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Avaliação de Empresas
Benefícios da Gestão Ambiental 
Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD
Desenvolvimento do material: Luana Ribeiro
1ª Edição
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Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária
Carlos de Oliveira Varella
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Márcia Loch
Sumário
Benefícios da Gestão Ambiental 
Para Início de Conversa ................................................................................... 4
Objetivos ........................................................................................................ 4
1. Meio Ambiente e a Sustentabilidade do Negócio ............................. 5
2. A Relação entre o Desenvolvimento Econômico 
e Impacto Ambiental ................................................................................... 9
3. Os Reflexos do Crescimento Econômico e sua 
Relação com o Meio Ambiente ................................................................ 12
Referências ........................................................................................................ 15
Avaliação de Empresas 3
Para Início de Conversa
A deterioração dos recursos naturais no final do século XX e início do 
século XXI fez com que diversas empresas repensassem suas relações 
com o meio ambiente. Atualmente, a própria sociedade exerce uma forte 
pressão para que práticas ecológicas e sustentáveis sejam discutidas e 
colocadas em pauta dentro dos negócios.
Grande parte dos empreendimentos vêm adotando um Sistema de 
Gestão Ambiental (SGA), uma política com a finalidade de reduzir os 
impactos negativos causados na natureza. Essa gestão inclui diversas 
estratégias para o uso de materiais, diminuição de resíduos, legislação 
ambiental, inovações sustentáveis, entre outras técnicas para obter mais 
lucros sob um ponto de vista ecológico.
Neste capítulo, estudaremos sobre os benefícios da gestão ambiental. 
Primeiramente, vamos aprender como um negócio pode ser sustentável 
implementando uma gestão ambiental eficaz. Em seguida, será abordada 
a relação entre o desenvolvimento econômico e o impacto ambiental. 
Por fim, estudaremos como o crescimento econômico está associado aos 
impactos ambientais e porque uma gestão ambiental contribui para a 
combinação desses elementos.
Objetivos
 ▪ Compreender como ações sustentáveis podem ser favoráveis para a 
empresa.
 ▪ Entender como o negócio pode obter maiores lucros sendo ecológico. 
 ▪ Relacionar o desenvolvimento econômico com o impacto ambiental. 
 ▪ Refletir como o crescimento econômico e a utilização de recursos 
naturais podem se complementar.
Avaliação de Empresas 4
1. Meio Ambiente e a Sustentabilidade do 
Negócio
Os problemas ambientais agravaram-se desde a Revolução Industrial. 
Entretanto, a discussão sobre ecologia e práticas sustentáveis passou 
a receber destaque, principalmente, no final do século XX e começo 
do século XXI, em decorrência do aumento da escala de produção das 
empresas em níveis desproporcionais. Nesse contexto, a exploração dos 
recursos naturais ocorre em muitas ocasiões de forma ilimitada, e há 
uma produção de resíduos em excesso.
Figura 1: Meio ambiente e a sustentabilidade do negócio. Fonte: Dreamstime.
Os recursos naturais são bens e serviços primários que constituem 
as bases de todos os demais bens e serviços demandados pela 
sociedade. É possível classificar os recursos naturais em duas 
principais categorias: 
1. Renováveis: Obtidos indefinidamente de uma mesma fonte, como 
água, ar, energia solar, plantas, animais, entre outros. 
2. Não renováveis: Suas quantidades são finitas e podem acabar se 
forem explorados frequentemente, como areia, minérios, carvão 
mineral, petróleo, entre outros.
A gestão ambiental surgiu em razão do esgotamento de recursos, 
com a finalidade de preservá-los para serem 
utilizados pelo país futuramente.
Entretanto, logo a gestão 
ambiental passou a envolver 
outras preocupações. Segundo 
Barbieri (2016), qualquer 
proposta de gestão ambiental 
abrange três dimensões: a 
espacial, a institucional e a 
temática. A Figura 1, a seguir, 
apresenta as características 
dessas dimensões.
Avaliação de Empresas 5
Figura 2: As dimensões da gestão ambiental. Fonte: Barbieri (2016, p.21).
A dimensão institucional demonstra qual organização é responsável 
pela gestão ambiental. A dimensão espacial indica de qual área 
se espera que a gestão tenha eficiência e a que nível os problemas 
ambientais serão resolvidos. A dimensão temática refere-se aos 
problemas ambientais, que são diferentes e necessitam de ações 
específicas – que, por vezes, podem ser utilizadas para resolver mais de 
um impacto negativo.
A gestão ambiental empresarial é influenciada pelo governo, mercado e 
sociedade. Isto é, a empresa não realiza um SGA simplesmente porque 
deseja e acredita ser a melhor postura, mas porque é cobrada e sofre 
pressão para que adote práticas mais sustentáveis.
Há três abordagens principais para a gestão ambiental, denominadas 
como abordagem de controle da poluição, abordagem de prevenção da 
poluição e a abordagem estratégica. A principal característica de cada 
uma das abordagens está listada a seguir).
 ▪ Abordagem de controle da poluição: Visa impedir os efeitos da 
poluição resultantes de determinada etapa produtiva, por meio 
de soluções pontuais e localizadas. As tecnologias utilizadas não 
modificam a produção e procuram resolver problemas ambientais 
já ocorridos, como descontaminar o solo e limpar praias (tecnologia 
de remediação) ou a poluição que ainda não foi lançada no meio 
ambiente (tecnologia de controle no final do processo). Entretanto, 
esses problemas nem sempre são resolvidos definitivamente e, muitas 
vezes, esse tipo de abordagem significa altos custos que não agregam 
valor ao produto da empresa (e repassar os custos aos consumidores 
também não é o ideal). É uma perspectiva voltada apenas para o lado 
da poluição (BERTE, 2012).
Avaliação de Empresas 6
 ▪ Abordagem de prevenção da poluição: Busca reduzir a geração da 
poluição com uma produção mais eficiente, que poupa recursos e 
energia nas etapas produtivas e na comercialização, usando os 
recursos de forma mais sustentável. Para tanto, inclui a redução da 
poluição na fonte (diminuir o volume de resíduos), reuso, reciclagem e 
recuperação energética. Equipamentos e tecnologias modernas são 
essenciais para contribuir neste processo.
 ▪ Abordagem estratégica: Trata os problemas ambientais como questões 
estratégicas da empresa, de forma que as práticas de sustentabilidade 
são vistas como oportunidade para que o negócio obtenha mais 
lucratividade, participação em mercado, acesso a capitais, reputação, 
entre outros fatores. Isto é, a preocupação com o meio 
ambiente é generalizada para as demais áreas da 
empresa (e não apenas no 
processo produtivo). Inclui 
o controle e prevenção da 
poluição, mas também o 
aproveitamento de brechas 
no mercado e neutralização 
de impactos negativos futuros no 
meio ambiente (BERTE, 2012). 
Esse tipo de gestão oferece diversos 
benefícios, como os ilustrados na Figura 3:
Figura 3: Principais benefícios da gestão ambiental estratégica. Fonte: Adaptada de 
Barbieri (2016).
Desse modo, a empresa pode obter vantagens comparativas por meio 
dessa gestão, propiciando um maior valor econômico aos clientes em 
relação aos empreendimentos concorrentes.
Segundo Barbieri (2016), para implementar uma dessas abordagens, o 
negócio precisa utilizar um modelo de gestão ambientalpara que as 
atividades realizadas dentro do empreendimento sejam coerentes. Em 
síntese, há quatro tipos de modelo de gestão ambiental que podem ser 
adotados em conjunto, pois não são mutuamente exclusivos:
7Avaliação de Empresas
I. Administração da Qualidade Ambiental Total: É uma ampliação 
do modelo de Administração de Qualidade Total (TQM) 
envolvendo questões ambientais. Esse modelo prioriza atender 
às expectativas e demandas dos clientes para atingir o sucesso 
empresarial. Visa eliminar problemas ambientais ocultos nas 
ações de rotina da empresa via melhorias contínuas em todos os 
processos da empresa, com a participação de todos integrantes e 
colaboradores.
II. Produção Mais Limpa: É um modelo baseado na abordagem 
de prevenção aplicada a produtos, processos e serviços para 
minimizar os impactos no meio ambiente. É centrado na ideia 
de usar os recursos naturais não renováveis com eficiência, 
conservar os recursos renováveis e não ultrapassar a capacidade 
do meio ambiente em assimilar resíduos.
III. Ecoeficiência: Objetiva-se a entregar produtos e serviços com 
preços competitivos que atendam às necessidades da população 
e melhorem a qualidade de vida, ao passo que reduzem os 
impactos ecológicos e a intensidade de recursos durante o ciclo 
de vida. Defende a redução de materiais e energias no processo 
produtivo para aumentar a competitividade da empresa e 
diminuir as pressões no meio ambiente.
IV. Projeto para o Meio Ambiente: Integra atividades e disciplinas 
que tradicionalmente são tratadas separadamente. Visa melhorar 
o desempenho do projeto em relação ao meio ambiente, saúde, 
segurança, objetivos de sustentabilidade ao longo do ciclo de 
vida do produto e processo. Utiliza inovações que contam com 
a participação de todos os segmentos da empresa para eliminar 
problemas ambientais antes que surjam. Possui metas para 
desmaterialização, desintoxicação, revalorização, renovação e 
proteção do capital.
Modelo
Características 
Básicas:
Pontos fortes Pontos Fracos
Gestão da qualidade 
ambiental total 
(TQEM)
Extensão dos 
princípios e práticas 
da gestão da 
qualidade total às 
questões ambientais.
Mobilização da 
organização, de seus 
clientes e parceiros 
para as questões 
ambientais.
Depende de um 
esforço contínuo 
para manter a 
motivação inicial.
Produção Mais limpa 
(Cleaner production)
Estratégia ambiental 
preventiva aplicada 
de acordo com 
uma sequência de 
prioridades das 
quais a primeira é a 
redução de resíduos 
e emissões na fonte.
Atenção concentrada 
sobre a eficiência 
operacional, a 
substituição de 
materiais perigosos 
e a minimização de 
resíduos.
Dependente do 
desenvolvimento 
tecnológico e do 
investimento para 
a continuidade do 
programa a longo 
prazo.
Avaliação de Empresas 8
Ecoeficiência 
(Eco-efficiency)
Eficiência com 
que os recursos 
ambientais são 
usados para 
atender às 
necessidades 
básicas humanas.
Ênfase na redução 
da intensidade de 
materiais e energia 
em produtos e 
serviços, no uso de 
recursos renováveis 
e no alongamento 
da vida útil dos 
produtos.
Dependente de 
desenvolvimento 
tecnológico, para 
políticas públicas 
apropriadas e 
de contingente 
significativos de 
consumidores 
ambientalmente 
responsáveis.
Projeto para o meio 
ambiente (Designe 
for environment)
Projetar produtos 
e processos 
considerando os 
impactos sobre o 
meio ambiente.
Inclusão das 
preocupações 
ambientais desde 
a concepção 
do produto ou 
processo.
Os produtos 
concorrem com 
outros similares 
que podem ser 
mais atrativos 
em termos de 
preços, condições 
de pagamento 
e outras 
considerações não 
ambientais.
Quadro 1: Principais características dos modelos de gestão ambiental. Fonte: Adaptado de 
Barbieri (2016, p.110).
2. A Relação entre o Desenvolvimento 
Econômico e Impacto Ambiental
O desenvolvimento econômico afeta diretamente a qualidade de vida 
dos indivíduos. Ele é mensurado por indicadores de educação, saúde, 
renda, pobreza, entre outros. É possível comparar desenvolvimentos 
entre países, estados e municípios, principalmente, por meio do Índice 
de Desenvolvimento Humano (IDH).
Muitos estudos tentam encontrar conexões entre o desenvolvimento 
socioeconômico e o impacto ambiental de determinado local. 
Afinal, o desenvolvimento traz como consequências elevados níveis 
de emprego, novas tecnologias, maior educação e saúde entre a 
população, desigualdades sociais menos acentuadas, entre outros 
aspectos que podem contribuir para reduzir os problemas ambientais 
ou agravá-los ainda mais.
Em 1992, foi realizada, no Rio de Janeiro, a primeira Conferência 
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, 
denominada como Eco-92 ou Rio-92. Nessa Conferência, participaram 
178 Estados-Nação e 16 agências especializadas (como OIT, Banco 
Mundial, FMI, entre outras). A principal discussão centrou-se no 
Avaliação de Empresas 9
argumento de que, se todos os países tivessem o mesmo padrão de 
desenvolvimento dos países ricos, os recursos naturais não seriam 
suficientes, e os prejuízos no meio ambiente não seriam mais 
reversíveis (SENADO FEDERAL DO BRASIL, 2012).
A principal conclusão da Rio-92 foi de que o desenvolvimento precisa 
ser sustentável, envolvendo componentes econômicos, ambientais e 
sociais. Este desenvolvimento sustentável é norteado por iniciativas 
nacionais e internacionais por meio de três documentos que surgiram na 
Conferência: Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 
Declaração de Princípios sobre as Florestas e a Agenda 21. Também foi 
criada a Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS) vinculada ao 
Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc) para auxiliar 
os países a alcançarem as metas da Rio-92. (SENADO FEDERAL DO 
BRASIL, 2012).
Desse modo, observa-se que o desenvolvimento econômico não é 
contraditório a impactos positivos no meio ambiente. Com o sucesso da 
Rio-92, muitas outras conferências ambientais ocorreram posteriormente, 
quase todas com o nome de Rio+X (como a Rio+20), pois “Rio” representava 
uma conferência global bem-sucedida. As empresas também passaram 
a adotar e implementar um desenvolvimento sustentável por meio do 
Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Isto é, era observado que as empresas 
conseguiam obter um desenvolvimento econômico significativo aliado à 
preservação do meio ambiente (BERTE, 2O12).
Figura 4: Impactos positivos no meio ambiente. Fonte: Dreamstime.
O SGA precisa ter uma definição clara de objetivos e formulação de 
política, assim como a coordenação de atividades e a avaliação de 
resultados, para que envolva todas as partes interessadas na resolução 
de questões ambientais. De modo geral, abrange uma abordagem de 
gestão ambiental estratégica. Os modelos de SGA possuem os processos 
administrativos relacionados, como demonstra a Figura 5.:
Avaliação de Empresas 10
• Poítica e 
procedimentos
• Acompanhamentoda 
regulamentação e da 
sua influência sobre 
os departamentos da 
empresa
• Processo de 
planejamento: 
 ¬ Objetivos e metas;
 ¬ Alocação de 
 recursos.
• Organização da 
gestão 
• Estrutura 
organizacional
• Delineamento de 
papéis
• Niveis de 
autoridade e 
responsabilidade
• Gerenciamento dos 
comportamentos
• Avaliação e gestão 
de riscos
• Revisão de projetos 
e programas 
ambientais
• Programas 
ambientais 
especificos
• Motivação e 
delegação
• Gestão do sistema 
de informação
• Mensuração dos 
resultados
• Diagnóstico dos 
problemas
• Auditoria 
ambiental
• Ações corretivas
Planejamento Organização Implementação Controle
Figura 5: Elementos de um modelo SGA. Fonte: Adaptada de Barbieri (2016, p.122).
Essa compatibilidade entre desenvolvimento e meio ambiente também 
pode ser expressa pelo conceito de externalidades. Os impactos 
ambientais podem ser considerados externalidades que ocorrem 
quando o consumo e/ou a produção de um determinado bem afetam os 
consumidores e/ou produtores, em outros mercados, e esses impactos 
nãosão considerados no preço de mercado do bem em questão. 
Essas externalidades podem ser positivas (benefícios externos) ou 
negativas (custos externos) e são falhas de mercado importantes. É 
importante destacar que as externalidades não se resumem apenas a 
questões ambientais, mas também de educação, saúde, entre outras. 
Para que o desenvolvimento e os impactos ambientais ocorram 
simultaneamente, as externalidades negativas devem ser internalizadas, 
para não implicar em ônus para a sociedade (MAY, 2010).
Podemos citar como exemplo de externalidade negativa feita por 
empresas a produção de carnes, que contribui para o desmatamento 
(extinção de espécies, poluição do solo, maior emissão de CO2, entre 
outros impactos ambientais negativos). Já um exemplo de externalidade 
positiva feita por empresas é o desenvolvimento de tecnologias que não 
agridem o meio ambiente, que além de contribuir para a preservação 
ambiental, também gera empregos.
A internalização das externalidades garante uma eficiência alocativa, 
desequilibrada por externalidades negativas de poluição, e essas 
soluções podem ser privadas ou públicas. As soluções privadas ocorrem 
por meio de fusões das empresas prejudicadas pelas externalidades 
da produção (os custos externos seriam pagos por essa nova empresa), 
sanções sociais (penaliza empresas que tenham externalidades negativas 
e premia empresas com externalidades positivas) ou teorema de Coase 
(negociação entre partes envolvidas sem a participação do governo, que 
tem poder coercitivo, desde que essas partes não sejam tão numerosas).
Já as soluções públicas ocorrem, principalmente, por meio da cobrança de 
impostos (externalidades negativas) e subsídios corretivos pigouvianos 
(externalidades positivas) para que a curva de custo marginal ou 
benefício marginal privado coincida com a curva de custo ou benefício 
Avaliação de Empresas 11
marginal da sociedade, corrigindo o problema de eficiência em virtude 
dessas externalidades (SOUSA, 2012). Essa situação é ilustrada a seguir:
Preço
C
Custo marginal social (Incluindo o custo 
marginal de poluição)
Imposto por unidade sobre 
a poluição (Custo marginal 
da poluição)
Custo Marginal Privado
Demanda (Benefício marginal social)
Quantidade
B
E*
Q*
Em
Qm
Preço
CSubsídio 
por 
unidade 
produzida
Benefício marginal social
Quantidade
Oferta
Demanda
B
E*
Q*
Figura 6: Correção de externalidades negativas e positivas em mercados competitivos mediante 
o uso de impostos ou subsídios. Fonte: Adaptada de Sousa (2012, p.5).
Outras soluções públicas para a correção de externalidades são as 
regulações ou multas, obrigando o agente que gera poluição a diminuir 
a atividade causadora desse dano ambiental.
O Teorema de Coase foi proposto por Ronald Coase em 1960, constatou-
se que se o direito de propriedade é bem-definido permitindo 
trocas entre os agentes, estes podem negociar quando afetados por 
externalidades sem custos de transação para atingir uma eficiência 
alocativa, sem o auxílio do governo. Já o conceito de uso de impostos 
e subsídios para corrigir as externalidades são denominados como 
pigouvianos (ou taxa de pigou), pois foram desenvolvidos por Arthur 
Cecil Pigou para mostrar como o Estado influencia esse processo de 
correção das externalidades. 
3. Os Reflexos do Crescimento Econômico e sua 
Relação com o Meio Ambiente
O crescimento econômico em uma sociedade ocorre quando há um 
aumento da produção e consumo de bens e serviços, geralmente, 
mensurados pelo Produto Interno Bruto (PIB) ou Produto Nacional 
Bruto (PNB). Como discutimos acima, é possível obter desenvolvimento 
econômico em conjunto com impactos positivos no meio ambiente, 
assim, podemos também refletir sobre a relação entre o crescimento 
econômico e o meio ambiente (BERTE, 2012).
Avaliação de Empresas 12
No âmbito da economia do meio ambiente, há o conceito de Curva 
Ambiental de Kuznets (CAK), ou em inglês, Environmental Kuznets Curves 
(EKC). É uma curva em formato de U invertido que associa a degradação 
ambiental ao nível de renda. Em um país pobre, o crescimento econômico 
é acompanhado por um aumento de emissões de poluentes advindas do 
crescimento da atividade produtiva. Ao passo que o nível de renda se 
eleva, o nível de emissões também cresce.
Ao atingir o ponto de inflexão, conforme a renda da população cresce, a 
preocupação com o meio ambiente muda, e ocorre um declínio das 
emissões de poluentes (ÁVILA, DINIZ). A Figura 7, a seguir, expressa como 
se dá essa relação.
Renda
Emissões
Figura 7: Curva Ambiental de Kuznets. Fonte: Adaptada de Ávila e Diniz (2014, p.102).
De modo geral, a CAK postula que conforme a renda cresce (há um 
maior crescimento econômico), as emissões começam a apresentar uma 
Figura 8: No âmbito da economia do 
meio ambiente. Fonte: Dreamstime.
trajetória decrescente, indicando que a sociedade passa a priorizar um 
crescimento econômico acompanhado de um meio ambiente menos 
degradado. Logo, o desenvolvimento causa problemas ambientais 
apenas em sua fase inicial (ÁVILA, DINIZ, 2014).
A CAK pode ser explicada pela combinação de três efeitos: “o efeito 
escala, em que o aumento de renda está associado a um aumento 
das emissões de poluentes para determinado produto e tecnologia; 
efeito composição, em que uma mudança da composição do produto 
associado a um aumento da renda altera o peso dos produtos menos 
poluentes no produto total, levando a uma diminuição das emissões 
quando o peso dos produtos menos poluentes aumenta; e iii) efeito 
técnica, em que a adoção de tecnologias menos 
poluentes associada a um aumento de renda 
leva a uma redução das emissões”. (ÁVILA, 
DINIZ, 2014, p.98)
Muitos estudos empíricos surgiram 
com o objetivo de estimular a CAK, 
inclusive, para diversos tipos de 
poluentes, e encontraram conclusões 
favoráveis a essa teoria. Entretanto, 
muitos estudiosos discordam da 
CAK, o que demonstra que não há um 
consenso em termos de pesquisa sobre 
a validação da teoria.
Avaliação de Empresas 13
A melhoria ambiental pode não ocorrer naturalmente ao passo que as nações 
se enriquecem. É o exemplo dos EUA e do Japão, países desenvolvidos e 
com elevadas taxas de emissão de CO2. Embora a prosperidade econômica 
facilite a proteção ambiental a partir de leis e regulamentos, assim como 
o desenvolvimento de tecnologias que danificam menos a natureza, essa 
situação não significa que países mais desenvolvidos e ricos possuem 
empresas que preservam mais o meio ambiente.
Grossman e Krueger (1995) eram autores que defendiam a existência da CAK, 
mas destacavam que apenas o crescimento econômico sozinho não promove 
necessariamente a redução de emissões de poluentes. Políticas ambientais 
a nível global que operem com ações de governos, países, indústrias e 
indivíduos são necessárias para a consolidação da sustentabilidade. Isto é, 
a interação entre os agentes econômicos é essencial para a preservação do 
meio ambiente, no sentido de reduzir as desigualdades sociais e econômicas 
para que as políticas ambientais sejam efetivas (ÁVILA, DINIZ, 2014).
Há muitas certificações para indicar aquelas empresas que realmente se 
comprometem com um desempenho sustentável. Uma delas é a ABNT 
NBR ISO 14001, formulada em 2015, uma norma internacional que define 
como implementar um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) de forma eficaz. 
Contribui para que as empresas incorporem responsabilidades ambientais 
aos seus processos internos e tenham resultados financeiros positivos. 
A adoção de inovações para aprimorar as tecnologias industriais e 
produzir energias limpas também contribui para a combinação entre 
crescimento econômico e resolução de problemas ambientais. Assim, 
vemos que as empresas possuem um papel fundamental nos impactos 
ambientais, o que mais uma vez justifica a utilização de uma gestão 
ambiental estratégica.
Neste capítulo, abordamos sobre as principais vantagens de uma 
empresa adotar uma gestão ambiental, em razão da exploração dos 
recursos naturaise também para obter vantagens comparativas. Vimos 
que qualquer gestão ambiental possui as dimensões institucional, 
espacial e temática, e que a abordagem estratégica é a que mais oferece 
benefícios para a empresa. Também estudamos que há, pelo menos, 
quatro modelos de gestão ambiental, que enfatizam características e 
prioridades diferentes, mas que podem ser diferentes.
Além disso, demonstramos que é possível obter desenvolvimento e 
crescimento econômico combinando impactos ambientais positivos. 
Em termos de desenvolvimento, isso ocorre, principalmente, a partir 
da internalização de externalidades. Já em termos de crescimento 
econômico, não há um consenso exato sobre a relação com o meio 
ambiente, mas sabemos que é importante o envolvimento de todos os 
agentes econômicos para a criação de uma proteção ambiental eficaz, 
e as empresas possuem uma importante função nesse contexto.
Avaliação de Empresas 14
Referências
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BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial – Conceitos, Modelos e 
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Avaliação de Empresas 15
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http://www.abnt.org.br/publicacoes2/category/146-abnt-nbr-iso-14001
	Benefícios da Gestão Ambiental 
	Para Início de Conversa
	Objetivos
	1. Meio Ambiente e a Sustentabilidade do Negócio
	2. A Relação entre o Desenvolvimento Econômico e Impacto Ambiental
	3. Os Reflexos do Crescimento Econômico e sua Relação com o Meio Ambiente
	Referências

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