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FACULDADES INTEGRADAS DE TAQUARA CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS A RECEITA PÚBLICA NA ESFERA MUNICIPAL: UMA VISÃO PRÁTICA PARA LEIGOS E AGENTES POLÍTICOS DEISI SUZANA DA SILVA SCHACHT Taquara 2008 DEISI SUZANA DA SILVA SCHACHT A RECEITA PÚBLICA NA ESFERA MUNICIPAL: UMA VISÃO PRÁTICA PARA LEIGOS E AGENTES POLÍTICOS Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Ciências Contábeis das Faculdades Integradas de Taquara, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Contabilidade, sob orientação do Prof. Ms. Silvio Quintino de Mello. Taquara 3 2008 Dedico este trabalho às minhas filhas Anna Karoline e Marianna Flávia, e a meu marido Gilmar, pela compreensão diante de tantas ausências. AGRADECIMENTOS A Deus, por ter me dado sempre muito mais do que lhe pedi. Ao professor Silvio Quintino de Mello, pela paciência e pela dedicação integral à orientação deste trabalho. Ao professor Fernando Lehnen, pelo fundamental auxílio na definição do fundamento desta monografia. À professora Margarete Fátima Lucca, pela importante ajuda a mim dispensada no início deste trabalho. Ao Presidente da Câmara de Vereadores de Rolante, Senhor Sadi Barcelos, por autorizar e participar da pesquisa realizada naquela Câmara de Vereadores. Ao Presidente da Câmara de Vereadores, Senhor Osmar Port, por autorizar e participar da pesquisa realizada nesta monografia, junto à Câmara de Vereadores de Riozinho. Ao Presidente da Câmara de Vereadores, Senhor Idamir Antonio de Morais, por autorizar e participar da pesquisa realizada nesta monografia, junto à Câmara de Vereadores de Parobé. Ao Presidente da Câmara de Vereadores, Senhor Marciano Schmidt, por autorizar e participar da pesquisa realizada neste trabalho, junto à Câmara de Vereadores de Araricá. Ao Presidente da Câmara de Vereadores de Campo Bom, Senhor Jair Valdir Reinheimer, por autorizar a pesquisa realizada nesta monografia, junto à Câmara de Vereadores de Campo Bom. Ao Presidente da Câmara de Vereadores, Senhor Antonio Lucas, bem como à Diretora Senhora Maria Cristina Barreto Orengo e à Consultora Jurídica Senhora Gabriela Streb, por autorizarem a realização da pesquisa junto à Câmara de Vereadores de Novo Hamburgo. A todos os vereadores que, em um exemplo de respeito, humildade e boa vontade, aceitaram participar da pesquisa realizada. A todos que com tão boa vontade responderam aos questionários, pela colaboração fundamental na elaboração desta monografia. 6 Aos meus ex-colegas carteiros, por haverem me ensinado, na prática, que toda jornada, grande ou pequena, começa com o primeiro passo. À ex-colega do Conselho Regional de Contabilidade, Dona Ruth, por me ensinar o lado tranquilo e bem humorado da vida. Aos meus ex-colegas da Prefeitura Municipal de Nova Hartz, em especial à Neusa, ao Alexandre, ao Sandro, ao Sebastião, à Raquel, à Rosani e ao Gilberto, por terem acompanhado e feito parte de todo o meu aprendizado, que representa a parte mais difícil, mas também a mais bela da minha história profissional. Aos meus ex-colegas da Câmara Municipal de Novo Hamburgo, em especial à Leani, à Cleusa, ao Rui, ao Fernando, ao Adriano, ao Leonardo, à Viviane , à Norma, ao Nilo, à Cristina, à Raquel, à Silmara, ao José Alexandre, ao Marco, ao Borba, ao Leandro, ao Dirceu e à Maíra, por fazerem parte desta fase tão maravilhosa da minha vida. Aos meus colegas da fiscalização tributária da Prefeitura Municipal de Novo Hamburgo, por me lembrarem que, independentemente de qualquer situação, o bom humor e a tranqüilidade são sempre fundamentais. A todos os colegas que durante estes anos todos dividiram a classe comigo, sem se importar com o fato de eu fazer crochê. Aos meus tios Marcos e Olíria Cardozo, maiores responsáveis pelo final feliz desta história, pela acolhida tão necessária no início desta caminhada. À minha professora do primário, Doraci Maria Nipper Lamonatto, pelo primeiro elogio de que tenho lembrança. À minha professora do primário Selita da Silva, por me proporcionar o retorno aos estudos. A toda a minha família e aos meus amigos, colegas de cerveja e de chimarrão, por estarem sempre ao meu lado e por me proporcionarem as lembranças mais felizes que levarei desta vida. “Se queres colher em três anos, planta trigo; se queres colher em dez anos, planta uma árvore, mas se queres colher para sempre, desenvolve o homem.” PROVÉRBIO CHINÊS RESUMO Objetiva-se com este trabalho dar uma visão básica acerca do assunto Receita Pública,a vereadores e cidadãos leigos, uma vez que a Receita Pública constitui-se de parte imprescindível do Orçamento dos Municípios, cuja aprovação o legislador discutirá e votará durante todo o seu mandato . Muitas vezes, porém, ela não é conhecida suficientemente nem pelos legisladores, nem mesmo pelos cidadãos em geral, que precisam fiscalizá-los. Ao se analisar a realidade da região de abrangência desta pesquisa, realizada junto à comunidade em geral e alguns vereadores da região do vale do Sinos e Paranhana, no que diz respeito à formação da Receita Pública, e a receita de seu município, constatou-se que há uma considerável carência de conhecimento básico, que dirá, aprofundado, tanto dos legisladores quanto dos cidadãos de um modo geral, em relação também ás receitas do seu município. Tendo em vista o panorama constatado, apresenta-se esta monografia como uma alternativa à falta de uma bibliografia direcionada a essas pessoas, em que se procura dar uma visão geral dos processos de formação da receita municipal. Naturalmente, espera-se que, após esse contato inicial, cada um vá buscar aprofundar-se no assunto, uma vez que se mostra imprescindível que os cidadãos em geral, na condição de financiadores de toda esta engrenagem que é a administração pública, tenham condições de efetivamente fiscalizar a aplicação dos recursos públicos. E, para que isso aconteça, é basico que se tenha o mínimo conhecimento sobre o que se deseja fiscalizar. Palavras-chave: Receita pública. Orçamento público. Contabilidade pública. Finanças públicas. Vereadores. LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Fatura de energia elétrica .................................................................. 78 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01 – Distribuição do FPM .......................................................................... 49 Gráfico 02 – Participantes por sexo ...................................................................... 65 Gráfico 03 – Formação dos entrevistados ........................................................... 66 Gráfico 04 – Número de legislaturas...................................................................... 67 Gráfico 05 – Maior receita do município ............................................................... 68 Gráfico 06 – Formação do FPM ............................................................................. 69 Gráfico 07 – Critério de rateio do FPM .................................................................. 69 Gráfico 08 – Critério de distribuição do ICMS ...................................................... 70 Gráfico 09 – Maior receita própria ......................................................................... 71 Gráfico 10 – Aplicação em saúde .......................................................................... 72 Gráfico 11 – Aplicação em educação .................................................................... 72 Gráfico 12 – Dificuldades com a codificação da receita ..................................... 73 Gráfico 13 – Dificuldade na interpretação de balancete ..................................... 74 Gráfico 14 – Dificuldade em encontrar material didático ................................... 75 Gráfico 15 – Dúvidas na votação do orçamento .................................................. 75 Gráfico 16 – Base de cálculo do Repasse da Câmara de Vereadores .............. 76 Gráfico 17 – Impostos Indiretos ............................................................................77 LISTA DE QUADROS Quadro 01 – Definição dos níveis de classificação da receita ........................... 35 Quadro 02 – Especificação de códigos orçamentários ...................................... 35 Quadro 03 – Fragmento de balancete da receita ................................................ 36 Quadro 04 – Repasse do IR e IPI da União aos Estados, Distrito Feferal e Municípios .......................................................................................... 48 Quadro 05 – A Formação da Receita Municipal ................................................... 57 Quadro 06 – Base de Cálculo para o MDE e ASPS .............................................. 59 Quadro 07 – Base de Cálculo do Repasse da Câmara de Vereadores ............. 61 LISTA DE TABELAS Tabela 01 – Coeficiente de distribuição do FPM .................................................. 50 Tabela 02 – Coeficientes Individuais no Fundo de Participação de Municípios .......................................................................................... 51 Tabela 03 – Cálculo dos coeficientes do FPM - Municípios da Reserva ........... 52 Tabela 04 – Base de cálculo do índice de participação dos municípios no ICMS .................................................................................................... 55 Tabela 05 – Percentual de repasse da Câmara de Vereadores .......................... 60 LISTA DE SIGLAS ASPS – Ações em Serviços Públicos de Saúde CF – Constituição Federal CIDE – Contribuição sobre Intervenção no Domínio Econômico CIP – Contribuição para a Iluminação Pública CTM – Código Tributário Municipal CTN – Código Tributário Nacional FPE – Fundo de Participação dos Estados FPM – Fundo de Participação dos Municípios FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores IR – Imposto de Renda ITBI – Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis ITR – Imposto Territorial Rural LC – Lei Complementar LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal MDE – Manutenção e Desenvolvimento do Ensino RPPS – Regime Próprio de Previdência dos Servidores STN – Secretaria do Tesouro Nacional TCE – Tribunal de Contas do Estado TCU – Tribunal de Contas da União VAF – Valor Adicionado Fiscal SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 15 1.1 Formulação do Problema .......................................................................... 15 1.2 Objetivos gerais e específicos .................................................................. 16 1.3 Justificativa ................................................................................................. 17 1.4 Estrutura do Trabalho ................................................................................ 17 2 METODOLOGIA .......................................................................................... 19 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 21 3.1 Conhecimento ............................................................................................. 21 3.1.1 Capacitação ou Treinamento? ..................................................................... 23 3.2 A Receita Pública ....................................................................................... 24 3.2.1 Receitas Correntes ....................................................................................... 27 3.2.1.1 Receita Tributária ......................................................................................... 27 3.2.1.2 Receita de Contribuições ............................................................................. 29 3.2.1.3 Receita Patrimonial ...................................................................................... 30 3.2.1.4 Receita Agropecuária ................................................................................... 30 3.2.1.5 Receita Industrial .......................................................................................... 31 3.2.1.6 Receita de Serviços ...................................................................................... 31 3.2.1.7 Transferências Correntes ............................................................................. 32 3.2.1.8 Outras Receitas Correntes ........................................................................... 32 3.2.2 Receitas de Capital ...................................................................................... 32 3.2.2.1 Operações de Crédito .................................................................................. 33 3.2.2.2 Alienação de Bens ........................................................................................ 33 3.2.2.3 Amortização de Empréstimos ...................................................................... 33 3.2.2.4 Transferências de Capital ............................................................................ 34 3.2.2.5 Outras Receitas de Capital .......................................................................... 34 3.3 A Classificão da Receita ............................................................................ 34 3.4 Os estágios da Receita Pública ................................................................ 36 16 3.4.1 Previsão ........................................................................................................ 37 3.4.2 Lançamento .................................................................................................. 37 3.4.3 Arrecadação ................................................................................................. 38 3.4.4 Recolhimento ................................................................................................ 38 4 A FORMAÇÃO DA RECEITA MUNICIPAL ................................................ 39 4.1 As Receitas Próprias ................................................................................. 39 4.1.1 Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU ................................................ 39 4.1.2 Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis – ITBI .................................. 41 4.1.3 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS ................................. 42 4.1.4 O Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF ............................................. 42 4.1.5 As Taxas ....................................................................................................... 42 4.1.6 A Contribuição de Melhoria .......................................................................... 43 4.1.7 A Dívida Ativa ............................................................................................... 44 4.1.8 Outras Receitas Municipais .......................................................................... 45 4.2 Receitas Intra-orçamentárias .................................................................... 46 4.2.1 Receitas Correntes Intra-orçamentárias ...................................................... 46 4.2.2 Receitas de Capital Intra-orçamentárias ...................................................... 46 4.3 As Transferências da União ...................................................................... 47 4.4 As Transferências dos Estados ................................................................ 54 4.5 As Vinculações da Receita ........................................................................ 58 4.5.1 Vinculações Constitucionais ......................................................................... 58 4.6 O Duodécimo da Câmara de Vereadores ................................................. 59 4.7 As deduções da Receita ............................................................................ 62 4.8 A Renúncia de Receita ...............................................................................62 4.9 A Receita Corrente Líquida ....................................................................... 63 5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ..................................................... 65 6 CONCLUSÃO .............................................................................................. 80 REFERÊNCIAS ............................................................................................ 82 APÊNDICES ................................................................................................. 85 18 APÊNDICE A – Questionário ..................................................................... 86 ANEXOS ....................................................................................................... 88 ANEXO 1 – Coeficientes Estaduais .......................................................... 89 1 INTRODUÇÃO Um dos grandes desafios da humanidade hoje é o de atualizar-se. A evolução e o avanço tecnológicos exigem isso diariamente. É fácil identificar fatos indicativos de que o setor público fica em ampla desvantagem em relação ao setor privado, seja pelo sistema burocrático adotado e raramente revisto, seja pela frágil qualificação de parte de seus agentes. Pode-se citar, em especial, àqueles que têm o seu direito outorgado pelo voto da maioria da população de seu município, de seu estado, de seu país, na mais clara demonstração da liberdade e de democracia que reinam em nossa pátria. 1.1 Formulação do Problema A atividade de vereador é direcionada para a construção de uma estrutura de controle da gestão administrativa do governo municipal. Para o exercício de tal atividade, é necessário que o membro do poder legislativo tenha uma visão adequada e conhecimentos básicos a respeito da formação das receitas públicas, do processo arrecadatório, da legislação tributária, de forma a poder compreender o conteúdo dos orçamentos, o conteúdo dos demonstrativos contábeis e a forma como se processa a elaboração desse material. Mesmo sendo isso essencial, a única exigência para a candidatura ao cargo eletivo de vereador é que o candidato seja alfabetizado, porém essa alfabetização não chega a ser considerada como uma efetiva capacidade de redação e compreensão de leitura. Então, se o eleito consegue olhar um escrito juntando as letras, decifrando as sílabas e sofrivelmente repetindo o que vê sem a adequada compreensão de seu conteúdo, e, se a pessoa escreve, mesmo que com grande dificuldade e com graves erros gramaticais, sendo sofrivelmente compreensível o que escreveu, é tida como alfabetizada e pode candidatar-se a qualquer cargo, seja do executivo, seja do legislativo. Alcançando os votos suficientes para a eleição, assume o cargo sem lhe seja exigida qualquer preparação complementar. É fato notório que esses agentes são escolhidos pela população em razão de sua 20 popularidade junto a sua comunidade, junto ao seu bairro, sem que haja uma preocupação em relação ao conhecimento conceitual deste para com os assuntos sobre os quais debaterá arduamente pelos próximos quatro anos. 1.2 Objetivos gerais e específicos Com essa realidade, estabelece-se o contraponto entre a falta de preparo de administradores e edis e a crescente necessidade de se apresentar algum material que possa oferecer subsídios para essas pessoas a fim de instrumentalizá-las no que diz respeito ao Processo Orçamentário mediante a informação de noções básicas gerais acerca das Receitas Públicas, mais especialmente acerca da formação da Receita Municipal. Buscar-se-á ainda identificar e analisar os fatores que influenciam o desconhecimento do assunto Arrecadação e Receita Pública pela comunidade, em especial pelos vereadores além de identificar critérios adequados de levar para pessoas adultas o conhecimento necessário sobre tais assuntos, de forma a proporcionar um aproveitamento efetivo do conteúdo. Daí surgiu a idéia de elaborar esta monografia direcionada aos políticos eleitos, seus assessores e cidadãos em geral, permitindo-lhes a compreensão dos conceitos essenciais, para que tenham plenas condições de votar um orçamento, votar alterações da legislação tributária, examinar as contas públicas de maneira mais consciente e, ainda, fiscalizarem com maior eficiência a destinação dos dinheiros públicos. Levando-se em conta as práticas pedagógicas adotadas no país e o público alvo que se busca atingir, foi-se buscar em autores já consagrados no mercado um embasamento de qual a melhor maneira, e qual a forma correta para se atingir este público e se conseguir o êxito desejado. 21 1.3 Justificativa O Processo democrático que norteia as eleições do nosso país tende a lançar no mercado, a cada novo pleito, uma nova gama de Legisladores e Administradores Públicos, muitas vezes, com muitas virtudes, mas totalmente desconhecedores dos Processos dos Orçamentos que invariavelmente terão que discutir e votar durante o mandato, sem sequer conhecer a origem das Receitas que pretendem gastar ou autorizar. Concomitantemente também a comunidade se vê despreparada, ou apenas mal informada, para acompanhar um processo deste porte, o que acaba gerando um desinteresse geral pela política. O cidadão acaba, então, abdicando do seu direito de participar e opinar naquelas questões que lhe dizem respeito diretamente. Deixa de saber quais serão as ações que nortearão o Orçamento Anual da sua cidade, em Saúde, Educação, Obras Públicas, etc. Deixa de acompanhar o destino dado ao seu próprio dinheiro, entregue a outros gerentes. Dadas as inovações tecnológicas que facilitaram sobremaneira o acesso às informações, à legislação em geral e a tudo o que acontece em todo o mundo, é inadmissível que o cidadão continue alheio a esses assuntos, principalmente se ele houver sido eleito vereador, e tiver a missão de julgar, discutir e alterar a legislação tributária, aumentar ou diminuir impostos e interferir diretamente nos destinos dos recursos públicos, ou apenas que deseje acompanhar as prestações de contas do setor público de maneira mais eficiente. 1.4 Estrutura do Trabalho A apresentação deste trabalho dar-se-á em seis capítulos básicos, incluindo introdução e a conclusão. O primeiro capítulo trata da introdução geral, com um esclarecimento geral acerca da necessidade de se elaborar esta monografia sobre Receita Pública, voltada para leigos, legisladores e administradores municipais. 22 No segundo capítulo, encontra-se exposta a metodologia de pesquisa utilizada para a elaboração desta monografia. No terceiro capítulo, estão expostos os principais conceitos acerca da melhor maneira de se chegar a este trabalho de forma que ela possa atingir o público-alvo desejado e também sobre o assunto central do texto: A Receita Pública. O quarto capítulo discorre acerca da formação da receita publica municipal, suas vinculações e sua forma de distribuição aos municípios, com destaque àquelas questões cuja compreensão apresenta maior dificuldade e cujo grau de desconhecimento se mostra mais latente. O quinto capítulo apresenta a análise dos dados coletados na pesquisa realizada, cujo intuito foi o de apresentar as maiores dúvidas dos cidadãos vereadores em relação ao assunto Receita Pública. Logo a seguir, no último capítulo, fica a conclusão com a disposição das considerações finais. 23 2 METODOLOGIA Na fase inicial do planejamento de monografia, define-se a metodologia de pesquisa a ser seguida. Para Gil (1999, p. 42), a pesquisa tem um caráter pragmático, é um “[...] processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos”. O autor considera a pesquisa como um conjunto de ações propostas para encontrar a solução para um problema que têm por base procedimentos racionais e sistemáticos. A pesquisa é realizada quando setem um problema e não se têm informações para solucioná-lo. Conforme Gil (1991), do ponto de vista dos procedimentos técnicos, a pesquisa pode ser: Pesquisa Bibliográfica quando elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet. Pesquisa Documental quando elaborada a partir de materiais que não receberam tratamento analítico. Pesquisa Experimental quando se determina um objeto de estudo, selecionam-se as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definem-se as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. Levantamento quando a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Estudo de caso quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento. Pesquisa-Ação quando concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Pesquisa Participante: quando se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas. A abordagem do estudo de caso dessa monografia estará fundamentada nas pesquisas quantitativa e qualitativa. 24 A pesquisa qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa, não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para a coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva e os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais da abordagem. Já a pesquisa quantitativa considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá- las. Além da pesquisa bibliográfica, necessária em razão da ampla legislação vigente acerca da receita municipal, o levantamento de campo será utilizado com a finalidade de verificar o grau de conhecimento acerca do assunto que se deseja estudar junto ao publico alvo desejado. Buscar-se-á, então, entrevistar pessoas dos municípios da Região do Vale dos Sinos e Paranhana dentre vereadores e cidadãos leigos. Nesse sentido, a preocupação dessa monografia será retratar as realidades existentes nas nossas Câmaras Municipais no que se refere às dificuldades que alguns vereadores, bem como os cidadãos comuns, sentem ao interpretar os assuntos referentes à receita publica e assuntos tributários, procurando oferecer um trabalho que possa responder essas questões. Levando em consideração que a pesquisa será realizada nos municípios do vale dos Sinos e Paranhana, e que o objetivo básico será encontrar regularidades que levem a generalizações, o método mais apropriado é a pesquisa quantitativa, utilizando-se para isso um questionário especialmente elaborado para este estudo (apêndice A). Tal fato, porém, não descarta a possibilidade de complementaridade desse paradigma com a utilização de uma abordagem qualitativa em que o pesquisador é peça fundamental na realidade social da comunidade investigada. 25 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 Conhecimento Com a pretensão de elaborar um material que venha a contribuir na formação e no conhecimento das pessoas acerca da receita pública, torna-se necessário embasar a forma escolhida para tal apresentação. Tal medida é necessária para que se possa compreender como se chegou à conclusão de que a elaboração desta monografia sobre a receita pública seria a alternativa mais adequada a ser tomada diante do problema exposto, uma vez que o conhecimento é fruto de capacitação e formação sobre aquilo que se quer conhecer. Segundo Chiavenato (2005), as pessoas apresentam uma capacidade muito grande de aprendizagem e desenvolvimento e, no cerne dessa capacidade, está a educação. Constata ainda que os processos de desenvolvimento de pessoas estão intimamente ligados à educação. Lembra que educar vem do latim, educere e significa extrair, trazer, arrancar. Ou seja, educar, representa a necessidade do ser humano de extravasar suas potencialidades interiores; significa a exteriorização dessas latências e do talento criador da pessoa. Então, qualquer modelo de formação, capacitação, educação, treinamento ou desenvolvimento deve assegurar ao ser humano a oportunidade de ser aquilo que pode ser a partir de suas próprias potencialidades, sejam elas inatas ou adquiridas. Conforme o autor, desenvolver pessoas não é apenas dar-lhes informação para que elas aprendam novos conhecimentos e habilidades e se tornem mais eficientes naquilo que fazem, é sobretudo, dar-lhes a formação básica para que aprendam novas atitudes, soluções, idéias, conceitos e que mudem seus hábitos e comportamentos e se tornem mais eficazes naquilo que fazem. Formar é muito mais do que simplesmente informar, pois representa um enriquecimento da personalidade humana. Considerando que, para se executar qualquer tarefa, é necessário que se tenha o mínimo de conhecimento sobre ela é nesta corrente que a presente monografia se propõe a discutir sobre a importância e a melhor maneira de adquirir essa compreensão e esse conhecimento. 26 Como o trabalho será direcionado a adultos, buscar-se-á sua base na Andragogia, termo cunhado na década de 70 pelo norte americano Malcom Knowles e que significa, literalmente, o ensino de adultos. Goecks1, apresenta conceitos de alguns autores que se mostram bastante coerentes. Segundo ele, Eduard Lindemann (1926) identificou alguns pressupostos- chave para a educação de adultos, que serviram de base para pesquisas mais adiante e que, ainda hoje, fazem parte dos fundamentos da teoria moderna de aprendizagem do adulto. Dentre eles, pode-se destacar que os adultos sentem-se motivados a aprender à medida que experimentam que suas necessidades e interesses estão sendo satisfeitos. Esses itens devem ser levados em conta quando se iniciar uma organização de atividades para aprendizagem de adultos. Também que a orientação de aprendizagem do adulto está centrada na vida; por isso as unidades apropriadas para se organizar um programa de ensino adequado, são as situações da vida e não disciplinas ensinadas em cursos regulares. Segundo explica o Professor Goecks, não se poderia utilizar na educação de adultos o mesmo método aplicado às crianças e jovens, pois a dependência das crianças exige uma postura protetora e o exercício da autoridade: inicialmente com os pais e, logo após, com os professores, a dependência é um componente natural no dia-a-dia e na educação. Com o passar dos anos, essa postura começa a ser questionada. Os adolescentes iniciam o rompimento do “cordão umbilical” questionando e rebelando-se. Os pais e professores passam a não representar mais a “verdade absoluta”. Tudo se torna questionável. A maturidade da fase adulta então traz a independência. As experiências proporcionam aprendizados, os erros trazem vivências que marcam para toda a vida. O adulto é, então, capaz de criticar e analisar situações, fazer paralelos com as experiências já vividas e aceitar ou não as informações que lhe apresentam. O autor coloca ainda que, mesmo diante de tantas transformações na vida do ser humano, os sistemas tradicionais de ensino continuam estruturados como se a mesma pedagogia utilizada para as crianças devesse ser aplicada aos adultos. Mas o chamado “efeito esponja”, no qual a criança absorve todas as informações já não é possível de ser observado na fase adulta.O adulto desenvolve uma habilidade mais intelectual, quer experimentar, vivenciar. 1 Professor Rodrigo Goecks. Disponível no site: <www.andragogia.com.br>. Acesso em: 15 jul. 2008. 27 http://www.andragogia.com.br/ Como se tem a visão de que não é possível lidar com grupos tão diferentes da mesma maneira, e o público alvo deste trabalho é especificamente um público adulto, tentar-se-á manter como norte a Andragogia. Buscar-se-á, então, promover o aprendizado através da elaboração de uma monografia voltada especificamente a esse público fazendo com que estimule e transforme o leitor de forma que ele se sinta parte do processo, compreenda o assunto e se sinta impulsionado a buscar ainda mais desenvolvimento nessa área. 3.1.1 Capacitação ou Treinamento? É importante esclarecer que o termo “treinamento” vem sendo rejeitado pelos profissionais de gestão de pessoas, uma vez que encerra uma intenção de “adestrar”. A despeito de tais divergências, ainda que se use tal termo, deve ficar claro sempre que a intenção é a de capacitar pessoas. Segundo Chiavenato (2005), o conceito de treinamento pode exprimir diferentes significados. Alguns especialistas em Recursos Humanos no passado apontavam o treinamento como uma forma de adequar cada pessoa a sua função e desenvolver a força de trabalho da empresa a partir dos cargos ocupados. Atualmente, considera-se o treinamento como uma forma de impulsionar o desempenho no cargo. Considera ainda que treinamento seja um processo de assimilação cultural a curto prazo, que objetiva repassar ou reciclar conhecimentos, habilidades ou atitudes relacionados diretamente à execução de tarefas ou à sua otimização no trabalho. O mesmo autor afirma ainda que há uma sofisticada tecnologia de treinamento e indica que existem várias técnicas para transmitir as informações necessárias e desenvolver as habilidades requeridas no programa de treinamento. Dentre essas, a mais utilizada é a leitura, embora esta seja um meio de comunicação que envolve uma situação de mão única, na qual um instrutor apresenta verbalmente informação a um grupo de ouvintes e não seja possível determinar imediatamente o resultado. Dentre os recursos didáticos utilizados em sistemas de treinamentos, destacam-se as inovações tecnológicas: recursos audiovisuais, teleconferências, 28 correio eletrônico e o treinamento a distância, ou e-learning2. Observa-se, entretanto, que, apesar da fantástica evolução dos meios de comunicação com o advento da Internet, ainda não foi possível abolir a escrita, embora tenha sido possível torná-la mais atraente através dos recursos disponíveis pela informática, de forma que quase todas as apresentações, ainda que visuais, façam uso dela. Na elaboração do material de qualquer treinamento, as coisas não são diferentes. Aplicam-se as novidades tecnológicas disponíveis, mas a forma de assimilação continua a mesma: a leitura. 3.2 A Receita Pública Segundo Kohama (1992), entende-se, de forma geral, por Receita pública todo e qualquer recolhimento feito ao erário, independentemente de ser efetuado através de numerário ou outros bens representativos de valores - a cuja arrecadação o Governo tenha o direito, seja em virtude de leis, contratos ou quaisquer outros títulos que originem direitos ao Estado – podendo ser advinda de alguma finalidade específica, cuja arrecadação conforme a lei lhe pertença ou mesmo nos casos em que o Estado represente apenas o depositário de valores que pertençam a terceiros. Ou seja, o autor faz referência à receita orçamentária que estará prevista na lei orçamentária, e à receita extra-orçamentária, aquela que deve constituir-se em simples entrada compensatória no ativo e passivo financeiros. Já para Fabretti (2002), o conceito de receita pública corresponde a qualquer entrada de recursos em moeda, seja advinda da arrecadação de tributos ou da obtenção de empréstimos. E divide-se em receita corrente – a que implica variação positiva no Patrimônio Líquido por aumento do ativo, como arrecadação de tributos e recebimento de dividendos; e receita de capital - a que corresponde à permuta de valores ativos e passivos, como operações de crédito e alienações de bens. A lei 4320/64 em sua primeira referência sobre a Receita explica, de forma clara e objetiva, a principal fonte das receitas no âmbito público: 2 e-learning: é o ensino à distancia realizado através de meios eletrônicos, como tv, Internet. 29 Art.9.º. Tributo é a receita derivada, instituída pelas entidades de direito público, compreendendo os impostos, as taxas e contribuições nos termos da Constituição e das leis vigentes em matéria financeira, destinando-se o seu produto ao custeio das atividades gerais ou específicas exercidas por essas entidades. De forma que é possível perceber que as definições de receita/tributação são indissociáveis e, por vezes, se confundem. Na realidade, a tributação municipal é aquela parte da receita, cuja arrecadação é de responsabilidade do município, portanto o termo Receita é bem mais abrangente. A Secretaria do Tesouro Nacional - STN, na 4.ª edição do manual de procedimentos das Receitas Públicas, conceitua a Receita sob o enfoque orçamentário como todas as entradas de que se dispõe para cobertura de gastos do Estado independente de qual seja a esfera governamental. A receita pública divide-se em orçamentária e extra-orçamentária. A Secretaria do Tesouro Nacional conceitua os ingressos orçamentários e extra- orçamentários desta forma: Os ingressos orçamentários são aqueles pertencentes ao ente público, arrecadados exclusivamente para aplicação em programas e ações governamentais. Esses ingressos são denominados Receita Orçamentária. (STN, 2007, p. 24) Em relação às receitas extra-orçamentárias, o mesmo documento dá esta definição: Os ingressos extra-orçamentários são aqueles pertencentes a terceiros, arrecadados pelo ente público exclusivamente para fazer face às exigências contratuais pactuadas para posterior devolução. Esses ingressos são denominados recursos de terceiros. (STN, 2007, p. 25) De uma forma geral, pode-se afirmar que receita orçamentária é aquela que consta do Orçamento, enquanto que a extra-orçamentária é aquela que ocorre à parte do orçamento e se constitui de recursos de terceiros, como por exemplo, os descontos consignados em folha de pagamento. A receita orçamentária, por sua vez, subdivide-se pela categoria econômica em receitas correntes, que são aquelas que cobrem as despesas de manutenção e 30 receitas de capital cujo destino é custear despesas de capital, ou seja, os investimentos que o ente público pretende empreender, conforme estabelece a Lei 4320/64. Art. 11 - A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. § 1º - São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes. Em relação às Receitas de capital, o mesmo artigo faz referência de maneira bastante clara: § 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinado a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superavit do Orçamento Corrente. [...] A receita orçamentária, para deixar mais clara a sua origem, foi subdividida de forma que possibilita identificar a natureza de cada ingresso de maneira rápida. Essa será a ordem de apresentação da Receita nos documentos contábeis que se referirem à receita, como os Balancetes da Receita, por exemplo, uma vez que sua estrutura estádefinida na Lei 4320/64 na forma do seu Anexo 3. O critério de soma dos itens do balancete é conforme a ordenação numérica, como na contabilidade comercial. Continuando o artigo 11 da Lei 4320/64: 31 § 4º - A classificação da receita obedecerá ao seguinte esquema: RECEITAS CORRENTES RECEITA TRIBUTÁRIA Impostos Taxas Contribuições de Melhoria RECEITA DE CONTRIBUIÇÕES RECEITA PATRIMONIAL RECEITA AGROPECUÁRIA RECEITA INDUSTRIAL RECEITA DE SERVIÇOS TRANSFERÊNCIAS CORRENTES OUTRAS RECEITAS CORRENTES RECEITAS DE CAPITAL OPERAÇÕES DE CRÉDITO ALIENAÇÃO DE BENS AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL 3.2.1 Receitas Correntes Consideram-se correntes as receitas tributárias, as de contribuições, as patrimoniais, as agropecuárias, as industriais, as de serviços e outras ainda, desde que seu objetivo seja o de custear despesas correntes. São aquelas receitas que visam à manutenção das despesas correntes, ou de manutenção do governo. 3.2.1.1 Receita Tributária A Receita Tributária é aquela advinda dos tributos, cuja definição se dá desta forma: Tributos são: impostos, taxas e Contribuição de Melhoria. Eles podem ser municipais, estaduais e federais. Já, quando se fala em Receita Tributária Municipal, esta se refere apenas aos seus tributos próprios. Os tributos federais e estaduais quando repassados ao município são considerados como transferências. O Código Tributário Nacional define tributo desta forma: 32 Art. 3º. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada (CTN, 2007, p. 7). Por sua vez, o Artigo 5º do mesmo código subdivide o tributo em imposto, taxa e contribuição de melhoria, que serão descritos conforme suas peculiaridades. a) Imposto: O imposto não exige uma contraprestação de serviço por parte do Estado, basta apenas a existência de um fato gerador. Conforme o CTN no seu Art. 16: “Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gera- dor uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”. b) Taxa: As taxas são tributos de competência comum entre Estados, Muni- cípios e a União e se caracterizam pela contraprestação de um determi- nado serviço por parte do ente público ou pelo fato de colocá-lo a sua dis- posição. Conforme a definição do CTN: Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribu- inte ou posto à sua disposição (CTN, 2007, p. 9). c) Contribuição de Melhoria: Constitui-se como uma “devolução” do valor investido pelo Estado em uma obra que venha a beneficiar o contribuinte ao valorizar o imóvel de sua propriedade. O valor cobrado nunca poderá ser maior do que o valor total da obra. Conforme a definição do CTN: 33 Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado”. (CTN, 2007, p.16). 3.2.1.2 Receita de Contribuições Os municípios podem ter suas Receitas de Contribuições, que podem ser para o Custeio da Iluminação Pública, ou para o Regime Próprio de Previdência dos Servidores, dependendo de sua realidade. Essas contribuições não são consideradas tributárias. Essa receita é composta de contribuições sociais e econômicas geralmente destinadas à manutenção dos programas e serviços sociais de interesse geral ou coletivo. Conforme o manual da Receita Pública da Secretaria do Tesouro Nacional - STN, “[...] são os ingressos oriundos de contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de intervenção nas respectivas áreas.” As Contribuições Sociais estão entre as receitas de contribuições mais comuns nos municípios e é aquela destinada aos Regimes Próprios de Previdência Social. Ela se tornou mais comum após a emenda constitucional que tornou a criação dos Regimes Próprios de Previdência obrigatórios. Conforme a STN, são aquelas “[...] destinadas ao custeio da seguridade social, que compreende a previdência social, a saúde e a assistência social”. (STN, 2007, p. 26) As Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE instituídas exclusivamente pela União constituem-se como instrumentos de atuação nas áreas de determinadas categorias ou, segundo a STN, “[...] derivam da contraprestação à atuação estatal exercida em favor de determinado grupo ou coletividade”. (STN, 2007, p. 26) As Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas são aquelas conhecidas também como corporativas, que servem para custear a manutenção das entidades de classe, uma vez que exercem atividade de cunho estatal ao fiscalizar as ações desenvolvidas por esses grupos de profissionais. De acordo com a STN, são aquelas “[...] destinadas ao fornecimento 34 de recursos aos órgãos representativos de categorias profissionais legalmente regulamentadas ou a órgãos de defesa de interesse dos empregadores ou empregados” (STN, 2007, p. 26). Dentre as Contribuições Econômicas, destaca-se a Contribuição par o Custeio dos Serviços Públicos, a CIP. 3.2.1.3 Receita Patrimonial São as receitas provenientes do próprio patrimônio do ente federado, quer sejam auferidas através de aluguéis de imóveis ou outros bens públicos, cessões ou aplicações financeiras. De acordo com a STN, “[...] o ingresso proveniente de rendimentos sobre investimentos do ativo permanente, de aplicações de disponibilidades em operações de mercado e outros rendimentos oriundos de renda de ativos permanentes”. (STN, 2007, p. 27) 3.2.1.4 Receita Agropecuária São também provenientes da aplicação de bens públicos, no caso, em atividades agropecuárias, onde o poder público disponha da propriedade de terras, plantações, rebanhos e mantenha esse patrimônio em funcionamento. Muito comum como no caso de manter uma escola técnica com uma estrutura agropecuária com possibilidade de venda dos produtos gerados ali. Tudo depende da realidade de cada município. A comercialização do resultado desses serviços entra em forma dessas receitas. Em conformidade com a Secretaria do Tesouro Nacional fica assim conceituado: Receita Agropecuária é o ingresso proveniente da atividade ou da exploração agropecuária de origem vegetal ou animal. Incluem-se nessa classificação as receitas advindas da exploração da agricultura (cultivo do solo), da pecuária (criação, recriação ou engorda de gado e de animais de pequeno porte) e das atividades de beneficiamento ou transformação de produtos agropecuários em instalações existentes nos próprios estabelecimentos. (STN, 2007, p. 27) 35 3.2.1.5 Receita Industrial São aquelas provenientes da atividade estatal de caráter industrial, que pode ser indústria extrativa mineral, como pode ser indústria de transformação e de construção, como por exemplo, quando o próprio município produz algo e vende, como uma fábrica de canos de cimento. Consideram-se receitas industriais, conforme definição da STN: É o ingresso proveniente da atividade industrial, de extração mineral, de transformação, de construção e outras, provenientes das atividades industriais definidas como tal pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. (STN, 2007, p. 27) 3.2.1.6 Receita de Serviços As receitas de serviços são aquelas que seoriginam na prestação de serviços ao cidadão por parte do estado, sendo que estes serviços variam de forma de acordo com as peculiaridades de cada município. Elas podem advir, por exemplo, da venda de mudas, saibros e aterros, serviços de máquinas para abertura de açudes e outras atividades. Conforme a STN, são estas: Receita de serviços é o ingresso proveniente da prestação de serviços de transporte, saúde, comunicação, portuário, armazenagem, de inspeção e fiscalização, judiciário, processamento de dados, vendas de mercadorias e produtos inerentes à atividade da entidade e outros serviços. (STN, 2007, p. 27). 36 3.2.1.7 Transferências Correntes As transferências correntes são aquelas feitas por um órgão geralmente público a outros órgãos governamentais. Os municípios recebem, em geral, transferências correntes dos Estados e da União. Comumente são os repasses da sua parte nos impostos recolhidos por esses outros entes federados, conforme determina a lei. Conforme a STN: Transferência Corrente é o ingresso proveniente de outros entes ou entidades, referente àrecursos pertencentes ao ente ou entidade recebedora ou ao ente ou entidade transferidora, efetivado mediante condições preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigência, desde que o objetivo seja a aplicação em despesas correntes. (STN, 2007, p. 27) 3.2.1.8 Outras Receitas Correntes Consideram-se outras receitas correntes aquelas que não se encaixem em nenhuma das alternativas anteriores, como por exemplo: a Dívida Ativa Tributária e a Não-Tributária, Indenizações, Restituições, Multas e juros de Mora e o Cancelamento de Restos a pagar. Conforme a secretaria do Tesouro Nacional, “são os ingressos correntes provenientes de outras origens não classificáveis nas anteriores”. (STN, 2007, p. 27) 3.2.2 Receitas de Capital As receitas de Capital em geral são aquelas destinadas a atender despesas classificadas como Despesas de capital. Conforme a Secretaria do Tesouro Nacional – STN: 37 Receitas de Capital são os ingressos de recursos financeiros oriundos de atividades operacionais ou não operacionais para aplicação em despesas operacionais, correntes ou de capital, visando ao alcance dos objetivos traçados nos programas e ações de governo. São denominados receita de capital porque são derivados da obtenção de recursos mediante a constituição de dívidas, amortização de empréstimos e financiamentos ou alienação de componentes do ativo permanente, constituindo-se em meios para atingir a finalidade fundamental do órgão ou entidade, ou mesmo, atividades não operacionais visando ao estímulo às atividades operacionais do ente. (STN, 2007, p. 27) 3.2.2.1 Operações de Crédito São aquelas receitas oriundas da realização de financiamentos que podem ser internos ou externos. Sua principal característica é a constituição de dívida. No caso dos municípios, são geralmente as receitas de obtenção de empréstimos para a realização de obras. Segundo a STN, são “[...] provenientes da colocação de títulos públicos ou da contratação de empréstimos e financiamentos obtidos junto a entidades estatais ou privadas”. (STN, 2007, p 28). 3.2.2.2 Alienação de Bens São aquelas receitas advindas da venda de bens patrimoniais móveis ou imóveis pertencentes ao ente público. Conforme a STN, “[...] o ingresso proveniente da alienação de componentes do ativo permanente”. (STN, 2007, p 28) 3.2.2.3 Amortização de Empréstimos São aqueles recebimentos de empréstimos feitos anteriormente a outros entes públicos ou, conforme a STN, “[...] é o ingresso proveniente do recebimento de parcelas de empréstimos ou financiamentos concedidos em títulos ou contratos.” (STN, 2007, p 28) 38 3.2.2.4 Transferências de Capital São transferências recebidas de outros entes federados com a finalidade de atender à cobertura de despesas de capital. Conforme a Secretaria do Tesouro Nacional: É o ingresso advindo de outros entes ou entidades, referente a recursos pertencentes ao ente recebedor ou ao ente transferidor, efetivado mediante condições preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigência, desde que o objetivo seja a aplicação em despesas de capital. (STN, 2007, p. 28) 3.2.2.5 Outras Receitas de Capital Diz respeito à arrecadação de receitas de classificação genérica, cuja descrição não se ajuste a nenhuma definição anterior. De acordo com a STN, “[...] são receitas de capital provenientes de outras origens não classificáveis nas anteriores”. (STN, 2007, p 28) 3.3 A Classificação da Receita Conforme determinado na Lei 4320/64, a receita será classificada conforme o Anexo 3 desta lei3. Essa classificação é necessária para a escrituração dos lançamentos contábeis e para o acompanhamento da arrecadação da receita. Sua função principal é identificar a categoria econômica, a origem, a espécie, a rubrica e suas subdivisões. Conforme a STN, a codificação é composta dos níveis seguintes. 3 O anexo 3 da lei 4320/64 teve sua redação alterada pela Portaria SOF n. 6, de 20 maio 1999. 39 NÍVEL DEFINIÇÃO 1.º Nível Categoria Econômica 2.º Nível Origem 3.º Nível Espécie 4.º Nível Rubrica 5.º Nível Alínea 6.º Nível Subalínea Quadro 01: Definição dos níveis de classificação da receita Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional – Adaptado pela autora. Compreender essa codificação é imprescindível para a interpretação de um balancete da receita uma vez que os valores estarão acumulados de acordo com sua classificação. De forma que é possível exemplificar: DISCRIMINAÇÃO ECONÔMICA CÓDIGO ORÇAMENTÁRIO ESPECIFICAÇÃO Categoria econômica 1.0.0.0.00.00.00.00.00 Receitas correntes Origem 1.1. 0.0.00.00.00.00.00 Receita Tributária Espécie 1.1.1. 0.00.00.00.00.00 Impostos Rubrica 1.1.1.2.00.00.00.00.00 Impostos sobre o patrimônio Alínea 1.1.1.2.02.00.00.00.00 IPTU Subalínea 1.1.1.2.02.00.00.00.00 (Nível de detalhamento optativo) Nível de detalhamento optativo (vinculação) 1.1.1.2.02.00.02.00.00 MDE - Manutenção e desenvolvimento do ensino Quadro 02 - Especificação de códigos orçamentários Fonte: Elaborado pela autora Para exemplificar melhor, pode se observar o fragmento do Balancete de receita apresentado, lembrando que o primeiro dígito dos balancetes indica a natureza do seu conteúdo e é estabelecido pelo TCE de cada Estado segundo a orientação da STN. No caso, o número 4 é indicativo de Receita, conforme pode-se verificar no quadro 03. 40 Quadro Demonstrativo de Balancete da Receita Balancete da Receita de julho Página:1/7 Rubricas Descrição Prevista Arrec no mês Arrec até o mês 4.0.0.0.0.00.00.00.00.00 RECEITAS 18.226.500,00 2.178.833,08 14.153.576,16 4.1.0.0.0.00.00.00.00.00 RECEITAS CORRENTES 18.110.500,00 1.867.183,08 12.260.702,66 4.1.1.0.0.00.00.00.00.00 RECEITA TRIBUTÁRIA 1.340.500,00 85.565,84 1.019.021,38 4.1.1.1.0.00.00.00.00.00 IMPOSTOS 992.500,00 59.882,83 719.504,34 4.1.1.1.2.00.00.00.00.00 Imposto sobre o Patrimônio e a Renda 557.500,00 23.744,86 463.576,13 4.1.1.1.2.02.00.00.00.00 IPTU 300.000,00 3.400,24 294.676,32 4.1.1.1.2.02.00.01.00.00 IPTU - PRÓPRIO 180.000,00 2.040,33 176.781,29 4.1.1.1.2.02.00.02.00.00 IPTU - MDE 75.000,00 850,00 73.684,84 4.1.1.1.2.02.00.03.00.00 IPTU - ASPS 45.000,00 509,91 44.210,19 4.1.1.1.2.04.00.00.00.00 Imposto s/ Renda Prov Qualquer natureza 137.500,00 13.110,63 91.336,38 4.1.1.1.2.04.00.01.00.00 IRRF - Rendimentos do Trabalho 137.500,00 13.110,63 91.336,38 4.1.1.1.2.04.00.02.00.00 IRRF - Rend Trab - Ativos/Inat Poder exec. 105.000,00 10.748,60 78.306,91 4.1.1.1.2.04.00.03.00.00 IRRF - Rend Trab - Ativos/Inat Exec ind 63.000,00 6.449,35 46.985,55 4.1.1.2.0.00.00.00.00.00 TAXAS 298.000,00 13.598,13 241.135,41 4.1.1.2.1.00.00.00.00.00 Taxa pelo exercício do Poder de Policia 103.000,00 8.676,52 100.763,39 4.1.1.2.1.25.00.00.00.00 Taxa de licença p/ func. Estab. Comerc. Ind. 17.000,00 1.816,75 7.311,78 4.1.1.2.1.29.00.00.00.00 Taxa de licença para Execução de obras 25.000,00 4.103,37 15.956,91 4.1.1.2.1.29.00.00.00.00Outras taxas exerc poder de polícia 61.000,00 2.756,40 77.494,70 Quadro 03: Fragmento de balancete de receita Fonte: Prefeitura Municipal de Rolante – Adaptado pela autora A soma, assim como os balancetes de contabilidade comercial, acumulam os valores de cima para baixo. Pode-se observar que o item Imposto acumula a soma de todos os valores referentes a impostos, e cuja numeração inicial é 1.1.1. Já o item Taxas, iniciará sempre com 1.1.2 e acumulará o valor de todas as taxas que estarão desdobradas abaixo. Situação semelhante ocorre com todas as outras categorias de receitas. 3.4 Os estágios da Receita Pública A receita pública passa por vários estágios desde a sua projeção até o seu efetivo ingresso nos cofres públicos. Embora haja algumas controvérsias a respeito 41 desse assunto, há um consenso geral em se dividir as etapas em: previsão, lançamento e arrecadação e recolhimento. 3.4.1 Previsão A previsão da receita é feita através de cálculos estimativos, uma vez que é impossível prever o valor exato da arrecadação do exercício seguinte. Com base nos índices de repasses estaduais e federais e com base no seu cadastro de contribuintes e outras metodologias próprias, é possível aos municípios estabelecerem estimativas muito próximas de arrecadação. A previsão consta da elaboração da lei Orçamentária Anual e é feita sempre no exercício anterior. 3.4.2 Lançamento O lançamento do tributo, conforme o CTN, constitui-se de “[...] atividade administrativa vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional”. Art. 142 Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo, tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. (CTN, 2007, p. 29) Pode-se entender de forma genérica o lançamento como o registro individual do débito de cada contribuinte com a individualização dos valores e identificação do contribuinte. 42 3.4.3 Arrecadação A arrecadação se dá efetivamente quando o contribuinte quita o seu débito junto ao Estado, seja junto à tesouraria do ente ou junto à rede bancária autorizada. 3.4.4 Recolhimento Embora semelhantes, esses dois processos nem sempre acontecem simultaneamente. Quando o pagamento é efetuado junto à tesouraria do ente federado, ocorre, nesse momento, também o recolhimento. Porém, quando o pagamento é feito junto a outro órgão arrecadador, como os bancos autorizados, por exemplo, o recolhimento só ocorre no momento em que esse efetuar o repasse ao tesouro público, o que com o atual sistema bancário geralmente costuma acontecer em até dois dias. 43 4 A FORMAÇÃO DA RECEITA MUNICIPAL 4.1 As Receitas Próprias As receitas que chegam aos cofres municipais e fazem frente às despesas de manutenção e aos investimentos peculiares de cada município percorrem vários caminhos e chegam todos ao mesmo destino. Na verdade, Receita Pública é como o governo chama aquele valor que nós, cidadãos, às vezes mesmo sem saber, repassamos ao governo. Ou seja, é a entrada no caixa do governo dos impostos, taxas e contribuições que se pagam, independentemente de este governo ser municipal, estadual ou federal. As receitas próprias, aquelas cuja obrigação de efetuar lançamento e providenciar a cobrança pertencem ao município, são o IPTU, o ITBI inter vivos, o ISS, as Taxas e a Contribuições de Melhoria4. Além dessas, estão as Receitas de Contribuições, como a Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública, as Receitas Patrimoniais e as Receitas de Serviços e Industriais, quando houver. Também é considerado como receita própria o Imposto de Renda retido na fonte, seja de pessoa física ou jurídica sem que haja desconto posterior de repasses federais5. Outra fonte de arrecadação própria é a Dívida Ativa, que nada mais é do que a cobrança pós-vencimento e conseqüente inscrição em dívida ativa da receitas próprias acima mencionadas. 4.1.1 Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU O Imposto Predial e Territorial Urbano, em muitos casos, geralmente para cidades turísticas, representa a Receita Própria de maior vulto do município. É responsabilidade do município manter atualizado o seu cadastro imobiliário e estabelecer as alíquotas do imposto, respeitando os critérios estabelecidos no CTN: 4 Conforme os artigos 145 e 156 da Constituição Federal. 5 Conforme art 76 § 1. do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. 44 Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município. § 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público: I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; II - abastecimento de água; III - sistema de esgotos sanitários; IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado. § 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior. Art. 33. A base do cálculo do imposto é o valor venal do imóvel. Parágrafo único. Na determinação da base de cálculo, não se considera o valor dos bens móveis mantidos, em caráter permanente ou temporário, no imóvel, para efeito de sua utilização, exploração, aformoseamento ou comodidade. Art. 34. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título. Com o advento da Emenda Constitucional 29/2000, foi possível aos municípios estabelecerem alíquotas progressivas em razão do valor do imóvel e alíquotas diferenciadas em razão da localização e da utilização desses. A Lei 10.257/2001, também conhecida como Estatuto da Cidade, veio para estipular critérios de utilização e melhor aproveitamento do solo urbano, além de estabelecer outras diretrizes de políticas urbanas que buscam um melhor planejamento urbano e conseqüente melhoria das estruturas através da adequação dos Planos Diretores municipais. Um cadastro atualizado representa um município com imposto mais justo e é um excelente indicador de controle interno. 45 4.1.2 Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis – ITBI O Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis será dividido entre estados e municípios de acordo com critérios predeterminados. O ITBI inter vivos é de competência do município e, quando se trata de causa mortis, será de competência dos estados. Conforme o CTN: Art. 35. O imposto, de competência dos Estados, sobre a transmissão de bens imóveis e de direitos a eles relativos tem como fato gerador: I - a transmissão, a qualquer título, da propriedade ou do domínio útil de bens imóveis por natureza ou por acessão física, como definidos na lei civil; II - a transmissão, a qualquer título, de direitos reais sobre imóveis, exceto os direitos reais de garantia; III - a cessão de direitos relativos às transmissões referidas nos incisos I e II. Parágrafo único. Nas transmissões causa mortis, ocorrem tantos fatos geradores distintos quantos sejam os herdeiros ou legatários. A Constituição Federal deixa mais clara a competência municipal. Asalíquotas que variam de acordo com o estabelecido no Código Tributário de cada município. Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I - propriedade predial e territorial urbana; II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição. Nesse sentido, pertence ao estado somente a receita proveniente da transmissão causa mortis, restando ao município estabelecer os critérios e alíquotas da transmissão inter vivos no Código Tributário Municipal. Esse imposto é cobrado no momento de se efetuar a transferência da propriedade de um imóvel urbano, uma vez que os Oficiais do Registro de Imóveis exigem o comprovante pago para procederem ao Registro de forma que não exige controle por parte do município além, naturalmente, de se manter atualizado o cadastro imobiliário, já que o valor 46 venal da planta de valores do município deve ser o valor de mercado dos imóveis, sob pena de o município perder arrecadação. 4.1.3 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS Dependendo da economia do município, pode ser esta a maior possibilidade de arrecadação própria municipal. Resta ao município manter uma estrutura de fiscalização condizente com o tamanho do seu cadastro fiscal para assegurar uma arrecadação satisfatória. Cada município estabelecerá as regras de cobrança do ISS no seu CTM, sempre respeitando a Lei Complementar 116/2003 que lista os tipos de serviços tributáveis hoje no Brasil, além de estabelecer os limites máximos e mínimos das alíquotas a serem aplicadas. Esse limite de alíquota veio para acabar com a guerra fiscal entre municípios que baixavam muito suas alíquotas para atraírem prestadores de serviços. Hoje a alíquota mínima permitida é de 2% e a máxima de 5% do valor do serviço prestado. 4.1.4 O Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF É o Imposto sobre a renda de qualquer natureza, incidente na fonte, de rendimentos pagos a qualquer título pelo Município, suas Autarquias, seus Fundos e Fundações. Por determinação constitucional, pertence ao Município, como receita própria, sem que esse valor tenha que ser abatido de algum outro repasse. 4.1.5 As Taxas As taxas municipais podem ser arrecadadas pelo Exercício do Poder de Polícia que, apesar do nome estranho, nada mais são do que taxas de fiscalização sobre obras, estabelecimentos comerciais e outras, e as taxas pela prestação de 47 serviços, como emissão de certidões ou outros documentos, além de outras taxas que variam de acordo com as peculiaridades de cada município. Cada município estabelecerá, na lei tributária própria, as taxas que poderá cobrar em razão dos serviços que presta à comunidade ou que simplesmente coloca à sua disposição. 4.1.6 A Contribuição de Melhoria Essa contribuição será cobrada sempre que o município realizar obra que venha a causar valorização do imóvel do contribuinte e deverá estar prevista em lei, conforme estabelece o CTN: Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos: I - publicação prévia dos seguintes elementos: a) memorial descritivo do projeto; b) orçamento do custo da obra; c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição; d) delimitação da zona beneficiada; e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior; III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial. § 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização. § 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo. 48 Para cada obra, será elaborado um edital em que será relacionado todo o valor, sua extensão detalhada, a lista dos contribuintes atingidos, os valores a serem cobrados, os prazos de início e término da obra, entre outros detalhes, bem como o prazo para a interposição de recursos, sempre de acordo com o Código Tributário Municipal de cada ente. O valor cobrado nunca poderá exceder o valor gasto pelo município para cada contribuinte. 4.1.7 A Dívida Ativa Assim que ocorrer o vencimento de qualquer dívida tributária, o município deverá proceder à inscrição do débito em Dívida Ativa. O prazo para essa inscrição deverá estar previsto no código tributário municipal. É muito comum os municípios realizarem a inscrição no encerramento do exercício. De qualquer forma deverá obedecer aos preceitos definidos em lei. Conforme o CTN: Art. 201. Constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição administrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo regular. Parágrafo único. A fluência de juros de mora não exclui, para os efeitos deste artigo, a liquidez do crédito. Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente, indicará obrigatoriamente: I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros; II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos; III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja fundado; IV - a data em que foi inscrita; V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito. Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro e da folha da inscrição. Bastante comum a interposição de recursos por parte de contribuintes executados judicialmente, contestando a inscrição em razão de falhas na Certidão de Dívida Ativa, que deve obedecer a todos os princípios legais, sob pena de nulidade. 49 Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior, ou o erro a eles relativo, são causas de nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão de primeira instância, mediante substituição da certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa, que somente poderá versar sobre a parte modificada. Art. 204. A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez e tem o efeito de prova pré-constituída. Parágrafo único. A presunção a que se refere este artigo é relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite. Com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal, a cobrança da Dívida Ativa, além dos demais tributos de sua competência, antes ignorada, tornou-se uma obrigação, e deixar de fazê-la traz sérias complicações ao administrador, conforme estabelece a LC 101/2000: Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestãofiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação. Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos. 4.1.8 Outras Receitas Municipais Além das Receitas Tributárias, cada município, de acordo com suas particularidades, tem outras receitas, geralmente de menor vulto. A Receita Patrimonial, por exemplo, pode exprimir um valor significativo, uma vez que a aplicação dos valores em conta bancária é obrigatória. Receitas agropecuárias, comerciais e industriais são menos comuns. Em municípios pequenos e voltados à agricultura, são comuns as Receitas de Serviços, geralmente pelo serviço de máquinas, usadas para abertura de açudes, aragem de terras e assemelhados. Também a venda de mudas, saibros e aterros entra nessa categoria. Dentre as Receitas de Contribuições, além da Contribuição para o Regime Próprio de 50 Previdência dos Servidores, existe hoje a Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública, considerada um tributo indireto que veio substituir a antiga taxa de iluminação pública, geralmente cobrada na própria fatura de energia elétrica. 4.2 Receitas Intra-orçamentárias 4.2.1 Receitas Correntes Intra-orçamentárias São receitas correntes de órgãos, fundos, autarquias, fundações, empresas estatais dependentes e outras entidades integrantes do orçamento fiscal e da Seguridade Social decorrentes do fornecimento de materiais, bens e serviços, recebimento de impostos, taxas e contribuições, além de outras operações, quando o fato que origina a receita decorrer de despesa de órgão, fundo, autarquia, fundações, empresas estatais dependentes ou outras entidades constantes desses orçamentos no âmbito da mesma esfera de governo. 4.2.2 Receitas de Capital Intra-orçamentárias São receitas de capital de órgãos, fundos, autarquias, fundações, empresas estatais dependentes e outras entidades integrantes do orçamento fiscal e da Seguridade Social, derivadas da obtenção de recursos mediante a constituição de dívida, amortização de empréstimo, financiamentos ou aplicação de componentes do ativo permanente, quando o fato que originou a receita decorrer de despesa de órgão, fundo, autarquia, fundações, empresas estatais dependentes ou outras entidades integrantes desses orçamentos no âmbito da mesma esfera de governo. 51 4.3 As Transferências da União Nesse item reside o sustento da maioria dos municípios brasileiros, quase a totalidade pode-se dizer. E se constitui também em ponto de discórdia entre municipalistas e federalistas. As transferências são efetuadas pelo Estado e pela União conforme determinação constitucional. Segundo a Constituição Federal, são os impostos da União: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros; II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III - renda e proventos de qualquer natureza; IV - produtos industrializados; V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI - propriedade territorial rural; VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. [...] Além desses, é de exclusividade da União instituir contribuições sociais sobre a intervenção no domínio econômico – CIDE, e de interesse de categorias profissionais. Também os empréstimos compulsórios são exclusividade sua. Além disso, cobra suas taxas e contribuições de melhoria da mesma forma que os outros entes federados. De sua arrecadação a União repassa ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal, ou FPE, 21,5 % da arrecadação do IR e do IPI. O FPE é rateado entre os 26 estados e o Distrito Federal. Aos municípios o repasse se dá na forma do FPM, ou seja, o Fundo de Participação dos Municípios, para os quais são repassados 23,5% do Imposto de Renda e do IPI arrecadados, sendo que destes, 1%6 são repassados no primeiro decênio do mês de dezembro de cada ano conforme pode ser analisado no quadro de número 04. 6Inserido pela Emenda Constitucional 55 de 2007. 52 QUADRO DE COMPOSIÇÃO DO FPM Denominação Participação Percentual Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza - IR Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal – FPE 21,5 21,5 Fundo de Participação dos Municípios - FPM 22,5 22,5 Fundo de Participação dos Municípios – FPM (1) 1,0 1,0 TOTAL 45,0 45,0 Quadro 04: Repasse do IR e IPI da União aos Estados, Distrito Federal e Municípios Fonte: Constituição Federal e Lei 7.827/89. Elaborado pela autora Esse montante é rateado com todos os 5.564 municípios do país através de critérios preestabelecidos que estipulam um coeficiente de repasse para cada ente federado, tendo como base a população de cada município e a sua renda per capita, que será fornecida pela Fundação Getulio Vargas. O número de habitantes é informado pelo IBGE e é publicado até o dia 31 de agosto de cada ano no Diário Oficial da União, porém os municípios que não concordarem terão vinte dias de prazo para apresentarem reclamações fundamentadas ao Instituto. Em 31 de outubro de cada ano, o IBGE repassa ao TCU o número das populações dos Estados e municípios. Essa população pode ser recenseada ou estimada. A partir desses dados, é calculado o coeficiente individual de cada município. O decreto-lei 1881, de 27 de agosto de 1981, estabelece uma tabela que separa os municípios em categorias e fornece o coeficiente de cada faixa. Além desses critérios, o montante é dividido entre as capitais (10%) e os municípios de interior (90%). Deste percentual destinado ao interior, uma parte (4%) constitui a chamada “Reserva” e é dividida exclusivamente entre aqueles municípios com população superior a 142.633 habitantes, conforme mostra o gráfico de número 01: 53 Distribuição do FPM por categoria 3,6 0% 86,40% 10 ,00 % Capitais Interior Reserva Gráfico 01: Distribuição do FPM Fonte: Elaborado pela autora De todas as transferências federais o Fundo de Participação dos Municípios - FPM é a mais significativa. Motivo de discussões entre federalistas e municipalistas, o FPM foi o responsável pela criação de centenas de novos municípios a partir da Constituição de 88. Muitos deles, segundo os federalistas, criados com a finalidade exclusiva de receber maior volume de transferências por conta do FPM, uma vez que o modelo de rateio do FPM toma por base faixas populacionais. Então, todo o município de até 16.980 habitantes tem coeficiente de 0,6 pelos primeiros 10.188 habitantes e 0,2 para cada 3.396 habitantes ou fração excedente. Sendo assim, por exemplo, se um município de 9.000 habitantes for desmembrado em dois municípios, esses dois municípios terão o mesmo coeficiente de 0,6 cada um e cada um deles receberá praticamente o que recebia o município-mãe anteriormente. A emenda constitucional 15/1996 estabeleceu então que lei complementar regulamentaria a criação de novos municípios, mas esta não foi promulgada até hoje, por isso cessaram as emancipações desde então. A despeito de tais questiúnculas, segue a explanação. A tabela 01 mostra os critérios de aplicação do coeficiente individual de participação dos municípios segundo a população. 54 Tabela 01: Coeficiente de distribuição do FPM Número de Habitantes Coeficiente Até 10.188 0,6 De 10.189 a 13.584 0,8 De 13.585 a 16.980 1,0 De 16.981 a 23.772 1,2 De 23.773 a 30.564 1,4 De 30.565 a 37.356 1,6 De 37.357 a 44.148 1,8 De 44.149 a 50.940 2,0 De 50.941 a 61.128 2,2 De 61.129 a 71.316 2,4 De 71.317 a 81.504 2,6 De 81.505 a 91.692 2,8 De 91.693 a 101.880 3,0 De 101.881 a 115.464 3,2 De 115.465 a 129.048 3,4 De 129.049 a 142.632 3,6 De 142.633 a 156.216 3,8 Acima de 156.216 4,0 Fonte: Decreto–lei 1881 de 27/08/81. Adaptado pela autora No exemplo da tabela 02,
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