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SÃO JUDAS TADEU PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM CIÊNCIAS DO ENVELHECIMENTO MECANISMO DE AÇÃO DO CANABIDIOL NOS PROCESSOS NEURODEGENERATIVOS ASSOCIADOS AO ENVELHECIMENTO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA Autora: Aline Gavioli Orientadora: Prof. Dra. Sandra Regina Mota Ortiz SÃO PAULO 2021 2 ALINE GAVIOLI MECANISMO DE AÇÃO DO CANABIDIOL NOS PROCESSOS NEURODEGENERATIVOS ASSOCIADOS AO ENVELHECIMENTO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA SÃO PAULO 2021 Dissertação apresentada ao programa de Pós- Graduação Stricto Sensu da Universidade São Judas Tadeu, para obtenção do título de mestre em Ciências do Envelhecimento. Linha de pesquisa: Doenças Associadas ao Envelhecimento Orientadora: Prof. Dra. Sandra Regina Mota Ortiz 3 4 DEDICATÓRIA A todos aqueles que são portadores de doenças neurodegenerativas, em especial a Doença de Alzheimer. Espero que um dia a terapia a partir da Cannabis Medicinal possa ser uma estratégia terapêutica melhor aceita, e dessa forma possibilitar melhor qualidade de vida aos pacientes e seus familiares. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a minha família pelo apoio e incentivo prestados durante todo o desenvolvimento deste projeto, além de, toda dedicação que me foi concedida ao longo do mestrado, sendo compreensivos com meus momentos de ausência. Agradeço gentilmente a minha orientadora e amiga Prof. Dra. Sandra Ortiz, por ser minha maior referência e inspiração de profissional. Entendo que ensinar e educar implicam em responsabilidades pedagógica, política e moral, dentro e fora da Universidade, na responsabilidade do coletivo e na minha responsabilidade enquanto ser humano, afinal, não sou conhecedora de todas as técnicas e nem detentora de todo conhecimento. Enquanto docente sou também discente. Dessa forma, por ser exemplo de empatia e amizade, agradeço-lhe, Sandra Ortiz, por apoiar-me desde a graduação, oferecendo-me oportunidades, para que, mesmo tão nova, pudesse estudar aquilo que me fazia feliz. Sei que se eu puder me tornar metade da profissional, professora e orientadora que foste para mim, saberei que atingi a excelência! Agradeço a espiritualidade amiga por sempre me guiar por bons caminhos, e pela força para continuar persistindo e nunca desistir de tornar este sonho realidade. Agradeço a minha terapeuta Ana Paula Milinavicius Zok, pois sem ela talvez não teria conseguido enfrentar tantos altos e baixos durante este percurso. Agradeço as minhas amigas e irmãs do “Clube do Bolinha” Gabriella Rigotti, Laís Ferreira, Juliana Adduci e Franciely Tomaz. Também a minha amiga Thayna Ribeiro pela contribuição em meu documento e na trajetória. Aos meus amigos, Gabriel Henrique de Paula Santos, Maycon Machado, Fabricio Ribeiro Guimarães, Rafael Santos e Rafael Molina. Por fim, agradeço ao meu eterno estagiário, Gabriel Prates, que sempre disse acreditar em mim e no meu potencial. A todos os grandes colegas e amigos que contribuíram com a minha formação, pelo incentivo, amizade, e pelos momentos divertidos comendo batata frita juntos para “ficar mais calma”. A vocês o meu muito obrigada! Agradeço pela oportunidade de contribuir para com o projeto de extensão “Curiosa Idade” da Universidade São Judas durante um ano. Em especial, gostaria de ressaltar o nome das professoras Jane Barreto e Rita de Cássia por todo aprendizado que adquiri nesta experiência, bem como todos os colegas que estavam tão envolvidos neste brilhante trabalho de extensão universitária. 6 Ao grupo de pesquisa do Prof. Dr. Gilberto Laurentino, que durante um breve momento me acolheram e trouxeram-me questionamentos que enriqueceram esta pesquisa, gerando sempre importantes discussões. Agradeço as minhas queridas, e muito especiais, alunas de iniciação cientifica, que mesmo não sabendo, deram-me muita força em toda essa longa caminhada e contribuíram grandemente para o meu aprendizado como futura docente: Maria Helena Santos de Sant'Ana, Gabriela Silva, Gabriela Machado, Gabriela Lima e, Vanessa Oliveira. À coordenação e aos docentes do programa de mestrado em Ciências do Envelhecimento, bem como, à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo apoio financeiro. Por fim, gostaria de agradecer imensamente a todos os “Nãos”, a todos aqueles que me disseram “Você não é capaz”, a todos aqueles que duvidaram do meu potencial. Foram as tantas portas fechadas e críticas negativas, que me motivaram a buscar a excelência com dedicação e persistência. 7 GAVIOLI, Aline. Mecanismo de ação do canabidiol nos processos neurodegenerativos associados ao envelhecimento: uma revisão integrativa [Dissertação]. São Paulo: Universidade São Judas; 2021. 46p RESUMO A Doença de Alzheimer é caracterizada pelo acúmulo de placas β-amiloide, uma possível administração de canabidiol poderia diminuir o acúmulo de placas β-amiloide e poderia melhorar a neuroplasticidade durante o envelhecimento. O canabidiol extraído da Cannabis sativa (sem efeitos psicoativos) tem surgido como possível estratégia terapêutica interagindo com os astrócitos, diminuindo as funções pró- inflamatórias e reduzindo significativamente a morte celular neuronal induzida por β- amiloide, devido a sua capacidade de eliminar espécies reativas de oxigênio e reduzir a peroxidação lipídica, o qual diminuiria o processo de neurodegeneração sendo particularmente interessante quando consideramos o envelhecimento do sistema nervoso, uma importante alteração seria a neurodegeneração, presente em doenças, como a Doença de Parkinson e a Doença de Alzheimer. Tendo em vista essa possível forma de tratamento, o presente estudo teve como objetivo verificar os possíveis mecanismos em que o canabidiol leva a neuroplasticidade na Doença de Alzheimer. A presente revisão de integrativa foi elaborada por meio dos descritores específicos definidos de acordo com “a estratégia de busca PICOS”, com os seguintes descritores: P (população) - Doença de Alzheimer; I (intervenção) - Uso de Canabidiol; C (comparador) Mecanismo de ação e neuroplasticidade; acrescidos de operadores booleanos “AND”. Após a aplicação dos critérios de inclusão/exclusão e dos critérios de elegibilidade, oito artigos foram incluídos no estudo. Sendo dois estudos in vitro/in cito, três estudos moleculares e três estudos em animais transgênicos. Os resultados apresentados sugerem que a administração de canabidiol tenha um papel positivo em quadros neurodegenerativos, especialmente ligados ao processo de envelhecimento, agindo por vias de inibição do estresse oxidativo e processo inflamatório, assim como as vias de Wnt/b-catenina, GSK-3β e PC12. Palavras-Chave: Canabidiol; Alzheimer; Neuroplasticidade; Canabinoide; Envelhecimento. 8 GAVIOLI, Aline. Mechanism of action of canabidiol in neurodegenerative processes associated in aging: an integrative review. [Dissertation]. São Paulo: São Judas University; 2021. 46p ABSTRACT Alzheimer's Disease is characterized by the accumulation of β-amyloid plaques, a possible administration of cannabidiol may decrease the accumulation of β-amyloid plaques and may improve neuroplasticity during aging. Cannabidiol extracted from Cannabis sativa (without psychoactive effects) has emerged as a possible strategy interacting with astrocytes, decreasing pro-inflammatory functions and studying neuronal cell death induced by β-amyloid, due to its ability to eliminate reactive oxygen species and reduce lipid peroxidation, which decreases the neurodegeneration process, being particularly interesting when considering the aging of the nervous system, an important serious alteration to neurodegeneration,present in diseases such as Parkinson's Disease and Alzheimer's Disease. In view of this possible form of treatment, the present study aimed to verify the mechanisms that cannabidiol lead to neuroplasticity in Alzheimer's disease. This integrative review was elaborated using specific descriptors defined according to “the PICOS search strategy”, with the following descriptors: P (population) - Alzheimer's disease; I (intervention) - Use of Cannabidiol; C (comparator) Mechanism of action and neuroplasticity; plus Boolean “AND” operators. After applying the inclusion/exclusion criteria and eligibility criteria, eight articles were included in the study. There are two in vitro / in cyto studies, three molecular studies and three studies in transgenic animals. The results obtained show that the administration of cannabidiol has a positive role in neurodegenerative conditions, especially linked to the aging process, acting through pathways of inhibition of oxidative stress and inflammatory process, as well as the pathways of Wnt / b- catenin, GSK-3β and PC12. Key words: Cannabidiol; Alzheimer's; Neuroplasticity; Cannabinoid; Aging. 9 LISTA DE ABREVIATURAS 2-AG 2-araquidonoilglicerol AEA Aanandamida βA β amiloide CB1 Receptor Canabinoide 1 CB2 Receptor Canabinoide 2 CBC Canabicromo CBD Canabidiol CBN Canabinol CBs Canabinoides DA Doença de Alzheimer EC Endocanabinoides IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica NFTs Emaranhados neurofibrilares OMS Organização Mundial da Saúde RNS Espécies reativas de nitrogenio ROS Espécies reativas de oxigênio SEC Sistema endocanabinoide SNC Sistema nervoso central THC Δ9 -tetraidrocanabinol 10 THCA Ácido tetrahidrocanabidiol 11 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................12 2. OBJETIVOS GERAIS............................................................................................20 2.1. Objetivos específicos......................................................................................20 3. JUSTIFICATIVA E HIPÓTESE..............................................................................21 4. MATERIAIS E MÉTODO........................................................................................22 4.1. Tipo de estudo..................................................................................................22 4.2. Identificação dos estudos.................................................................................22 4.3. Análise Bibliométrica........................................................................................23 4.4. Critérios de inclusão e exclusão.......................................................................23 4.5. Análise e apresentação dos resultados............................................................24 5. RESULTADOS.....................................................................................................25 6. DISCUSSÃO.........................................................................................................32 7. CONCLUSÃO.......................................................................................................37 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................38 ANEXO I - ARTIGOS COMPLETOS RESULTANTE DO PROGRAMA.....................43 ANEXO II – ARTIGOS SUBMETIDOS RESULTANTES DO PROGRAMA................44 ANEXO III - TRABALHO APRESENTADO EM CONGRESSO.................................45 12 1. INTRODUÇÃO O envelhecimento populacional traz consigo problemas de saúde que desafiam os sistemas de saúde e de previdência social. Envelhecer não significa necessariamente adoecer. Os avanços no campo da saúde e da tecnologia permitiram para a população, com acesso a serviços públicos ou privados adequados, uma melhor qualidade de vida nessa fase (KALACHE, 2008). Com a inversão da pirâmide etária do país, os idosos necessitam ser reincorporados, novamente, na sociedade para evitar o isolamento. No decorrer do envelhecimento, é observado, principalmente, um aumento de sintomas somáticos e falta de bem-estar (IRIGARAY; SCHNEIDER, 2007). Nos últimos tempos a população idosa tem aumentado cada vez mais, isso é uma conquista na marca da humanidade, mas também é um desafio em proporcionar qualidade de vida para a terceira idade, que é considerada a população com 60 anos ou mais. No Brasil, segundo dados do IBGE (2020), são mais de 28 milhões de pessoas nessa faixa etária, o que representa 13% da população. No último século, a expectativa média de vida aumentou em média 30 anos nas regiões desenvolvidas do mundo. Para a Organização Mundial da Saúde a definição de velhice é baseada na idade cronológica, na qual a definição de idoso inicia-se aos 65 anos, nos países desenvolvidos, e aos 60 anos, nos países em desenvolvimento. No Brasil, de acordo com o Estatuto do Idoso (2003), as pessoas com idade igual ou superior a 60 anos são reconhecidas como idosas. Entretanto, alguns direitos como a gratuidade no transporte coletivo público urbano e semiurbano só é concedida aos maiores de 65 anos. O envelhecimento deve ser entendido como um processo natural de desgaste fisiológico dos sistemas do organismo. Tal desgaste pode ocasionar diminuição das capacidades físicas e um aumento relativo da incapacidade para realização de atividades cotidianas (VIANA DE FREITAS; LIGIA, 2013). O processo de envelhecimento pode ser dividido em envelhecimento biomédico (focada na dicotomia saúde-doença) e psicossocial (capacidade de manter a atividade mental e a vida social) (INSTITUCIONALIZAÇÃO, 2017). Senescência é o processo natural de envelhecimento ao nível celular ou o conjunto de fenômenos associados a este processo. É um processo metabólico ativo 13 associado ao processo de envelhecimento. Senilidade é o processo patológico de envelhecimento. Caracteriza-se por um declínio gradual no funcionamento de todos os sistemas do corpo: cardiovascular, respiratório, genital, urinário, endócrino e imunológico, entre outros (LIENGME et al., 2015). O sistema nervoso central (SNC) é extremamente afetado pelos processos de envelhecimento, que são caracterizados por alterações morfofuncionais, histológicas e nos sistemas de neurotransmissores que levam a várias mudanças na fisiologia cerebral. Uma importante alteração seria a neurodegeneração, perda progressiva da estrutura ou funcionamento dos neurônios, incluindo a morte celular, vide apoptose dessas células (FERRARI et al., 2001). Com o envelhecimento, o sistema nervoso apresenta alterações como redução no número de neurônios, redução na velocidade de condução nervosa, redução da intensidade dos reflexos, restrição das respostas motoras, do poder de reações e da capacidade de coordenações. O sistema nervoso central, apesar de não ser capaz de recuperar seus neurônios, tem propriedades que podem diminuir o impacto das alterações do envelhecimento, como mecanismos compensadores e plasticidade. O declínio depende de diversos fatores, genéticos e epigenéticos, que determinarão a resposta do organismo aos estímulos (FECHINE; TROMPIERI, 2015). O processo de envelhecimento é importante não apenas para entender a etiologia associada aos processos neurodegenerativos que lhe estão associados, mas fundamentalmente para conhecer e desenvolver estratégias que atenuem os efeitos da senescência (LIENGME et al., 2015). No envelhecimento, pode-se estar sempre aprendendo coisas novas e estimulando o cérebro, mesmo que ocorram pequenas perdas, a neuroplasticidade vai compensando, e melhorando a capacidade de raciocínio. O processo de envelhecimento neurológico pode trazer consigo as demências, que se manifestamcomo um déficit na função cognitiva, e esta afeta a vida social, profissional ou acadêmica da pessoa. Dentre essas demências podemos citar a Doença de Alzheimer (DA), onde o indivíduo tem uma perda da memória episódica e desorientação espacial, além, é claro, de outros sintomas bem visíveis e marcantes. Isto se deve a degeneração do hipocampo e de algumas áreas corticais associativas (COSTA, 2017). 14 Com o avançar da idade, o indivíduo apresenta deficiências no controle genético da produção de proteínas estruturais, de enzimas e dos fatores neurotróficos. Esse déficit, por sua vez, repercute de maneira negativa na função das células nervosas e da glia, tornando mais difíceis a neurogênese, a plasticidade, a condução e a transmissão dos impulsos nervosos. Com isso, são gerados déficits consideráveis nos equilíbrios estático e dinâmico (ESQUENAZI; DA SILVA; GUIMARÃES, 2014). As doenças neurodegenerativas são relacionadas com alterações na conformação das proteínas que incluem as doenças de Parkinson, de DA e de Hungtington, esclerose lateral amiotrófica e demências fronto-temporais. Em alguns casos, a deposição de agregados proteicos parece perturbar fisicamente o funcionamento de alguns grupos de células específicos. Em Parkinson, semelhantemente ao DA e em semelhança ao que acontecem com as doenças degenerativas, os sintomas parecem surgir devido ao ganho de função tóxica que resulta do processo de agregação proteica, que começa em uma organização simples, evoluindo para fibrilas amiloides (BOASBERG et al., 2019). A demência relacionada com o envelhecimento normalmente tem um início lento e gradual, com a atrofia hipocampal sendo manifestada após vários anos de início dos sintomas clínicos. A deposição de beta-amiloide (βA) é parte da fisiopatologia de DA, fazendo com que seja um forte biomarcador do DA. Sabe-se que o papel da βA na neurodegeneração culmina em uma cascata de eventos prejudiciais como demência e DA. Entretanto, mesmo na presença do envelhecimento cognitivo, existe deposição de βA em alguns indivíduos (HUIJBERS et al., 2014). Emaranhados neurofibrilares, gerados a partir da proteína tau, podem ser associados aos microtúbulos quando sofrem uma hiperfosforilação, gerando uma perda de função neuronal associada aos seus emaranhados intracelulares. As placas de proteína βA parecem predispor a formação destes emaranhados, e ambas, por seus efeitos tóxicos, são responsáveis pela morte neuronal. Os emaranhados parecem ser um bom indicador do declínio cognitivo durante a progressão do DA (FRANCO; VIEGAS, 2017). A doença de DA é uma doença neurodegenerativa progressiva que emergiu como a forma mais prevalente de demência tardia em humanos. A produção de βA a partir da proteína precursora de amiloide e seu subsequente acúmulo, agregação e deposição no cérebro são eventos centrais na patogênese da DA (FALCO et al., 2016). 15 A DA é uma patologia de início lento e silencioso caracterizado pelo declínio cognitivo leve, onde lapsos de memória sutis se apresentam. A DA afeta milhões de pessoas pelo mundo, com uma perspectiva de em 2050 acometer mais de 131 milhões de pessoas pelo mundo (HODSON, 2018; HØGH, 2017; TIWARI et al., 2019). O envelhecimento pode levar a alterações da função cognitiva, sendo na memória as mais evidentes. A memória é uma função do SNC responsável pela aquisição, o armazenamento e a evocação de informações. A aquisição é também denominada aprendizado. O neurotransmissor excitatório mais importante é o glutamato, para o qual existem diversos tipos de receptores, sendo o principal o ácido gama- aminobutírico (GABA) (IZQUIERDO et al., 2003). As doenças neurodegenerativas, como a DA, Parkinson e Esclerose Lateral Amiotrófica estão relacionadas com alterações na conformação das proteínas nativas, onde a deposição de agregados proteicos parece perturbar fisicamente o funcionamento de alguns grupos de células neuronais específicos. Emaranhados neurofibrilares, gerados a partir da proteína tau, podem ser associados aos microtúbulos quando sofrem uma hiperfosforilação, gerando uma perda de função neuronal associada aos seus emaranhados intracelulares (BUTTERFIELD; JOHNSON, 2020; LIMA; MARINHO; FERNANDES, 2017). As placas de proteína Aβ parecem predispor a formação destes emaranhados, e ambas, por seus efeitos tóxicos, são responsáveis pela morte neuronal (BOASBERG et al., 2019). Os emaranhados parecem ser um bom indicador do declínio cognitivo durante a progressão da DA (FRANCO; VIEGAS, 2017). A formação de βA não é muito esclarecida, no entanto sabe-se que a micróglia e macrófagos contribuem de alguma forma para essa formação (BAIK et al., 2016). A proteína Aβ tem papel fundamental na etiopatogenia da DA, caracterizada por mudanças neurodegenerativas que estão associadas a prejuízos precoces de memória, especificamente memória episódica (LIMA; MARINHO; FERNANDES, 2017). A histopatologia da doença é caracterizada por depósitos extra-neuronais de β-peptídeo βA e neuritos distróficos, denominados placas senis, deposição intra- neuronal da proteína tau hiperfosforilada, denominada emaranhado neurofibrilar, e perda de sinapses e neurônios (BUTTERFIELD; JOHNSON, 2020). A DA é uma patologia de início lento e silencioso caracterizado pelo declínio cognitivo leve, onde lapsos de memória sutis se apresentam, com perspectiva de em 16 2050 acometer mais de 131 milhões de pessoas no mundo (HODSON, 2018; HØGH, 2017; TIWARI et al., 2019). O estresse oxidativo também é muito relevante para o desenvolvimento da DA, por estar associado com o declínio cognitivo (NISHIMAKI et al., 2018; TADOKORO et al., 2019). A produção excessiva de espécies reativas de oxigênio (ROS) e nitrogênio (RNS) resulta na destruição de células lipídicas, proteicas, DNA e RNA, seus metabolitos elevam os níveis ROS e RNS levando a um dano oxidativo (ISLAM, 2017). Essa patologia foi atribuída ao pontual aumento de formação de emaranhados neurofibrilares (NFTs) e o depósito de peptídeos βA (FAKHOURY, 2018). A formação de βA não é muito esclarecida, no entanto, sabe-se que a micróglia e macrófagos contribuem de alguma forma para essa formação (BAIK et al., 2016). A neurogênese do hipocampo adulto diminui no envelhecimento de roedores e primatas. Pensa-se que os seres humanos durante o envelhecimento exibem neurogênese minguante e angiogênese induzida pelo exercício, com uma resultante redução volumétrica na região do giro do dentado do hipocampo. Idosos saudáveis, sem comprometimento cognitivo, doença neuropsiquiátrica ou tratamento, exibem neurogênese preservada. É possível que a neurogênese do hipocampo em curso mantenha a função cognitiva específica do homem ao longo da vida e que os declínios possam estar relacionados à resiliência cognitivo-emocional comprometida (BOLDRINI et al., 2018). Como compressão da neurodegeneração, a plasticidade neural pode ser definida como uma mudança adaptativa na estrutura e nas funções do sistema nervoso, como função de interações com o ambiente interno ou externo, ou de traumas que afetam o ambiente neural (FERRARI et al., 2001). A neuroplasticidade engloba os diferentes processos (formação dendrítica, remodelação sináptica, long term potentiation, desenvolvimento axonal, extensão neurítica, sinaptogênese e neurogênese) pelos quais o cérebro se adapta, e responde a uma variedade de estímulos internos e externos (COELHO, 2005). A neuroplasticidade está ligada às capacidades do cérebro de formar novas conexões, e o aprendizado está diretamente ligado ao número de conexões que formamos. Cada neurônio tem inúmeras conexões e as novas conexões são realizadas a todo momento, até o fim da vida. O cérebro tem a capacidade de compensar as perdas, dividida em dois processos, neurogênese e neuroplasticidade. 17 A neurogênese é a capacidade decriar novos neurônios, principalmente quando há estimulação do cérebro (HAASE; LACERDA, 2004). Como um novo método terapêutico para doenças neurodegenerativas, a Cannabis medicinal está emergindo. Os endocanabinoide (EC) podem estar ligados à estimulação de neurogênese embrionária e adulta, orientação axonal, migração celular, formação de sinapses e sobrevivência de neurônios durante o desenvolvimento, esses processos são afetados pelo envelhecimento e pela neurodegeneração, onde a desregulação do sistema endocanabinoide SEC pode estar envolvida com tais fatores (KENDALL; YUDOWSKI, 2017). Além da modulação sináptica, o SEC e seus ligantes, podem interagir com as atividades astrocíticas, no qual o aumento da atividade dos astrócitos é suprimido na presença de CBD em modelos de isquemia, doença de Alzheimer, Esclerose Múltipla, lesão do nervo ciático, epilepsia e esquizofrenia, doenças bem prevalentes no envelhecimento, além disso, o CBD demonstrou diminuir as funções pró-inflamatórias e a sinalização nos astrócitos (KOZELA; JUKNAT; VOGEL, 2017). A Cannabis sativa é uma planta herbácea da família das Canabiáceas (Cannabaceae), amplamente cultivada em muitas partes do mundo. As folhas são finamente recortadas em segmentos lineares. As flores são unissexuais e inconspícuas, têm pelos granulosos que, nas femininas, segregam uma resina. O caule possui fibras industrialmente importantes, conhecidas como cânhamo. O primeiro uso medicinal da Cannabis sativa é datado de 2.737 a.C., na China, onde era indicado o chá da planta para tratamento de gota, reumatismo, malária e esquecimentos frequentes (AMAME, 2019; CARLINI, 2006). Na antiguidade os médicos prescreviam a Cannabis para grande parte das doenças e desconfortos, como, por exemplo, as dores do parto. Em 50 d.C. Pedânio Dioscórdes, considerado fundador da farmacologia publicou “De Materia Mecica” com fortes indicações do uso da Cannabis medicinal, mas só em 1889 ela foi considerada de fato um medicamento. Em 1924, por um consenso mundial o seu consumo foi descrito como prejudicial, tornando-se uma droga ilegal, juntamente com os medicamentos a sua base (AMAME, 2019; CARLINI, 2006). Após a sua proibição, somente em 1964 a Cannabis sativa voltou a ser alvo de estudos, tendo seu primeiro composto isolado, os Δ 9 -tetrahidrocanabinol (THC). Os https://pt.wikipedia.org/wiki/Planta https://pt.wikipedia.org/wiki/Erva https://pt.wikipedia.org/wiki/Cannabaceae https://pt.wikipedia.org/wiki/Folha_(bot%C3%A2nica) https://pt.wikipedia.org/wiki/Flor https://pt.wikipedia.org/wiki/Caule https://pt.wikipedia.org/wiki/Fibra https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2nhamo 18 canabinoides são um grupo de compostos presentes na Cannabis Sativa (maconha), a exemplo do Δ9 -tetraidrocanabinol (THC) e seus análogos sintéticos (ISLAM, 2017). Os fitocanabinoides representam compostos produzidos a partir da Cannabis Sativa, mas também de outras plantas como Cannabis ruderalis e Cannabis indica, são mais de 90 canabinoides, divididos em 10 subclasses, como por exemplo o THC, ácido tetrahidrocanabidiol (THCA), canabidiol (CBD), canabigerol (CBG), canabinol (CBN), canabicroeno (CBC) entre outros (ANDRE; HAUSMAN; GUERRIERO, 2016; PORTAL CANNABIS & SAÚDE, 2020). A cannabis contém mais de 500 compostos naturais, incluindo óleos, proteínas, metabólitos e fibras (PAPAGIANNI; STEVENSON, 2019). O sistema endocanabinoide é composto por pelo menos dois receptores acoplados a uma proteína G, Receptor Canabinoide 1 (CB1) descoberto em 1988 com maior afinidade pelo THC e Receptor Canabinoide 2 (CB2) descoberto em 1993, e pelos seus ligantes endógenos (endocanabinoides; a exemplo da anandamida e do 2- araquidonoil glicerol, que foram isolados entre 1994 e 1995) e pelas enzimas responsáveis por sintetizá-los e metabolizá-los (ISLAM, 2017; RAJA et al., 2020). Pode ser encontrado em áreas como núcleos da base, córtex cerebral, hipocampo e outras (SAITO; WOTJAK; MOREIRA, 2010). Os EC representam uma classe de mensageiros neurais que são sintetizados sob demanda e liberados de neurônios pós-sinápticos para restringir a liberação de neurotransmissores clássicos de terminais pré-sinápticos. Esta sinalização retrógrada modula uma diversidade de funções cerebrais, incluindo ansiedade, medo e humor, em que a ativação de receptores CB1 pode exercer efeitos dos tipos ansiolítico e antidepressivo em estudos pré-clínicos (SAITO; WOTJAK; MOREIRA, 2010). O funcionamento inadequado do sistema endocanabinoide pode promover o desenvolvimento e a manutenção de transtornos psiquiátricos como a depressão, as fobias e o transtorno de pânico. Assim, espera-se que os agonistas de CB 1 ou os inibidores da hidrólise de anandamida exerçam efeitos antidepressivos e ansiolíticos (SAITO; WOTJAK; MOREIRA, 2010). O canabidiol (CBD) é o principal canabinoide não psicomimético derivado da Cannabis, ou seja, não interagindo com o sistema dopaminérgico, não causa euforia, agitação ou eventos motores (SANTOS et al., 2019). Não tendo atividade direta nos receptores CB1 e CB2, exerce importantes ações no cérebro, como o efeito 19 neuroprotetor pela redução significativa da morte celular neuronal induzida por β amiloide, devido a sua capacidade de eliminar espécies reativas de oxigênio e reduzir a peroxidação lipídica (ESPOSITO et al., 2011). Outros estudos referem a sua capacidade anti-inflamatória sobre o sistema imune, e anticonvulsivante (RIBEIRO, 2014). O CBD não é afetado pelos antagonistas canabinoides, e pela sua lipossolubilidade, pode facilmente atravessar a barreira hematoencefálica, podendo agir nas periferias do cérebro (MECHOULAM; PARKER; GALLILY, 2002). O efeito antioxidante, aparentemente, independe dos receptores CB1 e CB2, no entanto, pelo seu potencial anti-inflamatório, fornece importante proteção contra a neurodegeneração de neurônios dopaminérgicos (PETERS; MURILLO-RODRIGUEZ; HANUS, 2007). Considerando a doença de Alzheimer como a demência mais prevalente segundo a OMS com certa de 60% a 70% de prevalência em relação a outras demências, é de suma importância identificar e analisar novos métodos terapêuticos. O CBD traz perspectivas anti-inflamatórias e antioxidantes relevantes para evitar o depósito de beta amiloide, ponto focal da doença, além de poder estar conectado com as vias de ativação da neuroplasticidade. Dessa forma, mostra-se necessário realizar o maior aprofundamento no mecanismo terapêutico do CBD em relação à neuroproteção e neuroplasticidade na Doença de Alzheimer. 2. OBJETIVO GERAL 20 Avaliar o mecanismo de ação do CBD nos processos neurodegenerativos e seus impactos na ação Doença de Alzheimer. 2.1. OBJETIVOS ESPECIFICOS • Identificar ação do Canabidiol nos processos neurodegenerativos associados ao envelhecimento; • Avaliar a ação neuroplastica de diferentes tratamentos com Canabidiol nos processos neurodegenerativos • Avaliar o potencial terapêutico do uso do Canabidiol em quadros demenciais em particular na Doença de Alzheimer 21 3. JUSTIFICATIVA E HIPÓTESE Estudos sobre o uso terapêutico do Canabidiol em diversas patologias incluindo as doenças neurodegenerativas, estão sendo realizados, entretanto sua eficácia ainda não está consolidada, não havendo um consenso sobre a dose e o período de administração seguros. Dessa forma, faz-se necessária a busca para que essas lacunas literárias sejam preenchidas, a fim de contribuir para a maior precisão na prescrição do tratamento e de sua especificidade. A hipótese desse estudo é que o Canabidiol teria um papel importante para manutenção da neuroplasticidade na Doença de Alzheimer. 22 4. MATÉRIAS E MÉTODO 4.1. Tipo de estudoFoi desenvolvido um estudo de revisão integrativa, que tem por objetivo utilizar de uma metodologia capaz de proporcionar conhecimento e incorporar resultados significativos na prática. É um método de Práticas Baseadas em Evidências (PBE), que se caracteriza por ser uma abordagem focada no cuidado clínico, permitindo um ensino de qualidade e uma análise clínica importante, na área da saúde. Este método foi selecionado em decorrência de apresentar-se como uma metodologia de amplo espectro, onde é possível analisar trabalhos experimentais e não experimentais, a fim de, realizar uma melhor compreensão acerca do tema em questionamento, incorporando seus resultados em práticas posteriores. Para isto, foi definido a seguinte pergunta norteadora: Quais são os efeitos do Canabidiol na neuroplasticidade em modelos de Doença de Alzheimer? 4.2. Identificação dos estudos As fontes de informação utilizadas foram as bases de dados eletrônicas iniciadas em Fevereiro de 2020 a Janeiro de 2021: Medline via Pubmed (http://www.pubmed.gov); Scielo (https://www.scielo.br/); Bireme (https://bvsalud.org/); Embase via Elsevier (http://www.embase.com). As buscas nas bases de dados eletrônicas foram elaboradas por meio dos descritores específicos definidos de acordo com o PICO; “Doença de Alzheimer”, “Canabinoide”, “Canabidiol”, acrescidos de operadores booleanos “AND”. Foi realizada uma estratégia de busca matriz para a base de dados Medline com posterior adaptação para as demais bases de dados. Outras fontes de informação foram utilizadas para localização de estudos não-indexados, a saber: Google Scholar (http://scholar.google.com), Open Grey (http://www.opengrey.eu) e páginas de registros de ensaios clínicos como o ClinicalTrials.gov e ICTRP da OMS (www.who.int/trialsearch). As buscas foram realizadas com restrição de ano de publicação de 2016 a 2021 e idioma, português e inglês, devido a grande publicação de revisões no ano de 2016, a restrição também se fez para encontrar os estudos mais recentes. http://www.pubmed.gov/ https://www.scielo.br/ https://bvsalud.org/ http://www.embase.com/ http://www.who.int/trialsearch 23 4.3. Análise Bibliométrica Foram localizados 298 artigos disponíveis nas bases de dados anteriormente descritas, sendo 290 excluídos, totalizando 8 artigos para a inclusão do estudo (Figura 1). Figura 1: Fluxograma da busca de dados e seleção de artigos. 4.4. Critérios de inclusão e exclusão Os critérios para inclusão dos estudos foram definidos por meio da estruturação do acrônimo PICOS (Participante, Intervenção, Comparador, Desfecho, Tipo de estudo). Onde: P - Doença de Alzheimer; I - Uso de Canabidiol; C - Mecanismo de ação, neuroplasticidade. Portanto, os critérios de inclusão foram: relação entre Canabidiol e Doença de Alzheimer, sistema endocanabinoide e Doença de Alzheimer. Critérios de exclusão: administração de canabidiol conjunta com THC, outras doenças neurodegenerativas que não a Doença de Alzheimer (Parkinson, e Doença 24 de Huntington, Esclerose Múltipla, Demência Vascular) métodos terapêuticos somados a administração de Canabidiol. 4.5. Análise e Apresentação dos resultados Os dados foram apresentados de forma descritiva e por meio de tabelas geradas pelos programas Microsoft Word e Microsoft Excel sempre que os usos destes instrumentos puderam contribuir para o entendimento do resultado. A extração dos dados foi realizada, padronizando-se conteúdos e informações relacionadas às características dos estudos, sobre os participantes, intervenções e resultados de cada trabalho. 25 5. RESULTADOS Estudos in vitro, in cito Título Ano/ Autores Objetivo Materiais Resultado 1 Cannabidiol Reverses Deficits in Hippocampal LTP in a Model of Alzheimer's Disease 2019 Blathnaid Hughes 1, Caroline E Herron 2 Investigar a neuroproteção efeitos do CBD contra Aβ1-42. Para elucidar o mecanismo de ação do CBD, examiner os feitos da combinação do CBD com antagonistas do receptor. Fatias do hipocampo de 400µ de camundongos C57BL6. CBD foi aplicado em ondas de 30min em modelo de eletrofisiologia. O pré-tratamento com CBD reduz a neurodegeneração, quando tratado somente com CBD as células ficam estáveis, e melhora a neuroplasticidade. 2 Attenuation of Oxidative Stress by Cannabinoids and Cannabis Extracts in Differentiated Neuronal Cells 2020 Aruna Raja 1, Soha Ahmadi 1 2, Fernanda de costa 3, Nan Li 3, Kagan Kerman 1 Estabelecer aplicações potenciais de canabinóides e seus análogos sintéticos como uma nova abordagem terapêutica para o estresse oxidativo na DA. Meio Eagle modificado por Dulbecco, pré-tratamento com βAmioide (Anaspec), extrato de Cannabis, cultura de célula neural SHSY5Y. CBD demonstrou efetividade contra o estresse oxidativo, no entanto demonstrou maior efetividade quando associado ao THC 26 Estudos Moleculares Título Ano/ Autores Objetivo Materiais Resultado 3 GPR3 and GPR6, novel molecular targets for cannabidiol 2017 Alyssa S Laun 1, Zhao-Hui Song 2 Testar os efeitos potenciais dos endocanabinóides selecionados sobre β- recrutamento de arrestin2 para os receptores GPR3 e GPR6 Kits PathHunter usados para medir β-arrestina2 mediada por GPR3 e GPR6, linha celular (CHO)K1 expressado GPR3 e GPR6 estavelmente. As células foram plaqueadas em 384 poços cultivadas de 24-48h atmosfera de 37º e 5% de CO2 Os endocanabinoides não surtiram efeitos sobre a β- arrestina2. O CBD reduziu significativamente a β- arrestina2 dependente da concentração. O CBD demonstra maior afinidade por GPR6 do que por GPR3 mas mostra efeito notável em ambas. 27 4 Component of Cannabis, Cannabidiol, as a Possible Drug against the Cytotoxicity of Aβ(31-35) and Aβ(25- 35) Peptides: An Investigation by Molecular Dynamics and Well-Tempered Metadynamics Simulations 2021 Wojciech Chrobak 1, Dawid Wojciech Pacut 1, Fredrik Blomgren 1, Alexander Rodin 1, Jan Swenson 1, Inna Ermilova 1 Investigar as interações entre peptídeos Aβ curtos (Aβ (31-35) e Aβ (25-35)) e CBD e encontrar suas possíveis relações com propriedades citotóxicas de peptídeos, usando MD atomístico e simulações de metadinâmica bem temperadas Configuração das simulações de MD derivando o CBD via GAFE, calculando a carga atômica parciais pelo método Hartree-Fock no conjunto de base 6-31G. O mesmo preparo foi efetuado para Aβ (31-35) e Aβ (25-35). Ligações foram restringidas usando algoritmos LINCS com 12 interações, o intervalo de tempo foi 2fs e o valor de corte 0,9nm. O CBD uma possível inibição da agregação de Aβ (31-35) e Aβ (25-35) ocorrendo a suspenção da agregação de ambas diminuindo a citotoxicidade. 5 Cannabidiol (CBD) enhanced the hippocampal immune response and autophagy of APP/PS1 Alzheimer's mice uncovered by RNA- seq 2021 Fengjin Hao 1, Yueqin Feng 2 Descobrir o mecanismo comum subjacente em Camundongos APP / PS1 após administração crônica com CBD usando RNA-seq. Camundongo APP/PS1 tratados por 30 dias consecutivos com doses de 5mg/kg diariamente, e analisado o hipocampo por RNase, Western blot, Immunohistochemistry O CBD pode aumentar a resposta imune reduzindo o dano inflamatório 28 Estudos em Animais Transgênicos Título Ano/ Autores Objetivo Tratamento Materiais e Métodos Resultado 6 Chronic Treatment with 50 mg/kg Cannabidiol Improves Cognition and Moderately Reduces Aβ40 Levels in 12- Month-Old Male AβPPswe/PS1ΔE9 Transgenic Mice 2020 Georgia Watt 1, Kani Shang 2, Jerzy Zieba 2, Juan Olaya 2, Henry Li 3, Brett Garner 3, Tim Karl 1 2 Determinar os efeitos de administração cronica de CBD em machos AβPPswe/PS1ΔE9, avaliano os efeitos da administração com testes cognitivos após 3 semanas de administração. Dose de 50 mg / kg diárias começando com 10 semanas de idade até 12 meses Camundongos AβPPswe / PS1ΔE9 machos com 12 meses. Teste comportamental: preferência social, reconhecimento de objeto novo, tábua de queijo, condicionamento de medo. Análises bioquímicas por ELISA, Western Bloting e análise estatística. O CBD reverteu déficits comportamentais no reconhecimento social e memória de aprendizagem. 7 Medium-Dose Chronic Cannabidiol Treatment Reverses Object Recognition Memory Deficits of APP Swe /PS1ΔE9 2020 Madilyn Coles 1, Georgia Watt 1, Fabian Determinar se um regime de administração crônica de uma dose média de CBD de 5 mg / kg de peso corporal pode reverter ou melhorar as A partir dos 12 meses as doses foram de 10mg/kg diariamente Camundongos AβPPswe / PS1ΔE9 fêmeas com 12 meses. Teste comportamental: Clara escuro, pole teste, tarefa de reconhecimento de objeto novo, tábua de Com o tratamento de CBD observou melhora nos testes de locomoção, nos testes de ansiedade e função motora não apresentaram resultado significativo, memória de 29 Transgenic Female Mice Kreilaus 1, Tim Karl 1 2 deficiências comportamentais de mulheres transgênicas APPxPS1 em um estágio avançado de doença sintomática queijo e inibição pré pulso. Análise estatística. reconhecimento os resultados foram positivos. 8 Chronic cannabidiol (CBD) treatment did not exhibit beneficial effects in 4-month- old male TAU58/2 transgenic mice 2020 Georgia Watt 1, Rose Chesworth 1, Magdalena Przybyla 2, Arne Ittner 2, Brett Garner 3, Lars M Ittner 2, Tim Karl 4 Investigar a DA em estágio inicial, devido a evidências apontarem que a intervenção terapêutica precoce é mais eficaz. 3 semanas Dose 50mg/kg diariamente Camundongos TAU58/2 machos de 4 meses Teste comportamental: labirinto elevado, teste de polo, accelerod, teste de marcha em viga, preferência social, paradigma do condicionamento de medo. Análise estatística. CBD reverte deficiências motoras mas não restaura déficits motores pré existentes, demonstrou um efeito ansiolítico, memória associada ao medo foi elevada. 30 Estudos in vitro, in cito Hughes; Herron (2019) em um modelo in vitro demonstra como o CBD tem efeito neuroprotetores, no entanto em uma condição de pré-tratamento há uma maior eficácia do efeito neuroprotetor. Seus efeitos não foram revertidos mostrando a ausência de ligação com receptores 5HT, adenosina e CB1. Porém na presença de antagonista de PPARy neuroproteção foi evitada Raja (2020) utilizando um processamento in vitro o extrato de CBD no combate do estresse oxidativo nas células neurais preparadas para essa técnica. Embora as atividades antioxidantes do THC tenham sido de melhor qualidade que a atividade do CBD ainda assim foi demonstrada sua eficácia, maiores estudos são necessários para se fazer entender as células SH-SY5Y, e seus mecanismos moleculares. Estudos Moleculares Luan; Song (2017) em um ensaio de recrutamento de β-arrestin2 DiscoverX PathHunter foram testados a ativação dos receptores GPR3 e GPR6 em relação ao canabidiol, onde foi relatado que o CBD inibiu o recrutamento de β-arrestin2 nos receptores GPR3 e GPR6 confirmando a teoria de que o CBD é um agonista inverso. O GPR3 tem é um potencializador na produção de βA por uma via mediada por β- arrestina2, o CBD atua inibindo essa via, diminuindo a produção de β-amiloide. O GPR6 diminui a produção de cAMP, aumenta a atividade motora e diminui movimentos anormais, sendo um bom alvo terapêutico para a Doença de Parkinson, o CBD oferece uma nova via terapêutica sendo agonista inverso do GPR6 tendo função neuroprotetora por essa via. Chrobak (2021) utilizando um estudo molecular com técnicas de dinâmica molecular atomística e simulações de metadinâmica bem temperadas os possíveis mecanismos de ação do CBD em relação a redução do depósito de placas βA foi analisado em nível molecular, analisando a interação de peptídeos e o CBD. O CBD se mostrou ligeiramente eficiente no combate a citotoxicidade, podendo se ligar a MET35 que tem um papel na formação de ligações de hidrogênio em grupos de lipídeos e peptídeos causando a citotoxicidade presente na DA, ao se ligar com MET35 o CBD pode, possivelmente, inibir essa via de toxicidade. Hao; Feng (2021) através de transcriptoma no hipocampo de camundongos APP / PS1 de 6 meses de idade, tratados cronicamente com CBD por um mês, ou 30 dias, e por imuno-histoquímica as placas βA foram avaliadas. Em ambas as análises 31 o efeito positivo do CBD foi evidenciado, aumentando a resposta do sistema imunológico e da via autofágica. Estudos em Animais Transgênicos Watt (2020a) em um modelo animal com camundongos machos transgênicos APPxPS1 com 10 meses. Foi administrado CBD em 50mg/kg de peso corporal. Aos 12 meses os testes comportamentais foram iniciados com intervalo de 48h entre cada teste. Os testes realizados foram; Teste de preferência social – utilizado para testar memória de reconhecimento social. Tarefa de reconhecimento de objeto novo – utilizado para avaliar memória de reconhecimento de objetos. Tarefa de tábua de queijo – utilizado para avaliar memória espacial. Condicionamento do medo – utilizado para avaliar hipocampo e amigdala referenciando a memória associada ao medo. Após 4 da conclusão dos testes os ensaios de ELISA e Western blotting foram realizados. Os resultados do estudo indicam que 50mg/kg de CBD de modo crônico é capaz de reverter danos no reconhecimento social, memória espacial e déficits físicos. Enfatizando a relevância clínica do CBD, no entanto, necessitando de estudos mais aprofundados para revelar os mecanismos de ação do fármaco. Coles (2020) através de um modelo animal com camundongos fêmeas transgênicas APPxPS1 com 12 meses de idade, com tratamento com CBD com 5mg/kg e 50mg/kg que se iniciou 3 semanas antes dos testes comportamentais. Os testes realizados com esses animais foram; claro escuro – para avaliar a ansiedade, pole test – tentando as habilidades do camundongo de subir e descer de um cone e chega a uma plataforma, suas habilidades são medidas através do tempo que se demora para realizar o percurso, accelerod – utilizado para medir a coordenação motora e equilíbrio, tarefa de reconhecimento de objeto novo – utilizado para testar memória de reconhecimento e tábua de queijos – utilizado para avaliar memória espacial. Como resultado, doses de 5mg/kg de CBD mostrou potencial terapêutico neste modelo de estudo relacionado a reconhecimento de objetos e deficiências comportamentais específicos da DA. Esse estudo fortalece a hipótese de que o CBD em doses baixas pode ter um potencial terapêutico e eficácia no tratamento da DA, além de abaixar o custo nos tratamentos devido a menores doses e quantidades. Watt (2020c) e um modelo animal com camundongos TAU58 / 2 machos com 4 meses, foram tratados com 50 mg / kg de CBD cronicamente por 3 semanas antes das avaliações comportamentais em paradigmas de ansiedade, funções motoras e 32 cognição. Os resultados indicam que a memória foi preservada e déficits motores reduzidos, porém estudos adicionais devem ser realizados visando o mecanismo de ação do CBD em relação a TAU. 33 6. DISCUSSÃO O sistema endocanabinoide (SEC) está emergindo como neuroprotetor para reduzir a neuroinflamação causada pelo Doença de Alzheimer (DA), (COORAY; GUPTA; SUPHIOGLU, 2020). Esta patologia foi atribuída ao pontual aumento de formação de emaranhados neurofibrilares (NFTs) e o depósito de peptídeos β amiloides (βA) (FAKHOURY, 2018) Há evidências pré-clínicas que afirmam os efeitos benéficos do CBD no tratamento da Doença de Alzheimer (DA),como por exemplo os estudos de Jayant Et Al., (2016) Köfalvi Et Al., (2016) Mecha Et Al., (2018) Mannucci Et Al., (2017), apresentando o Canabidiol (CBD) possui um grande espectro neuroprotetor devido a sua atividade antioxidante e anti-inflamatória associado a modulação de receptores e canais envolvidos no desenvolvimento e manutenção neurológica. Com estudos revelando o potencial terapêutico de fitocanabinoides, o seu uso em estudos clínicos começou a tomar forma para o tratamento de DA e de seus sintomas, pois o sistema endocanabinoide (ECS) está espalhado pelo corpo (KLUMPERS; THACKER, 2019). O CB2 tem um papel importante na progressão da DA, em que camundongos knockout para CB2 tem uma deposição exacerbada de placas βA cortical proposta por ASO et al., (2016) Estudos clínicos foram citados para que em um futuro haja um base sólida no tratamento médico com uso de canabinoide para DA. O CBD inibiu consideravelmente a expressão de GFAP, mRNA, redução de iNOS e IL-1β, resultando no estímulo de neurogênese hipocampal (WATT; KARL, 2017). O CBD é peculiar por sua baixa afinidade pelos receptores CB1 e CB2, e ser antagonista inverso do receptor CB2 o que pode evidenciar seu potencial anti- inflamatório sendo capazes de inibir a migração de células imunes. No entanto ele interage com outros neurotransmissores como receptores de glutamato e serotonina e outros alvos que leva a indícios de um possível tratamento multimodal para a DA. (WATT; KARL, 2017). O CBD tem efeitos anti-inflamatórios, imunomoduladores, antioxidantes e anticonvulsivantes e analgésicos atuando como antagonista no receptor CB1 minimizando os efeitos psicóticos e não causa efeitos psicóticos além de ser um modulador alostérico negativo do receptor CB2 (RADBRUCH; HÄUSER, 2020). Corroboram com a hipótese de vias alternativas de atuação do CBD Laun; Song, (2017) propõe que o CBD seja um ligante possível para outros receptores acoplados 34 a proteína G, GPR3 e GPR6, sugerindo novos mecanismo de ação para o CBD. Outra suposta via é proposta por Hughes; Herron, (2019) são as vias mediadas por 5HT e adenosina, gerando neuroroteção e neuroplasticidade. Hughes; Herron (2019) propoem ainda uma via onde o CBD atua como agonista no receptor 5HT1A levanto a efeitos protetores mostrando redução na LPT hipocampal, também mostrou inibir a recaptação de adenosina. Vallée (2017) demonstra que o CBD pode rejuvenescer as células PC12 da toxicidade causada pela via βA Wnt/b-catenina. O CBD regula essa via positivamente pela sinalização da inibição da fosforilação de glicogênio sintase quinase (GSK3β). Hughes; Herron (2019) propõe que o efeito neuroprotetor do CBD está relacionado com a inibição das vias de GSK3β, a qual é responsável pela depressão de longo prazo em oposição a LTP. Ainda corroborando com Hughes; Herron, Aso e colaboradores (2016) e Vellée (2017) relatam a perspectiva da via GSK-3β atuando no estresse oxidativo por meio da ativação do glicogênio GSK-3β e a inativação fosfatidilinositol 3-quinase / Akt resultando na regulação negativa da Wnt/b-catenina. O CBD atua inibindo GSK-3β e bloqueia a cascata de ativação de estresse oxidativo, e diminui a disfunção mitocondrial. O estresse oxidativo também é muito relevante para o desenvolvimento da DA, por estar associado com o declínio cognitivo (NISHIMAKI et al., 2018; TADOKORO et al., 2019). A produção excessiva de espécies reativas de oxigênio (ROS) e nitrogênio (RNS) resulta na destruição de células lipídicas, proteicas, DNA e RNA, seus metabolitos elevam os níveis ROS e RNS levando a um dano oxidativo (ISLAM, 2017). Mesmo CBD se mostrando eficaz na inibição do estresse oxidativo, Aso e colaboradores (2016) propõem a perspectiva que o CBD teria maior efeito antioxidante se administrado junto com THC por meio de um estudo com células neurais. O estresse oxidativo reduz o metabolismo celular e leva ao declínio da neuroplasticidade, contribuindo para neurodegeneração (MACHADO-VIEIRA et al., 2007; VAKIFAHMETOGLU-NORBERG; OUCHIDA; NORBERG, 2017). A transmissão sináptica prejudicada pelo estresse oxidativo acarreta em danos na LTP devido a neuroplasticidade prejudicada (TÖNNIES; TRUSHINA, 2017). Cheignon e colaboradores (2018) propõem que metais, como cobre (Cu), ligados a βA contribuem para o estresse oxidativo na DA. Com o aumento de agregação 35 proteica o ROS é ativado para fazer sua degradação, no entanto com constante aumento de proteínas o ROS aumenta paralelamente sendo tóxico. A formação de βA não é muito esclarecida, no entanto sabe-se que a micróglia e macrófagos contribuem de alguma forma para essa formação (BAIK et al., 2016). A proteína βA se agrega em placas ativando o recrutamento da micróglia a sua volta, ativando a cascata de resposta inflamatória o que contribui com a neurotoxicidade (TIWARI et al., 2019). As placas de βA (31-35) é relaciona a apoptose celular mitocondrial por via PC12, βA(25-35) induz a neurotoxicidade sem associação bioquímica de apoptose, ambas contam em sua formação com uma estrutura com 6 moléculas de peptídeos ou com 8 moléculas de peptídeos. (CHEIGNON et al., 2018; CLEMENTI et al., 2005; MISITI et al., 2005) Chrobak e colaboradores (2021) descrevem possíveis mecanismos de ação do CBD a partir de um estudo molecular relatando que os mecanismos podem ser causa e/ou consequência um do outro. A possível inibição da citotoxicidade pode estar ligada a inibição de agregação de βA (25-35), devido a βA(31-35) não estar muito associada a toxicidade, não mostrou grande relevância na inibição. Hao e Feng (2021) Wat e colaboradores (2020b) Coles e colaboradores (2020) demonstraram em modelos animais transgênicos para modelo de Doença de Alzheimer uma melhora na cognição e memória dos animais, e uma baixa no acúmulo de βA após tratamento com CBD com doses e tempo de administração diferentes. Hao e Feng (2021) propõem que dosagens de 5mg/kg, por 30 dias consecutivos, foram capazes de melhorar a resposta neuroimune reduzindo dano inflamatório, tendo consequente queda na agregação de βA. Wat e colaboradores (2020b) propõem dosagens de 50mg/kg cronicamente a partir de 10 semanas de vida dos camundongos transgênicos AβPPswe / PS1ΔE9 até 12 meses de idade, obteve uma melhora comportamental de aprendizagem e memória melhor preservada quando comparada ao grupo de controle. Coles e colaboradores (2020) com doses de 10mg/kg observaram melhoras nos testes de função executiva e memória. Corroboram com essa dosagem porém em situações diferenciadas Britch e colaboradores (2017) em estudo sobre dor aguda e atividade locomotora, no entanto, associado ao THC, Giacoppo e colaboradores (2017) tiveram melhora em modelo experimental com ratos transgênicos para 36 esclerose múltipla, tendo uma maior sobrevivência neural, e Mori e colaboradores (2017) observaram melhora na neuroplasticidade após isquemia cerebral quando camundongos tratados com CBD. A DA também é caracterizada pela presença de hiper fosforilação de proteína TAU, quando ocorre o aumento de cinases liberadas devido ao acúmulo de βA a proteína TAU é hiperfosforilada, levando a perda de comunicação neural estável, e neurodegeneração por consequência. Sua fosforilação é regulada pela via GSK3β (TIWARI et al., 2019). Watt e colaboradores (2020c) administrando 50mg/kg de CBD em camundongos transgênicos TAU58/2 não demonstraram melhora significativa em déficits motores e memoria, porém o efeito ansiolítico foi percebido. Os estudos relacionando a neuroplasticidade na DA, a partir do tratamento com CBD ainda são escassos, no entanto estudos relacionando outras patologias têm demonstrado um retorno positivo, como proposto por Wolf e colaboradores (2010), que o CBD tem papel importante tanto na neuroplasticidade quanto na neurogenese de adultos. Fogaça e colaboradores (2018) evidenciarama neuroplasticidade através de um modelo de estresse crônico e ansiedade, apontando o sistema endocanabinoide e canabinoides com papel fundamental em sua formação. Em suma pode-se dizer que o CBD tem um papel importante na neuroplasticidade na DA, atenuando o estresse oxidativo e neuroinflamação pelas vias aqui propostas, apresentadas em estudos moleculares, em cito e em modelo animal. As vias alternativas que o CBD usa para atenuar a agregação de βA se cruzam nos estudos propostos, não sabendo ainda se as vias são dependentes ou independentes ativadas, como por exemplo a inibição da via GSK-3β, mais evidenciada nos artigos, propondo que, quando inibida, a neuroplasticidade desempenha seu papel de melhor forma devido a interrupção de acúmulo de ROS. 37 7. Conclusão Os resultados apresentados sugerem que a administração de canabidiol tenha um papel positivo em quadros neurodegenerativos, especialmente ligados ao processo de envelhecimento. Dessa forma, há evidências robustas dos efeitos do CDB induzindo neuroplasticidade em quadros neurodegenerativos de DA, mesmo sem consenso em relação a dose e tempo de administração, podendo, assim, inferir que o canabidiol é uma importante estratégia terapêutica para tratamento paliativo ou tratamento de doenças neurodegenerativas tendo como exemplo a Doença de Alzheimer. 38 8. Referências bibliográficas AMAME. Associação Brasileira de Pacientes de Cannabis Medicinal. Disponível em: <https://amame.org.br/>. ANDRE, C. M.; HAUSMAN, J.-F.; GUERRIERO, G. Cannabis sativa: The Plant of the Thousand and One Molecules. Frontiers in plant science, v. 7, p. 19, 2016. ASO, E. et al. Cannabinoid Receptor 2 Participates in Amyloid-β Processing in a Mouse Model of Alzheimer’s Disease but Plays a Minor Role in the Therapeutic Properties of a Cannabis-Based Medicine. Journal of Alzheimer’s disease : JAD, v. 51, n. 2, p. 489–500, 2016. ASO, E.; ANDRÉS-BENITO, P.; FERRER, I. 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