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e-BOOK 30 Ferramentas para Terapia Cognitiva Comportamental Sumário COMPREENDENDO O PÂNICO E A ANSIEDADE .......................................................................................... 3 Reescreva o livro de regras da sua ansiedade social .................................................................................. 8 Perdoando a si mesmo ............................................................................................................................... 9 Pensar rápido ou devagar: eis a questão ................................................................................................. 10 Círculos Viciosos da Depressão ................................................................................................................ 11 Estilos de Pensamentos Disfuncionais...................................................................................................... 14 E agora , o que vamos fazer? .................................................................................................................... 19 Entenda o porquê de cada sintoma do pânico ......................................................................................... 20 Distorções Cognitivas e Respostas Alternativas ....................................................................................... 22 Mitos sobre a sexualidade ........................................................................................................................ 23 Pensamentos Intrusivos: Por que eles persistem? ................................................................................... 24 Avaliando a Inflexibilidade Psicológica: 6 processos centrais .................................................................. 25 Coletando a história do cliente................................................................................................................. 26 A FUNÇÃO DAS EMOÇÕES ........................................................................................................................ 29 Compromisso com a Ação Baseada em Valores ....................................................................................... 30 O que posso vs o que não posso controlar............................................................................................... 31 Valores, Objetivos, Ações e Barreiras ....................................................................................................... 32 Formulário para avaliação da Flexibilidade Psicológica ........................................................................... 33 Identificando a armadilha da depressão .................................................................................................. 35 Lidando com Sentimentos Difíceis ........................................................................................................... 38 Meu valor, meu compromisso .................................................................................................................. 41 O que é importante para você? ................................................................................................................ 42 O que eu posso fazer quando não sou validado ...................................................................................... 44 Os Monstros no Ônibus ............................................................................................................................ 45 Perguntas para Incrementar a Consciência Emocional ............................................................................ 46 Meu plano de aceitação e compromisso.................................................................................................. 47 Prática da Aceitação: Avaliação da Semana ............................................................................................. 48 Questionário da Vida Valorizada .............................................................................................................. 49 Questionário da Vida Valorizada (parte2) ................................................................................................ 50 Reflexões ao final da vida ......................................................................................................................... 51 Vivendo a Experiência em sua Totalidade ................................................................................................ 52 COMPREENDENDO O PÂNICO E A ANSIEDADE1 Embora uma definição verdadeira da ansiedade que cubra todos os seus aspectos seja muito difícil de ser alcançada (apesar das muitas publicações referentes ao assunto), todos conhecem este sentimento. Não há uma só pessoa que nunca tenha experimentado algum grau de ansiedade, seja por estar entrando em uma sala de aula justo antes de uma prova, ou por acordar no meio da noite certo/a de que ouviu algum ruído estranho do lado de fora da casa. Contudo, o que é menos conhecido é que sensações, tais como fortes tonteiras, manchas e borrões dos olhos, dormências ou formigamentos, músculos duros e quase paralisados e sentimentos de falta de ar que podem levar até a sensações de sufocamento ou asfixia, podem também fazer parte da reação de ansiedade. Quando estas sensações ocorrem e as pessoas não entendem o porquê, a ansiedade pode aumentar até níveis de pânico, já que elas imaginam que podem estar tendo alguma doença. Ansiedade é a reação ao perigo ou à ameaça. Cientificamente, ansiedades imediatas ou de curto período são definidas como reações de luta-e-fuga. São assim denominadas porque todos os seus efeitos estão diretamente voltados para lutar ou fugir de um perigo. Assim, o objetivo número um da ansiedade é o de proteger o organismo. Quando nossos ancestrais viviam em caverna, era- lhes vital uma reação automática para que, quando estivessem defrontados com um perigo, fossem capazes de uma ação imediata (atacar ou fugir). Mas, mesmo nos dias agitados de hoje, este é um mecanismo necessário. Imagine que você esta atravessando a rua quando de repente um carro, à toda velocidade, vem em sua direção, buzinando freneticamente. Se você não experimentasse absolutamente nenhuma ansiedade, você seria morto. Contudo, mais provavelmente, sua reação de luta e fuga tomaria conta de você e você correria para sair do caminho dele para ficar em segurança. A moral desta estória é simples – a função da ansiedade é proteger o organismo, não prejudicá-lo. A melhor forma de pensar sobre todos os sistemas de resposta de luta-e-fuga (ansiedade) é lembrar que todos estão voltados para deixar o organismo preparado para uma ação imediata que seu objetivo primordial é protegê-lo. Quando alguma forma de perigo é percebida ou antecipada, o cérebro envia mensagens à uma seção de nervos chamados sistema nervoso autônomo. Este sistema possui duas subseções ou ramos: o sistema nervoso simpático e o sistema nervoso parassimpático. São exatamente estas duas subseções que estão diretamente relacionadas no controle dos níveis de energia do corpo e de sua preparação para a ação. Colocado de uma forma mais simples, o sistema nervoso simpático é o sistema da reação de luta-e-fuga que libera energia e coloca o corpo para a ação; enquanto que o parassimpático é o sistema de restauração que traz o corpo a seu estado normal. Um aspecto importante é que o sistema nervoso simpático tende muito a ser um sistema “tudo- ou-nada”. Isto é, quando ativado, todas as suas partes vão reagir. Em outras palavras: ou todos os sintomas são experimentados ou nenhum deles o é. É raro que ocorram mudanças em apenas uma parte do corpo somente. Isto talvez explique o fato de ataques de pânico envolverem tantos sintomas e não apenas um ou dois. Um dos efeitos principais do sistema nervoso simpático é a liberação de duas substâncias químicas no organismo: adrenalina e noradrenalina, fabricadas pelas glândulas supra-renais. Estas substâncias, por sua vez, são usadas como mensageiras pelo sistema nervoso simpático para continuar a atividade, de modo que, uma vez que estas atividades comecem elas freqüentemente continuam e aumentam durante um certo período de tempo. Contudo, é muito 1 Texto extraído de: Barlow, D. H. (1999). Manual clínico dos transtornos psicológicos. (2. ed.). Porto Alegre: Artmed importante observar que a atividade no sistema nervoso simpático é interrompido de duas formas. Primeiramente, as substâncias que serviam como mensageiras - adrenalina e noradrenalina – são de alguma forma destruídas por outras substâncias do corpo. Segundo, o sistema nervoso parassimpático – que geralmente tem efeitos opostos ao sistema nervoso simpático – fica ativado e restaura uma sensação de relaxamento. É importante perceber que, em algum momento, o corpo cansará da reação de luta-ou-fuga e ele próprio ativará o sistema nervoso parassimpático para restaurar um estado de relaxamento. Em outras palavras, a ansiedade não pode continuar sempre aumentando e entrar numa espiral sempre crescente que conduza a níveis possivelmente prejudiciais. O sistema nervoso parassimpático é um protetor “embutido” que impede o sistema nervoso simpático de se desgovernar. Outra observação importante é que as substâncias mensageiras, adrenalina e noradrenalina, levam algum tempo para serem destruídas. Assim, mesmo depois que o perigo tenha passado e que seu sistema nervoso simpático já tenha parado de reagir, você ainda se sentirá alerta e apreensivo por algum tempo, porque as substâncias ainda estão “flutuando” em seu sistema. Você deve sempre lembrar-se que isto é absolutamente natural e sem perigo. Aliás, isto é uma função adaptativa porque, num ambiente selvagem, o perigo geralmente tem o hábito de atacar de novo, e é útil ao organismo estar preparado para ativar o mais rápido possível a reação de luta-e-fuga. A atividade no sistema nervoso simpático produz uma aceleração do batimento cardíaco, como também um aumento na sua força. Isto é vital para a preparação da luta-ou-fuga, já que ajuda a tornar mais veloz o fluxo de sangue e assim melhora a distribuição de oxigênio nos tecidos e a remoção de produtos inúteis nos mesmos. É devido a isso que experimentamos um batimento cardíaco acelerado ou muito forte, típicos de períodos de alta ansiedade ou pânico. Além da aceleração do batimento cardíaco, há também uma mudança no fluxo do sangue. Basicamente, o sangue redirigido sendo “reduzido” em algumas partes do corpo onde ele não é tão essencial naquele momento (através do estreitamento dos vasos sanguíneos) e é direcionado as partes onde é mais essencial (através da expansão dos vasos sanguíneos). Por exemplo, o fluxo de sangue é reduzido na pele, nos dedos nas mãos e dos pés. Este mecanismo é útil para que, se a pessoa for atacada ou ferida de alguma forma, este mesmo mecanismo impedirá que a pessoa morra por hemorragia. Por isso, durante a ansiedade, a pele fica pálida e sentimos frio em nossas mãos e pés, e até mesmo algumas vezes podemos sentir dormências ou formigamentos. Por outro lado, o sangue é direcionado aos músculos grandes, como os das coxas ou os bíceps, o que ajuda o corpo em sua preparação para ação. A reação de luta-e-fuga esta associada também com o crescimento da velocidade e profundidade da respiração. Isto tem uma importância óbvia para a defesa do organismo, já que os tecidos precisam de mais oxigênio para estarem preparados para a ação. As sensações provocadas por este aumento na função respiratória podem, contudo, incluir sensações de falta de ar, de engasgar ou sufocar, e até mesmo dores e pressões no peito. Também importante é o efeito colateral decorrente do crescimento na função respiratória, especialmente se nenhuma atividade real ocorra, que é a de haver uma redução real do fluxo de sangue para a cabeça. Por ser uma quantidade insignificante, não chega a ser perigoso para a saúde, mas produz uma série de sintomas desagradáveis (mas sem prejuízo algum) e que podem incluir tonteiras, visão borrada, confusão, fuga da realidade e sensações de frio e calor fortes. A ativação da reação de luta-e-fuga produz um aumento na transpiração. Isto tem funções adaptativas importantes, como, por exemplo, tornar a pele mais escorregadia para que, dessa forma, fique mais difícil para um predador agarrar um corpo e também para resfriá-lo de modo a evitar um superaquecimento. A ativação do sistema nervoso simpático produz uma série de outros efeitos, nenhum dos quais, sendo de modo algum prejudicial ao corpo. Por exemplo, as pupilas se dilatam para permitir a entrada de mais luminosidade, o que pode resultar em uma visão borrada, manchas na frente dos olhos e assim por diante. Ocorre também uma redução na produção de saliva, resultando em uma boca seca. Há uma redução na atividade do sistema digestivo, o que geralmente produz náuseas, uma sensação de peso no estomago e também constipação ou diarréia. Por fim, diversos grupos de músculos se tencionam preparando-se para a reação de luta-e-fuga e isso resulta em sintomas de tensão, muitas vezes estendendo-se a dores reais como também a tremores. Acima de tudo, a reação de luta-e-fuga resulta em uma ativação geral do metabolismo corporal. Por isso uma pessoa pode sentir sensações de calor e frio e, porque este processo utiliza muito energia, depois a pessoa se sente geralmente cansada e esgotada. Como já mencionamos antes, a reação de luta-e-fuga prepara o corpo para a ação – seja atacar ou fugir. Por isso, não é surpreendente que os impulsos avassaladores associados com esta reação sejam os de agressão e de desejo de fugir. Quando estes não são capazes de serem realizados (devido à coação social), os estímulos serão freqüentemente expressos por comportamentos como bater os pés, marcar passos ou insultar pessoas. Isto é, os sentimentos produzidos são como os de quem esta preso e esta precisando fugir. O efeito número um da reação de luta-e-fuga é alertar o organismo para a possível existência do perigo. Portanto, há uma mudança automática e imediata na atenção para pesquisar o ambiente em busca de ameaças em potencial. Por isso, passa a ser muito difícil concentrar-se em tarefas diárias quando alguém esta ansioso. Pessoas ansiosas freqüentemente se queixam de ficarem facilmente distraídas durante tarefas do dia-a-dia; de não conseguirem se concentrar e terem problemas de memória. As vezes uma ameaça óbvia não pode ser encontrada. Infelizmente, a maioria das pessoas não aceita o fato de não encontrar uma explicação para alguma coisa. Portanto, em muitos casos, quando as pessoas não conseguem explicar seus sentimentos, elas tentem a procurar em si próprias. Em outras palavras, “se nada exterior esta me deixando ansioso, então deve haver algo de errado comigo mesmo”. Neste caso, o cérebro inventa uma explicação como “eu devo estar morrendo, perdendo o controle ou ficando louco.” Como já vimos, nada poderia ser menos verdadeiro, já que a função primordial da reação de luta-e-fuga é a de proteger o organismo, e não de prejudicá-lo. Por isso mesmo, são pensamentos compreensíveis. Até agora, nós observamos as reações e os componentes da ansiedade em geral ou da reação de luta-e-fuga. Contudo, você pode estar se perguntando como tudo isso se aplica a ataques de pânico. Afinal, porque a reação de luta-e-fuga é ativada durante um ataque de pânico, já que não há, aparentemente, nada a temer? De acordo com uma grande quantidade de pesquisas, parece que pessoas que experimentam ataques de pânico tem medo (p. ex., o que causa o pânico) das próprias sensações de luta-e- fuga. Assim, ataques de pânico podem ser vistos como uma série de sintomas físicos inesperados e uma reação de pânico ou de medo desses sintomas. A segunda parte deste modelo é fácil de ser compreendida. Como já visto antes, a reação de luta-e-fuga (onde os sintomas físicos tem um papel importante) leva o cérebro a procurar perigos. Quando o cérebro não consegue encontrar nenhum perigo óbvio, ele passa a procurar no interior da pessoa e inventa um perigo como “estou morrendo, estou perdendo o controle, etc”. Como as interpretações dos sintomas físicos são assustadoras, é compreensível o aparecimento do medo e do pânico. Por sua vez, estes dois sentimentos produzem mais sintomas físicos, e por isso se introduz um ciclo de sintomas, medo, sintomas, medo e assim por diante. A primeira parte do modelo é mais difícil de ser compreendida: por que você experimenta os sintomas físicos da reação de luta-e-fuga se você não está com medo? Existem muitas formas para que estes sintomas sejam produzidos; não apenas através do medo. Por exemplo, você está estressado e isto resulta em um aumento da produção de adrenalina e outras substancias que, de tempo em tempo, produzem estes sintomas. Este aumento na produção de adrenalina pode ser quimicamente mantido no organismo, mesmo depois do desaparecimento do fator que gerava este stress. Outra possibilidade é que você tende a respirar um pouco mais rápido (hiperventilação sutil) devido a um hábito já aprendido, e isto também pode produzir estes sintomas. Como a hiper-respiração é menos intensa, você pode se acostumar com esta forma de respiração, e não reparar que você está hiper-ventilando. Uma terceira possibilidade é que você esteja experimentando mudanças naturais em seu corpo ( o que todos experimentam, mas nem todos as percebem) e, justamente, por estar constantemente verificando e monitorando seu corpo, você passa a reparar muito mais nestas sensações do que as outras pessoas. Além das duas outras razões já descritas que produzem sintomas físicos (estresse e hiper-respiração), você também poderá se tornar consciente destes sintomas físicos como resultado de um processo denominado condicionamento interoceptivo. Como os sintomas físicos ficaram associados com o trauma do pânico, eles se tornaram sinais significativos de perigos e ameaças a você (isto é, eles se tornaram estímulos condicionados). Como resultado, é muito provável que você se torne altamente sensível a estes sintomas e reaja com receio, simplesmente devido a experiências passadas de pânico com as quais elas foram associadas. Como conseqüência deste tipo de associação condicionada, é possível que sintomas produzidos por atividades regulares sejam também levados ao ponto de uma crise de pânico. Mesmo que não estejamos certos do fato de por que alguém experimenta os sintomas iniciais, assegura-se de que eles são uma parte da reação de luta-e-fuga e por isso inofensivos a qualquer pessoa. Obviamente, então, uma vez acreditando convictamente (100%) que estas sensações físicas não são perigosas, o medo e o pânico desaparecerão e você não mais experimentará ataques de pânico. É claro que, quando diversos ataques já tenham sido experimentados por você, e que você tenha interpretado erroneamente estes sintomas muitas vezes, esta interpretação errada torna-se bastante automática, e assim passa a ser muito difícil de, conscientemente, convencer- se de que estes sintomas são inofensivos. Resumindo, a ansiedade é cientificamente conhecida como reação de luta-e-fuga, sendo sua função primordial de ativar o organismo e de protegê-lo do perigo. Associadas a esta reação estão uma série de mudanças mentais, físicas e comportamentais. É importante notar que, uma vez que o perigo tenha desaparecido, muitas dessas mudanças (especialmente as físicas) continuarão, praticamente com controle autônomo sobre si próprias, devido ao aprendizado e as outras mudanças corporais de longo prazo. Quando os sintomas físicos surgem na ausência de uma explicação óbvia, as pessoas costumam interpretar erradamente os sintomas de luta-e-fuga como indicativos de sérios problemas mentais ou físicos. Neste caso, as próprias sensações podem se tornar ameaçadoras e, justamente por isso, podem desencadear uma nova reação de luta-e-fuga. Muitas pessoas, quando experimentam os sintomas da reação de luta-e-fuga, acreditam estar ficando loucas. Elas costumam mais freqüentemente relacionar tais sintomas com uma doença mental grave, conhecida como esquizofrenia. Observemos um pouco a esquizofrenia para compararmos o quão freqüente isto ocorre. Esquizofrenia é um transtorno grave caracterizado por fortes sintomas, como, por exemplo, fala e pensamento deslocados, algumas vezes levando a balbucios, delírios ou crenças estranhas (p.ex., que mensagens estão sendo percebidas desde o espaço) e alucinações (ouvir vozes falarem dentro da própria cabeça). Também, a esquizofrenia parece ser em grande parte um transtorno com base genética, ocorrendo fortemente em famílias. A esquizofrenia geralmente se inicia de forma gradual e não de repente (como em um ataque de pânico). Também, justamente porque ocorre em famílias, apenas uma certa proporção de pessoas tende a tornar-se esquizofrênica, e ainda, em outras pessoas, nenhuma quantidade de estresse causaria como conseqüência o transtorno em questão. Um terceiro ponto também muito importante é que pessoas esquizofrênicas exibem alguns dos sintomas, leves do transtorno por grande parte de suas vidas (p.ex., pensamentos estranhos e fala florida). Desta forma, se essas características não tiverem sido ainda percebidas em sua personalidade, a maior probabilidade é de você não se tornar um esquizofrênico. Esta chance diminui ainda se você já tem mais de 25 anos, já que a esquizofrenia surge geralmente no final da adolescência até os 20 anos. Finalmente, se você já passou por entrevistas com um psicólogo ou psiquiatra, você pode estar certo de que eles saberiam imediatamente diagnosticá-lo como esquizofrênico. Algumas pessoas acreditam que vão “perder o controle”quando entrarem em pânico. Presumivelmente, elas acham que vão paralisar completamente e ficarão incapazes de se mover, ou que não vão saber o que estão fazendo e por isso vão sair disparados matando pessoas, ou gritando obscenidades e se envergonhando diante de outros. Por outro lado, podem não saber o que possa acontecer, mas podem também experimentar um sentimento dominante de “catástrofe iminente”. Considerando nossas discussões anteriores, podemos agora saber de onde surge este sentimento. Durante uma crise de ansiedade, o corpo esta preparado para ação e neste momento há um enorme desejo de fuga. Contudo, a reação de luta-e-fuga não está preparada e treinada a prejudicar terceiros (que não sejam uma ameaça) e não produzirá paralisia. Ao invés disso, toda reação é direcionada a afastar o organismo. Alem disso, nunca houve nenhum caso registrado de alguém que tenha se descontrolado a tal ponto. Mesmo que a reação de luta-e-fuga o faça sentir- se um pouco confuso, irreal e distraído, você ainda é capaz de pensar e funcionar normalmente. Simplesmente pense sobre quão freqüente as outras pessoas nem notam que você está tendo um ataque de pânico. Muitas pessoas tem receio do que lhes pode acontecer como conseqüência a seus sintomas, talvez devido a alguma crença de que seus nervos podem se esgotarem e elas possam talvez entrar em colapso. Como já discutido anteriormente, a reação de luta-e-fuga é produzida dominantemente por atividade do sistema nervoso simpático, que é combatida pelo sistema nervoso parassimpático. O sistema parassimpático é, de certa forma, uma salva-guarda contra a possibilidade de o sistema simpático “danificar-se”. Os nervos são como fios elétricos e a ansiedade não é capaz de danificá-los, prejudicá-los ou desgastá-los. E a pior coisa que poderia acontecer durante um ataque de pânico seria que a pessoa poderia desmaiar, sendo que, se isso acontecesse, o sistema nervoso simpático interromperia sua atividade e a pessoa recuperaria seus sentidos em poucos segundos. Contudo, desmaiar em conseqüência da reação de luta-e- fuga é extremamente raro, mas, se isso acontecer, é um modo adaptativo de impedir que o sistema nervoso simpático fique fora de controle. Muitas pessoas interpretam erradamente os sintomas da reação de luta-e-fuga e acreditam que elas estejam morrendo de um ataque cardíaco. Isto é porque talvez muitas pessoas não tenham um conhecimento suficiente sobre ataques cardíacos. Vamos rever os fatos sobre a doença coronária e ver como isso difere de ataques de pânico. Os sintomas principais de ataques cardíacos são falta de ar e dores no peito, como também, ocasionalmente, palpitações e desmaio. Os sintomas de ataques cardíacos estão geralmente relacionados diretamente com esforço. Isto é, com quanto mais esforço você se exercitar, pior serão os sintomas; e quanto menos você se esforçar, melhores. Os sintomas desaparecerão de forma relativamente rápida com descanso. Isto é muito diferente dos sintomas associados com ataques de pânico, que freqüentemente ocorrem durante um estado de repouso e parecem ter vida própria. Certamente, ataque de pânico podem ocorrer durante exercícios ou podem inclusive piorar com exercícios, mas são diferentes de ataques cardíacos, pois podem se produzir também freqüentemente durante repouso. Mais importante ainda é notar que um ataque cardíaco irá quase sempre produzir mudanças elétricas no coração que podem ser detectadas em eletrocardiogramas (ECG). Em ataques de pânico, a única mudança que é detectada por um ECG é um pequeno aumento no ritmo cardíaco. Por isso, se você já passou por um eletrocardiograma e o doutor disse que tudo está bem, esteja certo que você não sofre de nenhum problema no coração. Também, se seus sintomas ocorrem a qualquer momento e não apenas após um esforço físico, isto é uma evidencia adicional contra a possibilidade de um ataque cardíaco. Reescreva o livro de regras da sua ansiedade social Baseado em: Leahy, R. L.(2011). Livre de Ansiedade. Porto Alegre: Artmed. 1. Entenda origens de sua ansiedade social. Perceba que sua ansiedade social é resultado da evolução: o medo que nossos ancestrais tinham de estranhos, o resultado da genética e o modo como seus pais fizeram com que você se sentisse insguro. Não é culpa sua. 2. Examine os custos e os benefícios da mudança. A fim de melhorar, você terá de fazer coisas que o deixam ansioso. A ansiedade não vai matá-lo, mas pode ser desconfortável. Mas pense sobre como sua vida pode ser melhor sem essa ansiedade. Você precisa passar por ela para superá-la. 3. Avalie sua autoimagem negativa. Você vem dizendo a si mesmo todas essas coisas negativas, que são, na verdade, exageros e distorções. Seus amigos, que o conhecem bem, gostam de você. Será que você realmente é uma pessoa desprezível? 4. Desafie sua crença de que todas pessoas são críticas e rejeitadoras. Algumas pessoas podem ser críticas, mas muitas delas são muito receptivas. Seus amigos aceitam você. 5. Colete informações sobre aspectos positivos. Em vez de se focar em suas imperfeições, tente perceber que algumas coisas realmente correm bem quando você encontra pessoas. Tente prestar atenção a qualquer pessoa que lhe dê algum retorno positivo. Busque-o e você vai encontrá-lo. 6. Preste atenção ao que está sendo dito. Em vez de pensar sobre como você se apresenta diante dos outros, simplesmente preste atenção ao conteúdo do que está sendo dito. 7. Elimine seus comportamentos de segurança. Pare de pedir reasseguramento e pare de tentar demonstrar estar calmo e sereno. Você está seguro sem esses comportamentos de segurança. 8. Exagere seus sintomas. Em vez de esconder sua ansiedade, torne-a evidente. Jogue água na sua camisa para que pareça estar suando, deixe suas mãos tremerem e até diga aos outros que teve um branco. O mundo não vai acabar se alguém pensar que você está ansioso. 9. Enfrente o seu pior crítico. Lute contra o crítico que está em sua mente. Prove que ele é irracional e injusto e que realmente não merece seu tempo e energia. 10. Seja realista em relação à sua ansiedade. Perceba que a ansiedade é parte da vida - e que você pode falar com as pessoas mesmo quando estiver ansioso. A ansiedade não é perigosa, é simplesmente seu corpo em estado de alerta. E, na maior parte das vezes, se baseia em um alarme falso. 11. Desafie seus pensamentos de ansiedade. Seus pensamentos são irracionais. Lute contra eles usando as evidências, seu pensamento lógico e pense sobre os conselhos que daria a um amigo. 12. Pratique seus medos. Faça as coisas que o deixam ansioso - de propósito. Faça um plano diário para enfrentar seus medos e fazer as coisas que você tem evitado. 13. Elimine seu post-mortem. Em vez de rever seus "erros" e ruminar sobre o quanto foi mal, foque no que você está fazendo agora de produtivo e o que poderá fazer no futuro para continuar a confrontar seus medos. 14. Dê-se crédito. Todo dia é uma oportunidade para dizer a si mesmo que você merece crédito por enfrentar os obstáculos em sua vida. Assim, seja seu melhor amigo e diga a si mesmo para continuar fazendo esse bom trabalho. Perdoando a si mesmo Baseado em: Belmont, J. A. (2013). 127 More Amazing Tips & Tools for the Therapeutic Toolbox. Eau Claire: PESI Publishing Perdoar-se não significa que você não tenha feito nada errado, mas sim que você se permite aprender com seus erros e seguir em frente. Muito frequentemente as pessoas se punem por suas ações do passado, ou então não se perdoam por coisas que deixaram de fazer Considere os seguintes pontos: Se você é como a maioria das pessoas, você fez o melhor que pode naquele momento Faça o que estiver ao seu alcance agora para consertar o que for possível – faça com que seus arrependimentos o impulsionem numa ação positiva, e não o mantenham como um prisioneiro do seu passado Se você precisar pedir desculpas ou reparar estragos, faça isso agora mesmo. Admitir as próprias falhas é sinal de força, não de fraqueza Perdoe a si mesmo por não ter antevisto aquilo que hoje você sabe em retrospecto Pode ser tarde demais para mudar o que aconteceu, mas nunca é tarde demais para mudar a forma como você lida com o que aconteceu e o que você faz agora a esse respeito Na realidade, a maioria dos nossos tropeços não são fracassos se nós aprendemos com eles. Eles nos levam a refletir e a nos tornarmos mais sábios Você não será capaz de perdoar verdadeiramente outras pessoas antes de conseguir perdoar a si mesmo Você pode transformar o arrependimento improdutivo em arrependimento produtivo. No arrependimento produtivo, você constrói sobre lições aprendidas no passado e faz escolhas mais sábias hoje Agora é a sua vez – o que você acrescentaria a esta lista? Pensar rápido ou devagar: eis a questão Baseado em: Evans, I. M. (2015). How and why thoughts change. New York: Oxford University Press. Diversas pesquisas em Psicologia têm demonstrado que alguns dos nossos pensamentos são extremamente rápidos, impulsivos por assim dizer, e geralmente um carregados de emoção. Pense nas vezes que você fez um julgamento precipitado, falou algo que se arrependeu depois, enviou um e-mail desaforado, comprou alguma coisa que não precisava no calor do momento ou então gritou com seus filhos ou outra pessoa que você ama. Com certeza você já fez coisas desse tipo - todos nós fazemos. Por outro lado, também temos outro tipo de pensamentos, que são mais frios, lentos e deliberados. Às vezes, chegamos inclusive a pensar sobre nossos próprios pensamentos de forma reflexiva e construtiva, sem nos preocuparmos desnecessariamente com o conteúdo eles! Certamente você é capaz de lembrar de vezes em que você foi contemplativo, pesou as evidências ao tomar uma decisão, pesquisou na Internet antes de fazer uma compra ou buscou esclarecimentos antes de afirmar que alguém estava sendo desonesto com você. Nós realmente precisamos de ambas formas de pensar. Pensamentos rápidos são absolutamente necessários para automatizar a realização de tarefas rotineiras, de modo que possamos investir nossa capacidade mental em outras atividades mais demandantes. Pensamentos lentos, por seu turno, são imprescindíveis para fazermos julgamentos mais acurados e agirmos de forma adaptativa nas situações complexas da vida (aquelas em que muitos fatores importantes estão em jogo). O problema é que os pensamentos rápidos, por geralmente serem mais baseados na emoção do que na razão, às vezes podem colocar você em apuros. Isso, provavelmente, é o que acontece com você nas situações que lhe incomodam: você é muito rápida em tecer comentários auto-críticos para si mesma, ou ligeira demais em julgar uma situação como uma ameaça ao seu bem estar físico ou psicológico. Devido ao fato do pensamento rápido, via de regra, ser baseado em suas experiências do passado e dirigido por emoções escondidas, nem sempre você terá consciência da origem desses pensamentos que povoam sua mente. Suponha que você diga para si mesma: “ser gorda é nojento” - esse é o seu pensamento automático ao olhar- se no espelho. De onde veio tal pensamento rápido e quente? Não há como saber com certeza, mas provavelmente sua origem está relacionada a todas vezes que você foi alvo de chacota ou vítima de bulliyng, ou das ocasiões que admirou com inveja as fotos de estrelas da TV ou modelos magras e pensou que você poderia ser como elas, ou talvez você tenha passado pela constrangedora situação em uma loja ao tentar provar uma calça jeans que claramente não cabia em você. Todas essas emoções negativas são armazenadas em nossa memória - não de maneira precisa e associada a uma lembrança específica, mas como registros negativos genéricos. Estes registros, por sua vez, passam a funcionar como uma espécie lente através da qual vemos o mundo, dando o "colorido" (ou falta dele) às experiências atuais. Assim, não faz sentido dar a você orientações do tipo “pare de ter esses pensamentos negativos!”, pois eles são automáticos, involuntários e constituem parte integral do funcionamento psicológico normal. Por outro lado, o que faz sentido é, deliberadamente, tentar equilibrar esses pensamentos rápidos e quentes com outros pensamentos mais lentos, mais frios, mais reflexivos, mais racionais e mais baseados na realidade no contexto do momento. Antes de iniciar essa busca, vale a pena conhecer outro fato bem documentado nas pesquisas científicas da Psicologia: quando você está de mau humor, pessimista, se sentido deprimido ou algo que o valha... adivinhe! O esquema negativo que você tem sobre si fica mais forte e seus pensamentos automáticos auto-críticos tornam- se mais frequentes. Essa é a maldição da mente humana: pensamentos ruins fazem com que outros pensamentos ruins sejam mais prováveis de ocorrer. Pesquisadores do estresse afirmam: "zebras não têm úlceras"! Por quê? Porque entre um e outro episódio de perigo real - como ser perseguida por um leão - elas não estão ruminando negativamente sobre suas experiências, lamentando por não terem comido mais daquele pasto nutritivo ou culpando suas mães por não tê-las treinado para correr mais rápido... Consegue perceber a diferença em relação a sua forma de encarar a vida? A boa notícia a respeito do funcionamento da mente humana é que, da mesma forma que pensamentos negativos atuais facilitam a ocorrência de novos pensamentos negativos, a presença de pensamentos (realisticamente) positivos favorece o surgimento de outros pensamentos positivos. Em outras palavras, é possível transformar o círculo vicioso em um círculo virtuoso. O esforço, assim como a recompensa, é grande. Círculos Viciosos da Depressão Baseado em: Bakker, G. (2008). Practical CBT. Bowen Hills: Australian Academic Press. ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO a)______________________________________________________________________ b)______________________________________________________________________ c)______________________________________________________________________ d)______________________________________________________________________ e)______________________________________________________________________ f)______________________________________________________________________ ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO g)______________________________________________________________________ h)______________________________________________________________________ i)______________________________________________________________________ j)______________________________________________________________________ k)______________________________________________________________________ l)______________________________________________________________________ ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO m)______________________________________________________________________ n)______________________________________________________________________ o)______________________________________________________________________ p)______________________________________________________________________ q)______________________________________________________________________ r)______________________________________________________________________ Estilos de Pensamentos Disfuncionais Baseado em: Wood, J. C. (2010). The Cognitive Behavioral Therapy Workbook for Personality Disorders. Oakland: New Harbinger. Agora que você identificou alguns de seus pensamentos automáticos e percebeu alguns padrões de pensamentos similares e repetitivos, vamos olhar para como esses pensamentos automáticos podem contribuir para os seus problemas. O psiquiatra Aaron Beck, o fundador da terapia cognitiva, identificou alguns estilos de pensamento prejudiciais quando ele estudou pessoas que estavam lutando contra a depressão. Desde então, outros estilos de pensamento têm sido identificados e estão associados a transtornos de ansiedade e de personalidade. Esses estilos de pensamento prejudiciais geram muitos pensamentos automáticos perturbadores que mantêm seu transtorno de personalidade e tornam sua vida mais difícil. Em muitos aspectos esses estilos de pensamentos são como “armadilhas da mente”, pois você continuamente é pego por elas. Periodicamente, nós todos caímos nessas armadilhas, apesar do fato de que o pensamento pode não ser 100% acurado. Contudo, pessoas com transtornos de personalidade caem muitas vezes nessas armadilhas porque isso acaba se tornando um hábito para elas. As onze armadilhas da mente Abaixo está uma lista contendo onze estilos de pensamento disfuncionais (armadilhas) em que as pessoas com transtorno de personalidade caem. Faça o seu melhor para identificar os que você usa. E apesar dos exemplos especificados para cada armadilha, você pode estar lutando com qualquer um desses estilos de pensamento, independente de com qual transtorno de personalidade você esteja lutando. O que é importante é que você aprenda a reconhecer quando você cai em uma dessas armadilhas, para que você aprenda como sair delas. Filtro mental: você chega às suas conclusões depois de focar nos detalhes negativos de uma situação e deixar de fora de seu filtro mental todos os detalhes positivos. Como resultado, você não vê a situação por inteiro ou você escolhe ignorar alguns aspectos. Por exemplo, uma pessoa com transtorno de personalidade paranoide pode pensar “Todos estão contra mim”, apesar do fato de colegas ou membros da família frequentemente oferecerem apoio. Chegar a conclusões precipitadas: você chega a conclusões negativas apesar de não ter nenhuma evidência para comprová-las ou mesmo tendo evidências que contradizem essas conclusões. Por exemplo, um homem com transtorno de personalidade esquizotípica pode pensar “Meu síndico vai me despejar do meu apartamento”, apesar do fato do homem sempre pagar seu aluguel em dia e de o síndico nunca ter sugerido algo do tipo. Supergeneralização: você mantém o foco nos resultados negativos de uma ou mais situações limitadas e usa esses resultados para criar regras e conclusões amplas e gerais sobre vários aspectos de sua vida. Pessoas que supergeneralizam usam termos amplos e absolutos, como: todos, tudo, sempre, nunca, nenhum, todo mundo e ninguém. Por exemplo, uma mulher com transtorno de personalidade esquiva pode pensar “Minha melhor amiga não me ligou essa noite porque eu devo tê-la ofendido de alguma forma; agora eu provavelmente vou ofender todos os membros da minha família também, e então todos vão me odiar”, apesar do fato de que a amiga apenas se esqueceu de ligar. Maximização e minimização: quando pensando sobre você mesmo, em outros ou em uma situação específica você maximiza as características negativas ou minimiza as características positivas. Por exemplo, uma pessoa com transtorno de personalidade narcisista pode pensar “Meus colegas de trabalho são completos idiotas que não fazem nada certo”, apesar do fato dos colegas serem funcionários habilidosos e bem-sucedidos. Personalização: essa é a tendência de relacionar tudo o que está acontecendo ao seu redor a você mesmo, especialmente eventos negativos pelos quais você se culpa, mesmo que a culpa não seja sua. Por exemplo, um homem lutando com o transtorno de personalidade histriônica pode pensar “Aquelas pessoas sentadas à minha frente estão rindo; eu devo ter feito algo constrangedor”, apesar do fato dessas pessoas nem estarem prestando atenção nele. Pensamento “tudo ou nada”: você vê apenas duas categorias para pessoas ou situações; são completamente boas ou completamente ruins, perfeitas ou defeituosas, um sucesso total ou um fracasso absoluto. Você negligencia outras possibilidades. Por exemplo, uma mulher lutando com o transtorno de personalidade borderline pode pensar “Meus amigos são os melhores e nunca fazem nada de errado” ou “Meus amigos são os piores e sempre me tratam mal”, apesar do fato de que ninguém é perfeito e de que todos nós cometemos erros, algumas vezes. Catastrofização: você pensa que seu futuro não terá esperança e que será repleto de catástrofes, sem considerar outros resultados possíveis. Por exemplo, uma pessoa lutando contra o transtorno de personalidade dependente pode pensar “Eu nunca consigo fazer nada certo sozinha e, por causa disso, eu provavelmente vou morrer sozinha, sem esperança e sem um lar, morando nas ruas”, apesar do fato dessa pessoa ser bem-sucedida ao fazer algumas coisas sozinha e de ter vários amigos que a apoiam. Leitura mental: você imagina saber o que as outras pessoas estão pensando ou sentindo. Por exemplo, alguém com transtorno de personalidade antissocial pode pensar “Meu chefe não parece feliz hoje; aposto que ele está pensando sobre o erro que eu cometi semana passada no meu relatório”, apesar do fato do chefe poder estar infeliz devido a uma pessoa ou evento completamente não relacionado a ele. Ditar as leis (“deveria” e “tem que”): você tem uma ideia particular e fixa sobre como as coisas “deveriam ser” e você fica triste ou com raiva quando suas expectativas não são atingidas. Por exemplo, uma pessoa lutando com o transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva pode pensar “Eu deveria me esforçar mais, porque eu nunca deveria cometer erros; se eu cometer um erro, isso significa que eu sou um fracassado”, apesar do fato de que todas as pessoas cometem erros ocasionalmente e de que nada é sempre perfeito. Pensamento emocional: você acredita que os seus sentimentos são julgamentos acurados sobre quem você é ou sobre a situação em que você se encontra. Por exemplo, uma mulher com transtorno de personalidade esquizoide pode pensar “Eu me sinto solitária, o que significa que eu provavelmente não sou uma boa pessoa”, apesar do fato dessa pessoa não se sentir sozinha o tempo todo e de ela ter alguns amigos. Rotulação: você atribui um rótulo ou julgamento negativo a você mesmo, a outros ou às suas experiências, sem olhar para todos os fatos. Por exemplo, um homem com transtorno de personalidade sem especificação pode pensar “Sou um idiota” ou “Meu trabalho é um saco”, apesar do fato dessas declarações não serem 100% verdadeiras o tempo inteiro. DESAFIANDO SEU ESTILO DE PENSAMENTO DISFUNCIONAL Agora que você está familiarizado com algumas das armadilhas mentais mais comuns, você pode estar pensando “E daí?”. E você está certo. Apenas notar o modo como você pensa não ajuda se você não fizer algo para mudá-lo. Dependendo do tipo de armadilhas mentais em que você cai, você pode tentar usar algumas das sugestões abaixo para lhe ajudar a sair delas. Lembre-se: um dos sintomas que definem os transtornos de personalidade é o estilo de pensamento rígido e inflexível. Então se você quer melhorar sua vida e parar de sofrer, você precisa tentar pensar de um modo diferente. Você precisa se dar um “voto de confiança” e usar algumas das respostas alternativas listadas abaixo, mesmo que não reconheça um efeito imediato. E aprender só essa habilidade não será o suficiente para mudar toda a sua vida, mas quando essa habilidade for usada em conjunto com outras habilidades de enfrentamento, a mudança será possível. Desenvolvendo respostas alternativas aos pensamentos disfuncionais Se você já consegue reconhecer o estilo de pensamento disfuncional que você usa, localize o estilo abaixo e aprenda como desafiá-lo. Contudo, se você ainda não consegue identificar o estilo de pensamento que frequentemente usa, tenha paciência. Nesse momento, apenas revise a lista e se familiarize com os estilos de pensamento disfuncionais e as respostas alternativas. Então, no próximo exercício você irá usar essa lista para explorar novas ideias. Filtrar versus expandir seu foco: quando você usa o filtro mental, você olha apenas para os detalhes negativos de uma situação e você deixa de fora de seu filtro todos os detalhes positivos. Ao invés disso, tente expandir o seu foco. Pergunte a si mesmo “O que eu estou deixando de fora?” ou “O que eu não estou olhando?”. Se você está mantendo o foco apenas no que está dando errado, pergunte a si mesmo “O que está dando certo?” ou “O que está acontecendo e que eu estou de acordo?”. Você está se focando no problema em vez de manter o foco em uma possível solução? Qual poderia ser essa solução? Por exemplo, se você estiver pensando “Todos estão contra mim”, como uma alternativa, procure por evidências de pessoas que estão tentando lhe ajudar ou de sua segurança agora. Talvez existam algumas evidências de que as pessoas estejam tentando te ajudar e você esteja escolhendo ignorá-las. Chegar a conclusões precipitadas versus ater-se aos fatos: quando você se apressa em tirar conclusões, você faz suposições negativas apesar de não ter nenhuma evidência a favor, ou até mesmo quando tem evidências contrárias às suas suposições. Em vez disso, tente manter o foco nos fatos da situação. Faça a si mesmo duas perguntas: “Quais os fatos que eu tenho de que minha conclusão é verdadeira?” e “Quais os fatos que eu tenho de que minha conclusão não é verdadeira?”. Então, compare os fatos para ver se sua suposição está correta. Por exemplo, se você estiver pensando “Meu síndico vai me despejar do meu apartamento”, como uma alternativa, olhe para os fatos. Se você paga seu aluguel em dia e tem um contrato válido, seu síndico provavelmente não pode te despejar, mesmo que ele quisesse fazê-lo. Dê o seu melhor para continuar mantendo o foco nos fatos, em vez de se deixar levar por sua imaginação. Supergeneralização versus ser específico: quando você supergeneraliza, você mantém o foco nos resultados negativos de uma ou mais situações limitadas e usa esses resultados para criar regras ou conclusões amplas e gerais sobre muitos aspectos de sua vida. Em vez disso, seja específico sobre o que realmente está acontecendo. Pergunte a si mesmo “Essa situação é mesmo tão ruim como estou pensando? Essa situação vai mesmo afetar negativamente alguma outra área da minha vida?” Por exemplo, se você estiver pensando pensar “Minha melhor amiga não me ligou essa noite porque eu devo tê-la ofendido de alguma forma; agora eu provavelmente vou ofender todos os membros da minha família também, e então todos vão me odiar”, como uma alternativa, seja específico sobre o que aconteceu. Existem muitas razões possíveis que poderiam explicar a situação e um único evento ruim não significa que toda a sua vida esteja arruinada. Também dê o seu melhor para evitar usar termos amplos e absolutos como “tudo”, “todos”, “todo mundo”, “sempre” e assim por diante. Em vez disso, seja específico. Mesmo que você tenha ofendido alguém, isso não significa que as pessoas vão odiá-lo. Maximização e minimização versus colocar o pensamento em perspectiva: quando você maximiza e minimiza, você aumenta os aspectos negativos de uma situação ou minimiza os aspectos positivos. Em vez disso, pense na situação através de uma nova perspectiva. Quando você usa palavras como “nunca”, “sempre”, “para sempre”, “total”, “absoluta”, você corta outras possibilidades. Do mesmo modo, quando você usa palavras negativas fortes para descrever pessoas ou eventos, você está apenas se focando em um único aspecto e você não consegue ver a situação por inteiro. Por exemplo, se você estiver pensando “Meus colegas de trabalho são completos idiotas que não fazem nada certo”, como uma alternativa, pergunte a si mesmo se a sua opinião é 100% precisa. Talvez seus colegas cometam erros, ocasionalmente, mas também é provavelmente verdade que eles sejam pessoas boas, que fazem algumas coisas certas algumas vezes. Personalização versus equilibrar responsabilidades: quando você usa personalização, você assume a culpa pelas coisas ruins que acontecem, mesmo quando não são sua culpa. Em vez disso, veja quem é realmente o responsável e dê o seu melhor para equilibrar a responsabilidade. Pergunte a si mesmo “Eu sou mesmo 100% responsável por isso? E se não, com quem eu devo dividir a responsabilidade?”. Talvez você seja parcialmente responsável pelo que está acontecendo ao seu redor, mas talvez existam outras pessoas que sejam, pelo menos, parcialmente responsáveis também. Por exemplo, se você estiver pensando “Aquelas pessoas sentadas à minha frente estão rindo; eu devo ter feito algo constrangedor e eles estão provavelmente rindo de mim”. Como uma alternativa, pergunte a si mesmo se você é realmente o responsável pela diversão dessas pessoas. Talvez eles estejam rindo de outra pessoa, talvez um deles tenha acabado de contar uma piada ou talvez haja outro motivo completamente não relacionado a você. Pensamento “tudo ou nada” versus enxergar os pontos intermediários: quando você usa pensamento “tudo ou nada”, você vê apenas duas categorias para as pessoas e situações: ou são totalmente boas ou totalmente ruins, perfeitas ou defeituosas, um grande sucesso ou um completo fracasso. Em vez disso, olhe para a situação dê um ponto intermediário, entre o tudo e o nada. A maioria das pessoas não é 100% boa ou ruim; todos temos nossas falhas. Do mesmo modo, a maioria dos objetos tem, pelo menos, pequenos defeitos, e a maioria dos eventos é uma combinação de sucesso e fracasso. Não existem termos absolutos no mundo. Por exemplo, se você estiver pensando “Meus amigos são os piores e eles sempre me tratam mal”, como alternativa, tente se lembrar das vezes em que seus amigos lhe trataram bem, ou pelo menos, lhe trataram melhor do que tratam hoje. Novamente, procure por evidências que ponham em dúvida ou contradigam seus julgamentos. Catastrofização versus considerar todas as possibilidades: quando você catastrofiza, você pensa que o seu futuro parece sem esperança e cheio de desastres, sem considerar outros possíveis resultados. Você está 100% certo de que o pior cenário irá acontecer. Em vez disso, considere a possibilidade de o pior desastre não acontecer. Pergunte a si mesmo “Se o pior cenário não acontecer, o que mais pode acontecer?”. Seja justo em sua avaliação. Seja criativo; considere inclusive as possibilidades mais remotas. Por exemplo, se você estiver pensando “Eu nunca consigo fazer nada certo sozinha e, por causa disso, eu provavelmente vou morrer sozinha, sem esperança e sem um lar, morando nas ruas”, como uma alternativa, considere o que mais pode acontecer. Você pode aprender como ajudar a si mesmo usando as habilidades ensinadas nesse livro, você pode obter ajuda de sua família, ou você pode acabar vivendo em um bom lar com uma família amorosa. As chances de algo melhor acontecer são tão prováveis quanto às da catástrofe com que você se preocupava. Então por que não esperar o melhor? Leitura mental versus pedir esclarecimentos: quando você faz leitura mental, você supõe que uma outra pessoa está pensando algo negativo sobre você, sem considerar outras possiblidades. Leitura mental é uma daquelas coisas que todos nós fazemos algumas vezes, que apenas nos faz sentir pior em relação a nós mesmos. Contudo, você não pode realmente saber o que outras pessoas estão pensando, a não ser que eles lhe falem. Então, se você quiser saber, vá em frente e pergunte a pessoa o que ele ou ela está pensando, de forma calma e polida. Por exemplo, se você estiver pensando “Meu chefe não parece feliz hoje; aposto que ele está pensando sobre o erro que eu cometi semana passada no meu relatório”, como uma alternativa, pergunte ao seu chefe o que não está bem. Você poderia dizer “Eu percebi que você parece chateado, posso perguntar o que está o incomodando?”. Se a outra pessoalmente realmente tiver um problema relacionado a você, pedir esclarecimentos dará a você e a outra pessoa a oportunidade de resolver o assunto. Contudo, não se surpreenda se a outra pessoa não estivesse nem pensando sobre você. Lembre-se: suas suposições nem sempre são verdadeiras. Ditar as leis versus ser flexível: quando você cria regras, você tem uma ideia particular e fixa sobre como as coisas deveriam ser, e você se sente triste ou com raiva quando suas expectativas não são atingidas. Em vez disso, seja flexível na maneira como você julga a si e aos outros. E lembre-se: suas regras e valores não são compartilhados por todos, então não os julgue se você não quer de ser julgado por eles. Em vez disso, pergunte a si mesmo “Como posso ser flexível nessa situação para que todos fiquem um pouco mais felizes ou mais satisfeitos? Como eu posso equilibrar isso?”. Por exemplo, se você estiver pensando pensar “Eu deveria me esforçar mais, porque eu nunca deveria cometer erros; se eu cometer um erro, isso significa que eu sou um fracassado”, como alternativa, pergunte a si mesmo se essa é uma afirmação justa e flexível. Todos cometem erros e a única coisa que cometer erros significa é que você é humano, como todos nós. Pensamento emocional versus pensamento racional: quando você usa pensamento emocional, você acredita que seus sentimentos são julgamentos verdadeiros sobre quem você é ou sobre a situação em que você se encontra. Em vez disso, use o pensamento racional e procure as evidências para determinar se o seu julgamento é 100% verdadeiro. Emoções podem ser maravilhosas, mas elas são apenas sinais temporários, elétricos e químicos, dentro de seu corpo. Elas não são permanentes e não são sempre descrições precisas sobre quem você é ou sobre o tipo da situação em que você se encontra. Por exemplo, se você estiver pensando “Eu me sinto solitária, o que significa que eu provavelmente não sou uma boa pessoa”, como uma alternativa, olhe para as evidências. Pergunte a si mesmo “Que coisas boas eu faço de vez em quando? Será possível eu estar me sentindo sozinha e ser uma pessoa boa, ao mesmo tempo?”. É muito provável que sim. Rotulação versus permanecer livre de julgamentos: quando você rotula, você atribui um rótulo ou julgamento negativo a si mesmo, a outros, ou às suas experiências sem olhar para todos os fatos. Em vez disso, dê o seu melhor para não julgar a si, aos outros ou as situações. Cada vez que você usa um termo insultante para descrever a si mesmo, você corta outras possibilidades; se você é “burro”, há muitas coisas que não consegue fazer. Do mesmo modo, quando você rotula os outros ou as situações você, automaticamente, deposita expectativas negativas neles. Em vez disso, permaneça aberto para todas as possibilidades. Por exemplo, se você estiver pensando “Eu sou um idiota”, como uma alternativa, crie uma declaração adaptativa e livre de julgamentos, que o ajude com o seu problema, como “Eu não me sinto bem, mas vou fazer o melhor que eu puder”. Do mesmo modo, se você estivesse pensando “Meu trabalho é um saco” crie uma declaração adaptativa como “Eu não estou feliz com o meu trabalho agora, mas eu já atravessei tempos difíceis no passado”. Declarações livres de julgamento, como essas, tornam possível com que você se engaje em novos comportamentos. E agora , o que vamos fazer? Baseado em: Ciarrochi, J. V., & Bailey, A. (2008). A CBT Practitioners Guide to ACT. Oakland: New Harbinger Publications. Quando não estamos vivendo o presente momento (talvez por estarmos muito focados em nossos pensamentos do tipo "isso não deveria ser assim") nós perdemos oportunidades de descobrir caminhos alternativos para chegar onde queremos... Entenda o porquê de cada sintoma do pânico ATENÇÃO: só leia desse detalhamento dos sintomas do pânico depois de ter compreendido que a ansiedade não é perigosa (e que todos os sintomas estão relacionados a mecanismos desenvolvidos ao longo de milhares de anos de evolução, os quais têm como função favorecer a sobrevivência do organismo em casos de perigo real) Respiração rápida e coração acelerado O corpo quer garantir o adequado suprimento de sangue e oxigênio para os principais músculos entrarem em ação diante do perigo. Sudorese O enfrentamento do suposto perigo elevaria a temperatura corpórea, sendo o suor o mecanismo de resfriamento para evitar o superaquecimento. Náusea, desconforto abdominal ou desarranjo estomacal Para enfrentar o perigo, o corpo desativa sistemas e processos desnecessários, direcionando todas suas energias para as funções essenciais à sobrevivência (você não precisa digerir o almoço para fugir de um leão faminto!). Em muitas pessoas, ocorrem alterações na mobilidade estomacal, gerando sensações de desarranjo. Dormência e formigamento Existem duas fontes: 1) hiperventilação, (exagero ao tentar respirar mais rapidamente para preparar-se para as reações de luta e fuga) e 2) arrepio dos pêlos, que aumenta a sensitividade da pele, favorecendo uma rápida reação diante de toque ou movimento (nas situações em que o organismo esteja diante de ameaças reais a sua sobrevivência). Contudo, essa reação dos folículos capilares pode causar uma sensação estranha na pele. Tontura Durante a hiperventilação, certas áreas do corpo recebem maior aporte de oxigênio do que outras, e o cérebro é uma das áreas que recebe menos oxigênio. Essa reação inofensiva e transitória pode causar tonturas, distúrbios visuais ou sensações de desrealização. Aperto ou dor no peito É o resultado de uma tensão muscular global. A tensão muscular tem por objetivo preparar o corpo enfrentar o perigo. Desrealização ou ofuscamento da visão Ocorre quando o ambiente parece mais brilhoso ou turvo (algumas pessoas relatam que é como se estivessem vendo as coisas com um plástico na frente dos olhos). É um efeito da dilatação da pupila, que tem por objetivo fazer com que mais luz entre nos olhos, favorecendo a detecção de ameaças no ambiente. Sensação de asfixia ou engasgo Duas são as fontes para a sensação de asfixia ou engasgo: 1) tensão muscular globalmente aumentada, o que afeta também a musculatura ao redor do pescoço e esôfago e 2) respiração acelerada, de modo que a rápida entrada e saída de ar resseca a garganta. Sensação de peso nas pernas Como as pernas são as partes mais importantes do corpo para as respostas de fuga, nada mais natural que os músculos dessa área estejam especialmente tencionados como forma de prepararem-se para ação. Calafrios / ondas de frio e calor Os calafrios e/ou ondas de frio e calor advém de duas reações que ocorrem simultaneamente: transpiração aumentada e constrição dos vasos sanguíneos das camadas mais superficiais da pele. Distorções Cognitivas e Respostas Alternativas Baseado em: Wood, J. C. (2010). The Cognitive Behavioral Therapy Workbook for Personality Disorders. Oakland: New Harbinger. Distorções Cognitivas Essas são as armadilhas mentais que você usa, que geram pensamentos automáticos disfuncionais. Respostas alternativas Essas são as novas respostas saudáveis que você pode tentar usar cada vez que se envolver em estilos de pensamento disfuncionais ou cair em armadilhas mentais. 1. Filtro mental: você chega a conclusões após manter o foco nos detalhes negativos e deixar de fora de seu filtro os detalhes positivos. 1. Expandir o seu foco: pergunte a si mesmo “O que eu não estou considerando?”. Se você estiver focando apenas o que está dando errado, pergunte a si mesmo “O que está indo bem?” ou “O que está acontecendo e que eu estou de acordo?”. 2. Chegar a conclusões precipitadas: você chega a conclusões negativas, apesar de não ter evidências que as comprovem ou mesmo quando tem evidências contrárias a essas conclusões. 2. Ater-se aos fatos: pergunte a si mesmo “Que fatos comprovam que minha conclusão é acurada?” e “Que fatos comprovam que minha conclusão não é acurada?” Então compare os fatos para ver se sua suposição está correta. 3. Supergenaralização: você mantém o foco nos resultados negativos de uma ou mais situações limitadas e usa esses resultados para criar regras e conclusões amplas e gerais sobre vários aspectos de sua vida. 3. Ser específico: pergunte a si mesmo “Quais são os fatos dessa situação? É mesmo tão ruim quanto estou pensando? Vai realmente afetar negativamente alguma outra área da minha vida?” Também evite usar termos amplos e absolutos, como: todos, tudo, sempre, nenhum, nunca, todo mundo e ninguém. 4. Maximização e minimização: quando você pensa sobre você mesmo, sobre os outros ou sobre uma situação, você maximiza os aspectos negativos ou minimiza os aspectos positivos. 4. Colocando o pensamento em perspectiva: pergunte a si mesmo “A minha opinião está 100% acurada? Que outros aspectos dessa situação eu não estou olhando?”. 5. Personalização: quando algo ruim acontece, você assume a culpa por isso, mesmo quando a culpa não é sua. 5. Equilibrando as responsabilidades: pergunte a si mesmo “Eu sou mesmo 100% responsável por isso? Se não, com quem eu devo dividir a responsabilidade? Quem mais é, pelo menos, parcialmente responsável”? 6. Pensamento “tudo ou nada”: você vê apenas duas categorias para pessoas e situações; são ou totalmente bons ou totalmente ruins, perfeitos ou defeituosos, um sucesso ou um fracasso. 6. Enxergar os pontos intermediários: pergunte a si mesmo “Estou sendo justo? As coisas são realmente 100% boas ou ruins? Que possibilidades estou desconsiderando quando vejo as coisas em termos de tudo ou nada”? 7. Catastrofização: você pensa que não haverá esperança em seu futuro e que será repleto de catástrofes, sem considerar outros resultados possíveis. 7. Considerar todas as possibilidades: pergunte a si mesmo “O que mais pode acontecer? Que possibilidades eu não estou considerando? A minha situação pode melhorar de alguma maneira?” 8. Leitura mental: você supõe saber o que as outras pessoas estão pensando ou sentindo, sem considerar outras possibilidades. 8. Pedir esclarecimentos: pergunte a si mesmo “Eu posso mesmo saber o que as outras pessoas estão pensando, sem que eles me contem?" É óbvio que não. Então, se você quiser esclarecimento, vá em frente e pergunte a pessoa ou pare totalmente de adivinhar. 9. Ditar as leis: você tem uma ideia fixa e particular sobre como as coisas “deveriam” ser, e você fica chateado ou com raiva quando as suas expectativas não são atingidas. 9. Ser flexível: pergunte a si mesmo “Como eu posso ser flexível nessa situação para que todos fiquem um pouco mais felizes ou satisfeitos? Como posso fazer para equilibrar isso?". 10. Raciocínio emocional: você acredita que os seus sentimentos são julgamentos verdadeiros sobre quem você é. 10. Pensamento racional: pergunte a si mesmo “Quais são as evidências de que meus julgamentos são 100% verdadeiros? Existe alguma outra explicação para o que eu estou sentindo?” 11. Rotulação: você atribui um julgamento ou rótulo negativo a você mesmo, aos outros e às situações, sem olhar para todos os fatos. 11. Permanecer livre de julgamentos: pergunte a si mesmo “Estou sendo justo comigo mesmo, com os outros e com a situação? De que possibilidades eu estou me deixando de fora?” Mitos sobre a sexualidade Baseado em: Barlow, D. H. (2009). Manual clínico dos Transtornos Psicológicos. (4. ed). Porto Alegre: Artmed. Mitos sobre a sexualidade MASCULINA Mitos sobre a sexualidade FEMININA 1. Homem que é homem não se preocupa com coisas de mulherzinha, como sentimentos e comunicação. 2. O homem sempre está interessado e pronto para o sexo. 3. Homem que é homem tem bom desempenho no sexo. 4. O sexo tem a ver com um pênis duro e com o que se faz com ele. 5. O homem deve conseguir fazer a terra tremer para sua parceira, ou, pelo menos, levá-la à loucura. 6. Os homens não têm que dar ouvidos às mulheres sobre temas sexuais 7. Homem que é homem não tem problemas sexuais. 8. Quanto maior, melhor. 9. Os homens devem conseguir agüentar a noite toda. 10. As mulheres não vão gostar de um homem que não “levanta”. 11. Se o homem não “levanta”, é porque ele não deve amar a sua parceira. 12. Se um homem sabe que talvez não consiga ter uma ereção, não é justo que ele comece uma atividade sexual com a parceira. 13. Concentrar-se mais na ereção – dar um duro – é melhor maneira de ter uma ereção. 1. O sexo é só para mulheres jovens e esbeltas. 2. Mulheres normais têm orgasmo sempre que fazem sexo. 3. Todas as mulheres podem ter orgasmos múltiplos. 4. A gravidez e o parto reduzem a capacidade de resposta sexual das mulheres. 5. A vida sexual das mulheres termina com a menopausa. 6. Há diferentes tipos de orgasmos, relacionados à personalidade da mulher. Os orgasmos vaginais são mais femininos e mais maduros do que os orgasmos clitoridianos. 7. Uma Mulher sexualmente responsiva sempre consegue ser excitada pelo seu parceiro. 8. Mulheres de classe não se excitam com livros ou filmes eróticos. 9. Uma mulher que não gosta das formas mais exóticas de sexo é frigida. 10. Se a mulher não conseguir ter orgasmo rápido e com facilidade, deve ter alguma coisa errada com ela. 11. Mulheres feministas não iniciam nem perdem o controle durante o sexo. 12. Duplo risco: Uma mulher é frígida se não quiser sexo e devassa se quiser. 13. Se uma mulher não inicia o sexo, é porque ela simplesmente não tem interesse nele. Mitos sobre sexualidade EM GERAL 1. Pessoas normais devem sempre se sentir muito à vontade com em tudo que diz respeito a sexo. 2. Todo toque é sexual ou deveria levar ao sexo. 3. Sexo é igual a intercurso. 4. O bom sexo requer orgasmo. 5. As pessoas que estão apaixonadas devem saber automaticamente o que seus parceiros desejam. O sexo deve ser espontâneo, sem planejamento e sem conversa. Não é romântico perguntar ao parceiro do que ele gosta. 6. Masturbação demais faz mal. 7. Alguém que tem parceiro sexual não deveria se masturbar. Se o faz, é porque existem problemas na relação que não estão sendo verbalizados. 8. Fantasiar sobre outra coisa quer dizer que a pessoa não está feliz com o que tem. Aqui está a parte consciente do seu cérebro. O seu “eu” inteligente. É essa a parte de você que sabe onde você está e o que você está fazendo. A parte capaz de fazer planos para o futuro e que pode avaliar diferentes alternativas para decidir o que comer na hora do lanche. Vamos chamá-lo de cérebro JULGADOR. Aqui está a parte do seu cérebro que lida com a ameaça. O seu trabalho é alertá-lo quanto a perigos em potencial. Ele não é inteligente e não consegue diferenciar o que é real do que é imaginado. Ele não está sob controle consciente, e faz o seu trabalho rapidamente. Contudo, muitas vezes trabalha sem necessidade, pois tem a política do "é melhor prevenir que remediar". Vamos chamá-lo de cérebro ANSIOSO. A maior parte do tempo os cérebros JULGADOR e ANSIOSO trabalham muito bem juntos. O problema é que eles não falam exatamente a mesma língua. Veja o que pode acontecer quando eles têm visões diferentes sobre uma mesma situação: E assim a história continua... Mas o que é preciso mudar para interromper esse ciclo? Pensamentos Intrusivos: Por que eles persistem? (A metáfora dos dois cérebros) Baseado em: http://psychology.tools Cérebro Ansioso: “Acabei de me lembrar de algo perigoso e terrível. Já sei! Vou gerar um pensamento sobre esta coisa terrível para alertar o Cérebro Julgador de que ele deve tomar cuidado. Cérebro Julgador: “Oh não! Acabei de ter um pensamento horrível! Este pensamento deve significar alguma coisa – ele deve ser verdadeiro. Eu preciso parar de ter esse pensamento ou me livrar dele de alguma forma. ESTE PENSAMENTO É PERIGOSO!”. Cérebro Ansioso: “Eu tinha razão! Eu sabia que esse pensamento era importante. Eu conheço bem o meu trabalho, e preciso produzir mais desses pensamentos para garantir nossa segurança!” Cérebro Julgador: “Não, não! Chega desses pensamentos terríveis. Eu preciso me afastar deles ou evitá-los ou me distrair”. Cérebro Ansioso: “Mais uma prova de que eu tinha razão! Aqueles pensamentos devem ser muito importantes para o Cérebro Julgador estar querendo tanto se livrar deles. ACHO MELHOR PRODUZIR MAIS ALGUNS”. Cérebro Julgador: “Estes pensamentos terríveis não vão parar! O fato de eu ter esses pensamentos diz o que a meu respeito? Eu devo ser uma pessoa má para tê-los. Deve significar que eu sou fraco”. Cérebro Ansioso: “O Cérebro Julgador está ficando realmente afetado por aqueles pensamentos - eles devem ser muito importantes então. É MELHOR EU CONTINUAR PRODUZINDO-OS SEM PARAR! Avaliando a Inflexibilidade Psicológica: 6 processos centrais Baseado em: Harris, R. (2009). ACT Made Simple. Oakland: New Harbinger Publications 1) Domínio do passado ou futuro conceitualizado; Auto-conhecimento limitado: Quanto tempo seu cliente gasta vivendo num passado ou fantasiando / preocupando-se com o futuro? Em quais elementos do passado ou futuro ele se detém? Em que medida ele está desconectado ou não tem clareza dos próprios pensamentos, sentimentos e atitudes? 2) Fusão: Seu cliente está fundido com que tipo de conteúdo cognitivo disfuncional – regras ou expectativas rígidas, crenças auto-limitantes, crítica e julgamento, justificativas, estar sempre certo, idéias de desesperança / de não ter valor, ou outros? 3) Evitação Experencial: Quais experiências privadas (pensamentos, sentimentos, memórias e assim por diante) seu cliente está evitando? Como ele está fazendo isso? O quão invasiva é a evitação experencial em sua vida? 4) Apego ao Self Conceitualizado: Qual é o “self conceitualizado” do seu cliente? Por exemplo, ele vê a si mesmo como defeituoso / fraco / estúpido / indigno de amor e assim por diante? Ou talvez veja a si mesmo como forte / superior / um sucesso? O quanto ele está fundido com esta auto-imagem? Ele define a si mesmo em termos de seu corpo ou um traço de personalidade, ou um papel, profissão ou algum diagnóstico em particular? 5) Falta de clareza / contato com valores: Qual o grau de clareza que o cliente tem sobre seus valores? De que maneira ele está negligenciando ou agindo de maneira inconsistente com estes valores? (por exemplo, valores comumente negligenciados incluem conexão, carinho, autenticidade, abertura, auto-cuidado, amor, cuidado, viver no presente). 6) Ações ineficazes / inação: Quais atitudes impulsivas, evitativas ou auto-derrotistas está tendo? Ele falha em persistir quando ação persistente é necessária? Ou então inapropriadamente continua tendo atitudes mesmo quando estas mostram-se inefetivas? Quais pessoas, lugares, situações e atividades ele está evitando ou distanciando-se de? Coletando a história do cliente Baseado em: Harris, R. (2009). ACT Made Simple. Oakland: New Harbinger Publications. 1. A queixa apresentada a. Qual é a conceitualização do seu cliente sobre (1) o problema principal e (2) como esse se desenvolveu? b. De acordo com o seu cliente, como a queixa apresentada interfere com a vida dele? O que o impede de fazer ou ser? c. Questões para identificar pensamentos e sentimentos problemáticos: Quais são os sentimentos ou emoções mais difíceis que estão associados a esse problema? Quando sua mente o faz pensar demais sobre tal problema, quais são as coisas mais assustadoras, mais desagradáveis ou as mais dolorosas que sua mente lhe diz? Alguma vez você já se viu vivendo em função desse problema ou se preocupando com ele o tempo todo? Se eu pudesse escutar o que se passa dentro de sua mente nesses momentos, o que eu escutaria? A sua mente o espizinha por ter esse problema? Se sim, quais são os julgamentos mais desagradáveis que a sua mente faz sobre você? d. Questões para identificar ações disfuncionais: O que acontece quando você se depara com todos esses pensamentos e sentimentos dolorosos? Como você age diferentemente nesses momentos – como o seu comportamento muda? Se eu estivesse lhe assistindo através de uma câmera quando você se depara com esses pensamentos e sentimentos, o que eu veria você fazendo ou falando? e. Questões para identificar evitação experencial e ações disfuncionais: O que você já tentou para se livrar desses pensamentos e sentimentos dolorosos? Existe alguma coisa que você faz que o leva a se sentir preso ou que piora a situação? Existe alguma coisa que você faz que impacte negativamente a sua saúde, ou interfira negativamente em seus relacionamentos, ou apenas faz com que você se sentia pior? Existe alguma coisa que você faz que disperdiça o seu tempo, energia ou dinheiro? Existe alguma coisa que você faz que lhe dá um certo alívio no curto prazo, mas piora o problema no longo prazo? 2. Avaliação inicial de valores Você pode perguntar ao seu cliente algumas ou todas as perguntas abaixo. Além disso (ou como uma alternativa), você pode pedir ao cliente para preencher uma ferramenta de avaliação simples como o Olho do Touro ou a Bússola da Vida. a. Se eu pudesse usar uma varinha mágica para que todos esses pensamentos e sentimentos problemáticos deixassem de ter impacto sobre você, o que você começaria a fazer, ou faria mais? O que você pararia de fazer, ou faria menos? Como seu comportamento mudaria em relação a seus amigos, cônjuge, filhos, pais, familiares, colegas de trabalho e etc? Como você agiria de maneira diferente em sua casa, no seu trabalho ou nos momentos de lazer? b. Há momentos em que você se sinta um senso de propósito, sigfnificado, vitatlidade ou realização – mesmo que por pouco tempo? Fazendo o quê? Quando, onde, como e com quem? c. Se, durante o processo de enfretamento desse problema indesejado e doloroso, você pudesse desenvolver algumas forças, qualidades ou habilidades pessoais que lhe ajudariam, de alguma maneira, a se tornar uma “pessoa melhor” ou “crescer como ser humano” ou “fazer diferença na vida dos outros”, quais seriam essas forças, qualidades ou habilidades? d. O que você está fazendo nesse momento em sua vida que é inconsistente com a pessoa que, no fundo, você realmente quer ser? O que você gostaria de fazer de maneira diferente? e. Se o trabalho que fazemos aqui pudesse ter um impacto positivo nas relações mais importantes da sua vida, quais relacionamentos melhorariam? E como? Como você gostaria de ser nesses relacionamentos se você pudesse ser o seu ideal? f. Para clientes em crise ou em situações de vida extremamente dolorosas: O que você quer que seu comportamento represente diante dessa situação? Se, em algum momento no futuro, você olhasse para trás e observasse a maneira como lidou com essa situação agora, o que você gostaria de dizer sobre a forma como você conduziu as coisas? O que você gostaria de dizer sobre como você cresceu ou se desenvolveu como resultado disso? g. Para clientes suicidas: O que te impediu de tirar sua própria vida? h. Para cliente relutantes e/ou que foram obrigados: Por um momento, vamos deixar de lado a pessoa que te mandou para cá e vamos nos focar naquilo que você pode aproveitar. Se você pudesse tirar algo de útil das nossas sessões de modo que elas não fossem apenas uma encheção, um estresse, um desperdício de seu tempo; se de alguma maneira este tempo pudesse ajudar você a melhorar sua vida, qual seria a área da sua vida que você mais gostaria de melhorar? E de quais maneiras você gostaria de melhorá-la? O que existe nessa área da sua vida que é importante para você? 3. O contexto de vida atual, história familiar e história social O contexto de vida atual inclui saúde, medicamentos, trabalho, financças, relacionamentos, família, cultura e assim por diante. Procure também por fatores que reforçam o problema – por exemplo, ganhos secundários. História familiar e social inclui relacionamentos importantes do passado e do presente, bem como as percepcções dos clientes acerca de como eles foram impactados por essa história. Outras ferramentas de avaliação dependem da sua prática e clientela. Você pode preferir ser breve nesse ponto inicialmente, deixando para coletar mais informações nas sessões seguintes conforme necessário. 4. Inflexibilidade Psicológica a. Domínio do passado ou futuro conceitualizados; autoconhecimento limitado: Quanto tempo o seu cliente perde vivendo no passado ou fantasiando/se preocupando com o futuro? Quão facilmente ele perde o contato com o presente? (Ou seja, quão distraível ele é)? O quão difícil é para ela "saber" o que está pensando ou sentindo? b. Fusão: Que tipo de conteúdo cognitivo disfuncional seu cliente está se fundindo com – regras rígidas, crenças auto-limitantes, julgamentos severos, justificativas, estar certo, ideias de desesperança ou desvalor, ou outras? c. Evitação experiencial: Quais experiências privadas (pensamentos, sentimentos, memórias e assim por diante) o seu cliente está evitando – e como? O quão pervasiva é a evitação experiencial na vida do seu cliente? d. Apego ao self conceitualizado: Qual é o “self conceitualizado” do seu cliente? Por exemplo, ele vê a si mesmo como estragado / danificado / indigno de ser amado / fraco / burro, etc? Ou, talvez, elqa se veja como forte / superior / bem-sucedida? Quão fundido o seu cliente está com essa autoimagem? e. Falta de clareza/contato com valores: Que valores centrais este cliente não tem clareza sobre, está negligenciando ou agindo de forma inconsistente com (por exemplo, conexão, cuidado, contribuição, autocompaixão, autocuidado, afeto, ou outros?) f. Ação disfuncional:
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