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UniAGES Centro Universitário Bacharelado em Engenharia Agronômica CARLA DANTAS DA SILVA CULTURA DA SOJA (Glycine max): uma abordagem sobre a viabilidade do cultivo no município de Ribeira do Pombal (BA) Paripiranga 2021 CARLA DANTAS DA SILVA CULTURA DA SOJA (Glycine max): uma abordagem sobre a viabilidade do cultivo no município de Ribeira do Pombal (BA) Monografia apresentada no curso de graduação do Centro Universitário AGES como um dos pré-requisitos para obtenção do título de bacharel em Engenharia Agronômica. Orientador: Esp.Dalmo Moura Costa Paripiranga 2021 CARLA DANTAS DA SILVA CULTURA DA SOJA (Glycine max): uma abordagem sobre a viabilidade do cultivo no município de Ribeira do Pombal (BA) Monografia apresentada como exigência parcial para obtenção do título de bacharel em Engenharia Agronômica à Comissão Julgadora designada pela Coordenação de Trabalhos de Conclusão de Curso do UniAGES. Paripiranga, 09 de Dezembro de 2021. BANCA EXAMINADORA Prof: Esp. Dalmo de Moura Costa UniAGES Prof: Fabio Luiz Oliveira de Carvalho UniAGES Prof: Wilson Deda Gonçalves Júnior UniAGES Silva, Carla Dantas, 1996 CULTURA DA SOJA (Glycine max): uma abordagem sobre a viabilidade do cultivo no município de Ribeira do Pombal (BA)/ Carla Dantas da Silva. - Paripiranga, 2021. 84 f.: il. Orientador (a): Prof.Esp. Dalmo de Moura Costa. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Agronômica) – UniAGES, Paripiranga, 2021. 1. Glycine Max. 2. Implantação 3. Manejo. I. Título. II. UniAGES AGRADECIMENTOS Primeiramente gostaria de agradecer a Deus pela vida, pelas bênçãos que tem me dado em todos estes anos e pelos momentos inesquecíveis que passei durante os cinco anos de graduação. Encerro aqui mais um ciclo em minha vida, com erros e acertos, mas acima de tudo com eterna gratidão por tudo que vivi e tudo que aprendi. À minha mãe Maria da Conceição e ao meu pai José Carlos que sempre lutaram por mim e fizeram de tudo para que não me falte nada em ter um conforto maior e melhor do que um dia já tiveram. Ao meu irmão mais novo Manoel Neto por ser um presente em minha vida, ainda pequeno me ensinou muito, além de me ensinar a ser uma boa irmã mais velha. Somos muito ligados e quem conhece sabe muito bem disso Aos meus avós paternos Dona Alaíde e Sr. Messias e meus avós maternos Dona Valdecir e Messias por sempre fazerem parte da minha vida e nunca deixaram de acreditar em mim como também nunca me esqueceram um minuto sequer. Não tenho palavras para descrever o quanto sou grata por tê-los comigo. À minha tia Menaíde por tudo e por tanto, uma mulher incrível em minha vida que se tornou como se fosse uma outra mãe. Esse meu ciclo que se termina é graças a ela que me ajudou com tudo que podia, meus pais sozinhos não conseguiriam, mas graças a ela pude chegar onde estou agora. Não tenho palavras para descrever a gratidão que tenho, só me orgulho da mulher incrível que é um exemplo de vida pra mim. À patroa da minha tia a famosa Dona Miriam que mesmo sem nem me conhecer pessoalmente me ajudou quando eu precisei. Quero evidenciar a minha gratidão e admiração por ter sido tão boa, gentil e com certeza, ter um coração repleto de luz bondade, seu nome merece estar aqui. À Maria de Lourdes (Bah ou Babah) por ser essa pessoa tão incrível e inspiradora, onde passa esmanja amor e encanta qualquer um com sua alegria e simplicidade, obrigada por ser quem é, esse ser de luz com um coração maior que o mundo e a minha tia Maria de Lourdes (Lulu) que mesmo estando longe e tendo muito tempo que não temos contato, fez parte dessa minha luta e trajetória me ajudando contribuindo para que pudesse chegar aqui. Ao meu namorado Ícaro por também sempre acreditar em mim e me animar todas as vezes que desacreditei da minha capacidade, imaginando ser incapaz de poder alcançar os meus sonhos. A cada conquista celebrou comigo, assim como nos meus piores momentos, foi meu reforço e estendeu a mão para poder me apoiar. Aos meus amigos de turma como também agora colegas de trabalho Evandro de Jesus, Lindomar Moraes, Hugo Albuquerque, Cleiton Cerqueira, Tiago Dantas, Mikaelle Carvalho, Joice Elias, Jariel Cleomar, Lucas Menezes por me acompanharem nessa jornada e terem me ensinado um pouquinho que cada um traz em sua bagagem. Agradeço por sempre me ajudarem, ter estendido a mãos nos perrengues e, sem sombra de dúvidas, por terem compartilhado comigo maravilhosos momentos de risadas e aprendizados, vocês foram e são essenciais na minha vida. Reforço meus agradecimentos para meus amigos Jariel Cleomar, Lucas Menezes e Tiago Dantas dos quais tive maiores vínculos. Com vocês eu compartilhei as melhores risadas, os melhores momentos e piores e com certeza as fofocas. Eu sei que, com vocês, eu sempre poderei contar e não há distância no mundo que faça mudar meu carinho por vocês. Vocês foram o melhor presente que a agronomia me deu. Às minhas companheiras de republica: Laís, Ana Gama, Ana Luísa (AnaLu), Ana Cláudia e Laura. Vivemos juntas por um bom tempo e fica impossível não criar vínculo. Compartilhei ótimas risadas e ótimos momentos, conviver com outras pessoas não é fácil, mas apesar de tudo, sempre nos entendemos muito bem e sempre foi nítido o carinho que conseguimos compartilhar desde o início. Aos meus professores Carlos Allan, Rafael Pombo, Lucimário Pereira e Núria Mariana sem vocês eu não teria chegado até aqui, seus ensinamentos foram e continuarão sendo essenciais e indispensáveis na minha vida, foram os melhores professores que tive em toda minha jornada de estudante. Seguirei cada passo e cada conselho dado assim como os levarei como inspirações na minha jornada de trabalho. RESUMO O presente trabalho tem como objetivo principal: evidenciar a viabilidade da produção da soja (Glycine max) no município de Ribeira do Pombal-BA, procurando, assim, analisar as características geográficas e climáticas da região para haver se há possibilidade da introdução da cultura no município. Dessa forma, essa cultura é de suma relevância econômica para os demais agricultores por ser de grande potencial produtivo e poder ser uma possível nova fonte de renda, além passar por processos de beneficiamento e ser vendido para outros produtores, agregando um maior valor à produção. Contudo, para que a Soja possa desempenhar todo seu potencial produtivo, é essencial que as condições ambientais atendam às necessidades da cultura e os manejos de implantação e produção sejam feitas de forma correta pois são fatores essenciais para o sucesso do cultivo. PALAVRAS-CHAVE: Soja (Glycine max), Condições ambientais, Manejos de Produção, Implantação, Beneficiamento. ABSTRACT This work has as main objective: to evidence the viability of soybean production (Glycine max) in the municipality of Ribeira do Pombal (BA), thus, trying to analyze the geographic and climatic characteristics of the region to determine whether there is a possibility of introducing this crop in the municipality. Thus, this crop is of great economic importance for other farmers because it has great productive potential and can be a possible new source of income, in addition to undergo for processing and being sold to other producers, adding greater value to production. However, for soybean to be able to perform its full productive potential, it is essential that the environmental conditions meet the needs of the crop and that implementationand production management are done correctly, as they are essential factors for the success of the crop. KEYWORDS: Soybean (Glycine max). Environmental conditions. Production Management. Implementation. Processing. LISTAS LISTA DE FIGURAS 1: Ranking da agricultura, valor de produção no ano de 2020 ......................... 14 2: Mapa temático da microrregião de Ribeira do Pombal-BA .......................... 19 3: Delimitação da região Semiárida brasileira. ................................................. 24 4: Plântula da soja. ........................................................................................... 27 5: Estádios vegetativos da cultura da soja fundamentado na escala fenológica de Water R. Fer e Charles E. Caviness ........................................................... 29 6:Rendimento comparado de plantas C3 e C4 ................................................ 31 7: Soja sob plantio direto 8: Solo arado e gradeado .... 35 9: Lagarta-da-soja, (Anticarsia gemmatalis Hübner) ........................................ 42 10: Danos da lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens) na soja .......... 43 11: Lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens) ..................................... 43 12: Percevejo-verde (Nezara viridula); Percevejo-verde-pequeno (, Piezodorus guildinii) e Percevejo-marrom(Euschistusheros). ............................................. 44 13: Lagarta-da-soja morta por Baculovirus anticarsia ...................................... 46 14: Sementes de soja com sintomas de deterioração por umidade. À esquerda: sementes secas com enrugamento; no centro: sintoma .................................. 51 LISTA DE TABELAS 1: Dados pluviométricos do município de Ribeira do Pombal-Ba; Fonte: INEMA http://www.inema.ba.gov.br .............................................................................. 21 2: Esquema ilustrativo da rotação de culturas.................................................. 38 3: Organização do processo de aquisição dos estudos. .................................. 56 4: Analítica para amostragem das 11 publicações reservadas para os resultados e discussões. .................................................................................................... 63 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11 2 DESENVOLVIMENTO .................................................................................. 13 2.1 Referencial teórico ................................................................................. 13 2.1.1 Importância da soja para o agronegócio ....................................... 13 2.1.2 Cultura da Soja (Glycine max) ...................................................... 15 2.1.2.1 Cultivares da soja ...................................................................... 16 2.1.2.1.1 Cultivar RR.............................................................................. 17 2.1.2.1.2 Cultivar de soja Intacta® ......................................................... 17 2.1.2.1.3 Cultivar de soja convencional ................................................. 18 2.2 Caracterização da área de estudo-Município de Ribeira do Pombal-BA. ..................................................................................................................... 19 2.3 Mudanças climáticas na agricultura da região Nordeste ........................ 22 2.4 Fatores que influenciam a produtividade da soja ................................... 26 2.4.1 Morfologia e fisiologia da soja ....................................................... 27 2.4.2 Metabolismo ................................................................................. 29 2.4.3 Clima e temperatura ..................................................................... 31 2.4.4 Estresse hídrico e irrigação .......................................................... 32 2.4.5 Plantio ........................................................................................... 34 2.4.5.1 Rotação de culturas ................................................................... 37 2.4.5.2 Consórcio ................................................................................... 38 2.4.6 Adubação ...................................................................................... 39 2.4.7 Pragas .......................................................................................... 41 2.4.8 Doenças ........................................................................................ 46 2.4.9 Plantas daninhas .......................................................................... 49 2.4.10 Colheita e pós-colheita ............................................................... 51 3 METODOLOGIA ........................................................................................... 55 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................. 57 5 CONSIDERAÇOES FINAIS .......................................................................... 68 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 70 11 1 INTRODUÇÃO O cultivo da soja é exercido em todo o mundo, seu grão vegetal não é visto todos os dias na mesa e no dia a dia do consumidor, mas graças a sua grande demanda industrial, se encontra presente na alimentação de alguma forma. Uma ampla porcentagem de grãos dessa cultura é processada por muitas indústrias em que são transformados em diversos produtos e entregues aos consumidores podendo, então, estar presentes nas cozinhas, óleos, leite, proteína vegetal, carne animal e até na produção dos biocombustíveis. Existem muitos fatores contribuintes para o consumo mundial da soja e dentre eles, há um crescente e grande poder aquisitivo da população nos países em processo de desenvolvimento, há consequências em que ocorrem mudanças nos seus hábitos alimentares. Contudo, torna-se notória a troca de cereais pela carne seja de origem bovina, suína ou de frango, resultando em uma maior demanda de soja que chega a compor cerca de 70% da ração para esses animais. Vale ressaltar sobre o crescente uso dos biocombustíveis fabricados a partir do grão, com isso, traz como bom resultado o interesse mundial tanto na produção quanto no consumo de energia renovável e limpa (FREITAS, 2011). Poder alcançar a máxima produtividade nas lavouras, é um dos grandes objetivos dos produtores para que assim também se possa alcançar o auge da sua produtividade. Para isso, é necessário que sejam feitas técnicas de manejo juntamente com um clima favorável ao cultivo. Tais técnicas que podem ser citadas desde o manejo do solo, plantas invasoras, pragas, doenças, sementes de qualidade como também a escolha de cultivares que se desenvolvam melhor de acordo com a região (CRUZ et al., 2016). O município de Ribeira do Pombal - BA, com o passar dos anos, cresce cada vez mais, não apenas nas atividades comerciais que dão valor e renda, mas também no ramo agrícola e agropecuário, pois quando ocorre a feira do munícipio, grande parte dos feirantes são agricultores da região, cultivam nas suas pequenas, médias e grandes propriedades no intuito de tirarem sua renda mensal. O ramo agropecuário também cresce, com os criadores de animais cada vez mais sérios e preocupados com a qualidade dos seus rebanhos afim de alimentá-los com produtos de qualidade e que estejam acessíveis com relação ao seu poder aquisitivo. Considerando o que foi exposto de que forma o agrônomo poderá intervir frente às condições que o município favorece para a implantação da cultura de acordo com as necessidades da mesma? Assim, o objetivo deste trabalhoé fazer uma avaliação da possibilidade do cultivo da 12 soja (Glycine max L.) de qualidade nas propriedades do município de Ribeira do Pombal-BA, de acordo com as condições edafoclimáticas e necessidade da cultura afim de trazer outra fonte de renda como também uma novidade para a região com ênfase nos fatores determinantes para alcançar boa produção como também nos fatores que possam prejudicar e trazer danos ao cultivo. Como objetivos específicos, tem-se descrever e caracterizar a área de estudo, analisando as condições climáticas e pluviométricas, visto que, a pesquisa trata da viabilidade da introdução da cultura, além de conhecer a morfologia, fisiologia e metabolismo, para assim, entender o comportamento do seu desenvolvimento de acordo com o ambiente, por fim, fazer uma análise das condições ideais para o cultivo da soja visando não apenas às exigências da cultura, mas também a melhor forma de plantio em todas as fases da planta. Portanto, o trabalho trata de uma revisão integrativa da literatura tendo como relevância tanto acadêmica e científica quanto social, por trazer questões associadas a uma nova cultivar para a região sendo uma possível nova fonte de renda local para os aqueles que tem como sustento as práticas agrícolas. Sabe-se que a soja possui uma grande cadeia produtiva no ramo do agronegócio que vai desde o fornecimento da matéria prima, os vendedores, produtores rurais, as revendas, o transporte como também cerealistas tendo outros envolvidos até chegar ao consumidor final. Com o decorrer dos anos e consequentemente com os avanços tecnológicos, os produtores rurais estão cada vez mais tendo acessos as informações com relação a área do agronegócio buscando, novidades como também bons resultados. Nesse tempo de buscarem conseguir bons resultados diversas vezes são esquecidos os conceitos básicos para um bom cultivo tais como: o conhecimento da cultura a ser introduzida, analise da região, do solo, as necessidades da planta e boas práticas de manejo onde podem se deixam levar apenas pelo possível lucro sem se darem conta que, para um cultura ser introduzida em um determinado local, é necessário fazer levantamentos básicos e correlacioná-los com a sua localidade. Diante do contexto, ressalta-se a importância desse estudo que está relacionado ao município escolhido e à possível viabilidade da implantação da cultura. Esta trará benefícios para a região em que podem originar maior ganho de produtividade agrícola, gerar não apenas renda ao produtor, mas também possíveis novos empregos e um destaque para a cidade. O trabalho é importante também a partir do momento que tem como intuito evidenciar a importância de se obter conhecimento da cultura implantada, do local escolhido e com essas informações fazer estudos e análises para verificar se a localidade, poderá atender as necessidades básicas da cultura bem como auxiliar na implantação de outras que se adequem ao município. 13 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 Referencial teórico 2.1.1 Importância da soja para o agronegócio A produção da soja, ao passar dos anos, conquistou grande valor econômico no agronegócio onde cresce cada vez mais. No território nacional, a cultura é o principal grão para comercialização, seu crescimento advém dos fatores de consolidação da oleaginosa ser uma importante fonte de proteína vegetal, em especial, para atender à grande demanda de setores voltados a produtos de origem animal; oferta de novas tecnologias que ajudem não apenas a expandir como também a explorar a produção de soja nas demais localidades do território nacional, visando novas produções que ajudam não apenas a quem cultiva, mas também na economia e na oferta do produto seja in natura ou derivado para atender a demanda populacional (HIRAKURI e LAZZAROTTO, 2014). Diante do exposto, o mercado da soja, em grande parte, é voltado para diversos setores alimentícios desde a comercialização in natura, farelo, óleos, derivados e até os biocombustíveis em que se encaixa no setor industrial de biodiesel. Então, em qualquer ângulo do agronegócio observado, são perceptíveis os grandes avanços que ocorreram ao passar dos anos, em que se tratando da soja, a sua expansão deve-se, em boa parte, ao aumento da importância dos grãos e seus derivados para o mercado interno e externo. Vale ressaltar que com o avanço das tecnologias e bons manejos de produção que proporcionam sustentabilidade para o Brasil, a melhor governança ajudou na maximização dos lucros do produtor (GAZZONI, 2012). A expansão da soja no Brasil ocorreu nos meados dos anos 70 tendo interesse na indústria dos óleos. Em 1975, a produção da cultura era feita com cultivares e técnicas que vinham de fora do país especificamente, os Estados Unidos, porém, o cultivo em grande escala apenas dava certo nas regiões do Sul em que as cultivares obtinham ambientes com condições parecidas a seu verdadeiro país de origem. Com isso, houve a criação da cultivar tropical para as regiões tropicais do solo brasileiro e, logo após, houve outras criações de novas cultivares que possam se adaptar às 14 demais localidades trazendo estabilidade. Vale ressaltar que o cultivo trouxe para o país um aumento no mercado de sementes dando estabilidade para uma maior exploração econômica em regiões onde as terras não tinham nada além de matas e cerrados (PONTES et al., 2009). Nesse sentindo, pode-se considerar que a cadeia produtiva da soja ajudou e ainda ajuda no setor econômico brasileiro, onde houve exploração para a implementação do cultivo em outras regiões com cultivares criadas para uma melhor adaptação e melhor produção, ressaltando que, além de ajudar no setor econômico do país, ajuda também no setor regional da localidade escolhida e o produtor responsável pelo cultiv,o usando as cultivares apropriadas e com técnicas de manejo mais eficazes para o plantio (HIRAKURI e LAZZAROTTO, 2014). Figura 1: Ranking da agricultura, valor de produção no ano de 2020 Fonte: CONAB (2020) Enfatiza-se a região Nordeste, o enfoque deste trabalho, é caracterizada como a terceira maior extensão do país como também a terceira maior economia. A sua participação na Produção interno Bruto Brasileiro (PIB) foi cerca de 13% no ano de 2008, porém, a região continua tendo o PIB mais baixo com um grande nível de pobreza. Sobre a produção de soja, é responsável por 17,3% do valor bruto da produção (VPB), obteve uma expansão anual de 26,9%. A Bahia passou a ter grande destaque mostrando representatividade na região, os principais municípios responsáveis da região baiana na produção de soja são: São Desidério, Formosa do 15 Rio Preto, Luís Eduardo Magalhães e Barreiras. Esses cinco municípios, juntos, possuem a responsabilidade de 75% da produção em todo o estado e 42,7% em toda região Nordeste (DE SOUZA, 2012). É perceptível que a região baiana tem se mostrado bastante produtiva no plantio da soja apresentando grande expansão como também demanda do produto em que tende a aumentar com o passar dos anos, um fator importante a ser considerado para fazer planejamentos de produção.Com esses bons resultados da produção de soja na região, haverá contribuição na melhora da economia do estado consequentemente ajudando a combater a fome e pobreza que afeta toda a região Nordeste em grande quantidade, pois o crescimento da economia além de importante, é indispensável para a redução da fome e pobreza no mundo. Vale ressaltar que, com o aumento do PIB de um país, em contribuição das atividades agrícolas, o efeito da redução da fome é bem maior se comparar ao aumento do PIB sem a contribuição das atividades agrícolas (BALERINI, 2013). 2.1.2 Cultura da Soja (Glycine max) A soja é uma planta de origem asiática, o seu cultivo é totalmente diferente se for comparado a uns cinco milênios atrás em que eram plantas tipo rasteirasdesenvolvidas próximas a rios e lagos, nomeada de soja selvagem (MOZZAQUATRO et al., 2017). Com o passar dos anos, a sua evolução começou com o surgimento de novas plantas das quais eram originárias do acasalamento natural entre duas sojas silvestres, também domesticadas e aprimoradas pelos chineses (MORAES et al., 2021). Como mencionado, é uma cultura de origem no continente asiático, mais especificamente chinesa, muito rica em proteínas, em que a sua introdução na agricultura foi feita há bastante tempo, com mais de 5.000 anos. O primeiro registro dos grãos da soja foi feito no livro “Pen Ts’ao Kong Mu” em que nesse livro havia descrições das plantas na China para o imperador Sheng-Nung. Sua introdução no Ocidente apenas ocorreu por volta do século XV, no continente Europeu com uma finalidade totalmente diferente da China, em que, no lugar do seu uso para a alimentação, era feito para decoração nos jardins botânicos da França, Inglaterra e Alemanha (BERTRAND et al., 1987). Ainda afirmam que, para os chineses naquele tempo, a soja era um dos grandes pilares da agricultura, junto com o cultivo 16 do arroz, trigo, cevada e milheto. Seu papel perante a sociedade era muito importante no país, pois era utilizada como objeto de empréstimo usuário e ainda era um dos principais alimentos acumulados pelos monges budistas. A cultura é típica de países temperados, foi tropicalizada e atualmente é uma das culturas que mais se estabeleceu no território nacional. O início do seu cultivo deu-se nos estados da região Sul nos meados de 1970, progredindo para uma expansão na região do cerrado a partir da década de 80. Em 1990 as áreas onde se encontravam o cultivo da soja já tinham um grande progresso na parte central do país sendo bem associado à expansão da lavoura da soja no cerrado. Com o passar dos anos e o progresso do cultivo, o Brasil nos anos de 2003 e 2004 se tornou um grande exportador mundial, representando respectivamente 8% das exportações (DOMINGUES et al., 2014). 2.1.2.1 Cultivares da soja O aumento das áreas cultivadas e o aumento de produtividade se deve ao melhoramento genético. O seu desenvolvimento, para a produção de novas cultivares, tendem a promover melhorias na cadeia produtiva com relação ao aumento e estabilidade da cultura. Entretanto, vale ressaltar a importância da avaliação dessas cultivares pelas regiões produtoras pelo fato de que os genótipos introduzidos podem afetar positivamente o desenvolvimento da planta em determinado local ou ser inviável em demais localidades (CORREIA et al., 2017). De acordo com os autores Silva e Duarte (2006), existem avaliações voltadas para a identificação de cultivares que possuem maior estabilidade no desenvolvimento e respostas previsíveis com relação às variações ambientais do qual vai depender do ambiente de cultivo que poderá influenciar positivamente ou negativamente nas características agronômicas da planta. As cultivares sejam do tipo determinadas, semideterminadas ou indeterminadas, possuem bom potencial de produção. Cultivares indeterminadas tender a ter um processo reprodutivo maior em que positivamente tendem a se recuperar melhor dos efeitos decorrentes do estresse hídrico, por escassez de água ou excesso. Necessitam de um cuidado maior se tratando de desfolha e controle de pragas nesse período (THOMAS, 2018). 17 Para a escolha da melhor cultivar que apresentará melhor desenvolvimento e desempenho por região deverá ser feita uma série de testes com outras cultivares fazendo, então, comparações com base nas características produtivas (CORREIA et al., 2017). 2.1.2.1.1 Cultivar RR A utilização da soja transgênica Roundup Ready© que possui resistência ao glifosato foi uma grande revolução no mercado mundial da cultura da soja. Sua implantação no Brasil teve autorização no ano de 2005, aprovada pela Lei da Biossegurança. Nessa cultivar há a inoculação da sequência CP4 EPSPS no genoma das cultivares comerciais, em que há a tolerância do ingrediente ativo do glifosato. A utilização do herbicida glifosato é aplicada na pós-emergência na cultura da soja RR, considerada como boa alternativa para o controle de plantas invasoras por causa da sua viabilidade econômica (GRIS et al., 2013). O glifosato é um herbicida que pertence ao grupo químico dos derivados da glicina, possui amplo aspecto e também não seletivo para o controle das plantas daninhas. Seu mecanismo de ação é capaz de inibir a enzima 5-enolpiruvil-chiqui- mato-3-fosfato-sintase (EPSPs) uma enzima que atua na biossíntese de aminoácidos aromáticos tais como a triptofano, fenilalanina e tirosina (CASTRO et al., 2017). O estado nutricional da soja RR pode ser influenciado pelo glifosato com uma diminuição nos teores da área foliar macro e micronutrientes. Os efeitos sobre a soja transgênica são dependentes dos fatores com relação à variedade, grupo de maturação e com a época de aplicação e dose, há também efeitos deletérios do efeito do glifosato com relação à nodulação, há muitas variedades da soja transgênica no território brasileiro (ZOBIOLE et al., 2012). 2.1.2.1.2 Cultivar de soja Intacta® O uso dos inseticidas é de grande ajuda ao combate no controle de pragas se forem usados de forma adequada, pois com o uso inadequado pode acarretar a ineficiência do controle e também pode afetar os inimigos naturais dos quais ajudam no controle das pragas, é importante dar entrada às estratégias para redução do uso 18 de herbicidas. Como alternativa há a utilização de cultivares resistentes a insetos, no caso da soja, fez-se o uso da tecnologia transgênica através da introdução de um gene que dão maior resistência às plantas da soja, então, chamada de Intacta® (GOFFI et al., 2017). Ainda, segundo Goffi et al., (2017) Plantas transgênicas possuem uma proteína chamada de Cry1Ac, é derivada da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt) oferece à soja maior resistência aos insetos praga da ordem lepdoptera que atacam a cultura da soja. Quando as lagartas forem se alimentar, ingerem essa proteína se ligará ao seu tubo digestivo acarretando a morte da praga, pois promove o rompimento da membrana do intestino médio. As cultivares da soja que possuem a tecnologia Intacta® ficaram disponíveis no Brasil há pouco tempo e o seu cultivo foi liberado de acordo com a legislação brasileira no ano de 2010, porém a sua introdução no mercado foi por volta do ano de 2013. Com essa tecnologia, espera-se que haja uma queda dos problemas causados pelas lagartas, como a lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis), falsa-medideira (Pseudoplusia includens e Rachiplusia nu), broca das axilas (Crocidosema aporema) e lagarta das maçãs (Heliothis virescens). Essa tecnologia permitirá que o produtor utilize menos inseticidas e como consequência positiva, a redução dos custos de produção da sua lavoura elevando a sua produtividade e lucro. Vale ressaltar que, para ter acesso e utilizar essa tecnologia, é imprescindível que se faça o pagamento de taxas tecnológicas chamados de “royalties”, onde eleva seu custo de produção (BASTOS,2020). 2.1.2.1.3 Cultivar de soja convencional As sementes de soja que não possuem nenhum tipo de melhoramento genético podem ser denominadas de convencionais. Seu cultivo em média necessita cerca de duas a três aplicações de defensivos em mistura e, com isso, há aumento do custo da mão-de-obra e da matéria prima durante todo o processo de produção (DE MELO et al., 2016). 19 Um dos motivos para que os produtores deixassem de usar, cada vez mais, sementes convencionais foi por causa do auto custo de herbicidas para plantas daninhas que afetam as propriedades, o difícil controle de pragas que, na maioria das vezes, adquirem resistência aos agrotóxicos obrigando os produtores a aumentarem as dosagens para que a safra de soja convencional não sejaperdida. Além do auto custo para a produção e manejo o uso excessivo de produtos químicos, afetam drasticamente todo o ambiente natural trazendo, então, a soja transgênica como uma melhor opção e solução para o problema, além de garantir maior produtividade (PELAEZ et al., 2004). 2.2 Caracterização da área de estudo - Município de Ribeira Do Pombal-BA Figura 2: Mapa temático da microrregião de Ribeira do Pombal-BA Fonte: GAMA e JESUS,2018. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a microrregião é pertencente à mesorregião Nordeste da Bahia com uma extensão territorial de 8.237,3 km², com uma população a cerca de 342.890habitantes (BRASIL, 2013; 2016), dividido nos municípios de: Adustina, Antas, Banzaê, Cícero Dantas, Cipó, Fátima, Heliópolis, Itapicuru, Nova Soure, Novo Triunfo, Olindina, Paripiranga, Ribeira do Amparo e Ribeira do Pombal totalizando em quatorze municípios respectivamente. O município de Ribeira do Pombal possui solos variáveis, distribuídos, ao extremo da região Nordeste de Podzólico Vermelho Amarelo., um pouco mais de 10%, 20 distribuído ao extremo Norte e Nordeste são de Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrófico e, por fim, o Planossolo ao Leste com menos de 1% (EMBRAPA, 1973; EMBRAPA, 2006). De acordo com Gama e Jesus (2018), afirma sobre os solos do município em que se pode, então, concluir que os solos da região são constituídos por tipos arenosos, quartzosos, profundos, permeáveis, pouco férteis e sua distribuição de relevo muito plano além do Latossolo Vermelho Amarelo, em que também pode ser encontrado em áreas de vegetação de floresta, como em campo cerrado, em relevo que pode variar de plano a um forte ondulado, caracterizado por seu estágio avançado de intemperização que são, então, formados por boa parte da fração areia- quatzossa e argila com baixa atividade e baixa capacidade de troca catiônica. É Vermelho-Amarelo (LV), possui baixa presença do teor de ferro e valores da relação sílica/alumínio. O clima da região da área de estudo é tropical do tipo Bsh, podendo ser caracterizado como seco e quente, de acordo com a classificação Köppen. Sua localização se encontra na mesorregião do nordeste baiano, a 271 km de Salvador, na área do polígono das secas significando irregularidade na frequência das chuvas tendo como temperatura média anual de 23ºC a 24.4ºC (GAMA e JESUS, 2018). O clima tipo Bsh, ou seja, semiárido quente que está presente no Nordeste se caracteriza por pouca quantidade de chuva e distribuição, pouca nebulosidade, muita insolação, altos teores de evaporação assim como temperaturas médias elevadas, baixa umidade relativa do ar, pouca quantidade de chuvas durante o ano mesmo. Mesmo em épocas de chuva a irregularidade na distribuição da mesma ainda permanece podendo deixar de ocorrer e com isso gerar seca na região (GANEM, 2017). Segundo Dos Santos et al. (2012) com relação à precipitação da região, houve registros de chuva em todos os meses do ano, variado de 85,0mm para seu máximo no mês de abril e de 30,2mm para seu mínimo em outubro, podendo então totalizar cerca de 745,5 mm durante o ano. A seguir, tem-se a tabela com os dados pluviométricos do município de Ribeira o Pombal-Ba decorrente dos últimos 10 anos: 21 Tabela 1: Dados pluviométricos do município de Ribeira do Pombal-B; Fonte: INEMA http://www.inema.ba.gov.br Ao observar a tabela, nota-se que nos últimos 10 anos, houve variações nos índices pluviométricos do município, em que é perceptível uma diferença e variabilidade tantos nos meses quanto nos anos demostrando diminuição na quantidade de chuvas. É importante ressaltar que o conhecimento do comportamento das precipitações de um determinado local é de grande auxílio para poder auxiliar sobre os períodos mais críticos da localidade tendo condições para poder fornecer informações que ajude na redução das possíveis consequências causadas pelas inconstâncias das chuvas e secas (DE SIQUEIRA et al., 2007). ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL 2001 160,8 122,2 124,6 10,4 22,6 26,3 31,2 2001 194,2 49,5 25,5 15 46 76,8 35,2 36,2 35,5 0,8 15,5 66,5 596,7 2003 16,8 8,5 126,5 86,5 73,8 43,2 36,8 23 110,5 0 2004 42,8 173,2 2005 107,2 59,5 8,5 0 100,2 13,8 2006 5,5 7,8 19 83,8 54 163,5 72,2 50,8 60,2 73,8 29,2 37,5 657,31 2007 5,8 122 101,2 68,5 78,5 67,8 53,5 44,8 29,8 15,2 25,5 8,5 621,1 2008 23,8 40,5 72 35,2 123,2 64,8 55,2 44,8 23,8 1,8 3,8 47,5 536,41 2009 70,8 14,5 0,5 53 95,2 66,2 66,2 62,5 23,2 98,2 0 39,5 589,8 2010 26,5 15,2 98,8 194,5 30 96 217 43,8 63 2011 47,5 165,5 120,2 62,5 47,8 44,8 36 12,5 59,5 69,5 2012 5 23,5 19 38,8 58,8 2013 43,5 1 2 45,8 112 66,2 102,2 60 51,2 89,2 43,8 116,8 733,7 2014 5 31 48,5 57,8 53,2 77 92,2 60,2 25,8 45,2 79,5 35,8 611,2 2015 22,5 49 22,5 24,5 167,2 63,5 63,2 83,8 9,2 10,5 2016 237,8 45,8 17 13 3 11,5 2017 0,5 168 22,5 10,2 49 2019 170,6 11,2 6 186,2 145,8 63 25,6 40 41,8 2 2020 66 44,8 98,8 2,2 0 0 0 3,4 19,6 6,8 74 0,2 315,8 2021 14,4 32,6 22,8 75 54,8 125,4 37,4 Média 51,73 48,18 65,21 53,35 69,85 81,06 83,23 53,7 36,48 32,64 42,19 32,85 650,47 http://www.inema.ba.gov.br/ 22 2.3 Mudanças climáticas na agricultura da região Nordeste De acordo com Delazeri (2015) analisando os estudos do Intergovernment Panel on Climate Change (IPCC) um dos efeitos mais discutidos e debatidos com relação à atividade econômica sobre o meio ambiente, de fato, são as variações climáticas causadas pelos gases do efeito estufa (GEE´S). Tornaram-se, cada vez mais perceptíveis, que as atividades humanas alteram e contribuem para a concentração dos GEE´S. O quinto relatório de avaliação, o IPCC traz um cenário otimista em que haverá um aumento de temperatura de 1,7ºC relacionado aos níveis pré-industriais, se as emissões dos gases persistirem em relação à atualidade. Já numa visão e cenário pessimista, o aumento de temperatura pode chegar até 4,8°C onde os países ainda em desenvolvimento sofrerão as maiores consequências que os demais. A procura de meios e métodos que ajudem a reduzir as emissões dos gases do efeito estufa (GEEs) dos quais causam grandes danos ao meio ambiente é uma preocupação que também atinge o ramo empresarial, uma consequência dos impactos gerados tanto pelo aquecimento global quanto para as mudanças climáticas podendo destacar principalmente daqueles dos quais sua produção depende dos insumos naturais como seus principais recursos (DE ANDRADE et al., 2013). Com o aumento dos gases do efeito estufa na alta troposfera sendo associada com a destruição da camada de ozônio resulta numa transformação da composição da camada atmosférica e também do mecanismo de seus gases. Nessa direção, além do aumento da temperatura ser o indicador das mudanças climáticas, outros fatores podem indicar as mudanças tais, por exemplo, diminuição de 10% da neve de todo o planeta desde 1960 (QUEIRÓS et al., 2006). Os efeitos do aquecimento global podem afetar de forma significativa a produção de alimentos em que as perdas de produção alcançariam cerca de R$ 7,4 bilhões no ano de 2020, se agravando com o passar dos anos e esse valor aumentaria até R$ 14 bilhões até 2070. Tirando a cana-de-açúcar, todas as culturas seriam afetadas e consequentemente sofreriam uma redução das áreas de baixo custo podendo-se destacar: soja, milho e café. As culturas do milho, arroz, feijão, algodão e o girassol na região Nordeste sofrerão grande redução na área de baixo risco 23 acarretando também perdas de produção, já a mandioca obterá um ganho da área de baixo risco, porém na região perderia sua produtividade (MARENGO, 2014). No continente Brasileiro a elevaçãodo nível do mar pode afetar todas as regiões onde os desequilíbrios podem ocasionar alterações que causam aumento da ocorrência e intensidade de enchentes e épocas secas, maior expansão de doenças endêmicas, mudanças nos regimes hidrológicos, perdas na agricultura e as ameaças na biodiversidade. É perceptível que tanto o meio ambiente quanto o homem sentem os impactos causados pelas mudanças climáticas que preocupam toda a sociedade (DOS SANTOS et al., 2013). Assim, é perceptível que os impactos causados pela ocorrência das mudanças climáticas em todo o planeta são extremamente preocupantes, podem trazer transtornos e prejuízos na ordem econômica, social e no ramo agrícola da qual se beneficia e depende dos recursos naturais oferecidos pelo planeta. As mudanças climáticas produzem grandes impactos que não apenas podem como já possuem reflexos no meio ambiente onde essas mudanças vêm afetando padrões de precipitação e evapotranspiração nas regiões, onde tem repercutido e afetado em todo regime hidrológico, biológico e agrícola (PINTO et al, 2008). Esses impactos causados por conta dessas mudanças comprometem todo o funcionamento do ecossistema e agrossistema fazendo mudanças e alterações na oferta dos serviços ambientais onde consequentemente há redução do oferecimento de água, fertilidade, conservação do solo dos quais são de grande importância no ramo agrícola para o alcance de uma boa produção (DOS SANTOS et al., 2013). O Brasil possui grande influência e importância no ramo da agricultura, está entre um dos maiores produtores agrícolas do mundo. Isso pode ser explicado com relação ao país que possui diversos fatores contribuintes ao seu favor como vantagens no mercado, tais como as condições climáticas, pois em algumas regiões tendem a permitir produção ao longo de todo o ano, obtendo assim vantagens comerciais. Vale ressaltar que a prática da agricultura é dependente das condições ambientais, porém com o passar dos anos, houve mudanças no ecossistema em que atualmente presenciam-se mudanças dos eventos climáticos, desordenados com aumentos de temperatura, sazonalidade nos índices pluviométricos, derretimento das geleiras, casos de furacões, assim, há mudanças climáticas de todo o planeta (MORAES, 2011). 24 Ainda de acordo com Moraes (2011), é evidente que os fatores edafoclimáticos são essências para a agricultura, avalia-se, então, que qualquer alteração nos valores e condições climáticas podem afetar todo o zoneamento agrícola, produtividade e manejo que podem afetar modificando todo o cenário da agricultura trazendo consequências econômicas, sociais e, sem sombra de dúvidas, ambientais. As mudanças climáticas no Brasil interferem de forma negativa e dificulta o acesso à água. As rápidas alterações climáticas vindas no decorrer dos anos com combinações na forma da ausência ou então escassez das chuvas, altas temperaturas e altos índices de evaporação junto com as competições para obter recursos hídricos podem agravar de forma catastrófica uma crise. Vale ressaltar que aqueles mais afetados com todos esses acontecimentos são as regiões onde predominam maiores índices de temperaturas elevadas e baixas frequências de chuvas, ou seja, afetam a população mais carente como os agricultores do semiárido no Nordeste (MARENGO et al., 2011). Figura 3: Delimitação da região Semiárida brasileira. Fonte: (DELAZERI, 2015) As regiões semiáridas são conhecidas por possuírem baixas precipitações, deficiência hídrica, solos com baixo acúmulo de matéria orgânica e nutrientes, salientando que se caracteriza pelo alto índice de pobreza, altos índices de analfabetismo, indicadores socioeconômicos baixos, como também concentrada estrutura hídrica produtiva e social, boa parte situa-se mais no meio rural (TEIXEIRA e PIRES, 2017). 25 O Nordeste do Brasil possui cerca de aproximadamente 121.911.200hectares, 60.246.021 desses hectares é chamada de polígono das secas área que Ribeira do Pombal está localizada. As irregularidades das chuvas, assim, como temperaturas elevadas são características decorrentes que afetam oito estados que vão do Piauí até a Bahia e um estado localizado na região sudeste do país, Minas Gerais. Com relação aos fatores físicos característicos de uma paisagem semiárida, os solos rasos e pedregosos cobertos da vegetação caatinga trazem desafios ao homem que usava esses recursos para a sua sobrevivência (RAMALHO, 2013). Para Pereira e Gonzalez (2014), as regiões Norte e Nordeste do país são as regiões que possuem mais vulnerabilidade e as que mais são afetadas com relação as mudanças climáticas. Se tratando da região Nordeste a quantidade das chuvas diminuiriam cerca de 2-2,5 mm/dia até 2100, consequentemente afetaria, de forma negativa, a agricultura e as pastagens não se esquecendo que também atinge o pastoreio dos animais em campo. Especificamente, o semiárido tem sua história voltada para a variabilidade climática em destaque as secas. O semiárido é uma região com bastante insolação e temperaturas elevadas com 300mm e 800mm em média. Contudo, há dois problemas a retratar: um deles é grande variabilidade interanual e intra-anual, em que alguns anos pode chover muito pouco, em poucos meses ou então semanas. O outro problema são as altas taxas de evapotranspiração, resultam que o balanço hídrico seja negativo em boa parte do ano (MENZES et al., 2011). Além da insegurança hídrica que os efeitos da escassez de água trazem para a agricultura, há tendências de sofrerem com o aumento das temperaturas e consequentemente aumento da evapotranspiração, substituindo a vegetação semiárida para uma vegetação de ambientes áridos. Esses acontecimentos tendem a resultar em situações onde o mapa agrícola é afetado e a segurança alimentar tende a diminuir, além de trazer resultados negativos com semelhança à relação comercial em que a exportação de alimentos tende a cair (ROJAS e FABRE, 2017). Diante do que foi exposto, é possível perceber que, conforme os acontecimentos do aumento de temperatura e a diminuição da disponibilidade hídrica na região semiárida, as mudanças no clima tendem a afetar e piorar de forma negativa as condições climáticas, sociais e econômicas. Da quais agravam as questões de pobreza, desigualdade de renda relacionadas às diversas variações climáticas 26 resultando na desistência dos moradores a permanecerem na zona rural fazendo com que migrem para localidades urbanas. 2.4 Fatores que influenciam a produtividade da soja Para obter uma lavoura com população adequada, depende de muitos fatores, que variam de um bom preparo do solo, semeaduras feitas em épocas onde há melhor e maior disponibilidade hídrica, a utilização correta de herbicidas, regulagem da semeadora como a densidade e profundidade e, por fim, a obtenção de sementes com alta qualidade e procedência (VAZQUEZ et al., 2008). Segundo Vivan et al. (2013), a produtividade de uma cultura pode ser definida pela interação genótipo ambiente, ou seja, entre o genótipo da planta, o ambiente de produção e o seu manejo, então, quando ocorre a indisponibilidade de um desses fatores para o desenvolvimento, a tendência é o surgimento da interferência dos resultados, em que pode haver perdas na produção. Vale ressaltar que é importante obter o conhecimento dos estádios de seu desenvolvimento e a fisiologia onde juntos às interações com o ambiente possam alcançar elevados níveis de produtividade. Diante disso, é essencial fazer o zoneamento agrícola para cada região que determinará a melhor época de semeadura para cada município e, assim, possa permitir um melhor desenvolvimento do cultivo. O fotoperíodo e a temperatura possuem grande influência sobre o número de primórdios reprodutivos e a taxa de desenvolvimento, estes refletem na estatura de planta o ciclo e o seu potencial na produtividade de grãos(PEDROTTI, 2014). Conforme Wink (2017), a fenologia depende de vários fatores agrometereológicos em que as plantas possuem certa sensibilidade em cada estádio que se encontra do seu desenvolvimento. A ideia é, para poder otimizar a produtividade, é imprescindível que haja coincidência com os estágios fenológicos críticos junto com as condições do ambiente mais favoráveis diminuindo o estresse nos estágios mais vulneráveis e sensíveis. O autor ainda enfatiza que, dentro dos fatores limitantes para a produção de soja, pode-se dar destaque a época de semeadura, cultivares, adubação e o arranjo de plantas. Para mais precisão sobre os fatores limitantes, vale ressaltar a falta da 27 integridade da área foliar, a captação da luz solar e a capacidade da translocação dos fotoassimilados. 2.4.1 Morfologia, fisiologia da soja e fenologia A soja é um vegetal herbáceo pertencente à família das Leguminosas, possui caule híspido, não muito ramificado com raízes do tipo pivotante, seu caule é do tipo herbáceo, ereto, revestido de pelos com altura média de 0,5 a 1,5 m. Possui três tipos de folhas: que são as cotiledonares, as simples e as trifolioladas. Suas folhas são do tipo alternadas, com pecíolos grandes de 7 a 15 cm de comprimento, suas flores são de fecundação autógama, com cores que variam de branca, roxa ou intermediária. Essa cultura desenvolve vagens levemente arqueadas que, de acordo com o amadurecimento, ocorre a mudança da cor verde para um marrom-claro, contendo de uma a cinco sementes lisas, elípticas ou globosas, com coloração amarelo pálido, de hilo preto, marrom ou amarelo-palha (SILVA, 2018). As sementes são arredondadas, achatadas ou então, alongadas de cores e tamanhos diferentes (NOGUEIRA et al., 2013). As flores da soja podem ser completas ou perfeitas, possui cálice e corola e órgãos sexuais que são o gineceu e androceu, então, hermafrodita e esse tipo de flor favorece autofecundação. Possui tamanho variando entre 3 a 10mm, inflorescência ocorre na parte das axilas das folhas como também na parte do ápice das ramificações do caule. A abertura das flores ocorre no período da manhã, influenciada por questões da temperatura e humidade (VIEIRA et al., 2010). Figura 4: Plântula da soja. Fonte: (Farias, 2007) 28 A semente da soja possui a germinação do tipo hipógea, os cotilédones continuam abaixo do solo e não há o desenvolvimento do hipocótilo e sim o do epicótilo. Os cotilédones são mais carnosos e ricos em nutrientes onde são usados para a germinação e no estabelecimento inicial. Vale ressaltar que necessitam de menos nutrientes para o desenvolvimento geralmente são encontrados em solos mais pobres. Essas espécies também não precisam de tanta luz para seu estabelecimento. Tais plantas que possuem esse tipo de germinação se estabelecem de forma mais lenta, porém em compensação crescem mais rápido do que plantas com germinação epígea, depois da fase de estabelecimento (GURGEL et al., 2012). Para a implantação de uma lavoura, um dos pontos que devem ser bastante considerados e de grande importância é o vigor das sementes, pois é um dos principais atributos com relação à qualidade fisiológica. Sementes que possuem baixo vigor tendem a não alcançar boa produtividade principalmente no crescimento inicial da cultura (SCHEEREN et al., 2010). Os processos fisiológicos tanto da germinação quanto o vigor são influenciados pelos teores de proteínas, lipídios, amido e açúcares onde as sementes de baixo vigor tem uma velocidade de emergência inferior comparada com sementes de alto vigor. As sementes de soja, vindas de outras cultivares, podem ter uma variância com relação à composição química por causa das condições ambientais da qual possa estar inserida com potenciais reflexos em relação à qualidade fisiológica (DELARMELINO-FERRARESI et al., 2014). As plantas da soja possuem duas fases do seu desenvolvimento: a vegetativa representada pelo V e a reprodutiva representada pelo F. Na fase vegetativa é subdividida em V1, V2 e V3 indo até o Vn. Os dois primeiros estádios não contam, pois ambos são caracterizados como estádio de emergência e estádio de cotilédone (VE e VC). O Vn caracteriza o último nó formado onde “n” variar em função das condições do ambiente que se encontra (FARIAS et al., 2007). Retrata, ainda, que esse sistema de divisão dos estádios da soja em reprodutivos e vegetativos são uma metodologia proposta pelos estudos de Water R. Fer e Charles E. Caviness em 1977 os estádios são de grande utilidade para pesquisadores, agentes das assistências tanto técnicas quanto públicas e privadas, extensionistas e produtores. Utiliza-se em todo mundo apresentando todas essas características. 29 : Figura 5: Estádios vegetativos da cultura da soja fundamentado na escala fenológica de Water R. Fer e Charles E. Caviness Fonte: (FARIAS et al, 2007). O estádio vegetativo representa a emergência dos cotilédones, depois da emergência o hipocotilio que está curvo se endireita, para seu crescimento e os cotilédones se abrem e também se expandem. No estádio VC os cotilédones estão abertos e expandidos, os seus bordos e as folhas unifolioladas não se tocam, porém a planta continua dependente das reservas dos cotilédones para as suas necessidades nutricionais (FARIAS et al., 2007). Tratando-se dos estádios reprodutivos da cultura da soja eles se constituem de quatro fases do seu desenvolvimento reprodutivo que são as fases do florescimento que vai do estádio R1 ao R2, o desenvolvimento da vagem ocorrendo do estádio R3 e R4, os desenvolvimentos dos grãos com os estádios R5 e R6 e por fim, a fase de maturação da planta, concluída pelos estádios R7 e R8 (BERNIS e VIANA, 2015). Durante todos os estádios, é importante que a planta esteja nutrida com boa disponibilidade para a absorção de água e nutrientes através do solo ou então via foliar. Cada nutriente possui um papel com relação ao metabolismo das plantas, qualquer desequilíbrio do seu fornecimento podem causar sérios danos ao desenvolvimento como também poderá causar a morte. O nitrogênio é o nutriente da qual a planta mais necessita, pois constitui-se de ácidos nucleicos, proteína e as moléculas. Por causa do seu alto teor de proteínas nos grãos, consequentemente há uma demanda maior da necessidade do Nitrogênio (BERNIS e VIANA, 2015). 2.4.2 Metabolismo É uma planta do metabolismo fotossintético tipo C3, em que plantas pertencentes a este ciclo fotossintético recebem esse nome pelo ácido 3-fosfoglicérico, formado após a fixação do CO2 abrangendo aquelas plantas que possuem somente a enzima Rubisco, que pertence ao Ciclo de 30 Calvin, uma alternativa para a fixação do carbono. As taxas de fotossíntese dessas plantas são elevadas o tempo todo, atingem as taxas máximas de fotossíntese em baixos índices de radiação solar. Vale ressaltar que são consideradas espécies que consomem muita água (VIEIRA et al., 2010). Os estômatos de plantas C3 se abrem durante o dia, quando a absorção de CO2 torna-se necessária para que possa realizar a fotossíntese. A abertura dos estômatos ocorre em um período que necessita de grande demanda respiratória onde a captação do CO2 para o processo fotossintético vem acompanhado de uma alta perda de água (SILVEIRA, 2013). A perda de água decorrente da evaporação, principalmente da área foliar, via os estômatos abertos para a atmosfera se chama transpiração, quando gera tensões na translocação da água na planta e também do movimento passivo da água do solo para a planta. Ao sofrer com a menor disponibilidade de água, consequentemente ocorrerá uma certa diminuição da passagem de água para a atmosfera vindo da planta em que consequentemente acarreta um novo ajuste metabólico. Quando ocorre o fechamento estomático, apresenta-se como uma resposta ao déficit hídrico que a planta sofre no campo onde geralimitação da difusão do CO2 para dentro das folhas como também para evitar maiores perdas de água (FERRARI et al., 2017). De acordo com Ferrari et al (2017), a difusão do CO2 é restringida acarretando numa baixa concentração interna, afeta a fotossíntese da planta fazendo com que haja uma diminuição, prejudicando o funcionamento do rubisco. Grandes concentrações do CO2 na atmosfera favorecem o desenvolvimento das plantas, o mesmo é um componente básico da fotossíntese, o aumento da sua concentração pode então promover alterações no metabolismo , crescimento e também nos processos fisiológicos (LESSIN e GHINI, 2009). O CO2 sob altas concentrações pode aumentar a fotossíntese líquida de plantas com metabolismo C3 porque a enzima Rubisco participa tanto fixação de CO2 quanto na fotorrespiração. Assim, quando ocorre um aumento da concentração ambiente do CO2 também aumenta a concentração interna de CO2 e também a proporção CO2/O2 no sítio do Rubisco favorecendo a carboxilação sobre a oxigenação na ribulose1,5-bifosfato. Vale ressaltar que as elevadas concentrações do CO2 conseguem incrementar na assimilação em plantas tipo C3 pelas razões da redução da fotorrespiração e o aumento da disponibilidade do substrato Rubisco (FEITOSA, 2014). 31 Figura 6:Rendimento comparado de plantas C3 e C4 Fonte: BUCKERIDGE et al (2009) Em resposta à diminuição da quantidade de água fornecida no solo resulta no processo de expansão celular, processo do qual depende da turgência da planta. Quando ocorrem situações em que o déficit hídrico é mais severo, outros processos fisiológicos são afetados tais como: efeitos no acúmulo dos assimilados, redução da taxa de assimilação do carbono e o aumento da taxa respiratória (FIOREZE et al., 2011). 2.4.3 Clima e temperatura A cultura da soja possui melhor adaptação em regiões que possuam temperaturas entre 20°C e 30°C. 25°C é a temperatura para uma emergência rápida e uniforme. As regiões que tenham temperaturas menores que 10°C não são boas para o cultivo da soja, pois suas baixas temperaturas interferem no crescimento e desenvolvimento. A soja apenas florescerá se for induzida a temperaturas acima de 13°C mas, se for submetida a temperaturas acima de 40°C, ocorrerá o efeito adverso na sua taxa de crescimento, acarretando distúrbios na floração consequentemente a diminuição na altura da planta e diminuição da capacidade de retenção das vagens. Temperaturas elevadas também podem ocasionar maturação acelerada da soja, e quando associadas a alta umidade podem interferir na qualidade dos grãos. Todos esses problemas podem se agravar ao mesmo tempo, se a cultura sofrer déficits hídricos (FARIAS et al., 2007). Segundo Soares (2016), temperaturas muito altas interferem na germinação do polém como também no crescimento do tubo polínico, além disso, os fatores de temperaturas elevadas prejudicam o crescimento vegetativo. As temperaturas mais amenas reduzem as atividades fotossintéticas e também o crescimento da planta por causa da diminuição da ativação e atividades 32 das enzimas diferente do que ocorre quando estão elevadas onde o primeiro efeito a acontecer é o processo de fotólise da água. O desenvolvimento reprodutivo da soja é o período mais sensível ao estresse, pois quando acontece durante o florescimento e a formação das vagens (estágio R1- R4) há interferência no número de sementes e quando é no processo de enchimento de grãos (estágio R5-R6) acontece a redução da massa de sementes. Dito isto, para que haja melhor aproveitamento do desenvolvimento da cultura e seu rendimento, é essencial que se tenha o máximo do aproveitamento das condições climáticas oferecidas. E importante que o plantio seja feito em datas que se coincidam com os períodos críticos da soja junto com os de máxima disponibilidade hídrica. A duração dos subperíodos das fases do ciclo vegetativo da cultura depende da temperatura da qual é induzida em que estes subperíodos tendem a obter um decréscimo à medida que há aumento das temperaturas. A soja tem sensibilidade ao fotoperíodo essa sensibilidade pode variar de acordo com as cultivares. Plantas que possuem sensibilidade aos fotoperíodos são denominadas de plantas de dias curtos por terem o seu florescimento induzido quando há diminuição do fotoperíodo igual ou então maior do que a cultivar exige. Com o avanço de novas tecnologias, há programas de melhoramento genético em que foram obtidas plantas com genes capazes de prolongarem o período juvenil e serem adaptadas a regiões tropicais (EMBRAPA 2011). 2.4.4 Estresse hídrico e irrigação O início do estresse hídrico se dá quando a planta para de fazer ajustes dos processos relacionados a absorção de água e transpiração e com isso, ocorrerá a limitação da transpiração pelo fato da ausência e água no solo. A planta vai possuir uma taxa de transpiração maior do que a taxa de absorção, nesse sentido, haverá perda de turgência tanto das células quanto dos tecidos vegetais. É importante saber que o estresse hídrico pode ocorrer de duas formas diferentes no solo que são a inundação ou estar seco. O solo estando seco pode-se, então, caracterizá-lo como um déficit hídrico (LOPEZ e LIMA, 2015). O déficit hídrico é o principal responsável pela perda de produção da soja, esse problema está associado ao fato de que na germinação-emergência tanto o excesso quanto o déficit de água ambos são prejudiciais para a obtenção da uniformidade na população de plantas. A semente no mínimo precisa absorver cerca de 50% de seu peso em água para que se tenha uma boa germinação, com relação ao conteúdo de água no solo o mesmo não pode ultrapassar os 85% 33 do total máximo de água disponível, mas também não pode ser inferior a 50%. A necessidade de água que a planta precisa, aumenta de acordo com o seu desenvolvimento, atingindo o seu máximo durante a floração-enchimento de grãos cerca de 7 a 8 mm/dia (BUAINAIN e VIEIRA, 2011). Quando é submetida ao estresse, causado por deficiência de água, a planta possui pouco desenvolvimento, apresentando pequena estatura, diminuição da área foliar , os entrenós curtos, os tecidos vegetais tendem a ter um aspecto de murcha e os folíolos se fecham para diminuir a exposição da área foliar. Com a severidade do estresse, ou seja, com o agravamento das secas em muitos casos pode acarretar a morte da planta (FERRARI e SILVA, 2015). A ocorrência de estresse hídrico na planta causa uma redução do potencial de água via foliar como também abertura dos seus estômatos, consequentemente haverá menor regulação dos genes que estão relacionados à fotossíntese e acesso ao CO2 (BARBOSA, 2017) Para alcançar o máximo do potencial da produtividade de grãos, a soja necessita entre 450 e 850 mm por ciclo. A variabilidade da distribuição das chuvas também é um fator limitante para o desenvolvimento da planta. Quando as instabilidades das precipitações aumentam, buscam-se alternativas para amenizar ou solucionar o problema, uma delas é o uso da irrigação (SILVA, 2011). É perceptível que a falta de água é extremamente prejudicial para o desenvolvimento das plantas, assim, os produtores devem buscar melhorias com relação a este, adquiridas para minimizar tais problemas que se forem manejadas de forma correta podem, então, repor a água perdida pelo processo de evapotranspiração, evitando que a planta entre em estresse (BARBOSA, 2017). De acordo com Gava et al (2016), uso da irrigação é umas das práticas mais eficazes para se obter melhorias com relação à produtividade e qualidade dos grãos tendo como uma boa vantagem é que as áreas irrigadas não terão problemas com relação às plantas não competirem por água. Vale ressaltar que a cultura da soja (Glycine Max, (L.) Merrill.) é uma planta que possui resistência ao estresse hídrico, porém essa condição não pode ocorrer nos estádios críticos da plantatais como na sua fase inicial, na fase de floração e enchimento de grãos. Segundo Barbosa (2017), com relação à Agência Nacional de Águas – ANA , o território nacional possui cerca de a 29,6 milhões de hectares que podem ser irrigados, porém, apenas 6,11 milhões possuem o sistema de irrigação. Para que se possa aumentar a área irrigada é necessário conscientizar os produtores da importância do correto manejo de irrigação nas lavouras, feito isso, os resultados obtidos podem chegar até 90% de toda eficiência no uso dos recursos hídricos. 34 Nessa ótica, é essencial que seja determinado qual o momento ideal para fazer a realização da irrigação nas propriedades. Na irrigação há discussões sobre a possibilidade de evitar as perdas na produção da soja utilizando a irrigação suplementar que consistirá na irrigação ser feita nos períodos mais críticos da cultura e estando sob condições de déficit hídrico. A quantidade de água na irrigação deve atender as necessidades da cultura de forma sustentável, planejada tanto para localidades com chuvas significativas quanto para localidades com mais escassez (SILVA et al, 2020). A escolha do método de irrigação a ser usado na área deve ser baseada de acordo com as condições econômicas, ambientais, na viabilidade técnica e nos benefícios sociais. Estão incluídos nos métodos de irrigação por aspersão em que a água é expelida para o ar pelo aspersor simulando uma chuva artificial e o de irrigação localizada. No método da irrigação localizada a água é aplicada no solo diretamente na raiz da planta em menor intensidade e com maior frequência (PIMENTEL, 2021). 2.4.5 Plantio A época de semeadura e o arranjo espacial são características que devem ser colocadas em práticas e obterem total atenção pois ambos os fatores afetam o rendimento, a arquitetura e o comportamento da planta. Com relação ao fator econômico a época de semeadura é a prática de manejo da qual melhora o desenvolvimento e o rendimento dos grãos com um número menor de recursos. Por isso, é de grande importância o estudo da época de semeadura (MEOTTI et al, 2012). Plantas que estejam mal distribuídas em campo não aproveitam os recursos disponíveis tais como água, luz e nutrientes. Os espaços vazios entre as plantas facilitam a infestação de plantas daninhas e diminui o porte da soja e com essa redução acarreta redução da produtividade além de dificultar a colheita mecanizada (GIBBERT et al, 2018). O cultivo da soja pode ser feito pelo sistema de plantio direto e o convencional, em que o Sistema de Plantio Direto(SPD) é de manejo em que a palha e os restos vegetais são deixados propositalmente na superfície do solo, revolvido no sulco em que são depositadas as sementes e os fertilizantes, diferente do plantio convencional utilizado técnicas para o preparo do solo e controle fitossanitário, fazendo arações e gradagem em que removem a vegetação do terreno, fazem destorroamento e 35 nivelamento, a semeadura, adubação e passada a etapa de plantio as culturas podem então ser tratadas (FERREIRA et al, 2015). O sistema de plantio direto torna-se uma boa opção para o cultivo da soja, pois durante os períodos de seca, as plantas de cobertura do solo protegem a planta contra variações de temperatura, diminui a evaporação de água, aumenta a infiltração da água no solo, aumenta, assim, o teor de água disponível para as plantas, resultando em maior resistência nos períodos de déficit hídrico. Vale ressaltar que nos períodos chuvosos, a cobertura do solo reduz os impactos das gotas de chuva diminuindo as perdas de solo pela erosão (PIRES et al., 2015). Figura 7: Soja sob plantio direto Figura 8: Solo arado e gradeado Fonte: KURTZ, Paulo Odilon Fonte: Ramon Costa Alvarenga Para que esse sistema seja efetivado, é fundamental que se solucionem os problemas por ocasião da sua instalação como os de compactação do solo, baixa disponibilidade de matéria orgânica, pouca fertilidade, presença de plantas daninhas, maior consumo de energia ocasionada pela escolha inadequada de maquinários. O revolvimento do solo deve ser mínimo, as máquinas para a semeadura devem cortar a palhada superficialmente e abrir o sulco para colocar o fertilizante na dosagem certa como também a profundidade e posições corretas. Logo após, o sulco deve ser fechado e em seguida, aberto para que as sementes possam ser colocadas (CASÃO JUNIOR e CAMPOS, 2004) É importante que se faça a correção da acidez do solo, através da calagem, pois esse é um dos primeiros passos para poder alcançar e adquirir altas produtividades em áreas recém descobertas, lembrando de não haver descuido em áreas já cultivadas. A disponibilidade de nutrientes no solo também é um dos fatores que mais afetam a produtividade, pode se apresentar naturalmente elevado, como 36 também pode-se construir ou, então, recuperar fazendo o manejo correto do solo (OLIVEIRA et al., 2008). Para ocorrer uma boa condução da lavoura de soja foram geradas novas tecnologias de plantio em que se destacam gradativamente, como o plantio cruzado, plantio em fileira dupla e plantio adensado. Independentemente de qual escolha seja feita o plantio deve possuir um bom manejo e planejamento adequado, pois esses dois fatores são quem determinam o sucesso ou insucesso da produtividade de qualquer lavoura (BISINELLA e SIMONETTI, 2017). O plantio cruzado possui a finalidade de obter ganhos produtivos, esse tipo de semeadura tende a distribuir as sementes em linhas paralelas da mesma forma que é realizado o método convencional, seguida de uma nova distribuição na área, em sentindo perpendicular ao primeiro plantio às linhas formam um ângulo de 90º desenvolvendo como se fosse uma linha de xadrez. Há também relatos que a produtividade da soja aumenta quando se faz uma redução do espaçamento entre linhas junto com à redução da densidade proporcionado melhor distribuição das plantas e produtividade (ANDRADE et al., 2016). Segundo Carvalho et al. (2013), no método convencional geralmente utilizam- se combinações de espaçamentos de 40 a 50 cm com a população de mais ou menos 40 plantas. No método da redução do espaçamento entre linhas tem sido uma prática vantajosa em que muitos experimentos obtiveram rendimentos. O adensamento de plantas provoca aumento de temperatura e umidade do ar, proporcionando ao ambiente o desenvolvimento de doenças, pois promove aos patógenos um ambiente favorável para a disseminação e maximização da infestação (ROESE et al., 2012). A semeadura feita em fileira dupla, permite haver alta intensidade de penetração de luz, de agroquímicos no dossel, ocasionando um aumento a taxa fotossintética, sanidade e a longevidade das folhas próximas ao solo podendo melhorar e acelerar a produtividade dos grãos de soja. Esse tipo de semeadura é feito em muitos países podendo destacar como principal os Estados Unidos. A probabilidade de infestação de plantas daninhas nesse arranjo pode ser maior por causa do menor fechamento do dossel referente ficarem mais expostas à luminosidade (BALBINOT et al., 2014). 37 2.4.5.1 Rotação de culturas A rotação de culturas tem recebido reconhecimento com o passar do tempo mediante o ponto de vista técnico se tratando de um cultivo de desenvolvimento sustentável. Nessa ótica, é primordial o uso de várias culturas com diferentes raízes agressivas e abundantes, uma vantagem para o produtor tendo como destaque o aumento da produção de grãos (THOMAS e COSTA, 2010). Aderiu-se, no Brasil, o sistema de rotação de culturas por causa do sistema de plantio direto, este é um dos princípios básicos do sistema. A rotação de culturas não consiste em fazer isto com diversas culturas em uma área, envolve um bom manejo para que dê certo.A utilização de material orgânico é indispensável para esse processo, pois os restos vegetais que ficam sobre o solo se decompõem contribuindo para a fertilidade do solo junto ao desenvolvimento da planta (AMADO et al, 2002). O sistema de plantio direto unido ao sistema de rotação de culturas dá ao solo melhor estrutura, em que se deve atentar à escolha da cultura, à matéria orgânica do solo e à sua textura, pois esses três fatores são muito importantes para atender a boa produtividade. Bons cuidados com o solo e o correto manejo irão influenciar sobre qualidade e estrutura em relação à água, nutrientes e desenvolvimento das raízes (MOTTIN et al., 2016). A rotação possui muitas vantagens com relação à monocultura sendo um deles a infestação de plantas daninhas. A monocultura favorece a incidência das plantas invasoras, surgimento de pragas e doenças dentro da lavoura. Contudo, a rotação é bem-vinda e traz muitos benefícios se tratando do solo diminuindo as pragas, doenças, incidências de plantas daninhas, consequentemente também diminuirá nos custos (Santos et al., 2014). Feita de forma correta e bem planejada, essa prática acarreta em resultados positivos como a dependência de insumos. Esses resultados ocorrem em consequência da promoção de nutrientes, a eficiência do ciclo e o uso dos recursos naturais como a água da qual auxilia na manutenção de produtividade do solo e também no controle de pragas e doenças. Pode também influenciar na ocorrência de algumas plantas daninhas, pois alguns organismos se desenvolvem mais uma planta do que em outra (MELLO, 2015). A escolha correta das espécies para a cobertura de solo para a rotação precisa ser adaptada para cada região, com ciclos compatíveis com a entre safra das 38 principais cultivares comerciais com resistência a pragas, doenças, raízes profundas que possam romper a compactação do solo e produzir biomassa que proporcione cobertura do solo. As espécies mais indicadas a serem utilizadas como adubo verde são aveia, milheto, diversas espécies de forrageiras, tremoço e girassol. O tremoço possui grande capacidade de fixação de nitrogênio do ar. Se tratando dos benefícios decorrentes pela utilização dessas culturas, vale ressaltar a elevação do teor de carbono no solo e menores perdas por lixiviação dos nutrientes solúveis em forma de nitrato (GONÇALVES et al., 2007). SOJA MILHO TRIGO TREMOÇO Tabela 2: Esquema ilustrativo da rotação de culturas Fonte: Criação do autor (produzido em 2021) 2.4.5.2 Consórcio O consórcio propõe o cultivo de mais de uma espécie em uma determinada área afim de obter maior produtividade. A exigência nutricional das plantas consorciadas pode sofrer alterações por conta da interação das plantas em comparação à adubação feita na monocultura. No consórcio, a soja se beneficia fornecendo nitrogênio vinda da fixação biológica que atende a sua exigência, além de melhorar a fertilidade do solo, o ponto negativo é que a fixação biológica feita pela cultura não atende às necessidades de consorte e, além disso, é essencial fornecer adubações com outros nutrientes com maiores teores (MARQUES et al., 2021). De acordo com Cunha et al., (2014) na maioria dos estudos feitos, são usadas na adubação dos consórcios iguais dosagens de nutrientes recomendadas na monocultura. Assim, corrigidas nutricionalmente, as plantas em consorte tendem a ter maior índice de produção e de rendimento podendo ser então destinadas à nutrição animal. O consórcio de milho e soja se torna viável para a produção e silagem sendo esta uma boa estratégia para a alimentação animal em sistemas de criação intensiva para 39 a produção de carne e leite, pois permite a armazenagem em grande quantidade no intuito de fornecer aos animais nas épocas em que a forragem se encontra mais escassa e com baixa qualidade nutricional (KLEIN et al., 2018). Para o sucesso no estabelecimento do consórcio, é importante cautela na escolha das cultivares visando entender que haverá competitividade entre as plantas por espaço e recursos para o desenvolvimento e crescimento das plantas. Nessa análise, é essencial haver grau de compatibilidade, característica de crescimento e as competições por água, luz e nutrientes para que não haja interferência na produtividade (HIRAKURI et al., 2012). Para a consorciação com a soja, é importante o uso de cultivares adequadas e adaptadas a esse tipo de sistema, isso se dá pelos motivos de que o consorciamento de culturas possui características fisiológicas distintas dos monocultivos e necessita de cultivares com diferentes comportamentos no intuito da adequada adaptação ao consórcio (DE REZENDE et al., 2011). De acordo com Garcia (2016), a utilização de leguminosas consorciadas com gramíneas é uma estratégia para a fixação biológica de Nitrogênio que auxilia os teores e a disponibilidade do mesmo no solo, deixando disponível para a próxima cultura sucessora no sistema de plantio direto além da possibilidade da ensilagem do material no intuito de buscar um alimento de boa qualidade nutricional. Além de poderem contribuir com a fixação de nitrogênio, as leguminosas podem induzir a solubilização e o acúmulo de outros nutrientes na rizosfera como também nos vegetais que estão acima do solo. Essas também podem diminuir a emissão dos gases do efeito estufa como o dióxido de carbono e o oxido nitroso comparado com a fertilização mineral com nitrogênio, obtendo um papel importante com relação ao sequestro de carbono no solo (MORAIS e MEURER, 2015) 2.4.6 Adubação As plantas retiram da natureza todos os nutrientes dos quais são necessários para seu total desenvolvimento e sobrevivência, tendo os orgânicos como o Carbono (C), Oxigênio (O), Hidrogênio (H) e os minerais. São divididos em dois grupos que são os macronutrientes e os micronutrientes. (Ca), Magnésio (Mg) e Enxofre (S). E os micronutrientes, classificam-se o Boro (B), Cloro (Cl), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Molibdênio (Mo), Zinco (Zn) e Níquel (Ni) (DOMINGOS et al., 2015). 40 Na cultura da soja, o Nitrogênio (N) é o nutriente do qual possui maior demanda e quantidade principalmente na fase reprodutiva, a maior parte está destinado para os grãos, enquanto a menor fica distribuída entre as folhas, caules e raízes. A adubação nitrogenada feita por fertilizantes não é tão utilizada pelos agricultores, pois a fixação biológica desse macronutriente tornou-se uma melhor alternativa para o seu fornecimento. Assim, a inoculação das bactérias do gênero Bradyrhizobium são utilizados, mas existem fatores que podem atrapalhar o funcionamento adequado das mesmas com relação ao processo de fixação de nitrogênio tais como: estresse hídrico, solos encharcados, compactação e níveis de acidez e fertilidade muito baixos. Quando se está submetida às condições impróprias para um bom funcionamento dessas bactérias, o fornecimento de nitrogênio via fertilizantes torne-se uma alternativa eficiente para as lavouras (BAHRY et al., 2013). Segundo Tavares et al., (2013) depois do Nitrogênio, o potássio é o segundo nutriente mais absorvido pela planta na cultura da soja, possui atuação em muitos aspectos estruturais, fisiológicos e bioquímicos das plantas. Uma suplementação adequada contribui na estrutura da planta em que ajuda a dificultar na penetração de patógenos e diminui a incidência ao acamamento. Apresenta ação enzimática como é um dos responsáveis pela abertura e fechamento dos estômatos e faz a regulação osmótica dos tecidos. A deficiência desse nutriente causa clorose interneval, necrose nas bordas no ápice das folhas mais velhas. Ainda é retratado que junto com a baixa disponibilidade desse nutriente há também as chances das perdas ocorrerem por lixiviação quando é aplicado
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