo dos veículos mais novos. Método do HDM-IV A metodologia HDM (Highway Design and Maintenance Standars Model) foi desenvolvida pelo Banco Mundial a partir de pesquisas desenvolvidas nos anos 80 em vários países, inclusive, o Brasil. Promovida por esta instituição financeira que procurava entender a relação dos custos rodoviários com a atividade logística como motor para o desenvolvimento econômico das nações. Esse sistema evoluiu para o HDM-III amplamente utilizado a partir dos anos 90, no qual se encontra contido o VOC (Vehicle Operating Coast) que permite o cálculo do custo operacional de vários tipos de veículos circulando em vários tipos de rodovias. O banco continuou aprimorando os modelos e hoje se destaca o HDM-4.2 de 2007, que leva em conta a influência do volume de tráfego nas velocidades desenvolvidas pelos veículos. Como já devem ter imaginado, o cálculo dos custos operacionais de uma frota de veículos exige uma profunda avaliação matemática, e de modo geral fica por conta deengenheiros que conseguem uma maior profundidade na área. Como gestores logísticos nos cabe entender esta dinâmica e como se dá a formação destes custos para poder tomar decisões operacionais que tornem o empreendimento e a operação mais eficiente. Nesse sentido, vamos analisar agora a importância e as formas de realizar o controle dos custos operacionais no transporte. www.esab.edu.br 92 A importância do controle dos custos operacionais Controla tantas variáveis que afetam os custos operacionais no transporte, que por momentos se torna aparentemente impossível. Durante muitas décadas, no Brasil e em outros países, estes cálculos foram deixados de lado por sua complexidade e aplicabilidade, e as decisões em torno dos custos se tomavam baseados na experiência e no bom censo. No entanto, na última década, as mudanças comportamentais dos mercados e as exigências de eficiência em todos os setores obrigaram as empresas de transporte a aplicar mais ciência nos seus cálculos como forma de aprimorar o serviço oferecido aos clientes, por um lado e, melhorar sua produtividade e por consequência, sua lucratividade, pelo outro. Mudando então a atitude nesse sentido, os gestores e as empresas passaram a tomar decisões mais assertivas em itens como: • Investimentos alternativos e possíveis no que diz respeito a continuar operando na mesma linha de transporte de cargas, ou de passageiros, ou aumentar as rotas; • Decidir sobre o aluguel ou a compra de uma frota de veículos; • Determinar em que momento a frota deve ser renovada; • Selecionar o veículo mais adequado de acordo com o tipo de operação de transporte que será desenvolvida; • Conseguir um aumento das tarifas por meio da justificação dos custos operacionais; • Determinar padrões de desempenho que possam se traduzir em diminuição de custos; • Diagnosticar a real situação da empresa com respeito aos concorrentes. www.esab.edu.br 93 Na hora de definir o que será controlado é bom começar pelos custos fixos, como depreciação da frota e dos equipamentos, salários, seguros, remuneração de capital investido e licenciamentos, entre outros. Depois devemos seguir pelos custos variáveis que aumentam de acordo com o aumento de operações, tais como combustível, lubrificantes, pneus, peças e manutenção de materiais de consumo geral, somente para citar alguns. Esses custos são chamamos de custos diretos, ou seja, atrelados de forma intrínseca a cada operação e transporte. Também temos os custos indiretos ou administrativos que enumeramos a seguir: salários do pessoal do armazém e administrativo, honorários da diretoria, encargos sociais, materiais auxiliares e de escritório, correio, telefone, internet, benefícios, gratificações, impostos e taxas, propaganda, despesas financeiras e aluguéis de infraestrutura física, entre outros que poderíamos contemplar. Não existe um modelo a ser aplicado que seja eficiente para todo tipo de empresa. O importante é que cada uma trabalhe junto aos gestores ou gerentes de setores, o departamento financeiro e até o contador, com o intuito de desenvolver programas que contemplem o controle eficiente de todos os itens aqui citados. Esse programa pode ser padronizado e normatizado para que, a partir do desenvolvimento dele, seja aplicado em todas as circunstâncias. Algo interessante é definir indicadores de desempenho para cada componente dos custos a ser analisado. Também, é de suma importância que se estabeleçam os pontos exatos de mensuração com o intuito de poder definir medidas corretivas para que o custo final se aproxime do ideal. Esses modelos devem ser revistos semestralmente, já que as mudanças comportamentais dos www.esab.edu.br 94 mercados, os câmbios nos status das rodovias e estradas, os níveis de demanda e a atuação da concorrência se encontram em constante estado de mutação. EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 95 Resumo da seção 2 Vimos nesta seção que as redes de transporte podem se apresentar em formatos diferentes, dentre os quais destacam-se: rede de remessa direta (as cargas vêm direto de cada um dos fornecedores para cada local do comprador); rede de remessa direta com milk runs (um veículo entrega produtos de um único fornecedor para vários lojistas ou ainda mercadorias de vários fornecedores para somente um lojista); rede de remessas via centro de distribuição (os fornecedores não encaminham as entregas direto para os lojistas, e sim, para centros de distribuição regionais (CD), que se encarregaram de preparar as remessas no tamanho e quantidades certas para cada uma das lojas); rede de remessas via centro de distribuição utilizando milk runs (entregas pequenas e rápidas realizadas a partir do centro de distribuição para cada lojista); remessa interurbana com cross-docking (se estabelecem infraestruturas de cross- docking entre o centro de distribuição e os lojistas). Contudo, a oferta do transporte depende da capacidade operacional da empresa operadora que oferece o serviço, onde, o operador logístico, deve observar algumas variáveis para determinar a possibilidade de estabelecer parcerias com os operadores de transporte. Estudamos também que a consolidação de cargas apresenta vantagens e desvantagens. Dentre as vantagens podemos citar a redução de custos de frete e de armazenagem; o aumento da qualidade do serviço prestada para cada cliente e a diminuição dos tempos de controle e verificação. Dentre as desvantagens podemos citar a www.esab.edu.br 96 demora na liberação das mercadorias de um contêiner no caso de uma delas não ser liberada e o prejuízo total das mercadorias no caso de roubo. De forma que para a viabilidade da consolidação é preciso análises específicas da condição das mercadorias. O gestor logístico deve assimilar os diferentes níveis estratégicos de decisão a respeito dos transportes nas rotinas logísticas empresariais, envolvendo a escolha do modal, a roteirização, a escolha do veículo, a consolidação das cargas e a economia das atividades. Nesse sentido, em um esquema de distribuição de mercadorias a roteirização de veículos disponibilizados para as entregas tem se transformado no ponto chave para o sucesso do serviço logístico. A roteirização é uma atividade mais utilizada no meio rodoviário. Quanto a diferença do transporte intermodal e multimodal, está, necessariamente, que no primeiro, cada vez que se troca o modal, ou o tipo de veículo dentro do mesmo modal, se emite um novo documento, onde, a responsabilidade do transporte é compartilhada entre os transportadores. Ao passo que no multimodal, se emite um único documento que acompanhará a carga ao longo de todo o percurso, onde a responsabilidade será de um OTM ou Operador de Transporte Multimodal. Na rotina da sociedade, embora as pessoas nem percebam, a atividade logística de transporte, por meio de diversos segmentos de transporte de cargas, está incumbida de manter os serviço e produtos no local certo, na hora certa e com preço certo, para o consumidor final. Por essa perspectiva, é considerável o entendimento sobre a gestão de frota, que consiste na atividade de reger, administrar ou gerenciar um conjunto de veículos pertencentes a uma mesma empresa, www.esab.edu.br 97 abarcando várias atividades operacionais. Por fim, pontuamos a importância da implementação de estratégia de gestão de frotas e da análise dos custos com transporte, porquanto, estes impactam muito os gastos empresariais e, portanto, o nível de preços dos produtos. www.esab.edu.br 98 Seção 3 – Rotinas logísticas no transporte Nesta seção abordaremos as metodologias de planejamento de transporte nas cidades, assim como a possibilidade de terceirização das atividades logísticas. Também estudaremos as diferenças e integração entre os transportes regionais, nacionais e internacionais de carga. Por fim, veremos os elementos que fazem parte de um projeto de segurança e diminuição de riscos dafrota. www.esab.edu.br 99 Vamos estudar nesta unidade de que forma a atividade de planejamento da mobilidade urbana pode ser aplicada em uma cidade por meio do planejamento estratégico por desafios, uma das ferramentas mais utilizadas da administração. Não vamos aprofundar nos conceitos de mobilidade urbana já que esse tema é de outra área. No entanto, vamos resgatar algumas ideias para que fique mais fácil compreender a aplicabilidade dessa técnica da administração. Magagnin e Da Silva (2008, p.26) definem que mobilidade urbana “pode ser definida como um atributo relacionado aos deslocamentos realizados por indivíduos nas suas atividades de estudo, trabalho, lazer”. Ampliando um pouco mais esta definição entendemos que a mobilidade urbana não contempla tão só os cidadãos se movimentando de um ponto a outro, mas também os equipamentos que são utilizados para esta movimentação, assim como todo tipo de carga que inclua essa dinâmica. Nesse contexto, as cidades desempenham um papel importante nas diversas relações de troca de bens e serviços, cultura e conhecimento entre seus habitantes, mas isso só é possível se houver condições adequadas de mobilidade para as pessoas (Ministério das Cidades, 2006). Um planejamento estratégico da mobilidade urbana deve também contemplar a sustentabilidade da cidade. www.esab.edu.br 100 De acordo com Magagnin e Da Silva (2008, p.26): “O desenvolvimento sustentável é aquele que responde às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de responder às suas próprias necessidades. É um processo que associa três importantes dimensões: ambiental, econômica e social, estabelecendo uma correlação entre esses três polos, garantindo a eficácia econômica e a proteção do meio ambiente, sem perder de vista as finalidades sociais, que são as lutas contra a pobreza, as desigualdades, a exclusão e a busca da equidade. Você pode perceber que todos os elementos existentes em uma cidade devem ser levados em conta para não correr o risco da exclusão, intencional ou não, de algum destes atores. Nessa mesma linha de raciocínio a UITP (International Association of Public Transport) define que: ...a base para uma mobilidade sustentável está na inter-relação entre os seguintes componentes: meio ambiente, economia e sociedade. O equilíbrio entre estes três componentes proporcionará: a realização das necessidades das pessoas no que se refere à qualidade de vida e acessibilidade; o respeito ao habitat, causando o menor impacto pelas atividades humanas e, no tocante à economia, ela está relacionada aos recursos disponíveis, ou ao modo como estes recursos possam satisfazer as necessidades de cada cidadão (Black at al., 2002; Richardson, 2005). Dessa forma, e com essas citações, fica bem claro que todo planejamento que vise a mobilidade nas cidades deve acompanhar as tendências de convívio harmonioso que apontam ao conceito de Smart Cities ou Cidades Inteligentes. Segundo a União Européia, Smart Cities são sistemas de pessoas interagindo e usando energia, materiais, serviços e financiamento para catalisar o desenvolvimento econômico e a www.esab.edu.br 101 melhoria da qualidade de vida. Assim, ao definirmos o planejamento estratégico da mobilidade urbana, não podemos falar tão só em trânsito de veículos. Devemos ampliar esse horizonte e incluirmos os diferentes atores e variáveis que o significado de cidades inteligentes engloba. O Ministério das Cidades, em 2016, elaborou uma guia para criar os planos de mobilidade urbana para as cidades no Brasil, apresentado na seguinte figura. Destacamos que na atual administração federal, desde o ano de 2019, essa carteira passou a fazer parte do Ministério da Infraestrutura. É interessante o analisarmos antes de definir o formato do planejamento estratégico, para verificar em que ponto desta elaboração o referido plano se encaixa. Figura 23 – Ministério das Cidades 2016 Fonte: Elaborada pelo autor. Analisando detalhadamente a metodologia proposta, sugerimos uma intervenção no passo 4 do diagrama, ou seja, na etapa de elaboração. Isso porque esse fluxo deve ser seguido para não incorrer em ilegalidades por parte do município. Lembremos que tópicos como as audiências públicas são obrigatórios por força www.esab.edu.br 102 de lei, portanto, apenas estamos sugerindo aportar com um modelo de planejamento estratégico na era de elaboração de projetos para enriquecer este modelo sugerido pelo governo federal. O modelo que vamos propor é o de Planejamento por Desafios. Nesse modelo se identificam os grandes desafios de cada setor e para cada desafio se criam uma série de projetos independentes que aportaram com seus resultados, soluções para atingir as metas de cada um desses desafios setoriais. O primeiro passo é identificar quais seriam esses setores. Esse exercício passa por uma atividade de diagnóstico na cidade. Voltando ao esquema apresentado pelo Ministério, entendemos que esse diagnóstico deve ser realizado na etapa 2 de definição do escopo. Propomos agregar um item 2.4 com o título “Diagnóstico por área de intervenção” sendo que estas áreas já foram levantadas no item 2.2 desta mesma etapa. Uma vez tendo as áreas de intervenção e o diagnóstico de cada uma delas, vamos entender melhor os desafios que teremos em cada área ou setor. Esses desafios não devem ser mais que 3 ou 4 para cada área. Vamos imaginar que as áreas de intervenção sejam: • Transporte público • Transporte individual • Transporte de Massas • Transporte de Cargas • Pedestres • Ciclistas • Eventos • Regiões temáticas funcionais www.esab.edu.br 103 Para cada uma dessas áreas teríamos de 3 a 4 grandes desafios. Para cada desafio a quantidade de projetos necessários que não devem ultrapassar o número de 5. Assim, neste exemplo, no final do planejamento estratégico por desafios, teríamos 8 áreas, com um total de 24 desafios e um número final de projetos que atingiria 120. Pode parecer um número elevado de projetos, mas se pensamos na complexidade de uma cidade e a duração de um governo de 4 anos, teríamos uma média de 30 projetos por ano, número totalmente viável. Lembremos que essa é apenas uma simulação e que em um caso real esse número pode diminuir ou até aumentar. Na seguinte figura explanamos de forma gráfica a estrutura proposta para um melhor entendimento. Tomamos apenas como exemplo 4 setores ou áreas, sendo transporte público, ciclistas, transportes de cargas e eventos. Para cada área identificamos 2 desafios. Para cada um desses desafios 2 projetos. Dando um total, nesta exemplificação de 4 áreas, 8 desafios e 16 projetos www.esab.edu.br 104 Figura 24 – Planejamento Estratégico por Desafios na Mobilidade Urbana Fonte: Elaborada pelo autor Neste caso fomos simétricos, mas isto não é necessário. Para um desafio podemos criar um único projeto, e para outro, cinco. www.esab.edu.br 105 O importante e ter bem claro o que precisa ser feito em cada área e em cada desafio. Vocês já escutaram falar do termo cidades inteligentes ou smart cities. No artigo que encontrarão clicando no link, conseguirão perceber as principais características deste tipo de metrópoles. https://brasilescola.uol.com.br/ Agora vamos sintetizar a estrutura que cada um desses projetos precisa ter para atingir seus resultados, e exemplificar com o desenvolvimento de um deles. Tomamos como exemplo o projeto 3.1.2, ou seja, projeto de desenvolvimento de integração entre transportadoras. Figura 25 – Estrutura interna de cada projeto Fonte: Elaborada pelo autor https://brasilescola.uol.com.br/clube-do-empreendedorismo/5-qualidades-de-uma-smart-city-cidade-inteligente.htm www.esab.edu.br 106 Este é apena um modelo que pode ser utilizado. Você, na prática e de acordo com as experiências vividas e com as condições e realidade da cidade onde atua ou possa vir a atuar na Gestão da Mobilidade Urbana, pode e deve modificar este escopopara adequá-lo a seu contexto. Sempre lembre que uma das características do planejamento estratégico é a possibilidade de adaptação permanente sem ficar engessado a estruturas que não acompanhem a evolução da sociedade. EXERCITANDO: vamos às questões on-line e à atividade dissertativa! www.esab.edu.br 107 As empresas devem analisar o grau de complexidade e eficiência atingido pelas suas operações logísticas. Existe uma tendência, recomendada na maioria das ocasiões, na qual as empresas se focam em seu core business, ou seja, na expertise em fabricação de produtos de acordo com sua essência operacional e acabam terceirizando algumas operações logísticas como armazenagem, estocagem, distribuição e transporte. Dias (2016) defende que as empresas devem se focar no estratégico, que seria a inovação na sua produção, e terceirizar o tático, que são as operações logísticas que fazem com que o produto chegue no consumidor final. Dentro dessa filosofia e formas de operar no mercado, muitas empresas que outrora prestavam serviços apenas de transporte rodoviário, se adequaram às novas exigências do mercado e se transformaram em empresas que oferecem serviços logísticos completos. Pensemos que esse tipo de empresa de serviços logísticos terceirizados se encarregam de todas as operações entre as duas pontas, a fábrica por um lado e o consumidor final pelo outro. Como já falamos, entre esses dois pontos encontramos muitas atividades que exigem cada vez mais especialização e eficiência no seu desenvolvimento. Lembremos que o transporte é um dos serviços que primeiro sente as oscilações da demanda, visto que na hora que diminuem as quantidades a ser transportadas de forma constante durante um determinado tempo é um sintoma dessa www.esab.edu.br 108 mudança de comportamento no mercado. A especialização e a profissionalização, além da variedade destes serviços, têm se ampliado consideravelmente nos últimos tempos. Um exemplo dessa tendência consiste no serviço de postponement no qual o acabamento final do produto é realizado pela empresa terceirizada para distribuição. Seguindo com as orientações de Dias (2016) entendemos que o processo de decisão de optar pela terceirização de serviços logísticos não passa apenas pela comparação de custos e deve ter uma apreciação bem mais profunda. Seguem alguns elementos que devem ser analisados. Estratégia: o gestor precisa entender quais são os processos logísticos que estão ou que podem vir agregar valor ao produto ou serviço final. Sem ter clareza deste fato não deve se proceder a terceirização. Custos logísticos: conhecer a fundo os reais custos logísticos, visto que muitas empresas interpretam que estes se limitam aos gastos com fretes. Alternativas: a viabilidade de cada implementação deve ser avaliada por meio de protótipos e análises que verifiquem de que forma afetam os custos e o relacionamento com os clientes. Comparações: antes de fechar um contrato de terceirização para entregar alguns processos a uma empresa de serviços logísticos devem se avaliar as diferentes alternativas e realizar comparações de benefícios entre elas. Riscos: toda mudança deve ser tratada como um projeto específico com avaliação de riscos e construção de possíveis cenários para que a decisão seja a mais assertiva possível. Adaptação: deve existir uma certa sinergia entre a cultura operacional da empresa contratante e a terceirizada. www.esab.edu.br 109 Envolvimento: dos dois lados deve existir comprometimento de todos os níveis organizacionais, com a possibilidade de terceirizar operações, principalmente, na alta gestão da contratante. Na prática vamos encontrar que muitas vezes essa terceirização se dá em diferentes processos e com diferentes empresas. Assim, existem empresas especializadas em gestão de estoque e armazenagem, outras em distribuição, outras em gestão de pontos de venda e reposição, até tem algumas mais completas que oferecem serviços de ponta a ponta. Dessa forma, podem existir vários contratos ao longo do processo. O importante é que o gestor responsável pela empresa contratante realize uma gestão sistêmica tendo clareza do funcionamento dessas integrações sem todos os elos da cadeia. Os operadores logísticos se enquadram nessa dinâmica e são denominados de 3PLs (third party logistics) e podem existir contratos com vários deles. Também temos os 4PLs que consistem nos quarterizadores de serviços logísticos e se encarregam de itens como recursos técnicos e humanos, novas tecnologias, conhecimentos e outros elementos para que o cliente atinja a excelência nas suas operações. O comércio exterior trabalha muito com esse tipo de operador denominado de OTM. Alguns dos serviços que eles oferecem seguem a seguir: • Desembaraço aduaneiro • Liberação alfandegaria • Importação temporária • Licença de importação • Anuências do Ministério da Agricultura www.esab.edu.br 110 • Remoção • Redestinação e retorno • Perdimento ou abandono • Carta de correção • Manifesto de carga • Certificado de origem • Declaração aduaneira Citamos aqui alguns serviços mais comuns, no entanto, existe uma ampla gama de possibilidades na contratação desses operadores. Terceirização específica de frotas A terceirização da frota ou de parte dela, assim como dos serviços secundários como manutenção, contratação de autônomos e outros, se encontra dentro do escopo de operação de uma boa parte das empresas produtoras ou distribuidoras. Esse tipo de formatação produz impactos nas operações, positivos ou negativos, dependendo da eficiência da parceria. Se tomamos como exemplo a ampliação de uma frota devido ao aumento da demanda, se torna difícil tomar a decisão de adquirir novos veículos, visto que as oscilações do valor da demanda são cada vez mais frequentes, logo, terceirizar a contratação dos veículos extras pode ser uma alternativa viável. Fica claro que as terceirizações são maiores em mercados ou setores que apresentam maiores incertezas a respeito das curvas de vendas e futuras demandas. A seguir enumeramos algumas vantagens e desvantagens da terceirização de frotas. www.esab.edu.br 111 Vantagens A previsibilidade de custos tende a sofrer uma redução. Veículos sempre em boas condições e com disponibilidade imediata. Diminuição da burocracia que ocasionaria a compra e manutenção dos veículos. Desvantagens Menor controle da operação. Menos flexibilidade de ação de acordo com as circunstâncias. Menos rapidez na solução de possíveis problemas. É importante que destaquemos que com a aprovação da Reforma Trabalhista (lei 13.467) no governo de Michel Temer, no ano 2017, foram promovidas algumas mudanças significativas no que diz respeito à terceirização no Brasil. Até a entrada em vigência dessa legislação somente as atividades meio eram possíveis de serem terceirizadas. A partir desse ponto as atividades fins também podem vir a passar por processos de terceirização, o que deu maior liberdade de ação e realização de parcerias para as empresas. Para deixa mais claro: Atividades meio: todas as atividades que servem como suporte à principal atividade da empresa. Atividade fim: enquadra todos os processos e atividades que são diretamente relacionados à principal função da empresa. Dessa forma, as empresas conseguem ampliar mais suas visões de terceirização. Citamos como exemplo o postponement tratado nesta disciplina. Antes desta lei não era permitida sua terceirização, hoje sim. www.esab.edu.br 112 Na próxima unidade vamos verificar a importância e as formas de dimensionamento das frotas. Bons estudos! EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 113 Várias pesquisas apresentam números no Brasil que definem que no transporte rodoviário não é utilizada mais que 50% da ocupação da capacidade total de transporte. Valente (2008) coloca “o caminhão médio é o campeão da ociosidade, enquanto o caminhão extrapesado, com capacidade superior a40 toneladas, destaca-se por ser o mais utilizado”. Essa realidade se dá por várias razões, mas três das principais consistem na falta de esforços e técnicas no dimensionamento eficiente das frotas, a ausência de negociação de novas cargas no retorno dos veículos após as entregas e no pouco aproveitamento inteligente da capacidade total em cada rota de distribuição. Outro problema se dá na hora da compra de veículos na qual os empresários apostam mais na relação custo benefício que na demanda real por transporte. Nesse ponto a previsão da demanda se torna um exercício mais que necessário para a assertividade na decisão do tamanho da frota e do tipo de veículos, que serão ideias para aquela operação logística. A previsão da demanda consiste em um exercício de prever o futuro, visto que este termo se traduz no desejo de uma parcela do mercado de adquirir um determinado produto, por um valor específico em um período de tempo determinado. Deve ficar claro que demanda é apenas um desejo e não a compra em si. Esse fato cria uma grande incerteza nesse tipo de estudos. A assertividade desse número cresce quanto mais aprofundados são os estudos realizados e na medida em que as informações levantadas para essa análise são mais fidedignas e atualizadas. www.esab.edu.br 114 De acordo com Valente (2008) este levantamento deve ter foco em: • Um estudo detalhado do setor de atuação da empresa; • Identificação de informações que sejam relevantes para definir o tamanho da frota necessária para atender a demanda prevista; • Estudo de todas as variáveis que possam afetar tanto a demanda como a procura por transporte; Vamos analisar agora algumas características da demanda de acordo com Ballou (2006): Demanda espacial e demanda temporal A variável tempo pode ser significativa na hora de analisar a variação da demanda. Ela pode aumentar ou diminuir de acordo com as taxas de vendas, sazonalidade do padrão da demanda e diferentes flutuações causadas por um sem número de fatores. O dimensionamento de uma frota precisa prever a possibilidade da existência de sazonalidade. Esta análise não é tão complexa em mercados que já atuam neste regime, conseguindo definir claramente os tempos de alta e baixa na movimentação. A localização da demanda do ponto de vista geográfico é de vital importância para a tomada de decisões logísticas, tais como localização de armazéns, balanceamento dos estoques ao longo da rede logística, planejamento e alocação dos recursos de transporte, entre outras. Demanda irregular e demanda regular Nos processos logísticos interpretamos que uma demanda é regular quando o comportamento de consumo se dá a partir de padrões já conhecidos e de fácil previsão, utilizando as ferramentas certas. Por outro lado, quando a demanda de alguns itens é intermitente devido principalmente às incertezas a www.esab.edu.br 115 respeito de quanto e quando o nível de demanda acontecerá, é considerada irregular ou incerta. Definir o tamanho de uma frota em situações de demanda regular é extremamente mais simples que nas variações causadas pela demanda irregular. Demanda dependente e demanda independente A demanda pode ser amplamente diferenciada se analisamos o modo de operação das empresas em estudo. No caso da demanda independente, ela é gerada pelas compras individuais, de um determinado produto, realizadas por muitos clientes. Já no caso da demanda dependente, a mesma deriva de exigências determinadas em programas de produção como, por exemplo, o número de pneus novos a serem encomendados a partir de um número conhecido de carros que o fabricante colocará em produção. Na variável independente os métodos de previsão de curto prazo têm funcionado satisfatoriamente. Já na dependente nem se faz preciso a aplicação de um método de previsão, visto que o número é conhecido antecipadamente. Logo, se desprende desta classificação que montar uma frota para uma operação de demanda dependente é extremamente menos complexo que em uma de demanda independente. Métodos de previsão da demanda Existem muitos métodos de previsão da demanda e a utilização deles se limita à característica do mercado de atuação de cada empresa, assim como ao formato de sua operação e à necessidade mais detalhada de dados e informações. Estes métodos são divididos em três categorias, tendo os qualitativos, de projeção histórica e causais. Vejamos eles separadamente de acordo com os conceitos de Ballou (2006). www.esab.edu.br 116 Métodos qualitativos: são aqueles que recorrem a julgamento, intuição, pesquisas ou técnicas comparativas, a fim de produzir estimativas quantitativas para o futuro. As informações a respeito dos fatores que influenciam a previsão são da ordem não quantitativas. Consistem em métodos não científicos e devem ser utilizados, preferencialmente, em previsões de médio e longo alcance. Nesse modelo as empresas devem realizar um levantamento das quantidades transportadas em outras operações, do aumento ou diminuição temporal das quantidades para prever quanto será necessário transportar no futuro. Métodos de projeção histórica: quando se tem dados históricos disponíveis e confiáveis e ainda a tendência e sazonalidade são estáveis e definidas ao longo do tempo, podem se projetar os dados no futuro com certa eficiência, principalmente para o curto prazo. Existe uma tendência de que o padrão futuro seja uma réplica do padrão passado. Estes métodos possuem um caráter mais científico, visto que permitem a utilização de modelos matemáticos e estatísticos. Na utilização desse tipo de modelo o dimensionamento da frota pode ser mais assertivo, visto que a projeção tem um caráter de cálculo científico. Ao mesmo tempo, é uma previsão mais difícil e custosa de ser realizada. Métodos causais: nestes métodos se entende que o nível da variável de previsão é derivado do nível de outras variáveis relacionadas à anterior. Como exemplo, podemos citar o serviço de atendimento ao cliente, se ele tem um efeito positivo para as vendas, e se nós conhecemos esse nível de serviço podemos projetar o nível de vendas. Funciona como causa e efeito. São mais utilizados para previsão de médio a longo prazo. Aqui o dimensionamento deve ser adequado às ações futuras que serão realizadas. Como exemplo podemos entender que se em www.esab.edu.br 117 determinados momentos se realizarão grandes promoções, o nível da demanda aumentará e exigirá maior capacidade de transporte de produtos ou mercadorias. Segue um passo a passo possível de ser aplicado, proposto por Valente (2008), para realizar o dimensionamento de uma frota para uma operação na qual se conhece aproximadamente a demanda: • Determinar a demanda mensal de carga; • Fixar os dias de trabalho/mês e as horas de trabalho/dia; • Verificar as rotas a serem utilizadas, analisando aclives, condições de tráfego; rugosidade da pista tipo de estrada (asfaltada, de terra, cascalhada), etc.; • Com dados sobre as rotas, determinar a velocidade de cruzeiro no percurso; • Determinar os tempos de carga, descarga, espera, refeição e descanso do motorista; • Analisar as especificações técnicas de cada modelo de veículo disponível na praça, a fim de determinar o que melhor atende as exigências necessárias para o transporte desejado; • Identificar a capacidade de carga útil do veículo escolhido; • Calcular o número de viagens/mês possíveis de serem realizadas por veículo; • Determinar o número de toneladas transportadas por veículo. Vimos nesta unidade algumas formas de dimensionar o tamanho de uma frota. Não existe uma equação exata e determinante, mas fica claro que a coleta de informações a www.esab.edu.br 118 respeito do tipo de operação, da demanda, do comportamento do mercado e do histórico se torna necessária para que a decisão dos gestores a respeito do tamanho seja a mais assertiva possível. Na próxima unidade vamos discutir sobre as diferenças entre o transporte regional,nacional e internacional. Boa leitura! EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 119 As formas de comércio no mundo foram mudando com o passar dos séculos. Os países, via de regra, começaram suas atividades com comércio interno, realizando trocas e promovendo a circulação de produtos e mercadorias em microrregiões. Com o desenvolvimento das industrias estas microrregiões se estenderam para áreas geográficas com características específicas. Assim, no Brasil dividimos estas áreas como centro-oeste, nordeste, norte, sudeste e sul. Cada uma delas é formada por vários estados. Ao longo do tempo tratados de comércio entre outros países limítrofes ou vizinhos foram sendo celebrados e, assim, se criaram macrorregiões de intercambio produtivo, a exemplo do Mercosul. Com a chegada da globalização foram caindo as fronteiras comerciais com o intuito de que os países possam desenvolver e produzir seus produtos e os coloquem nas prateleiras do mundo inteiro. A OMC, Organização Mundial do Comércio, com sede na cidade de Genebra, na Suíça, é o ente encarregado de normatizar o comércio entre os países do mundo inteiro. Junto com a evolução do comércio como acabamos de descrever se deram importantes avanços nas estruturas e operações logísticas. Dentro destas, o transporte e sua evolução se transforma no elo central da complexa rede de intercâmbios comerciais existente no mundo inteiro. No quesito do transporte atrelado ao crescimento econômico existe uma fluida relação entre o desenvolvimento e a redução da pobreza, www.esab.edu.br 120 percebendo, assim, que nos países ou regiões onde existe uma maior infraestrutura de transporte, destacam-se, também, por ter um desenvolvimento humano maior, e, pelo contrário, nas regiões onde não se desenvolveu este tipo de infraestrutura as condições de pobreza tem curva crescente. Quando falamos em transporte, nas linhas colocadas acima, nos referimos a todos os modais, ainda, assim, já sabemos que a matriz de transporte brasileira é baseada no modal rodoviário. O gráfico a seguir apresenta os porcentuais de cada modal no transporte de cargas no Brasil. Figura 26 – Divisão por modais de transporte no Brasil Fonte: Ilos - Elaborada pelo autor Como já é de conhecimento de todos o transporte rodoviário é o mais praticado no país, o que do ponto de vista estratégico econômico não é o mais recomendável por se tratar de uma nação com território extenso. O recomendável seria que o ferroviário fosse o maior, mas como já falamos nas primeiras unidades, decisões tomadas há mais de um século impossibilitaram essa realidade pela falta de construção de ferrovias. www.esab.edu.br 121 Em segundo lugar com 21% encontramos o transporte ferroviário por meio de redes que não conseguem integrar as diferentes regiões do país. Logo, com 12% temos o aquaviário de cabotagem. Percebam que por convenção o aquaviário foi dividido em dois, cabotagem (de porto a porto brasileiro pelo mar), e hidroviário (utilizando os rios navegáveis). Com 3,8% temos o dutoviário, utilizado principalmente pelas empresas mineradoras e do petróleo. Segue o hidroviário com 1,8% que somado ao de cabotagem dão um total para o modal aquaviário de 13,8%. No fim, quase inexistente, encontramos o transporte aéreo com valores totalmente inexpressivos. Para terem uma ideia, no Brasil não temos nenhuma empresa de porte de transporte aéreo, nem terminais e aeroportos específicos para este tipo de operação. O pouco que se transporta é feito nos espaços que sobram nas naves de transporte de passageiros. Uma boa parte das cargas transportadas no Brasil é de produtos primários, ou seja, que não sofreram processos de industrialização. Os produtos primários se caracterizam por ter um alto peso e ocupação de espaço, com baixos preços, precisamente porque ainda não tiveram valor agregado pelos processos industriais. A maior parte consiste em matérias-primas. Como a infraestrutura para o transporte rodoviário no país é considerada precária para os padrões internacionais, com vias e estradas em mal estado de conservação, não duplicadas, e inseguras entre outros problemas, o custo por quilômetro rodado aumenta consideravelmente. Este é um dos elementos que tornam os produtos finais extremamente caros no país. Sempre escutamos que no Brasil, os produtos têm preços elevados por causa dos altos impostos. Esta afirmação não é tão verdadeira. www.esab.edu.br 122 Os impostos cobrados em países em desenvolvimento e desenvolvidos são semelhantes aos pagos no Brasil. A diferença e que nos países desenvolvidos esses impostos se representam em melhores condições para a população e não em manter a estrutura gigante da máquina pública como acontece aqui. O que realmente torna caras as mercadorias é o Custo Brasil, ou seja, o quanto que se paga para poder produzir, distribuir e comercializar a produção, tanto a consumida no país como a que vai para exportação. O mesmo acontece com os produtos importados. Mais uma vez imaginamos no inconsciente coletivo que o que torna os produtos importados tão caros é o alto nível de impostos. Este fato pode até colaborar, mas o principal influenciador neste sentido é o custo existente provocado pela ineficiência da infraestrutura logística. Vamos colocar um exemplo para vocês entenderem melhor esta realidade. Um dos portos mais eficientes do mundo, o de Roterdão, na Holanda, tem um tempo médio de espera, dos navios, de aproximadamente 7 horas. Isto quer dizer, o navio vem do alto mar e para na entrada do porto e fica esperando sua vez para que o prático do porto, profissional que se encarrega de ingressar e sair com o navio do porto, venha tomar conta da operação. A mesma situação no porto de Santos, no Brasil, apenas para realizarmos uma comparação, indica que o tempo de espera médio é de 3 dias. Analisemos agora a diferença. Um navio esperando para atracar durante 7 horas, tem um custo adicional de alimentação, combustível e operação para esse tempo. Este custo é considerado um custo de transporte e, portanto, faz parte dos custos logísticos totais da operação. Este custo, vai parar na precificação final dos produtos de forma óbvia. Agora comparem 7 horas para 3 dias, ou seja, 72 horas. Portanto, percebam que a falta de eficiência, neste caso, dos portos, encarece o transporte, o que encarece os custos www.esab.edu.br 123 logísticos que determinam que o preço dos produtos seja mais elevado. A mesma situação acontece com a liberação alfandegária das cargas. No porto de Santos está levando até 21 dias, no de Roterdão, menos de 24 horas. Com este exemplo, devemos perceber que a eficiência logística é determinante para o rumo da economia de um país. Claro que o esforço depende em muito do investimento público e das parcerias público-privadas para que a infraestrutura necessária seja construída e disponibilizada em todos os modais. EXERCITANDO: vamos às questões on-line e ao fórum! www.esab.edu.br 124 A atividade de acomodar da forma correta, tanto cargas quanto passageiros dentro dos veículos seguem uma série de questões de ordem legal, de segurança e operacional. Para entendermos melhor esta normatização analisemos como é estruturada a legislação de trânsito. A legislação de trânsito é composta de leis, decretos e resoluções. As leis definem as normas gerais de trânsito e a criação é de competência do Poder Legislativo. Os decretos, servem para regulamentar, detalhar e disciplinar a aplicação das leis. São emitidos pelo Poder executivo. Por fim, as resoluções consistem em normas estabelecidas pelos órgãos normativos do Sistema Nacional de Trânsito. O Contran, Conselho Nacional de Trânsito é quem esgrime estas resoluções por meio de suas Câmaras Temáticas. Estas consistem em grupos de trabalho com profissionais e representantes de entidades que atuam no setor. Nelas, divididas por assuntos como fiscalização, educação no trânsito e outros, se discutem eelaboram as resoluções. Vamos agora verificar especificamente alguns itens neste sentido. Acomodação de cargas De vital importância, em vários aspectos, dividiremos esta atividade em três ângulos de análise. www.esab.edu.br 125 1. Princípios que regem a distribuição Estes princípios buscam oferecer segurança por um lado e aproveitamento econômico pelo outro. Existem, de acordo com Valente (2015), alguns efeitos observados pela distribuição incorreta da carga em um veículo para transporte. • Os problemas de estabilidade; • A falta de aderência nos pneus; • Prejuízo à eficiência da iluminação; • Má distribuição do peso, com sobrecarga desequilibrada entre os eixos; • Desgaste prematuro de diversos componentes, como pneus, freios, eixos, molas, amortecedores e sistema de direção; • A elevação do consumo de combustível. Percebam que os efeitos são vários e que podem causar altos prejuízos se não forem atendidos com precaução e eficiência. 2. Estudo do centro de gravidade dos veículos, carrocerias e cargas Este estudo é de extrema importância, visto que se a carga se aplica levando em conta o centro de gravidade, a mesma se distribui proporcionalmente entre os eixos, dando maior segurança e eficiência ao transporte. Existem uma série de fórmulas e equações utilizadas para este cálculo, de acordo com Valente (2015), que determinarão valores para decisões como: • Centro de gravidade para o conjunto carga e carroceria; • Determinação da posição no veículo; www.esab.edu.br 126 • Estudo do comprimento da carroceria; • Cálculo da redução da carga útil; • Análise da carga máxima estipulada pelos fabricantes dos veículos e pela legislação. 3. Implicações da distribuição da carga no comportamento dos veículos Os veículos têm um tipo de comportamento de acordo com a forma como é distribuída a carga. Ela não pode ser simplesmente jogada no interior. Neste quesito são levados em conta os seguintes itens: • Efeitos causados pelas cargas mal distribuídas no eixo dianteiro, no traseiro e nos semirreboques; • Efeitos direcionais da posição do centro de gravidade do veículo; • Influência da distribuição de carga no facho luminoso dos faróis; • Posicionamento do centro de gravidade da carga em relação à largura da carroceria. • Altura do centro de gravidade da carga. • Aspectos específicos da acomodação das cargas em alguns tipos de transporte. Como já colocamos, anteriormente, encontramos na legislação normas que devem ser seguidas a respeito da acomodação de cargas em veículos. A Lei nº 9.503 de 23 de setembro de 1997 instituiu o CTB, Código de Trânsito Brasileiro que se encontra em vigor em todo o território nacional. É claro que com o passar dos anos ele vai sendo modificado para se adaptar as novas realizadas do trânsito no país. Dentro dele existem algumas leis que são direcionadas ao transporte comercial de cargas e passageiros. www.esab.edu.br 127 Lei nº 11.442 de 5 de janeiro de 2007: dispõe sobre o transporte rodoviário de cargas por conta de terceiros e mediante remuneração. Lei nº 9.611 de 19 de fevereiro de 1998: trata do transporte multimodal de cargas. Decreto-Lei nº 2.063 de 1983: dispõe sobre multas a serem aplicadas por infrações à Regulamentação para a execução do serviço de transporte rodoviário de cargas ou produtos perigosos. Resolução 62/98 do Contran: regulamenta o uso de pneus banda extralarga (single) do tipo 385/65-R-22.5 em semirreboques e reboques dotados de suspensão pneumática com eixos em tandem. A figura a seguir apresenta os artigos relacionados ao transporte comercial. Figura 27 – Artigos do CTB relacionados ao transporte comercial Adaptada pelo autor de Valente (2015) www.esab.edu.br 128 As resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) que têm relação com os veículos de cargas e de passageiros estão apresentadas a seguir. Figura 28 – Resoluções do Contran relacionadas aos veículos de cargas e de passageiros Adaptada pelo autor de Valente (2015) Na próxima unidade, estimados acadêmicos, falaremos a respeito da análise de riscos e da prevenção de acidentes. Bons estudos! EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 129 Acidentes são atos não esperados, que surpreendem os envolvidos, mas que, no entanto, podem ser prevenidos e, em uma boa parte, evitados por meio de ações concretas que analisaremos a seguir. Como a maior parte do transporte no Brasil é feito pelo modal rodoviário e, portanto, será com o qual, inevitavelmente, vocês como gestores terão maior contato, vamos dedicar esta unidade à prevenção de acidentes neste modal. Todos os elementos que colocaremos a seguir devem fazer parte de programas de treinamento e manutenção permanente nas empresas de transporte ou nos setores de transporte. De início iremos discorrer sobre acidentes de trânsito, esclarecendo que com a entrada em vigor do CTB o número de acidentes fatais ou com sequelas irreversíveis diminuiu consideravelmente, principalmente pela obrigatoriedade em se utilizar equipamentos de segurança, no entanto, com o passar dos anos, associada a fiscalização precária e a falta de consciência dos motoristas, os números voltaram a crescer fazendo com que o mundo ficasse de olhos abertos para esta epidemia. Assim, a Organização Mundial da Saúde entende que o Trânsito virou uma questão de Saúde Pública, e que tal epidemia só poderá ser enfrentada mediante a colaboração multisetorial e as alianças entre os setores público e privado e a participação da sociedade civil. De forma que foi recomendada www.esab.edu.br 130 pela Organização das Nações Unidas (ONU) a todos os seus países-membros, entre eles o Brasil, que aderissem à Década de Ações de Segurança no Trânsito 2010/2020, pautados em 05(cinco) pilares: 1. Fortalecimento da gestão da segurança no trânsito. 2. Infraestrutura viária adequada. 3. Segurança Veicular. 4. Comportamento e segurança dos usuários. 5. Atendimento ao trauma, assistência pré-hospitalar, hospitalar e à reabilitação. Cabe assim a todos os países integrantes adotar medidas para garantir a diminuição dos acidentes de trânsito. No Brasil os acidentes de trânsito significam grande parte das causas de morte. A população jovem, principalmente do sexo masculino, são as maiores vítimas de acidente de trânsito, principalmente de acidentes fatais, por outro lado, as crianças também são vítimas potenciais porque muitas vezes os pais ou responsáveis não fazem uso correto dos equipamentos de segurança, e isso quando o fazem. Motociclistas, assim como os ciclistas e pedestres compõem um grupo bastante vulnerável a sofrer acidentes de trânsito. Os órgãos componentes do Sistema Nacional de Trânsito tem se preocupado em melhorar as condições para uso das vias e construído novas vias, o setor industrial está investindo em aperfeiçoamentos tecnológicos como sistemas de direção, de freios e de suspensão, “air bags” e as colunas de direção retráteis, dentre outras inovações em ergonomia e segurança passiva, o setor empresarial implantou os tacógrafos para controlar o desempenho dos motoristas e outros sistemas de controle, incentivando o comportamento seguro. www.esab.edu.br 131 Assim, conduzir de forma defensiva é muito mais do que dirigir apenas corretamente, e sim, com responsabilidade. O condutor que pratica a Direção Defensiva altera conscientemente o encadeamento dos fatores que resultariam em um acidente. Não basta conhecer as regras da legislação de forma defensiva, é preciso alterar o comportamento, incorporando essas técnicas ao dia-a-dia, reconhecer e abandonar antigos vícios e maus hábitos, de forma a automatizar os procedimentos e as atitudes corretas. O condutor defensivo é aquele que altera conscientemente o encadeamento dos fatores que resultariam em um acidente, conduzindo seu veículo de forma a evitar acidentes ou diminuir as consequências de acidentes inevitáveis, apesar das condições adversas, dos errose da irresponsabilidade de outros condutores e pedestres. Muito se fala sobre negligência, imprudência e imperícia como causa da maioria dos acidentes de trânsito. É assim que o Código de Trânsito Brasileiro pontua o homicídio na condução de veículo automotor, ou seja, como um evento culposo. Ocorre que negligente é aquele condutor que não observa as regras de direção defensiva, pois não conduz seu veículo de acordo com as normas gerais de circulação de conduta. Imprudente é o condutor que conduz sem as necessárias precauções, agindo de forma precitada e inconsciente. Já imperito é aquele com falta de habilidade, o que geralmente é proveniente de má formação do condutor que não está suficientemente capacitado ou familiarizado para usar determinado tipo de veículo, não sabe o que fazer ou tem reações impróprias frente a situações adversas, bem como não sabe como agir em situações de emergência. www.esab.edu.br 132 Dirigir de forma defensiva, também chamada de direção segura, é a maneira correta de dirigir e se comportar no trânsito, visando preservar a saúde, o meio ambiente e a vida de todos os atores no transitar. Dentre as causas possíveis de um acidente de trânsito podemos citar: os veículos, os condutores, as vias de trânsito, o ambiente e o comportamento das pessoas. O condutor defensivo é aquele que preserva a sua vida e a de todos que estão à sua volta empregando de forma racional e sensata seus conhecimentos a fim de evitar acidentes. Assim para conduzir de forma defensiva é necessário: • Conhecer as técnicas de direção de veículos que previnam colisões e infrações às leis de trânsito; • Reconhecer as causas e perigos que conduzem às colisões, permitindo a aplicação de técnicas eficientes para evitar acidentes; • Identificar técnicas para tomar decisões corretas e planejar como chegar ao destino sem ser desviado de seus objetivos, pelas agressões e provocações de outros motoristas; • Desenvolver atitudes seguras ao dirigir, melhorando sua forma de entender e reagir a estímulos do trânsito, bem como desenvolver o autocontrole para dominar seus ímpetos e não reagir a provocações. Muito de ouve falar da expressão Condições Adversas, neste espaço passaremos a discutir um pouco sobre os fatos que podem contribuir para aumentar as situações de risco no trânsito, podendo ocasionar acidentes caso o condutor não esteja atento a eles. Conhecer tais situações e como agir na ocorrência das mesmas tornará você um condutor responsável. www.esab.edu.br 133 Passamos a destacar alguns fatores que podem influir na condução de forma segura. Iluminação: todo condutor deve tomar cuidado com o uso indevido dos faróis, uma vez que deficiente ou em excesso, a luminosidade afeta a capacidade de ver ou ser visto. Durante a noite, mantenha a luz baixa. O farol alto provoca o ofuscamento no veículo que vem em direção contrária. Não olhe diretamente para os faróis. Preocupe-se também com a luz solar, que também pode provocar o ofuscamento. Com a incidência frontal, utilize o quebra-sol e redobre a atenção. O sistema de iluminação deve estar sempre conversado, pois caso estejam queimados ou desalinhados reduzem a visibilidade panorâmica comprometendo, assim, a visibilidade do veículo pelos demais usuários da via. Tempo: é sabido que fenômenos climáticos podem interferir na segurança do trânsito, alterando as condições da via, diminuindo a capacidade visual do condutor, e modificando padrões de condução e comportamento dos veículos, como a aderência dos pneus e a estabilidade. Entre estes fenômenos podemos citar: chuva, granizo, vento forte e neblina. A chuva reduz a visibilidade, diminui a aderência dos pneus, principalmente em curvas, aumenta o espaço percorrido em frenagens e dificulta manobras de emergência. O início da chuva torna a pista ainda mais escorregadia, devido à mistura de água com o pó e outros resíduos. Vias: é muito importante que o condutor antes de iniciar seu trajeto fique atento às condições das vias, para desta forma planejar sua viagem de forma segura. Algumas situações nas vias podem interferir na segurança viária, vejamos: • Traçado das curvas; www.esab.edu.br 134 • Elevações, lombadas, sonorizadores e depressões; • Largura e número de faixas de rolamento; • Buracos e obstáculos; • Vegetação às margens das vias; • Tipo de pavimentação; • Acostamento; • Vias com objetos depositados; • Ausência de pavimentação; • Sinalização insuficiente, equivocada ou sua falta. Trânsito: trata-se das condições relacionadas à fluidez e circulação nas vias em determinados momentos, situações e locais. Nessas circunstâncias, o condutor precisa avaliar constantemente a presença de outros usuários da via e a interação entre eles, adequando seu comportamento para evitar conflitos. A atenção deve ser direcionada a todos os elementos da via e também às condições físicas e mentais do condutor, aos cuidados e à manutenção do veículo, tempo de deslocamento e conhecimento prévio do percurso, entre outros. Assim: • Congestionamento; • Veículos pesados; • Veículos lentos; • Veículos não motorizados; • Comportamento imprudente dos demais usuários da via; • Locais com aglomerações (eventos comemorativos, manifestações). www.esab.edu.br 135 Veículos: estar em dia com a manutenção e portar os equipamentos de segurança obrigatórios corretamente instalados ajudam na redução de acidentes. Faça revisões periódicas em seu veículo. Crie o hábito de fazer periodicamente a manutenção preventiva. Veja os prazos no manual do proprietário e busque profissionais habilitados. O painel de seu veículo retrata elementos necessários para condução segura; combustível; nível de óleo de freio, do motor, do sistema de transmissão; água do radiador, do sistema limpador de para-brisa; desembaçador dianteiro e traseiro; funcionamento e regulagem dos faróis, lanternas dianteiras e traseiras, luzes indicativas de direção, luz de freio e luz de ré, bem como demais indicadores de segurança veicular. Os cintos de segurança devem estar em boas condições de conservação e todos os ocupantes devem usá-los, inclusive, os passageiros dos bancos traseiros, mesmo as gestantes e as crianças. Os cintos de segurança para servirem de proteção aos condutores e ocupantes precisam estar: ajustado firmemente ao corpo, sem deixar folgas; a faixa inferior deverá ficar abaixo do abdome, sobretudo para as gestantes. O sistema de freios é um elemento importante na segurança veicular, e com o uso de veículo acabam desgastando-se e consequentemente diminuindo sua eficiência. Freios gastos exigem maiores distâncias para frear com segurança e podem causar acidentes. Os principais componentes do sistema de freios são: sistema hidráulico, fluido, discos e pastilhas ou lonas, dependendo do tipo de veículo. Os espelhos retrovisores são importantes para evitar acidentes. Nos veículos com retrovisor interno, sente-se na posição correta e ajuste-o numa posição que dê uma visão ampla do vidro traseiro. Já os retrovisores externos, esquerdo e direito, www.esab.edu.br 136 devem ser ajustados de maneira que o condutor, sentado na posição de direção, enxergue o limite traseiro do seu veículo e com isso reduza a possibilidade de “pontos cegos” ou sem alcance visual. Se não conseguir eliminar esses “pontos cegos”, antes de iniciar uma manobra, movimente a cabeça ou o corpo para encontrar outros ângulos de visão pelos espelhos externos, ou através da visão lateral. seguem algumas dicas de direção defensiva para motoristas de transporte de cargas que podem ser implementadas num programa de direção segura de uma frota. https://lotuslogistica.com/ Cargas: conduzir transportando carga em geral, requer do condutor atenção especial, pois esta poderá se transformar em condição adversa caso não esteja bem distribuída ou acondicionada. Assim fique atento para: • Carga mal distribuída, mal embalada ou acondicionada inadequadamente;• Falha na imobilização e amarração dos volumes dentro do compartimento de cargas; • Desconhecimento do tipo de carga e das suas características; • Mau estado da carroceria ou do compartimento de carga. Sempre que transportar cargas, o condutor deve observar os seguintes pontos: • Volume e peso devem ser compatíveis com a capacidade do veículo; https://lotuslogistica.com/distribuicao/7-dicas-de-direcao-defensiva-para-motoristas-de-caminhao/ www.esab.edu.br 137 • Não transportar passageiros nos compartimentos de carga ou vice-versa. Após termos discorrido a respeito das formas de prevenir acidentes por meio da direção defensiva no transporte de cargas no modal rodoviário vamos dedicar a próxima unidade a verificar a forma de realizar uma gestão eficiente e segura das tripulações dos veículos. Bons estudos! EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 138 Planejar e criar um programa de manutenção de frotas eficiente será um dos elementos determinantes para definir o sucesso de uma operação de transporte ao longo do tempo. Os objetivos deste tipo de empreendimento devem seguir a seguinte linha de raciocínio, de acordo com os preceitos de Valente (2015): • Conservar os veículos em operação a maior parte de tempo possível sem diminuir o nível de serviço. Isso porque os veículos parados, além de diminuir a produtividade deterioram mais velozmente. • Prevenir quebras, reboques, débitos emergências de concertos na estrada, perda de carga e desperdiço de tempo. • Seguir o objetivo de qualidade de serviços implementado pela empresa atendendo as necessidades dos clientes de forma satisfatória. • Desenvolver bons relacionamentos com a comunidade interna e externa da empresa, mantendo os veículos limpos, apresentáveis e regulados para evitar ao máximo a contaminação do meio ambiente. Dessa forma as empresas devem implementar sistemas de manutenção que podem adotar diferentes características e que serão desenhados e aplicados de acordo com os atributos e necessidades específicas dos veículos utilizados na frota. www.esab.edu.br 139 Assim os classificamos em: Manutenção de operação. Manutenção preventiva. Manutenção corretiva. Reforma de unidades. Vejamos agora as particularidades de cada modelo. Manutenção de operação Consiste em todos os esforços e atividades para realizar a manutenção primária. O correto funcionamento dos veículos depende, em boa parte, deste tipo de manutenção. O primeiro responsável por esta atividade é o próprio motorista. Tudo começa com uma condução responsável e respeitando os limites do veículo. Isso se consegue por meio de um programa de treinamento e conscientização dos motoristas. Aqui encontramos um esforço, por parte dos gestores, de endomarketing, ou seja, passar a ideia para os funcionários envolvidos que quanto mais cuidarem dos equipamentos maior será o benefício para todos, dando perpetuidade aos negócios e proporcionando qualidade de vida no trabalho para eles. Segue um roteiro de atividades que devem ser executadas neste modelo. • Condução do veículo. • Verificação permanente dos instrumentos e indicadores do veículo. • Inspeção constante do equipamento devendo encaminhar para a oficina ante qualquer irregularidade. www.esab.edu.br 140 • Verificação dos níveis de óleo e água, completando se for necessário, ainda que seja no meio da rota. • Verificação de pneus e bateria. • Limpeza do veículo e dos equipamentos. • Utilizar o local adequado para a guarda do veículo. A forma de controlar e verificar todas estas atividades é por meio de fichas de inspeção diária e diário de viagem. Manutenção preventiva Independente do motorista executar uma condução correta do veículo, pelo próprio uso ele se deteriorará naturalmente. A velocidade desta deterioração vai depender da manutenção preventiva. Nesse sentido, estar atentos às regulagens que precisam ser feitas é uma primeira atitude que favorecerá a preservação da frota. Tem muitas situações nas quais com um pequeno ajuste se evita a quebra futura de uma peça ou parte do veículo que implicaria tirar ele de serviço para colocá-lo na oficina. Valente (2015) nos apresenta um roteiro de manutenção ideal na seguinte figura. www.esab.edu.br 141 Figura 29 – Roteiro de manutenção de veículos Adaptada pelo autor de Valente (2015) A manutenção preventiva deve levar em conta as condições dos diferentes locais nos quais a frota atua, por exemplo, se alguns veículos da frota operam na região do interior, onde tem serras, exigirão um tipo de manutenção, em alguns aspectos, diferentes dos veículos que se encontram operando no litoral em contato permanente com a maresia salgada do mar. Da mesma forma deve se identificar, para cada caso específico, a frequência com a qual se executarão os procedimentos de controle. www.esab.edu.br 142 Essa frequência pode ser estabelecida mediante a observação e mensuração de alguns indicadores de desgaste nos próprios veículos e equipamentos. Do ponto de vista preventivo e de acordo com valente (2015), podem ser executadas algumas ações bem definidas como: • Revisão da parte mecânica. • Revisão da parte elétrica. • Inspeção da funilaria, pintura e chassi. • Lavagens, lubrificação, troca e verificação de óleo e água. • Revisão dos equipamentos adicionais do veículo. Esse tipo de manutenção outorga uma série de vantagens que enumeramos a seguir. • Maior produtividade da oficina. • Melhor qualidade de serviço. • Vida mais longa dos veículos. • Melhor desempenho dos equipamentos. • Melhor controle da frota. • Maior controle do estoque de peças. • Mais segurança. Manutenção corretiva Consiste nas atividades de reparação e troca após ocorridas as avarias. Este tipo de serviço deve ser sempre considerado, por mais que a manutenção preventiva seja executada da forma correta. www.esab.edu.br 143 Nesse caso o primeiro passo é diagnosticar o que precisa ser feito e planejar a execução, contemplando necessidade de mão de obra, espaço e peças. Se assim feito em um período curto de tempo a manutenção pode ser finalizada. Também devemos considerar a atuação emergencial e, até na rota, neste tipo de manutenção. Além disso, deve-se pensar na construção de uma rede de fornecedores que facilitem toda operação. A empresa pode ter uma oficina básica seu tamanho e complexidade dependerá do tamanho, utilização e localização da frota. Em muitos casos pode se terceirizar determinados tipos de serviços. Reforma de unidades Normalmente a reforma dos veículos se dá após um tempo considerável de rodagem ou utilização. Chegado esse momento deve se avaliar cuidadosamente, do ponto de vista econômico, se compensa a reforma ou a troca do veículo. Existem equações para calcular os benefícios da reforma ou da troca do equipamento e devem ser utilizadas na hora certa como apoio a tomada de decisão. EXERCITANDO: vamos às questões on-line e ao fórum! www.esab.edu.br 144 Resumo da seção 3 Nesta seção entendemos que uma das características do planejamento estratégico é a possibilidade de adaptação permanente sem ficar engessado a estruturas que não acompanhem a evolução da sociedade. Na perspectiva da logística de transporte as empresas devem analisar o grau de complexidade e eficiência atingido pelas suas operações, onde a terceirização dos serviços deve ser decididos a partir da análise criteriosa dos elementos que impactam a empresa. Quanto às frotas, embora não exista uma equação exata e determinante, fica claro que a coleta de informações a respeito do tipo de operação, da demanda, do comportamento do mercado e do histórico se torna necessária para que a decisão dos gestores a respeito do tamanho seja a mais assertiva possível. Considera-se, portanto, que a eficiência logística tem peso no rumo da economia de um país. Outro fator importante por essa perspectiva, relaciona-se com as normas que regulamenta o trânsito no Brasil, especialmente o transportede cargas, com ênfase no transporte rodoviário, modal de cargas mais usado no Brasil. Os acidentes neste campo podem ser evitados consideravelmente, por intermédio da direção defensiva. As empresas devem implementar sistemas de manutenção de frota em conformidade com as necessidades específicas dos veículos. A manutenção pode ter a seguinte classificação: manutenção de operação; manutenção preventiva; manutenção corretiva e reforma de unidades. www.esab.edu.br 145 Seção 4 – Tecnologia e inovação no transporte Nesta seção da disciplina teremos foco nos sistemas de informação aplicados às atividades logísticas e de transporte. A diagramação de cargas por meio de estratégias específicas para cada operação também fará parte desta seção. Para finalizar estudaremos as dinâmicas de inovação que vem sendo implementadas no setor de transporte. www.esab.edu.br 146 Nos tempos atuais, as operações logísticas e, portanto, de todo tipo de empresa e em todos os setores econômicos não são somente mensuradas pelo seu bom funcionamento. De duas décadas para cá, e principalmente, nos últimos anos, todo tipo de operação deve ser totalmente integrada com as atividades e processos dos outros atores da cadeia de suprimentos. Essa dinâmica somente é possível de ser executada utilizando os avanços tecnológicos disponíveis no mercado. Valente (2008) destaca, nesse sentido, que esses avanços devem ser acompanhados por todo tipo de empresa e ainda sublinha que “a entrega correta de uma encomenda ou produto ao cliente certo, no lugar e hora programados, é a linha divisória entre as empresas bem-sucedidas e as que fracassam no mercado”. Percebam que nessa apreciação se aplicam vários dos 7R´s da cadeia de suprimentos, lembram? O produto certo, no lugar certo, com o preço certo, com a qualidade certa, na hora certa, na quantidade certa, para o cliente certo. O setor industrial no Brasil junto a algumas instituições de atuação nacional vem trabalhando de forma assídua para adequar as operações às mais modernas práticas de eficiência nas operações logísticas, como os exemplos que coloca Valente (2008, p.308): Tecnologias de rastreamento e acompanhamento de veículos que estrearam nas guerras do Golfo e já estão disponíveis no Brasil. www.esab.edu.br 147 Produtos tecnológicos (software e hardware) estão facilitando e agilizando a solução de problemas como, por exemplo, a roteirização de veículos nas grandes cidades do país. Muitas empresas de transporte já possuem o selo de qualidade total ISSO 9002 e muitas estão em busca da certificação. A Confederação Nacional dos Transportes, por meio do IDT (Instituto do Desenvolvimento do Transporte), Sebrae, e do sistema Sest/Senat, oferece o Programa Gestão Empresarial. Ele consiste de webrecursos, pelos quais milhares de empresas, sindicatos e postos de atendimento estão se beneficiando. Quando falamos em Tecnologia da Informação (TI) estamos nos referindo a um conjunto de recursos não humanos que se encarregam de captar, armazenar, processar e comunicar informações de maneira a organizar esse fluxo para que fique disponível para a gestão eficiente das operações logísticas, neste caso. Além desses recursos se contemplam também o desenvolvimento de toda a inteligência computacional como softwares, sistemas, aplicativos, integrações e outros que são desenvolvidos por seres humanos especializados na área. Assim, vamos nos deparar com equipamentos (hardaware) de todos os tipos e formatos, presentes nas instalações físicas das empresas e nos equipamentos de movimentação e transporte. Esses equipamentos serão controlados e integrados por meio de sistemas (software) que antigamente eram instalados nas máquinas, mas que atualmente se encontram, na sua maioria, nas nuvens, o que permite a acessibilidade de qualquer lugar e em qualquer momento por meio de um aparelho que possua uma conexão de internet. www.esab.edu.br 148 Os softwares têm diferentes funções e colabora nas operações de gestão, financeiras, estoque, armazenamento, pedidos, vendas, transporte, roteirização, previsão da demanda, produção, recursos humanos e outros setores. Seguem alguns exemplos destes sistemas, de acordo com as colocações de Dias (2016): WMS – Warehouse Management System Consistem em sistemas de automação e gerenciamento de armazéns, depósitos e linhas de produção. No conceito de Suply Chain são amplamente utilizados para rotação de estoques, implementação de picking, consolidação automática e cross-docking, gestão de entrada e saída de mercadorias, rastreabilidade de objetos no espaço em tempo real entre outras aplicações. TMS – Transportation Management System Sistemas utilizados para o controle e melhoria da qualidade e da produtividade em todo o processo de transporte e distribuição. Também funcionam como roteirizadores de entregas, planejando as viagens com localização, distância e trajeto, entre os diferentes pontos de entrega nas cidades. Por meio desses a empresa consegue programar, planejar, executar, monitorar e controlar todas as atividades de transporte. ERP – Enterprise Resource Planning São sistemas integradores que concentram várias atividades e informações como finanças, contabilidade, recursos humanos, fabricação, marketing, vendas, compras e outras. Também são utilizados para emissão de notas fiscais e como auxílio à gestão e à tomada de decisões empresariais. www.esab.edu.br 149 MRP – Material Requeriment Planning Servem para planejar a necessidade de materiais ao longo do tempo em uma operação de produção. Dessa forma, as quantidades de matérias-primas, materiais, insumos, produtos semiacabados e outros são previstos de acordo com as mudanças nas quantidades que serão produzidas. RFID – Radio Frequency Identification São etiquetas conhecidas como tag que são colocadas nos produtos ou cargas e que podem ser lidas eletronicamente em qualquer momento no armazém, estoque, transporte ou viagem. A leitura destas etiquetas é realizada por equipamentos especializados por meio de radiofrequência. MES – Manufacturing Execution System Exclusivos para gerenciamento da produção, estes sistemas se montam em cinco módulos: ready, execute, process, analyse e coordinate. As principais funcionalidades desses softwares são a coleta e armazenamento de informações como o monitoramento dos recursos da produção, pessoal e equipamentos. Além disso, fornecem informações e subsidiam em diversos processos de planejamento, programação e gestão na cadeia de suprimentos. IMS – Inventory Management Systems Utilizado principalmente para gerenciamento de estoques, inventários, informação de movimentação de entrada, saída, valor de compra, calor de estoque médio, saldo de pedidos de fornecedores, controle de itens críticos de estoque e de perdas e avarias. www.esab.edu.br 150 EPC – Electronic Product Code Etiquetas lidas por radiofrequência que sabem ser colocadas em produtos de maior valor agregado para obter o rastreamento e posicionamento dos mesmos. GPS – Global Positioning Systems Conhecidos como sistemas de posicionamento global permite que se localize uma carga ou produto por meio de triangulação tridimensional em qualquer lugar do mundo. Muito utilizado para rastreamento de frotas. Código de Barras Um dos métodos mais utilizados para leitura rápida de produtos individuais, assim como de unitização ou cargas maiores. Atividades como vendas, despacho e recebimento de mercadorias são extremamente simplificadas por meio destes códigos. QR CODE Este tipo de código é a evolução do código de barras e serve para armazenar uma série de informações dos produtos e cargas. Bons estudos para todos vocês! EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 151 Como fomos descobrindo ao longo das unidades da disciplina, o transporte, visto de sua forma mais genérica, vem ocupando um espaço estratégico no desenvolvimento econômico das nações e regiões, o que gerauma extrema complexidade operacional em toda a movimentação de insumos, matérias- primas, mercadorias e todo tipo de produto ao longo das diferentes cadeias de suprimentos de cada setor econômico. Este ambiente abstruso, mutante e consideravelmente competitivo se transforma em contexto ideal para que os avanços no setor da tecnologia da informação possam vir a fornecer a possibilidade de aperfeiçoamento em todos os processos envolvidos na dinâmica econômica, empresarial e social. De acordo com os preceitos de Chopra (2014) um dos processos nos quais mais se utilizam as vantagens da tecnologia da informação (TI) e na roteirização de veículos para a distribuição e entrega de mercadorias. Resgatando agora as teorias básicas da TI, sabemos que todo sistema, neste caso softwares específicos, trabalham por meio de inputs e outputs. Os inputs consistem em todos os elementos de entrada no sistema, no caso de um software de roteirização estas variáveis são localização do cliente, tamanho da remessa a ser enviada, características das mercadorias e do tipo de unitização realizada, tempos de entrega desejados e www.esab.edu.br 152 contratados, capacidade de carga do veículo, distância entre os pontos a serem percorridos, e, dependendo da sofisticação do sistema, dados temporais como condições climáticas, tráfego, estado das rodovias e outros dados relevantes. Esse sistema relacionará todas essas informações e transformará a situação em um problema a ser resolvido por meio de sua inteligência programada. No output, ou seja, na saída do sistema, ele oferecerá a melhor opção de roteirização para cada veículo, ou para o conjunto deles, dependendo das características específicas de cada operação de transporte. A figura exemplifica de forma gráfica esta situação. Figura 30 – Lógica de funcionamento dos sistemas de roteirização Elaborada pelo autor Essa lógica, durante muito tempo, foi elaborada da mesma forma por seres humanos, no entanto, com um grau de eficiência muito menor. Os referidos sistemas de roteirização, em questão de segundos, conseguem definir a melhor rota e, ainda, se integrando com outros sistemas que determinarão as melhores condições de carregamento, horário para a realização www.esab.edu.br 153 da atividade, diferentes formas de unitização, controle do pedido, faturamento e todas outras agregações de informação que venham a dar maior eficiência ao processo. Nesse tipo de sistema, que hoje fica difícil tratá-lo como uma unidade, visto que a integração citada acima chega a níveis de parceria de empresas de tecnologia para desenvolvimento de softwares integrados em todos os momentos de gestão da cadeia de suprimentos, também oferecem a solução de um melhor aproveitamento da capacidade de transporte de toda a frota. Eles indicarão, a partir dos inputs colocados, qual será o veículo a ser utilizado, como que as cargas devem ser arranjadas dentro do veículo e na ordem que devem ser colocadas para que facilite o descarregamento rápido e sem retrabalho, disparo de mensagens ou alertas para a equipe da empresa que receberá a mercadoria preparem a operação de descarregamento, informações em tempo real, para todos os envolvidos, da situação de cada carga, se se encontra em transporte, em descarregamento ou já descarregada. Lembrando alguns conceitos de inteligência nos transportes de carga citados em unidades anteriores, estes sistemas, integrados com outras empresas de transporte e com as empresas clientes que demandam a entrega de produtos e mercadorias, são capazes de calcular e definir o melhor aproveitamento de todas as frotas de acordo com a demanda existente no mercado. Não podemos falar em tecnologia da informação aplicada ao transporte sem falarmos nas tendências que se descobrem no mercado para os próximos tempos. Também não podemos falar em tendências no transporte sem citarmos as tendências possíveis nos sistemas de distribuição que serão utilizados em um futuro próximo. Neste sentido, o fator determinante passa pelas mudanças que vem acontecendo e ainda acontecerão nos comportamentos de consumo dos indivíduos, das famílias, dos grupos e das empresas. www.esab.edu.br 154 Dessa forma, percebemos que existe toda uma tendência na personalização do consumo. Tipo de produto, características, quantidades, tempos de entrega e momento do consumo são variáveis que determinarão a forma de utilizar os canais de distribuição existente e os que ainda serão criados para satisfazer as necessidades dos consumidores. Assim, vemos que, como exemplo, a compra de um óculos esportivo de algum site de vendas asiático com um preço final com entrega incluída de, não mais que US$ 5, chega em tempo recorde na casa do comprador, em condições ótimas de segurança e por um preço, como citado anteriormente, difícil de ser compreendido de frente a toda a complexidade operacional existente para que essa mercadoria percorra quase 18.000 km em segurança, sem ser extraviado e no menor tempo possível. É claro que tudo não é um mar de rosas. Tendências futurísticas anunciadas umas décadas atrás que vislumbravam um alto grau de inovação no transporte rodoviário, como exemplo, não se concretizaram, visto que ainda se utiliza o mesmo combustível poluente utilizado no século 19. A empresa Deutsche Post DHL, multinacional alemã do setor logístico, em conjunto com o Fórum Econômico Mundial, o Grupo GFK e o Greenpeace desenvolveram uma série de cenários evolutivos visando a logística do ano 2050, definindo 5 possíveis tendências que Brasil (2018) cita em sua obra. Cenário 1 – Clima indomável Este cenário apresenta um círculo vicioso no qual cada vez aumenta mais o consumo desenfreado por parte da população, as indústrias aumentam seus processos produtivos para dar conta de toda essa demanda. Para essa fabricação de mercadorias são necessários cada vez mais recursos naturais www.esab.edu.br 155 que ao extrai-los descompensa o equilíbrio natural e afeta diretamente o clima, provocando tempestades e todo tipo de inclemências que acabam afetando diretamente a correta distribuição de todos esses produtos que foi o origem do círculo que se retro alimenta. Cenário 2 – A era das megacidades O desenvolvimento de grandes cidades em todos os cantos do mundo tem exacerbado os problemas de todo tipo que esta forma de crescimento urbano acarreta. Assim, e de acordo com o conceito mundial de smart cities ou cidades inteligentes que se encontram em esforço permanente de melhorar a qualidade de vida e a sustentabilidade nelas, se percebem mudanças no comportamento dos consumidores que as habitam, deixando um pouco do lado o sentido de proprietário das coisas e passando a utilizar serviços de compartilhamento e aluguel de objetos, provocando assim uma mudança radical em todos os sistemas logísticos que abastecem estas metrópoles. Cenário 3 – Produção descentralizada Existe uma tendência cada vez maior a personalização dos produtos e do consumo. Desta forma toda a dinâmica de produção também passa a ser descentralizada, visto que existem elementos com por exemplo, o postponement que retarda o acabamento do produto para o ponto mais próximo possível do consumo. Cenário 4 – Protecionismo paralisante Com a deterioração constante da economia mundial, as nações apostam em seu potencial econômico e criam barreiras para proteger seus produtos dos desenvolvidos em outros países. Dessa forma, a logística também fica regionalizada, afetando como um todo as cadeias de suprimento mundiais, nacionais e regionais. www.esab.edu.br 156 Cenário 5 – Segurança em primeiro lugar O paradigma econômico muda da maximização da eficiência para a mitigação dos riscos, visto que todos os problemas oriundos do consumo excessivo apresentam problemas em todos os níveis que aumentam os pontos de incertezas ao longo de toda a cadeia de suprimentos. Assim, tanto os consumidores quanto as empresas e todas as atividades logísticasprimam pela diminuição de riscos e o aumento da segurança. Na próxima unidade vamos dissertar a respeito das questões estratégicas em torno do transporte de carga nas empresas. EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 157 Todo gestor da área logística deve tomar decisões diariamente sobre quais caminhos tomar para que as operações logísticas, que serão executadas, brindem o maior nível de serviço possível para os clientes. Assim, o gestor deve determinar que modal de transporte utilizar, como vão ser roteirizados os embarques e desembarques, qual será a programação dos veículos utilizados no transporte e de que forma se dará a consolidação das cargas. Na sequência vamos abordar cada um destes assuntos. Seleção do tipo de modal de transporte que será utilizado: o gestor se encontra com uma série de variáveis que deverá levar em conta na hora de tomar uma decisão. De acordo com Ballou (2006) estes fatores se resumem em: • tarifa dos fretes; • confiabilidade; • tempo em trânsito; • perdas, danos, perspectivas, reclamações e rastreabilidade; • considerações de mercado do embarcador; • considerações relativas aos transportadores. Além destes elementos encontramos a questão da competitividade que pode ser apresentada a partir de uma operação eficiente de entregas, que inclui o transporte. www.esab.edu.br 158 Tomemos como exemplo o e-commerce. No início deste tipo de atividade, o diferencial passava pelos próprios produtos, já que poucos sites conseguiam oferecer mercadorias similares ou iguais. Com o passar do tempo e a ampliação das cadeias de suprimento no setor de comércio eletrônico, este deixou de ser um diferencial. Em pouco tempo todos os sites ofereciam os mesmos produtos. Assim, os diferenciais começaram a ser aplicados nos preços e nas formas e facilidades de pagamento. Com a popularização dos serviços bancários, depois de um tempo este diferencial também perdeu seu peso visto que todos os espaços digitais começaram a se equiparar no que tange a preços de produtos iguais ou semelhantes e condições de pagamento. Assim, por fim, a vantagem competitiva começou a passar pela eficiência e rapidez na entrega. A distribuição assertiva, segura e rápida se transformou no diferencial do e-commerce nos tempos atuais. Neste item, o transporte rápido e seguro é vital para uma operação de sucesso. Definições de roteiros possíveis para a distribuição dos produtos: como o transporte pode representar até dois terços do total dos custos logísticos, é recomendável que o mesmo seja roteirizado de forma eficiente. Ao falarmos em roteirização também estamos nos referindo à sincronia de todas as atividades e tarefas que são requeridas para uma operação de transporte. Entre elas citamos o embarque e desembarque. Isto pelo fato de que nada adiantaria termos uma roteirização inteligente com diminuição de tempos de transporte em trânsito e quilômetros rodados se ao chegar no ponto de entrega a equipe de desembarque não estiver pronta para tal atividade. Da mesma forma acontece com o embarque. Lembremos que para um veículo ficar liberado para continuar transportando, os tempos de embarque e desembarques devem ser contemplados. www.esab.edu.br 159 De acordo com Ballou (2006, p.191) existe o problema de encontrar uma rota ao longo de uma rede em que o ponto de origem seja diferente do ponto de destino e “mais complexo ainda é o problema de fazer itinerários quando os pontos de origem e destino são os mesmos”. As metodologias de roteirização serão ampliadas na próxima unidade. Planejamento da disponibilidade e movimentação de veículos: a roteirização e programação de veículos (RPV) está diretamente ligada a complexidade da roteirização. Para uma melhor análise das ações a serem implementadas devem ser levados em conta os seguintes fatores, de acordo com Ballou, 2006, p.199): 1. Cada escala pode ter tanto coleta como entrega de volumes. 2. Múltiplos veículos com capacidade limitada tanto de peso quanto de volume podem ser usados. 3. Há um tempo máximo de tráfego em cada rota antes de um período mínimo de repouso estipulado em horas (este tempo muda na legislação de país para país). 4. As escalas permitem coleta e entrega apenas em determinados períodos do dia. 5. As coletas são permitidas em um roteiro apenas depois da efetivação das entregas. 6. Os motoristas têm direito a breves intervalos e descanso ou refeição em determinados períodos do dia. Assim estes elementos agregam certa complexidade a atividade de roteirização. www.esab.edu.br 160 Realização da atividade de consolidar cargas: a consolidação tem como foco o maior aproveitamento do volume possível de transporte em cada viagem. Dessa forma, pequenos fretes devem ser consolidados em cargas maiores prontas para ser transportadas. Para esta prática quatro técnicas são utilizadas: Consolidação dos estoques: consiste em definir os estoques de acordo com as demandas a serem atendidas. Dessa forma, maior quantidade de referências podem ser enviadas a cada embarque. • Consolidação do veículo: neste caso, como as cargas são menores se agrupam vários pedidos para aproveitar a mesma viagem. É uma das metodologias mais utilizadas. • Consolidação de armazém: aqui devem ser criadas condições para viabilização do transporte de grandes volumes por longas distâncias e o transporte de pequenas cargas por curtas distâncias. • Consolidação temporal: neste caso os pedidos ficam retidos até tornar viável uma remessa única para o mesmo cliente. Uma decisão de suma importância que também passa pelo crivo estratégico consiste na opção de transporte próprio ou terceirizado. Na visão contemporânea da gestão da cadeia de suprimentos, encontramos que as empresas devem se concentrar em seu core bussines. Logo, como exemplo, uma indústria deve se concentrar em produzir, não em transportar. No entanto, este fato fica interligado ao nível de serviço logístico que a empresa quer entregar e à qualidade dos fornecedores de transporte aos quais a empresa tem acesso e possibilidade de contratar. Normalmente, quando a empresa precisa distribuir um produto de altíssimo valor agregado opta por transporte próprio. www.esab.edu.br 161 Por outro lado, existem altos custos na aquisição, operação e manutenção e uma frota própria. Assim, muitas empresas optam por terceirizar os serviços logísticos de transporte. Neste caso a realização de uma parceria forte com a empresa de transporte pode se tornar um grande diferencial. Lembremos que hoje existem empresas altamente especializadas neste tipo de serviços, com um substancial agregado de valores como reposição inteligente, controle compartilhado de estoques, pesquisa da previsão de demanda integrada e até, finalização das últimas etapas da produção antes de realizar a distribuição e entrega dos produtos finais. Devemos destacar que a utilização de poderosos softwares disponíveis hoje no mercado possibilita a tomada de decisões e alinhamento de estratégias baseadas em relatórios completos, possíveis cenários, avaliações de desempenho futuro e roteirização inteligente. Bons estudos! EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 162 O conceito de inovação nos remite à ideia de produtos ou processos novos e diferentes. As empresas podem inovar desenvolvendo novos produtos e serviços, em determinados processos para obter maior desempenho, eficiência ou resultado final de suas operações. Com as mudanças comportamentais acontecidas em todos os mercados, verificamos também transformações nas operações de transporte procurando adaptar às novas realidades. No entanto, entendemos que um processo de inovação deve ser mais abrangente para que impacte de forma positiva toda uma operação, e precisa ser implementado a partir de uma cultura da inovação existente no planejamento dos sistemas logísticos. Pontualmente, no transporte observamos alguns esforços em setores como novas tecnologiaspara rastreamento e acompanhamento de veículos e cargas, sistemas de roteirização inteligente e procura pela certificação da ISSO 9002, que tem como foco a padronização e melhoria da qualidade em produção, na instalação e nos serviços. Como já falamos, a inovação no transporte de cargas passa, em muitos sentidos, pela tecnologia da informação. No entanto, podemos encontrar outros elementos de importância vital que apresentamos a seguir. www.esab.edu.br 163 Aprimoramento nas operações para baixar custos Não é novidade que todas as empresas de todos os setores se preocupam hoje com dinâmicas que as ajudem a baixar custos. Isto se consegue por meio da inovação aplicada aos processos, atividades e tarefas. Novas formas de fazer aportarão melhores soluções que se transformarão em redução dos custos operacionais. Adaptação ao ritmo do mercado A velocidade de movimentação dos mercados é ditada pelo comportamento do consumidor por um lado, e pela dinâmica imposta pelas empresas em suas cadeias de distribuição, pelo outro. O transporte deve se adequar a este novo ritmo e ainda deve aportar soluções para colaborar neste sentido. Mudando do off-line para o online Historicamente, a logística se desenvolveu em torno de operações com características tradicionais, ou seja, off-line. No entanto, com o comportamento mutante dos consumidores, cada vez mais a atividade on-line vem ganhando espaço nas economias dos mercados. Estamos vivenciando mudanças drásticas neste setor, com aprimoramento dos processos de pedido e entrega, no transporte e distribuição e na logística reversa. Automação dos processos A presença humana é cada vez menor nos processos logísticos dos mercados atuais. Isto não quer dizer que as pessoas ficarão sem emprego, mas, sim, que elas serão direcionadas para outros setores nos quais seja indispensável o trato pessoal, como por exemplo, atendimento direto ao cliente em situações especiais. www.esab.edu.br 164 Inteligência artificial Crescendo na sua aplicação no dia a dia de empresas de todos os setores a A.I. (Inteligência Artificial) vem dando conta de resolver de forma rápida, eficiente e em escala os problemas apresentados pelos consumidores. Da mesma forma acontece no setor dos transportes. Internet das coisas A IOT (Internet das Coisas) que define a intercomunicação entre diferentes aparelhos e equipamentos, vem mudando as formas de fluxo de informações assim, como de controle de distribuição, estoque transporte e experiência dos consumidores. Startups no setor Muitas empresas novas com ideias inovadoras se encontram desenvolvendo soluções criativas em todas as etapas dos processos logísticos, assim como do transporte separadamente. Essas se caracterizam, além das soluções propostas, por operar de forma extremamente rápida, adaptável e com baixos custos. Transporte high-tech As inovações tecnológicas no setor de transporte vêm facilitando a vida de transportadoras, autônomos e motoristas oferecendo possibilidades de comunicação, planejamento, execução e controle muito mais avançadas que décadas atrás. Dados nas nuvens A maior parte dos dados gerados hoje no setor de transportes são armazenados nas nuvens, o que facilita a rapidez de divulgação destes, o melhor intercâmbio entre diferentes atores do processo logístico e um maior fluxo de informações ao logo de toda a operação, principalmente, mas também, no pré e pós transporte. www.esab.edu.br 165 Veículos autônomos ou inteligentes Na atualidade mais de 20 empresas se encontram testando veículos autônomos, dotados de inteligência para realizar as atividades de transporte, distribuição e roteirização inteligente em tempo real, que se transformarão em uma quebra de paradigmas para o setor. Veículos elétricos Este tipo de veículo se encontra em fase de teste e o grande benefício consiste na diminuição do custo com combustível e nos cuidados com o meio ambiente. Dentro deste setor encontramos também grandes veículos que ao se deslassarem geram energia, o que os tornam totalmente independentes no quesito de grandes distâncias. EXERCITANDO: vamos às questões on-line e à atividade dissertativa! www.esab.edu.br 166 Resumo da seção 4 Vimos nesta unidade, de forma geral, como os avanços na tecnologia da informação auxiliam as atividades logísticas. Os avanços e aplicações da TI, especificamente no transporte de cargas, permite uma excelente distribuição dos produtos. De outra forma, a evolução para a logística do futuro, de acordo com algumas pesquisas, demonstram tendências que podem afetar o sistema logístico. Dentre as tendências, cita-se: um clima indomável, que se origina pelo uso exagerado da matéria-prima e posterior desiquilíbrio natural que afetará a distribuição dos produtos; em megacidades, cujos consumidores optarão mais pelo compartilhamento das coisas, provocando mudanças radicais no sistema de abastecimento logísticos das grandes cidades; produção descentralizada, em razão da personificação do produto final para o consumidor; protecionismo paralisante, que tem por objetivo a proteção da produção interna; segurança em primeiro lugar, onde o comportamento dos consumidores demonstram a preferência pela diminuição dos riscos e aumento da segurança. Na área logística decisões são tomadas diariamente pelos gestores, dentre as quais, o gestor deve determinar que modal de transporte utilizar, como vão ser roteirizados os embarques e desembarques, qual será a programação dos veículos utilizados no transporte e de que forma se dará a consolidação das cargas. www.esab.edu.br 167 Outro fator preponderante são as formas que as empresas que realizam transportes desenvolvem serviços inovadores para oferecer nos mercados onde atuam, cuja inovação está interligada com a tecnologia da informação. www.esab.edu.br 168 Seção 5 – Legislação Nesta última seção da disciplina, falaremos a respeito da documentação necessária para o exercício legal do transporte de cargas. Também entraremos no assunto dos diferentes sistemas de controle aduaneiro de importação e exportação. www.esab.edu.br 169 Em qualquer operação logística existe uma movimentação de produtos e mercadorias de um ponto a outro. Essa é realizada por meio da atividade chamada de transporte. No território nacional existe uma ampla fiscalização dessa dinâmica, principalmente no modal rodoviário, que como vocês já sabem, é o mais utilizado no Brasil. Existem vários documentos, obrigatórios e indispensáveis, para poder realizar o transporte de cargas dentro do território nacional. Estes são: • Nota fiscal eletrônica • Documento auxiliar de nota fiscal eletrônica • Manifesto eletrônico de documentos fiscais • Documento auxiliar do manifesto eletrônico de documentos fiscais • Conhecimento de transporte eletrônico • Documento auxiliar de conhecimento de transporte eletrônico • Código identificador de operação de transporte Na sequência veremos as características individuais de cada um destes documentos. Nota fiscal eletrônica (NF-e): consiste em um documento obrigatório que precisa ser gerado na hora da compra ou venda de qualquer tipo de produto, material, matéria-prima equipamento www.esab.edu.br 170 ou qualquer tipo de bem. Nesse, constam detalhes do produto adquirido assim como da transação e os impostos a serem pagos. Hoje em dia com os avanços tecnológicos esta emissão pode ser realizada pela internet o que ocasiona uma interligação direta com os órgãos fiscalizadores, como por exemplo, a receita federal. Documento auxiliar de nota fiscal eletrônica (DANFE): é a versão impressa da nota fiscal eletrônica. Serve apenas para o trânsito da mercadoria e nele contém as informações necessárias para a identificação do produto transportado. Portanto, não substitui a NF-e, mas ele deve acompanhar as mercadorias em transporte. O mesmo é utilizado para que a pessoa que recebe a mercadoria assine e de ciência do recebimento da mesma.Manifesto eletrônico de documentos fiscais (MDF-e) este documento foi criado pelo governo federal para desburocratizar a emissão de diferentes tipos de outras obrigações por parte do contribuinte. Esse permite também que o fisco consiga realizar o acompanhamento de todas as operações comerciais realizadas no mercado. Ele é armazenado de forma digital e tem validade em todo o território nacional, servindo também para identificar informações referentes aos produtos e ao transporte em si. Documento Auxiliar do Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais (DAMDFE): o MDF-e também possui uma versão impressa que deve acompanhar a mercadoria no transporte e da mesma forma que sua versão eletrônica serve para que o fisco consiga controlar e verificar as cargas e as obrigações fiscais do contribuinte. Conhecimento de transporte eletrônico (CT-e): é muito semelhante a uma nota fiscal e contém detalhes e informações do serviço de transporte de carga em qualquer um dos modais. www.esab.edu.br 171 Esse documento deve ser registrado e autorizado no site das Secretarias da Fazenda de cada estado (SEFAZ). Os fiscais que operam nos postos de fiscalização nas diferentes vias podem exigi-lo. É válido para todo o país. Documento auxiliar de conhecimento de transporte eletrônico (DACTE): da mesma forma que as outras versões eletrônicas o CT-e também tem um documento físico de apoio para o transporte que deve ser impresso e acompanhar a carga. Vale lembrar que existe um código chamado de CIOT (Código identificador de operação de transporte) que foi criado para combater as formas de pagamento não corretas realizadas aos motoristas de transporte de cargas. Esse número é obtido gratuitamente e deve constar no Contrato de Transporte, no CT-e ou ainda no MDF-e. Estes documentos são exigidos para o transporte dentro do território nacional. No caso de ser uma operação de exportação ou importação devem ser providenciados os seguintes documentos: Exportação Conhecimento de embarque: recibo da carga e contrato entre embarcador e transportador. Recibo de doca: serve para transferência de responsabilidade entre as transportadoras nacionais e internacionais. Instruções de entrega: normas que o transportador doméstico deve seguir. Declaração de exportação: emitido por órgão competente do governo federal. Carta de crédito: documento que indica a garantia do pagamento ao transportador. www.esab.edu.br 172 Certidão consular: serve para controlar os produtos que são embarcados e para qual país eles se dirigem. Fatura comercial: conta das mercadorias entre vendedor e comprador. Certificado de origem: indica para o país comprador qual é o país de origem do produto. Apólice de seguro: garantia da existência de seguro dos produtos transportados. Carta de Transferência: relação de particularidades e características da carga assim como registro dos documentos que são transmitidos. Importação Aviso de chegada: informação da data estimada de chegada da carga, assim como as principais características da mesma. Entrada na aduana: documentos que descrevem a origem da mercadoria, tributos incidentes, e características para ajudar a liberação da carga. Certificado do transportador e ordem e liberação: confirmação da identidade do consignatário da carga. Ordem de entrega: emitido pelo consignatário ao transportador marítimo que autoriza a liberação da carga para o transportador doméstico. Liberação do frete: confirmação do pagamento de todas as taxas de frete. As operações de exportação e importação possuem características especiais, além da documentação exigida, que merece uma atenção especial. Este será o assunto da próxima unidade. Boa pesquisa para vocês! EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 173 Os controles aduaneiros em operações de exportação e importação realizados por empresas vão além da exigência da documentação legal necessária. De acordo com Niegray (2016) além do controle da documentação e do controle físico das mercadorias, podem existir outros tipos de verificação. Ele define que “entre esses mecanismos e possibilidades está o registro de importadores e exportadores (REI), mantido pelo SECEX (Secretaria de Comércio Exterior). Esse registro é realizado de forma automática no ato de qualquer operação de exportação ou importação que aconteça em algum ponto conectado ao SISCOMEX (Sistema de Comércio Exterior). Para a empresa poder utilizar este sistema a Receita Federal realiza uma análise inicial para conceder tal habilitação. Vamos entender um pouco mais sobre o SISCOMEX? Assista o vídeo disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=-ym8aSNxN-8 Nesse tipo de operações, pode acontecer, e não é anormal, que se extraviem ou se avariem algumas mercadorias da carga, ou a totalidade dela. Nesses casos, a Receita Federal realiza um controle para definir de quem foi a responsabilidade de tal fato. https://www.youtube.com/watch?v=-ym8aSNxN-8 www.esab.edu.br 174 Para isso, as autoridades desse órgão federal, consultarão o manifesto de carga para ver se foi realizada alguma anotação dessa ocorrência. A RA, regulamentação aduaneira em seu artigo 658 esgrime “A conferência final do manifesto de carga destina-se a constatar extravio ou acréscimo de volume ou de mercadoria entrada no território nacional” (Brasil, 2009 apud Niegray, 2016). Para entendermos melhor esse tipo de controle, devemos colocar que o território aduaneiro compreende todo o território nacional e é dividido em zona primária e secundária, de acordo com Niegray (2016). Algumas destas áreas são alfandegárias, portanto, onde são realizados todos os tipos de controles fiscais de entrada e saída de mercadorias. O artigo 15 da regulamentação aduaneira estabelece que “O exercício da administração aduaneira compreende a fiscalização e o controle sobre o comércio exterior, essenciais aos interesses fazendários nacionais, em todo o território aduaneiro” (Brasil, 2009 apud Niegray, 2016). Todo esse controle incide sobre as mercadorias e os veículos que ingressam ou saem do país. Esses controles são realizados por meio de despachos aduaneiros que podem ter características de importação ou de exportação e têm como finalidade a verificação dos dados declarados pela empresa exportadora ou importadora em relação à mercadoria exportada ou importada. Esses procedimentos são formados por uma série de etapas que culminam, se tudo estiver correto, com o desembaraço das mercadorias, portanto, com sua liberação para continuar com o transporte entrando ou saindo do país. Cabe destacar, que esse tipo de operação deve ser realizada tanto no país que o transporte está deixando com naquele que está ingressando. www.esab.edu.br 175 Nesse tipo de operação, além de ser verificada a situação legal da carga, se identifica também se a empresa de exportação ou importação está em dia com todas as exigências legais e fiscais do SISCOMEX Tributos e impostos que incidem sobre as operações de exportação e importação O imposto de importação é considerado uma tributação de caráter extrafiscal e não tem na sua essência um sentido arrecadatório, e sim, regulamentador de algum aspecto específico do mercado, buscando proteger algum setor específico da indústria nacional. Esse tipo de tributação entre países é acompanhado pela OMC (Organização Mundial do Comércio) com o fim de evitar medidas extremamente protecionistas que podem ir contra a economia global. Os países também utilizam esse tipo de impostos sobre produtos importados para equilibrar a balança comercial a seu favor. Essa balança é a diferença entre todos os produtos importados e exportados durante um período de tempo por uma nação. Os países procuram que sempre essa conta dê positiva a seu favor, ou seja, que a nação exporte mais do que importa. O imposto de importação é calculado com base na Convenção Internacional Sobre o Sistema Harmonizado de Designação e Codificação deMercadorias. O mesmo não tem caráter obrigatório, mas a maioria dos países o adota como forma de padronizar as tarifas em todo o mundo e tornar o comércio exterior mais equilibrado e justo. Mais conhecido como SH (Sistema Harmonizado) define códigos e porcentuais para cada tipo de mercadoria. No caso do Brasil a exceção é a importação entre países do Mercosul que possui uma tarifa externa comum que é denominada de NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul). www.esab.edu.br 176 A competência de fixar as tarifas do imposto de importação é da união. A mesma também estipula as tarifas do imposto de exportação. Esse imposto também possui caráter extrafiscal, ou seja, não foi criado para aumentar a arrecadação, mas, sim, como uma ferramenta de regulamentação e equilíbrio dos mercados. Esse imposto é cobrado de todo produto nacional ou nacionalizado, sendo que nacional é aquele produto que foi produzido no país e nacionalizado aquele produto que foi importado e que pagou todas as tarifas para este fim, que seja levado para outros países fora as fronteiras do Brasil. Também vamos encontrar na série de impostos que incidem nas atividades de comércio exterior o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Na importação ele se aplica aos produtos industrializados em outros países. De acordo com a legislação vigente, produto industrializado é todo produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo. A legislação define que esse imposto, no caso dos produtos estrangeiros que estão sendo importados, deve ser abonado para o desembaraço aduaneiro. Já no caso de produtos nacionais ele incidirá na hora que a mercadoria deixar a instalação que o fabricou para ir para distribuição. Para estipular o valor do IPI foi criada a TIPI (Tabela do Imposto sobre Produtos Industrializados). Seguindo na linha para entendermos os impostos que incidem sobre o comércio exterior, vamos nos deparar com um imposto que a união derivou a competência para os estados. Estamos nos referindo ao ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços). Esse imposto incide no comércio exterior porque, no caso da importação, a operação www.esab.edu.br 177 começou no exterior, mas circulará entre estados e municípios dentro do Brasil. Já no caso da exportação será ao contrário, e também incidirá sobre os produtos, ou seja, circulará entre municípios e estados dentro do país para poder ser levado para o exterior. Além dos impostos já citados, encontramos outros dois, que tem caráter social e que são cobrados das mercadorias que são importadas, ou seja, que foram produzidas no exterior e ingressam no Brasil. Nos referimos ao PIS-Pasep Importação e Confins Importação. No caso de ser utilizado transporte aquaviário, temos também a incidência do AFRMM (Adicional ao frete para renovação da Marinha Mercante). Esse tributo é utilizado para a melhoria da eficiência do setor portuário, da Marinha Mercante Brasileira e da indústria da construção e reparação naval. Os encargos deste imposto são fixados por lei. Também nos deparamos com a cobrança, em determinadas situações, do IOF (Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativa a Títulos ou Valores Imobiliários). Em 2019, a Receita Federal desenvolveu um novo entendimento a esse respeito e estipulou que “quando da manutenção de recursos em moeda estrangeira em instituição financeira fora do país, relativos aos recebimentos de exportações brasileiras de mercadorias e serviços para o exterior, limita-se aos casos em que os recursos sejam remetidos ao Brasil na mesma data da exportação. Já para os casos de remessa em data posterior à conclusão do processo de exportação, haveria incidência à alíquota de 0,38%”. (ibet.com.br – Instituto Brasileiro de Estudos Tributários). www.esab.edu.br 178 Por último temos um valor cobrado denominado de TUS (Taxa de Utilização do SISCOMEX). Esta taxa é cobrada por declaração de importação (R$30,00) e por adição da declaração de importação (R$10,00). É utilizada para manutenção e aperfeiçoamento do sistema. Na próxima unidade vamos conversar a respeito do Conhecimento de Transporte Eletrônico, um dos documentos mais importantes no transporte de cargas. Bons estudos! EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 179 Como já vimos em unidades anteriores, entre os vários documentos que precisam acompanhar a carga em seu trajeto de um ponto a outro, existe o Conhecimento de Transporte Eletrônico conhecido como CT-e. A definição deste documento pode ser colocada como sendo apenas de existência digital, emitido e armazenado eletronicamente, com a função de documentar, para utilização fiscal, uma prestação de serviço de transporte de cargas realizada por qualquer modal (Rodoviário, Aéreo, Ferroviário, Aquaviário e Dutoviário). Sua validade jurídica é garantida pela assinatura digital do emitente e pela recepção e autorização de uso, pelo Fisco. (Brasil. Ministério da Economia, 2020). O CT-e possibilita benefícios a todos os atores que participam da prestação do serviço de transporte. Para os emitentes do Conhecimento de Transporte Eletrônico (empresas de Transporte de Cargas) se destacam os seguintes: Redução de custos de impressão do documento fiscal já que o mesmo é eletrônico. O modelo do CT-e contempla a impressão de um documento em papel, chamado de Documento Auxiliar do Conhecimento de Transporte Eletrônico (DACTE), cuja função é acompanhar a realização da prestação de serviço e consequentemente o trânsito das mercadorias transportadas, além de possibilitar ou facilitar a consulta do respectivo CT-e na internet. (Brasil. Ministério da Economia, 2020). www.esab.edu.br 180 Redução de custos de armazenagem de documentos fiscais. Atualmente os documentos fiscais em papel devem ser guardados pelos contribuintes, para apresentação ao fisco pelo prazo decadencial. A redução de custo abrange não apenas o espaço físico necessário para adequada guarda de documentos fiscais, como também toda a logística que se faz necessária para sua recuperação. Ao emitir os documentos apenas eletronicamente a guarda do documento eletrônico continua sob responsabilidade do contribuinte, mas o custo do arquivamento digital é muito menor do que o custo do arquivamento físico (Brasil. Ministério da Economia, 2020). GED - Gerenciamento Eletrônico de Documentos. O CT-e é um documento somente eletrônico e não precisa a digitalização do original. Dessa forma se otimizam os processos de organização, a guarda e o gerenciamento de documentos eletrônicos, facilitando a recuperação e intercâmbio das informações (Brasil. Ministério da Economia, 2020). Simplificação acentuada das obrigações acessórias. A princípio o CT-e prevê dispensa de Autorização de Impressão de Documentos Fiscais - AIDF. No futuro outras obrigações acessórias poderão ser simplificadas ou eliminadas com a adoção da CT-e (Brasil. Ministério da Economia, 2020). Diminuição de tempo de parada de caminhões em Postos Fiscais de Fronteira. Com o CT-e, os processos realizados nos postos fiscais de fiscalização de mercadorias em trânsito são simplificados, reduzindo o tempo de parada dos veículos de cargas nestas unidades de fiscalização (Brasil. Ministério da Economia, 2020). Incentivo a uso de relacionamentos eletrônicos com clientes. O B2B (business-to-business) é uma das formas de comércio eletrônico existentes e envolve uma empresa adquirindo um produto de outra empresa. Com a utilização do www.esab.edu.br 181 CT-e, se espera que tal relacionamento seja efetivamente impulsionado pela utilização de padrões abertos de comunicação pela Internet e pela segurança trazida pela certificação digital (Brasil. Ministério da Economia, 2020). Esses foram os benefícios para as empresas emitentes do CT-e. Agora citaremos as vantagens para as empresas tomadoras da Prestação de Serviços do ConhecimentoEletrônico (compradoras): Eliminação de digitação de Conhecimentos na recepção das Prestações de serviços de Transporte Recebidas. Isto acontece porque a empresa poderá adaptar seus sistemas para extrair as informações eletrônicas do documento recebido. Pode representar redução de custos de mão-de-obra para efetuar a digitação, bem como a redução de possíveis erros de digitação de informações (Brasil. Ministério da Economia, 2020). Redução de erros de escrituração. Esta situação se dá pelo fato de não precisar mais digitar o conhecimento de transporte de cargas (Brasil. Ministério da Economia, 2020). GED - Gerenciamento Eletrônico de Documentos. Da mesma forma, conforme o que acontece nas empresas emitentes deste documento (Brasil. Ministério da Economia, 2020). Incentivo a uso de relacionamentos eletrônicos com fornecedores (B2B). De forma paralela a situação colocada no caso das empresas emitentes (Brasil. Ministério da Economia, 2020). Por outro lado, verificamos que a sociedade também se beneficia. Vejamos de que forma: • Redução do consumo de papel, com impacto positivo em termos ecológicos; www.esab.edu.br 182 • Incentivo ao comércio eletrônico e ao uso de novas tecnologias; • Padronização dos relacionamentos eletrônicos entre empresas; • Surgimento de oportunidades de negócios e empregos na prestação de serviços ligados ao CT-e (Brasil. Ministério da Economia, 2020). Também existem vantagens para a classe contábil, como expomos a seguir: • Facilitação e simplificação da Escrituração Fiscal e Contábil; • GED - Gerenciamento Eletrônico de Documentos, conforme os motivos expostos nos benefícios das empresas emitentes; • Oportunidades de serviços e consultoria ligados CT-e. Por fim, o Fisco igualmente usufrui de benefícios pela utilização do conhecimento eletrônico de acordo com os itens que seguem: • Aumento na confiabilidade do conhecimento de transporte de cargas; • Melhoria no processo de controle fiscal, possibilitando um melhor intercâmbio e compartilhamento de informações entre os fiscos; • Redução de custos no processo de controle dos conhecimentos capturados pela fiscalização de mercadorias em trânsito; • Diminuição da sonegação e aumento da arrecadação, sem aumento de carga tributária; www.esab.edu.br 183 • GED - Gerenciamento Eletrônico de Documentos, conforme os motivos expostos nos benefícios das empresas emitentes; • Suporte aos projetos de escrituração eletrônica contábil e fiscal da Secretaria da Receita Federal e demais Secretarias de Fazendas Estaduais (Sistema Público de Escrituração Digital - SPED). É importante que o gestor logístico entenda a série de documentos que, de acordo com a legislação nacional, o CT-e substitui. Segue uma lista deles: • Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas, modelo 8; • Conhecimento de Transporte Aquaviário de Cargas, modelo 9; • Conhecimento Aéreo, modelo 10; • Conhecimento de Transporte Ferroviário de Cargas, modelo 11; • Nota Fiscal de Serviço de Transporte Ferroviário de Cargas, modelo 27; • Nota Fiscal de Serviço de Transporte, modelo 7, quando utilizada em transporte de cargas. • Os documentos que não foram substituídos pelo CT-e devem continuar a ser emitidos de acordo com a legislação em vigor. EXERCITANDO: vamos às questões on-line! www.esab.edu.br 184 Um dos documentos que tem vindo para auxiliar a organização de todas as operações de transporte nas empresas prestadoras de serviço é o MDF-e (Manifesto de Carga Eletrônico). O principal objetivo deste documento é a facilitação na contratação de caminheiros autônomos desburocratizando, assim, as operações no setor, e padronizando os processos ao longo da rede logística. Antes da existência deste formato, deviam ser impressos todos os documentos fiscais exigidos pela legislação. Dessa forma, se geravam e imprimiam, na empresa, todas as guias, os documentos auxiliares, as notas fiscais e o conhecimento de transporte que eram entregues ao motorista. Se em algum momento do trajeto, a fiscalização parava o caminhão, o motorista devia rapidamente e de forma organizada apresentar todos estes documentos para a autoridade que assim o exigisse. Caso faltasse algum, o motorista pedia auxílio à transportadora e a carga poderia continuar a viagem somente depois do documento faltante chegar fisicamente no local. Ainda existia a possibilidade de o caminhoneiro ser multado. Percebam o quanto que esta operação foi simplificada, visto que hoje toda essa papelada é realizada eletronicamente. O fim deste processo eletrônico é simplificar, agilizar e identificar o registro de cargas. www.esab.edu.br 185 Com o MDF-e, as empresas e transportadoras conseguem, de forma digital, realizar as atividades comerciais e prestar serviços de transporte por meio de um único documento. Este documento possui validade jurídica por meio da assinatura de forma digital de quem emite a carga, ou seja, o embarcador. Também se comprova por meio dele, em caso de fiscalização, que a carga não é roubada. Passo a passo para a emissão eletrônica A empresa que realizará o transporte deve satisfazer certos requisitos antes de iniciar com a emissão eletrônica: • Ter acesso à internet; • Estar credenciada para emitir CT-e ou NF-e junto à Secretaria da Fazenda do Estado em que está estabelecida; • Possuir certificado digital pela Autoridade Certificadora credenciada ao ICP-BR com o CNPJ da transportadora; • Ter sistema adaptado ao faturamento do MDF-e ou utilizar Emissor de MDF-e; • Tratar inicialmente os sistemas de homologação em todas as Secretarias da Fazenda em que desejar emitir MDF-e. Documentos fiscais obrigatórios envolvidos no Manifesto de Carga Eletrônico: Nota Fiscal Eletrônica A princípio, NF-e é todo e qualquer documento emitido eletronicamente pela empresa, que contém as informações fiscais da operação comercial. Ou seja, deve incluir todos os dados referentes às mercadorias comercializadas. Na nota, é www.esab.edu.br 186 gerado uma representação gráfica impressa da NF-e, o DANFE (Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica). (Brasil. Ministério de Economia, 2020). Conhecimento de Transporte Eletrônico O CT-e é um registro utilizado para fins fiscais, somente digital, utilizado para documentar a prestação de serviço de transporte de cargas rodoviário, mas também é válido para outros modais de transporte de cargas (Brasil. Ministério de Economia, 2020). O MDF-e também possui uma versão impressa que deve acompanhar a mercadoria no transporte e da mesma forma que sua versão eletrônica serve para que o fisco consiga controlar e verificar as cargas e as obrigações fiscais do contribuinte. Ele é denominado de DAMDFE (Documento Auxiliar do Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais). Consiste em uma versão gráfica resumida do MDF-e. É o documento que acompanhará o transporte da carga, permitindo o acesso ao arquivo do MDF-e pela Fiscalização de Mercadorias em Trânsito (Brasil. Ministério da Economia, 2020). O DAMDFE poderá ter a quantidade de folhas que forem necessárias para discriminação da documentação fiscal eletrônica. Ele possui as seguintes funções, de acordo com Motta (2020): • Apresentar a chave numérica com 44 posições para consulta das informações do Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais (chave de acesso). Basta conhecer a chave de acesso para verificar a veracidade do documento. • Acompanhar a mercadoria em trânsito, fornecendo informações básicas sobre o transporte da carga (dados do emitente, dados do veículo, peso da carga, documentos relacionados à carga transportada, etc.). www.esab.edu.br 187 • Facilitar o acesso às informações declaradas no arquivo XML aos dados da unidade de carga a ser fiscalizada. Entenda mais sobre o MDF-e. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=_ KM_C_xmxNI EXERCITANDO: vamos às questões on-line! https://www.youtube.com/watch?v=_KM_C_xmxNI https://www.youtube.com/watch?v=_KM_C_xmxNI www.esab.edu.br188 Resumo da seção 5 Nesta última seção vimos a importância que a legislação tem nas operações logísticas, especificamente na atividade transporte, responsável pela movimentação de mercadorias de um ponto a outro em um país, e até mesmo quando se trata de importação e exportação. Toda esta movimentação regulada por lei, acontece pautada em documentação e sob criteriosa fiscalização. Quanto aos controles aduaneiros em operações de exportação e importação, ocorre, além da exigência da documentação legal e do controle físico das mercadorias, outros tipos de verificação, inserido dentro do registro de importadores e exportadores (REI), mantido pelo SECEX (Secretaria de Comércio Exterior). Esse registro é realizado de forma automática no ato de qualquer operação de exportação ou importação que aconteça em algum ponto conectado ao SISCOMEX (Sistema de Comércio Exterior). Para a empresa poder utilizar este sistema a Receita Federal realiza uma análise inicial para conceder tal habilitação. Por fim, entendemos que O CT-e (Conhecimento de Transporte Eletrônico) possibilita benefícios a todos os atores que participam da prestação do serviço de transporte. E, ainda, vimos a importância do MDF-e (Manifesto de Carga Eletrônico), documento que auxilia na organização de todas as operações de transporte nas empresas prestadoras de serviço, cujo principal objetivo é a facilitação na contratação de caminheiros autônomos desburocratizando, assim, as operações no setor, e padronizando os processos ao longo da rede logística. www.esab.edu.br 189 Terminamos aqui nossa disciplina e desejamos que você tenha um excelente aprendizado até o final. Sucesso! www.esab.edu.br 190 Custo Brasil: o custo Brasil é um termo genérico usado para descrever o conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que encarecem o investimento no Brasil, dificultando o desenvolvimento nacional, aumentando o desemprego, o trabalho informal, a sonegação de impostos e a evasão de divisas. R Core business: core business é uma expressão em inglês que significa “a parte central ou nuclear de um negócio ou de uma unidade de negócios”. Esse conceito muitas vezes é confundido com “modelo de negócios”. Como essa noção de “modelo de negócios” é muito ampla, com definições divergentes, seria melhor definir ‘core business’ como sendo a “sacada” ou “ideia básica” do negócio. R Endomarketing: um “marketing para dentro” é justamente uma estratégia de marketing institucional interna, feita para os colaboradores. O conceito de endomarketing envolve ações de engajamento, motivação, reconhecimento, incentivo à formação profissional, entre outras. R Hub and Spoke: a definição de hub-and-spoke está denotando um método de organização do tráfego aéreo intercontinental, no qual um grande aeroporto é usado como alimentador para aeroportos locais. Este conceito é traduzido também para todos os sistemas de distribuição em qualquer setor da economia. R Inputs: é uma expressão da língua inglesa que significa entrada. A entrada e saída dos dados e informações no computador, cujas siglas utilizadas no jargão da TI são E/S www.esab.edu.br 191 (entrada/saída, em português) ou I/O (input/output, em inglês), se dá através de diversos dispositivos, denominados genericamente de ‹periféricos›. R OMC: a OMC é a Organização Mundial de Comércio e tem como característica ser uma referência de relação entre países, onde eles podem ter oportunidades de discutir sobre as estruturas comerciais do mundo, criando regras e acordos sobre o comércio. Em outras palavras, podemos dizer que é um órgão que regula as relações comerciais entre os países. R Outputs: output é um conceito da língua inglesa, de uso frequente no âmbito da informática para se referir aos dados resultantes de um processo. Um output ou saída é constituído pela informação que é emitida por um sistema informático. R Postponement: o Postponement é um conceito operacional que consiste em retardar a configuração final do produto até que determinada quantidade de pedidos dos consumidores sejam recebidos. R SECEX: a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) é um órgão específico singular do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, tem entre suas funções a condução das políticas de comércio exterior e gestão do controle comercial. R SISCOMEX: o Sistema Integrado de Comércio Exterior – SISCOMEX, instituído pelo Decreto nº 660, de 25 de setembro de 1992, é um sistema informatizado responsável por integrar as atividades de registro, acompanhamento e controle das operações de comércio exterior, através de um fluxo único e automatizado de informações. R Smart Cities: ‘smart cities’ ou cidades inteligentes são centros urbanos planejados com processos eficientes e projetados para beneficiarem os locais em que são aplicados e melhoram a qualidade de vida de seus moradores. R www.esab.edu.br 192 Suply Chain: supply chain, ou cadeia de suprimentos em português, é todo o processo logístico da empresa que vai desde a fabricação até a venda do produto para o consumidor final. R Suply Network: conceito que dá uma roupagem mais conectada à cadeia de suprimentos, criando uma verdadeira rede, na qual parcerias são firmadas e análises externas são realizadas. Tudo isso com foco na geração de valor para o cliente. R Tag: TAG em inglês significa rótulo, rotular, etiqueta, etiquetar. Existem diversos tipos de TAG ou etiquetas de identificação, utilizadas para as mais diversas aplicações para todos os segmentos. Sendo eles, varejo, indústria e serviços. R www.esab.edu.br 193 BIBLIOGRAFIA BÁSICA SCHLUTER, Mauro Roberto. Sistemas logísticos de transportes. Curitiba: Intersaberes, 2013. CHOPRA, Sunil; MEINDL, Peter. Gestão da cadeia de suprimentos: estratégia, planejamento e operações. 4 ed. São Paulo: PEARSON EDUCATION, 2014. DIAS, Marco Aurélio. Logística, transporte e infraestrutura: armazenagem, operador logístico, gestão via TI, multimodal. São Paulo: Atlas, 2016. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR PIRES, Silvio. Gestão da cadeia de suprimentos: conceitos, estratégias, prática e casos. São Paulo: Atlas, 2014. BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2006. VALENTE, Amir M. et al. Gerenciamento de transporte e frotas. 2. ed. rev. São Paulo: Cengage Learning, 2008.