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Fundamentos de Geomorfologia e Biogeografia

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Prévia do material em texto

2015
Fundamentos de 
GeomorFoloGia e 
BioGeoGraFia
Org.ª Katia Spinelli
Prof. Arildo João de Souza
Prof.ª Ângela da Veiga Beltrame
Prof. Ricardo Wagner Ad-Víncula Veado
Prof.ª Rosimar Bizello Müller
Copyright © UNIASSELVI 2015
Elaboração:
Org.ª Katia Spinelli
Prof. Arildo João de Souza
Prof.ª Ângela da Veiga Beltrame
Prof. Ricardo Wagner Ad-Víncula Veado
Prof.ª Rosimar Bizello Müller
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
551.4
F981f Spinelli, Kátia
 Fundamentos de geomorfologia e biogeografia/ Kátia 
Spinelli (Org.)... [et al.] . Indaial : UNIASSELVI, 2015.
 
 262 p. : il.
 
 ISBN 978-85-7830-897-1
 
 1.Geomorfologia; 2.Biogeografia. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
III
apresentação
A Geografia é uma ciência tão fascinante quanto dinâmica, ao nos 
proporcionar o conhecimento, desde a estrutura do núcleo da Terra e seu 
funcionamento, até o topo da atmosfera, passando pelos vários ecossistemas 
e, naturalmente, a origem das variadas formas da superfície rochosa do 
planeta, objeto de estudo desta disciplina. 
 
Originado das palavras gregas geo (Terra), morfo (forma) e logia 
(estudo), a Geomorfologia é, portanto, o estudo das formas da Terra ou do 
relevo terrestre. 
A Biogeografia explica a distribuição dos seres vivos no espaço 
organizado. O dinamismo da expansão e distribuição das espécies na biosfera 
é muito complexo e envolve conceitos da Geografia, da Ecologia, da Biologia, 
da Climatologia, da Hidrologia e muitas outras disciplinas, inclusive as 
ligadas à Geografia Humana.
Abordaremos os fundamentos conceituais, ou seja, origem e evolução 
do conhecimento das formas do relevo terrestre, ressaltando os principais 
ícones mundiais e nacionais deste importante conhecimento. Afinal, vivemos 
na superfície da Terra e dependemos do equilíbrio entre as forças naturais 
envolvidas para continuar sustentando a vida. 
Sabemos que a crosta terrestre é formada por grandes blocos 
rochosos que flutuam sobre o manto, chocando-se uns com os outros, 
criando cordilheiras na costa oeste de um continente e fossas abissais na 
costa leste, por exemplo, alterando constantemente a superfície do planeta. 
Estudaremos, portanto, as forças internas ou endógenas e as forças externas 
que atuaram e atuam para criar as mais belas formas de relevo, sejam elas 
continentais, costeiras ou submarinas, muitas musas de grandes poetas, mas 
que também escondem riquezas e os segredos da história geológica da Terra. 
Há o cuidado, na orientação deste estudo, no sentido de sempre se 
considerar a integração dos diferentes aspectos biogeográficos. Com isso, 
queremos enfatizar que a vida pode se desenvolver ou se adaptar ou se 
extinguir por um conjunto de fatores bióticos e abióticos, que agem sobre uma 
população ou comunidade de forma correlacionada, nunca isoladamente.
Não temos intenção de esgotarmos os assuntos aqui colocados. 
Pretendemos que o conteúdo deste caderno seja uma boa introdução aos 
seus estudos em Biogeografia e que, a partir dele, possa desenvolver outras 
leituras sobre esta fascinante disciplina.
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
É importante salientar que as informações apresentadas neste caderno 
são abordadas de forma sintética e resumida, portanto não significam um 
fim em si mesmas, mas a abertura de muitas portas, através das quais você 
deve entrar e se aprofundar, procurando realizar a leitura e estudo de outros 
autores.
Bom estudo.
Prof. Arildo João de Souza
Prof.ª Rosimar Bizello Müller 
Prof.ª Ângela da Veiga Beltrame 
Prof. Ricardo Wagner Ad-Víncula Veado
NOTA
V
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
VI
VII
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA .................................... 1
TÓPICO 1 – PROCESSOS MORFOGENÉTICOS ATUANTES NA FORMAÇÃO E 
DESGASTE DO RELEVO ............................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 O PAPEL DOS PROCESSOS ENDÓGENOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO ....................... 4
2.1 A ATUAÇÃO DOS FENÔMENOS MAGMÁTICOS .................................................................. 5
2.2 A ATUAÇÃO DOS FENÔMENOS METAMÓRFICOS .............................................................. 6
2.3 A ATUAÇÃO DO TECTONISMO ................................................................................................. 6
2.3.1 A atuação da orogênese e epirogênese ................................................................................ 7
2.3.2 A atuação dos falhamentos e dobramentos ........................................................................ 8
2.3.3 A tectônica de placas e a evolução do relevo ...................................................................... 10
3 PROCESSOS EXÓGENOS E SEUS EFEITOS NO RELEVO ....................................................... 10
3.1 EROSÃO E DENUDAÇÃO ............................................................................................................ 11
3.2 TIPOS E FORMAS DE EROSÃO ................................................................................................... 12
3.2.1 O trabalho erosivo das águas ................................................................................................ 13
3.2.1.1 Erosão pluvial ............................................................................................................. 13
3.2.1.2 Erosão fluvial .............................................................................................................. 14
3.2.1.3 Erosão marinha ........................................................................................................... 16
3.2.2 Erosão glacial ...........................................................................................................................16
3.2.3 A erosão eólica ........................................................................................................................ 18
3.2.3.1 Registros erosivos ....................................................................................................... 18
3.2.3.2 Registros deposicionais ............................................................................................. 20
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 22
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 23
TÓPICO 2 – ANÁLISE DE VERTENTES E OS MOVIMENTOS DE MASSA ............................ 25
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 25
2 VERTENTES .......................................................................................................................................... 25
2.1 MORFOGÊNESE DAS VERTENTES ............................................................................................ 26
2.2 EVOLUÇÃO DAS VERTENTES .................................................................................................... 30
2.3 A FORMA DAS VERTENTES ........................................................................................................ 32
2.4 DINÂMICA DAS VERTENTES ..................................................................................................... 38
2.5 A IMPORTÂNCIA GEOLÓGICA DO ESTUDO DAS VERTENTES ....................................... 39
3 MOVIMENTO DE MASSA ................................................................................................................ 40
3.1 FATORES CONDICIONANTES .................................................................................................... 41
3.2 TIPOS DE MOVIMENTO DE MASSA ......................................................................................... 42
3.3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE ESCORREGAMENTOS E DESLIZAMENTOS ..... 48
3.4 EXEMPLOS DE MOVIMENTOS DE MASSA OCORRIDOS NO BRASIL .............................. 48
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 53
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 55
TÓPICO 3 – A GEOMORFOLOGIA FLUVIAL ................................................................................. 57
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 57
sumário
VIII
2 A GEOMORFOLOGIA FLUVIAL ..................................................................................................... 57
2.1 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RIOS ...................................................................... 58
2.2 OS PADRÕES DE DRENAGEM DOS RIOS ................................................................................ 59
2.3 OS TIPOS DE LEITOS FLUVIAIS .................................................................................................. 62
2.4 OS TIPOS DE CANAIS FLUVIAIS ................................................................................................ 63
2.4.1 Canais retilíneos ...................................................................................................................... 64
2.4.2 Canais meandrantes ............................................................................................................... 64
2.4.3 Canais anastomosados ........................................................................................................... 66
2.4.4 Canais entrelaçados ou ramificados .................................................................................... 66
2.5 LEQUES ALUVIAIS E DELTAICOS ............................................................................................. 67
2.6 OS DEPÓSITOS ALUVIAIS ............................................................................................................ 69
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 72
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 74
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 75
UNIDADE 2 – GEOMORFOLOGIA LITORÂNEA E CÁRSTICA; A COMPARTIMENTAÇÃO 
DO RELEVO E A GEOMORFOLOGIA BRASILEIRA ......................................... 77
TÓPICO 1 – GEOMORFOLOGIA LITORÂNEA E CÁRSTICA .................................................... 79
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 79
2 A GEOMORFOLOGIA LITORÂNEA .............................................................................................. 79
2.1 DESCRIÇÃO DO PERFIL LITORÂNEO ...................................................................................... 80
2.2 OS PROCESSOS MORFOGENÉTICOS RESPONSÁVEIS PELA MORFOGÊNESE 
LITORÂNEA ..................................................................................................................................... 81
2.2.1 As forças marinhas atuantes na morfogênese litorânea ................................................... 83
2.3 ALGUMAS FEIÇÕES LITORÂNEAS .......................................................................................... 85
2.3.1 As planícies costeiras .............................................................................................................. 85
2.3.2 As escarpas e as falésias ......................................................................................................... 86
2.3.3 Restinga .................................................................................................................................... 88
2.3.4 Tômbolo .................................................................................................................................... 88
2.3.5 Pontal ........................................................................................................................................ 89
2.3.6 Baía ............................................................................................................................................ 89
2.3.7 Golfo ......................................................................................................................................... 90
2.3.8 Enseada .................................................................................................................................... 91
2.3.9 Recifes ....................................................................................................................................... 91
2.3.10 Laguna .................................................................................................................................... 92
2.3.11 Atol .......................................................................................................................................... 93
2.3.12 Praia ........................................................................................................................................ 94
2.3.13 Dunas costeiras ..................................................................................................................... 94
3 A GEOMORFOLOGIA CÁRSTICA ................................................................................................. 95
3.1 OS SISTEMAS CÁRSTICOS ...........................................................................................................96
3.2 DISSOLUÇÃO DE ROCHAS CARBONÁTICAS ........................................................................ 97
3.3 DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS CÁRSTICOS ................................................................. 98
3.4 AS CAVERNAS E OS CONDUTOS .............................................................................................. 99
3.4.1 Sistemas de cavernas .............................................................................................................. 99
3.5 AS FORMAS DE RELEVO CÁRSTICO ........................................................................................ 100
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 104
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 106
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 108
TÓPICO 2 – COMPARTIMENTAÇÃO DO RELEVO ...................................................................... 111
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 111
IX
2 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A COMPARTIMENTAÇÃO TOPOGRÁFICA DO 
RELEVO .................................................................................................................................................. 111
3 CARACTERÍSTICAS MORFOESTRUTURAIS DAS BACIAS SEDIMENTARES ................. 112
3.1 RELEVO TABULAR OU TABULIFORME ................................................................................... 113
3.2 RELEVO DO TIPO CUESTA .......................................................................................................... 116
4 CARACTERÍSTICAS MORFOESTRUTURAIS NAS ÁREAS DE DEFORMAÇÃO 
TECTÔNICA .......................................................................................................................................... 117
4.1 RELEVO DO TIPO HOG-BACK ..................................................................................................... 117
4.2 DOMO ............................................................................................................................................... 118
4.3 ESTRUTURA APALACHIANA .................................................................................................... 119
4.4 RELEVO JURÁSSICO ...................................................................................................................... 120
4.5 ESCARPAMENTO DE FALHA ..................................................................................................... 121
4.6 GRABEN OU FOSSA TECTÔNICA .............................................................................................. 122
4.7 HORST OU MURALHA ................................................................................................................. 122
5 ESCUDOS ANTIGOS OU MACIÇOS CRISTALINOS ................................................................ 122
6 AS PRINCIPAIS FORMAS DE RELEVO TERRESTRE ................................................................ 122
6.1 CADEIAS DE MONTANHAS ....................................................................................................... 123
6.2 PLANALTOS .................................................................................................................................... 127
6.3 PlANÍCIES ........................................................................................................................................ 128
6.4 DEPRESSÕES ................................................................................................................................... 130
7 A COMPARTIMENTAÇÃO DO RELEVO SUBMARINO ........................................................... 133
7.1 PLATAFORMA CONTINENTAL .................................................................................................. 133
7.2 TALUDE CONTINENTAL ............................................................................................................. 134
7.3 REGIÃO E/OU PLANÍCIE ABISSAL ............................................................................................ 134
7.4 OUTRAS FORMAS DO RELEVO BATIMÉTRICO ..................................................................... 134
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 136
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 137
TÓPICO 3 – A GEOMORFOLOGIA BRASILEIRA .......................................................................... 139
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 139
2 A ESTRUTURAÇÃO DA GEOMORFOLOGIA NO BRASIL ..................................................... 140
2.1 AS BASES CONCEITUAIS DA GEOMORFOLOGIA BRASILEIRA........................................ 140
2.2 GEOMORFOLOGIA NO CONTEXTO DA GEOGRAFIA BRASILEIRA ................................ 142
3 ESTRUTURA GEOLÓGICA DO RELEVO BRASILEIRO ........................................................... 148
3.1 ESCUDOS CRISTALINOS OU NÚCLEOS CRATÔNICOS ....................................................... 150
3.2 BACIAS SEDIMENTARES ............................................................................................................. 151
3.3 TERRENOS VULCÂNICOS ........................................................................................................... 152
4 AS CLASSIFICAÇÕES DO RELEVO BRASILEIRO ..................................................................... 152
4.1 CLASSIFICAÇÃO DE AROLDO DE AZEVEDO ........................................................................ 153
4.2 CLASSIFICAÇÃO DE AZIZ AB’SABER ...................................................................................... 154
4.3 CLASSIFICAÇÃO DE JURANDYR ROSS ................................................................................... 155
5 HIPSOMETRIA DO BRASIL ............................................................................................................. 160
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 162
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 164
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 166
UNIDADE 3 – TERRITÓRIOS BIOGEOGRÁFICOS, BIOMAS E A AÇÃO DO HOMEM ....... 167
TÓPICO 1 – OS REINOS BIOGEOGRÁFICOS E OS BIOMAS .................................................... 169
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 169
2 TERRITÓRIOS BIOGEOGRÁFICOS .............................................................................................. 169
2.1 REINO HOLÁRTICO ...................................................................................................................... 173
X
2.2 REINO PALEOTROPICAL ............................................................................................................. 174
2.3 REINO AUSTRALIANO ................................................................................................................. 175
2.4 REINO ARQUINÓTICO ................................................................................................................ 180
2.5 REINO NEOTROPICAL .................................................................................................................186
3 OS BIOMAS ........................................................................................................................................... 189
3.1 BIOMA DE TUNDRA ..................................................................................................................... 189
3.2 BIOMA DE TAIGA - FLORESTA BOREAL DE CONÍFERAS ................................................. 193
3.3 FLORESTA TEMPERADA SEMIDECÍDUA OU MISTA ........................................................... 199
3.4 BIOMA DE ESTEPES, PRADARIAS OU CAMPOS ................................................................... 202
3.5 BIOMA DE DESERTOS E SEMIDESERTOS ............................................................................... 205
3.6 VEGETAÇÃO MEDITERRÂNEA ............................................................................................... 213
3.7 BIOMA DE SAVANAS .................................................................................................................... 215
3.8 BIOMA DE FLORESTAS PLUVIAIS EQUATORIAIS ............................................................... 219
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 226
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 229
TÓPICO 2 – AS PAISAGENS FITOGEOGRÁFICAS DO REINO NEOTROPICAL ................. 231
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 231
2 DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS BRASILEIROS ................................................................... 231
2.1 DOMÍNIO DOS CHAPADÕES TROPICAIS COM DUAS ESTAÇÕES, RECOBERTOS POR 
CERRADOS E COM FLORESTAS-GALERIA ............................................................................. 232
2.2 DOMÍNIO DAS REGIÕES SERRANAS TROPICAIS ÚMIDAS OU DOS "MARES DE 
MORROS", RECOBERTOS POR FLORESTAS PLUVIAIS ......................................................... 235
2.3 DOMÍNIO DAS DEPRESSÕES INTERMONTANAS SEMIÁRIDAS, COM INSELBERGS E 
DRENAGEM INTERMITENTE E RECOBERTAS POR CAATINGAS .................................... 239
2.4 DOMÍNIO DAS TERRAS BAIXAS EQUATORIAIS, EXTENSIVAMENTE FLORESTADAS 
DA AMAZÔNIA .............................................................................................................................. 241
2.5 DOMÍNIO DOS PLANALTOS DAS ARAUCÁRIAS ................................................................ 244
2.6 DOMÍNIO DAS PRADARIAS ....................................................................................................... 247
2.6.1 Mistas do Sudeste do Rio Grande do Sul ............................................................................ 247
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 251
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 254
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 257
1
UNIDADE 1
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA 
GEOMORFOLOGIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• entender de que forma as forças tectônicas, como vulcões, terremotos, mo-
vimento de placas tectônicas etc., atuaram ao longo de bilhões de anos, 
para dar a atual conformação do planeta Terra;
• saber como as forças externas ou exógenas atuaram ao longo do tempo 
para esculpir as diferentes formas de relevo;
• descobrir o que é uma vertente, sua dinâmica, tipos, importância, equilí-
brio;
• saber analisar um movimento de massa e identificar a causa do mesmo.
• compreender a dinâmica do rio no transporte e deposição de sedimentos, 
na construção do seu leito, meandros, estuários etc.;
Esta unidade está organizada em três tópicos. Em cada um deles você 
encontrará atividades para uma maior compreensão das informações 
apresentadas.
TÓPICO 1 – PROCESSOS MORFOGENÉTICOS ATUANTES NA 
FORMAÇÃO E DESGASTE DO RELEVO
TÓPICO 2 – ANÁLISE DE VERTENTES E OS MOVIMENTOS DE MASSA
TÓPICO 3 – A GEOMORFOLOGIA FLUVIAL
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
PROCESSOS MORFOGENÉTICOS 
ATUANTES NA FORMAÇÃO E DESGASTE 
DO RELEVO
1 INTRODUÇÃO
O relevo atual não foi sempre assim, pois a superfície da Terra é dinâmica. 
Como você estudou na Geografia Física, a Terra é um planeta “vivo”. Através 
dos processos endógenos e exógenos, a superfície do planeta foi se modificando 
ao longo do tempo geológico, deixando marcas de sua história nas sucessivas 
camadas que foram dando origem ao relevo atual. Ademais, “a interação da 
litosfera móvel terrestre com os fluidos da atmosfera e hidrosfera guia a formação 
de uma variada paisagem, única no sistema solar”. (PENHA, 2009, p. 51). 
As forças endógenas e exógenas são responsáveis por modelar e/ou 
esculpir a superfície do planeta Terra. As formas de relevo que você visualiza 
no seu dia a dia são o resultado da atuação dessas forças ao longo de milhões ou 
bilhões de anos. Lembrando que a Terra tem aproximadamente 4,5 a 4,6 bilhões 
de anos.
A título de curiosidade, de acordo com Penha (2009), se apenas as forças 
exógenas agissem sobre a superfície da Terra, considerando a não existência 
da atuação das forças endógenas, o nosso planeta estaria coberto por um único 
oceano cuja profundidade seria de aproximadamente 2,6 km. Na realidade, como 
você bem sabe, os oceanos cobrem 71% da superfície terrestre e a profundidade 
em média é de 3,8 km. É evidente que essa profundidade é muito irregular. Para 
você ter uma ideia, a maior profundidade é de 11.033 metros na fossa Challenger, 
nas Marianas, a sudoeste do Pacífico. Os 29% correspondem às terras emersas, 
com uma altitude média de 840 metros acima do nível do mar, tendo como ponto 
mais alto o Pico Everest, no Himalaia (Ásia), com 8.848 metros. Desse modo, 
pode-se dizer que a maior diferença altimétrica registrada no nosso planeta, 
se considerarmos o ponto mais alto e o ponto mais profundo, corresponde a 
aproximadamente 20 km.
O intuito deste tópico é fazer com que você entenda o processo de 
formação, transformação e desgaste do relevo. 
Respire fundo, mantenha a concentração e bom estudo!
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA
4
2 O PAPEL DOS PROCESSOS ENDÓGENOS NA 
FORMAÇÃO DO RELEVO
Os processos endógenos ou endogenéticos, ou ainda geodinâmicos 
internos, correspondem aos processos geológicos que atuam no interior da Terra. 
O fluxo da matéria do interior para o exterior ou vice-versa é contínuo e constitui o 
ciclo das rochas, no qual as massas rochosas são impulsionadas para a superfície, 
acentuando o relevo e impedindo o aplainamento generalizado oriundo dos 
processos exógenos. 
Caso você não se lembre dos estudos do caderno de Geografia Física, 
relacionam-se à geodinâmica interna da Terra os fenômenos magmáticos vulcânicos 
e plutônicos, os dobramentos e falhamentos, a epirogênese e a orogênese, os 
terremotos e a tectônica de placas.
A maior parte do conhecimento do interior do planeta é fornecida através de 
estudos geofísicos, principalmente com o auxílio da sismologia (estudo dos terremotos).” 
(PENHA, 2009). 
ATENCAO
A conjunção dos processos endógenos, presentes durante toda a 
evolução da história geológica da Terra, ocasiona a dinâmica da litosfera e, 
consequentemente, a formação das cadeias de montanhas, das fossas oceânicas, 
do deslocamento de porções continentais e das atividades magmáticas em 
grandes extensões da crosta terrestre. 
Em zonas tracionadas por correntes convectivas ascendentes, a crosta 
oceânica é formada por sucessivas injeções de magma básico, dorsais são 
estruturadas, e o assoalho submarino é arrastado, simetricamente, para fora 
da cordilheiraoceânica, levando consigo porções continentais mais leves e de 
natureza siálica. (PENHA, 2009). 
Ainda de acordo com o mesmo autor, em zonas compressivas, 
presumivelmente geradas por correntes convectivas descendentes, ocorre a 
formação de cordilheiras, favorecendo assim o aparecimento de cinturões 
orogenéticos, zonas de subducção e, consequentemente, a formação de arcos de 
ilhas e fossas oceânicas. Desse modo, podem ser visualizadas as colisões de crosta 
oceânica, bem como, continental. Assim, movimentações tectônicas intensas são 
encontradas, ocasionando dobramentos e falhamentos da crosta em larga escala, 
bem como a presença de terremotos e vulcões.
TÓPICO 1 | PROCESSOS MORFOGENÉTICOS ATUANTES NA FORMAÇÃO E DESGASTE DO RELEVO
5
Para facilitar sua compreensão, observe atentamente a ilustração a seguir, 
a qual indica zonas de construção e destruição de placas litosféricas e feições 
geológicas associadas.
FONTE: Penha (2009)
FIGURA 1 – SEÇÃO NA CROSTA TERRESTRE INDICANDO ZONAS DE CONSTRUÇÃO E 
DESTRUIÇÃO DE PLACAS LITOSFÉRICAS E FEIÇÕES GEOLÓGICAS ASSOCIADAS
Se necessário, retome os estudos do caderno de Geografia Física, com os 
conteúdos do Tópico 1 da Unidade 2.
ATENCAO
Embora os fenômenos e/ou processos geológicos associados à 
geodinâmica interna da Terra já tenham sido abordados no caderno de Geografia 
Física, gostaríamos de rever alguns aspectos, no intuito de compreender melhor 
a formação do relevo. Vejamos:
2.1 A ATUAÇÃO DOS FENÔMENOS MAGMÁTICOS
As rochas ígneas ou magmáticas resultam do processo de resfriamento e/
ou consolidação do material em estado de fusão proveniente do manto, o chamado 
magma. Estas podem ser intrusivas ou plutônicas (solidificação no interior da 
crosta) e extrusivas ou vulcânicas (solidificação na superfície). 
A ascensão do magma, na litosfera, pode ocorrer de forma ativa, 
ocasionando a formação de corpos intrusivos de aspecto globular, que forçam e 
deformam as rochas envolventes, possibilitando a formação de corpos circunscritos 
com características dômicas (meia esfera), bem como, pode ocorrer de forma 
passiva, sem deformar ou arquear as rochas encaixantes. (PENHA, 2009). Ainda 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA
6
de acordo com o mesmo autor, é evidente que tais condições intrusivas podem 
influenciar as formas do relevo, seja pela erosão diferencial, seja pela deformação 
das formações rochosas envolventes, quando esses corpos magmáticos ficam 
expostos na superfície por meio da denudação.
2.2 A ATUAÇÃO DOS FENÔMENOS METAMÓRFICOS
2.3 A ATUAÇÃO DO TECTONISMO
As rochas metamórficas resultam da transformação (metamorfização) de 
rochas preexistentes (magmáticas, sedimentares e as próprias metamórficas) em 
condições de pressão e de temperaturas muito elevadas. Dependendo da pressão 
e da temperatura, as rochas metamórficas poderão mudar ou não a composição 
mineralógica, mas a textura obrigatoriamente muda. 
É importante relembrar que são identificados três cenários ou tipos de 
metamorfismo fundamentais: regional ou dinamotermal, de contato ou termal 
e dinâmico ou cataclástico. No que concerne ao metamorfismo regional, não 
podemos deixar de abordar a sua importância como fenômeno plutônico, pois 
vastas porções da crosta podem ser afetadas, originando tipos rochosos comuns, 
como o escudo brasileiro e o canadense (pré-cambrianos).
As rochas variam em composição, bem como o grau de cristalinidade, 
sendo o maior para os gnaisses, onde alguns minerais chegam a ser centimétricos 
e de grande influência no relevo de terrenos muito antigos, como o denominado 
Complexo Cristalino. (PENHA, 2009). É claro que um gnaisse rico em cristais 
centimétricos de feldspato potássico (gnaisse facoidal) manifestar-se-á 
diferentemente, por exemplo, dos filitos e os micaxistos, isso porque são mais 
débeis e susceptíveis à erosão. O quartzito, por exemplo, quando exposto na 
superfície, tende sempre a formar relevo positivo e cristas, nem sempre ocorrentes 
em arenitos. (PENHA, 2009).
Sobre o material rochoso da litosfera ocorrem tensões de diferentes tipos e 
ordem de esforços. Amplas deformações e movimentos são produzidos em larga 
escala, estabelecendo assim a configuração arquitetônica do modelado terrestre. 
Associados ao estudo do tectonismo ocorrem a movimentação de placas, os 
falhamentos, os dobramentos, a orogênese e a epirogênese. Estes processos são 
determinantes na formação e transformação do relevo. 
A ordem dos fenômenos relacionados à tectônica de placas, à orogênese, 
bem como à epirogênese é de nível mundial e/ou regional, isso porque seus 
efeitos são verificados em grades extensões da superfície do planeta, a ponto de 
considerarmos uma tectônica global. Já as consequências dos falhamentos e dos 
dobramentos também relacionados à tectônica de placas podem ser efetuadas a 
nível regional e/ou local e de forma independente, quando tratados isoladamente. 
TÓPICO 1 | PROCESSOS MORFOGENÉTICOS ATUANTES NA FORMAÇÃO E DESGASTE DO RELEVO
7
Segundo Penha (2009, p. 61), “o fato de o material rochoso, quando 
submetido a esforços, fraturar ou dobrar deve-se ao tipo de resposta que 
ele apresentará às tensões, isto é, se quebrando, indicando regime rúptil de 
deformação, ou se dobrando indicando regime plástico de deformação”. Como 
você já sabe, esses regimes físicos estão presentes no interior da Terra. O regime 
rúptil pode se estabelecer a uma profundidade média inferior a 20 km, enquanto 
que o regime dúctil pode ser superior a esta, face obviamente às condições de 
pressão e temperatura.
É importante relembrar que os dobramentos e os falhamentos são 
processos endógenos, processados no interior da crosta e não na superfície, como 
aparentam ser. Assim, estratos de rochas que sofreram deformação há milhões 
de anos (Era Cenozoica) só agora estão aflorando, contribuindo assim, em maior 
ou menor grau, para as formas de relevo que estamos visualizando. Desse modo, 
podemos dizer que a idade das rochas ou das deformações nelas existentes não 
é necessariamente a mesma das formas nelas esculpidas. (PENHA, 2009). Pode-
se dizer que os principais traços do relevo que visualizamos no nosso cotidiano 
foram delineados recentemente, na sua maioria no período terciário da Era 
Cenozoica.
2.3.1 A atuação da orogênese e epirogênese
A orogênese corresponde aos processos tectônicos responsáveis pela 
deformação e elevação de extensas regiões da crosta, formando assim os grandes 
cinturões montanhosos, a exemplo da Cordilheira dos Andes (foto), os Alpes e a 
Cordilheira do Himalaia (foto), dentre outros.
FONTE: Disponível em: <http://www.dolphinscommunications.com/wp- content/
uploads/2009/06/Foto-72-_3.jpg>. Acesso em: 10 jun. 2010.
FIGURA 2 – CORDILHEIRAS DOS ANDES E DO HIMALAIA
Cordilheira dos Andes Cordilheira do Himalaia
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA
8
Uma faixa orogênica é uma longa e relativamente estrita região próxima a 
uma margem continental de colisão de placas. Nesta, existem muitos ou todos os 
processos formadores de montanhas. Desse modo, podemos dizer que uma faixa 
orogênica “é uma região alongada da crosta, intensamente dobrada e falhada 
durante os processos de formação de montanhas”. (PENHA, 2009, p. 62). 
Uma informação importante que você não pode esquecer é que as orogenias 
apresentam diferenciação no que concerne à idade, à história, ao tamanho, bem 
como à origem. No entanto, todas já foram uma vez terrenos montanhosos. Os 
Apalaches, por exemplo, na Era Paleozoica foram uma grande cordilheira.
Quanto à epirogênese, podemos dizer que se caracteriza por movimentos 
verticais de extensas áreas continentais, sem gerar perturbações significativas à 
disposição e estrutura geológica das formações rochosas afetadas. Para Leinz e 
Amaral (2001), apesar da grande lentidão dos movimentos epirogênicos, as provas 
diretas da sua ocorrência podem ser observadas em muitos lugares do globo 
terrestre, à beira-mar. Assim, esses movimentos podem causar variações lentasno nível do mar, denominadas eustasia ou movimentos eustáticos. (GUERRA; 
GUERRA, 1997).
De acordo com Penha (2009, p. 63), “um produto típico do movimento 
epirogenético negativo é a bacia, uma depressão geralmente de expressão regional, 
preenchida por sedimentos, como as bacias sedimentares intracratônicas”. 
Extensas camadas de rochas sedimentares podem ser encontradas nesses locais, 
inclusive com vários quilômetros de espessura, como, por exemplo, a bacia de 
Michigan (EUA) e a bacia do Parnaíba (Brasil).
2.3.2 A atuação dos falhamentos e dobramentos
De acordo com Leinz e Amaral (2001, p. 351), as falhas “são fraturas nas 
quais ocorre um deslocamento perceptível das partes, o que se dá ao longo do 
plano de fratura”. O tipo de falha está diretamente relacionado com o regime 
geotectônico que ocorreu e ainda ocorre em determinadas áreas do globo terrestre. 
As feições lineares do fraturamento da crosta são facilmente identificadas na 
superfície, através de imagens aéreas ou de satélites. Muitas vezes as falhas 
podem promover variações bruscas da litologia, ocasionando alteração no relevo. 
Dependendo da amplitude e idade do falhamento, a configuração do relevo será 
afetada em maior ou menor escala.
Na ilustração a seguir é possível verificar as principais feições morfológicas 
associadas aos falhamentos. Observe-a.
TÓPICO 1 | PROCESSOS MORFOGENÉTICOS ATUANTES NA FORMAÇÃO E DESGASTE DO RELEVO
9
FONTE: Penha (2009)
FIGURA 3 – TIPOS DE FALHAS E RELEVOS ASSOCIADOS
Quanto aos dobramentos, é importante relembrar que estes correspondem 
às deformações dúcteis que afetam os corpos rochosos. As dobras são geradas no 
interior da crosta, onde a temperatura e a pressão ocasionam a plasticidade das 
rochas. E, quando expostas na superfície, podem controlar o relevo, principalmente 
quando geradas em sequências de rochas acamadas, de diferentes composições, 
bem como, com resistência diferencial à erosão. Atente para a ilustração que 
segue.
FONTE: Penha (2009)
FIGURA 4 – FORMAS CONTROLADAS PELO MERGULHO DE STRATOS RESISTENTES 
DEFORMADOS
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA
10
2.3.3 A tectônica de placas e a evolução do relevo
A maioria das atividades tectônicas se manifesta no limite das placas 
tectônicas. Podemos exemplificar as montanhas e as cadeias montanhosas que 
praticamente foram formadas nos limites das placas. Assim, sua evolução é 
comumente acompanhada de falhamentos, dobramentos, terremotos, erupções 
vulcânicas, intrusões de plútons e metamorfismo, principalmente nas zonas de 
subducção de margens continentais ativas. (PENHA, 2009).
Os esforços compressivos, gerados nas zonas de colisão de placas 
convergentes, associados ao intenso magnetismo que introduz corpos ígneos 
no material crustal afetado, edificam vulcões na superfície, criando as condições 
necessárias para o enrugamento do relevo por extensas áreas do planeta, 
em diferentes períodos geológicos. Assim, as montanhas quase sempre se 
apresentam como cadeias ou cordilheiras, porque as forças que as criaram 
operavam por extensas regiões da crosta terrestre, associadas a fenômenos de 
grande transcendência geodinâmica interna, sejam montanhas vulcânicas, de 
blocos falhados ou de dobramento e empurrão, como os Alpes e o Himalaia (vide 
imagem anterior). (PENHA, 2009).
Sem dúvida, o relevo terrestre está intimamente ligado aos episódios 
de grande mobilidade crustal, que confere inúmeros aspectos morfológicos à 
superfície da Terra no decorrer do tempo geológico.
Sugerimos que você retome os estudos do caderno de Geografia Física no que 
concerne ao estudo das rochas e, principalmente, o estudo sobre a gênese e evolução da 
tectônica global. Esta releitura poderá facilitar seu entendimento sobre a atuação dos agentes 
endógenos na formação do relevo, uma vez que as informações estão mais detalhadas.
IMPORTANT
E
3 PROCESSOS EXÓGENOS E SEUS EFEITOS NO RELEVO
Os processos exógenos correspondem aos processos que atuam no 
exterior da Terra. Sem dúvida, nas mais diversas paisagens do mundo é possível 
reconhecer a presença dos agentes exógenos no relevo. O trabalho destes agentes 
é denominado de erosão. 
Mas, o que é propriamente a erosão?
TÓPICO 1 | PROCESSOS MORFOGENÉTICOS ATUANTES NA FORMAÇÃO E DESGASTE DO RELEVO
11
2.3.3 A tectônica de placas e a evolução do relevo 3.1 EROSÃO E DENUDAÇÃO
Antes de verificarmos os tipos e formas de erosão é preciso deixar claro o 
conceito de erosão e denudação. Vejamos:
O conceito de erosão (do latim = erodere) está vinculado aos
processos de desgaste da superfície do terreno com a retirada e o 
transporte dos grãos minerais. Implica na relação de fragmentação 
mecânica das rochas ou na decomposição química das mesmas, 
bem como na remoção superficial ou subsuperficial dos produtos 
do intemperismo. Atua através de vários processos intempéricos 
(mecânicos [corrasão], químicos [corrosão], dissolução) e pela ação 
das águas correntes, das ondas, dos movimentos das geleiras e dos 
ventos. (BIGARELLA, 2003, p. 884). 
Em um sentido mais amplo, a erosão consiste no desgaste, no 
“afrouxamento” do material rochoso, bem como na remoção dos detritos através 
dos processos atuantes na superfície da Terra. De acordo com Bigarella (2003), 
muitas vezes a erosão é confundida com a denudação.
O termo denudação (do latim = denudare = descobrir) por muito tempo 
tem sido empregado na geomorfologia como sendo a remoção do material solto 
resultante do processo de intemperismo das rochas, oriundo da ação dos diferentes 
processos erosivos. (BIGARELLA, 2003). A denudação, conforme foi ressaltado 
no tópico 1, consiste no desgaste das formas de relevo mais salientes devido à 
ação dos agentes erosivos, ou seja, ocasionará acentuadamente a exposição das 
estruturas rochosas. 
Mas, afinal, você conseguiu entender a diferença entre a erosão e a 
denudação? Lembre-se: A erosão refere-se aos processos de desgastes da 
superfície e a denudação consiste nas consequências deste desgaste.
Você também precisa ter clara a diferença entre corrasão, corrosão e 
dissolução. Vejamos conforme a conceituação de Bigarella (2003, p. 885): 
Corrasão → refere-se ao desgaste exclusivamente mecânico da rocha pela ação de 
materiais que se movem sobre a superfície, seja pelos movimentos de massa nas vertentes 
pela força da gravidade, ou pelos agentes de transporte que exercem ação erosiva.
Corrosão → refere-se ao desgaste de natureza química sobre os constituintes minerais das 
rochas. A corrosão é muito efetiva e evidente nas paisagens cársticas.
Dissolução → neste processo, um material no estado sólido ou gasoso é transformado no 
estado líquido pela ação de um solvente, principalmente pela água. 
ATENCAO
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA
12
É importante destacar que a determinação das taxas de erosão ou de 
denudação, segundo Bigarella (2003), é bastante complexa, dependendo de uma 
série de fatores envolvidos no intemperismo e na remoção de detritos. Dentre 
eles podem ser destacados as condições geográficas e climáticas; o tipo de relevo 
(sua forma e altimetria) e a natureza das rochas. 
No que se refere à cronologia dos eventos denudacionais, segundo 
Bigarella (2003), diz respeito tanto aos geomorfólogos como aos geógrafos, 
geólogos, estratígrafos e pedólogos, uma vez que se torna necessário correlacionar 
as diversas superfícies ou níveis de erosão com seus depósitos correlativos. 
“A cronologia da denudação depende da obtenção de muitos dados relativos 
aos depósitos correlativos associados, bem como da aplicação de metodologia 
apropriada”. (BIGARELLA, 2003, p. 908).
3.2 TIPOS E FORMAS DE EROSÃO
A erosão pode ser considerada normal ou natural e acelerada. A erosão 
normal é menos evidente, sendo percebida apenas com o decorrer do tempo e 
efetua-se dentro das condições naturais do ambiente. Já a erosão acelerada consiste 
na remoção de grande massa de material, a curto prazo, ocasionando sulcos mais 
ou menos profundos na superfície do terreno,destruindo o solo no meio rural e 
as propriedades na área urbana, além de afetar as obras de engenharia de modo 
geral. (BIGARELLA, 2003). É importante destacar que na erosão acelerada existe 
a interferência antrópica, bem como as mudanças climáticas, que fazem com que 
ocorra o aumento da intensidade erosiva. 
Na verdade, desde o período neolítico (caracterizado pelas sociedades 
sedentárias) o homem passou a interferir decisivamente no meio ambiente, ao 
utilizar práticas agrícolas inadequadas à conservação do solo, criando assim 
novas situações para a atuação de fenômenos erosivos acelerados. Atualmente, o 
ser humano continua fazendo uso do solo de maneira inadequada, seja nas áreas 
rurais ou nas áreas urbanas.
O processo erosivo pode ser compreendido em três etapas: a desagregação, 
o transporte e a sedimentação e/ou acumulação. 
A erosão inicia com a desagregação das rochas em virtude do intemperismo 
(processos que geram a destruição física e a decomposição química dos minerais 
em decorrência da ação dos agentes climáticos e biológicos). Os sedimentos que se 
formam são posteriormente transportados para áreas mais baixas pelos próprios 
mecanismos naturais em movimento (vento, chuvas, rios etc.). Esses sedimentos 
são depositados nas partes mais baixas da superfície, nas quais se acumulam.
Os principais agentes erosivos são: a água (que pode agir no desgaste do 
relevo de diferentes formas, através das chuvas, rios, mares); glaciações; vento e 
a própria ação do ser humano.
TÓPICO 1 | PROCESSOS MORFOGENÉTICOS ATUANTES NA FORMAÇÃO E DESGASTE DO RELEVO
13
3.2.1 O trabalho erosivo das águas
3.2.1.1 Erosão pluvial
A ação das águas pode gerar o desgaste no relevo de diferentes formas, 
através da água das chuvas, dos rios e dos mares. A saber.
A erosão pluvial é ocasionada pela retirada de material correspondente à 
parte superficial do solo pelas águas das chuvas. Quando o solo está desprovido 
de vegetação, este processo erosivo ocorre de maneira acelerada. Num primeiro 
momento, o contato das águas das chuvas com o solo pode provocar a desagregação 
dos “torrões” e agregados do solo, o que resultará no lançamento do material mais 
fino para o alto e para longe, processo conhecido como salpicamento. À medida 
que aumenta o impacto do contato, o material mais fino do solo é pressionado 
para baixo da superfície, ocasionando a obstrução da porosidade do solo, 
aumentando, consequentemente, o fluxo superficial e a erosão. Assim, conforme 
o grau de agressão da força destrutiva das águas, podem ser consideradas as 
seguintes e principais formas de erosão pluvial:
Erosão Laminar → consiste no processo de remoção de uma camada 
delgada e uniforme de solo superficial, ocasionada pelo fluxo hídrico não 
concentrado, no qual o solo não apresenta incisões significativas, bem como 
canais perceptíveis. 
Erosão de Sulcos → são pequenas incisões na superfície terrestre, em 
formato de filetes muito rasos, perpendiculares às curvas de nível, representando 
áreas em que a erosão laminar é mais intensa. É possível recuperar os sulcos 
através de operações normais de preparação do solo.
Erosão de Ravinamento → são formas erosivas resultantes do 
aprofundamento dos sulcos devido ao fluxo concentrado de águas pluviais. 
É importante destacar que a velocidade do fluxo pluvial é em decorrência do 
aumento da intensidade da chuva, da declividade da encosta e/ou terreno e da 
ultrapassagem da capacidade de armazenamento do solo. 
Erosão de Voçorocas → podemos dizer que este tipo de erosão é a mais 
complexa e destrutiva. Corresponde ao produto da ação combinada das águas 
do escoamento superficial e subterrâneo, apresentando grande porte e formas 
variadas. As voçorocas são verdadeiras “crateras”, possuindo paredes laterais 
íngremes e, em geral, fundo chato, ocorrendo fluxo de água no seu interior 
durante os eventos chuvosos. Observe a figura a seguir.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA
14
FONTE: Almeida e Rigolin (2004)
Acerca da erosão pluvial, é importante destacar também que parte das 
águas das chuvas que caem sobre a superfície da Terra infiltra-se no subsolo, 
formando a água subterrânea. Essa água subterrânea realiza um trabalho de 
erosão no subsolo, modelando formas bem características, principalmente em 
terrenos constituídos por rochas de fácil dissolução. O calcário é uma delas, e as 
regiões onde ele é trabalhado pelas águas formam um relevo típico denominado 
karst (nome emprestado de uma região da Croácia). Sem dúvida, as cavernas 
são as mais belas formações desse relevo, que possui vários outros aspectos 
característicos, como os lapiás (formas superficiais) e as dolinas (depressões).
FIGURA 5 – IMAGEM DE UMA VOÇOROCA EM PARANAVAÍ (PR). É O TIPO DE EROSÃO MAIS 
AGRESSIVA PROVOCADA PELAS ÁGUAS DAS CHUVAS
No Tópico 2 da Unidade 2 abordaremos a morfologia cársica ou cárstica. 
ATENCAO
3.2.1.2 Erosão fluvial
A erosão fluvial corresponde à erosão ocasionada pela ação das águas 
dos rios sobre a superfície terrestre. As águas dos rios, durante o seu percurso, 
retiram, transportam e depositam materiais, ocasionando a “construção” e/ou 
destruição de suas respectivas margens.
É evidente que o trabalho de construção e/ou destruição realizado pela 
erosão fluvial depende de alguns fatores, como a natureza da rocha, a declividade 
do terreno, a velocidade do fluxo das águas e a força da correnteza. 
TÓPICO 1 | PROCESSOS MORFOGENÉTICOS ATUANTES NA FORMAÇÃO E DESGASTE DO RELEVO
15
Os vales fluviais são considerados um dos mais significativos testemunhos 
do trabalho erosivo fluvial. Não podemos deixar de ressaltar que este processo 
erosivo de formação dos vales fluviais levou bilhões e/ou milhões de anos para 
ocorrer. 
Os exemplos mais comuns desse tipo de formação são os vales em V e os 
cânions, a exemplo do Grand Canyon, nos Estados Unidos (Figura 15). Para você 
ter uma ideia, o cânion exemplificado foi escavado pelas forças das águas do rio 
Colorado, sendo que, entre o ponto mais alto do rio e sua foz há um desnível de 
aproximadamente 2.400 metros, cuja extensão é de cerca de 500 km e varia de 7 a 
30 km de borda a borda. Sua idade é de aproximadamente 13 milhões de anos. A 
ilustração a seguir explica como se forma um cânion. Atente para a foto à direita.
FONTE: FARNDON, J. Dictionary of the Earth. London: Dorling Kindersley, 2000.
É importante destacar que não são todos os vales que apresentam a forma 
de “garganta”, como os cânions. Os vales também podem ser encontrados em forma 
de vale em calha, vale normal e vale assimétrico. Ao observar a figura a seguir você 
perceberá a diferença entre eles.
FIGURA 6 – FORMAÇÃO DE UM CÂNION. À ESQUERDA VOCÊ OBSERVA UMA ILUSTRAÇÃO 
DE COMO OS RIOS ESCAVAM OS CÂNIONS. À DIREITA TEMOS UMA IMAGEM DO GRAND 
CANION DO COLORADO (EUA)
FONTE: Disponível em: <www.agriturismo.net>. Acesso em: 2 jun. 2009.
FIGURA 7 – ETAPAS DA EROSÃO FLUVIAL
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA
16
3.2.1.3 Erosão marinha
Podemos dizer que o mar também forma e/ou transforma as paisagens 
litorâneas. A erosão marinha pode ser construtiva e também destrutiva. Assim, 
o trabalho de construção do relevo, bem como de destruição, realizado pelo mar 
nas áreas litorâneas, chama-se de erosão marinha.
No que concerne ao processo construtivo de erosão marinha, podemos 
exemplificar a formação das praias, tômbolos e restingas, resultados a partir da 
deposição de sedimentos. 
O poder erosivo (destrutivo) das ondas é conhecido como abrasão 
marinha.
Quando as ondas quebram nas partes em que o continente avança sobre 
o mar, arrancam fragmentos das rochas, fazendo com que as paredes rochosas 
desmoronem, num processo erosivo de destruição (abrasão).
Um exemplo típico de formas resultantes da abrasão marinha são as 
falésias (costas altas e abruptas). O esquema a seguir ilustra a formação de uma 
falésia. Observe-o.
FONTE: Almeida e Rigolin (2004)
FIGURA 8 – ESQUEMA DE FORMAÇÃO DE UMA FALÉSIA
3.2.2 Erosão glacialOs processos de erosão glacial ocorrem sob as massas de gelo. Este tipo de 
erosão pode ser definido como envolvendo a incorporação e remoção, pelas geleiras, 
de partículas ou detritos do assoalho sobre o qual elas se movem. De modo geral, 
ocorrem três processos principais de erosão glacial: abrasão; remoção e ação da água 
no degelo. Vejamos cada um deles, segundo Campos e Santos (2001, p. 223):
TÓPICO 1 | PROCESSOS MORFOGENÉTICOS ATUANTES NA FORMAÇÃO E DESGASTE DO RELEVO
17
3.2.1.3 Erosão marinha
3.2.2 Erosão glacial
Processo de abrasão – corresponde ao desgaste do assoalho sobre o qual 
as geleiras se deslocam, pela ação de partículas rochosas transportadas na base 
de gelo. É importante frisar que a maior parte da abrasão é produzida não pela 
ação direta do gelo, mas pelos fragmentos rochosos que ele transporta, pelo 
fato de o gelo ter dureza relativamente baixa. A maior ou menor eficiência da 
abrasão depende da pressão exercida pela partícula rochosa sobre o assoalho, 
da velocidade do movimento das geleiras e da disponibilidade de partículas 
protuberantes na base.
Processo de remoção – consiste na remoção de fragmentos rochosos 
maiores pelas geleiras. O fenômeno está associado à presença de fraturas ou 
descontinuidades nas rochas do substrato que podem corresponder a estruturas 
previamente existentes ou a descontinuidades formadas subglacialmente pelo 
alívio da pressão causada pela erosão glacial. Variações na pressão basal do gelo, 
normalmente associadas à presença de irregularidades no embasamento, podem 
gerar campos de esforços ou alterar os existentes, facilitando o aparecimento 
ou ampliação das zonas de fraqueza, promovendo a remoção de fragmentos de 
rocha. O mesmo pode resultar de mudanças térmicas na base do gelo. Finalmente, 
variações na pressão da água de degelo subglacial, nas adjacências de cavidades 
nas rochas do embasamento, podem também tornar o processo de remoção mais 
eficiente.
Água de degelo – duas são as maneiras pelas quais a água do degelo 
glacial produz erosão: a) mecanicamente – resulta do impacto de partículas 
transportadas sobre a superfície das rochas do assoalho das geleiras, pela 
agitação de clastos transportados e ação de redemoinho destes, dentro de 
cavidades subglaciais, e pelo processo de cavitação (consiste na formação de 
ondas de choques pelo colapso de bolhas de ar dentro da corrente aquosa, que 
se faz sentir mais intensamente em geleiras de base quente, drenadas por fortes 
correntes aquosas subglaciais). b) por ação química – os estados insaturados das 
soluções aquosas, a disponibilidade de partículas finas, com grande superfície 
relativa de reação e a maior solubilidade do dióxido de carbono em razão da 
baixa temperatura da água, acidificando-a, são os fatores aventados para explicar 
a erosão química glacial.
Os vales e os circos glaciais são as estruturas mais impressionantes 
esculpidas pelo gelo. Vales glaciais formaram-se devido à canalização das geleiras 
ao longo de depressões topográficas, modificando-as. A ação abrasiva do gelo 
resulta em modificação do perfil dos vales fluviais de V para vales glaciais de U. 
Os fiordes da Escócia, da Groenlândia e da Noruega são antigos 
vales glaciais localizados em litorais de costas altas, que foram reescavados 
profundamente pela ação das geleiras e invadidos pelas águas do mar.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA
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FONTE: Disponível em: <http://www.almadeviajante.com/fotos/noruega/noruega.php>. Acesso 
em: 15 maio 2010.
FIGURA 9 – IMAGEM DO FIORDE AURLANSFJORD, PATRIMÔNIO MUNDIAL 
DA UNESCO
3.2.3 A erosão eólica
3.2.3.1 Registros erosivos
A ação do vento fica registrada tanto nas formas de relevo como nos 
fragmentos trabalhados pela ação eólica, seja de forma destrutiva (erosão) ou de 
forma construtiva e/ou acumulativa (sedimentação ou deposição).
Os dois processos erosivos que correspondem à atividade eólica são: a 
deflação e abrasão. Segundo Sígolo (2001, p. 252), “na deflação a remoção de 
areia e poeira da superfície pode produzir depressões no deserto, chamadas 
bacias de deflação, podendo chegar a níveis mais baixos do que o nível do mar”. 
De acordo com o mesmo autor, deflação também pode produzir os chamados 
pavimentos desérticos (figura a seguir (esquerda)), caracterizados por extensas 
superfícies exibindo cascalho ou o substrato rochoso, expostas pela remoção dos 
sedimentos finos. Se o nível topográfico no deserto sofrer um rebaixamento por 
esse mecanismo até atingir a zona subsaturada ou saturada em água, podem 
originar-se os chamados oásis (figura a seguir).
TÓPICO 1 | PROCESSOS MORFOGENÉTICOS ATUANTES NA FORMAÇÃO E DESGASTE DO RELEVO
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FONTE: Sígolo (2001)
FIGURA 10 – REGISTROS EROSIVOS. À ESQUERDA VOCÊ OBSERVA O PAVIMENTO DESÉRTICO 
NO DESERTO DO ATACAMA, CORDILHEIRA DOS ANDES. A FOTO À DIREITA CORRESPONDE 
AO OÁSIS, TAMBÉM NO DESERTO DO ATACAMA
Por causa dos constantes impactos de diferentes partículas em movimento 
(areia fina, média ou mesmo grossa) entre si e com materiais estacionados, 
geralmente maiores (seixos, blocos etc.), ocorre um intenso processo de desgaste 
e polimento de todos esses materiais. (SÍGOLO, 2001). Este processo denomina-
se abrasão eólica. É importante ressaltar que o vento, isoladamente, não produz 
qualquer efeito abrasivo sobre materiais rochosos. Apenas quando transporta areia 
e poeira é que exerce papel erosivo. A abrasão produzida pelo vento assemelha-
se ao processo de jateamento e polimento com areia, utilizado na indústria para 
limpar, polir ou decorar diversos objetos. 
Segundo Sígolo (2001), a ação erosiva do vento produz outras formas 
de registro, como os yardangs, que se assemelham a cascos de barcos virados, 
formados pela ação abrasiva eólica sobre materiais relativamente frágeis, como 
sedimentos e rochas sedimentares pouco consolidadas. Representam formas de 
abrasão importantes em diferentes áreas desérticas, tais como a Bacia do Lut, no 
sudoeste do Irã, e Atacama, no Chile.
No Brasil, embora os ventifactos (seixos que apresentam duas ou mais 
faces planas desenvolvidas pela ação da abrasão eólica) sejam raros, outras 
formas erosivas são encontradas, muitas delas conjugadas à atividade pluvial. 
Quando assim ocorrem, as ações erosivas eólica e pluvial podem produzir formas 
específicas no relevo, como, por exemplo, nos arenitos do Subgrupo Itararé em 
Vila Velha, Paraná. Observe a imagem a seguir.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA
20
FONTE: Sígolo (2001)
3.2.3.2 Registros deposicionais
FIGURA 11 – ARENITOS DO SUBGRUPO ITARARÉ ERODIDOS PELA CONJUGAÇÃO DA AÇÃO 
EÓLICA E PLUVIAL, EM VILA VELHA, PARANÁ
O transporte e a posterior deposição de partículas pelo vento formam 
registros geológicos peculiares que são testemunhos desse tipo de atividade no 
passado. Os principais registros eólicos deste tipo são as dunas, os mares de areia 
e os depósitos de loess. Atente para estes registros.
Dunas – são formadas por uma deposição contínua, apresentam-se como 
grandes elevações de areia, podendo ser estacionárias (fixas) ou migratórias 
(móveis). As formas de dunas mais comuns são as dunas transversais, barcanas, 
parabólicas, estrela e longitudinais.
Mares de areia – é empregado em desertos para grandes áreas cobertas 
de areia, a exemplo da Arábia Saudita, com cerca de 1.000.000 km² da superfície 
atualmente cobertos por areia. Gigantescas áreas com dunas também ocorrem 
na Austrália e Ásia. As extensas coberturas de areia no Norte da África são 
conhecidas como ergs. (SÍGOLO, 2001).
Loess – sedimentos muito finos, quase sempre amarelados, e muito férteis, 
constituídos por quartzo, argila e calcário. Sua área de ocorrência mais conhecida 
é a da China meridional.
TÓPICO 1 | PROCESSOS MORFOGENÉTICOS ATUANTES NA FORMAÇÃO E DESGASTE DO RELEVO
21
As paisagens estão em constante transformação, seja pelos agentes exógenos 
ou pelos agentes endógenos. Como a nossa presença no planeta é muito curta, dado o 
tempode formação e/ou transformação dessas paisagens, não conseguimos identificar 
mudanças significativas em suas formas.
ATENCAO
22
Neste tópico você estudou que:
• Os processos endógenos correspondem aos processos geológicos que atuam 
no interior da Terra. O fluxo da matéria do interior para o exterior ou vice-
versa é contínuo e constitui o ciclo das rochas, no qual as massas rochosas 
são impulsionadas para a superfície, acentuando o relevo e impedindo o 
aplainamento generalizado oriundo dos processos exógenos. 
• Estão relacionados à geodinâmica interna da Terra os fenômenos magmáticos 
vulcânicos e plutônicos, os dobramentos e falhamentos, a epirogênese e a 
orogênese, os terremotos e a tectônica de placas.
• A conjunção dos processos endógenos, presentes durante toda a evolução da 
história geológica da Terra, ocasiona a dinâmica da litosfera e, consequentemente, 
a formação das cadeias de montanhas, das fossas oceânicas, do deslocamento 
de porções continentais e das atividades magmáticas em grandes extensões da 
crosta terrestre.
• Os processos exógenos correspondem aos processos que atuam no exterior da 
Terra. Nas mais diversas paisagens do mundo é possível reconhecer a presença 
dos agentes exógenos no relevo. O trabalho destes agentes é denominado de 
erosão.
• Os principais agentes erosivos do relevo são: a água (que pode agir no desgaste 
do relevo de diferentes formas, através das chuvas, glaciações, rios, mares); o 
vento e a própria ação do ser humano. 
• A ação das águas pode gerar o desgaste no relevo de diferentes formas, através 
das chuvas, gelo, rios, mares. 
• Os processos de erosão glacial ocorrem sob as massas de gelo. Este tipo de 
erosão pode ser definido como envolvendo a incorporação e remoção, pelas 
geleiras, de partículas ou detritos do assoalho sobre o qual elas se movem. 
De modo geral, ocorrem três processos principais de erosão glacial: abrasão; 
remoção e ação da água no degelo.
• A ação do vento fica registrada tanto nas formas de relevo como nos fragmentos 
trabalhados pela ação eólica, seja de forma destrutiva (erosão) ou de forma 
construtiva e/ou acumulativa (sedimentação).
RESUMO DO TÓPICO 1
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1 Sobre o papel dos processos endógenos na formação do relevo, analise as 
afirmativas que seguem e posteriormente assinale a alternativa que apresenta 
as afirmações CORRETAS:
I- A junção dos processos endógenos, presentes durante toda a evolução 
da história geológica da Terra, ocasionou a formação das cadeias de 
montanhas, das fossas oceânicas, do deslocamento de porções continentais 
e das atividades magmáticas em grandes extensões da crosta terrestre. 
II- A orogenia é responsável pela deformação e elevação de extensas regiões 
da crosta, formando assim os grandes cinturões montanhosos.
III- As dobras, quando expostas na superfície, podem controlar o relevo, 
principalmente quando são geradas em sequências de rochas acamadas 
com diferentes composições e uma resistência diferencial à erosão. 
IV- A configuração do relevo, dependendo da amplitude e idade do falhamento, 
será afetada em maior ou menor escala.
a) ( ) Estão corretas apenas as afirmativas II, III e IV.
b) ( ) Estão corretas apenas as afirmativas I e II.
c) ( ) Somente a afirmativa III está correta.
d) ( ) Todas as afirmativas estão corretas.
2 A presença dos agentes exógenos do relevo pode ser reconhecida nas mais 
diversas paisagens. Em relação a este estudo, analise as afirmativas e em 
seguida assinale a alternativa que corresponde à sequência CORRETA: 
I- A erosão pluvial é um dos agentes erosivos mais ativos no relevo, pois pode 
ocasionar grandes crateras no solo ou as chamadas voçorocas. 
II- Os vales fluviais são considerados os mais significativos testemunhos do 
trabalho erosivo dos rios.
III- As falésias são as formas típicas de abrasão marinha.
IV- Um dos processos erosivos eólicos é a deflação. Nesta, a remoção de areia e 
poeira da superfície pode produzir depressões no deserto, chamadas bacias 
de deflação. 
a) ( ) As alternativas I, II e III estão corretas.
b) ( ) As alternativas II, III e IV estão corretas.
c) ( ) Somente a alternativa III está correta.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
3 Diante do que foi exposto sobre a atuação dos processos endógenos e 
exógenos na formação, transformação e desgaste do relevo, teça um texto, 
elencando o seu entendimento acerca desses processos e sua interação no 
modelado terrestre. 
AUTOATIVIDADE
24
25
TÓPICO 2
ANÁLISE DE VERTENTES E OS 
MOVIMENTOS DE MASSA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
2 VERTENTES
Sem dúvida, o estudo das vertentes é um dos mais importantes setores 
de pesquisa geomorfológica, contemplando não apenas a análise de processos, 
mas também das formas. Todavia, o estudo das vertentes é muito complexo, pois 
envolve a ação de vários processos responsáveis tanto pela formação como pela 
remoção de material detrítico.
Os vários processos que atuam nas vertentes dependem de muitos fatores, 
dentre eles podemos destacar o clima atuante da região, a cobertura vegetal, 
a litologia, a estrutura geológica e a forma erosiva. Desse modo, ter-se-á uma 
grande variedade de formas, dificultando assim o estabelecimento de um modelo 
generalizado de desenvolvimento e evolução de vertentes.
 
Neste tópico você também terá a oportunidade de compreender os 
movimentos de massas que são reconhecidos como os mais importantes processos 
geomórficos modeladores da superfície terrestre. 
Assim, dada a importância do estudo das vertentes, bem como dos 
movimentos de massa, convidamos você a “mergulhar” neste estudo e 
compreender a morfogênese das vertentes, os tipos e formas de vertentes, bem 
como a importância geológica do estudo das mesmas.
Primeiramente é importante que você entenda o que é uma vertente. De 
acordo com o dicionário geológico-geomorfológico de Guerra e Guerra (1997, 
p. 634-635), vertentes “são planos de declives variados que divergem das cristas 
ou dos interflúvios, enquadrando o vale. Nas zonas montanhosas, as vertentes 
podem ser abruptas e formarem gargantas”. Neste caso, as vertentes estão mais 
próximas do leito do rio, enquanto nas planícies estão mais afastadas.
 
Você ficou confuso? Vejamos em um sentido mais amplo o que é uma 
vertente. 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA
26
Vertente significa superfície inclinada, não horizontal, sem apresentar 
qualquer conotação genética ou locacional. As vertentes podem ser 
subaéreas ou submarinas, podendo resultar da influência de qualquer 
processo, e, nesse sentido amplo, abrangem todos os elementos 
componentes da superfície terrestre, sendo formadas pela ampla 
variedade de condições internas e externas. (CHRISTOFOLLETI, 1980, 
p. 26). 
 
Pode-se dizer que o conceito de vertente foi consagrado por J. Dylik como 
“toda superfície terrestre inclinada, muito extensa ou distintamente limitada, 
subordinada às leis gerais da gravidade”. (CASSETI, 2005). 
Na verdade, o estudo das vertentes enquanto categoria do relevo ganha 
importância acadêmico-institucional em 1957, com o trabalho de Tricart, no qual 
afirmava que a vertente compunha o elemento principal do relevo. 
 De fato, o estudo das vertentes é caracterizado pelos geógrafos de 
fundamental importância, pois consistem nas mais básicas de todas as formas de 
relevo. E essa importância pode ser justificada, pois contribui no entendimento 
do processo evolutivo do relevo, bem como, por sintetizar as diferentes formas 
tratadas pela geomorfologia.
2.1 MORFOGÊNESE DAS VERTENTES
Conforme Christofoletti (1980), as vertentes podem resultar da influência 
de qualquer processo e, nesse sentido amplo, abrangem todos os elementos 
componentes da superfície terrestre, sendo formadas pela ampla variedade de 
condições tanto internas quanto externas.
Desse modo, as vertentes endogenéticas correspondem àquelas vertentes 
cuja formação está relacionada aos processos endógenos (que se originam no 
interior da Terra). As vertentes exogenéticasresultam dos processos exógenos 
(que se originam na superfície da Terra). Enquanto que os processos endógenos 
modificam a posição altimétrica e a orientação preexistente das vertentes, bem 
como podem ocasionar a formação de novas vertentes, os processos exógenos 
reduzem a paisagem terrestre a um determinado nível de base (o principal é o 
nível do mar). 
É evidente que a interação dos processos endógenos e exógenos 
responsáveis pela formação das formas de relevo tanto da superfície continental 
quanto oceânica é um processo relativamente lento na escala do tempo geológico. 
Gostaríamos de destacar também, conforme coloca Christofoletti (1980, 
p. 26): 
TÓPICO 2 | ANÁLISE DE VERTENTES E OS MOVIMENTOS DE MASSA
27
2.1 MORFOGÊNESE DAS VERTENTES
Que considerando que os processos endógenos pertencem ao âmbito 
da geodinâmica, e que qualquer que seja a origem endogênica primitiva 
toda vertente está esculpida pelos processos exógenos, em maior ou 
menor grau, podemos afirmar que as vertentes representam a categoria 
de forma que se constitui no objeto primordial da geomorfologia, pois 
são os componentes básicos de qualquer paisagem.
 Os processos morfogenéticos são os responsáveis pela esculturação das 
formas de relevo, representando a ação da dinâmica externa sobre as vertentes. 
(CHRISTOFOLETTI, 1980). Apesar desses processos atuarem conjuntamente, 
apresentam um desenvolvimento diferenciado, cuja eficácia é igualmente variada, 
conforme o meio no qual agem. Para Christofolleti (1980, p. 27):
os processos morfogenéticos constituem fenômenos de escala métrica 
ou decamétrica, e o seu estudo traz informações de ordem teórica 
e prática. No âmbito teórico, explica a evolução das vertentes e a 
esculturação do relevo, e no campo prático fornece informações a 
propósito da melhor aplicabilidade das técnicas de conservação dos 
solos. 
Na Unidade 3 você fará um estudo aprofundado sobre o solo, bem como as 
técnicas de conservação.
ESTUDOS FU
TUROS
Todavia, se considerarmos os processos morfogenéticos isoladamente, 
segundo Christofolleti (1980), podemos distinguir as seguintes categorias mais 
importantes na morfogênese do modelado terrestre:
a) Meteorização ou intemperismo → este processo é responsável pela produção 
de detritos que serão erodidos, ocasionando a formação do regolito. Pode-se 
dizer que é um pré-requisito necessário para a movimentação de fragmentos 
rochosos ao longo das vertentes.
Caso você não saiba o significado de regolito, é importante ter claro o conceito. 
Assim, regolito é o “material decomposto que repousa sobre a rocha-matriz, sem ter 
sofrido transporte. O material do regolito é um resíduo que não sofreu ainda o processo de 
edafização. Por conseguinte, o regolito constitui um material decomposto, isto é, resultante 
da meteorização e não edafização, o que leva alguns pedólogos a denominá-los de solo 
cru”. (GUERRA; GUERRA, 1997, p. 525).
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA
28
b) Movimentos do regolito → este processo corresponde a todos os movimentos 
gravitacionais que ocasionam a movimentação de partículas ou parte do 
regolito encosta abaixo. A gravidade é a única força importante na qual não 
está envolvido nenhum meio de transporte (o vento, a água em movimento, o 
gelo e a lava em fusão). Contudo, é evidente que a presença da água e do gelo, 
por exemplo, pode acelerar o movimento do regolito.
c) O processo morfogenético pluvial → é um dos processos mais generalizados 
e importantes na esculturação das vertentes, distinguindo-se entre a ação 
mecânica das gotas de chuva e o escoamento pluvial. No que tange à ação 
mecânica das gotas de chuva, pode-se afirmar que este é o primeiro impacto 
erosivo dos solos, promovendo o “arrancamento” e deslocamento das partículas 
terrosas. Isso ocorre em função da energia cinética das gotas, variando conforme 
o tamanho e a velocidade das mesmas. Embora o impacto das gotas de chuva 
represente a primeira fase da morfogênese pluvial, o processo de transporte 
mais importante é o escoamento pluvial que se origina quando a quantidade 
de água precipitada é maior que a velocidade de infiltração.
No tópico anterior você pôde verificar a ação erosiva das águas das chuvas. Se 
for necessário, retome a leitura.
ATENCAO
d) A ação biológica → sem dúvida, a ação dos seres vivos também contribui 
no modelado das vertentes. As plantas, através das raízes, ocasionam o 
deslocamento de partículas, aumentando a permeabilidade do solo, bem como 
intensificam as ações bioquímicas e a retirada de nutrientes. As plantas também 
funcionam como camada interceptora diante da ação mecânica da água das 
chuvas, servindo de obstáculos ao escoamento pluvial e à ação dos ventos. 
Merece destaque também a ação dos animais. As minhocas, ao digerirem a 
terra, ocasionam a diminuição granulométrica das partículas. Os “fuçadores”, 
ao escavarem suas tocas, deslocam as partículas para jusante. As formigas, ao 
escavarem galerias no solo, facilitam a permeabilização e infiltração, removendo 
as partículas de locais mais profundos para a superfície. Desse modo, esse 
material é desagregado e carregado facilmente pela água das chuvas. De modo 
geral, a influência morfogenética dos animais pode ser considerada mais ativa 
que a ação das plantas.
TÓPICO 2 | ANÁLISE DE VERTENTES E OS MOVIMENTOS DE MASSA
29
Jusante corresponde a uma área que fica abaixo de outra, ao considerar a 
corrente fluvial pela qual é banhada. Costuma-se também empregar a expressão relevo de 
jusante ao descrever uma região que está numa posição mais baixa em relação ao ponto 
considerado. (GUERRA; GUERRA, 1997). 
ATENCAO
Segundo Christofoletti (1980, p. 31-32), o estudo dos processos 
morfogenéticos demonstra a importância que o fator climático assume no 
condicionamento para a esculturação das formas de relevo. Salienta também 
que dois conceitos básicos estão implicitamente envolvidos: que processos 
morfogenéticos diferentes produzem formas de relevo diferentes; e que as 
características do modelado devem refletir até certo ponto as condições climáticas 
sob as quais se desenvolveu a topografia. Baseando-se nesses princípios, 
decorre o corolário de que as consequências das oscilações climáticas podem 
ser reconhecidas através de elementos específicos da topografia, constituindo 
as formas relíquias que ainda não se adaptaram às novas condições de fluxo de 
matéria e energia.
Individualmente, os processos morfogenéticos possuem uma dinâmica 
própria e são elementos componentes de um conjunto maior, refletindo a 
influência do clima regional. Esse conjunto é denominado morfogenético, 
formando uma estrutura perfeitamente caracterizada, pois: a) a estrutura 
não é reduzível à soma de suas partes. Cada processo pode se integrar e 
ser encontrado em diversos sistemas morfogenéticos, mas o seu papel se 
modificará em função das condições gerais e dos demais processos aos quais 
está associado; b) a estrutura é um sistema de relações, os processos inter-
relacionam-se em um verdadeiro conjunto; c) a estrutura é ordenada e possui 
uma dominante. Em cada sistema podem ser encontrados inúmeros processos 
comuns aos demais; todavia, todos os processos não possuem a mesma 
importância em cada sistema, compondo uma certa hierarquia, mas um deles 
será o predominante e fornecerá a característica básica de determinado sistema 
morfogenético, implicando a existência de relações variáveis entre os processos. 
Por exemplo, a alternância gelo-degelo constitui a dominante no sistema 
morfogenético periglaciário, mas é elemento subsidiário no sistema desértico 
ou no temperado; da mesma forma, a meteorização bioquímica é intensa nos 
sistemas tropicais úmidos, mas é reduzida nos sistemas desérticos e frios. 
A verificação de semelhanças no modelado regional, aliada aos tipos de 
vegetação e aos solos, permite distinguir as regiões morfogenéticas. Essa noção 
foi introduzida primeiramente por Julius Büdel (1944), utilizando o termo 
Formkreisen,

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