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2.5 - Dream Dark - Dezesseis Luas - Kami Garcia e Margaret Stohl

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 Sinopse 
 
 
 
 
 Quando Link se juntou a seu melhor amigo, Ethan Wate, em uma jornada 
através de uma misteriosa rede de tuneis subterrâneos que cruzam 
infinitamente o Sul, ele sabia que a jornada seria perigosa. Mas voltando 
para casa em Gatlin, Carolina do Sul, foi apenas o começo... 
 
 Ferido durante uma batalha climática, Link descobre que cuidar de seus 
ferimentos não será tão simples quanto visitar um médico e que curar seu 
braço deve ser a menor de suas preocupações. Ser mordido por um 
sobrenatural faz mais do que machucar a pele – transforma uma pessoa, 
dentro e fora – e transforma Link em alguém cada vez mais parecido com a 
criatura obscura que o transformou. 
 
 Neste conto das autoras best-sellers do New York Times, Kami Garcia e 
Margaret Stohl, os leitores testemunham a transformação do coração de 
Link. Dream Dark se passa antes do tão esperado terceiro romance de 
 Beautiful Creatures, Dezoito Luas. 
 
 
 
 
 
 
 
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 Esta obra foi traduzida a partir de dois idiomas (inglês e espanhol) e pode ou 
não ser modificada (se) quando vier a ser publicada no Brasil. Assim, a venda deste 
e-book ou até mesmo sua troca é totalmente condenável. 
 Você pode ter em seus arquivos pessoais, mas pedimos POR FAVOR QUE NÃO 
HOSPEDE O LIVRO EM QUALQUER OUTRO LUGAR E NEM PUBLIQUEM EM 
QUALQUER LUGAR SEM O NOSSO CONSENTIMENTO. 
 A tradução é para uso particular sendo proibida a venda. Respondem os sites, 
blogs, fóruns, grupos e páginas no Facebook pela disponibilização da tradução 
ISENTANDO o M T.D. de TODA e QUALQUER responsabilidade perante a legislação 
brasileira. Caso queira ter o livro disponibilizado em arquivo público, pedimos que 
entre em contato: 
 
Mtraducoes@hotmail.com 
 
 Após a leitura pedimos que considere a compra do livro original. 
 ‘’POR QUE TODOS PODEMOS TER ACESSO A LITERATURA ESTRANGEIRA”. 
 
 
 
 
 
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 Capítulo 1 
 A História Que Ninguém Nunca Ouviu 
 
 
 Cidades pequenas são conhecidas por muitas coisas pequenas, mas também são 
conhecidas por algumas coisas grandes. Como histórias que começam tão 
pequenas quanto a própria cidade, até que as pessoas as desenvolvam. Você não 
pode contar mais histórias do que aqui em Gatlin. Talvez seja porque estamos tão 
perto de Charleston, lar de casas mais assombradas do que mal-assombradas – 
cada uma com uma história mais inacreditável do que a outra. Por que Gatlin 
deveria ser diferente? E por que demorei quase dezessete anos para descobrir 
isso? 
 Algumas das coisas que aconteceram comigo no último ano – coisas reais – 
eram tão grandes e tão impossíveis que pareciam mentiras. Eu descobri que a 
minha namorada era uma sobrenatural, uma Conjuradora, com uma maldição. 
Lena dividiu sua Décima Sétima Lua e reivindicou-se tanto para a Luz quanto 
para as Trevas. Eu me encontrei envolvido em uma batalha com criaturas 
sobrenaturais que poderiam rivalizar com as de qualquer quadrinho. E a cereja 
no topo do bolo era que Macon Ravenwood, que um dia já foi um Incubus, 
encontrou seu caminho de volta dos mortos. 
 Tudo isso foi antes do mês de julho. Quando voltamos para Gatlin após nossa 
terrível viagem à Grande Barreira, as histórias – as verdadeiras que deveriam ser 
mentiras – ficaram ainda maiores. Uma coisa fez, de qualquer maneira. Meu 
melhor amigo, Link. 
 Provavelmente, a maior coisa que aconteceu neste verão – além do calor que 
não parava de superaquecer e dos insetos arrepiantes que não paravam de 
rastejar – foi a introdução de um Linkubus no desavisado mundo de Gatlin. Era 
digno de toda a primeira página do The Stars and Stripes, a maior história que 
ninguém tinha ouvido falar. O que é uma coisa boa, eu acho. Porque, se alguém 
tivesse ouvido, a Sra. Lincoln teria que dar muitas explicações. Não era como se 
os batistas tivessem uma postura religiosa oficial sobre os Imortais – além do tipo 
celestial –, mas a palavra Incubus tinha algumas conotações menores do que 
6 
 
 
 
celestiais. Digamos apenas que não era exatamente algo que a mãe de Link 
estaria ansiosa para compartilhar com o reverendo quando chegasse a hora de dar 
seu testemunho na igreja. 
 Não teria sido muito melhor Linkubus. 
 O modo como Link me contou, parecia que a coisa toda caiu sobre sua cabeça do 
nada, como a bigorna que sempre cai no Coiote naqueles velhos desenhos 
animados do Papa-Léguas. Quando tentei salientar que ser mordido por um 
Incubus híbrido como John Breed deveria ter sido a primeira pista de Link sobre 
o que estava acontecendo, ele encolheu os ombros e disse: 
— Você não estava lá, cara. Um minuto eu estava sentado na frente de pãezinhos 
com molho branco da minha mãe, olhando metade de um porco para o meu 
segundo café da manhã e pensando no meu terceiro. No minuto seguinte, tudo 
mudou... 
 Ok, eu não estava lá. Mas do jeito que ele me contou, quase parecia que eu 
estava. Ainda assim, estou me adiantando. 
 Esta é a história do primeiro e único Linkubus de Gatlin. Você não vai ler sobre 
isso no The Stars and Stripes, e você não vai ouvir de ninguém além de mim. 
Lena disse que eu deveria escrevê-la, então aqui vai. Alguém deveria saber, 
algum dia. 
 É a história mais verdadeira da cidade. 
 
 
 
— Wesley Lincoln! Continue movendo esse garfo agora, meu jovem! Não me diga 
que esse pobre porco deu sua vida em vão! 
 Link estava sentado na frente de um prato carregado com bacon e pãezinhos com 
molho de sua mãe. Não havia nada diferente neste café da manhã, não da 
perspectiva do porco, de qualquer forma. Ou da Sra. Lincoln. A mesa estava 
coberta com os mesmos pãezinhos de aparência triste, o mesmo molho grosso e 
branco. E se Link tivesse sorte, provavelmente ainda havia alguma coisa no fundo 
do pote de geleia de damasco da Amma. 
 Só havia um problema. 
7 
 
 
 
 Pela primeira vez em toda sua vida, Link não estava com fome. Mas dizer isso à 
mãe dele era como tentar explicar que Batistas e Metodistas não são totalmente 
diferentes. Talvez você pode ser capaz de explicar isso, mas não para os Batistas 
ou Metodistas daqui. 
— Sim, senhora. — Então ele manteve a cabeça baixa, olhando para o mesmo café 
da manhã que tinha comido centenas de vezes antes, talvez até mil. O único que 
sempre gostou até esta manhã. 
— Eu ainda não vejo esse garfo se movendo. 
 Embora, o garfo da Sra. Lincoln estava operando na velocidade da luz. As mãos 
dela balançavam para frente e para trás sobre os pãezinhos como se ela estivesse 
tentando ser a capitã do clube de pratos limpos. 
— Não estou com fome, mãe. Achoque peguei algum vírus estomacal ou algo 
assim. — murmurou Link com a expressão mais patética que conseguiu. Era a 
mesma que ele fazia para os professores quando não queria terminar seus deveres 
de casa. Eles tinham visto ela tantas vezes que tinha parado de funcionar por 
volta da quinta série. Os olhos de sua mãe se estreitaram, o garfo pairando sobre 
o prato. 
— O único vírus que você já teve foi um caso ruim de piolhos por brincar com 
Jimmy Weeks, depois que eu lhe disse que ele não era o nosso tipo de pessoa. 
 Era verdade. Link nunca adoeceu, e sua mãe sabia disso melhor do que 
ninguém. 
— Se este é o seu jeito de dizer-me que você não se importa que eu cozinhei o meu 
molho para pãezinhos, então cozinhe seu próprio café da manhã a partir de agora. 
Você me ouviu, Wesley? 
— Sim, senhora. — Link pegou um pedaço com o braço bom – o que não estava em 
uma tipoia – mas não conseguiu comer. Ele olhou para o molho branco. Parecia 
muito inofensivo. Mas cheirava como uma mistura de alumínio velho, sujeira, 
manteiga velha e, pior de tudo, as unhas de sua mãe. Ele preferia comer os 
piolhos de Jimmy Weeks. 
— Martha, deixe o garoto em paz. Talvez ele realmente não esteja se sentindo 
bem — disse o pai de Link entre mordidas. 
 Grande erro. A Sra. Lincoln deixou cair o garfo na borda do prato de porcelana 
com um barulho. 
8 
 
 
 
— Desculpe-me? Você disse alguma coisa, Clayton? Porque eu pensei ter ouvido 
você prejudicando minha autoridade enquanto você está sentado aí comendo o 
café da manhã que eu cozinhei para você. 
 O pai de Link engoliu em seco. 
— Eu estava apenas dizendo... 
— Acho que seria melhor se você não dissesse nada — retrucou ela. 
 O Sr. Lincoln sabia quando não ia vencer uma briga. Ele tinha desistido e 
começou a agitar a bandeira branca para sua esposa assim que o filho nasceu. 
— Nem uma palavra — repetiu a Sra. Lincoln. 
— Espero poder fazer isso. — Suspirou o Sr. Lincoln para seu garfo. 
 A mãe de Link escolheu os pedaços mais crocantes de bacon da travessa e voltou 
sua atenção para Link, que estava empurrando a comida em volta do prato 
enquanto ela não estava olhando. 
— Agora que você mencionou isso, você tem agido de modo curioso desde que 
chegou em casa ontem à noite. 
 — Não, senhora. Não o fiz. 
— Você não fez o quê? 
— Mencionar. 
— Não seja atrevido comigo. Fui eu a única que disse que passar tempo com 
pessoas questionáveis só faz com que você tenha um grande ponto de interrogação 
ao lado do seu próprio nome. 
— Sim, senhora. — Link olhou para a pilha de lama negra. Sua mãe não era uma 
Amma na cozinha. Amma não se sentaria na frente de um prato de pãezinhos da 
Sra. Lincoln mais do que ela traria para casa pãezinhos comprados em lojas. 
— Eu não estou sempre dizendo isso, querido? — Ela se virou para o pai de Link, 
mas não deu a ele um segundo para responder. — Estou aqui dizendo a você, que 
não há pontos de interrogação ao lado do meu bom nome. Os Lincolns 
mantiveram o nome da família brilhando por estas partes durante gerações. 
 Link olhou para cima a tempo de ver o molho escorrendo pelo queixo da mãe. 
Seu estômago revirou. Ele empurrou a cadeira para trás da mesa e, em seguida, 
saiu correndo da sala e subiu as escadas. 
9 
 
 
 
— Wesley Lincoln! — gritou ela atrás dele. 
— Mãe, acho que vou... 
 O som seco dos passos flutuou pelas escadas. Os pais de Link se entreolharam. 
— Esse menino provavelmente pegou algum tipo de vírus desagradável — disse a 
Sra. Lincoln. — Vou falar com o Dr. Asher e ver se ele pode atender o Wesley 
hoje. 
 O Sr. Lincoln largou o garfo, hesitando. Suponho que todo o lance de ser 
intimidado havia cobrado seu preço, e ele não resistiu. 
— Talvez tenha sido algo que ele comeu. 
 O olhar que sua mulher lhe atirou era tão carregado que poderia ter derrubado 
um bando de pombos de um cabo de energia. Sem dizer uma palavra, ela pegou 
todos os pratos que poderia retirar da mesa e levou-os para a pia. Tudo o que o Sr. 
Lincoln pode fazer foi segurar seu pãozinho meio comido. 
— Eu te digo uma coisa. As pessoas nesta casa deveriam começar a ouvir-me. Se 
Mary Beth Sutton tivesse me escutado quando eu disse a ela que o marido dela 
era tão louco quanto um lobo faminto em um galinheiro, ela não estaria na 
situação que está agora. Sissy Honeycutt me contou que ela ouviu de Loretta 
Snow que Mary Beth disse a ela que ele pegou a picape de seu filho Waylon e 
dirigiu até o destino de Memphis. E ele mal tinha acabado de colocar pneus novos. 
 A mãe de Link continuou falando o mais rápido que pôde. Ela teve que fazer. 
Caso contrário, ela teria que pensar sobre o fato de que ou algo estava errado com 
seu único filho ou algo estava errado com sua única receita de pãezinhos ao 
molho. 
 Seria difícil para ela decidir qual era pior. 
 
 
 
 
 
 
 
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 Capítulo 2 
 Os Pássaros, As Abelhas & Mötley Crüe 
 
 
 No quarto de Link, tudo estava errado. 
 Quero dizer, ele sempre pareceu errado já que a mãe dele não o deixou mudar 
nada desde a terceira série. Ela disse que o papel de parede tinha pelo menos dez 
anos de bom tempo, e todo bom batista sabe que a vaidade é coisa do diabo, de 
qualquer maneira. As bordas de Guerra nas Estrelas ao redor de seu teto ainda 
estavam lá, Darth Vader descascando nas bordas, logo acima da cruz com a arca 
de Noé e os animais marchando em direção a ela. Seus troféus de basquete, desde 
o jardim de infância, estavam alinhados acima de suas fitas do Dia de Campo. 
 E no caso de haver alguma dúvida, um cartaz do acampamento da igreja dizia: 
DEUS QUER VOCÊ! Só que Link tinha mudado YOU para YOUTUBE com lápis, 
leve o suficiente para que sua mãe não pudesse enxergar caso ela não estivesse 
usando seus bons óculos de leitura, os que ela guarda para os pacotes 
embrulhados em papel pardo que Marian enviou da biblioteca. 
 Link gostava de esconder os óculos porque disse que isso tornava sua vida muito 
mais fácil se a mãe só pudesse ver metade do que ele fazia. Desde que eu tinha 
entregue alguns desses pacotes com Liv, e sabia que a Sra. Lincoln estava lendo 
romances, eu esperava que ela nunca encontrasse seus óculos. E isso da mulher 
que nos fazia desligar a TV se os animais ficassem muito brincalhões no 
Discovery Channel. 
 Os CDs de Link estavam em uma caixa embaixo da cama, ao lado de sua coleção 
de quadrinhos e de algumas edições antigas da revista Hot Rod. Mas hoje à noite 
até mesmo seu quadrinho favorito, Batman: O Cavaleiro das Trevas, e seu CD 
favorito, The Best of Heavy Metal Power Ballads, não conseguiam distrair o cara 
mais distraído da cidade. 
 
 
11 
 
 
 
 Tudo o que ele conseguia pensar era no molho de sua mãe e em como ele 
cheirava a um animal morto em seu prato. Era hora de sacar a artilharia pesada. 
A única garota que poderia manter sua mente longe de qualquer coisa, exceto dela 
mesma. 
 Ridley. Seu cabelo loiro com uma faixa cor-de-rosa chiclete estilo menina má com 
um coração de ouro. Ou, pelo menos, placa de ouro. Não que Link quisesse de 
outra maneira. Aos seus olhos – e aos dela – ela era perfeita. 
 Ele pensou na Invocação de Lena, que ele havia começado a chamar de Noite 
Infernal. Parecia que alguém rasgara um buraco através dele quando Ridley 
desapareceu e ele pensou que ela estava morta. E então, como se alguém tivesse 
passado uma fita adesiva para concertá-lo, ele se fechou novamente quando a viu 
viva poucos minutos depois. Ela pulou em seus braços e o abraçou como se fosse 
uma garota normal – por cerca de dois minutos. Aqueles foram dois minutos 
incríveis, os dois melhores minutos de sua vida. 
 Mas em pé na frente do espelho do banheiro agora, Link sabia que algo estava 
diferente. Ele simplesmente não conseguia saber o quê.Seu cabelo loiro espetado 
ainda estava espetado, seu sorriso torto permaneceu torto, seus olhos azuis ainda 
azuis. Mas eles pareciam mais escuros de alguma forma. Talvez sua mãe tivesse 
trocado de lâmpada outra vez, para economizar energia, ou as baleias, ou seja lá o 
que suas amigas da Filhas da Revolução Americana tivessem decidido que iriam 
salvar esta semana. Normalmente sua alma. 
 Quanto mais Link se olhava no espelho, procurando por todas as coisas que 
estavam erradas com ele, mas notava as coisas que estavam diferentes. Talvez até 
mesmo certas. Parecia impossível, mas pelo que ele podia ver no espelho, o rosto 
de bebê que as meninas zombavam tinha quase desaparecido, substituído pelo 
tipo de queixo que poderia receber um sério soco. Ele sentia como se sua pele 
tivesse sido esticada sobre o rosto de outra pessoa – um cara que era mais velho, 
mais bonito e maior. Porque ele estava definitivamente maior. 
 Tentou ficar em pé ereto, mas ele tinha sido curvado por tanto tempo que seu 
corpo quase não conseguia se lembrar como fazer. Ele cresceu pelo menos uma 
polegada em cerca de duas horas. Isso era possível? Link não tinha certeza, mas 
sabia que, quando tentou dormir na noite anterior, sentiu seus ossos estalando e 
gemendo, como se estivessem literalmente se estendendo sob sua pele. E sua pele 
formigava, suas terminações nervosas estavam mais sensíveis do que quando ele 
 
12 
 
 
 
esfolou os joelhos fazendo break dance no asfalto. Então havia o braço dele – a dor 
que parecia ter desaparecido da noite para o dia. 
 Link estava com boa aparência hoje, o caminho da morte, vômito, e tudo isso. A 
altura extra valia um pequeno alongamento, ou o que quer que estivesse 
acontecendo. Especialmente desde que não estava apenas começando. Ele sentiu 
como se estivesse ficando mais forte também. Ele olhou para a porta, depois 
flexionou os bíceps no espelho. Sim, ele tinha alguns núcleos duros. 
— Não me faça soltar esses filhotes — disse ele à sua imagem no espelho. 
 Era como Invasão dos Ladrões de Corpos. Ele se sentia como ele mesmo. Ele 
ainda agitava como Black Sabbath e Led Zeppelin. Ainda não conseguia parar de 
pensar em Ridley e se tornar um famoso baterista. Mas o corpo em que ele estava 
não parecia seu corpo. Parecia emprestado – ou roubado. Tão louco quanto isso 
parecia. 
 Link jogou um pouco de água no rosto com as mãos. Ele ia dar uma chance a 
Power Ballads. Pegou seu iPod e se jogou na cama. Quando suas costas bateram 
no colchão, ele ouviu o estalo afiado de madeira se estilhaçando debaixo dele – e 
metade de sua cama caiu no chão. Seu coração acelerou, ele ouviu a música 
"Home Sweet Home" de Mötley Crüe, ouvindo as palavras que ouvira centenas de 
vezes antes, esperando que elas abafassem a voz de sua mãe gritando no andar de 
baixo. 
 O xixi estava morno e amarelo e, bem, era xixi. Algumas horas depois, Link 
estava olhando para um recipiente, como se ele pudesse explicar tudo. Ele tinha 
certeza de que não podia, mas pelo menos esperava que a mãe o deixasse em paz. 
Ela estava convencida de que suas mudanças físicas repentinas eram resultado de 
esteroides. Link sacudiu a cabeça. 
— Meio como Mountain Dew pela manhã, depois que você me deixa ficar na sua 
cama a noite toda. 
 Como não sabia o que fazer com seu novo físico mais do que com o resto das 
coisas que estavam acontecendo com ele, Link desistiu e apertou a tampa do 
recipiente. Ele escreveu seu nome no adesivo exatamente onde a enfermeira, 
Wanda Beezer, disse para fazer. Ele ainda não tinha visto o Dr. Asher, mas Link 
sabia por que ele estava lá. Sua mãe deixara isso claro e não tinha nada a ver com 
a tipoia em seu braço. 
 
13 
 
 
 
 Não havia de maneira nenhuma no mundo que você poderia dispensar a comida 
de sua mãe e vomitar dois minutos depois, sem acabar no consultório médico. 
Não, a menos que você tenha uma receita médica, desculpando-o de comer em 
primeiro lugar. 
 Se ela não tivesse servido o molho branco. Qualquer coisa menos aquilo. Talvez 
ele pudesse ter engolido as panquecas. Ele estremeceu com o pensamento e o 
cheiro. Talvez não. 
 O que havia de errado com ele? 
 Ele estava tentando convencer a mãe de que estava bem, mas não tinha sido 
capaz de se convencer. 
 Talvez ela estivesse certa. Não sobre as drogas, mas talvez sobre o diabo. Ele 
não sabia o que estava acontecendo em sua cabeça – ou em seu corpo – mas nada 
disso era normal. Não que as coisas acontecendo na cabeça de Link fossem 
normais para começar. 
 Ainda assim, isso era anormalmente anormal. 
— Você está tomando drogas, Wesley? — Sua mãe exigiu quando entrou em seu 
quarto depois do almoço. — Você consumiu maconha? — do jeito que ela disse, 
você pensaria que ela estava propondo casamento a alguém. Marriage-you 
wanna? 1 
 Link não queria. Ele não queria nada. 
— Não, senhora. Quer checar minhas gavetas de novo? — Com essa seria a 
segunda vez naquele dia, mas valeu a pena tirá-la das costas. — Nenhuma revista 
suja. Sem filmes do Harry Potter. Eu juro. — Ela não achou a resposta dele 
engraçada. Ele só esperava que ela não encontrasse seus CDs do Iron Maiden. 
Isso seria pior que a maconha. 
 Ela colocou as mãos nos quadris, o que nunca foi um bom sinal. 
— Tudo o que sei é que você não está comendo, mas seu corpo está maior que o de 
Bobby Watkins. Então, se não é a maconha, você deve estar tomando esteroides 
como aqueles jogadores de futebol que estão sempre falando na TV. 
 
 
1 Aqui a mãe do Link pronunciou maconha erado fazendo soar Casamento-você-quer, e na hora de traduzir para português eu 
não soube como. 
14 
 
 
 
 Link deixou a cabeça cair contra a parede, derrotado. 
— Mãe, eu não sou um jogador de futebol da NFL, e não estou tomando 
esteroides. 
 Seus olhos se estreitaram. 
— Nós veremos. — Agora ela estava sempre em torno. Alguém estava batendo na 
porta do banheiro. 
 — Wesley Lincoln, você está bem aí? Precisa de ajuda? 
— Me dê um minuto, mãe. Não é como se eu pudesse apertar um botão. 
— Não seja insolente, Wesley. — Ela estava batendo na porta novamente, e ele 
sabia que ia ter que sair e enfrentá-la. Cinco minutos sozinho no banheiro foi a 
maior liberdade que ele podia esperar neste dia. 
 Um café da manhã deixado no prato e um pouco de náuseas. E você poderia 
pensar que ele atirou em um cara. 
 Link abriu a porta. Sua mãe estava ali, entre o Dr. Asher e Wanda Beezer, todos 
parecendo impacientes. Nossa, não havia mais ninguém doente nesta cidade? 
— Vamos, filho. Sua mãe acha que deveríamos conversar um pouco. E vou dar 
uma olhada em seu braço. — O Dr. Asher deu um tapinha no ombro de Link. 
Wanda tossiu e estendeu a mão enluvada. 
— Estou esperando. — Link entregou-lhe o quente recipiente amarelo. 
 
 
 
 O Dr. Asher olhou para Link do outro lado da mesa. 
— Você vê, filho, às vezes, quando um menino e uma menina – um homem e uma 
mulher – realmente se amam... 
— Você está brincando comigo, doutor? Eu acho que já tive essa conversa. — Não 
que alguém tivesse se incomodado em ter o trabalho de contar a ele, mas ele tinha 
aprendido todos os fatos da vida do jeito que Deus queria, espionando o vestiário 
das garotas perto do aquecimento da piscina no acampamento da igreja. 
 O Dr. Asher se recostou na cadeira. 
 
15 
 
 
 
— Não me interrompa. Como eu estava dizendo, às vezes, quando um homem ama 
verdadeiramente uma mulher, ele quer impressioná-la. Talvez desenvolver 
músculos maiores. Se mostrar um pouco. 
— Você está me perguntando alguma coisa, doutor? — Link sabia que sua mãe 
provavelmente já havia compartilhado sua teoria dos esteroides. 
 O Dr. Asher pegou uma caneta e o arquivo de Link da mesa. 
— Você tem se sentindo irritado? 
 Isso era sério? 
— Eu não sei. E quanto a você? 
— Wesley, issoé sério. O abuso de esteroides... 
 Link parou de ouvir e começou a se perguntar se o grave abuso de sua 
privacidade poderia aparecer no arquivo. Até que o doutor disse algo que o deteve. 
— Com todas as mudanças que sua mãe mencionou, depois de eu ter engessado 
seu braço, creio que vou procurar por marcas de perfuração. 
 Marcas de perfuração? Levou um segundo para ele juntar tudo. O Dr. estava 
falando sobre marcas de agulha, injeções de esteroides. Mas não era nesse tipo de 
perfuração em que Link estava pensando. 
 Ele congelou. E de repente, não estava mais no consultório médico. Ele estava de 
volta em uma caverna escura na Grande Barreira na noite anterior, durante a 
Invocação de Lena. A luta já havia começado e ele estava de pé entre Ridley e 
John Breed – que parecia um robô psicopata. Link não ia deixar John ferir Rid, 
não importa o quê. Mas, assim que Link planejou atacá-lo, o sujeito Viajou, 
desapareceu. Link examinou a caverna tentando descobrir onde John estava. 
 Um segundo depois, ele sabia. Link sentiu os dentes de John afundarem em seu 
pescoço. 
 Doeu como o inferno, e queimou como ele também. Ele pode ouvir Ridley 
gritando, seu cabelo rosa e loiro chicoteando no ar quando ela pulou em cima de 
John. Entre os dois, eles removeram John. Ou talvez ele tinha simplesmente 
soltado. Mas ele deixou algo para trás. 
 Duas marcas de mordida, em forma de presas. 
 
 
16 
 
 
 
 Link permaneceu sentado no escritório do doutor pelo resto da visita, mas ele 
não estava mais ouvindo. 
 Link não se assustava facilmente, mas naquela mesma noite ele subiu pela 
minha janela e nos contou tudo. Ele estava com medo, e Lena e Ridley tentaram 
explicar alguns dos fatos básicos da vida dos Incubus para ele, mesmo que elas 
não pudessem dizer tudo o que ele queria saber. 
 Mas eu conhecia alguém que podia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
 
 
 
 Capítulo 3 
 Seu Super-Herói Medíocre 
 
 
 Link não estava louco para voltar a andar pelos Túneis Conjuradores, mas ele 
tinha perguntas, e Macon Ravenwood era o único com as respostas. Então me 
ofereci para ir com ele. Levei uma hora para convencê-lo de que ele não iria 
explodir em chamas no segundo em que a luz do sol o atingisse. 
 Ridley teve um ataque quando descobriu e se recusou a nos deixar usar a porta 
do quarto para acessar os Túneis. Eu acho que foi difícil para ela ver Link se 
transformar em um sobrenatural enquanto ela estava presa como Mortal. Se 
alguém sabia como ela se sentia, esse era eu. Eu estava assistindo Lena se tornar 
mais e mais Conjuradora a cada dia que passava. Talvez Macon tivesse um 
panfleto em seu escritório: "Então você não tem poderes agora, mas você está 
namorando uma X-Men". 
 Link e eu acabamos circulando pelo terreno da feira novamente, vagando até 
encontrarmos a porta. 
— Sua namorada é uma verdadeira dor no rabo. — Estava tão quente que eu 
pensei que ia desmaiar. 
 Link não havia suado nem um pouco. 
— Ela diz que não é minha namorada, mas Rid só está se fazendo de difícil. — 
Link não soou como se ele se importasse com a referência da namorada. — Certo? 
 — Eu não sei. Talvez seja diferente com uma ex-Sirena. — Eu puxei a pesada 
porta de terra. 
— Cara, poderia ficar mais quente? — Minha camisa estava encharcada. 
 Link encolheu os ombros. 
 Eu acho que já está bastante quente. 
 
 
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— Você acha? — Nunca houve uma onda de calor como a deste tipo em Gatlin, 
pelo menos não na minha vida. As pessoas estavam vagando pela cidade 
derretendo como picolé de gelo ao sol. 
— Eu realmente não suo mais. Deve ser uma coisa de Incubus — disse Link, 
puxando a pesada porta externa com uma mão como se estivesse tirando a tampa 
de um Tupperware. Seu braço tinha curado a uma velocidade supersônica. — 
Muito legal, não é? Você quer ver de novo? 
 Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele deixou a porta bater na minha 
cara. Uma nuvem de poeira levantou-se do chão e eu tossi. 
— Obrigado, cara. 
— A qualquer hora. — Ele abriu a porta novamente. 
 Eu olhei para o abismo abaixo, parando por um segundo do jeito que eu sempre 
fazia quando encarava uma escada que eu não conseguia ver. Mas Link não 
hesitou. Ele pulou, aterrissando na metade do caminho. Normalmente era eu 
quem ia primeiro quando nos deparávamos com uma potencial e perigosa 
situação. 
 — Você vem, cara? — Link chamou da escuridão. 
— Estou bem atrás de você. — Quantas vezes isso aconteceu? O escritório de 
Macon ficava na base das escadas que levavam dos túneis ao seu antigo quarto 
em Ravenwood – o quarto que agora era de Ridley. 
— Tem certeza de que ele está legal com isso? — perguntou Link, estendendo a 
mão para bater na porta de carvalho esculpido. 
 Antes que eu pudesse responder, a porta se abriu e Macon estava nos olhando 
através dos olhos verdes de um Conjurador da Luz. 
— Eu não estou nada, Sr. Lincoln, e muito menos "legal", como vocês rapazes 
dizem. Particularmente considerando o estado do clima em nossa cidade nos dias 
de hoje. 
— Eu-u... quero dizer, obrigado por me convidar a vir aqui, senhor — Link 
gaguejou. — Essa coisa toda de Incubus meio que saiu de lugar nenhum e chutou 
minha bunda. Sem ofensa. 
 Macon descartou o comentário com um aceno de mão. 
 
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— Sem problema. No entanto, tenho certeza de que não preciso lembra-lo que o 
termo Incubus não se aplica mais ao meu estado atual. 
 Link enrugou a testa. 
— Senhor? 
— Eu não mordo, Sr. Lincoln. Não que eu já tivesse feito isso antes. 
 Macon abriu mais a porta e se afastou para nos deixar entrar. 
— Mas agora não está nem no reino das possibilidades. Por que você não entra, 
para que possamos ter certeza de que podemos dizer o mesmo sobre o senhor? 
 Link coçou a cabeça, e eu duvidei de que ele estivesse entendendo mais da 
metade das palavras que saíam da boca de Macon. Ia ser um longo dia. 
— Veja, Sr. Lincoln, chega um momento na vida de um jovem quando o corpo dele 
começa a mudar... 
 Macon continuou falando, e o rosto de Link ficou vermelho como beterraba. Acho 
que havia pássaros e abelhas no mundo Conjurador também. 
 Eu tinha certeza que ia ter que fazer um pouco de tradução, até que Macon 
finalmente desistiu e disse algo que Link entendeu perfeitamente. Algo que eu 
tinha certeza de que ele nunca ouvira alguém dizer a ele, pelo menos não de seus 
próprios pais. 
— Vamos nos sentar, Wesley. Você pode me perguntar qualquer coisa que queira 
saber. 
 Na segunda vez que Link foi ver Macon, ele não me pediu para ir com ele. Eu 
me senti culpado por isso, como se eu estivesse lá para ele de alguma maneira. 
Mas Lena e eu nos separamos de muitas maneiras, por tanto tempo, que 
tínhamos muito o que conversar. Quando Link me contou que levou Ridley com 
ele, imaginei que seu relacionamento acabaria por tomar seu rumo, mais cedo ou 
mais tarde. 
— Então eu não tenho que beber sangue? — Foi a mesma pergunta que Link 
havia feito a Lena na noite em que nos contou sobre a mordida, e a mesma que ele 
perguntou a Macon da última vez em que esteve lá. Link não parecia ter certeza 
suficiente sobre isso. 
 
 
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 — Ugh! — Ridley suspirou dramaticamente. — Não já conversamos sobre isso, 
Shrinky Dink? — Ela estava sentada ao lado de Link, lixando suas unhas 
pintadas de roxo. Parecia totalmente entediada, mas ela insistiu em ir junto. 
— Sinto muito, Sr. Ravenwood. Lena me contou algumas noções básicas, mas eu 
fiquei muito assustado naquela noite, e não me lembro muito. 
— Isso é absolutamente certo e completamente compreensível. — Macon serviu-se 
de um copo de chá doce. — E a resposta é não, Wesley. Você não precisa beber 
sangue. Posso perguntarse você experimentou algum dos outros desejos? 
 Link balançou a cabeça. 
— Não por sangue. 
 Ridley parou de lixar. 
— Você tem ansiado por qualquer outra coisa, filho? — perguntou Macon. Ridley 
examinou suas unhas tão de perto que você pensaria que ela era uma modelo de 
mão profissional. 
— Só o amor de uma mãe, — ela disse. — e um contrato de gravação. Duas coisas 
que ele nunca conseguirá. Certo, Shrinky Dink? — Ela fez um pequeno som no 
fundo da garganta que provavelmente era para ser uma risadinha, mas saiu mais 
como um grunhido. Não foi um bom som. 
— Ridley, deixe-o responder. 
 Link não tinha certeza se queria, ou até mesmo como responder a essa 
pergunta. 
— Eu não sei exatamente. — Ele hesitou. Isso ia soar estranho. — Às vezes eu 
tenho o desejo de... Eu realmente não sei como dizer isso. 
— Você pode falar livremente aqui, Wesley. 
 Link olhou para a porta como se estivesse com medo de sua mãe estar com o 
ouvido pressionado contra ela do outro lado. 
— De ver as pessoas dormindo. 
 Ridley abriu a boca e fechou-a novamente, finalmente sem palavras. Ela estava 
prestando atenção agora. 
 
 
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— Continue — encorajou Macon. — É natural agora que você é parte Incubus. 
Você não vai ter os mesmos desejos Mortais. Apenas seja sincero – não há 
resposta errada. 
 Não, a menos que ele tivesse pego uma página do livro de Hunting e estivesse 
bebendo o sangue das pessoas. 
 Ridley desviou o olhar. 
 Link passou a mão pelo cabelo espetado nervosamente. 
— Eu meio que quero... saber o que elas estão pensando. 
 Macon assentiu. 
— E você sabe por que isso acontece? 
 Link negou com a cabeça. 
— Porque eu estou louco? 
— É a necessidade de alimentar-se, Wesley — explicou Macon. — Você sempre se 
sentirá atraído pelos pensamentos e sonhos dos Mortais, porque é isso que 
sustenta um Incubus que não consome sangue. 
 Ridley endureceu quando seu tio disse "Mortais", como se ele estivesse falando 
sobre ela especificamente. 
— Então eu tenho que ler a mente das pessoas quando elas estiverem dormindo? 
— Link perguntou. 
 A cor sumiu do rosto de Ridley. Ela parecia completamente em pânico, como se 
de repente estivesse imaginando Link de pé sobre sua cama, lendo seus 
pensamentos. 
 Macon riu. Ele parecia estar aproveitando a chance de mostrar a alguém mais 
as coisas. 
— Algo parecido. Podemos discutir os detalhes quando você voltar amanhã. — 
Não era um pedido. 
— Eu tenho que me alimentar? — perguntou Link. 
 Macon considerou por um momento. 
— Não tenho certeza de quantas vezes você precisará se alimentar, considerando 
a natureza híbrida de John Breed. Vou pedir a Olivia para fazer algumas 
pesquisas sobre o assunto. 
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 Liv andava deprimida desde que voltamos da Grande Barreira, mas pelo que 
sabíamos, ela nunca esteve longe do lado de Macon. 
 O que, basicamente, garantiu uma vida inteira fora de vista, já que o pessoal de 
Gatlin pensava que Macon Ravenwood estava em um caixão de pinho, a dois 
metros de altura abaixo da terra, no Jardim da Paz Perpétua. 
 Macon parecia gostar desse jeito, considerando a pequena fortuna que ele 
gastou em seu próprio túmulo. A esse respeito, ele não era diferente do resto das 
pessoas de Gatlin. Não que Macon tivesse visto dessa maneira. Exceto que suas 
flores não eram de plástico, e sua lápide estava cercada por gardênias e 
hortênsias envasadas, em vez de cruzes que brilhavam no escuro. 
— Obrigado — Link disse grato. — Não quero morrer de fome ou algo assim. Eu 
definitivamente não posso mais comer nada da minha mãe. 
— Isso é lamentável. — Macon tomou um longo gole de seu chá doce. — A comida 
Mortal é certamente uma vantagem inesperada na minha transformação. 
— Você sabe, não sinto falta tanto assim do chá doce quanto sinto das tortas da 
Amma. 
 — Ah, sim. — Macon sorriu. — Ela me trouxe uma linda torta de limão esta 
semana. 
— Creme ou merengue? 
— Creme. — Merengue de limão era estritamente para o tio Abner e os Grandes. 
Os dois sorriram – Link com a lembrança de toda a torta de seu passado, e Macon 
ao pensar em toda a torta em seu futuro. 
— Chega de falar sobre torta. Volte para a parte sobre poderes — Ridley disse, 
aborrecida. — Falando de poderes, você não mencionou o seu, tio M. Que tipo de 
Conjurador é você, afinal? Não que nós, Mortais, tenhamos um motivo para nos 
importarmos com isso. 
— Acho que devemos nos concentrar em Wesley hoje. Macon esvaziou o copo, 
reenchendo-o imediatamente. — Há algumas vantagens em ser um Incubus, você 
sabe. 
— Como a super força? — Link estava ficando mais forte a cada dia. Naquela 
mesma manhã, ele levantou a velha cama quebrada do chão com uma mão 
enquanto tentava tirar alguns CDs contrabandeados com a outra. 
 
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— Entre outras coisas — respondeu Macon. — Você é um sobrenatural agora, 
Wesley. Seus dias como Mortal acabaram. E você tem poderes que excedem em 
muito a força superior. 
 Ridley levantou-se e caminhou até a lareira, desembrulhando um chiclete. Não 
era o chiclete magico que poderia paralisar e afastar Hunting e sua Gangue do 
Sangue. Era apenas um chiclete normal, Mortal. 
 Link se inclinou para a frente em sua cadeira, apoiando os cotovelos na mesa. 
Esta era a parte em que ele estava realmente interessado. 
— Que tipo de poderes? Posso dobrar metal? — Alguém poderia ter dito a você 
que essa seria sua próxima pergunta. No livro de Link, valeria a pena ser parte 
Incubus se isso o transformasse em Magneto. 
— Receio que não — disse Macon. — Mas se serve de consolo, você pode dobrar o 
espaço, de certa forma. 
— Huh? 
— Hello? Ele está falando sobre Viajar. — A voz de Ridley soou longe. 
— Precisamente. Você pode se desmaterializar agora — explicou Macon. — Pode 
ser muito útil às vezes. 
 Link parecia cético. 
— Sim. Isso parece meio avançado, Sr. Ravenwood. Talvez devêssemos deixar isso 
para mais tarde. 
 Eles ainda estavam conversando quando Ridley saiu pela porta. Nenhum deles 
notou. E desta vez, eles não estavam nem falando de torta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Capitulo 4 
 Feridas Mortais 
 
 
 Link subiu as escadas que levavam dos Túneis para a mansão Ravenwood. 
 Onde diabos Rid foi? Um segundo ela estava mastigando seu chiclete junto à 
lareira, e no seguinte ela se foi. 
 Ele estendeu a mão e empurrou o alçapão que convenientemente se abria para o 
quarto de Ridley. O tapete rosa difuso era pesado, mas Link conseguiu abriu a 
porta com apenas uma mão. No segundo em que ele abriu a porta, o túnel foi 
inundado com uma luz brilhante. Link cobriu os olhos com a mão livre. 
— Eita, o que você está fazendo aí, Rid? 
— Não se aproxime de mim assim! — Uma porta bateu, e a luz diminuiu de 
repente, como se ela tivesse desligado um interruptor. — Você quase me deu um 
ataque cardíaco. 
 Link estava apenas a meio caminho do túnel quando viu Ridley sentada no 
chão, com as costas contra a porta do armário. Ela parecia tão inocente quanto 
um gato com a boca cheia de penas, mas quando ele olhou ao redor da sala, não 
havia nada acontecendo. 
 Ainda assim. Essa era Rid, então ele deu outra olhada. Nada. 
— Por que você saiu? — Link saiu do túnel, deixando o alçapão se fechar atrás 
dele. Ele sentou-se na frente dela. 
— Você realmente acha que eu quero me sentar e ouvir você e meu tio falar sobre 
todos os seus poderes mágicos estúpidos? — Ela tirou os sapatos e começou a 
esfregar seus dedos rosa e roxos. 
 Link estava confuso. Então, novamente, Ridley era tão confusa quanto uma 
garota poderia ser. 
 
 
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— Foi você quem disse que queria vir comigo. 
 Ela girou o cabelo, um antigo hábito de Sirena que ela provavelmente nunca 
seria capaz de largar.Havia algo de triste nisso, como vê-la desembrulhar seus 
pirulitos. 
— Eu sou Mortal agora, Shrinky Dink. Você não precisa mais de mim. 
 Ela se levantou e ele sabia que ela estava planejando uma fuga rápida. Link 
agarrou seu braço antes que ela tivesse a chance de correr. 
— Eu sempre preciso de você, Rid. 
 Ridley mordeu o lábio inferior. 
— Por quanto tempo? 
— Do que você está falando? — Link honestamente não tinha ideia. As garotas 
eram como alienígenas e, no que lhe dizia respeito, Ridley era a rainha delas. — 
Apenas me diga o que está errado. 
— Isto. Nós. — Ela apontou para o espaço vazio entre eles. — Não vai funcionar. 
Nós dois sabemos disso, então vamos apenas deixa-lo enquanto podemos. 
 Link sentiu o pânico crescer em seu peito. Ela ia fugir, do jeito que sempre fazia 
quando ele achava que eles estavam finalmente começando a se aproximar. 
— O que você quer dizer, Rid? Você é minha garota. 
 Ridley balançou a cabeça. 
— Você não entende? Esse é o problema. Eu sou uma garota, uma de muitas, 
Mortal sem valor. Eu não sou mais uma sobrenatural. Eu sou uma super-nada. E 
você é um Incubus, que anda na luz do sol. 
— Um quarto Incubus. 
— Bem, eu sou cem por cento Mortal. Então, não temos nada em comum. 
 Link agarrou seus ombros. Ela fez uma careta, e ele tentou afrouxar seu aperto 
antes que acidentalmente quebrasse alguns ossos. 
— Nós nunca tivemos nada em comum, e você nunca se importou antes. Você era 
uma Sirena e eu era um cara normal. Você era uma Queimadura de Terceiro 
Grau e eu era legal uns Trinta Graus Abaixo. 
 
 
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— Eu odeio ter que dizer isso a você, mas você nunca foi tão legal assim. — Ridley 
sorriu para ele. 
— Então, por que é diferente agora? — Link se agarrou ao sorriso dela. Aqueles 
lábios com brilho labial, e o sorriso significava tanto para ele quanto qualquer 
coisa hoje em dia. 
 Ridley desviou o olhar. 
 Havia algo em dizer as palavras em voz alta que, no final, fez Link entender. 
— Oh, entendi. Quando você era uma Conjuradora, tudo bem. Mas agora que eu 
sou o sobrenatural, as coisas não vão dar certo. — Ele tirou as mãos dos ombros 
dela e as enfiou nos bolsos, desajeitado. — Porque eu sou apenas um caipira 
idiota, certo? 
 Ela olhou para o teto, concentrando-se em uma fina rachadura no gesso 
perfeitamente branco. Era engraçado como uma pequena rachadura poderia 
arruinar completamente algo perfeito. 
— Você é um caipira idiota, se é isso que você pensa. — Ridley hesitou. 
 Link se inclinou para frente, sua testa tocando a dela. 
— Pode um caipira idiota fazer isso? — Ele inclinou-se e a beijou o mais 
suavemente que pôde. 
— Sim. E isso. — Ela se empurrou contra ele e beijou Link o mais forte que pôde. 
Então ela se levantou do chão e saiu antes que ele pudesse dizer uma palavra. 
 Ainda assim, ele tinha quase certeza de que ela estava sorrindo. Link pegou um 
dos saltos altos de Ridley e olhou para ele. Normalmente, ele se perguntava como 
ela conseguia andar naquelas coisas, que era o mais próximo que Link chegou a 
contemplar a física. 
 Hoje, ele só conseguia pensar na caixa ao lado dos sapatos. Havia algo familiar 
nela, mas ele não conseguia lembrar por quê. Talvez ele realmente fosse um 
caipira idiota. 
 Se ele não estivesse olhando tão de perto a caixa de sapatos, ele poderia ter 
notado a luz ainda brilhando, brilhando como uma lanterna, através da 
rachadura sob a porta do armário. 
 
 
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 Quando Macon enviou a Link uma chave Conjuradora alguns dias depois, 
Ridley e Link estavam juntos novamente, como unha e carne. Eu me senti meio 
ciumento – não sobre Rid – mas sobre Macon. Sério. Quero dizer, eu salvei a vida 
de Macon e nem mesmo eu tenho uma chave Conjuradora para os Túneis. 
— Você não precisa esconder que é sobrenatural da sua mãe, que nem gosta de 
metodistas — Lena apontou. 
 Acho que ela tinha razão. 
 Link não precisou esperar muito para testar sua chave Conjuradora. Estávamos 
jogando na quadra da escola, no meio do calor escaldante, o asfalto estava 
praticamente se transformando em alcatrão, quando Boo apareceu com um 
pedaço de papel enrolado no pescoço. 
 
 Quatro horas, Sr. Lincoln. 
 O lugar de costume. 
 Nós temos coisas para discutir. 
 Não estava assinado, mas nós dois sabíamos de quem era. 
— O que eu sou agora, um espião? — Link amassou o papel e jogou-o na lata de 
lixo de metal verde. Eu meio que esperava que pegasse fogo quando atingisse o 
aro. 
— É suposto que Macon esteja morto — lembrei-o. 
 Link passou a bola de uma mão para outra. 
— Oh, certo. Acho que não é tão estranho, então. 
 Só que era, e nós dois sabíamos disso. Se ao menos soubéssemos o quão 
estranho era. 
 
 
 
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 Capitulo 5 
 Correio Prioritário 
 
 
 Três horas depois, Link bateu na porta de Macon nos Túneis. Ele se perguntou 
se a chave Conjuradora também teria funcionado nessa porta. Ele provavelmente 
nunca saberia, já que não havia de nenhuma maneira dele tentar. 
 Macon Ravenwood não era mais Incubus, mas ele ainda era um Conjurador 
muito durão. Mesmo ele não dizendo a eles o que podia fazer. 
 Link estava pensando sobre as possibilidades quando a porta se abriu. Macon 
Ravenwood estava segurando um copo de chá doce. Grande surpresa. Logo ele ia 
precisar de uma IV. 
— Sr. Lincoln, estou impressionado. Quatro horas em ponto. — Macon deu um 
passo para o lado para deixar Link entrar. — Eu acredito que a pontualidade é 
uma qualidade subestimada, pelo menos pelos seus contemporâneos. 
 Como de costume, Link não tinha ideia do que Macon estava dizendo. 
— Uh... ok, senhor. 
 — Por favor, sente-se. — Macon fez um gesto em direção ao par de poltronas no 
canto. — Peço desculpas pela natureza enigmática da minha mensagem, mas o 
assunto que precisamos discutir é de grande importância. 
— Senhor? — Link se deixou cair na cadeira, e a madeira gemeu. 
— Eu preciso de você para entregar uma mensagem urgente para mim, Wesley. 
— Macon olhou para a mesa polida entre as cadeiras. Um envelope creme estava 
deitado sobre ela. 
— Você quer que eu entregue uma carta? — O Sr. Eaton não podia fazer isso? Ele 
também entregava as correspondências dos Conjuradores. 
 Macon levantou o envelope e segurou-o entre os dedos. 
 
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— Esta não é apenas uma carta. O destinatário desta carta é um velho amigo 
meu, e essa correspondência deve chegar até ele. É uma questão de importância 
crítica, estou com medo. — Essa parte não foi surpreendente. Tudo parecia 
perigoso e importante se Macon estivesse envolvido. 
 Link coçou a cabeça. 
— Por que não entregar você mesmo, senhor? — Era uma pergunta válida. 
— O caminho é um pouco traiçoeiro para um Conjurador, que é o que sou hoje em 
dia. 
— Certo. — Link duvidou. Ele pode não ser a ferramenta mais afiada no galpão, 
mas até ele sabia que não havia muitas coisas que eram muito traiçoeiras para 
Macon Ravenwood. 
— Eu preciso de um Incubus para entregá-la, e minha irmã está indisposta. — 
Link tinha certeza de que Leah não deixaria Macon mandar nela e em seu 
gigante gato da montanha. Isso fazia muito sentido. Assim como a ideia de que 
Link era o lacaio nessa situação. 
 Link desistiu de tentar entender. 
— Onde você quer que eu entregue a carta? 
 Macon o entregou a Link. O papel era grosso e pesado e bem selado com cera. 
— Barbados. 
— Você quer dizer como a ilha? — Talvez houvesse uma cidade no norte chamada 
Barbados que Link não conhecia. Como o Cairo, no Mississippi. Era possível, atéonde ele sabia. Ele tinha falhado em geografia várias vezes. 
 Macon pareceu se divertir. 
— Precisamente, Sr. Lincoln. Embora, se você pegar os Túneis, provavelmente 
não verá o Caribe. Obidias mora muito longe da costa. 
 Obidias Trueblood. Era o nome inscrito na frente do envelope. 
— Você quer que eu ande até Barbados? 
— Você pode Viajar, se preferir. Obviamente, seria muito mais eficiente. 
 
 
 
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 Link não estava disposto a tentar se tele transportar para qualquer lugar. Tanto 
quanto ele sabia, era como pedir-lhe para pular de um avião. 
— Não, obrigado, senhor. Acho que vou andando, se você não se importa. 
 Macon assentiu. 
— Sem problema. Mas você tem que sair imediatamente. Eu não posso enfatizar a 
importância do conteúdo deste envelope o suficiente. 
 Link enfiou o envelope no bolso. 
— Como vou encontrar meu caminho para Barbados? 
 Link se perdeu dirigindo para Charleston uma vez. Outra vez, ele até tinha 
ligado e denunciado o roubo de seu carro quando esqueceu que o tinha 
estacionado no estacionamento do Pare & Roube. Fatty não o deixou viver sem 
isso por meses. 
 Macon acenou com a cabeça em direção à porta. Boo Radley estava sentado lá, 
esperando. Link quase podia jurar que Boo estava revirando os olhos quando ele 
se dirigiu para a porta. 
— Tudo bem. Vamos para Barbados, Boo. — O cachorro latiu. — Você entende? 
Dois Barbados? Barba dois? Depois disso, devemos marcar e ir para Barba três? 
— Boo choramingou e se virou para Macon, que balançou a cabeça. 
— Tenha cuidado, Sr. Lincoln. Nosso destino está em suas mãos. 
 Agora, esse era um pensamento assustador, até para Link. Os Túneis se 
contorciam e se curvavam diante dele, desaparecendo na escuridão, mas não era 
nada que Link não tivesse enfrentado antes. Poderia ser pior. Ele podia pensar 
em coisas mais perigosas do que os Túneis e o que quer que ele pudesse encontrar 
aqui – contanto que sua mãe permanecesse acima do solo. Sua mãe e talvez 
aquele recipiente de xixi amarelo. Link enfiou a mão no bolso de trás e tirou a 
tesoura de jardinagem, cortando o ar algumas vezes apenas no caso. 
 Ele estava criando o hábito de trazê-la sempre que visitava Macon nos Túneis. 
Ele se sentia muito melhor com uma tesoura de metal gigante em sua mão, fosse 
ela destinada a cortar roseiras ou a espinha dorsal de um feto de porco no 
laboratório de biologia da escola de verão – não que ele também tivesse feito isso. 
Não importava. No início deste verão, ele viu o que aquela tesoura podia fazer. O 
que foi bom, porque Link estava se movendo mais fundo nos túneis do que ele 
jamais fora antes. 
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 Ele passou por alguns lugares que pareciam familiares, mas sua memória nunca 
foi boa para começar – uma coisa que a mordida do Incubus não tinha melhorado. 
Ele reconheceu Exílio, o clube onde eles encontraram Ridley e Lena com John 
Breed e um monte de sobrenaturais das Trevas. 
 Link sabia que nunca mais queria ver aquele lugar. Felizmente, Boo parecia 
saber o caminho. 
 O cão Conjurador seguia em frente, tomando cuidado com as patas acolchoadas, 
até se encontrarem na curva ainda mais escura. Quanto mais o cachorro 
caminhava, mais obscuros se tornavam os Túneis, e Link percebeu exatamente o 
quão bem ele podia ver no escuro agora. 
 Está quase acabando. Só um pouquinho mais e você pode entregar a carta e ir 
embora. 
 Link ficava repetindo as palavras silenciosamente, mas não tinha certeza se 
elas eram verdadeiras. Link podia ver um longo trecho de escuridão a frente, 
como um enorme túnel de metrô preto, exceto que sem os trilhos. Ele tentou se 
distrair assobiando uma das últimas e piores canções dos Holy Rolers. Mas as 
letras com as quais ele estava tentando se distrair – sobre uma linda ex-Sirena 
transformada em garota Mortal – não funcionavam mais. A ex-Sirena da música 
era sua garota, conectada a ele de maneiras que sua mente não conseguia nem 
começar a entender. 
 Ele ainda estava pensando em seu sorriso arrogante e no jeito que ela 
mastigava chiclete após chiclete do mesmo jeito que o velho Wallace Gunn fumava 
Lucky Strikes, quando ele sentiu o cheiro de algo estranho e nauseante. 
 Óleo de motor, ovos podres e cabelo queimado. Link respirou fundo de novo, 
engasgando com o fedor. 
 Ele olhou para a frente, mas o túnel estava seriamente escuro, mesmo para um 
quarto Incubus. E havia barulhos. Não o tipo inofensivo de barulho, como a sua 
casa se instalando à noite. Estes eram os verdadeiros sons de terror. 
 Respiração irregular e desigual. Algo afiado arrastando contra a pedra. Que 
diabos era aquilo? Boo parou de andar e rosnou, o pelo preto em pé ao longo de 
suas costas. Dois olhos amarelos estavam olhando para eles das profundezas do 
túnel. 
 
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 Link era esperto o suficiente para conhecer os olhos de um Conjurador da 
Trevas quando os viu. Especialmente depois de ter passado a maior parte do ano 
apaixonado por uma. Mas este não era Ridley. Tudo em que ele conseguia pensar 
era em Sarafine. Ele não tinha certeza se tinha bastante parte Incubus para 
enfrentar ela. Boo grunhiu novamente. A figura se aproximou. Não era Sarafine. 
 Ele podia ver agora, mas não tinha ideia de quem ou o que era. Quando os olhos 
de Link se fixaram na suave pele cinzenta, uma parte dele sabia que estava 
olhando para um homem, ou o que costumava ser um. Além da cor de pele não 
natural e de uma cabeça tão careca que parecia pertencer àquelas fotos 
alienígenas, os traços faciais eram completamente humanos. Exceto pelos 
enormes olhos amarelos – enlouquecidos e primitivos – como de um animal 
raivoso. 
 Estava observando-o, com os olhos arregalados de antecipação, enquanto os de 
Link se alargavam de medo. A figura saiu da boca negra do túnel, onde havia 
parado, e por um segundo Link teve certeza de que era um homem. 
 Ele usava calças pretas surradas que eram muito curtas, como se ele as tivesse 
superado há muito tempo e nada mais. Sem camisa e descalço, seu corpo era o 
mesmo tom enjoativo de preto machucado que seu rosto. 
 Mas era aí que as semelhanças físicas entre essa coisa e um homem 
terminavam. Ao estender a mão, aproximando-se dele, Link viu uma camada de 
pele que se estendia do fundo do braço até a cintura da criatura, como uma asa 
deformada. Parecia algo saído de um dos gibis de Link, mas ele não conseguia 
virar a página e fazê-la desaparecer. Ele saltou para trás, batendo na parede ao 
lado dele. Ele sentiu o cheiro do sangue enquanto corria por seu braço. 
 A cabeça da criatura se aproximou. 
— Para onde o garoto está indo? 
 Um arrepio correu pela parte de trás do pescoço de Link. A voz tinha uma 
qualidade arrepiante que era sempre um sinal de que alguém estava a caminho 
de uma furada nos filmes. Parecia que a coisa estava falando com alguém ao lado 
dele, mas não havia ninguém lá. Pelo menos Link esperava que sim. 
— Eu-eu só estava andando, cara. Eu e meu cachorro — gaguejou Link. — 
Desculpe incomodá-lo. 
 
 
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— O menino se afasta de casa, e o que ele vê? — A voz subiu e caiu em um ritmo 
cante de uma canção de ninar aterrorizante e distorcida. 
 Link não estava planejando ficar por perto e descobrir. Ele começou a recuar, e 
a criatura estendeu os dedos quebrados e curvados, expondo as camadas de pele 
escura em forma de asa que se estendia de seu corpo. 
 Ele mostrou os dentes em um sorriso demente enquanto cantava a rima 
perturbadora. 
— O monstro no espelho esperando para me matar... 
 Por um segundo, a coisa o encarou como se tivesse apresentado um enigma para 
Link resolver e esperava por uma resposta. Link não tinha uma. 
 O sorriso se transformou em um sorriso de escárnio e, sem aviso, a coisa se 
lançou sobre ele. Boo avançou, mas a criatura pegou o cachorro no ar quando ele 
pulou, derrubando-o contra a paredede pedra exposta. Boo gritou, e Link sentiu 
suas mãos se fecharem em punhos. 
 Dedos preto-acinzentados alcançaram Link, e seu instinto assumiu. Ele deu um 
passo à frente e, em uma fração de segundo, sua mão estava ao redor da garganta 
da criatura. O movimento aconteceu tão rápido que surpreendeu a ambos, e Link 
quase esqueceu de apertar seu aperto. 
 A coisa atacou, agarrando Link. 
— O menino está muito longe de casa. — A voz estava tensa, um chiado mais do 
que qualquer outra coisa. Uma mão pegou um dos lados do rosto de Link, unhas 
quebradas afundando em sua pele. 
— Não me toque, mostro! — Link jogou a coisa mutante para trás, e ela voou pelo 
menos três metros, deslizando pela terra. Até então, Link não tinha percebido o 
quão forte era. 
 Ele observou a figura escura se levantar. Um sorriso se espalhou pelo rosto de 
Link. Essa coisa não era a única criatura no jogo. Havia um Linkubus lá também. 
 Boo estava de pé de novo, espreitando pelo chão do túnel rosnando. Link 
estendeu a mão. Ele se perguntou se Macon estava olhando através dos olhos do 
cão Conjurador. 
— Não se preocupe, Boo. Eu tenho isso sob controle. 
 
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 Os olhos amarelos estavam fixos em Link, e ele viu como o homem-que-não-era-
homem avançou como se estivesse correndo em câmera lenta. Link puxou a 
tesoura de jardinagem do cós da calça e esperou. A criatura saltou, jogando-se em 
cima de Link. Ele sentiu a lâmina fazendo contato e viu os olhos da criatura se 
arregalarem. Ela caiu para trás, batendo no chão com força. Não estava se 
movendo, mas seu peito ainda estava subindo e descendo, entretanto. 
 Link correu, com Boo Radley logo atrás dele. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Capitulo 6 
 Apocalipse 
 
 
 Link não parou de correr até chegar ao fim do túnel escuro. Mas mesmo quando 
desacelerou, sua mente ainda estava correndo. 
 O que ele fez? Não era como se ele tivesse tido uma escolha – aquela coisa 
poderia tê-lo matado. O que era aquilo? Macon sabia que estava lá embaixo? 
 Quanto mais Link andava, mais perguntas ele tinha. Seu coração não parou de 
bater até Boo parar na frente de um Portal. Mesmo assim, ele ainda não se sentia 
bem – não que ele tenha sentido isso ultimamente. 
 Era isso que significava ter superpoderes? Era uma vantagem injusta em uma 
briga? Contava se você estivesse lutando contra algum tipo de monstro? 
 Quando Link saiu do Portal e viu a casa, ele esqueceu todo o resto. Macon disse 
que a casa era no interior, mas ele devia estar brincando. 
 A casa de Obidias Trueblood era prática esculpida na beira de um penhasco. A 
madeira cinzenta entortada misturava-se à pedra que a rodeava e pendia 
perigosamente perto das ondas que batiam na rocha abaixo. Link tinha certeza de 
que, se uma dessas ondas fosse grande o suficiente, todo o lugar desabaria no mar. 
 Quem diabos viveria aqui? 
 Boo latiu como se estivesse oferecendo uma resposta, mas Link já sabia a 
resposta. Um amigo maluco de Macon Ravenwood, é quem vive aqui. Link deu a 
volta pelas rochas até chegar à parte da casa voltada para a terra, onde viu duas 
janelas tortas e uma porta que perdera a tinta para o ar salgado há muito tempo. 
Havia um anel redondo de ferro no centro da madeira apodrecida. 
 Link olhou para Boo, que o observava com expectativa. 
— Talvez ninguém esteja em casa. — O cão Conjurador não pareceu convencido. 
— Ok, eu bato na porta. 
 
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 O anel atingiu a porta, e lentamente ela se abriu. 
— Olá? — chamou Link . 
 Ninguém estava lá. Link olhou para a fechadura. Estava aberta. Ele entrou 
timidamente. 
— Olá? Tem alguém em casa? 
 Por dentro, o lugar era como uma biblioteca. Havia livros empilhados por toda 
parte e, com exceção de algumas cadeiras junto à lareira e uma mesa de madeira, 
não havia móveis. Apenas livros e revistas do chão ao teto, e mapas colados nos 
espaços vazios nas paredes. A cozinha estava de um lado, com uma enorme janela 
que dava para a água. 
 Alguém tinha que estar lá. A lareira estava acessa. 
— Sr. Trueblood? — Link gritou sobre o som das ondas batendo contra as rochas 
do lado de fora. — Macon Ravenwood me enviou. Ele tem uma mensagem para 
você. 
 Boo fungou ao redor da sala, parando em um longo corredor. Mais mapas foram 
presos nas paredes dali. 
 — Você sentiu isso, Boo? — Os sentidos de Linkubus eram afiados também. Ele 
inalou profundamente – tabaco de cachimbo. Link seguiu a combinação de alcaçuz 
e carvalho até chegar ao fim do corredor, onde uma porta estava rachada o 
suficiente para deixar escapar uma fatia da luz da lua. Havia vozes – não, uma voz 
– seguida por um gemido baixo. 
 Um novo cheiro inundou os sentidos aguçados de Link – algo mais familiar. Cobre 
e sal. Sangue. Ele se concentrou no espaço fino entre a porta e o quadro. Havia 
alguém na sala, embalando um homem velho em seus braços. Sangue se infiltrava 
no chão. 
 Link reconheceria de quem era aquela jaqueta de couro e o cabelo preto liso em 
qualquer lugar. Era Hunting Ravenwood. E o Incubus de Sangue não estava 
apoiando o homem ferido. Ele estava se alimentando. 
— Hunting! — Link gritou antes que pudesse se impedir. Ele não tinha certeza do 
que planejava fazer, mas ia fazer alguma coisa. Link irrompeu pela porta, 
brandindo a tesoura da mesma maneira que Hunting lhe lançou um sorriso 
sangrento e satisfeito. 
 
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— Você está um pouco atrasado, garoto. — Ele deixou cair o corpo flácido. — Eu 
também ia matar você, mas não me importo mais. 
 Link ouviu o som de rasgo. Hunting se foi antes de Link conseguir atravessar a 
sala. O homem – cerca de vinte anos mais velho que Macon, a julgar pela barba 
branca – estava deitado no centro da sala, onde Hunting o deixara cair. 
 A lua brilhava através da janela, lançando uma luz pálida e misteriosa em suas 
feições. Sua camisa branca estava manchada de sangue. 
 Boo latiu, e o homem se mexeu, inclinando a cabeça para o lado. Seus olhos 
eram dourados. Obidias era um Conjurador das Trevas. 
 Link caiu de joelhos ao lado do homem ferido e percebeu por que Boo estava 
latindo. A mão de Obidias estava sobre seu peito, mas não era uma mão. 
 Quando Link se aproximou, as cabeças de cinco serpentes negras do comprimento 
de dedos humanos sibilaram e atingiram o ar. As cobras estavam presas ao pulso 
do velho, onde sua mão deveria estar. 
— Puta merda! — Link pulou para trás. 
— Não se preocupe — disse o homem, com a voz tensa. — Elas só gostam de me 
machucar. 
 Link recuperou a compostura. Ele poderia lidar com algumas cobras. Mas esse 
cara estava numa péssima situação. 
— Sr. Trueblood? O que aconteceu? 
 O homem tossiu. 
— Abraham Ravenwood me enviou uma visita. 
 A pele de Link se arrepiou ao som do nome de Abraham. 
— Mas por que? Você é um Conjurador das Trevas, quero dizer, você é um deles. 
Obidias tossiu, tentando recuperar o fôlego. 
— Eu não sou um deles. 
— Eu não entendo... 
— Não há tempo para explicar. Macon precisa saber o que Abraham estava 
tentando confirmar... — Obidias mal conseguia respirar. Ele não ia aguentar. 
 Link tirou o moletom preto AC/DC e o empurrou para baixo da cabeça do velho. 
 Com a mão boa, Obidias agarrou o braço de Link e puxou-o para mais perto. 
— Eu sei o que está vindo – as consequências. A Ordem está quebrada. — Obidias 
fechou os olhos e os abriu novamente devagar. Ele estava falando sobre a Ordem 
das Coisas que foi quebrada na noite da Decima Sétima Lua de Lena. 
 
 
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— O que vai acontecer, senhor? — O que quer que fosse, talvez pudessem pará-lo 
se soubessem o que estavam enfrentando. 
— O apocalipse.O fim do mundo Mortal como o conhecemos... — Obidias estava 
desaparecendo. 
 — O que você quer dizer com apocalipse? Como na Bíblia? — Havia outro tipo? 
Link nem sabia. 
 Os olhos de Obidias estavam vidrados. 
— Pragas inimagináveis choverão no mundo Mortal até que não haja mais nada, e 
os Conjuradores estarão impotentes para impedir a destruição. 
— O que devemos fazer? 
— Há coisas quebradas demais para serem consertadas — ele disse, lutando para 
respirar. — Coisas que são inevitáveis. Diga a Macon que sinto muito. Por muitas 
coisas... 
 A cabeça do velho homem rolou para o lado, seus olhos ainda esbugalhados. As 
cobras pararam de sibilar e caíram contra seu peito. Ele estava morto. 
 Link agarrou seus ombros e o sacudiu gentilmente. 
— Sr. Trueblood! — Mas ele já tinha ido. 
 O fim do mundo Mortal. 
 As palavras repetiam-se repetidamente na cabeça de Link. Ele caminhou até o 
cinzeiro, onde um cachimbo ainda estava acesso, e golpeou as brasas dele. Obidias 
Trueblood não precisaria mais disso. Link puxou o envelope creme do bolso. Outra 
coisa que o Conjurador morto não ia precisar. Ele olhou para a letra de Macon 
rabiscada no envelope. A carta não era para Link. Ele sabia disso. Mas ele também 
sabia que o destinatário estava morto. Ele rasgou o envelope, cortando a borda do 
papel com um dedo. 
 Tirou um cartão de dentro, seu sangue manchando a frente. Ele olhou para ele 
por um longo tempo, suas mãos tremendo. O cartão estava completamente em 
branco. 
— De jeito nenhum. 
 Link olhou do cartão para o Conjurador das Trevas deitado morto ao lado dele. 
Não havia uma carta. Nunca houve. A mensagem era de Macon Ravenwood, mas 
não era para o cara morto. Era para Link – até ele sabia. Se fosse um teste, Link 
esperava que tivesse passado. Isso não acontecia com muita frequência, mas havia 
uma primeira vez para tudo. 
 Além disso, desta vez Link sabia que havia muito mais coisas em jogo do que a 
escola de verão. 
 Muito mais.

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