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Conteudista: Prof.ª Dra. Márcia Pereira Cabral Revisão Textual: Prof. Me. Claudio Brites Objetivo da Unidade: Caracterizar os sujeitos da gestão escolar, tendo como enfoque suas funções e interlocuções. Material Teórico Material Complementar Referências Pressupostos e Práticas da Gestão Escolar: o Papel dos Gestores na Organização Escolar e Educacional Introdução Anteriormente, vimos a relação da gestão educacional com a práxis pedagógica, perspectivas sobre a gestão como campo de atuação e sua inserção na formação de professores, o Plano Nacional de Educação e sua relação com a prática de ensino em gestão. Agora, voltaremos nosso olhar para os sujeitos que compõem a gestão escolar, seu papel no sistema educacional brasileiro e a relação desses atores com a prática de ensino e com o estágio supervisionado. Esse entendimento é fundamental para ancorar o que vimos em momentos anteriores, com aspectos práticos da atuação na gestão e na preparação – ou aperfeiçoamento em momentos de estágio, assim como em outras vivências escolares. 1 / 3 Material Teórico Figura 1 – Entender a relação dos sujeitos da gestão escolar é fundamental para a prática nesse campo Fonte: Getty Images Ao longo deste material, são indicados materiais, links, vídeos e leituras. É imprescindível que você acesse todos eles, pois são fundamentais para a compreensão dos temas trabalhados. Bons estudos! Sujeitos da Gestão Escolar e suas Funções No início desta disciplina, vimos de forma bastante sintética a composição da gestão escolar, buscando entender a gestão como campo de atuação e, portanto, apresentando suas principais posições. Com isso em mente, partimos agora para o desafio de entender exatamente quais são esses sujeitos e quais as suas funções específicas no contexto escolar. Assim, entenderemos a fundo os sujeitos que se ligaram à direção, coordenação pedagógica e supervisão de ensino. Nesse sentido, nosso primeiro foco se volta para a direção, materializada nos cargos de diretor da escola e de vice-diretor. Para entendermos sua função, precisamos pensar que, no Brasil, a educação vivenciou diversas disputas em relação a um consenso sobre forma de gestão. O mundo atual vem consolidando mudanças sociais, culturais, políticas e econômicas. É compreensível, e até esperado, que essas transformações sejam vistas também no cenário educacional. Frente a essa reflexão, gestores, coordenadores e supervisores se deparam com problemas que precisam ser solucionados, colocando em questão valores enraizados. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Leitura A Educação, a Política e a Administração: Reflexões sobre a Prática do Diretor de Escola A relação entre a literatura especializada sobre gestão escolar e senso comum aparece no artigo a seguir. Leia-o para se aprofundar nesse aspecto! https://www.scielo.br/j/ep/a/z3kMwmdfKMTGM6pb6ZKzXjt/?lang=pt Até meados do Século XX, a figura do diretor era tida por muitos como uma referência em autoridade, o que muitas vezes era sinônimo de autoritarismo. A ideia de autoridade se ligava ao senso comum da política de um país que vivenciou diversos momentos de governos rígidos e não democráticos, o que levava à ideia de que a autoridade poderia ser vista como obediência e temor. Vídeo A Educação era Melhor na Época da Ditadura? A ideia de autoridade era também interpretada como sinônimo de qualidade de educação. Para entender melhor essa realidade, assista ao vídeo da Nova Escola a seguir. A Educação era melhor na época da ditadura? https://www.youtube.com/watch?v=hl35uu5O8xI Paro (2010, p. 39) nos lembra que, no contexto democrático, o conceito de autoridade assume outros contornos. Para o autor, Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Leitura A Gestão Pedagógica na Praxis de uma Diretora Qual a relação da direção escolar com a práxis pedagógica? Leia o artigo a seguir para entender melhor o tema. “A autoridade é um tipo especial de poder estabilizado denominado “poder legítimo”, ou seja, aquele em que a adesão dos subordinados se faz como resultado de uma avaliação positiva das ordens e diretrizes a serem obedecidas. Apenas nessa [...] acepção pode-se dizer que a autoridade se insere numa forma democrática de exercício do poder, na medida em que a obediência ocorre sem prejuízo da condição de sujeito daquele ou daqueles que obedecem.” https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/10344/1/ulfpie046333_tm.pdf Ancorados nessa ideia, podemos pensar que uma nova concepção de autoridade também impacta diretamente a realidade prática da gestão escolar. Isso porque: Perceba que a atuação do diretor está diretamente ligada à forma da gestão e sua relação com as bases democráticas. Essa atuação impacta diretamente as práticas de estágio supervisionado em gestão educacional, pois é nesse momento que a teoria aqui estudada pode ser observada na prática. Nesse sentido, é válido ter em mente que a observação do gestor pode trazer grandes contribuições para a formação do estudante de graduação. - ABDIAN; OLIVEIRA; JESUS, 2013, p. 979 “Dependente ou independentemente dos avanços teóricos da área, a julgar pela política educacional que, ao longo das últimas décadas, delineia diretrizes de descentralização e concessão de autonomia aos entes federados, identificam-se práticas bastante diferenciadas de exercício da função do diretor de escola: umas mais próximas dos avanços teóricos – o que será trabalhado neste estudo –, outras se aproximando de concepções mais tradicionais da função do diretor de escola.” Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Também podemos refletir a partir de uma concepção do papel do diretor mais ligada a uma visão geral da escola e uma atuação que tenha como fim a qualidade da educação e a aprendizagem dos estudantes. Assim: Leitura Os Desafios Encontrados na Gestão Escolar: Vivências do Estágio Supervisionado II Para saber mais sobre a relação da atuação do diretor escolar com o estágio supervisionado, leia o artigo a seguir, em que as autoras comentam sobre sua própria vivência e os mecanismos utilizados para extrair o máximo da experiência. “No que diz respeito aos diretores de escola, vários autores afirmam que novas prescrições institucionais impelem-nos a tornarem-se “líderes pedagógicos” responsáveis pela coordenação da atividade educativa em sua escola e pela condução das reformas escolares através da mobilização de sua equipe educativa (BERGERON; MASSÉ; RATHÉ, 2005; BRASSARD; CLOUTIER; DE SAEDELEER; https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2018/TRABALHO_EV117_MD1_SA1_ID5990_17092018232742.pdf Perceba, pela fala da autora, a conexão da função gestora do diretor com a práxis pedagógica que vimos anteriormente e, no tocante do contexto escolar, com uma relação mais próxima com outras figuras da gestão escolar, como o coordenador pedagógico. O coordenador pedagógico é o profissional que orienta o trabalho desenvolvido pelos professores no contexto educacional, assumindo uma liderança, frente à formação continuada, na construção coletiva do Projeto Político Pedagógico – PPP –, buscando articular os saberes com as práticas. No que tange a algumas características do coordenador pedagógico, Libâneo (2004, p. 215) elenca: - CATTONAR, 2006, p. 187-188 CORRIVEAU; FORTIN; GÉLINAS; SAVOIE-ZAJC, 2004; CORRIVEAU, 2004). Na Europa, observam-se tendências semelhantes, e vários estudos mostram que os diretores não devem mais ser somente administradores e gestores, mas também “animadores pedagógicos”, iniciadores da política pedagógica de sua escola e “agentes de mudança” do sistema educacional.” “A coordenação é um aspecto da direção, significando a articulação e a convergência do esforço de cada integrante de um grupo visando a atingir os objetivos. Quem coordena tem a responsabilidade de integrar, reunir esforços, liderar, concatenar o trabalho de diversas pessoas.” Assim, podemos perceber que a principal atuação do coordenador pedagógico é a de impulsionar os diversos saberes dos profissionais envolvidos em direção à concretização de práticas pedagógicas enriquecidas. Vídeo Quais são os 3 Pilares da Coordenação Pedagógica Antes de mergulhar na atuação do coordenador pedagógico, assista ao vídeo a seguir. 08. QUAIS SÃO OS 3 PILARES DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA https://www.youtube.com/watch?v=Zh5kQEyz_wc Para Libâneo (2004), o coordenador pedagógico é o profissional que atua diretamente com os professores, viabilizando todo o trabalho docente, atribuindo assistência didática, para, assim, certamente construir situações didáticas capazes de transformar a prática existente conforme as necessidades de seus alunos. O autor também elenca algumas atribuições que são responsabilidade desse profissional: “Responder por todas as atividades pedagógico-didáticas e curriculares da escola e pelo acompanhamento das atividades de sala de aula, visando a níveis satisfatórios de qualidade cognitivas e operativas do processo de ensino e aprendizagem; Supervisionar a elaboração de diagnósticos e projetos para a elaboração do projeto pedagógico-curricular da escola; Propor para discussão, junto ao corpo docente, projeto pedagógico-curricular da unidade escolar; Orientar a organização curricular e o desenvolvimento do currículo incluindo a assistência direta aos professores na elaboração dos planos de ensino, escolha de livros didáticos, práticas de avaliação da aprendizagem; Prestar assistência pedagógico-didática direta aos professores, acompanhar e supervisionar suas atividades tais como: desenvolvimento dos planos de ensino, adequação de conteúdos, desenvolvimento de competências metodológicas, práticas avaliativas, gestão de classe, orientação da aprendizagem, diagnósticos de dificuldades, etc; Coordenar reuniões pedagógicas e entrevistas com professores visando promover inter-relação horizontal e vertical entre disciplinas, estimular a realização de projetos conjuntos entre os professores, diagnosticar problemas de ensino e Perceba que o autor entende, ainda, que o coordenador pedagógico também deve coordenar e estimular as ações coletivas dentro da unidade escolar. Essas ações devem estar atreladas ao trabalho pedagógico desenvolvido na unidade escolar; portanto, cabe ao profissional ser o articulador na elaboração do PPP. Compete, portanto, ao Coordenador Pedagógico: - LIBÂNEO, 2004, p. 219-221 aprendizagem e adotar medidas pedagógicas preventivas, adequar conteúdos, metodologias e práticas avaliativas. Organizar as turmas de alunos, designar professores para as turmas, elaborar o horário escolar, planejar e coordenar o conselho de classe; Propor e coordenar atividades de formação continuada e de desenvolvimento profissional dos professores; Elaborar e executar programas e atividades com pais e comunidade, especialmente de cunho científico e cultural; Acompanhar o processo de avaliação da aprendizagem (procedimentos, resultados, formas de superação de problemas, etc.); Cuidar da avaliação processual do corpo docente; Acompanhar e avaliar o desenvolvimento do plano pedagógico- curricular e dos planos de ensino e outras formas de avaliação institucional.” O coordenador pedagógico deve apoiar constantemente os alunos com dificuldades de aprendizagem, organizando atendimentos individuais e em horários diferenciados, a fim de prover meios para a melhoria do rendimento na área de maior fragilidade. Esse apoio pedagógico é primordial, pois essa parceria possibilitará segurança para os professores e a certeza de que não estão sozinhos nessa caminhada incessante rumo à aprendizagem. Também é preciso destacar que outra atribuição do coordenador pedagógico é a de estabelecer o estreitamento de relações da escola com os pais, a partir de projetos de integração. - PLACCO; ALMEIDA; SOUZA, 2011, p. 230 Vídeo Atribuições do Coordenador Pedagógico O canal “Dia a Dia na Escola” realizou um vídeo sobre os aspectos práticos da coordenação pedagógica, assista a seguir. “[...] em seu papel formador, oferecer condições ao professor para que aprofunde sua área específica e trabalhe bem com ela, ou seja, transforme seu conhecimento específico em ensino. Importa então destacar dois dos principais compromissos do CP: com uma formação que represente o projeto escolar [...] e com a promoção do desenvolvimento dos professores. Imbricados no papel formativo, estão os papéis de articulador e transformador.” De acordo com Orsolon (2003), algumas atitudes do coordenador pedagógico são essenciais e capazes de provocar mudanças no contexto escolar. São elas: Atribuições do Coordenador Pedagógico Proporcionar um trabalho pedagógico de coordenação em junção com a gestão escolar, de forma participativa e democrática, tendo em mente que a integração é o caminho para a transformação; Promover o trabalho pedagógico coletivamente, pois o caminho para a mudança só acontece se todos se unirem em prol de um objetivo; Articular a competência docente, levando em consideração os diversos saberes, vivências e o modo de atuação dos estudantes, criando assim condições para intervir com excelência; Pleitear a sincronicidade do professor, criando situações que levem a torná-lo reflexivo, capaz de criticar a dimensão cultural, econômica e política de sua atuação; https://www.youtube.com/watch?v=2hmuuG0tC1A Diante do exposto, e em suma, compreendemos que é da competência do coordenador pedagógico: Investir no processo de formação continuada do professor, de maneira reflexiva, transformando-a sob o norte do PPP da escola; Fomentar práticas inovadoras, apresentando aos professores novas possibilidades nas práticas curriculares, conduzindo-as para o ensinar e aprender; Assegurar parceria com o aluno, incluindo-o no processo de construção do trabalho pedagógico, a fim de proporcionar oportunidades para que os alunos participem com sugestões e críticas; Estabelecer oportunidades para o professor compartilhar suas vivências em relação ao cotidiano escolar; Compreender as necessidades e os anseios de todos os envolvidos na dinâmica escolar. O coordenador precisa estar em sintonia com o âmbito social, cultural e educacional da escola, propiciando a tomada de decisões; Proporcionar situações para que provoque a reflexão rumo à transformação educacional. Proporcionar um ensino de qualidade; Conduzir ações, tomando como ponto de partida o processo de formação continuada dos professores; Buscar soluções para os problemas que lhe são apresentados; Apresentar sincronicidade com os docentes: a partir da sincronicidade, haverá mudanças significativas no âmbito escolar capazes de sanar as principais dificuldades e anseios vividos no cotiando. De fato, o coordenador pedagógico não possui respostas prontas para todas as situações problemáticas, pois são grandes os desafios do cotidiano escolar; porém direciona-as da maneira mais viável possível para o desenvolvimento de uma prática emancipadora. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Precisamos ainda considerar que nem diretor e nem coordenador pedagógico atuam de forma completamente individual, já que suas práticas estão ancoradas na legislação vigente e nas redes parceiras. É nesse ponto de relação que encontramos a figura do supervisor de ensino, que atua como um articulador nas escolas e redes escolares. Dessa forma, deve acompanhar, orientar e avaliar os processos escolares, bem como mediar as políticas públicas e as propostas pedagógicas em cada uma das escolas particulares e públicas. Esse profissional deve romper com a complexidade burocrática e técnica e apropriar-se de sua atuação política, levando em consideração a função social das escolas, viabilizando a qualidade no processo de ensino e aprendizagem. Leitura Estágio Supervisionado em Gestão e Coordenação de Ensino: um Olhar Formativo na Licenciatura A relação entre a coordenação pedagógica e o estágio supervisionado é tema do artigo a seguir. https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/18082_8881.pdf Zieger (2009, p. 9) salienta que: Perceba, assim, que a supervisão se desenvolve mais no campo da articulação do que de fato em uma “fiscalização” do trabalho gestor, como pode ser entendida a função em uma abordagem mais equivocada. Muito dessa visão remonta à história do país, pois, no Brasil, a função de supervisão de ensino já se fez presente em 1549 no Plano Geral dos Jesuítas, conforme evidencia Saviani (2010, p. 56): “Para que o espaço da supervisão se constitua, os supervisores necessitam desenvolver conhecimentos cada vez mais abrangentes, relativos aos fundamentos sociopedagógicos e políticos de sua prática, e, ao mesmo tempo, conhecimentos específicos, relativos às competências próprias da função. Os conhecimentos necessários à supervisão associam-se às suas condições de perceber, de modo crítico e fundamentado, as múltiplas alternativas e possibilidades que se representam no horizonte de suas funções, sempre com atenção às práticas cotidianas da escola e às relações orientadas por princípios de dignidade, qualificação e respeito humano.” “A função supervisora é destacada das demais funções educativas e representada na mente como uma tarefa específica para a qual, em consequência, é destinado um agente, também específico, distinto do reitor e dos professores, denominado prefeito de estudos. Esse destaque da função supervisora com a explicitação da Assim, o papel do supervisor de ensino, no passado, era o de inspecionar. Na contemporaneidade, é um profissional da Educação, cuja função é designada pelos órgãos do sistema de ensino. A sua atuação é regulamentada nas políticas educacionais, nas secretarias da Educação e diretorias de ensino. Nesse sentido, Alonso (2004) considera que o supervisor pedagógico perpassa o técnico- pedagógico, tornando-o político, importando-se com a ação-reflexão que suscita resultados imediatos. Diante disso, o supervisor deve superar essa visão técnica e adquirir uma vasta visão. Há variação na nomenclatura dos órgãos que compõem o sistema educacional. Ainda segundo a autora, a denominação supervisão de ensino adquiriu significados específicos nos diversos sistemas de ensino. Podemos dizer, então, que a supervisão de ensino educacional deve se conduzir para o seu papel social, para refletir coletivamente a partir do contexto de cada escola, em busca de soluções que - ALONSO, 2004, p. 89 ideia de supervisão educacional é indício da organicidade do plano pedagógico dos Jesuítas, o que permite falar, ainda que de forma aproximada, que se tratava de um sistema educacional propriamente dito.” “No estado de São Paulo, a expressão esteve sempre atrelada ao cargo de “supervisor”, alocado nas delegacias de ensino (Lei complementar número 836, de dezembro de 1997). Nos demais estados, não existe o cargo, mas a função.” transformem a escola em um local de democracia e participação. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Assim, atualmente, o grande desafio dos supervisores de ensino se refere à ampliação do diálogo e à promoção de discussões acerca das situações-problemas, para que coletivamente encontrem respostas. Nessa linha, Silva Jr. (1986, p. 17) salienta que: Leitura O Estágio e a Formação em Gestão Educacional no Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR) Leia o artigo a seguir para refletir sobre a prática do estágio e sua relação com a supervisão de ensino. “[...] a esperança que permanece é a de que a emergência de teorias educacionais críticas não-reprodutivistas venha a favorecer a elaboração de concepções e propostas de supervisão escolar que signifiquem a transformação da prática https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/18082_8881.pdf Medina (2005) elaborou um Quadro no qual elenca de maneira coerente as mudanças essenciais para que a atuação da supervisão de ensino se torne mais alinhada às novas demandas educacionais. Quadro 1 – Mudanças na Supervisão de Ensino Tradicional Renovada Ter como objetivo a harmonia do grupo. Explicitar as contradições, trabalhando o conflito com o objetivo de estabelecer relações de trabalho no grupo da escola. Buscar a igualdade num processo de mascaramento da realidade. Trabalhar as diferenças. Trabalhar, tendo como base seu próprio desejo. Trabalhar, buscando criar demandas. Ter a mesma leitura para todas as escolas. Fazer a leitura da escola considerando sua singularidade. Produzir modelos de conhecimento. Criar formas próprias de conhecimento. existente e o seu direcionamento bem como o direcionamento dos sistemas em que se inserem, aos anseios e às necessidades da classe dominada.” Tradicional Renovada Enfatizar procedimentos linearizados. Enfatizar a produção do professor no interior da escola, num movimento de ensinar e aprender. Ser um facilitador. Ser um problematizador. Ter o conhecimento como um dado absoluto. Ter o conhecimento como dado relativo. Ver na proposta pedagógica mais uma forma de modismo. Ver na proposta pedagógica a possibilidade de reconstrução da escola. Ter comportamento de neutralidade. Ter comportamento expresso com clareza. Trabalhar tendo em vista um tipo ideal de homem. Trabalhar tendo em vista o sentido da vida humana. Fonte: MEDINA, 2005, p. 27 Espera-se, portanto, que a ação supervisora priorize os saberes pedagógicos, a participação, a autonomia, tendo como resultado desse processo uma educação transformadora e de qualidade com equidade. Diretor, coordenador pedagógico e supervisor de ensino compõem a base da gestão escolar e, por isso, são chamados de trio gestor. Usaremos esse termo no restante da Unidade e na seguinte; sempre que o vir, aqui na disciplina ou ao longo da literatura, lembre-se de que se trata dos sujeitos que vimos aqui. Agora que já entendemos de que maneira cada sujeito da gestão atua, é hora de olhar para essa atuação inserida no contexto educacional do país. Os Gestores e sua Atuação no Sistema Educacional Brasileiro Para entendermos a relação da gestão com a organização do sistema educacional do Brasil, é preciso olhar primeiramente para a legislação correspondente e seus desdobramentos na visão que temos sobre a gestão educacional e o papel de cada ator nela envolvido. Figura 2 – Entender o papel dos sujeitos da gestão escolar requer olhar para sua relação com o sistema educacional brasileiro Fonte: Getty Images Nosso primeiro marco legal é a Constituição de 1988. Em seu artigo 206, no item VI, fica determinada a “gestão democrática do ensino público, na forma da lei” (BRASIL, 1988). Esse importante artigo se transformou no pilar da ótica sobre a gestão educacional, abrindo caminhos para a promulgação de leis específicas. Gestão Educacional e Materialização do Direito à Educação: Avanços e Entraves Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Leitura Entenda melhor a relação da Constituição de 1988 com a gestão educacional lendo o artigo “Gestão Educacional e Materialização do Direito à Educação: Avanços e Entraves”. Veremos melhor sobre a relação da Constituição com a gestão democrática futuramente, mas um vislumbre do tema pode ser obtido com a leitura do artigo “A Gestão Democrática na Constituição Federal de 1988”. https://www.scielo.br/j/er/a/K5njTr4VXnGsc5V785jjCsf/?format=html A Gestão Democrática na Constituição Federal de 1988 Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Aprovada em 20 de dezembro de 1996 a Lei n.º 9.394. A Lei de diretrizes e bases da educação nacional prevê que o profissional que assume o compromisso da gestão deve ser formado em nível superior por meio do curso de Pedagogia ou de Pós-graduação na área: Essa determinação está diretamente relacionada com o que vimos ao longo de toda a disciplina: a prática gestora está, direta e legalmente, associada com a aprendizagem e com a práxis pedagógica. - BRASIL, 1996 “Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós- graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional.” https://www.researchgate.net/profile/Theresa-Adriao/publication/330258907_A_gestao_democratica_na_Constituicao_Federal_de_1988/links/5c35fd4b458515a4c718d186/A-gestao-democratica-na-Constituicao-Federal-de-1988.pdf Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE A legislação também reforça os papéis que vimos na seção anterior, adequando-se ao processo histórico de transformação das atribuições. O diretor deixa de ser visto como um administrador; o coordenador pedagógico não é mais visto como um fiscalizador e o supervisor de ensino não é considerado como um inspetor. Essa normativa também reflete em um segundo aspecto do sistema educacional brasileiro: estando a gestão ligada em legislação à práxis, os cursos de Pedagogia também se adequam a essa realidade. Por isso, a apresentação de conteúdos teóricos que apontem os caminhos para uma gestão conectada com o Século XXI e a criação de oportunidades de vivências práticas, como a de estágio supervisionado, se tornam tão importantes. Leitura A Escola do Futuro: Política de Gestão Educacional na Constituição de 1988 e na LDB Aprofunde suas perspectivas e entendimento sobre a legislação ligada à gestão educacional com a leitura do artigo a seguir. https://sapientia.pucsp.br/handle/handle/7391 Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE A formação para esse tipo de ocupação visa à formação de um profissional que tenha um olhar reflexivo e crítico sobre a prática pedagógica. Assim, partindo desse princípio, o curso de Pedagogia precisa ter uma preocupação diferenciada para a formação desses profissionais, investindo na formação, por se tratar de uma função complexa e essencial no campo educativo, que não pode ser limitada somente pelo aprender do que é visto na prática. Nesse sentido, é preciso que, desde a formação, os futuros profissionais desenvolvam capacidades e habilidades múltiplas de acordo com a educação atual. Contudo vivemos em um mundo de constante transformação e, por isso, é ilusório achar que a formação inicial consegue abarcar todas as nuances necessárias para a prática. Por isso, a formação continuada é importante e necessária pela necessidade de renovação do aprendizado, de se transformar constantemente – desejos presentes na própria natureza do saber humano, que sempre está em busca de novos conhecimentos. Leitura A Produção do Conhecimento e o Ensino da Gestão Educacional no Brasil Leia o artigo a seguir para entender melhor sobre a inserção da temática da gestão educacional em cursos de licenciatura. https://core.ac.uk/reader/303979040 É importante deixar claro que a formação continuada não deve substituir a inicial, mas sim oferecer desenvolvimentos específicos voltados para o campo de atuação dos profissionais ligados à gestão. Gestão Educacional: Formação Continuada no Espaço Escolar Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Gestão Educacional: Formação Continuada de Professores Frente à Identidade Institucional - CHRISTOV, 2003, p. 9 Leitura Aprofunde-se na questão da formação continuada no âmbito da gestão educacional com a leitura dos artigos a seguir. “A realidade muda, o saber que construímos sobre ela precisa ser revisto e ampliado, sempre dessa forma um programa de educação continuada se faz necessário para atualizar nossos conhecimentos, principalmente para as mudanças que ocorre em nossa prática, bem como para atribuirmos direção esperada a essa mudança.” https://repositorio.ufsm.br/handle/1/618 Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Podemos perceber, assim, que a legislação sobre educação abrange certos temas da gestão, mas não se esgota e tampouco cria uma rígida estrutura de implementação. Por isso, é sempre importante combinar os apontamentos legais com informações complementares, como diretrizes educacionais e composições específicas de cada estado e município. Também é fundamental considerar que os sujeitos da gestão devem sempre considerar o paradigma democrático em sua atuação, como veremos posteriormente. Em Síntese Ao longo da Unidade, vimos o trio gestor em suas atribuições, papéis e formas de atuação. Em seguida, voltamos nosso olhar para o sistema educacional brasileiro, focalizando na legislação brasileira e na formação dos profissionais que podem ocupar os cargos de gestão em escolas. Posteriormente, voltaremos nossas atenções para a gestão democrática, considerando seu histórico, o trabalho coletivo e o projeto político pedagógico. Nos vemos lá! http://repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/7483 Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Série de Diálogos Educação Integral – Bárbara Portilho A palestra “Qual o Papel da Equipe Gestora nas Escolas?” traz importantes perspectivas sobre a gestão educacional sob a ótica da educação integral. 2 / 3 Material Complementar Série de Diálogos Educação Integral - Bárbara Portilho https://www.youtube.com/watch?v=n48wvH4I81A O Trio Gestor Diante dos Desafios do Ensino Remoto O webinar a seguir, realizado pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), traz apontamentos sobre gestão no contexto da pandemia. Leitura A Gestão Escolar Democrática e seus Sujeitos O artigo a seguir aponta um panorama legal sobre a atuação dos sujeitos da gestão educacional. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE O TRIO GESTOR DIANTE DOS DESAFIOS DO ENSINO REMOTO http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2016/2016_artigo_gestao_uel_juliobelchodemello.pdf https://www.youtube.com/watch?v=vwTCeTa5i6Q Gestão na Educação em Larga Escala Organizado pelo Instituto Unibanco, o material a seguir traz os resultados de um projeto realizado para potencializar a aprendizagem de estudantes por meio de ações gestoras. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE A Gestão Escolar e a Formação do Sujeito: Três Perspectivas O material a seguir traz importantes visões sobre a gestão educacional e suas possibilidades. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE https://www.institutounibanco.org.br/wp-content/uploads/2020/09/Gestao-na-educacao-em-larga-escala.pdf https://seer.ufrgs.br/rbpae/article/view/18724 ABDIAN, G. Z.; OLIVEIRA, M. E. N.; JESUS, G. Função do diretor na escola pública paulista: mudanças e permanências. Educação e Realidade. 2013, v. 38, nº 3, p. 977-998. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/edreal/a/xkVZC8xVCgZPJNLbjyrnhCk/abstract/? lang=pt#ModalArticles>. Acesso em 16/03/2022. ALONSO, M. A Supervisão e o desenvolvimento profissional do professor. In: SILVA JR., C. A. S.; ARENA, D. B.; LEITE, Y. U. F. (org.). Pedagogia Cidadã e Gestão do Trabalho na Escola. São Paulo: UNESP, pró-reitoria de graduação, 2004. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 16/03/2022. ________. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em 16/03/2022. CATTONAR, B. Evolução do Modo de Regulação Escolar e Reestruturação da Função de Diretor de Escola. Educação em Revista, online. 2006, nº 44, p. 185-208. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-46982006000200010>. 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