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Atenção Básica da Saúde

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ATENÇÃO BÁSICA 
DA SAÚDE
Autoria: Wéllia Pimentel Santos
Indaial - 2022
UNIASSELVI-PÓS
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
S237a
 Santos, Wéllia Pimentel
Atenção básica da saúde. / Wéllia Pimentel Santos– Indaial: 
UNIASSELVI, 2022.
 114 p.; il.
 ISBN Digital 978-65-5646-494-7
1. Saúde – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 613
Impresso por:
Reitor: Janes Fidelis Tomelin
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Tiago Lorenzo Stachon
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Tiago Lorenzo Stachon
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Jairo Martins
Marcio Kisner
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech 
UNIASSELVI
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
Sistema Único de Saúde ................................................................ 7
CAPÍTULO 2
Princípios, Diretrizes Dos Processos De
Trabalho Na Atenção Básica De Saúde .................................... 43
CAPÍTULO 3
Importância do Planejamento Na Atenção
Básica e o Trabalho Multiprofissional .................................... 79
APRESENTAÇÃO
A disciplina que iniciamos agora, Sistema Único de Saúde e Gestão, tem 
como objetivos principais: refletir sobre o Sistema Único de Saúde e a gestão 
do sistema de saúde. Avaliar a importância do planejamento na Atenção Básica, 
compreendendo o trabalho multiprofissional na atenção básica em saúde; estudar 
os princípios, diretrizes dos processos de trabalho na atenção básica em saúde, 
bem como os princípios fundamentais da atenção básica no Brasil.
De tal modo, a partir dos objetivos dispostos, compreenderemos nesta disci-
plina que, apesar dos muitos problemas, o Sistema Único de Saúde (SUS) deve 
ser algo que todo cidadão brasileiro deva se orgulhar. Conforme a Organização 
Mundial da Saúde (2019), o Brasil tem o maior sistema de saúde pública do mun-
do. O SUS nasceu em 1988, num contexto da redemocratização do Brasil, e dis-
posto no Artigo 196 da Constituição Federal brasileira, a constituição cidadã de 
1988, que detém a previsão legal para a criação do Sistema Único de Saúde.
“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido median-
te políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de 
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua 
promoção, proteção e recuperação” (BRASIL, 1988).
Destarte, no decorrer desta disciplina abordaremos, em seu capítulo primei-
ro, sobre o Sistema Único de Saúde e Gestão, compreendendo a conceituação do 
Sistema Único de Saúde, seu percurso histórico, a Construção e caracterização 
do Sistema Único de Saúde, a estrutura do Sistema Único de Saúde e seus prin-
cípios.
Além disso, também estudaremos sobre a gestão do sistema de saúde, refle-
tindo sobre os gestores do SUS em cada esfera de governo, as responsabilidades 
dos entes que compõe o SUS, além do financiamento e controle do SUS.
No segundo capítulo será estudado sobre os princípios, diretrizes dos pro-
cessos de trabalho na atenção básica de saúde. Veremos, então, os princípios 
fundamentais da atenção básica no Brasil, os princípios e diretrizes da atenção 
básica, e a importância da capacitação e educação permanente das equipes. 
Além disso, estudaremos sobre os princípios, diretrizes dos processos de tra-
balho na atenção básica em saúde, os processos de trabalho na atenção básica, 
a estrutura operacional das redes de atenção à saúde, além de como se dá o 
acolhimento na atenção básica.
Por fim, no terceiro e último capítulo, você, acadêmico, irá estudar acerca da 
importância do planejamento na atenção básica de saúde e o trabalho multiprofis-
sional, compreenderá a importância do planejamento estratégico na atenção bási-
ca, os níveis de planejamento/avaliação na atenção básica e o uso de indicadores 
em saúde para o planejamento e avaliação na atenção básica.
Também estudará sobre o trabalho multiprofissional na atenção básica em 
saúde, a importância das equipes de saúde da família, a composição mínima des-
sas equipes, além dos desafios do trabalho em equipe na Estratégia de Saúde da 
Família.
CAPÍTULO 1
Sistema Único de Saúde
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Apresentar o processo de implantação do SUS.
� Explorar as responsabilidades dos entes que compõem o SUS.
� Estudar a Funções Gestoras e as Atribuições de Cada Nível de Governo no 
Sistema Único de Saúde.
� Analisar com estudiosos e trabalhadores da saúde sobre a sua importância na 
implantação do SUS.
� Envolver as entidades organizadas na construção do SUS.
� Possibilitar a discussão de questões, inclusive práticas, inerentes à assistência 
à saúde. 
� Possibilitar a discussão do papel legal do Ministério Público, dos Conselhos de 
Saúde e dos Gestores de Saúde.
� Possibilitar a interação dos segmentos sociais envolvidos com o SUS e Contro-
le Social.
8
 Atenção Básica Da Saúde
9
Sistema Único de SaúdeSistema Único de Saúde Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste capítulo vamos estudar sobre a organização e funcionamento do sis-
tema único de saúde, refletiremos sobre os princípios doutrinários e organizativos 
do SUS. É possível dizer que as reflexões aqui propostas são basilares para a 
compreensão do que é o sistema único de saúde, com os seus princípios doutri-
nários, sua forma de organização etc. 
Contudo, antes disso, é importante partirmos do conhecimento prévio que 
vocês têm sobre a saúde pública no Brasil, sobre como acontecia a assistência à 
saúde antes de existir o SUS, antes da regulamentação trazida pela carta magna 
de 1988. É importante dialogar com pessoas que viveram nessa época e pergun-
tar como se dava a assistência à saúde naquele período. Também vamos refletir 
sobre os estabelecimentos que prestavam os cuidados às pessoas naquela épo-
ca, ou seja, antes de 1988, antes da existência do SUS. 
Nesse sentido, a partir das reflexões aqui propostas veremos como se deu esse 
processo de construção do SUS, reconhecendo que ele perpassou por três fases: a 
primeira delas refere-se à fase antes de 1964, portanto, antes da Ditadura Militar.
Este também foi um período no qual a sociedade brasileira conviveu com o 
momento da industrialização, período de êxodo rural, quando as pessoas saiam 
da zona rural em busca de emprego nas grandes cidades, fazendo com que hou-
vesse um crescimento urbano desordenado, e consequentemente, as conturba-
ções foram existindo dentro das grandes cidades. Isto resultou numa elevada 
prevalência de doenças infectocontagiosas como lepra, tuberculose, hanseníase, 
que eram doenças mais frequentes naquele período do que na época atual.
Todavia, veremos que foi somente como o movimento da Reforma Sanitária 
brasileira, em 1988 que culminou a criação do Sistema Único de Saúde como um 
sistema de saúde propriamente dito. Tratou-se, então, de um momento de luta 
das pessoas, da população nas ruas reivindicando seus direitos sociais, contou 
com a participação importante do movimento estudantil, que reivindicava o direito 
à saúde pública de qualidade, que faz parte do nosso sistema de seguridade so-
cial, contou ainda com médicos residentes que reivindicavam melhores condições 
de trabalho, enfim. Todavia, veremos que havia desde 1941 uma discussão de 
saúde pública, mas foram esses movimentos que constituíram o SUS de hoje.
2 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 
Conforme a Constituição Federal de 1988, a saúde é um direito humano fun-
damental, contudo, o acesso a ela nem sempre foi fácil, e até a promulgação daCF/1988, nem mesmo o Sistema Único de Saúde (SUS) existia. 
10
 Atenção Básica Da Saúde
Essa sigla SUS significa Sistema Único de Saúde. Esse sistema 
vai englobar serviços de saúde dos mais simples aos mais comple-
xos, que precisam de mais recursos e conhecimento.
Então, se fôssemos dividir isso, organizar em uma pirâmide, na base ou na 
atenção primária, você encontraria serviço simples como atendimento ambulato-
rial básico, no meio seriam as ações e serviços de média complexidade, o que 
inclui os ambulatórios, os profissionais especializados e no topo a atenção de alta 
complexiidade, onde teríamos, por exemplo, um transplante de órgãos, que é rea-
lizado somente pelo SUS, inclusive.
1- Considerando a importância do Sistema Único de Saúde para 
a população brasileira, descreva quais são os marcos legais 
do SUS, portanto, o que precisa acontecer legalmente para 
ele existir?
R.: ___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
É importante ter consciência de que esses marcos legais do SUS não sur-
giram por acaso. Por detrás desses marcos legais que levaram à criação do Sis-
tema Único de Saúde houve uma luta muito grande do movimento sanitarista. E 
11
Sistema Único de SaúdeSistema Único de Saúde Capítulo 1 
antes disso, importa salientar que tivemos o governo de Getúlio Vargas com ide-
ais ditatoriais, velados, portanto, uma luta que prossegue até a redemocratização 
de 1985, quando o SUS é constituído e homologado em 1990 com a Lei 8080/90.
Isso porque eles acreditavam que a saúde é uma questão social e ela de-
veria ser tratada pelo poder público, então era realmente a noção de democra-
tização da saúde. Assim, podemos dizer que o Sistema Único de Saúde é, sim, 
uma conquista da população brasileira porque antes não tínhamos esses direitos 
garantidos.
Essas informações despertam em nós a curiosidade de saber como foi, afi-
nal, a trajetória que nos trouxe o SUS até os dias de hoje.
2.1 A CONSTRUÇÃO E 
CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA 
ÚNICO DE SAÚDE 
Primeiro, é preciso voltar ao passado, ao início do século XX. Os anos 1900 
chegam com grandes promessas, de que esse seria o século do progresso, da ci-
ência, assim como de medicina. Em contrapartida, a situação do Brasil não pode-
ria ser mais diferente. Em todo o território explodem epidemias diversas, a popu-
lação majoritariamente pobre não tem acesso à saúde, a não ser a alguns poucos 
hospitais filantrópicos (STARFIELD, 2002).
Assim, tanto no Brasil colônia quanto no Brasil Império não havia ações da 
coroa portuguesa ou do império do Brasil para a saúde pública. O que existia 
eram, sobretudo, santas casas, ou seja, unidades filantrópicas naquele contexto 
dos séculos XVI, XVII e XVIII, estas sem conhecimento científico desenvolvido, 
espaços esses que ainda vão isolar os doentes e tentar ações paliativas para mi-
nimização de danos e sintomas (CAMPOS, 1997).
Além disso, durante todo o período colonial até o Brasil Império, temos as 
figuras das benzedeiras, dos curandeiros, dos pajés, ou seja, o misticismo que vai 
agir e buscar intervir sobre as doenças, portanto, a Coroa portuguesa e o Império 
do Brasil ainda não tinham um programa de saúde pública.
Todavia, a República tão pouco terá este programa de saúde pública, o que 
veremos neste período, especialmente na República oligárquica, será uma políti-
ca sanitarista, ou seja, uma tentativa de conter as epidemias, mas em relação à 
saúde dos indivíduos, dos cidadãos não havia política alguma. 
12
 Atenção Básica Da Saúde
Uma figura de suma importância neste período, no que tange a 
essa política sanitária será Oswaldo Cruz, por meio da prática da va-
cinação obrigatória através da Lei nº 1261 de 31 de outubro de 1904, 
a qual dava poderes às autoridades sanitárias de aplicarem multas 
a quem se recusasse a tomar a vacina. Isso vai culminar com a Re-
volta da Vacina: uma forma autoritária de impor à população a vaci-
nação sem esclarecimento, sem outros cuidados sobre a sua saúde, 
simplesmente para impedir que a população pobre se tornasse vetor 
e transmissora de doenças. 
Com isso, observa-se que o governo, a princípio, não tinha uma intenção 
nobre para com a saúde pública da população, tampouco houve um esclareci-
mento sobre a importância da vacinação ou de práticas de higiene. Essa sempre 
foi uma questão de caridade, nunca uma questão que deveria ser governamental. 
As primeiras ações em saúde pública, neste contexto dos anos 1900, eram moti-
vadas por interesses econômicos e comerciais por parte da elite do país, e serão 
especialmente marcadas pelo desejo de higienização e pelo uso da força policial. 
Com isso a ideia era reurbanizar a cidade do Rio de Janeiro, que até então era 
composta por uma classe popular mais empobrecida. Estes, então, foram desa-
lojados e tiveram suas habitações demolidas, sendo, portanto, destinados à parte 
periférica da cidade.
Nesses termos, em 1904, a vacinação contra a varíola torna-se obrigatória, 
explodindo com a Revolta da Vacina. As tensões sociais crescem em diversos se-
tores, e por volta de 1918 os operários das Indústrias têxteis entram em greve, e o 
Estado tem uma revolução popular. Importa salientar a importância da indústria têx-
til neste período para o país, pois nesta época, este era o setor produtivo que mais 
empregava e tinha valor econômico, daí a força que tinha para essa mobilização.
 
A partir disso, o governo regulamenta a criação das Caixas de Aposentado-
ria e Pensão – CAPs – financiadas pelas indústrias, trabalhadores e pela União. 
Essas CAPs dariam aos operários o direito ao atendimento médico e à aposenta-
doria, tendo em vista que este era o direito previdenciário que havia na época, por 
isso da sua importância. Começa a surgir também uma nova visão sobre a saúde 
pública, marcada por um caráter mais social e educativo, com aparecimento das 
figuras do médico sanitarista e das educadoras sanitárias. 
13
Sistema Único de SaúdeSistema Único de Saúde Capítulo 1 
Já na década de 1930, com Vargas no poder, inicia-se a centralização e uni-
formização das estruturas de saúde. O presidente decreta a criação dos Institutos 
de Aposentadoria e Pensão – IAPs, em 9 de julho de 1934 com os fundos próprios 
de cada categoria trabalhista que substituíram as antigas caixas. É aí também 
que começa o velho hábito governamental de retirar dinheiro da Seguridade So-
cial para aplicar em áreas de seu interesse, como fez vagas com as indústrias 
(STARFIELD, 2002).
Já por volta do final da década de 1940, e início da década de 1950, o mo-
delo de saúde sob a influência estadunidense é baseado nos grandes hospitais, 
com médicos de várias especialidades e com aparelhos de alto grau tecnológico. 
Nos espaços de diálogo, com os atores da saúde pública, esta passa a as-
sumir facetas mais voltadas para a medicina preventiva, mas ainda existem di-
ferentes correntes. A primeira, defendida por médicos especialistas, apoia-se na 
existência de hospitais e programas verticais: loucos vão para hospícios, leprosos 
para leprosários etc. (STARFIELD, 2002).
Nesse contexto, de final dos anos 1940, o modelo gira em torno do centro 
de saúde, que busca uma aproximação da medicina com as condições sociais do 
indivíduo e começa a haver uma visão de sistema de saúde para todos, adminis-
trado em redes locais.
Ao final dadécada de 1950 já existem inúmeros Institutos de Aposentadorias 
e Pensões (IAPS, sendo este um primeiro esboço do sistema de proteção social 
brasileiro. Entretanto, apenas alguns poucos, os mais ricos, são capazes de for-
necer atendimento em saúde adequado. As categorias incluídas neste atendimen-
to à saúde, inicialmente, foram a dos marítimos, seguida dos comerciários, ban-
cários, industriários, e demais categorias profissionais nos anos seguintes. Muitas 
empresas mostram-se insatisfeitas com os serviços prestados, daí surge a medi-
cina de grupo na década de 1960, que acontece com grupos terceirizados, forne-
cendo um serviço médico para os funcionários de empresas que os contrataram. 
 Na década de 1960, na Ditadura Militar, o governo unifica todos os IAPS em 
um órgão único. Todavia, não se pode considerá-la uma criação dos políticos da 
ditadura, pois essa já era uma pressão dos trabalhadores, já era uma reivindicação 
dos trabalhadores desde a era Vargas. Assim, nesse contexto de Ditadura Militar se 
cria o Instituto Nacional de Previdência Social, onde só terá acesso aos serviços de 
saúde no Brasil quem tiver carteira assinada, portanto, quem contribuir.
14
 Atenção Básica Da Saúde
• Instituto Nacional de Previdência Social – INPS que tem por 
objetivo concentrar todas as contribuições previdenciárias do 
país e gerir todas as aposentadorias, pensões e assistências 
médicas. 
Mas as pessoas que não tivessem carteira assinada?
A essas pessoas que não estavam neste perfil de contribuição eram-lhes 
destinadas as filas da filantropia das Santas Casa de Misericórdia. Além disso, 
o que acontecia era que neste período da Ditadura Militar havia o repasse de 
dinheiro para organismos privados, para planos privados. Assim, a saúde públi-
ca como um direito do cidadão não existia, somente aqueles trabalhadores que 
pudessem pagar por meio do INPS que tinham acesso aos serviços de saúde, e, 
mesmo assim, era uma saúde privada. 
Por outro lado, a contribuição total é muito expressiva e na década de 1970, 
o dinheiro do INPS é investido em uma série de obras gigantescas, como a hi-
drelétrica de Itaipu. Ademais, o Estado capta recursos do INPS para financiar a 
construção de hospitais privados, a fim de atender aos trabalhadores inscritos na 
Previdência Social. Contudo, já capitalizados e sem a devida fiscalização, mui-
tas empresas se descredenciam do programa público, deixando os trabalhadores 
sem atendimento e aumentando o rombo na previdência.
Ao final da década de 1970, mulheres, pessoas de renda social menos abas-
tada, estudantes e sanitaristas começam a se reunir para discutir a questão da 
saúde. Esses encontros representam o início do movimento pela saúde ou movi-
mento sanitário, que será caracterizado como um conjunto organizado de pesso-
as e grupos partidários ou não, articulados ao redor de um projeto de saúde que 
propõe a ocupação dos espaços institucionais e a formulação de políticas de saú-
de diante da crise previdenciária. Essas discussões iniciam-se, então, com esses 
setores sociais excluídos, e ganha reconhecimento dos demais setores, gradual-
mente, incorporando seu discurso à ideia de cidadania (STARFIELD, 2002).
15
Sistema Único de SaúdeSistema Único de Saúde Capítulo 1 
POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL
 
FONTE: <https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/
Publicacao/185149>. Acesso em: 8 maio 2022.
A obra é um ensaio fundamental para a compreensão da formu-
lação de políticas de saúde no Brasil e seu histórico. As autoras apre-
sentam a contextualização histórica da política de saúde, o conceito 
de saúde-doença, a determinação social da saúde, além de refletir 
sobre a legislação, organização e funcionamento do Sistema Único 
de Saúde.
FONTE: BUSATO, I. M. S.; CUBAS, R. F. Política de Saúde 
no Brasil. Curitiba: Editora Intersaberes, 2020.
Em 1978, o INPS é substituído pelo Sistema Nacional de Previdência e As-
sistência Social – o SINPAS, que se fragmenta em um novo. O INPS, exclusivo 
para as aposentadorias e pensões, e o INAMPS – Instituto Nacional de Assistên-
cia Médica de Previdência Social, sendo ambos administrados financeiramente 
pelo Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (IA-
PAS), o qual não demora muito a falir. 
Conforme Polignano (2001, p. 17), o modelo de saúde previdenciário entra 
em crise pelos seguintes motivos:
(...) priorizado a medicina curativa, o modelo proposto foi inca-
paz de solucionar os principais problemas de saúde coletiva, 
como as endemias, as epidemias, e os indicadores de saúde 
16
 Atenção Básica Da Saúde
(mortalidade infantil, por exemplo); Aumentos constantes dos 
custos da medicina curativa, centrada na atenção médica-hos-
pitalar de complexidade crescente; diminuição do crescimento 
econômico com a respectiva repercussão na arrecadação do 
sistema previdenciário reduzindo as suas receitas; incapacida-
de do sistema em atender a uma população cada vez maior 
de marginalizados, que sem carteira assinada e contribuição 
previdenciária, se viam excluídos do sistema; desvios de verba 
do sistema previdenciário para cobrir despesas de outros seto-
res e para realização de obras por parte do governo federal; o 
não repasse pela união de recursos do tesouro nacional para 
sistema previdenciário visto ser esse tripartide (empregador, 
empregado, e união).
Importa aludir que isso virou política de governo, e legislação anos depois. 
Em meados dos anos 1980, Sergio Arouca assumiu a Secretaria de Estado da 
Saúde do Rio de Janeiro. E neste contexto são constituídos os conselhos popu-
lares que dão ao povo a chance de discutir acerca das políticas de saúde e dos 
serviços já conquistados, e mais precisamente em 1986 ocorre a 8ª Conferência 
Nacional de Saúde que se mostra inédita na história do país. Neste período, a 
assembleia constituinte já é formada, e as discussões sobre a redemocratização 
pleiteava a saúde universal.
É por meio dessa conferência, a qual reuniu os movimentos sociais, univer-
sidades e cientistas, que se definem linhas, orientações de políticas públicas e os 
princípios da saúde pública como um bem do cidadão e um dever do Estado. 
Para Gohn (2012), por movimento social a autora entende que:
[...] é sempre expressão de uma ação coletiva e decorrente 
de uma luta sociopolítica, econômica ou cultural. Usualmen-
te, ele tem os seguintes elementos constituintes: demandas 
que configuram sua identidade; adversários e aliados; bases, 
lideranças e assessorias - que ao se organizarem em articula-
dores e articulações, formam redes de mobilizações; práticas 
comunicativas diversas que vão da oralidade direta aos moder-
nos recursos tecnológicos; projetos ou visões de mundo que 
dão suporte a suas demandas; e culturas próprias nas formas 
como sustentam e encaminham suas reivindicações (GOHN, 
2012, p. 14).
Portanto, precisou haver toda uma pressão e mobilização social no final da 
Ditadura Militar e início da redemocratização no país, para se conseguir pressio-
nar o governo e, assim, em 1988 termos a saúde transformada em um direito 
constitucional. Todavia, é importante ressaltar que no final da Ditadura Militar o 
Brasil estava vivendo um período de estagnação econômica e a inflação estava 
nas alturas. É nesse contexto de um Estado falido pelo regime militar que garanti-
mos na Lei 8.080 de 19 de setembro de 1990, a criação do SUS.
17
Sistema Único de SaúdeSistema Único de Saúde Capítulo 1 
O Poder Executivo jamais tinha convocado a sociedade civil para o debate 
de políticas ou programas de governo, preferindo sempre seguir a visão exclusi-
vamente técnica, sem representatividade social. Todavia, nessa reunião há forte 
presença da sociedade civil organizada, em especial de representantes do movi-
mento sanitário que já é bem articulado e que traz consigo um histórico de lutas e 
conquistas para o modelo alternativo ao médico assistencial vigente. 
Essas camadas expressam o desejode um sistema único de saúde, contro-
lado pela comunidade e pelos conselhos de saúde, com o objetivo de aprovar sua 
criação na Constituição de 1988, e é daí que nasce o Sistema Único de Saúde. 
Assim, somente na década de 1990, contexto de um Estado neoliberalista, 
o qual defende a privatização dos serviços públicos, que estava sendo criado o 
Sistema Único de Saúde. E cada vez mais o SUS tem avançado na efetivação do 
direito à saúde, mas, obviamente, contando com inúmeros desafios, especialmen-
te no tocante ao investimento público nesta política, investimento este que nos 
últimos anos na última década têm caído progressivamente.
2.2 ESTRUTURA DO SISTEMA ÚNICO 
DE SAÚDE 
Sobre a organização do Sistema Único de Saúde, este é organizado entre a 
atenção primária, secundária e terciária. 
Mas, o que é atenção primária, secundária e terciária?
Vamos tentar simplificar a explicação. Pense em uma pirâmide, na base dela 
temos a atenção primária à saúde (APS), onde resolvemos 85 a 90% de todos os 
problemas de saúde (BRASIL, 2010).
A APS é constituída pelas unidades básicas de saúde, pelas equipes de es-
tratégia de saúde da família, preferencialmente por um médico de família e co-
munidade e um enfermeiro de família e comunidade, o técnico de enfermagem, 
agentes comunitários de saúde e equipe de saúde bucal (BRASIL, 2010).
A atenção secundária à saúde fica um nível acima, atendendo 15% aproxi-
madamente dos problemas de saúde da população. Ela é formada pelos serviços 
especializados em nível ambulatorial e hospitalar e onde ocorrem os procedimen-
tos de média complexidade. Nesse nível, temos os serviços médicos especializa-
dos, de apoio, diagnóstico e terapêutico, como, por exemplo, raio-x, tomografia 
18
 Atenção Básica Da Saúde
computadorizada, alguns exames laboratoriais e temos, também, os atendimen-
tos à urgência e emergência. 
O médico da atenção secundária à saúde é o especialista focal, ou seja, um 
cardiologista, um dermatologista, um reumatologista, um neurologista. Isso não 
significa que o médico de família e comunidade que atua na atenção primária à 
saúde precisa ser um especialista, muito pelo contrário, o ideal é que ele tenha 
feito residência médica em medicina de família e comunidade, que é o padrão-ou-
ro para especialização médica.
Contudo, a formação do médico de família e comunidade é mais generalista, 
e dos outros especialistas focais que atendem nesse nível secundário de atenção 
à saúde, a formação é mais focal, ou seja, se volta a uma parte do corpo (COSTA; 
CARBONE, 2009).
A atenção terciária ou de alta complexidade é onde fica a menor porcen-
tagem de resolução de problemas de saúde da população e corresponde a 5% 
destes, ou seja, a minoria das pessoas vai evoluir com problemas de saúde que 
necessitem do nível terciário de atendimento (COSTA; CARBONE, 2009). É nes-
te nível que ocorrem as terapias e procedimentos de elevada complexidade, de 
elevada especialização e que necessitam, normalmente, de alta tecnologia, além 
de ter também um alto custo, como exemplo, temos o serviço de oncologia, trans-
plante, neurocirurgia, diálise, cirurgia bariátrica, ressonância magnética, quimiote-
rapia, radioterapia, dentre outros. 
Vamos colocar tudo isso num exemplo?
Você é um médico de família e comunidade e atende uma pessoa hipertensa 
e percebe uma arritmia nela. Então, você tenta acompanhar esse paciente clinica-
mente, mas ele não melhora, ou seja, o paciente estava na base da pirâmide, na 
atenção primária, você, então, vai encaminhá-lo para o serviço de atenção espe-
cializada, atenção secundária à saúde. 
Você, assim, o encaminhará para o cardiologista, que após solicitar alguns 
exames e acompanhar esse caso, indicará um procedimento de ablação cardía-
ca, que é um procedimento minimamente invasivo, mas que possue uma tecnolo-
gia maior. Então, esse paciente, além de ter sido atendido na atenção secundária 
à saúde, também necessitou da utilização da atenção terciária.
 Assim, é algo comum na atenção primária à saúde o profissional acompa-
nhar pacientes hipertensos ou com arritmia, todavia, alguns casos mais compli-
cados, às vezes, se exigirão esse encaminhamento para o cardiologista, e, por 
vezes, o paciente ainda vai necessitar do atendimento pela atenção terciária à 
saúde, de alta tecnologia e especialização (MENDES, 2002).
19
Sistema Único de SaúdeSistema Único de Saúde Capítulo 1 
Além disso, é o Sistema Único de Saúde que faz a vacinação, não importa 
cor de pele, raça, condição socioeconômica, a pessoa será vacinada através do 
SUS, que além de controlar, também disponibiliza e garante o acesso a vacinas.
O Sistema Único de Saúde controla as doações de sangue, é ele que garan-
te os hemocentros através da distribuição de sangue no Brasil, é ele que garante 
transplantes, aos quais são controlados e organizados pelo SUS. 
Temos os agentes de saúde da família que vão à casa das pessoas para a 
profilaxia, para pensar na prevenção, para pensar uma vida saudável e não ape-
nas hospital no momento em que a crise já está instalada.
Temos também temos os CAPS - os Centros de Atendimento 
Psicossocial que trabalham não somente a saúde física, mas a saú-
de psicológica, uma série de profissionais: psicólogos, sociólogos, 
assistentes sociais que vão pensar, especialmente, nas pessoas com 
mais vulnerabilidade social.
No SUS temos o SAMU - Serviços de Atendimento Móvel de Urgência 
(Samu), que foi normatizado no Brasil a partir de 2004 pelo decreto presidencial 
do governo Lula, nº º 5.055, de 27 de abril de 2004, e visa atender aos aciden-
tados, não importa a classe social, não importa a origem, não importa a cor, não 
importa nada.
Também vamos ter o maior programa de prevenção ao HIV do mundo. O 
Brasil é referência no mundo para o tratamento da AIDS, e isso se chama sistema 
único de saúde, isso se chama o Brasil sendo uma referência na saúde mundial 
(COSTA; CARBONE, 2009).
Temos também ANVISA, (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), criada 
pela Lei nº 9.782, de 26 de janeiro 1999. Sabe, quando você está comendo, to-
mando um medicamento e aquilo não tem efeito colateral, sabe por quê? Porque 
que existe uma agência vinculada ao SUS, que controla e já fiscalizou o que viu 
nos testes, para garantir a sua saúde. Mesmo você não indo ao hospital, o siste-
ma único de saúde está ali para zelar pela sua segurança e pela sua saúde. 
Agora ficou claro? 
20
 Atenção Básica Da Saúde
A partir dessas reflexões, temos uma grande polêmica. Essa pirâmide fica 
um pouco diferente quando falamos em gastos de saúde nos diferentes níveis de 
atenção. Na realidade, ela fica completamente invertida, os gastos com serviços 
terciários são altamente elevados, depois os serviços da atenção secundária as-
sumem a segunda posição e, por último, temos um menor investimento na aten-
ção primária à saúde. 
 
A partir daí você pode até dizer: é claro ter maior gasto no nível terciário e 
secundário, tendo em vista que são níveis que demandam de alta tecnologia, alta 
especialização. 
Mas será? 
Enfim, fica a reflexão: será que falta vontade política para investir na atenção 
primária à saúde? Faltam políticas de estado estruturantes? Vamos refletir sobre 
esses questionamentos. 
2.3 PRINCÍPIOS DO SISTEMA ÚNICO 
DE SAÚDE 
No Artigo 196 da CF/1988, podemos observar que a saúde “é um direito de 
todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que 
visem à redução do risco de doenças e agravos e ao acesso universal e igualitário 
às ações e serviços para sua promoção proteção e recuperação” (BRASIL, 1988).
Acerca da legislação da saúde também temos a Lei Orgânica do SUS, em 
seu Art. 4º que vai dispor que o SUS é um “conjunto de ações e serviços de saú-
de, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, 
da Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, 
constitui o Sistema Único de Saúde (SUS)” (BRASIL, 1990).A partir daí, compreenderemos sobre o princípio doutrinário do SUS. Para 
isso, é importante se ater ao conceito de doutrina, sendo esta considerada como 
um conjunto de ideias que nos orientam para determinadas funções. 
Logo, acerca dos três princípios doutrinários do SUS, o primeiro deles é a 
universalidade, que considera que toda e qualquer pessoa tem acesso ao siste-
ma único de saúde, podendo ela ser de outra nacionalidade, dispor de qualquer 
característica, uma pessoa que pode morar em qualquer lugar, e, ainda assim, ele 
terá acesso aos serviços ofertados pelo SUS porque ele é universal. 
21
Sistema Único de SaúdeSistema Único de Saúde Capítulo 1 
Já o princípio da integralidade reconhece a pessoa como um ser 
completo, não fragmentado, pressupõe entender que o corpo do indi-
víduo não é só um corpo fragmentado em tronco, membros e cabeça. 
Todo o corpo funciona de forma integral, então, os profissionais de saúde 
precisam olhar para as pessoas não apenas a partir de suas queixas, mas sim de 
forma integral.
A garantia do princípio da integralidade, em suma, implica do-
tar o sistema de condições relacionadas às diversas fases da 
atenção à saúde, ao processo de cuidar, ao relacionamento do 
profissional de saúde com os pacientes. Indivíduos e coletivi-
dades devem dispor de um atendimento organizado, diversifi-
cado e humano. Esse princípio, portanto, não exclui nenhuma 
das possibilidades de se promover, prevenir, restaurar a saúde 
e reabilitar os indivíduos (CAMPOS, 2003, p. 9).
O princípio da equidade dispõe que as pessoas que têm maior necessidade 
de saúde precisam de maior atenção deste serviço, em outras palavras, é dar 
mais a quem tem menos, é garantir o atendimento aos indivíduos de acordo com 
suas necessidades. Em resumo, Polignano (2001) assim define os princípios dou-
trinários do SUS:
UNIVERSALIDADE- o acesso às ações e serviços deve ser 
garantido a todas as pessoas, independentemente de sexo, 
raça, renda, ocupação, ou outras características sociais ou 
pessoais; EQUIDADE- é um princípio de justiça social que ga-
rante a igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou 
privilégios de qualquer espécie. A rede de serviços deve estar 
atenta às necessidades reais da população a ser atendida; IN-
TEGRALIDADE- significa considerar a pessoa como um todo, 
devendo as ações de saúde procurar atender a todas as suas 
necessidades (POLIGNANO, 2001, p. 23).
Já acerca dos princípios organizativos do SUS, o primeiro deles é a descen-
tralização e comando único. Isso quer dizer que o SUS prevê a divisão de res-
ponsabilidades entre municípios, Estado e federação. Então, quando falamos em 
descentralizado implica dizer que o município deve possuir recursos para atenção 
à saúde da população, sejam recursos do próprio tesouro municipal, advindos do 
Estado ou em nível federal, mas é o município que deve fazer o comando daque-
las ações do SUS, ele é o principal responsável pelas funções naquele município 
através de suas secretarias municipais de saúde.
22
 Atenção Básica Da Saúde
A participação social é outro princípio organizativo do SUS, institucionalizada 
pela CF/1988, e, também, pela Lei n° 8.142/1990, trata da participação da comu-
nidade nas políticas de saúde e na execução do sistema único de saúde. Sobre 
isso, tem-se que a participação social se dá por meio dos movimentos sociais ou 
qualquer outra expressão da população como a ouvidoria, realizando um abaixo 
assinado, por meio dos fóruns populares de saúde, tudo isso é participação so-
cial, mas de maneira não institucionalizada. Para Gohn (2007, p. 59): 
[...] a participação social não representa um sujeito social espe-
cífico, mas se constrói como um modelo de relações geral/ideal, 
na relação sociedade/Estado. No centro da participação social, 
encontramos o conceito de mobilização com conteúdos ressig-
nificados, assim como se redefine o caráter da militância nas 
várias formas de participação existentes (GOHN, 2007, p. 59).
A participação institucionalizada ocorre por meio dos conselhos e conferên-
cias de saúde, estes servem para conhecer as necessidades locais da população, 
e esta população tem uma voz ativa na formulação e execução dessas políticas. 
Estes conselhos e conferências contam com usuários do Sistema Único de Saú-
de, trabalhadores e gestores do SUS, prestadores de serviço, que devem realizar 
a fiscalização e fazer o controle social do Sistema Único de Saúde.
Os princípios organizativos do SUS, como diz o próprio nome, são princípios 
que ajudam na organização deste sistema de saúde e, para isso, é preciso que 
ele seja feito de maneira regionalizada. 
Mas, o que significa isso?
Cada território possui suas necessidades, assim, a regionalização pressupõe 
que os serviços de saúde devem ser organizados por região territorial, possibilitan-
do que as pessoas sejam atendidas o mais próximo da sua residência ou local de 
trabalho. Então, para quem trabalha em unidades básicas de saúde da família é 
muito comum ter um território adstrito com população com certo quantitativo de pes-
soas, e aquela região será de responsabilidade daqueles profissionais de saúde.
Outro princípio organizativo do SUS refere-se à hierarquização, que implica 
que os serviços de saúde devem estar organizados por níveis de complexidade 
ou níveis de densidade tecnológica, sendo este último um termo mais usual tendo 
em vista que não se usa mais o termo ‘complexidade’, já que todos os níveis de 
saúde possuem sua complexidade intrínseca. 
O princípio da hierarquização implica, então, em entender que os serviços de 
atenção básica de saúde devem estar mais próximos da população, as unidades 
de saúde da família, devem possuir essa proximidade, e isso se chama capilari-
23
Sistema Único de SaúdeSistema Único de Saúde Capítulo 1 
dade, além disso, devem responder pelo menos 80% dos problemas de saúde 
daquela população (BRASIL, 1990).
As unidades básicas de saúde são a porta preferencial de entrada no siste-
ma de saúde, então sugere-se que as pessoas acessem o SUS através da aten-
ção básica, e a partir daí será responsabilidade desta continuar coordenando o 
cuidado dessas pessoas. 
Em caso de não haver a possibilidade de atender às demandas do usuário 
nessa atenção básica, este deve ser direcionado para o segundo nível de atenção 
que é o secundário, ao qual é centrado nas especialidades e serviços de apoio, 
que devem resolver ao menos 15% dos problemas de saúde da população (BRA-
SIL, 1990).
Por fim, o terceiro nível dos serviços de saúde, ou nível terciário da atenção 
hospitalar é responsável por responder por cerca de 5% dos problemas de saúde, 
portanto, é isso que chamamos de hierarquização dos serviços de saúde (BRA-
SIL, 1990).
3 GESTÃO DO SISTEMA DE SAÚDE 
A área da saúde, em particular, tem o princípio da governança como um pres-
suposto diferenciado de qualquer outra política pública. Isso porque o secretário 
de saúde, o secretário de estado, o secretário municipal são gestores com auto-
nomia plena no sistema de saúde, atribuída pela lei, portanto, este profissional 
tem o conceito de governança inserido, exatamente, dentro da sua função. Impor-
ta salientar que:
No que se refere ao aspecto técnico, se faz necessário que o 
gestor do SUS possa articular saberes e práticas de gestão 
para cumprir suas atribuições e funções, o que exigirá um con-
junto de conhecimentos, habilidades e experiências na área 
da administração pública, governança, planejamento e cuidado 
em saúde para execução das políticas de saúde (CONASEMS, 
2016, p. 29).
É possível dizer que o secretário de saúde responde solitariamente por qual-
quer questão que ocorra no território civil ou criminal, haja vista que não é o pre-
feito que responde por isso, é o secretário de saúde do município porque que ele 
é a autoridade sanitária no âmbito do município, quando o prefeito delega a ele 
a nomeação do cargo de secretário saúde, esta pessoa receberá esse poderde 
autoridade sanitária (CONASEMS, 2016).
24
 Atenção Básica Da Saúde
É a partir daí que entra o conceito de governança. O princípio da governança 
é aquele que representa um conjunto de responsabilidades impostos por lei para 
um detentor de uma função pública. Estas responsabilidades que se traduzem em 
poder têm pelo menos três grandes requisitos que dão a conformidade ao concei-
to da diferença entre governança e gestão.
 
Assim, a governança tem como um dos requisitos básicos, o poder de esco-
lha, que é atribuído pela legislação, o poder de governar, o poder de estabelecer 
direção e o poder de tomar decisão em relação ao presente e o futuro no que tan-
ge às questões de saúde daquele município.
Ao secretário de saúde é atribuído o poder de governar o Sistema Único de 
Saúde. É ele quem cuida da normatização, do custeio, da parte financeira, da 
definição clínica de protocolos, enfim, isso é competência do poder Legislativo, no 
caso Câmara municipal.
Outro requisito importante acerca do conceito de governança está relaciona-
do ao compliance, ou seja, ele terá o poder de tomar decisão dentro de princípios 
de compliance, a qual remete à seguinte compreensão ‘em conformidade com a 
lei’, em conformidade com os princípios da impessoalidade que são próprios da 
administração pública, além obviamente da moralidade aqui envolvida.
Um terceiro princípio é que cabe ao secretário de saúde, como autoridade 
sanitária, o poder de avaliar, controlar e auditar, ou seja, ele tem o pressuposto 
de monitorar o desempenho e os resultados da estrutura pública envolvida com o 
sistema de saúde.
2- Reconhecendo que a gestão de equipes é um dos principais 
fatores de sucesso para a gestão do SUS, aponte quais são 
os requisitos para a gestão dos sistemas de saúde?
R.: ___________________________________________________
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Sistema Único de SaúdeSistema Único de Saúde Capítulo 1 
Existem, também, pelo menos quatro exigências que são obrigatórias para 
uma pessoa ser bem sucedida nesse processo de governança: a primeira delas é 
a autonomia normativa. O secretário de saúde é quem tem o poder para editar as 
normas, os preceitos básicos do ponto de vista do SUS, previstos em lei, previstos 
na própria Constituição Federal de 1988. 
O secretário de saúde, por exemplo, é quem assina portarias, protocolos e 
resoluções, haja vista que o Artigo 9º da Lei 8.080 define que cabe ao gestor de 
saúde o ato de normatizar o SUS no âmbito municipal (BRASIL, 1990). Ressaltan-
do que, para isso, ele precisa ter anuência dos vereadores e conselho municipal 
de saúde, pois ele não faz isso sozinho.
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE
FONTE: <https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/
Publicacao/184021>. Acesso em: 8 maio 2022.
A obra trata de aspectos voltados à vigilância em saúde, plane-
jamento e financiamento do SUS, conceitos voltados à rede de aten-
ção em saúde, linhas de cuidado, legislações sobre vigilância em 
saúde, voltando-se para a estrutura e gestão da vigilância em saúde, 
além da promoção em saúde no que tange à vigilância em saúde.
FONTE: NASCIMENTO. E. G. de Q. Organização e gestão 
em vigilância em saúde. Curitiba: Contentus, 2020.
26
 Atenção Básica Da Saúde
Outro ponto refere-se ao planejamento e à organização do serviço. É o se-
cretário de saúde quem decide quem tem poder para estabelecer toda a estrutura 
de rede, as hierarquias, os protocolos, a logística da média e alta complexidade, 
enfim, é ele quem define todos os processos de planejamento., conforme a Lei 
8080/90.
 
Outra questão importante está relacionada à autonomia de financiamento. 
Todos os recursos vão para o fundo municipal de saúde. A obrigatoriedade da 
transferência de 15% dos municípios, os recursos transferidos em nível federal, 
os recursos transferidos do Estado, tudo isso vai para o fundo municipal de saúde, 
e nos termos da legislação de saúde, o responsável pelo orçamento e pela gestão 
será o secretário de saúde (BRASIL, 1990).
Importa salientar que o orçamento público tem pelo menos três fases: o pla-
nejamento plurianual, realizado pelo gestor de saúde, a lei de diretrizes orçamen-
tárias e o orçamento municipal (BRASIL, 1990).
Por fim, há todo um processo de controle, avaliação, auditoria, planejamen-
to de desempenho sobre as ações de saúde. Aqui há um detalhe importante, é 
o gestor de saúde que deve considerar sobre o planejamento de desempenho 
da sua estrutura, o resultado de cobertura, e este desempenho profissional, por 
exemplo, não deve acontecer uma vez ao ano. 
Assim, o gestor de saúde não deve fazer uma avaliação de desempenho 
simplesmente, mas, sim, deve planejar o desempenho, avaliar desempenho, sen-
tar-se com sua equipe para decidir a expectativa de desempenho esperada.
 
A gestão de equipes é um dos principais fatores de sucesso 
para a gestão do SUS. Uma unidade de saúde é composta por equi-
pe de pessoas cuja finalidade é cuidar de pessoas. Nesse sentido, 
a gestão de equipes é um fator muito importante para o sucesso de 
uma organização de saúde, bem como, muito importante no sentido 
de alcançar maturidade. 
Para um efetivo trabalho em equipes na gestão da saúde é necessário que 
haja um projeto de atuação consistente dessa equipe. Assim, é importante salien-
tar a importância do trabalho em equipe nas organizações de saúde, as caracte-
27
Sistema Único de SaúdeSistema Único de Saúde Capítulo 1 
rísticas dessa equipe, além do papel do gestor no trabalho em equipe.
Mudanças que vêm ocorrendo na saúde com vistas ao trabalho em equipe 
multiprofissional pressupõe também uma mudança do processo de trabalho, haja 
vista ainda, que o trabalho no âmbito da saúde tenha nascido muito fragmentado, 
o cenário atual exige mudanças na postura dos profissionais. A partir daí diversas 
orientações devem ser apresentadas pelo gestor para incluir essas equipes de 
saúde garantindo a integralidade da atenção à saúde e à interdisciplinaridade en-
tre os vários profissionais presentes nessas equipes (GONÇALVES, 2006).
Não é possível pensar numa instituição em que a valorização das pessoas 
não seja elemento principal, afinal de contas se sabe que as pessoas dão o que 
recebem. Então, tratar bem os colaboradores, com respeito, de forma humana, 
valorizando-os, irá refletir diretamente em como eles tratam os pacientes.
Para Gonçalves (2006) não existe avaliação de desempenho sem planeja-
mento, sem um momento em que o superior se senta com o subordinado, um 
momento em que autoridades sanitárias se sentam com o médico, com os enfer-
meiros, com os agentes comunitários, o odontólogo, psicólogo, enfim, e definem o 
tipo de expectativa em relação ao seu desempenho daquela equipe. 
Aqui temos a concepção do princípio de governança, que está relacionada à 
estratégia, e a gestão está relacionada à operação específica. Assim, é importan-
te que o gestor de saúde avalie a situação do seu município, cuide do orçamento 
da saúde, trabalhe com a programação financeira (STARFIELD, 2002).
Portanto, há algumas questões importantes que deve ter em mente o gestor 
de saúde: compliance, planejamento, auditoria, avaliação, orçamento público, au-
tonomia administrativa. Tudo isso compõe o processo de governança do Sistema 
Único de Saúde de um município.
3.1 OS GESTORES DO SUS EM CADA 
ESFERA DE GOVERNO
Na Lei 8080/90, em seu Artigo 9º, podemos observar que a direção do Siste-
ma Único de Saúde é uma direção única, portanto, aquela que é exercida em cada 
esfera de governo. Nesse sentido, há que ressaltar neste artigo a importância da 
descentralização do SUS, sendo que por meio dessa descentralização a direçãodo 
SUS é compartilhada entre as diferentes esferas de gestão (BRASIL, 1990). 
28
 Atenção Básica Da Saúde
Nesses termos, a direção do Sistema Único de Saúde será unicamente exer-
cida em cada esfera de governo pelos seguintes órgãos: na União essa direção 
do SUS será exercida pelo Ministério da Saúde, nos Estados e Distrito Federal a 
direção do Sistema Único de Saúde vai ser exercida pelas respectivas secretarias 
de saúde ou pela secretaria de saúde do Distrito Federal ou por órgãos equivalen-
tes (LEFRÈVE; LEFRÈVE, 2004).
Já dentro dos municípios, o SUS será dirigido unicamente através da Secre-
taria Municipal de Saúde ou por órgão equivalente. Logo, é possível perceber aqui 
a execução clara no que tange à descentralização no SUS.
No Artigo 10 da Lei Orgânica da Saúde é possível observar, ainda, que os 
municípios poderão constituir consórcios entre eles, a fim de desenvolver em con-
junto as ações e os serviços de saúde que lhe correspondem (BRASIL, 1990).
Isso implica dizer que se o município não tem, por exemplo, uma unidade ra-
diológica para a realização de raio X da sua comunidade, dos seus pacientes que 
necessitam desse tipo de procedimento, esse município pode, então, estabelecer 
consórcios com municípios vizinhos pra que ele possa oferecer a sua população 
este serviço, e esses pacientes quando tiverem a necessidade, conforme a Lei 
8080/90, por exemplo, de realizarem uma radiografia, um serviço desse tipo, será 
direcionado a outro município vizinho, consorciado, conveniado para conseguir 
receber esse serviço (LEFRÈVE; LEFRÈVE, 2004).
Isso, então, se aplica aos consórcios administrativos intermunicipais, portan-
to, entre municípios, a partir do princípio da direção única. O que pressupõe dizer 
que, se a gestão do SUS deve ser descentralizada, o fato dos municípios pode-
rem se consorciar um com o outro, se conveniar para realizar esse tipo de ações 
demonstra a aplicação prática dessa direção única no município. 
Em outras palavras, os municípios não precisarão, então, se remeter ao Es-
tado, à União para conseguirem realizar seus procedimentos, eles podem entre 
eles negociar, realizar pactos de consórcios e, assim, conseguir atender a sua 
população de forma adequada.
Em nível municipal, também diz a lei que, o SUS poderá organi-
zar-se em distritos, de forma a integrar e articular recursos, técnicas 
e práticas voltadas à cobertura total das ações de saúde. Logo, os 
municípios podem estabelecer consórcios e, também, distritos para 
atender a população em relação à saúde.
29
Sistema Único de SaúdeSistema Único de Saúde Capítulo 1 
A Lei Orgânica da Saúde trata sobre a criação de comissões intersetoriais de 
âmbito nacional do SUS que vão ter como finalidade articular políticas e progra-
mas de interesse para a saúde, cuja execução envolverá áreas não compreendi-
das no âmbito do SUS. 
A partir desse dispositivo teremos a criação de comissões intersetoriais que 
vão envolver vários setores no âmbito nacional para difundir, articular políticas e 
programas que são de suma importância para a saúde, todavia, essas comissões 
intersetoriais serão subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde e integradas 
pelos ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas da socie-
dade civil. 
Importa, ainda, destacar o Artigo 13 da Lei Orgânica de Saúde 
que trata da articulação das políticas e programas que ficarão a car-
go dessas comissões intersetoriais, e que vão abranger em espe-
cial as seguintes atividades: a alimentação e nutrição, saneamento e 
meio ambiente, vigilância sanitária e farmacoepidemiologia, recursos 
humanos e saúde do trabalhador (BRASIL, 1990).
Dentro dessas comissões teremos as comissões intergestores bipartite e tri-
partite, que conforme deliberação da portaria 545 de 20 de maio de 1993, em seu 
Art. 1º que estabelece que: 
Aprovar a Norma Operacional Básica - SUS 01/93, constantes 
do anexo único desta portaria, que regulamenta o processo de 
descentralização da gestão dos serviços e ações no âmbito 
do Sistema Único de Saúde e estabelece os mecanismos de 
financiamento das ações saúde, em particular da assistência 
hospitalar e ambulatorial e diretrizes para os investimentos no 
setor (BRASIL, 1993).
Assim, a comissão intergestora bipartite será composta por duas esferas de 
gestão e a comissão intergestora tripartite será composta pelas três esferas de 
gestão: União, Estados, Distrito Federal e municípios (BRASIL, 1993). 
30
 Atenção Básica Da Saúde
3- Considerando a importância do Artigo 13 da Lei Orgânica de 
Saúde que trata da articulação das políticas e programas que 
ficarão a cargo dessas comissões intersetoriais, descreva o 
que são essas comissões intergestores bipartite e tripartite.
R.: ___________________________________________________
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Essas comissões têm o objetivo de decidir sobre aspectos operacionais, fi-
nanceiros e administrativos da gestão compartilhada do SUS em conformidade 
com a definição da política, se consubstanciado em planos de saúde, aprovados 
pelos respectivos conselhos de saúde.
Além disso, essas comissões vão definir diretrizes de âmbito nacional, regional 
e intermunicipal a respeito de toda a organização das redes de ações e serviços de 
saúde, principalmente, em relação à governança delas e a integração dessas ações 
e serviços dos entes federados. E, também, as comissões intergestores bipartite e 
tripartite têm o objetivo de fixar diretrizes sobre as regiões de saúde. 
Considerando que a saúde é organizada de forma regionaliza-
da, teremos então regiões de saúde, e, também, essas comissões 
vão dispor sobre diretrizes do distrito sanitário, sobre a integração de 
territórios referência e contrarreferência de pacientes dentro da rede 
de saúde, e, igualmente, de todos os outros aspectos vinculados à 
integração das ações e serviços de saúde entre os entes federados.
Há, ainda, o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde – CONASS e o 
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde – CONASEMS, que vão 
ser entidades representativas dos entes estaduais e municipais. 
31
Sistema Único de SaúdeSistema Único de Saúde Capítulo 1 
Portanto, no CONASS vamos ter a união dos gestores, dos secretários de 
saúde de todo o país em âmbito nacional e no CONASEMS teremos o Conselho 
Nacional de Secretários Municipais de Saúde que contará com a união de todos 
os secretários de saúde dos municípios brasileiros. Esses conselhos, então, trata-
rão de matérias referentes à saúde e declarações de utilidade pública, de relevan-
te função social. 
O CONASS e o CONASENS vão receber recursos do orçamento geral da 
união, através do fundo nacional de saúde a fim de auxiliar no custeio de suas 
despesas institucionais, podendo ainda celebrar convênios com a União para que 
essas reuniões aconteçam e para que, realmente, as discussões sejam eficazes 
no que tange às ações e aos serviços ofertados pelo SUS.
Os conselhos de secretarias municipais de saúde – COSEMS são entidades 
que representam os entes municipais dentro do âmbito estadual. Então, esses 
conselhos contarão com a representação dos secretários municipais de saúde no 
âmbito do Estado, ou seja, a junção dos secretários de saúde dos municípios do 
estado de SP, dos municípios do estado de Minas Gerais e, assim por diante, e a 
partir daí tratarão de matérias referentes à saúde, desde que estejam vinculadas 
institucionalmente aos CONASEMS – os Conselhos Nacionais de Secretários Mu-
nicipais de Saúde, na forma que dispuserem seus estatutos. 
3.2 RESPONSABILIDADES DOS 
ENTES QUE COMPÕE O SUS
Como vimos até aqui, receber atenção básica na área da saúde é um direito 
estabelecido pela CF/1988. O Sistema Único de Saúde surgiu para garantir este 
direito a cadacidadão. Entretanto, é muito comum, ouvir do senso comum, argu-
mentos de que este direito ainda deixa muito a desejar. 
No momento de cobrarmos pelos nossos direitos, sabemos a quem recorrer? 
E se você pudesse fazer uma pergunta aos órgãos responsáveis o que você diria? 
Acerca das responsabilidades dos entes federados que compõem o SUS, esta 
responsabilidade é compartilhada pelos três entes federados, ou seja, é responsabi-
lidade da União, do Estado e do município. E nesse sentido, é necessário que haja 
uma linha linear entre as responsabilidades e o financiamento da saúde pública.
A primeira dessas responsabilidades recai sobre a própria administração públi-
ca, e diante disso, cabe a nós, enquanto cidadãos, lutar para que haja um aprimo-
32
 Atenção Básica Da Saúde
ramento dos sistemas internos de controle, pois isso é muito importante, no sentido 
de uma gestão compartilhada do SUS, que haja uma efetiva participação social. 
Para isso, o cidadão deve se dirigir ao poder público, administrativamente, 
sendo que os requerimentos devem ser dirigidos por escrito. Muitas prefeituras 
espalhadas pelos estados do país têm um local próprio para receber de forma 
profissional essas reclamações. 
Vimos que o SUS é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, 
logo, é dever dos governos federal, estadual e municipal garantir que esse siste-
ma seja oferecido adequadamente à população.
 
É preciso desmistificar a ideia de que o SUS é uma rede para 
pessoas pobres. Qualquer pessoa pode fazer uso do sistema des-
de que se sujeite as suas regras, e o Ministério Público deve apro-
veitar o conhecimento dessas regras para transmitir à população e, 
também, para exigir do administrador público o tratamento igualitário 
entre as pessoas e uma preferência por situações que sejam mais 
emergenciais.
O governo federal é o principal financiador desse sistema, ele planeja, cria 
normas, avalia e fiscaliza o SUS. Conforme a Lei Complementar nº 141, sancio-
nada em janeiro de 2012, o governo do Estado, no mínimo, 12% de sua receita na 
área da saúde. Além dos recursos repassados pela União, ele é responsável pela 
política estadual de saúde e apoia as ações da política nacional. Já aos municí-
pios devem aplicar, no mínimo, 15% da sua receita na área da saúde. Eles são os 
principais responsáveis pelo compromisso de atenção básica, pela prestação de 
serviços e administração dos recursos da saúde (BRASIL, 2012).
Todavia, é preciso haver um investimento maior por parte da secretaria de 
Estado da saúde e, também, da União. Atualmente, é muito comum se ver mu-
nicípio gastando muito mais do que 15% de seu orçamento na saúde. E acerca 
disso, é importante pontuar que, se olharmos em termos de perspectiva de futuro, 
a população com faixa etária entre 9 aos 19 anos vai diminuindo, e a população 
mais idosa cada vez mais tende a aumentar nos próximos anos, isso implica que 
é preciso rever a política do SUS (BRASIL, 2010).
33
Sistema Único de SaúdeSistema Único de Saúde Capítulo 1 
Além do cidadão comum, também é papel dos vereadores das cidades fis-
calizarem as ações do governo na aplicação dos recursos, para isso é importante 
que existam comissões de saúde das câmaras, no sentido de fiscalizar o poder 
executivo na implementação de políticas de melhoria às condições de saúde da 
população, e fazer apontamentos daquilo que precisa ser melhorado.
É sabido que o vereador não pode fazer ou atuar sobre a saúde pública, no 
entanto, ele pode cobrar, fiscalizar, indicar, fazer reivindicações, ofícios, requeri-
mento, em prol do povo pela gestão da saúde pública.
3.3 FINANCIAMENTO E CONTROLE 
DO SUS 
Sobre o financiamento do SUS, na Constituição Federal de 
1988, em seu Art. 198, parágrafo 1º temos que: “o SUS será financia-
do com o orçamento que vem da Seguridade Social, da União, dos 
Estados dos Municípios, do Distrito Federal, além de outras fontes” 
(BRASIL, 1988).
Em outras palavras, cada esfera de governo tem um fundo de saúde, que 
funciona como uma espécie de conta especial onde são depositados os recursos 
financeiros a serem gastos com despesa em saúde. Logo, existe um fundo nas 
quatro esferas de governo, sendo eles o fundo nacional de saúde, o fundo estadu-
al, o fundo municipal e o fundo Distrital de saúde.
De acordo com a CF/88, o SUS será financiado com recurso provenientes da 
Seguridade Social, portanto, recursos que serão divididos entre saúde, previdência 
social e assistência social. A quantia proveniente da Seguridade Social que será 
direcionada à saúde irá recair dentro no Fundo Nacional de saúde, através de re-
cursos próprios, advindos dos impostos do governo federal, além de outras fontes.
Por sua vez, o Fundo Municipal recebe recursos advindos do governo fede-
ral, além de outras fontes, bem como do Estado. Ressaltando que o município irá 
possuir mais fonte de financiamento porque é ele quem executa os serviços de 
34
 Atenção Básica Da Saúde
saúde. O Estado recebe recurso que vem do governo federal e de outras fontes, 
bem como, ele terá seus recursos próprios, advindos através dos impostos.
Está disposto no Art. 32 da Lei 8.080 que essas fontes poderão ser prove-
nientes de:
(...) serviços que possam ser prestados sem prejuízo da as-
sistência à saúde; ajuda, contribuições, doações e donativos; 
alienações patrimoniais e rendimentos de capital; taxas, mul-
tas, emolumentos e preços públicos arrecadados no âmbito do 
Sistema Único de Saúde (SUS); e rendas eventuais, inclusive 
comerciais e industriais (BRASIL, 1990).
O recurso que vem de outra fonte é depositado na esfera de poder onde foi 
arrecadado, Então, por exemplo, vimos que doação é outro tipo fonte de recursos 
para o SUS. Nesse caso, se você quiser doar R$ 200 para o SUS do seu municí-
pio, esse recurso irá cair no fundo municipal de saúde. Portanto, cada esfera de 
governo tem o seu fundo de saúde, que é a conta especial onde é depositado o 
recurso financeiro que é para ser gasto com ação e serviços.
 Vimos que cada esfera de governo tem os seus recursos próprios, os quais 
vêm através de impostos, e sobre isso no ano de 2000 foi aprovada a emenda 
constitucional nº 29 que definiu em termos de porcentagem quanto cada esfera de 
governo irá repassar para saúde, do produto da arrecadação dos seus impostos 
(BRASIL, 2000).
Sobre essa definição temos que, a partir do ano de 2000 o Estado teria que 
repassar do produto da arrecadação dos seus impostos 12% para a saúde, o mu-
nicípio deveria repassar do produto da arrecadação dos seus impostos 15% e a 
União iria repassar o montante empenhado em ações e serviços públicos de saú-
de no exercício financeiro de 1999, acrescido de no mínimo 5% (BRASIL, 2000).
Já do ano de 2001 a 2004 ela iria repassar o valor apurado no ano anterior 
corrigido pela variação nominal. Então, a União não definiu em termos de por-
centagem quanto seria repassado para a saúde. No entanto, apesar da emenda 
estabelecer que o município deveria repassar do produto da arrecadação de seus 
impostos 15% para a saúde, ela não detalha, por exemplo, o que é considerado 
gasto com ação e serviços de saúde. Lembrando que o conselho de saúde é o 
responsável por fiscalizar o relatório de gestão, que é a prestação de contas.
Mas essa lei complementar que regulamenta a emenda constitucional nº 29 
só foi aprovada no ano de 2012, através da Lei Complementar nº 141, sendo 
somente a partir daí que o governo conseguiu definir em termos de porcentagem 
quanto a União iria passar para a saúde, além de definir o que é considerado 
35
Sistema Único de SaúdeSistema Único de Saúde Capítulo 1 
despesa com ações, serviços de saúde, o que ajudou no relatório de gestão, e 
também na fiscalização dos serviços de saúde, e o que ficou definido na lei com-
plementar 141 é que se o Produto Interno Bruto (PIB) fosse negativo, a União não 
poderia repassar menos do que ela repassou no ano anterior (BRASIL, 2012).
Esses foram algunsdetalhes da Lei Complementar 141, e que já sofreu atu-
alização no ano de 2015, através da Emenda Constitucional nº 86 que definiu que 
a União iria repassar à receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro, 
não podendo ser inferior a 15% (BRASIL, 2015).
No Art. 33 da Lei 8.080 é disposto que: “os recursos financei-
ros do SUS serão depositados em conta especial, que é o fundo de 
saúde que cada esfera tem um – Fundo Nacional de saúde, Fundo 
Estadual de Saúde, Fundo Municipal de Saúde e Fundo distrital de 
saúde” (BRASIL, 1990).
Esse fundo existe em cada esfera de sua atuação, de acordo com o que nós 
vimos aqui e eles são movimentados sobre fiscalização dos respectivos conse-
lhos de saúde. Então, veremos aqui, por exemplo, que um dos requisitos para que 
o Estado, municípios e Distrito Federal recebam recursos que vem do governo 
federal é ter plano de saúde e conselho de saúde, sendo este último responsável 
por fiscalizar se o recurso do governo federal destinado aos estados, aos muni-
cípios e ao Distrito Federal realmente está sendo gasto com despesas de saúde.
 
O artigo 1º desta lei dispõe que: “na Esfera Federal, os recur-
sos financeiros originárias do orçamento da Seguridade Social de ou-
tros orçamentos da União, além de outras fontes, serão administra-
dos pelo Ministério da Saúde, através do Fundo Nacional de saúde” 
(BRASIL, 1990).
36
 Atenção Básica Da Saúde
Além disso, existem outras fontes de recursos, cuja responsabilidade será 
do Ministério da Saúde, o qual administrará os recursos do Fundo Nacional. Os 
das secretarias estaduais de saúde serão administrados pelo Fundo Estadual de 
Saúde, assim como as secretarias municipais de saúde que irão administrar os 
recursos do Fundo Municipal de Saúde.
O Artigo 33 dispõe que “o Ministério da Saúde acompanhará 
através de seu sistema de auditoria a conformidade, a programação 
aprovada da aplicação dos recursos repassados aos Estados e mu-
nicípios” (BRASIL, 1990).
Todavia, se o Ministério da Saúde constatar qualquer desvio na aplicação 
dos recursos, caberá a ele aplicar medidas previstas em lei, por meio de seu sis-
tema de auditoria, e, assim, poderá suspender o repasse de recurso daquele mu-
nicípio ou Estado até averiguar a situação. 
O artigo 2º da Lei 8.142 dispõe que “os recursos do Fundo Na-
cional de saúde serão alocados com despesas de custeio e de capi-
tal do Ministério da Saúde seus órgãos e entidades da administração 
direta e indireta, investimento” (BRASIL, 1990).
O artigo 3º da Lei 8.142/90 dispõe que “os recursos referidos 
neste artigo serão destinados pelo menos 70% aos municípios afe-
tando seu restante aos Estados porque o município que executa 
as ações serviços de saúde e o restante é destinado aos Estados” 
(BRASIL, 1990).
E agora que você já sabe de que forma serão alocados recursos do Fundo 
Nacional de saúde, vamos estudar os requisitos que o Estado, os municípios e o 
Distrito Federal precisam dispor para receber recurso do governo federal.
37
Sistema Único de SaúdeSistema Único de Saúde Capítulo 1 
O Artigo 4º da Lei 8.142/90 define que para receber os recursos 
de que trata o Artigo 3º desta lei, os municípios, estados e do Distrito 
Federal deverão contar com conselho de saúde, sendo este quem 
fiscaliza a parte econômica e financeira do SUS (BRASIL, 1990). 
Além disso, a lei dispõe sobre o requisito de ter plano de saúde, que é o ins-
trumento para planejar o que será feito no período daquele mandato. Tem que ter, 
além de CPF, o relatório de gestão, que se refere à prestação de contas, ou seja, 
aquilo que o gestor fez com o recurso que recebeu.
Assim, você aprendeu que o Fundo Nacional repassa recursos para o Esta-
do, Distrito Federal e municípios para que invistam em ações e serviços de saú-
de, e aprendeu também que cada esfera de governo tem seus recursos próprios, 
como foi definido pela Emenda Constitucional nº 29.
Então, o governo federal, no momento que faz o repasse aos municípios, 
quer saber se o município também cumpriu com suas responsabilidades, se hou-
ve o repasse do que foi previsto, dos 15% da arrecadação dos impostos dele para 
a saúde. Mas como o governo federal vai ficar sabendo que o município repassou 
essa parte mínima?
Através do Sistema de Informação do Orçamento Público para a Saúde, por 
meio de uma comissão de elaboração do plano de carreira, cargos e salários, pre-
visto o prazo de dois anos para sua implantação. 
 Vamos ver agora quais são os critérios que o governo federal irá utilizar no 
momento que fizer o repasse financeiro para estados e municípios. Sobre isso, é 
importante atentarmos ao princípio da equidade do SUS, o que pressupõe dizer 
que o SUS dará mais para quem precisa mais, e para fazer essa divisão de recur-
sos ele precisará dispor de alguns critérios. 
Conforme o Art. 35 da Lei 8.080/90 esses critérios são: “para o 
estabelecimento de valores a serem transferidos aos Estados, Dis-
trito Federal e municípios será utilizada a combinação dos seguintes 
critérios, segundo análises técnicas de programas e projetos: o perfil 
demográfico da região” (BRASIL, 1990).
38
 Atenção Básica Da Saúde
Sobre o perfil demográfico, implica dizer que quando o governo federal for 
transferir recursos para os municípios, ele observará as necessidades de saúde 
da população. Além disso, o segundo é o perfil epidemiológico da população a ser 
coberto, ou seja, observará as características quantitativas e qualitativas de rede 
de saúde na área. Significa, por exemplo, observar se aquele município oferta 
atenção básica, de média ou alta complexidade, além de se ater ao número de 
pessoas, a quantidade de UBS e de equipes de saúde, pois todo o repasse será 
compatível com aquilo que o município oferta.
Outro critério refere-se ao desempenho técnico, econômico e financeiro no 
período anterior, ou seja, o que o município ou o estado fez com o recurso que 
recebeu no período anterior. Além disso, a previsão do plano quinquenal de in-
vestimento na rede é outro requisito. Lembrando que, esse plano é realizado pelo 
Ministério da Saúde nesse período de cinco anos (BRASIL, 2013). 
O último critério refere-se à rede de atendimento aos serviços prestados para 
outras esferas de governo. Isto é, suponhamos que tem um município A e o muni-
cípio B. O município B ofertava serviço de tomografia, mas devido a problemas in-
ternos, a população ficou desassistida em relação a esse serviço. Todavia, tendo 
em vista que a saúde é direito de todos e dever do Estado, caberá a este municí-
pio assistir à saúde da população em todos os níveis de complexidade. 
Nesse caso, o que o gestor desse município fez foi convocar uma SIB de 
urgência e uma PPI, e conseguiu pactuar com o gestor do município mais próxi-
mo para atender àquela população em relação à tomografia. Todavia, esse gestor 
pode não ter realizado o recurso financeiro para o município A, e, então, este co-
municou ao governo federal sobre essa falta de recursos. Assim, o governo fede-
ral irá suspender o repasse para esse município que não repassou o recurso até 
que ele resolva essa questão e possa, assim, receber novamente outros recursos 
do governo federal.
Por fim, cabe ainda salientar que na Lei 8.080 em seu parágrafo 2 tem-se 
que: “as receitas geradas no âmbito do SUS serão creditados diretamente em 
contas especiais” (BRASIL, 1990). E, ainda, a Lei 141 de 2012 determina que o 
SUS será responsável apenas pelo saneamento básico de pequenos municípios, 
mesmo assim tem que passar pela aprovação do conselho de saúde local, e pelo 
saneamento da população quilombola e das populações indígenas, fora isso o 
SUS não é responsável pelo saneamento básico. Então, o SUS vai executar es-
sas ações em caráter suplementar. Quando ele executa as ações que não são de 
responsabilidade dele, isso será financiado por recursos tarifários específicos. 
39
Sistema Único de SaúdeSistema Único de Saúde Capítulo 1 
ALGUMAS CONSIDERAÇÕESAprendemos neste capítulo sobre os princípios doutrinários do SUS, que são 
a universalidade, integralidade e equidade. Vimos também os princípios organiza-
tivos que são descentralização e comando único, regionalização e hierarquização 
e participação social.
Estudamos sobre o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) 
e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS) além 
dos Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (COSEMS), representados no 
âmbito estadual. Tudo isso com vistas a dar continuidade às ações e planejamen-
tos, tomada de decisão na gestão em saúde.
 
Todavia, vimos que quando falamos do SUS falamos também de desafios, e 
o financiamento é o principal deles. O SUS é uma política de Estado, merece ter 
um olhar de todos os federados tanto dos municípios, dos estados, mas, principal-
mente, do governo federal, a fim de garantir um financiamento suficiente.
A falta de financiamento é o maior dificultador, por mais que os municípios 
tentem e invistam a demanda é muito grande, então, é muito difícil dar conta de 
garantir uma assistência adequada e com muita qualidade em conformidade ao 
que a população merece, e devido a isso, se o financiamento não for ampliado, in-
viabiliza todo esse processo. De tal modo, é possível afirmar que o Estado precisa 
criar caminhos de financiar a saúde pública no Brasil. 
Além disso, podemos perceber que não basta ter recurso, não basta que 
esta política esteja prevista em lei se há dificuldade de gerenciar, especialmente, 
esses três entes: governo federal, governos estaduais e governos municipais. É 
importante saber gerir bem para efetivar o direito à saúde. É fundamental que 
cada cidadão fiscalize essa política. 
Cidadania não significa só sermos sujeitos de direitos, mas significa um de-
ver de fiscalizar o poder público, significa atuar, se apropriar dessa lei que garante 
a participação social. Também é preciso valorizar o profissional da saúde, e va-
lorizar significa proporcionar condição de trabalho, significa garantir salário justo, 
garantir plano de carreira. 
É comum escutarmos argumentos do senso comum de que o SUS é um sis-
tema que não consegue atender a todas as pessoas, em que muitas pessoas 
morrem nas filas dos hospitais, dentre outros. O SUS tem todos esses problemas, 
e não são poucos, são problemas graves, mas o SUS é muito mais do que so-
mente o hospital. Quando a gente fala de um sistema único de saúde aos princí-
pios e de diferentes ações (CAMPOS, 2006).
40
 Atenção Básica Da Saúde
Esse sistema está longe de ser perfeito, daí a importância de se olhar e valo-
rizar o passado e reconhecer o histórico de lutas por esse direito fundamental que 
é a saúde e toda a evolução dos serviços de saúde no Brasil, perceber que sim, já 
andamos muito, mas ainda temos muito caminho pela frente. Logo, é fundamental 
que todos defendamos o SUS.
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§ 3o do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a 
serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc29.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc29.htm
41
Sistema Único de SaúdeSistema Único de Saúde Capítulo 1 
em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os critérios de rateio dos 
recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação 
e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo; revoga 
dispositivos das Leis nos 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de 27 de 
julho de 1993; e dá outras providências. Diário Oficial [da] União, Brasília, DF, 13 
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