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GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ 
 
CAMILO Sobreira de SANTANA 
GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ 
 
SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL - SSPDS 
 
SANDRO Luciano CARON de Moraes - DPF 
SECRETÁRIO DA SSPDS 
 
ACADEMIA ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA DO CEARÁ – AESP|CE 
 
Antônio CLAIRTON Alves de Abreu – CEL PM 
DIRETOR-GERAL DA AESP|CE 
 
NARTAN da Costa Andrade - DPC 
DIRETOR DE PLANEJAMENTO E GESTÃO INTERNA DA AESP|CE 
 
HUMBERTO Rodrigues Dias – CEL BM 
COORDENADOR DE ENSINO E INSTRUÇÃO DA AESP|CE 
 
José ROBERTO de Moura Correia – TC PM 
COORDENADOR ACADÊMICO PEDAGÓGICO DA AESP|CE 
 
Francisca ADEIRLA Freitas da Silva – CAP PM 
SECRETÁRIA ACADÊMICA DA AESP|CE 
 
ALANA Dutra do Carmo 
ORIENTADORA DA CÉLULA DE ENSINO A DISTÂNCIA DA AESP|CE 
 
 
CURSO DE HABILITAÇÃO A SARGENTO POLICIAL MILITAR - CHS PM/2022 
 
 
DISCIPLINA 
FUNDAMENTOS DO DIREITO PENAL 
 
CONTEUDISTA 
Jeovânia Maria Holanda 
 
FORMATAÇÃO 
JOELSON Pimentel da Silva – 1º SGT PM 
 
• 2022 • 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
FUNDAMENTOS DO DIREITO PENAL ................................................................................... 1 
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1 
MÓDULO I - O DEVER DE PUNIR E AS ESPÉCIES DE SANÇÕES PENAIS NO ESTADO 
DEMOCRÁTICO DE DIREITO BRASILEIRO ............................................................................. 2 
Estado Democrático de Direito ........................................................................................ 2 
Lei para a Proteção do Sangue e da Honra Alemães: ....................................................... 2 
A divisão e controle do Poder .......................................................................................... 3 
Sistema de Tutela dos Direitos Fundamentais .................................................................. 5 
Teorias da Pena ................................................................................................................ 6 
Teoria Absoluta ................................................................................................................ 6 
Teoria Relativa ................................................................................................................. 7 
Teoria Mista ou Eclética ................................................................................................... 8 
Teoria Ressocializadora .................................................................................................... 8 
MÓDULO II - DAS PENAS .................................................................................................... 9 
Caráter das Penas ............................................................................................................ 9 
Vozes da Indignação ........................................................................................................ 9 
ONU 1945 ...................................................................................................................... 10 
Convenção de Viena ...................................................................................................... 11 
Pena de expulsão no Brasil ............................................................................................ 12 
Espécies de “Penas” Não Admitidas............................................................................... 12 
Pena de caráter perpétuo é aquela sem término. .......................................................... 14 
MÓDULO 3 - ESPÉCIES DE PENAS ADMITIDAS NO BRASIL ................................................ 16 
Penas Privativas de Liberdade: Reclusão, Detenção e Prisão Simples ............................ 16 
Diferenças entre Detenção e Reclusão ........................................................................... 17 
Reclusão e Detenção ...................................................................................................... 18 
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO ..................................................................................... 19 
Espécies e natureza ....................................................................................................... 20 
Penas Restritivas de Direitos: Critérios Para Aplicação ................................................... 20 
Característica das Penas Restritivas de Direitos ............................................................. 21 
Duração: Regra e exceção .............................................................................................. 23 
Momentos da Substituição ............................................................................................ 23 
PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA e PERDA DE BENS e VALORES ................................................. 25 
Prestação Pecuniária X Multa ....................................................................................... 26 
 
 
INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS – CP ART.47 .................................................... 29 
AGRADECIMENTOS .......................................................................................................... 30 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 30 
 
 
 
1 
FUNDAMENTOS DO DIREITO PENAL 
 
INTRODUÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), além do estudo de Fundamentos de Direito Penal, queremos dividir 
com você a alegria deste avanço profissional. 
O Curso de Habilitação a Sargento - CHS é um momento especialíssimo promovido 
pelo Governo do Estado, Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social, Polícia Militar e 
Academia Estadual de Segurança Pública, visando promover seu crescimento e 
reconhecendo sua dedicação profissional em defesa da sociedade. 
Por intermédio deste Curso você poderá receber novos conhecimentos, reforçar 
princípios e teorias, robustecer laços de companheirismo, aproximar-se ainda mais dos 
estudos e enfim, aperfeiçoar-se do ponto de vista doutrinário, científico e prático para os 
novos desafios que certamente virão na condição de Sargento. 
Para garantir a sustentação deste Curso, indispensável o conteúdo de Direito Penal, 
um dos mais importantes ramos do Direito, já que, é ele que define dentre outros 
aspectos o Poder de Punir do Estado, as penas e uma série de fatores de interesse direto 
do operador de segurança pública. 
O Curso será desenvolvido em aulas via sistema de educação à distância onde haverá 
momentos expositivos, espaços para questionamentos, exercícios e, enfim, diversos 
recursos didáticos para auxiliar na compreensão dos conteúdos. 
Estaremos ao seu lado para que tenham um maravilhoso momento de convivência e 
aprendizado, porém, é necessário saber que o sucesso do Curso depende muito de você, 
logo, participe das atividades com compromisso e dedicação. 
Aproveitamos finalmente para desejar sucesso absoluto na sua vida pessoal e 
profissional. 
 
Atenciosamente 
 
Equipe AESP 
 
 
2 
MÓDULO I - O DEVER DE PUNIR E AS ESPÉCIES DE SANÇÕES 
PENAIS NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO BRASILEIRO 
 
 
 
Estado Democrático de Direito 
 
Para que um Estado possa ser qualificado como de Direito, há que ser regulado por 
normas jurídicas, mas, apenas tal característica não o identifica como tal, pois todos os 
Estados são de algum modo regido por normas. 
Para o constitucionalismo moderno, somente deve ser considerado Estado de Direito 
aquele dotado de regramento jurídico capaz de colocar limites ao poder, evitando as 
práticas arbitrárias dos governantes. 
Não basta a existência de um estatuto jurídico do poder, pois estatuto jurídico de 
poder e Estado de Direito, na verdade, não são sinônimos. Prova disso é a: Lei de 
Nuremberg de 1935. 
 
Lei para a Proteção do Sangue e da Honra Alemães: 
 
Art. 1º - São proibidos os casamentos entre judeus e cidadãos de sangue alemão ou 
aparentado. Oscasamentos celebrados apesar dessa proibição são nulos e de nenhum 
efeito, mesmo que tenham sido contraídos no estrangeiro para iludir a aplicação desta lei. 
 
Art. 5º - Quem infrigir o artigo 1º será condenado a trabalhos forçados. 
É de fundamental importância analisar o conteúdo das leis. A lei é um veículo, e 
como tal, pode transportar normas democráticas ou normas arbitrárias. 
 
3 
Estado de Democrático de Direito, a rigor, é somente aquele que atende 
determinadas exigências do constitucionalismo moderno, dentre elas, o sistema de tutela 
dos direitos fundamentais e a divisão e controle de exercício do poder, pois, num Estado 
Democrático de Direito, o ordenamento jurídico não admite que os titulares dos poderes 
os exerçam sem limites, sob o risco o Estado retroceder à barbárie. 
 
A divisão e controle do Poder 
 
Havendo a infração penal, tal qual o particular, o Estado deve dirigir-se ao Poder 
Judiciário e dele exigir a aplicação da sanção penal. 
No exercício do jus persequendi o Estado tem o dever de trilhar, tão somente, os 
caminhos previamente estabelecidos pelo ordenamento jurídico. 
Na Constituição Federal as normas estão dispostas de forma a que um poder limite o 
outro; e é essa distribuição um instituto eficaz na harmonização entre a liberdade e o 
poder, com leis conciliando a independência do individuo e a obediência às normas, 
viabilizando, assim, uma convivência mais segura e harmônica. 
Para evitar arbítrios, as prescrições legais definem, previamente, os 
comportamentos, isto com normas claras e precisas, não deixando, a critério da 
autoridade, o modo de cumprir suas atribuições. 
A Carta Magna impõe limites ao jus puniendi pelos princípios e regras estabelecidos. 
 
Num Estado Democrático de Direito nenhuma autoridade pública concentra as 
atribuições do exercício do jus puniendi. Num Estado Democrático de Direito ninguém 
pode tudo. 
É oportuno lembrar que no Brasil a persecução penal é composta de cinco fases: 1. 
Cominação Legal; 2. Instrução Preliminar ou Investigação preliminar; 3. Instrução 
Criminal ou Processo criminal; 4. Execução Penal e 5. Reabilitação. 
No tocante ao jus puniendi vejamos a distribuição de seu exercício entre os três 
poderes. 
A norma penal – fruto do Poder Legislativo - tem a missão de promover a paz social, 
através da prevenção geral, onde elenca e divulga as condutas delituosas e suas 
respectivas sanções, bem como, através da concretização da punição – prevenção 
 
4 
especial - caso a prevenção geral reste insuficiente. 
Contudo, os princípios que fundamentam o sistema das liberdades e a atividade 
punitiva do Estado, impõem, aos seus agentes públicos, no exercício do poder de punir, o 
dever de agir restritamente no campo delimitado pela legalidade. 
O Estado, por meio do Poder Judiciário, mormente nos processos criminais, onde 
vigoram os princípios do in dubio pro reo, da verdade real e o princípio da presunção de 
inocência, só poderá decidir pela condenação do acusado, caso existam provas da autoria 
e materialidade que exterminem qualquer resquício de dúvida. 
Do contrário, a sentença deverá absolver o acusado, julgando improcedente a 
acusação. Em verdade, a ação penal sequer pode ser iniciada sem o mínimo de lastro 
probatório – indícios de materialidade e autoria – sob pena da denúncia ou queixa restar 
rejeitada. 
É da competência do Poder Executivo o início da persecução penal – através da 
Polícia Judiciária – provando o fato e suas circunstâncias, fornecendo, às demais 
autoridades incumbidas do dever de punir, o indispensável lastro probatório necessário 
ao desempenho de suas atribuições, em todas as demais fases da persecução. 
O Inquérito Policial materializa o indispensável lastro probatório à persecução penal. 
Ele sintetiza a pesquisa probatória acerca do crime, de sua autoria e circunstâncias. 
Assim, em plena consonância com a secular divisão de poderes que fundamenta 
qualquer Estado Democrático de Direito, a Constituição Federal do Brasil, ao dispor sobre 
o exercício do poder de punir – com o fito de promover a paz social – reparte, 
taxativamente, entre Legislativo, Executivo e Judiciário, as respectivas tarefas 
constitucionais imprescindíveis a todo o trajeto do juspuniendi. 
Assim, ao contrário do que ocorre quanto à concentração de Poder num Estado 
Absolutista, no Estado Democrático de Direito ninguém pode tudo. 
 
 
Figura1 - Cangaceiro de Portinari 
 
5 
Sistema de Tutela dos Direitos Fundamentais 
 
Dentre os valores da sociedade brasileira foi positivado como norma fundamental da 
República Federativa do Brasil, o respeito à dignidade da pessoa humana, protegendo-a 
de outros indivíduos e do próprio Estado. 
As restrições à liberdade e ao patrimônio de possíveis transgressores, só serão 
legítimas e portanto válidas, se obedecerem às regras materiais e formais do 
ordenamento jurídico, impostas pelos Princípios fundamentais da democracia, dentre 
eles o Principio da Legalidade. 
Tomemos como exemplo o poder de punir do próprio Estado. Se admitirmos que o 
Estado, no exercício do poder de punir, aplique sanções sem dar ao acusado o direito a 
mais ampla defesa, estaremos colocando nas mãos daqueles que exercitam referido 
poder, um instrumento de arbítrio. 
Como ninguém escapa da falibilidade inerente ao ser humano, o poder de punir 
poderá servir aos próprios interesses de seus detentores. Neste caso, as sanções não 
serão aplicadas em razão das faltas cometidas, e sim em razão das vontades de quem as 
pode aplicar. 
Ratificando o que já foi dito, havendo a infração penal, tal qual o particular, o Estado 
deve dirigir-se ao Poder Judiciário e dele exigir a aplicação da sanção penal. 
No exercício do jus puniendi e jus persequendi, policial, promotores, juízes, agentes 
penitenciários e demais servidores públicos devem ter suas ações e omissões pautadas 
estritamente na legalidade – cumprindo concomitantemente a missão constitucional de 
promover a paz social e respeitar os direitos fundamentais, inclusive os direitos 
fundamentais dos autores de crimes e contravenções. 
 
 
 
 
6 
Teorias da Pena 
 
Estudando o dever de punir do Estado, que nasce com a prática do crime, os 
pesquisadores chegaram a três teorias acerca da natureza jurídica da pena. 
 Essas três teorias tiveram como objeto de investigação: a finalidade da pena e sua 
natureza jurídica. 
Antes de apresentarmos as teorias lembremos o que realmente significa a natureza 
jurídica de um instituto. 
Estudar a natureza jurídica de um instituto é a única forma de conhecê-lo, é o único 
caminho para chegar à sua essência. É identificar o que há de essencial no instituto, o 
cerne sem o qual o instituto inexiste ou degenera em coisa diversa. É o fim a que o 
instituto se destina no ordenamento jurídico. 
A partir desse ponto – com base na obra de Alexis Couto de Brito, Execução Penal, 
São Paulo, 2ª edição, 2012, Editora Revista dos Tribunais passaremos às teorias: Absoluta; 
Relativa - Mista – Ressocializadora e suas respectivas naturezas jurídicas: 
 
Teoria Absoluta 
 
Para essa teoria a pena é uma conseqüência do delito, ao mal do crime impõe-se o 
mal da pena, é uma exigência categórica da justiça, pois só há justiça com igualdade, 
assim, imperiosa a retribuição jurídica para que haja justiça. O castigo traria a reparação 
moral compensando o mal causado pelo crime. Também é denominada Teoria de 
Retribuição ou Retribucionista. 
 
 
http://slideplayer.com.br 
 
7 
Para Kant a sanção é uma retribuição, uma compensação moral e para Hegel uma 
retribuição jurídica. Tais ideias não retiraram da retribuição sua natureza de castigo. Para 
a Escola Clássica a pena era tão somente uma retribuição, não se olhava a pessoa do 
infrator, motivo pelo qual foi alvo de severas críticas. 
Celso Delmanto em seu Código Penal Comentado (DELMANTO: 2010, 8ª Edição, EdSaraiva, p.206): Noticia pesquisa da Universidade de Zurique, publicada na revista Science 
Magazine (www.sciencemag.org) de autoria de Dominique de Quervain que relata: “os 
experimentos apoiam nossa hipótese de que as pessoas obtêm satisfação da punição e 
são recompensadas por suas ações. 
 
Teoria Relativa 
 
Para esta teoria o fim da pena era exclusivamente prático: a prevenção. Também 
denominada de Teoria Utilitária ou Utilitarista. A convivência harmônica, em 
consonância com o ordenamento jurídico é o fim do Estado, e, sendo o crime a violação 
do direito, o Estado deve impedí-lo por meio da coação psíquica – intimidação – 
prevenção geral ou por meio da coação física – segregação – prevenção especial. 
 
 
http://www.alfenas.mg.gov.br 
 
A finalidade imediata do Estado com o Direito Penal é a prevenção ao crime: antes 
de punir, ou com o punir, quer evitar o crime. Quando o parlamento descreve certas 
condutas humanas como penalmente ilícitas, revela aos integrantes da Nação, o que lhes 
é proibido ou permitido fazer. 
E com as sanções que são atribuídas a cada tipo penal, o legislador visa acionar os 
freios do temor ou da ética humana, tudo para evitar que a conduta proibida em tese, 
ocorra no mundo empírico, o que é denominado prevenção geral. 
 
8 
A prevenção especial acontece quando a prevenção geral falha, e a pena 
abstratamente cominada, concretiza-se com a sentença criminal, que na fase da execução 
atua sobre a pessoa, o que configura simultaneamente o caráter retributivo da pena 
criminal. 
 
Teoria Mista ou Eclética 
 
É um somatório, uma síntese das duas correntes. Reconhece que a pena tem caráter 
de retribuição, com o fim de prevenção educativa e corretiva. 
 
 
http://www.alfenas.mg.gov.br 
 
Teoria Ressocializadora 
 
Surgiu com a Escola de Defesa Social, a partir do movimento de política criminal 
humanista advoga a ideia de que a sociedade realmente só é defendida quando o 
condenado é readaptado ao meio social. 
O Código Penal, em seu artigo 59 traz em seu texto a reprovação e a prevenção do 
crime. Por uma questão de política criminal o Brasil também atribui à pena sua função 
ressocializadora. 
 
 
http://www.canaldoprodutor.com.br 
 
http://acaonoticias.com.br 
http://www.canaldoprodutor.com.br/
 
9 
Constata-se assim, a partir de uma interpretação sistêmica, que o Brasil adota a 
teoria unitária – atribuindo á pena tríplice função: retribuição, prevenção geral e especial. 
 
MÓDULO II - DAS PENAS 
 
A primeira Pena: Expulsão 
 
A primeira pena conhecida pela história da humanidade ocorreu no paraíso, tendo 
Adão e Eva sido expulsos do paraíso. 
 
Caráter das Penas 
 
Desde a antiguidade até o século XVIII, a história registra o caráter cruel das penas, 
tendo como objeto de tortura o corpo do autor do delito. Com as ideias iluministas deste 
século, começaram a ecoar as vozes da indignação quanto às formas de aplicação das 
penas. 
 
 
 
Leitura recomendada: Vigiar e Punir de Michel Foucault - Editora Vozes 
 
Vozes da Indignação 
 
Merece destaque a obra Dos delitos e das penas. Beccaria, em 1764 foi o precursor 
da luta contra penas cruéis. Esse nobre Marquês travou uma luta sistemática e inteligente 
contra a barbárie. 
 
10 
Segunda Guerra Mundial 
 
Com a segunda guerra mundial o planeta assiste a reprises ampliadas das 
atrocidades de seres humanos contra seres humanos – o massacre de 6 milhões de 
judeus pelos nazistas. 
 
 
http://www.blogplanetacurioso.com.br/2013/06/imagens-do-holocausto-que-ainda-chocam.html 
 
Desde então o ocidente concentrou suas forças no intuito de estabelecer pactos 
internacionais que tivessem como objeto o reconhecimento e o respeito mútuo aos 
diretos dos seres humanos. 
 
ONU 1945 
 
Em 1945 é constituída a ONU Organização das Nações Unidas que em 1948 aprova a 
Declaração Universal dos Direitos do Homem, onde os três primeiros artigos estabelecem 
que todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. 
 
 
http://pensadoresdasociologia.xpg.uol.com.br/filosofia.html 
 
11 
Ser igual em dignidade é ser igual em valor, em importância. 
 
No tocante à liberdade lembremos a escravidão, passado não tão distante. Instituto 
com amparo na ordem jurídica vigente, a qual permitia que pessoas fossem vendidas 
como objetos, como animais, também permitia que filhos, fossem separados de suas 
mães imediatamente após o nascimento, como mercadoria. 
 
Convenção de Viena 
 
Como bem retrata a obra Direitos Humanos, e, 1993, na Convenção de Viena essa 
Declaração além de ratificada foi ampliada, e as nações reconheceram as liberdades 
fundamentais como direitos naturais, independentes de legislações. 
Acabou a relevância da discussão se os direitos fundamentais são naturais, pois a 
legislação internacional os positivou. O foco passou a ser a obrigatoriedade de sua 
concretização. 
Os Governos assumiram como responsabilidade primordial o respeito e a promoção 
dos direitos dos seres humanos. 
 
 
http://emfrentepmsj.blogspot.com.br 
http://emfrentepmsj.blogspot.com.br/
 
12 
Importante Temática avança de forma lenta e que ainda encontra adeptos de penas 
primitivas. 
 
Pena de expulsão no Brasil 
 
No Brasil a pena de expulsão está prevista no Estatuto do Estrangeiro – Lei 6.819/80, 
em seu art.66 – a expulsão é uma medida tomada pelo Estado Federal – de retirar 
forçadamente de seu território um estrangeiro perigoso ou nocivo. 
É diferente da extradição e da deportação. Na primeira o estrangeiro comete crime 
num território e refugia-se em outro e na segunda ocorre no caso do estrangeiro ingresse 
ou permaneça irregular no território. 
A CF em seu art.5º inciso LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o 
naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de 
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da 
lei; 
 
Espécies de “Penas” Não Admitidas 
 
O Código Penal estabelece as espécies de penas que temos no Brasil e a Constituição 
Federal define as espécies de tratamentos e medidas que não são admitidas no nosso 
Estado Democrático de Direito. Analisemos inicialmente as últimas. 
 
A Constituição Federal, no Art. 5º, inciso III estabelece a proibição à tortura - 
ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. 
 
 
http://edumontesanti.skyrock.com/11.html 
 
13 
Assim consagrou como Princípio a inviolabilidade física e moral do ser humano, 
como um direito absoluto, insuscetível de relativizações. As constituições brasileiras 
passadas não consagravam esse direito. 
O constituinte também baniu, além da tortura qualquer tratamento desumano ou 
degradante, com o fito de extinguir praticas de crueldade e selvageria, busca extinguir 
agressões físicas e morais. 
A tortura caracteriza-se por sua finalidade, ou motivo. 
O sujeito ativo da tortura usando como instrumento violência física ou moral, causa 
dor física ou mental, como, por exemplo, o pavor. 
 
 
http://direitoshumanos.epbjc.pedome.net/tag/tortura 
 
O torturador tem como finalidade ou meta: 
 
1 – obter informação – declaração ou confissão da vítima ou de terceiro; 
2 - provocar ação ou omissão criminosa; 
3 - castigar 
 
Também caracteriza a tortura o motivo pelo qual o agente pratica a tortura, no caso 
da legislação brasileira em razão de discriminação religiosa ou racial. 
 
A Constituição Federal, no Art. 5º, inciso XLVII estabelece a proibição à pena de 
morte, de caráter perpétuo, pena de banimento e penas cruéis. Analisemos 
inicialmente a pena de morte. 
 
Não haverá pena de morte, exceto, em caso de guerra declarada, nos termos do 
art. 84, XIX; 
 
14 
Dentre as competências privativas do Presidente da República temos a de declarar 
guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou 
referendado por ele,quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas 
condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional; 
 
Pena de caráter perpétuo é aquela sem término. 
 
A legislação penal prevê como meio de concretização deste direito fundamental o 
limite de cumprimento de penas no Código Penal: 
 
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode 
ser superior a 40 (quarenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja 
soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao 
limite máximo deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma 
seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao 
limite máximo deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da 
pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de 
pena já cumprido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Ainda que a pessoa seja condenada a 100 anos de prisão, o tempo de cumprimento 
da pena não será superior a trinta anos. Hoje o artigo 75 recebe duas interpretações: 
 
 os que entendem o período que 30 anos como parâmetro para o exaurimento 
da pena e demais cálculos da execução penal, detração, remição, progressão 
de regime e livramento condicional. 
 os que entendem que a unificação no limite de 30 anos é o parâmetro tão 
somente do cumprimento da pena. A base para os demais cálculos da 
execução penal é o valor total da pena, antes da unificação. Essa é a corrente 
predominantemente majoritária, a qual se fundamenta no argumento de que 
o primeiro entendimento beneficiaria criminosos contumazes. O Supremo 
Tribunal Federal se posicionou: 
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art75
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art75
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art75
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art75
 
15 
STF Súmula 715: “A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de 
cumprimento, determinado pelo art.75 do Código Penal, não é considerada para a 
concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável 
de execução”. 
 
A Constituição Federal também veda a pena de trabalhos forçados. 
 
 
http://www.oit.org.br 
 
Imperioso diferençar trabalho forçado do conceito legal de trabalho. O trabalho faz 
parte da loborterapia inerente à execução e instrumento de reeducação do detento. 
Contudo, como a CF veda a pena de trabalhos forçados, não se pode obrigar o preso a 
trabalhar, sem que obtenha benefícios ou remuneração. Também caracteriza trabalho 
forçado aquele submetido a ameaça de castigos corporais. 
“Extinta a escravatura, não faz sentido o trabalho gratuito, ainda que imposto pelo 
Estado, mesmo na execução da sentença criminal. - CERNICCHIARO, Luiz Vicente e COSTA 
JR., Paulo José. Direito Penal na Constituição. 3ª ed. São Paulo: RT, 1995. 
Segundo a Lei de Execuções Penais o trabalho é obrigatório, mas não forçado. Assim 
o preso que pretende obter os benefícios da remição, da progressão de regime ou do 
livramento condicional precisa trabalhar, pois constitui um dos deveres do preso e como 
tal, seu descumprimento implica em falta grave. 
 
Por fim a pena de banimento. É proibida a expulsão, ou deportação de brasileiros, o 
que equivaleria ao banimento. 
 
 
 
16 
MÓDULO 3 - ESPÉCIES DE PENAS ADMITIDAS NO BRASIL 
 
O Código Penal em seu título V, capítulo I, trata das espécies de penas: I - privativas 
de liberdade; II - restritivas de direitos e III - multa. Trataremos das duas primeiras. 
 
Penas Privativas de Liberdade: Reclusão, Detenção e 
Prisão Simples 
 
Temos três espécies de penas privativas de liberdade: duas estabelecidas pelo 
Código Penal para os crimes - reclusão e detenção; e uma – prisão simples - prevista pela 
Lei das Contravenções Penais, obviamente cominada para as contravenções penais. 
 
- Crime x Contravenção? 
 
Inexiste diferença entre crime e contravenção no tocante à estrutura de composição 
do tipo penal – em ambos há o preceito primário e o preceito secundário, em ambos há 
os elementos normativos objetivos e subjetivos FRANCISCO DE ASSIS TOLEDO. 
PRINCÍPIOS DO DIRIETO PENAL, 5ª EDIÇÃO PG85. 
Em verdade a contravenção é um crime com sanção menor. O legislador distingue 
um do outro ao escolher a sanção a ser cominada. 
O quadro sinótico abaixo elenca os diferentes tipos de penas cominadas para os 
crimes e as contravenções: 
 
Art.1º da Lei de Introdução ao Código Penal - 
(DECRETO-LEI Nº 3.914, DE 9 DE 
DEZEMBRO DE 1941) 
 
(Decreto-lei n. 2.848, de 7-12-940) e da lei das contravenções penais (Decreto-lei n. 
3.688, de 3 outubro de 1941) 
 
 
 
 
 
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DIFERENÇAS ENTRE AS PENAS 
 
CRIME/DELITO X CONTRAVENÇÃO 
 
Isoladamente Reclusão Isolada Prisão Simples 
 Detenção Multa 
 
Cumulativamente (+ ) Reclusão e Multa Cumulativamente Prisão Simples e Multa 
 Detenção e Multa 
 
Alternativamente 
( ou ) 
Reclusão ou Multa Alternativamente Prisão Simples ou Multa 
 Detenção ou Multa 
 
Obs.1 A pena de multa nunca é cominada isoladamente em caso de crime. 
 
As penas estão cominadas no preceito secundário de cada tipo penal incriminador. 
 
Diferenças entre Detenção e Reclusão 
 
Regras; 
 
Segundo Alberto Silva Franco nas legislações penais mais modernas as penas 
privativas de liberdade não são classificadas em reclusão e detenção, por não haver 
distinção entre ambas. 
A legislação penal e processual do Brasil manteve a distinção, principalmente quanto 
ao regime de cumprimento da pena. 
No sistema punitivo do Brasil não há quase diferenças entre as penas de reclusão e 
detenção, pois as penas reclusivas e detentivas, em regra, são executadas no mesmo 
estabelecimento prisional, sob as mesmas condições e regras. 
Contudo Guilherme de Souza Nucci (Código Penal Comentado. 8.ed São Paulo: 
Revista dos Tribunais,2008.p.309) elenca algumas das diferenças entre as penas de 
reclusão e detenção: 
 a reclusão é cumprida na forma fechada, semiaberta e aberta, já na detenção 
não há o regime fechado – art33, caput, CP; 
 
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 a reclusão pode ter como efeito da condenação a incapacidade para o exercício 
do poder familiar, tutela ou curatela, os crimes dolosos, sujeito a esse tipo de 
pena, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado – art.92, II, CP; 
 a reclusão possibilita a internação quando aplicada medida de segurança, os de 
detenção permite apenas a aplicação do tratamento ambulatorial – art97, CP; 
 a reclusão é aplicada primeiro . 
 
A pena de prisão simples é bem parecida com a de detenção. Com o advento da lei 
9099/95 as contravenções e crimes punidos com pena máxima até 2 anos passaram a ser 
espécies dos crimes de menor potencial ofensivo 
 
Reclusão e Detenção 
 
 
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O Código Penal em seu artigo 33 estabelece: 
 
Art.33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou 
aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de 
transferência a regime fechado. 
 
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Regimes são formas de prisão. 
 
No quadro abaixo temos os tipos de prisões privativas de liberdade admitidas no 
Brasil e suas respectivas formas de prisão. 
 
RECLUSÃO DETENÇÃO PRISÃO SIMPLES 
Regime Fechado 
RegimeSemi-Aberto Regime Semi-Aberto 
Regime Aberto Regime Aberto 
 
 
http://odireitorevisto.blogspot.com.brAs alíneas do art. 33 do Código Penal estabelecem a correlação entre os tipos de 
estabelecimentos prisionais e os regimes, ou seja, as formas de cumprimento de pena 
existentes no Brasil. 
 
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO 
 
Conceito – Sanção imposta em substituição à pena privativa de liberdade, 
consistente na supressão ou diminuição de um ou mais direitos do condenado. É uma 
tendência do direito penal moderno considerando que a clausura não cumpre as 
finalidades da pena. 
 
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Espécies e natureza 
 
O Código Penal estabelece: 
 
Art. 43 - As penas restritivas de direitos são: 
 
 Art. 43. As penas restritivas de direitos são: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 
1998) 
I - prestação pecuniária; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) 
II - perda de bens e valores; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) 
III - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; (Incluído pela Lei nº 
9.714, de 25.11.1998) 
V - interdição temporária de direitos; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) 
VI - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) 
 
Penas Restritivas de Direitos: Critérios Para Aplicação 
 
O Código Penal no artigo 44 estabelece os critérios para concessão da substituição 
das penas privativas de liberdade pelas penas restritivas de direito. 
 
Se faltar um dos requisitos não haverá a substituição – são critérios cumulativos. 
 
I - Tipo de Crime: 
Doloso - até 04 anos - sem violência ou grave ameaça à pessoa. 
 
 
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Para os crimes culposos é sempre permitida a substituição, independentemente do 
quanto fixado. 
 
II – Não reincidente em crime doloso. Exceção: art44§3º do Código Penal – não seja 
reincidente específico (mesmo tipo penal) e a medida seja socialmente recomendável. 
III – Circunstancias judiciais – exceto as conseqüências do crime e comportamento 
da vítima – indicarem que a substituição é suficiente para atingir as finalidades da pena, 
ou seja, prevenção e ressocialização – Aqui está sediado o Princípio da suficiência das 
penas alternativa. 
 
Característica das Penas Restritivas de Direitos 
 
São Penas Substitutivas e Autônomas: SUBSTITUTIVAS porque em regra não são 
cumulativas com outras penas, substituem as penas privativas de liberdade 
Durante a fixação da sentença penal – primeiro o juiz estabelece a pena privativa de 
liberdade, e atendendo o condenado determinados requisitos poderá o magistrado 
substituí-las por penas restritivas de direito. 
São autônomas porque após a substituição subsistem por elas mesmas. O juiz da 
execução passa a fazer cumprir as restritivas dentro de suas características, sem mais 
observar as privativas de liberdade, a não ser que o condenado, com seu 
comportamento, imponha a necessidade de conversão da pena restritiva de direito na 
 
22 
pena privativa de liberdade originariamente fixada. 
Afirma-se que em regra as penas restritivas de direito são autônomas e substitutivas 
porque já existem no ordenamento jurídico penas restritivas de direito cominadas de 
forma isolada, bem como de forma cumulativa com penas privativas de liberdade. 
Exemplo 1: - Lei 11.343/2006 (Institui o Sistema Nacional de Políticas 
Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso 
indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; 
estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico 
ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências). 
Art.28. penas: 
I – advertência sobre os efeitos das drogas; 
II – prestação de serviços à comunidade; 
III – medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
 
 
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Exemplo 2: - Código de Trânsito Brasileiro (LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 
1997). Art.302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: Penas – 
detenção de dois a quatro anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou 
habilitação para dirigir veículo auto motor. 
 
 
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Duração: Regra e exceção 
 
A pena restritiva de direitos em regra, tem a mesma duração da pena privativa de 
liberdade substituída. Há duas exceções: a) - restritivas de natureza real, ou seja, 
prestação pecuniária e perda de bens e valores; b) - a prestação de serviços à 
comunidade (art.46, §4º CP) duração diferentes, ou seja, cumpre mais horas e diminui os 
dias. Os incisos I e II do art.55 do Código Penal não trazem as penas restritivas de direito 
de natureza real, pois não há como durar o mesmo tempo da privativa de liberdade. 
 
Momentos da Substituição 
 
Há três momentos para substituir a pena privativa de liberdade pela restritiva de 
direito: 
 
1) – Na sentença condenatória de 1º grau, o juiz da condenação pode substituir a 
pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direito. Isso após observar se a pena 
do condenado qualitativa e quantitativamente atendem às exigências impostas para a 
substituição, concomitantemente aos requisitos subjetivos; 
2) – No Tribunal em grau de recurso, caso o condenado atenda os requisitos 
concomitantes já analisados, poderá haver a substituição da pena privativa de liberdade 
que deveria ter sido substituída no juízo de 1º grau; 
3) – Fase de Execução: mesmo após o transito em julgado da sentença condenatória, 
pode haver a substituição pelo juiz da execução. 
 
Exceções: 
 
Crimes de Tráfico Ilícito de Entorpecentes e substituição de penas: 
 
A Lei nº 11.343/2006 proíbe expressamente o instituto da substituição: 
 
A Lei nº 11.343/2006 veda o instituto da substituição da pena privativa de liberdade 
pela pena restritiva de direito: 
 
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Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei são 
inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, 
vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos. 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, 
expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, 
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 
1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: 
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, 
oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que 
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de 
drogas; 
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima 
para a preparação de drogas; 
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, 
administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que 
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. 
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a 
qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, 
aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção 
ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal 
ou regulamentar: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 
2.000 (dois mil) dias-multa. 
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas parao fim de praticar, reiteradamente 
ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 
(mil e duzentos) dias-multa. 
 
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Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa 
para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei. 
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, 
caput e § 1o, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e 
quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa. 
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação 
destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 
desta Lei: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700 
(setecentos) dias-multa. 
 
PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA e PERDA DE BENS e VALORES 
 
O Código Penal em seu art.45 §1º define a prestação pecuniária - Prestação 
Pecuniária – é o pagamento, em dinheiro, para a vítima, seus dependentes ou entidade 
pública ou privada com destinação social. 
O Valor é fixado pelo juiz em sentença: mínimo de 1 salário mínimo e máximo de 
360 salários-mínimos. 
Não há previsão legal, mas nada impede que o juiz parcele o pagamento. 
 
Índole Indenizatória - O montante pago poderá ser deduzido de eventual 
condenação por reparação civil, se coincidentes os beneficiários. Considero mais 
apropriado afirmar que a Pena restritiva de direito tem natureza jurídica híbrida, de pena 
e indenização. 
 
§2º - Prestação de outra natureza – se os beneficiários aceitarem, a prestação 
pecuniária pode ser de natureza diversa. Ao invés de dinheiro, até serviços à vítima, como 
pintar o muro pichado ou doação de cestas básicas. 
 
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Há questionamento da minoria da doutrina, como Luis Flavio Gomes, sobre a 
constitucionalidade desse parágrafo, por deixar a critério do juiz uma pena sem 
cominação legal. 
Resolução 101 do Conselho Nacional de Justiça – traz políticas públicas e privadas 
para o sucesso das penas alternativas. 
 
Ordem de Preferência: 
 
Quanto ao destinatário do pagamento da prestação pecuniária, o Código Penal 
estabelece uma ordem: 
 
1 – a vítima. 
2 – na falta da vítima seus dependentes; 
3 – por fim, inexistindo os dois primeiros, entidade pública ou privada com 
destinação social; 
 
Importante sublinha que a pena de prestação de pecuniária é Intransmissível – por 
ter natureza de pena só se aplica ao condenado, não passa para os herdeiros. 
 
 Prestação Pecuniária X Multa 
 
 Apesar de ambas serem espécies de penas alternativas e terem natureza jurídico 
penal têm significativos traços que as distingue. 
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PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA MULTA 
Restritiva de direito Pena Pecuniária 
Destinatários: vítima, dependentes, 
entidades públicas ou privadas com 
destinação social. 
Destinatário: Estado 
Valor: 1 a 360 s.m Valor: 10 a 360 d.m 
Índole Indenizatória Índole Punitiva 
Converte em privativa de liberdade Não converte em pena privativa de 
liberdade 
 
STF SÚMULA 693 – habeas corpus não se aplica para a multa. 
 
§3º - Perda de bens e valores – esta pena consiste em o condenado perder bens 
móveis ou imóveis que lhe pertencem, em favor do Fundo Penitenciário Nacional-Fupen, 
salvo disposição diversa de legislação especial. 
Valor mínimo – a lei não fixa 
Valor Máximo – a lei estabelece duas opções ao magistrado no momento da fixação 
da sentença: o juiz pode estabelecer valor equivalente ao montante do prejuízo causado 
ou valor equivalente ao provento obtido pelo agente ou terceiro, em razão do 
cometimento do crime. O magistrado fica vinculado ao de maior valor. 
Natureza Jurídica: - a natureza jurídica é de pena e como tal é pessoal e 
intransferível, jamais pode passar da pessoa do condenado. 
 
CF – Art.5º, XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a 
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei 
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio 
transferido. 
 
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE OU ENTIDADES PÚBLICAS – CP Art.46 
 
Conceito: Essa pena consiste em prestar tarefas que beneficiem a comunidade, 
gratuitamente. 
 
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Requisito: A Pena Privativa de Liberdade fixada na sentença condenatória deve ser 
fixada em mais de 6 meses. Caso a pena seja em seus meses ou menos, o condenado não 
poderá ter sua pena substituída per outra pena restritiva de direito. 
Local: entidades assistenciais, como escolas, hospitais, orfanatos, e demais 
estabelecimentos congêneres, bem como programas comunitários ou estatais. Tais 
estabelecimentos devem ser credenciados ou conveniados junto às varas de execuções 
penais, como estabelece a Lei de Execuções Penais. 
Quem escolhe a entidade: Juiz das Execuções, o qual também estabelece os dias e 
horários. Carga horária semanal é de 8 horas. A entidade beneficiada com o trabalho 
gratuito enviará relatório mensal informando as atividades desenvolvidas, bem como 
freqüências e possível falta grave. Caso o condenado descumpra as atribuições e normas 
estabelecidas, poderá ter sua pena restritiva de direitos convertida em pena privativa de 
liberdade. 
Modo da substituição: 1h de prestação de serviço à comunidade corresponde a 1 
dia de condenação, respeitando as aptidões do condenado. 
Duração: Em regra a pena de prestação de serviços á comunidade tem a mesma 
duração da pena privativa de liberdade substituída, exceto quando a pena privativa de 
liberdade é superior a 1, como prevê o §4º do art.46 do Código Penal - só não pode 
cumprir pena inferior à metade da pena privativa de liberdade. 
 
 
 
 
 
 
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INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS – CP ART.47 
 
Obrigatoriedade? - O texto transmite a idéia de obrigatoriedade, mas as penas 
continuam sendo substitutivas e só serão aplicadas quando preencherem os requisitos do 
44 e 56 do Código Penal. São penas restritivas de direito específicas. 
 
CP - Art. 47- As penas de interdição temporária de direitos são: 
 
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de 
mandato eletivo; 
Conceito - Essas penas de interdição são aplicadas nas condenações de crimes 
cometidos no exercício de cargo, atividade e função pública, bem como no exercício de 
profissão ou atividade quando houver violação dos deveres que lhes são inerentes. 
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de 
habilitação especial, de licença ou autorização do poder público; 
III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo; 
.................... 
 
 A pena de suspensão ou de autorização ou habilitação para dirigir veículo 
automotor ou elétrico, tem o mesmo prazo da pena privativa de liberdade imposta. 
Inaplicável para veículo de propulsão humana ou tração animal. Encerrado o prazo pode 
voltar a dirigir. O Código de Transito Brasileiro, em seu art.292 estabelece que esta pena 
pode ser aplicada como pena principal. Na prática ao invés da substituição aplica-se 
diretamente o Código de Trânsito Brasileiro, em razão do princípio da especialidade – O 
Código Penal o art.57 – Para os delitos culposos de trânsito. 
 
IV - proibição de frequentar determinados lugares. 
Nessa espécie de pena o magistrado buscará identificar as circunstância, a 
personalidade do acusado, bem como demais 
 
V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos. (Incluído 
pela Lei nº 12.550, de 2011) 
 
 
30 
Limitação de fim de semana 
 
Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigaçãode permanecer, aos 
sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro 
estabelecimento adequado. 
Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado 
cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Pensamos que com o conteúdo visto você teve condição de viajar e conhecer 
importantes aspectos voltados para a Introdução ao Direito Penal, que irão ajudá-lo na 
vida pessoal e profissional. 
 Sendo assim somos gratos pela sua companhia e desejamos as bênçãos dividas 
agradecemos a companhia e rogamos para que seja muito feliz. 
 
Equipe AESP/CE 
 
REFERÊNCIAS 
 
CONSTITUIÇÃO DE REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 e suas atualizações 
CÓDIGO PENAL BRASILEIRO e suas atualizações 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL BRASILEIRO e suas atualizações 
LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS 
BRITO, Alexis Couto de. Execução Penal. 2 ed. São Paulo: RT, 2002 
CERNICCHIARO, Luiz Vicente e COSTA JR., Paulo José. Direito Penal na Constituição. 3ed. 
São Paulo: RT, 1995. 
DELMANTO, Celso. Código Penal Comentado. 8 ed. São Paulo: Saraiva, 2010 
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 8.ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais ,2008. 
TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Básicos do Direito Penal, 5ª Ed. São Paulo: 
Saraiva, 1994

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