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Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo Unidade 1 Introdução à arquitetura e urbanismo Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria MIRELLA RAMALHO CAVALCANTE ALEXSANDRO PEREIRA AUTORIA Mirella Ramalho Cavalcante Sou formada em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas - UNIFACISA. Passei por escritórios de arquitetura e pela prefeitura de Campina Grande na Paraíba. Atualmente, atuo como profissional autônoma. A área de urbanismo e toda a sua história, desde o início, como também pelo meu desenvolvimento do trabalho de conclusão de curso, me fascinam até hoje. Gosto de incentivar as pessoas a olhar com mais delicadeza à arquitetura e todas as áreas que a mesma abrange. Alexsandro Pereira Sou Arquiteto e Urbanista graduado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2007) e Mestre pelo Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU) da Universidade Federal Fluminense (UFF) com enfoque na área de Habitação de Interesse Social. Membro do Corpo Docente do grupo ITEC, onde leciono para o Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade TECSOMA em diversas disciplinas ligadas a Projetos Arquitetônicos. ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Conceitos da arquitetura e do urbanismo ........................................ 10 Aplicações da arquitetura e do urbanismo .................................................................. 10 História e desenvolvimento da arquitetura e do urbanismo .... 17 Desenvolvimento da arquitetura .......................................................................................... 17 O urbanismo ........................................................................................................................................ 18 As cidades ........................................................................................................................................... 20 Teorias da arquitetura e do urbanismo ..............................................26 Modo artístico ....................................................................................................................................26 Fundamentos teóricos .................................................................................................................27 Visão Econômica - Social e Cultural da Arquitetura e do Urbanismo ......................................................................................................34 Relação entre arquitetura e urbanismo ..........................................................................34 Espaços públicos ............................................................................................................................35 Economia, socialização e cultura ........................................................................................37 7 UNIDADE 01 Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 8 INTRODUÇÃO Você sabia que a área da Arquitetura e Urbanismo é um componente da história do homem desde a antiguidade? A mesma tem relação desde a época em que os arquitetos empregavam matérias-primas ao dispor da natureza, fazendo surgir prédios, pontes, monumentos entre várias artes históricas marcadas pelo mundo. A área da arquitetura tem presença até os dias atuais, onde os homens desenvolvem sua criatividade e a partir dos erros e acertos, vão surgindo ideias inovadoras e conceituais que definem o espaço onde se vive. A partir de diversas técnicas a arquitetura vai se desenvolver pelo mundo e vão surgindo novos espaços e novos lugares. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar nesse universo! Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade I. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Definir e aplicar os conceitos da arquitetura e do urbanismo ao contexto histórico e atual das cidades e suas edificações. 2. Desenvolver uma visão crítica sobre a história e o desenvolvimento da arquitetura e do urbanismo. 3. Sistematizar os fundamentos teóricos da arquitetura e do urbanismo. 4. Discernir sobre a relação entre a arquitetura, o urbanismo e as questões econômicas, sociais e culturais. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 10 Conceitos da arquitetura e do urbanismo OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender quais são os conceitos que desenvolveram a história da arquitetura e do urbanismo ao longo dos anos. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Aplicações da arquitetura e do urbanismo O termo arquitetura procede da união das palavras gregas “arché”, com significado de principal e “tékton” com acepção de construção. Atualmente, pode-se definir como a ligação do homem e do espaço, onde ele cria circunstâncias estéticas e úteis com finalidade de habitação e ordenação dos ambientes. A arquitetura também pode ser definida como uma arte visual renomada pelo mundo ao longo de vários anos. A mesma está presente até os dias atuais e é responsável pela criação de espaços públicos e privados, que tem como propósito a união de conforto, funcionalidade e estética. Figura 1- Esboço projetual Fonte: Freepik Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 11 Outra aplicação à qual a disciplina se refere é à construção que engloba várias áreas, algumas delas são: paisagens, interiores, cidades e móveis. Desde a época do Renascimento podemos considerar a arquitetura como uma arte plástica, envolvendo toda proporção humana, desde a etapa manual como também a humana. Segundo Marcos Vitrúvio, no início do século I a.C., a arquitetura desenvolvida em uma de suas obras descreve a abrangência na área da filosofia e sua base surge de diversas teorias. O fragmento mais renomado do arquiteto foi a Tríade Vitruviana, que envolve três tópicos essenciais como conceito: Firmitas, Utilitas e Venustas. Figura 2 - Tríade Vitruviana FIRMITAS: estabilidade e caráter construtivo Tríade Vitruviana VENUSTAS: Beleza e estética UTILITAS: Comodidade, função e utilitarismo Fonte: Elaborada pelo autor (2021). Enquanto Firmitas é atribuído à estabilidade do edifício, como o suporte dos materiais, Utilitas discorre sobre a comodidade da utilização, ou seja, como o ambiente interior é desenvolvido. Já Venustas está ligado à beleza de toda edificação. Trazendo um pouco mais dos conceitos modernos sobre a arquitetura, o famoso arquiteto do século XIX, Louis Sullivan, impulsionou uma norma essencial ao projeto arquitetônico, em que a forma deve seguir a função. Assim, no lugar daideia Vitruviana, o autor insere a função Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 12 substituindo a utilidade. Segundo Rocha (2011), outra ideia surge sobre conceitos de arquitetura, como descreve: Por meio de sua dimensão estética, a arquitetura vai além dos aspectos funcionais que tem em comum com outras ciências humanas. Por meio de sua maneira particular de expressar valores, a arquitetura pode estimular e influenciar a vida social sem presumir que, por si só, promoverá o desenvolvimento social. Restringir o significado do formalismo (arquitetônico) à arte em prol da arte não é apenas reacionário, também pode ser uma busca sem propósito pela perfeição ou originalidade, que degrada em forma em uma mera instrumentalidade. (ROCHA, 2011, p. 3) Assim, podem-se observar algumas das filosofias que induziram os arquitetos modernos ao longo do desenvolvimento dos projetos de edifícios, entre elas: o racionalismo, empirismo, estruturalismo, pós- estruturalismo, a desconstrução e a fenomenologia. Surge no final do século XX um novo conceito que também seria utilizado na construção dos edifícios: a sustentabilidade, trazendo a ideia de menos impacto na hora da construção no ambiente natural. Figura 3 - Relações entre o homem e o ambiente natural Fonte: Freepik Com isso, ao longo dos anos e seguindo vários movimentos modernos, o campo da arquitetura começou a ser compreendido por uma única definição: espaço habitável. Os estilos criados ao decorrer do tempo passaram a ser chamados de escola ou de momentos históricos. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 13 Em outras palavras, o estilo abandona a cópia e transita para ser uma expressão característica de cada arquiteto. Ao passar dos anos, a arquitetura deixou de ser foco apenas em construções, edifícios ou monumentos e conseguiu abranger uma escala maior: a da cidade. Assim, foi desenvolvendo a preocupação com estudos para que os espaços ociosos fossem bem aproveitados e para que cada vez mais trouxessem aos seus usuários o conforto necessário. Toda atividade gerada pelo homem irá gerar um impacto, seja em relação ao edifício no meio ambiente, ou o impacto visual entre o idealizador e a pessoa que irá usufruir daquele ambiente construído. Assim, o objetivo dessa construção irá impactar no quesito visual, podendo ter um efeito positivo, negativo, neutro, desagradável, agradável, estranho entre várias outras observações, dependendo da forma de percepção de cada um. A arquitetura moderna vem juntamente com o quarto Congresso Internacional, que tem como abordagem o tema: Cidade Funcional. O mesmo foi concluído em Atenas. Nele, continha um documento das atividades residenciais, produtivas e áreas públicas equipadas, como também outro documento com a rede viária e o tráfego, desenvolvido por mapas da cidade juntamente com seu entorno imediato, relevo, ligações suburbanas e paisagem. Um dos fatores construtivos que vem a surgir na arquitetura é a avaliação do volume, ou seja, a maneira que os edifícios encontram-se distribuídos e organizados nos espaços. Assim, podem-se tomar como base os dois princípios na disciplina: tanto ser observada como volume ou como espaço. Mas a arquitetura não se resume só a esses conceitos de estilos e técnicas, também é de grande importância a compreensão sobre seus materiais e sobre as ideias e impressões que os mesmos desejam passar. Com isso, tanto a arquitetura como o urbanismo englobam a união das ideias tanto dos arquitetos, como também dos clientes. A união de estabilidade, beleza e funcionalidade, não estão presentes apenas em edifícios residenciais, mas em edifícios que unem todo o público, como religiosos ou civis. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 14 A criação de espaços que unem toda a população também é característica histórica do processo da arquitetura e suas edificações. O edifício deixa de ser somente o volume privado e passa a desejar uma área comum para que todos aproveitem. Assim, os arquitetos passam a ter cada vez mais que projetar espaços e edifícios não só pela beleza, mas pela funcionalidade. Tal funcionalidade irá trazer a todos os seus usuários motivos de permanência e conforto naquele local, gerando qualidade e melhoria de vida para todos. Assim, nota-se que os conceitos e definições da arquitetura e do urbanismo estão fortemente ligados ao progresso humano, onde de início desenvolviam-se locais para se proteger. Ao passar dos anos, foram formando espaços de convivência que mais tarde iriam virar civilizações. A necessidade de interligações entre as mesmas, a junção das crenças religiosas, a busca por fornecimento de água, tudo isso foi gerando a intenção do homem em construir seu próprio espaço através de suas técnicas e até os dias atuais se pode notar essa evolução. Segundo Rocha (2011): Arquitetura é a arte ou ciência de projetar espaços organizados, por meio do agenciamento urbano e da edificação, para abrigar os diferentes tipos de atividades humanas. Seguindo determinadas regras, tem como objetivo criar obras adequadas a seu propósito, visualmente agradáveis e capazes de provocar um prazer estético. A história da arquitetura é uma subdivisão da história da arte, responsável pelo estudo da evolução histórica da arquitetura, seus princípios, ideias e realizações. (ROCHA, 2011, p. 6) A matéria da arquitetura e do urbanismo, da mesma maneira que outro aspecto de entendimento histórico está disposta a restrições e novas possibilidades como ciência. Ela também pode estar sujeita há várias visões ao longo dos seus estudos, onde o mesmo se desenvolve em sua maior parte no ocidente. A história da arquitetura e urbanismo irá começar a partir dos egípcios e sumérios, onde os mesmos já apresentavam elementos primordiais para o desenvolvimento da arte. A arquitetura na antiguidade era demonstrada através de palácios ou templos. Com a chegada dos Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 15 gregos nos primórdios da história, veio a ultrapassagem da arte que antes era mais conhecida pelos egípcios e surge um dos monumentos mais conhecidos e que podem ser vistos até os tempos atuais, como é o caso do Partenon de Atenas. Para alguns autores, como é o caso de Lima (2010), a arquitetura foi inserida na bibliografia ocidental com base na Grécia. Assim, mesmo que a arte faça competência ao mundo da Idade Média, a arquitetura está fortemente conectada ao firmamento grego. Para o autor: Os arquitetos gregos teriam, pelo menos, um parco consolo: não fariam, diretamente, cópias do mundo, como o fazem pintores e escultores. A condenação que pesa sobre o objeto arquitetônico é de natureza mais sutil: existindo como matéria, somente se realiza como cópia sensível do não-sensível, do imaterial e, portanto, da Verdade. Há ainda menos “verdade” nas obras dos escultores e pintores do que nas dos carpinteiros, marceneiros e arquitetos. (LIMA, 2010, p. 1) Ao longo de toda a história, podemos observar que não há conceitos e sinônimos que definam impecavelmente todos os termos históricos. Visto que os arquitetos romanos também fazem parte do desenvolvimento dessa história, onde os mesmos eram encarregados pela continuação coerente de um costume produtivo e abundante. Figura 5 - Coliseu localizado em Roma Fonte: Pixabay Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 16 Ainda para Lima (2010), a ascendência dos gregos em comparação aos romanos está presente em um único conceito que está ligado às origens, ou seja, a comparação histórica entre as construções gregas e as romanas sempre irá existir. Porém, essa superação da grega para com a romana estaria ligada às esculturas romanas serem consideradas cópias das gregas. Em outras palavras, o autor desperta a falta de originalidade em comparação as demais épocas citadas. Com o surgimento da era moderna e o seu principal fundador: Império Romanoocidental, outro período surge e novas características, conceitos e definições sobre a arquitetura tornam-se evidentes. De modo geral, a probabilidade de alterações e instituir novas regras de argumentação e compreensão, tanto formais quanto funcionais, faz parte do método criativo do profissional de arquitetura. RESUMINDO: Tendo em vista todos os estudos sobre a arquitetura e o que a mesma envolve, é importante lembrar que além dos edifícios, o urbano e suas contemplações também estão presentes no desenvolvimento da disciplina. É nítido que para a compreensão da construção de uma residência ou de um ambiente interno, o arquiteto irá precisar entender as necessidades dos seus usuários, assim como quem irá projetar espaços para toda a população. Terá que pensar em um espaço que traga comodidade, conforto e qualidade de materiais, para que aquelas mesmas pessoas façam bom proveito e queiram permanecer nesses mesmos locais agradáveis. Assim, para servir de embasamento teórico, vários conceitos e definições foram aplicadas ao longo dos anos sobre a história da arquitetura, que unem a filosofia, a arte e o compreender narrativo que procedem em distintas categorias de valorização do saber empregado a favor dos meios que estipulam as ligações do poder e do controle dos espaços. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 17 História e desenvolvimento da arquitetura e do urbanismo OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você conseguirá ter uma visão crítica sobre a história e o desenvolvimento da arquitetura e do urbanismo, bem como o seu desenvolvimento ao longo dos anos envolvendo o estudo do urbanismo e das cidades e compreendendo melhor onde as mesmas estão inseridas e quais efeitos causam e impactam a arquitetura. Curioso? Então vamos lá saber mais! Desenvolvimento da arquitetura Não podemos deixar de falar da arquitetura sem envolver a arte. Antes de entendermos quais os procedimentos que levaram ao surgimento da arquitetura, temos que compreender que ela se desenvolve a partir de uma ideia e de um conceito do autor sobre sua criatividade. A partir disso, o processo artístico vai avançando juntamente com técnicas que permitem o surgimento de espaços ordenados compostos por elementos que vão dar resultado em edifícios ou recintos urbanos. Assim, quanto mais se desenvolve a sociedade, novas técnicas vão sendo impostas junto com condicionantes tecnológicos, sendo assim, capazes de criar novos projetos cada vez mais atualizados e sofisticados. Durante os fatos históricos foram se desenvolvendo acontecimentos importantes que faziam diferença no papel da arte. A arquitetura está presente nesse período onde fez com que seus conceitos progredissem e que mais tarde tornaram-se fatos importantes. O primeiro passo do esboço é a base para a continuação da ideia do autor, onde ele tem sua inspiração e a partir disso, consegue desenvolver sua ideia para que outras pessoas consigam desfrutar e observar a mesma. Assim, o autor vai ter várias etapas para crescimento e amadurecimento de suas ideias, incluindo desde o esboço, até a parte projetual que se inicia com a construção do ambiente. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 18 Figura 6 - Conceito projetual Fonte:Freepik O urbanismo Discorrendo um pouco sobre o urbanismo e seus conceitos, entende- se como uma parte da arquitetura que busca compreender e solucionar os problemas urbanos em termos relativamente recentes. O mesmo termo surge anteriormente à sua utilização nos anos de 1830 e 1850. Além da arquitetura, o urbanismo faz forte relevância para o aprendizado da disciplina. Atualmente, faz-se necessário o desenvolvimento do mesmo interligado ao desenvolvimento das cidades, onde foi se desenvolvendo ao longo dos anos desordenadamente, com o crescente número de favelas e demais problemas que vinham a ser gerados posteriormente pelo mesmo. Assim, o urbanismo envolve o crescimento das necessidades de cada população, onde a mesma precisa compreender o local que é inserido e observar suas especificações escassas que cada uma enfrenta. A fim de trazer melhorias para cidade, o urbanismo entra como um projeto que estabelece melhoria da qualidade de vida e proporciona bem estar a toda a população. Segundo Jan Gehl (2010), para a expansão de áreas para caminhar e pedalar, a cidade deve aumentar a quantidade e qualidade dos espaços públicos agradáveis, bem planejados e, na escala do homem, sustentáveis, Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 19 saudáveis, seguros e cheios de vida. A cidade se torna mais densa, compacta e segura, quando se tem ruas, praças e parques considerados como um todo, apropriando-se de forma correta desses espaços. Quando o espaço público está degradado, provoca uma rejeição imediata. Se não está bem iluminado, se não possui atividade noturna que anime o público, será percebido como perigoso e muito provavelmente é. Se os edifícios que o circundam possuem funções impróprias como oficinas ruidosas, estabelecimentos que geram tráfego pesado ou estão degradados, ninguém os procurará para passar seu tempo livre, interagir socialmente ou por simples curiosidade. (ALOMÁ, 2013, p.1) Para o dicionário, o significado do urbanismo reúne uma soma de assuntos referentes à arte de erguer uma cidade. De outra maneira, mostra que os responsáveis da área usam esse pretexto para estudar o modo de compreender a mesma. Mesmo com significados parecidos, urbanismo e urbanização possuem uma diferença, onde o primeiro está ligado à ideia de urbanizar e o segundo a ideia de realização, ou seja, execução do mesmo. Essa disciplina pode ser considerada como uma técnica que tem ligação com o planejamento, onde esse planejamento pode ser ligado ao de um local ou espaço, como também pode chegar a um objetivo mais amplo de interferência: a cidade. Figura 7 - Urbanização Fonte: Freepik Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 20 O urbanismo teve início após a Revolução Industrial, onde se via a necessidade de ajustar a cidade devido ao caos, de modo que conseguissem encontrar soluções para os problemas enfrentados. Assim, atualmente, vê-se o planejamento urbano de modo progressivamente gradativo, atuando principalmente em espaços e locais alternativos, onde obtém grande demanda. O planejamento não só está ligado a pequenos espaços. Ele também contribui para a ligação de vias públicas que unem bairros, como também terrenos ociosos que precisam desenvolver alguma função para sua população e precisam de máxima exploração, garantindo a economia da cidade. Em geral, toma-se como significado de urbanismo a cultura que se mantém da organização de uma atmosfera urbana, entendendo seu progresso com a finalidade de colher o melhor posicionamento de ruas, de construções como edifícios e até mesmo de instalações públicas, de modo que toda população que esteja inclusa nesses espaços consiga desfrutar de um local agradável e satisfatório com exigências sanitárias apropriadas para viver. As cidades A cidade sempre foi um lugar de diferentes situações e contrastes, como por exemplo: a riqueza ou a exclusão. No todo, a população busca encontrar os mesmos locais agradáveis com boas condições de vida no que diz respeito à moradia, paisagem, lazer e trabalho. O espaço urbano é destinado às pessoas de forma que possibilite o desenvolvimento de suas atividades, onde as mesmas mantêm relações entre si, demonstram suas opiniões, gerando influências e intervenções no processo de formação das cidades. Através da geografia, possibilitou-se o melhor estudo sobre esse espaço, onde cada sociedade enxerga o urbano de forma diferenciada, mas tem-se o homem como principal guia desse processo histórico, mantendo suas relações com outros homens em seu determinado meio. Por isso, a importância do estudo histórico de cada etapa dessas relações, Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 21 incluindoseus fatores preexistentes que interferem em no modo de produção do espaço. SAIBA MAIS: As cidades sustentáveis devem conter proteção, compreendida como direito à terra urbana, moradia, saneamento, infraestrutura urbana, serviços públicos e transporte, trabalho e lazer para todas as gerações, um dos direitos essenciais do cidadão incluídos no grupo dos direitos humanos. Já sobre a gestão democrática, a população se faz presente, seja por meio de associações representativas, onde executam e acompanham planos, programas e projetos sobre o desenvolvimento urbano. Tem-se então, o processo geográfico em constante modificação, tornando-o dinâmico com diferentes escalas e formas. Cada sociedade vai enxergar suas concepções sociais de tal maneira que façam a distinção uma das outras. Cada produção do homem no espaço urbano vai adicionar na construção das relações que constituem uma sociedade, contribuindo com a vida cotidiana. Com o ambiente em constante transformação de espaços naturais em espaços produtivos, o significado econômico surge diante das cidades, dando continuidade às necessidades do homem com relação à natureza. Assim, a produção e o consumo dão início ao verdadeiro valor e uso dos mesmos. Figura 8 - Desenvolvimento de rodovias pelas cidades Fonte: Freepik Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 22 Além das relações sociais, a oferta de bens e serviços, tal como a carência do mesmo, situa-se nas cidades capitalistas, presente também nas relações do mercado através da comercialização e produção, incentivando a movimentação do dinheiro e assim, ampliando as estratégias de sobrevivência das relações sócio espaciais. Levando em consideração a existência de espaços que não são pensados e executados de forma adequada, é notável um ambiente carente de um bom desenho urbano, que possa promover uma boa sensação de segurança, acessibilidade, mobilidade, conforto, entre vários fatores que fazem diferença quando o espaço público é projetado adequadamente para aquele lugar específico, como afirma Saboya (2011): As cidades médias brasileiras convivem com o problema da falta de espaço para a expansão dos seus territórios. Isso não significa a ausência completa de áreas livres, mas demandam o fortalecimento de políticas públicas que orientem a sua ocupação adequada. (SABOYA, 2011 p.4) Com o modernismo, surge a baixa prioridade dos espaços públicos e algumas das principais causas da segregação desses espaços: a valorização das vias para veículos motorizados, trazendo a diminuição das atividades sociais na cidade. As vias com alta densidade de veículos que apresentam pouca arborização, rios canalizados e ambientes insatisfatórios de convivência, são responsáveis por tornarem os ambientes monótonos. Os espaços públicos são importantes e fundamentais em todas as cidades. As cidades são locais onde as pessoas se encontram para trocar ideias, comprar e vender ou simplesmente relaxar e se divertir. O domínio público de uma cidade, suas ruas, praças e parques é o palco e o catalisador dessas atividades. (GEHL, 2010, p. 8) Porém, a frequente rotina de ir às ruas a pé e desfrutar de espaços públicos ao longo da caminhada que despertem o bem-estar do pedestre foi diminuindo, também pelo fato da priorização de espaços para os automóveis, como os estacionamentos, tornando as áreas cada vez mais isoladas e indiferentes ao seu entorno. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 23 O Estado, por sua vez, com sua pouca presença significativa, faz com que as pessoas procurem suas próprias maneiras de sobrevivência, construindo relações umas com as outras através de atividades em grupo, da cultura, de relações interpessoais, entre outros meios. Faz parte do cotidiano alguns pontos como: o bairro, a rua, as praças, onde são responsáveis por realizarem trocas diárias, gerando trocas entre vizinhanças e comunidade. No mesmo ambiente, também é possível ter práticas políticas sobre tal espaço, onde cada um impõe sua maneira de pensar e agir, sua própria história e identidade, como afirma Saboya (2011): O conjunto dos usos da terra justapostos entre si definem áreas, como o centro da cidade, local de concentração de atividades comerciais, de serviços e de gestão, áreas industriais, áreas residenciais distintas em termos de forma e conteúdo social, de lazer e entre outras, aquelas reservadas à futura expansão. Esse complexo conjunto de usos da terra é, na realidade, a organização espacial da cidade ou simplesmente o espaço urbano que aparece assim como espaço fragmentado. (SABOYA, 2011 p. 7) Segundo Saboya (2011), as ruas retilíneas, que apontam uma série de quadras iguais, mostram um novo modelo uniforme de cidades, em sua maioria com forma quadrada. Já no centro da cidade, surgem praças onde se curvam edifícios de grande importância como, por exemplo, as igrejas ou casas mais ricas. Ainda sobre o autor, a desorganização mostra consequências visíveis na cidade industrial, onde o mesmo ciclo iniciava-se na cidade medieval, apresentando características positivas quanto às relações das comunidades, mostrando sempre um equilíbrio entre campo e cidade. Com o início do capitalismo, o desequilíbrio surge, expondo um determinado fragmento na vida urbana, fazendo com que as relações sociais sejam cada vez mais escassas, como mostra Mumford: Paisagens arruinadas, distritos urbanos desordenados, focos de doenças, trechos de desertos, milhas e milhas de cortiços padronizados, enxameando as áreas que circundam as grandes cidades e se confundindo com seus subúrbios inúteis. Em resumo: malogro geral e a derrota do espírito civilizado. (MUMFORD, 1961, p.18) Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 24 Para Mumford (1961), a função de construir uma cidade acarreta no trabalho maior de reerguer uma nova civilização, de maneira que seus pontos negativos e positivos juntos contribuíam para o futuro. Assim, surgiria a possibilidade de correção das cidades a cada novo ciclo ou fase histórica, chegando à formação da metrópole. VOCÊ SABIA? Mumford morava em Nova York, onde apareceram as grandes teorias e perspectivas sobre a cidade. Ele delineava uma escrita sobre planos urbanos que já estavam sendo administrados. O autor também retratava os períodos históricos das cidades, onde mostrava um resumo histórico de fases de desenvolvimento da mesma. Na segunda parte do seu livro, ele apresenta mais intenções nítidas que mostram o desdobramento de seu pensamento sobre o planejamento urbano e sobre a intervenção social. A metrópole, por sua vez, é vista como devastadora para as relações culturais da comunidade, uma vez que com o forte crescimento das cidades, o vínculo que as pessoas possuíam nos municípios, em campo ou em pequenas cidades desenvolvidas seria cessado. A arquitetura entra no meio de tais agentes quando a crescente verticalização no centro e as manchas urbanas intensificam-se, trazendo juntamente a esses locais, a modernização com novos edifícios, deixando de lado vestígios da cidade antiga. O mais importante agora seria como tornar-se uma grande metrópole sem decompor o valor da comunidade. Todavia, Mumford (1961), não enxergava a metrópole de modo homogêneo. Para ele, também era importante tratar os pontos de manutenção da mesma no sentido de toda a comunidade. Quando os vestígios da cidade antiga não existissem mais, as novas edificações teriam que ser feitas pois o centro não podia ser deixado de lado ou substituído. O autor ainda compreendia a cidade como uma transformação de uma nova forma de metrópole moderna. Assim, através da junção de vários agentes, o lugar torna-se resposta à tentativa natural de unificação de todos, por meio da união dos homens Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 25 dentro do mercado. Após sua longa construção, a etapa seguinte é definir formas de adequação do espaço, tendo como base suasrelações. O próprio lugar vai conquistando o sentido de território, com experiências e atitudes de cada população. Cada passo segue a construção de um local, com conquistas coletivas e comuns, como também pelas suas dificuldades no ambiente vivido. Essa área passa a ser a base da sociedade, um acontecimento físico, social e político, passivo de modificação, onde o Estado não se faz tão presente, porém, insere algumas de suas políticas públicas que devem ter como objetivo principal atender as necessidades da população. Suas funções não são atingidas igualitariamente, o que traz exceção e falta de ações importantes para algumas localidades, onde a sociedade fica sujeita a suas próprias estratégias de vida e à apropriação de seu espaço. RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo desse capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que com a vida social fortalecida por vínculos, solidariedade, realizações sociais, entre outros, a cidade vai se mantendo, mesmo com a ausência de políticas públicas que garantam às mesmas infraestrutura urbana de qualidade e possibilitem o ingresso ao trabalho, saúde, educação e lazer, de forma que a cidadania seja exercida de forma plena e correta. Apesar de grandes dificuldades enfrentadas pelas comunidades para a cidadania, no Brasil, as sugestões de soluções de problemas urbanos já avançaram de modo que as localidades abandonadas são priorizadas, trazendo assim um atendimento diferenciado, mesmo que deixem a desejar em relação a uma cidadania plena e igualitária para todos, com uma concepção injusta do espaço urbano, buscando também a priorização de construções arquitetônicas que consigam suprir as necessidades da população. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 26 Teorias da arquitetura e do urbanismo OBJETIVO: Ao término dessa competência, você irá compreender a sistematização dos fundamentos teóricos, identificando as principais etapas e fatos históricos que desenvolveram a arquitetura ao longo dos anos. Curioso? Então vamos lá saber mais! Modo artístico O âmbito da disciplina dispõe a apurar a elaboração da arquitetura e do urbanismo, do design e de suas várias histórias artísticas, como também da técnica do patrimônio de toda a paisagem, envolvendo também a cidade e a habitação. O conhecimento de cada campo, suas expressões e modificações ao longo do período e recinto possuem suas histórias distintas e focos disciplinares diferentes em todo o mundo, com várias proporções sociais, econômicas, políticas, territoriais, institucionais, estéticas, simbólicas, culturais e conceituais. Segundo Lira (2020), três linhas de pesquisas são desenvolvidas para a disciplina de maneira que mostrem, a partir das diferenças passíveis de questionamento, o trabalho das obras e perspectivas da arquitetura, do urbanismo, do design e das demais áreas que abordam a mesma. As linhas de pesquisa podem ser observadas a seguir: Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 27 Quadro 1: Linhas de pesquisa Fonte: Elaborada pelo autor adaptado de Lira (2020). Ao longo da história, várias pesquisas foram realizadas chegando até a contemporaneidade, envolvendo práticas projetuais e profissionais do projeto em si, como também seu planejamento, sua gestão e intervenção, sua conservação e restauro e toda sua história e memória, envolvendo paisagismo, urbanismo, design e arte. Fundamentos teóricos Com a necessidade de novos processos, as cidades passam a evoluir sendo contestadas pelo Estado, que precisa manter o controle do espaço urbano fazendo com que surja o urbanismo como uma nova matéria acadêmica. Assim, surge o papel do profissional de arquitetura juntamente com uma crise na construção arquitetônica que atravessa o século XIX e só será solucionada com o surgimento da arquitetura moderna. No século XIX, na idade contemporânea, os arquitetos passaram por crises estéticas, podendo ser chamado de movimentos revivalistas, onde a tecnologia não se deparava com uma expressão apropriada, devido à algumas causas artísticas ou entre outros contextos. Tais movimentos procederiam para o ecletismo, caracterizado por diversas opiniões como o mais descaído e formalista em meio dos demais estilos históricos. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 28 O primeiro movimento que surge é o Neoclássico. Ele está ligado aos conceitos românticos nacionalistas presentes na arquitetura inglesa. Os ideais progrediram e o último estilo do século XIX surgiu, o Art Nouveau, entrando no século XX. O Art Nouveau ou arte nova, surge como um costume moderno, trazendo o modo floreado, tomando como detalhes formas orgânicas transmitidas em folhagens, cisnes, flores, labaredas, entre outros elementos. Figura 9 - Edifício Art Nouveau Fonte: Freepik Outra característica dos edifícios dessa época são as linhas curvas, assimétricas e desarmoniosas. O período associa-se com a segunda Revolução Industrial, alinhado com a utilização de materiais recentes, como por exemplo, o ferro e o vidro, componentes fundamentais que faziam parte dos edifícios e de sua estética. Também dá ênfase ao trabalho artesanal e à valorização da natureza. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 29 Segundo Portes (2012), a partir do século XX, a diferença dos arquitetos que estavam mais aproximados das vanguardas artísticas e dos que associavam a tradição estaria ficando mais evidente, transformando o momento arquitetônico em um campo cheio de posições e deslocamentos. Assim, surgem novos fundamentos teóricos que discorrem sobre o significado da arte e a função do artista, encontrando a demonstração de toda tarefa artística, seja racional, artificial ou moderna na indústria. A nova sociedade aparece com a modernidade, juntamente com novas ideias e estilos estéticos, sendo elas, as mesmas capazes de sintetizar todas as artes e determinar as casualidades da vida humana. Com o surgimento da arquitetura moderna, nasce o discurso estético e social, que se caracterizava pela vida do homem contemporâneo. Assim, fez-se surgir um novo período marcante: a arquitetura influenciada pelo Bauhaus, buscando uma sociedade mais moderna. Em seguida, Walter Gropius logo começa a trabalhar com Behrens e segue seu trabalho individual, deixando em uma de suas obras a importância da adição da calma e racionalidade na aplicação das novas técnicas. Uma de suas principais construções desenvolvidas é a Fagus ad Alfed an der Leine, uma fábrica de fôrmas para sapatos. Porter afirma: A primeira coisa que nos toca é a simplicidade e segurança dessa arquitetura em contraste com as intenções monumentais e a carranca dramática das obras análogas de Behrens. A inexcedível adequação técnica permitiu uma perfeita conservação: dois materiais apenas, o tijolo e o metal polido formam a superfície externa e a combinação fundamental de amarelo e preto domina toda a composição. (PORTER, 2020, p.14) Também desenvolvendo trabalhos com Behrens, Mies van der Rohe em 1913 abre seu próprio negócio em arquitetura e o mesmo é suspenso pela guerra. O que ele deixa exposto em suas obras é o estudo sobre composições na construção de edifícios e suas funções. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 30 Figura 10 - Villa Tugendhat pelo arquiteto Mies van der Rohe Fonte: Freepik Bahaus é reconhecida por ser uma escola famosa de design, artes plásticas e arquitetura de vanguarda na Alemanha, presente de 1919 a 1933. Ela teve grandes influências na arquitetura moderna, sendo a primeira do mundo. Seu fundador foi Walter Gropius e as atividades nela desenvolvidas pelos alunos, em sua maioria, foram vendidas no decorrer da Segunda Guerra Mundial. Com o fim da guerra, o artista responsável pela criação da escola resolveu criar um novo modelo arquitetônico que lembrasse esse períodovivido. Esse mesmo modelo obteria funcionalidade, baixo custo de produção e orientação ordenada. O autor ainda defendia o racionalismo funcional, diferenciando o desnecessário do que é importante e essencial. Assim, seria de suma importância a união da arte e do artesanato, desenvolvendo peças fundamentais e com suas determinadas funções artísticas. Após perseguições, a escola fecha e deixa seu registro e impacto fundamental para a arquitetura e as artes, tanto no ocidente europeu, quanto nos Estados Unidos da América. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 31 É notório que com o surgimento da arquitetura moderna, houveram vários acontecimentos marcantes que definiram essa disciplina durante todo o século XX, com a presença de diversas ideias de vários artistas e desenvolvimento de algumas escolas, como por exemplo a Bauhaus, localizada na Alemanha e artes desenvolvidas por Le Corbusier, desenvolvido na França. Todas essas influências modernas rejeitaram a arquitetura anterior com o intuito de renovação da área. Logo em seguida, iria surgir o Pós-Modernismo, que defenderia a renovação da arquitetura anterior e criticaria as ideias do modernismo. Figura 11 - Ronchamp, arquitetura de Le Corbusier Fonte: Pixabay Em 1928 surge o Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM), localizado na Suíça, onde há uma participação importante na construção dos fundamentos da arquitetura e urbanismo, a fim de discorrer sobre as principais áreas da arquitetura, sendo eles: o paisagismo, urbanismo, exteriores, interiores, equipamentos, materiais, entre outros pontos importantes. A arquitetura para os criadores da CIAM deveria surgir como objeto sintético, limpo, racional e funcional e deveria ser utilizada pelo poder público a fim de contribuir econômica e socialmente, promovendo assim o crescimento coletivo da população. Esse período irá adicionar aos fatos históricos da disciplina a Carta de Atenas, decorrida por Le Corbusier e estruturada sobre os debates surgidos na conferência do planejamento. Para Portes (2012): Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 32 A Carta praticamente definiu o que é o urbanismo moderno, traçando diretrizes e fórmulas que, segundo seus autores, são aplicáveis internacionalmente. A Carta considerava a cidade como um organismo a ser planejado de modo funcional e centralmente planejado, na qual as necessidades do homem devem estar claramente colocadas e resolvidas. Entre outras propostas revolucionárias da Carta está o de que toda a propriedade de todo o solo urbano da cidade pertence à municipalidade, sendo, portanto público. (PORTES, 2012, p. 23) Toma-se como exemplo a cidade de Brasília, sob criação do arquiteto Lúcio Costa, onde a mesma desenvolverá todos os requisitos da carta caracterizada pelo seu projeto urbano mais avançado no mundo. Figura 12 - Urbanização na cidade de Brasília Fonte: Pixabay Ainda sobre Portes (2012), como consequência das resoluções do CIAM IV, feito em 1933 em Atenas e em Marselha, o congresso acabou sendo o mais extenso em relação ao ponto urbanístico, pretendendo desenvolver o estudo relativamente de 34 cidades europeias. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 33 RESUMINDO: Mas e então? Em que se baseia a arquitetura antiga e a arquitetura moderna? Será que algum estilo não foi importante para a fundamentação teórica da disciplina? Então, como você observou, são muitos os conceitos e bases de cada estilo e de cada época da arquitetura. Mas o que se sabe é que a arte esteve presente para que chegasse até os dias atuais. Cada arquiteto teve sua importância e participação fundamental para marcar os demais estilos. Alguns são utilizados até os dias atuais. De modo geral, observa-se a arquitetura como uma maneira de se expressar, deixando claras as ideias do homem cuja finalidade tenha o alinhamento da funcionalidade, técnica e estética. Assim, toda fundamentação da teoria deve ser estudada e compreendida de forma correta, pois faz parte da história e tem forte relevância para a disciplina. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 34 Visão Econômica - Social e Cultural da Arquitetura e do Urbanismo OBJETIVO: Ao término dessa competência, você conseguirá analisar a produção arquitetônica e urbanística, compreendendo também a melhor forma de discernir sobre a relação entre a arquitetura, o urbanismo e as questões sociais, econômicas e culturais nos dias atuais. Curioso? Então vamos saber mais! Relação entre arquitetura e urbanismo Entendendo a arquitetura como uma arte que cria espaços e abriga as tarefas do homem, alguns critérios são utilizados para seu desenvolvimento, sendo eles: técnica, funcionalidade, ergonomia, custos, sustentabilidade, estética, conforto, entre outros tópicos relevantes. Visto que o contexto do urbanismo insere a cidade e o grupo de medidas tomadas pela mesma, várias são as questões que juntas resultam no estudo e regulamento das áreas, sendo sempre utilizadas as razões econômicas, políticas e sociais. Segundo Portes (2020): A arquitetura permite aos seres humanos, com a ajuda dos meios técnicos criados e aperfeiçoados por eles, realizar a construção de todos os abrigos que lhes são necessários para sua vida coletiva ou em família. Nesse aspecto, ela é pura produção material, ou seja, um bem de consumo. Entretanto, a obra arquitetônica não ocupa somente essa função utilitária primordial. Com o auxílio das formas que essas necessidades provocam e que os meios técnicos permitem realizar, ela atinge uma das mais altas expressões da arte pela utilização estética dos seus espaços e de seu invólucro, o que configura sua finalidade. (PORTES, 2020, p.7) A atividade arquitetônica irá abranger toda tarefa organizada do homem buscando a aplicação na prática, tomando como características a criação de uma atividade das mais antigas do gênero humano. O Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 35 arquiteto terá uma função importante na construção de edifícios ou de ambientes, podendo impactar positiva ou negativamente os seus usuários. Entre esses impactos, o autor busca causar uma percepção do seu ambiente construído para aqueles que irão desfrutar, nascendo assim impactos sociais, ambientais, culturais, físicos de cada cidade, onde cada uma vai priorizar uma característica distinta e será marcada pela arte desenvolvida nela. Para que o estudante da área consiga alcançar o programa arquitetônico, terá que estudar o desenvolvimento e oportunidades da disciplina, sendo primordial que o mesmo se conecte com o aprendizado sensível, crítico e artístico ao longo de todo caminhar de sua formação. Além dos aspectos arquitetônicos, a formação do arquiteto e urbanista irá abranger muito mais observações para o profissional, como afirma Saboya (2011): A formação do arquiteto e urbanista abrange o estudo do urbanismo, mas não se limita a este, englobando um espectro mais amplo de matérias e conteúdos curriculares. Por consequência, os profissionais formados em curso de urbanismo desmembrado da arquitetura têm campo distinto de atuação, não cabendo seu registro nos Conselhos de Arquitetura e Urbanismo. (SABOYA, 2011, p. 1) Com isso, a relação da arquitetura e do urbanismo vai estar fundamentada entre uma visão poética e a consciência crítica. Sua dimensão artística irá se encontrar em suas concepções visuais, internas e externas, contendo volumes, texturas, planos e cores. Espaços públicos Para compreender melhor as questões sociais, econômicas e culturais da disciplina, é importante entender que cada cidade ou cada espaço contém uma determinada demanda e seu programa de necessidades. O mesmo será desenvolvido de acordo com a característica de cada população, formando assim a sua identidade e tornando aquele ambiente único e acessível para seus usuários. Pode-se observar que cada local se desenvolveu ao longo dos anos comsua própria cultura, onde a arquitetura tem sua participação com o objetivo de contribuir, Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 36 de forma positiva, em suas relações econômicas e sociais, aumentando cada vez mais a união das pessoas através dos espaços projetados e desenvolvendo características culturais únicas. As cidades têm, como de suma importância, o espaço público, uma vez que se torna assunto frequente no meio do urbanismo. Com a falta de um planejamento urbano eficaz, as cidades acarretam problemas como desvalorização e segregação desses espaços. Tais áreas, por sua vez, possuem funções de minimizar problemas nas cidades e trazerem benefícios na qualidade de vida dos cidadãos, onde precisam cumprir sua função ecológica, social, de encontro e lazer, mas devidamente de acordo com as prerrogativas funcionais, de conforto e segurança dos espaços públicos, transmitindo sensação de bem-estar e conforto para as pessoas. VOCÊ SABIA? Os autores Jan Gehl, Lars Gamzoe e Sai Karnaes sintetizaram 12 itens que definiam se um espaço público era ou não de boa qualidade. Tais critérios são: (1) que pedestres possam se locomover pelas ruas com tranquilidade e não se preocupem em serem atingidos por algum veículo, (2) segurança em espaços públicos, (3) proteção contra experiências sensoriais desagradáveis, (4) espaços para caminhar, (5) espaços de permanência e contemplativas do seu entorno, (6) mobiliário urbano qualificado e equivalente ou maior à quantidade de indivíduos que frequentam determinado espaço, (7) garantia de paisagens visuais agradáveis ao público, para que desfrutem das perspectivas do meio urbano, (8) desenho e mobiliário planejados de forma a fomentar a interação social, (9) possibilidade dos cidadãos se relacionarem com a estrutura da cidade, levando em conta a perspectiva dos sentidos da visão, (10) escala humana, (11) utilização do clima como uma potencialidade e (12) experiências sensoriais. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 37 Figura 13 - Esboço da paisagem urbana em Hong Kong Fonte: Freepik No século XX, o processo de urbanização toma impulso juntamente com o processo de industrialização, onde surge uma causa chamada êxodo rural, desenvolvido através da mudança da população rural para a vida urbana. Assim, surge a urbanização, também fazendo parte da arquitetura. A mesma está ligada ao processo do crescimento das cidades, onde inclui a edificação de vários setores como moradias, escolas, hospitais, entre outros. Economia, socialização e cultura Os edifícios públicos possuem uma diversidade quanto a seu uso, podendo ser misto, comercial, residencial, entre outros espaços que complementam o ambiente em que se vive. O desenvolvimento do térreo livre também é um forte ponto da arquitetura moderna que complementa a estética dos projetos no país. Tais espaços são criados de tal forma que atendam as habitações e o uso coletivo e social, trazendo o edifício moderno a partir dos anos 50. Outra forma moderna dos edifícios é no que diz respeito à introdução dos pilotis. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 38 O espaço de uso coletivo é desenvolvido através das atividades terciárias nas cidades, onde se tem um local de comércio ligado a uma nova arquitetura. Pode-se encontrar também nesses espaços, trocas de atividades entre a população, seja interna ou externa, onde é exposta a mercadoria, chamada recentemente de vitrine. Segundo Vieira (2015), o termo mercado surge ao longo dos anos induzindo a comunidade, a troca e o poder de compras. Esses espaços, abertos, semicobertos e cobertos, permitem o desenvolvimento do conceito de espaço público, mantendo também interesses públicos. O autor também define: Espaço público, por excelência, é o lugar onde uma pessoa pode estar sozinha sem dar impressão de estar solitária. [...] é importante saber que para ser considerado um “espaço público”, o espaço deve ser acessível a todos os moradores e visitantes, ao mesmo tempo em que esses cidadãos e visitantes devem ser capazes de interagir, livremente, na mesma base, independentemente de sua condição social. (VIEIRA, 2015, p. 98) Para se ter uma boa condição de edifício público, é importante que o mesmo esteja inserido em locais de fácil acesso na cidade. Nem todos são considerados públicos por não atenderem todos os requisitos, apesar de alguns terem bom acesso. Outra função importante dos edifícios públicos é o interesse descompromissado. Os pontos comerciais como, por exemplo, galerias, se tornam locais de passeio e convívio amplo, não estando diretamente ligadas ao comércio, mas fazendo com que as pessoas andem e sintam além de sua função de comércio estabelecida. Atualmente, com as novas tecnologias, os espaços encontram-se cada vez mais distantes do homem, fazendo necessário espaço ou edifícios que permitam a interação das pessoas umas com as outras, com disponibilidade do ócio e negócio, criando locais que ampliem a dinâmica da sociedade. Galerias e shoppings centers são alguns dos edifícios públicos da fase moderna, sendo assim um local planejado, diferente das ruas que oferecem comércios, porém, são considerados espaços não planejados (VARGAS, 2001). Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 39 Um fator determinante para os edifícios públicos é atualmente, permitir a evolução do conceito dos espaços ao longo dos anos no mundo ocidental, onde o comércio passa suas definições antigas para as atuais. Juntamente com o desenho viário e com o comércio, foi se formando de forma mais fechada, dando lugar aos edifícios modernos, com fachadas recuadas em forma de U. Assim, é definido o conceito principal dos edifícios públicos: fechados e acessíveis. Figura 14 - Relação entre comércio, residência e urbano Fonte: Freepik Atualmente, mais da metade da população brasileira reside em áreas urbanas. É comum vermos pessoas pausando suas rotinas para desfrutarem de áreas em que as recebem e transmitem bem-estar e oferecem o descanso que procuram. As pessoas buscam através desses lugares, se desconectar dos dias conturbados e se tranquilizarem em sintonia com o ambiente. Toda habitação deve ter interesse social, onde deve manter o convívio das pessoas, suas culturas e costumes, promovendo áreas de lazer e bem-estar. As mesmas, destinadas à população mais carente, deve oferecer uma oportunidade do mercado imobiliário àqueles que têm menor poder de aquisição, com direitos básicos como a moradia digna para todos. O assunto leva aos estudos das habitações sociais de muitos pesquisadores ou estudantes que buscam desenvolver análises feitas a partir de critérios sobre a arquitetura e o urbano, social e cultural. As Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 40 mesmas também relatam suas formas, implantação e volume, tendo em vista o aspecto dos locais e itens de habitação, gerando a comparação de qual se inseriu em determinado local. No século XX, nota-se um regresso nas políticas habitacionais brasileiras, onde os padrões de edifícios e áreas urbanas não levam em consideração a principal função da habitação, que é a de gerar moradias para famílias carentes, colaborando para a segregação da cidade. Até 1950, a realidade do Brasil era caracterizada por uma população rural, onde as principais ocupações estavam ligadas à exportação de produtos agrícolas. O início do método industrial dá-se em 1930, onde mais tarde também estaria associado a outros fatores, como a concentração fundiária e a mecanização do campo. Tal migração do homem do campo para a cidade, fez com que as cidades crescessem de forma desordenada e acelerada, ampliando também o setor de comércios e serviços. Com a grande concentração da população em grandes cidades, o homem também viu a necessidade de migrar para as cidades médias, buscando o seu interesse na geração de empregos e melhoria da qualidade de vida. Alguns fatorescontribuíram para que essa migração surgisse, como: a otimização e viabilização da alta produtividade, mecanismo das atividades rurais, aumento da escassez do campo, a queda da economia rural, a inconstância do trabalho, entre outras atividades. Com isso, grande parte da mão de obra era dispensada e as pessoas perdiam seus empregos por serem substituídas por máquinas, aumentando assim, o índice de desemprego. IMPORTANTE: O assunto que estamos estudando possui aplicação prática relevante, sendo objeto de estudo para compreensão sobre a área do urbanismo nas cidades. Assim, para que você possa compreender melhor o desenvolvimento, faça a leitura na íntegra no material, Clique aqui. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/geo/article/download/6981/4579/23346 41 À medida que o crescimento urbano toma conta das cidades, alguns pontos negativos também vêm a surgir, sendo eles: a falta de infraestrutura e investimento nas comunidades, fazendo com que pessoas fiquem sem moradias e dando oportunidade à desigualdade social, aumento da violência, desemprego, enaltecimento de imóveis em determinados pontos, como também a poluição ao meio ambiente de modo geral. As cidades se preparavam para receber as indústrias investindo em infraestrutura, energia elétrica, meios de comunicação e transporte, incentivos fiscais. Contudo, não se investia na produção de um espaço urbano mais humano e equânime. Ao contrário, a política desenvolvimentista atraia cada vez mais mão de obra formadora da reserva de mercado e oferecia pouca comodidade de serviços urbanos. (FERNANDES, 2018, p. 7) Com toda a mudança e crescimento dos municípios, a preocupação do uso e ocupação do solo passa a existir, onde os poderes públicos passam a aplicar determinadas diretrizes de ordem constitucional para uma nova gestão e administração do espaço urbano, como por exemplo, o Plano Diretor para as cidades. Tal ordem busca nesses ambientes, juntamente com o Estatuto da Cidade, objetivos de gestão democrática com a ajuda do governo, a fim de planejar cidades sustentáveis e com correção do seu uso e ocupação do solo, com melhoria da qualidade do meio ambiente, como também a regularização fundiária e urbanização de alguns territórios ocupados pela população. Segundo Fernandes (2018), as cidades planejavam receber as indústrias aplicando infraestrutura, energia elétrica, meios de comunicação, entre outros incentivos que mantinham a produção de um espaço urbano cada vez mais igualitário para todos. Apesar das diretrizes serem traçadas pelo Plano Diretor, nem sempre as mesmas são atingidas. Segundo Fernandes (2018), desde o início do século, uma grande dificuldade de tal processo é a crítica do consumismo e o reaprendizado da cidadania. Com isso, têm-se as cidades Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 42 contemporâneas como um modelo capital, onde o homem é levado pelo consumismo, tornando-a um espaço que remete à perda da urbanidade em várias escalas. Com o espaço urbano segregado, começam a surgir tais problemas urbanos, de origem política e econômica e assim, a reflexão sobre os espaços que serão construídos futuramente e sua importância. No entanto, há vários modelos de cidades, mas todas buscam de forma unitária os mesmos objetivos, áreas que tragam melhoria de vida e que consigam desenvolver atividades em que as pessoas socializem cada qual com sua própria história e característica individual, mas marcada por semelhanças e diferenças que as unem e as tornam grandes e sustentáveis. A cidade é, sobretudo, contato, regulação, intercâmbio e comunicação. A convicção de que a população pode expandir infinitamente os espaços do assentamento humano é a primeira forma, geograficamente falando, de neutralizar o valor de qualquer espaço. (SENNETT, 1991, p. 9) Contudo, os denominados “problemas ambientais urbanos” na atualidade estão sendo levados à reflexões sobre a cidade que possuímos e a cidade que desejamos. Visto que, a importância do arquiteto para que as cidades se desenvolvam é de extrema importância. As áreas que precisam de uma estrutura para que consigam exercer seu papel de melhorias de convívio e lazer, é de fundamental importância à visão de um profissional que projeta tais ambientes para que as pessoas se sintam os espaços como convidativos e queiram permanecer nos demais locais. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 43 RESUMINDO: Os estudos sobre tais preocupações necessitam da compreensão do sistema urbano brasileiro em toda sua totalidade, ou seja, incluindo as pequenas cidades também no discurso. Além das preocupações acadêmicas, também é de extrema importância a expressividade das políticas públicas, imprensa e sociedade em geral, mostrando sua diversidade e principalmente, suas dificuldades. As culturas que crescem em cada ambiente são devido à junção de várias pessoas no mesmo local. Os espaços urbanos tornam-se assim uma área de repouso e tranquilidade para seus usuários, levando em consideração que não são apenas edifícios e construções verticais que devem ser planejadas e bem estruturadas. O que definirá a economia, socialização e característica cultural daquele local será o resultado da utilização de espaços ociosos e que deve ser pensada, planejada, destinada e projetada à toda população. Assim, vemos a importância do papel do arquiteto para que os ambientes possam, além de disponibilizar impacto visual, oferecer conforto e bem-estar a todos. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 44 REFERÊNCIAS ALOMÁ, P. R. O espaço público, esse protagonista da cidade. 19 Dez 2013. ArchDaily Brasil. Disponível em: https://bit.ly/3Bef2cl. Acesso em: 20 dez. 2020. CASTELNOU, A. Fundamentos da Arquitetura. 2014. Disponível em: https://bit.ly/36K8YdI. Acesso em: 20 dez. 2020. FERNANDES, P. H. C. O urbano brasileiro a partir das pequenas cidades. 2018. 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A área de urbanismo e toda a sua história, desdeo início, como também pelo meu desenvolvimento do trabalho de conclusão de curso, me fascinam até hoje. Gosto de incentivar as pessoas a olhar com mais delicadeza à arquitetura e todas as áreas que a mesma abrange. Alexsandro Pereira Sou Arquiteto e Urbanista graduado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2007) e Mestre pelo Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU) da Universidade Federal Fluminense (UFF) com enfoque na área de Habitação de Interesse Social. Membro do Corpo Docente do grupo ITEC, onde leciono para o Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade TECSOMA em diversas disciplinas ligadas a Projetos Arquitetônicos. ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Marcos históricos das linhas arquitetônicas ................................... 10 Aspectos históricos da arquitetura ..................................................................................... 10 Da Antiguidade à Idade Contemporânea .................................................. 11 Tecnologias da arquitetura - da prancheta ao CAD ..................... 18 Desenvolvimento da tecnologia .......................................................................................... 18 Da prancheta até a produção digital ................................................................................. 19 Desenho técnico ...........................................................................................................22 A utilização do AutoCAD .......................................................................................22 Perfis profissionais da área de arquitetura ......................................28 O papel do arquiteto .....................................................................................................................28 Construção civil ............................................................................................................................... 30 Mercado da arquitetura e da construção civil ...............................36 História da arquitetura no Brasil .......................................................................................... 36 Formas de empreendedorismo ............................................................................................37 Mercado de trabalho no ramo da engenharia civil ............................................... 39 Principais tendências do empreendedorismo .......................................................... 40 Consultoria ........................................................................................................................ 41 Reforma de ambientes ............................................................................................. 41 Serviços especializados ..........................................................................................42 Franquias ............................................................................................................................42 Projetos residenciais ..................................................................................................43 Docências ..........................................................................................................................43 7 UNIDADE 02 Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 8 INTRODUÇÃO Com o passar dos anos, a arquitetura se desenvolveu de acordo com suas necessidades e com ideias e conceitos que vieram a evoluir ao longo do tempo. Os estilos de cada etapa levam a uma determinada época e local onde se desenvolve sua arte juntamente com sua individualidade. Você sabia que cada estilo arquitetônico pertence a uma época que obtém um costume diferente de cada população? Isso mesmo. Cada uso, aplicação, estética, materiais e proporções, servem para discernir um estilo particular de cada período da história da arquitetura. Ao longo desta unidade letiva, você analisará e compreenderá melhor onde a arquitetura se fundamentou e cada marco histórico que foi preciso para que fosse desenvolvida uma linha até chegar aos dias atuais. Vamos mergulhar nesse universo! Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade II. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Analisar e compreender os marcos históricos das linhas arquitetônicas. 2. Discernir sobre os artefatos e tecnologias para a arquitetura, bem como seu desenvolvimento ao longo dos tempos, desde a prancheta e papel até a produção arquitetônica digital em CAD. 3. Avaliar o perfil do arquiteto e dos vários profissionais que atuam na área de arquitetura e da construção civil, compreendendo suas posições e interações. 4. Discernir sobre o mercado da arquitetura e da construção civil na atualidade, identificando oportunidades de trabalho e empreendedorismo. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 10 Marcos históricos das linhas arquitetônicas OBJETIVO: Ao longo da caminhada do homem na face da terra atrás de moradia e com o surgimento de aldeias que logo se transformaram em cidades, deu-se o início da civilização. Essa evolução será fundamental para compreender melhor como se desenvolveu a base da arquitetura e seus marcos históricos. Ficou curioso? Então vamos lá! Aspectos históricos da arquitetura A arquitetura é vista como parte da história da arte e a mesma é subdividida em várias etapas. Essa área abrange o estudo de toda a evolução arquitetônica e suas respectivas características no decorrer de toda sua história. Para compreender melhor o estudo e os marcos históricos dessa linha de tempo, faz-se necessário entender primeiramente os pontos principais que fazem parte da mesma: a Pré- História, a Antiguidade, a Antiguidade Clássica, a Idade Média, a Idade Moderna e a Idade Contemporânea, cada fase subdividida em etapas e características históricas marcadas por cada século. De acordo com a arqueologia, a primeira civilização urbana surge em IV a.C., limitados ao longo dos rios Tigres e Eufrates, mantendo áreas com extensa capacidade agrícola. Por ser um conteúdo amplo, a cronologia da evolução da arquitetura abrange e dispõe de várias obras distintas pelo mundo. É interessante ressaltar que cada país tem sua história, trazendo um estilo e cultura de arquitetura diferente de outros, onde se propõe trazer o conforto necessário para cada população. Segundo Mumford (1998), na Mesopotâmia cada cidade constituía-se um mundo separado. No Egito, as funções da cidade eram desempenhadas pela própria terra. O deserto e as montanhas Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 11 constituíam a “muralha”, os grupos provinciais ou totêmicos formavam as “vizinhanças” e os túmulos e templos dos faraós serviam como “cidadelas”de outro mundo. Da Antiguidade à Idade Contemporânea A história da arte começa desde a Pré-História, marcada por um período em que o homem começa a ter domínio sobre suas técnicas com as pedras e vai desenvolvendo e criando o seu abrigo. As primeiras construções e grandes obras da arquitetura vão surgindo também no período da Antiguidade. Figura 01 - Marcos Históricos Pré-História Marcos históricos Idade Contemporânea Antiguidade Idade Moderna Antiguidade Clássica Idade Média Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 12 No Egito, sobretudo nos primeiros tempos, os monumentos não constituíam o centro da cidade, mas eram logrados como uma cidade independente, divina e eterna. A cidade divina possuía as seguintes características: executada de pedra, habitada por formas geométricas como obeliscos, estátuas ou pirâmides. Com base na arqueologia, a civilização Egípcia é plenamente formada após a unificação do país. Figura 02- Pirâmide Egípcia Fonte: Freepik A figura acima exibe a pirâmide projetada pelo arquiteto Imhotep referente a um marco de grande relevância para a arquitetura do Egito. Apesar desses lugares serem designados também como moradias, a maioria das edificações construídas nesse período era remetida às práticas religiosas. VOCÊ SABIA? A arquitetura foi de templos religiosos evoluindo até chegar a conjuntos de edificações que, atualmente, podem ser consideradas uma das sete maravilhas do mundo, como por exemplo, as pirâmides de Quéops e Miquerinos, que descrevem toda a história da arquitetura egípcia na antiguidade. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 13 No período da Antiguidade Clássica, os povos gregos e romanos eram os que dominavam, se sobressaindo aos egípcios. Os mesmos elegem a cidade como componente principal da vida política. Onde antes eram desenvolvidas arquiteturas religiosas e residenciais, passaram a proporcionar espaços públicos, caracterizados por templos que objetivavam a interação entre as pessoas em suas atividades do dia a dia. A simetria e os elementos geométricos são uma das características mais significativas da arquitetura grega, que obtinha fortes influências de culturas mediterrâneas. Outra característica decisiva eram as colunas expostas, que marcavam as ordens, tais como: dórica, jônica e coríntia. Figura 03 - Colunas na Grécia Fonte: Pixabay As colunas garantiam algumas das convicções como a ordem, a racionalidade e a geometria. Entre os anos 900 e 725 a.C., as construções eram pouco harmônicas e os templos apresentavam uma coluna central ou em fileiras como auxílio. Apesar de advir da Arquitetura Grega, a Arquitetura Romana distinguiu-se pela popularidade na Europa levando consigo características determinantes em suas edificações, tais como o aqueduto (canal para Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 14 conduzir água), estradas, arcos do triunfo, pontes, panteão e a brasílica. As estátuas, mosaicos e pinturas faziam parte da luxuosa e grandiosa arquitetura romana, onde também eram inseridos materiais atuais como o cimento. Podemos ver até os dias atuais a Arquitetura Romana inspirando grandes obras no nosso país, como é o caso dos Arcos da Lapa, localizado no Rio de Janeiro. Para podermos compreender melhor o estilo da arquitetura da Idade Média, faz-se necessário um pouco de entendimento sobre arquitetura medieval. São estilos desarmônicos, complexos e com curvas, com iluminação e ornamentação pitorescas, buscando sempre despertar interesse do público. Um período distinto também por construções de catedrais em estilo gótico, sendo esse um dos mais marcantes da história da arquitetura durante o século XII. O gótico trouxe a quebra de todos os estilos anteriores. As plantas eram desenvolvidas em crucifixos e os monumentos apresentavam paredes finas, leves e verticalizadas, buscando obras mais altas, iluminadas com a presença de vidro e vegetação. Um exemplo desse período gótico é a Catedral de Notre Dame. Figura 04 - Detalhes da Catedral de Notre Dame, França Fonte: Pixabay Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 15 Tais obras eram associadas à religião e à arquitetura sacra, pois a fé era uma importante convicção composta em suas obras. Por sua vez, a Idade Moderna reflete uma mudança radical na estrutura das construções. O período inclui a presença da Arquitetura Renascentista, o Maneirismo, a Arquitetura Barroca e a Neoclássica. A arquitetura Renascentista iniciou no século XIV e foi até o século XVI. A mesma trouxe mais liberdade aos artistas e procurou buscar inspiração das artes greco-romanas, criando uma maneira própria de desenvolvimento por parte dos conhecedores da arte. Com o surgimento na Itália, essa época pós-moderna modificou vários setores e trouxe novas manifestações políticas, culturais, econômicas e sociais. Com o objetivo de renovação e criação de novas ideias adquiridas para o desenvolvimento de suas obras, os artistas no período do Maneirismo buscam compor novos elementos em suas obras. Por ser uma transição entre o renascimento e o barroco, alguns artistas abandonaram as regras da arquitetura renascentista e criaram sua expressão particular. Segundo Ferreira (2018): As figuras maneiristas nos promovem estranhamento, há um exagero nas representações e no posicionamento alongado e distorcido dos corpos. Os artistas que representam o Maneirismo pareciam ter o objetivo não de formar uma escola com características definidas, mas de poder ter uma forma única e pessoal de se expressar. (FERREIRA, 2018, p. 1) Sendo assim, o Maneirismo afasta a ideia naturalista do clássico e desfaz a harmonia das obras características do Renascimento. O Barroco, por sua vez, surge a partir do século XVII na Europa e América Latina, trazendo também ênfase às igrejas e catedrais, assim como o estilo gótico, em retorno à Reforma Protestante. Esse estilo é singular, uma vez que as igrejas eram dotadas de abóbadas, arcos, tetos transcendentes, com alusão ao infinito. A forma peculiar das obras estava no dinamismo, presente nos efeitos visuais, trazendo curiosidade ao observador. No início do século XIX surge um novo movimento cultural na Europa chamado de Arquitetura Neoclássica. Ele sucedeu a Revolução Industrial e artes Decó e foi se expandindo pela Rússia, Estados Unidos Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 16 e América Latina. Esse período traz a racionalidade das composições tradicionais, sendo ajustada à modernidade. Constata-se também a procura da resolução de projetos na prática, com utilização de materiais mais elevados como o mármore, concreto e metal. Chegando à Idade Contemporânea, a apresentação da Arquitetura Moderna não chega a ser apenas um movimento, mas sim uma soma de doutrinas arquitetônicas que se manifestam no século XIX e na metade do século XX. Uma das principais causas dessa época era deixar de lado toda a arquitetura precedente, buscando o racionalismo, economia e funcionalismo. Figura 05 - Vila Savoye de La Corbusier Fonte: Wikimedia Commons Por sua vez, os espaços apresentavam-se abstratos, a geometria bem definida, sem composição de ornamentos, com a presença de pilotis, vidro contínuo e tendo como um dos principais arquitetos: Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e Paulo Mendes da Costa. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 17 RESUMINDO: Então, deu para entender um pouco sobre alguns pontos dos principais marcos das linhas arquitetônicas? Gostou? Para ser mais breve, vamos resumir essa linha de pensamento da melhor forma possível. Você deve ter compreendido que a arquitetura foi dividida em várias épocas, cada uma com suas características individuais. A Pré-História, onde foi o começo de tudo, com a presença da sua arquitetura Neolítica e características dos primeiros monumentos traçados pelo homem. A Antiguidade, com o desenvolvimento da arquitetura egípcia,
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