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Avaliação de Empresas Benefícios da Gestão Ambiental Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Luana Ribeiro 1ª Edição Copyright © 2021, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário Benefícios da Gestão Ambiental Para Início de Conversa ................................................................................... 4 Objetivos ........................................................................................................ 4 1. Meio Ambiente e a Sustentabilidade do Negócio ............................. 5 2. A Relação entre o Desenvolvimento Econômico e Impacto Ambiental ................................................................................... 9 3. Os Reflexos do Crescimento Econômico e sua Relação com o Meio Ambiente ................................................................ 12 Referências ........................................................................................................ 15 Avaliação de Empresas 3 Para Início de Conversa A deterioração dos recursos naturais no final do século XX e início do século XXI fez com que diversas empresas repensassem suas relações com o meio ambiente. Atualmente, a própria sociedade exerce uma forte pressão para que práticas ecológicas e sustentáveis sejam discutidas e colocadas em pauta dentro dos negócios. Grande parte dos empreendimentos vêm adotando um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), uma política com a finalidade de reduzir os impactos negativos causados na natureza. Essa gestão inclui diversas estratégias para o uso de materiais, diminuição de resíduos, legislação ambiental, inovações sustentáveis, entre outras técnicas para obter mais lucros sob um ponto de vista ecológico. Neste capítulo, estudaremos sobre os benefícios da gestão ambiental. Primeiramente, vamos aprender como um negócio pode ser sustentável implementando uma gestão ambiental eficaz. Em seguida, será abordada a relação entre o desenvolvimento econômico e o impacto ambiental. Por fim, estudaremos como o crescimento econômico está associado aos impactos ambientais e porque uma gestão ambiental contribui para a combinação desses elementos. Objetivos ▪ Compreender como ações sustentáveis podem ser favoráveis para a empresa. ▪ Entender como o negócio pode obter maiores lucros sendo ecológico. ▪ Relacionar o desenvolvimento econômico com o impacto ambiental. ▪ Refletir como o crescimento econômico e a utilização de recursos naturais podem se complementar. Avaliação de Empresas 4 1. Meio Ambiente e a Sustentabilidade do Negócio Os problemas ambientais agravaram-se desde a Revolução Industrial. Entretanto, a discussão sobre ecologia e práticas sustentáveis passou a receber destaque, principalmente, no final do século XX e começo do século XXI, em decorrência do aumento da escala de produção das empresas em níveis desproporcionais. Nesse contexto, a exploração dos recursos naturais ocorre em muitas ocasiões de forma ilimitada, e há uma produção de resíduos em excesso. Figura 1: Meio ambiente e a sustentabilidade do negócio. Fonte: Dreamstime. Os recursos naturais são bens e serviços primários que constituem as bases de todos os demais bens e serviços demandados pela sociedade. É possível classificar os recursos naturais em duas principais categorias: 1. Renováveis: Obtidos indefinidamente de uma mesma fonte, como água, ar, energia solar, plantas, animais, entre outros. 2. Não renováveis: Suas quantidades são finitas e podem acabar se forem explorados frequentemente, como areia, minérios, carvão mineral, petróleo, entre outros. A gestão ambiental surgiu em razão do esgotamento de recursos, com a finalidade de preservá-los para serem utilizados pelo país futuramente. Entretanto, logo a gestão ambiental passou a envolver outras preocupações. Segundo Barbieri (2016), qualquer proposta de gestão ambiental abrange três dimensões: a espacial, a institucional e a temática. A Figura 1, a seguir, apresenta as características dessas dimensões. Avaliação de Empresas 5 Figura 2: As dimensões da gestão ambiental. Fonte: Barbieri (2016, p.21). A dimensão institucional demonstra qual organização é responsável pela gestão ambiental. A dimensão espacial indica de qual área se espera que a gestão tenha eficiência e a que nível os problemas ambientais serão resolvidos. A dimensão temática refere-se aos problemas ambientais, que são diferentes e necessitam de ações específicas – que, por vezes, podem ser utilizadas para resolver mais de um impacto negativo. A gestão ambiental empresarial é influenciada pelo governo, mercado e sociedade. Isto é, a empresa não realiza um SGA simplesmente porque deseja e acredita ser a melhor postura, mas porque é cobrada e sofre pressão para que adote práticas mais sustentáveis. Há três abordagens principais para a gestão ambiental, denominadas como abordagem de controle da poluição, abordagem de prevenção da poluição e a abordagem estratégica. A principal característica de cada uma das abordagens está listada a seguir). ▪ Abordagem de controle da poluição: Visa impedir os efeitos da poluição resultantes de determinada etapa produtiva, por meio de soluções pontuais e localizadas. As tecnologias utilizadas não modificam a produção e procuram resolver problemas ambientais já ocorridos, como descontaminar o solo e limpar praias (tecnologia de remediação) ou a poluição que ainda não foi lançada no meio ambiente (tecnologia de controle no final do processo). Entretanto, esses problemas nem sempre são resolvidos definitivamente e, muitas vezes, esse tipo de abordagem significa altos custos que não agregam valor ao produto da empresa (e repassar os custos aos consumidores também não é o ideal). É uma perspectiva voltada apenas para o lado da poluição (BERTE, 2012). Avaliação de Empresas 6 ▪ Abordagem de prevenção da poluição: Busca reduzir a geração da poluição com uma produção mais eficiente, que poupa recursos e energia nas etapas produtivas e na comercialização, usando os recursos de forma mais sustentável. Para tanto, inclui a redução da poluição na fonte (diminuir o volume de resíduos), reuso, reciclagem e recuperação energética. Equipamentos e tecnologias modernas são essenciais para contribuir neste processo. ▪ Abordagem estratégica: Trata os problemas ambientais como questões estratégicas da empresa, de forma que as práticas de sustentabilidade são vistas como oportunidade para que o negócio obtenha mais lucratividade, participação em mercado, acesso a capitais, reputação, entre outros fatores. Isto é, a preocupação com o meio ambiente é generalizada para as demais áreas da empresa (e não apenas no processo produtivo). Inclui o controle e prevenção da poluição, mas também o aproveitamento de brechas no mercado e neutralização de impactos negativos futuros no meio ambiente (BERTE, 2012). Esse tipo de gestão oferece diversos benefícios, como os ilustrados na Figura 3: Figura 3: Principais benefícios da gestão ambiental estratégica. Fonte: Adaptada de Barbieri (2016). Desse modo, a empresa pode obter vantagens comparativas por meio dessa gestão, propiciando um maior valor econômico aos clientes em relação aos empreendimentos concorrentes. Segundo Barbieri (2016), para implementar uma dessas abordagens, o negócio precisa utilizar um modelo de gestão ambientalpara que as atividades realizadas dentro do empreendimento sejam coerentes. Em síntese, há quatro tipos de modelo de gestão ambiental que podem ser adotados em conjunto, pois não são mutuamente exclusivos: 7Avaliação de Empresas I. Administração da Qualidade Ambiental Total: É uma ampliação do modelo de Administração de Qualidade Total (TQM) envolvendo questões ambientais. Esse modelo prioriza atender às expectativas e demandas dos clientes para atingir o sucesso empresarial. Visa eliminar problemas ambientais ocultos nas ações de rotina da empresa via melhorias contínuas em todos os processos da empresa, com a participação de todos integrantes e colaboradores. II. Produção Mais Limpa: É um modelo baseado na abordagem de prevenção aplicada a produtos, processos e serviços para minimizar os impactos no meio ambiente. É centrado na ideia de usar os recursos naturais não renováveis com eficiência, conservar os recursos renováveis e não ultrapassar a capacidade do meio ambiente em assimilar resíduos. III. Ecoeficiência: Objetiva-se a entregar produtos e serviços com preços competitivos que atendam às necessidades da população e melhorem a qualidade de vida, ao passo que reduzem os impactos ecológicos e a intensidade de recursos durante o ciclo de vida. Defende a redução de materiais e energias no processo produtivo para aumentar a competitividade da empresa e diminuir as pressões no meio ambiente. IV. Projeto para o Meio Ambiente: Integra atividades e disciplinas que tradicionalmente são tratadas separadamente. Visa melhorar o desempenho do projeto em relação ao meio ambiente, saúde, segurança, objetivos de sustentabilidade ao longo do ciclo de vida do produto e processo. Utiliza inovações que contam com a participação de todos os segmentos da empresa para eliminar problemas ambientais antes que surjam. Possui metas para desmaterialização, desintoxicação, revalorização, renovação e proteção do capital. Modelo Características Básicas: Pontos fortes Pontos Fracos Gestão da qualidade ambiental total (TQEM) Extensão dos princípios e práticas da gestão da qualidade total às questões ambientais. Mobilização da organização, de seus clientes e parceiros para as questões ambientais. Depende de um esforço contínuo para manter a motivação inicial. Produção Mais limpa (Cleaner production) Estratégia ambiental preventiva aplicada de acordo com uma sequência de prioridades das quais a primeira é a redução de resíduos e emissões na fonte. Atenção concentrada sobre a eficiência operacional, a substituição de materiais perigosos e a minimização de resíduos. Dependente do desenvolvimento tecnológico e do investimento para a continuidade do programa a longo prazo. Avaliação de Empresas 8 Ecoeficiência (Eco-efficiency) Eficiência com que os recursos ambientais são usados para atender às necessidades básicas humanas. Ênfase na redução da intensidade de materiais e energia em produtos e serviços, no uso de recursos renováveis e no alongamento da vida útil dos produtos. Dependente de desenvolvimento tecnológico, para políticas públicas apropriadas e de contingente significativos de consumidores ambientalmente responsáveis. Projeto para o meio ambiente (Designe for environment) Projetar produtos e processos considerando os impactos sobre o meio ambiente. Inclusão das preocupações ambientais desde a concepção do produto ou processo. Os produtos concorrem com outros similares que podem ser mais atrativos em termos de preços, condições de pagamento e outras considerações não ambientais. Quadro 1: Principais características dos modelos de gestão ambiental. Fonte: Adaptado de Barbieri (2016, p.110). 2. A Relação entre o Desenvolvimento Econômico e Impacto Ambiental O desenvolvimento econômico afeta diretamente a qualidade de vida dos indivíduos. Ele é mensurado por indicadores de educação, saúde, renda, pobreza, entre outros. É possível comparar desenvolvimentos entre países, estados e municípios, principalmente, por meio do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Muitos estudos tentam encontrar conexões entre o desenvolvimento socioeconômico e o impacto ambiental de determinado local. Afinal, o desenvolvimento traz como consequências elevados níveis de emprego, novas tecnologias, maior educação e saúde entre a população, desigualdades sociais menos acentuadas, entre outros aspectos que podem contribuir para reduzir os problemas ambientais ou agravá-los ainda mais. Em 1992, foi realizada, no Rio de Janeiro, a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, denominada como Eco-92 ou Rio-92. Nessa Conferência, participaram 178 Estados-Nação e 16 agências especializadas (como OIT, Banco Mundial, FMI, entre outras). A principal discussão centrou-se no Avaliação de Empresas 9 argumento de que, se todos os países tivessem o mesmo padrão de desenvolvimento dos países ricos, os recursos naturais não seriam suficientes, e os prejuízos no meio ambiente não seriam mais reversíveis (SENADO FEDERAL DO BRASIL, 2012). A principal conclusão da Rio-92 foi de que o desenvolvimento precisa ser sustentável, envolvendo componentes econômicos, ambientais e sociais. Este desenvolvimento sustentável é norteado por iniciativas nacionais e internacionais por meio de três documentos que surgiram na Conferência: Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Declaração de Princípios sobre as Florestas e a Agenda 21. Também foi criada a Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS) vinculada ao Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc) para auxiliar os países a alcançarem as metas da Rio-92. (SENADO FEDERAL DO BRASIL, 2012). Desse modo, observa-se que o desenvolvimento econômico não é contraditório a impactos positivos no meio ambiente. Com o sucesso da Rio-92, muitas outras conferências ambientais ocorreram posteriormente, quase todas com o nome de Rio+X (como a Rio+20), pois “Rio” representava uma conferência global bem-sucedida. As empresas também passaram a adotar e implementar um desenvolvimento sustentável por meio do Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Isto é, era observado que as empresas conseguiam obter um desenvolvimento econômico significativo aliado à preservação do meio ambiente (BERTE, 2O12). Figura 4: Impactos positivos no meio ambiente. Fonte: Dreamstime. O SGA precisa ter uma definição clara de objetivos e formulação de política, assim como a coordenação de atividades e a avaliação de resultados, para que envolva todas as partes interessadas na resolução de questões ambientais. De modo geral, abrange uma abordagem de gestão ambiental estratégica. Os modelos de SGA possuem os processos administrativos relacionados, como demonstra a Figura 5.: Avaliação de Empresas 10 • Poítica e procedimentos • Acompanhamentoda regulamentação e da sua influência sobre os departamentos da empresa • Processo de planejamento: ¬ Objetivos e metas; ¬ Alocação de recursos. • Organização da gestão • Estrutura organizacional • Delineamento de papéis • Niveis de autoridade e responsabilidade • Gerenciamento dos comportamentos • Avaliação e gestão de riscos • Revisão de projetos e programas ambientais • Programas ambientais especificos • Motivação e delegação • Gestão do sistema de informação • Mensuração dos resultados • Diagnóstico dos problemas • Auditoria ambiental • Ações corretivas Planejamento Organização Implementação Controle Figura 5: Elementos de um modelo SGA. Fonte: Adaptada de Barbieri (2016, p.122). Essa compatibilidade entre desenvolvimento e meio ambiente também pode ser expressa pelo conceito de externalidades. Os impactos ambientais podem ser considerados externalidades que ocorrem quando o consumo e/ou a produção de um determinado bem afetam os consumidores e/ou produtores, em outros mercados, e esses impactos nãosão considerados no preço de mercado do bem em questão. Essas externalidades podem ser positivas (benefícios externos) ou negativas (custos externos) e são falhas de mercado importantes. É importante destacar que as externalidades não se resumem apenas a questões ambientais, mas também de educação, saúde, entre outras. Para que o desenvolvimento e os impactos ambientais ocorram simultaneamente, as externalidades negativas devem ser internalizadas, para não implicar em ônus para a sociedade (MAY, 2010). Podemos citar como exemplo de externalidade negativa feita por empresas a produção de carnes, que contribui para o desmatamento (extinção de espécies, poluição do solo, maior emissão de CO2, entre outros impactos ambientais negativos). Já um exemplo de externalidade positiva feita por empresas é o desenvolvimento de tecnologias que não agridem o meio ambiente, que além de contribuir para a preservação ambiental, também gera empregos. A internalização das externalidades garante uma eficiência alocativa, desequilibrada por externalidades negativas de poluição, e essas soluções podem ser privadas ou públicas. As soluções privadas ocorrem por meio de fusões das empresas prejudicadas pelas externalidades da produção (os custos externos seriam pagos por essa nova empresa), sanções sociais (penaliza empresas que tenham externalidades negativas e premia empresas com externalidades positivas) ou teorema de Coase (negociação entre partes envolvidas sem a participação do governo, que tem poder coercitivo, desde que essas partes não sejam tão numerosas). Já as soluções públicas ocorrem, principalmente, por meio da cobrança de impostos (externalidades negativas) e subsídios corretivos pigouvianos (externalidades positivas) para que a curva de custo marginal ou benefício marginal privado coincida com a curva de custo ou benefício Avaliação de Empresas 11 marginal da sociedade, corrigindo o problema de eficiência em virtude dessas externalidades (SOUSA, 2012). Essa situação é ilustrada a seguir: Preço C Custo marginal social (Incluindo o custo marginal de poluição) Imposto por unidade sobre a poluição (Custo marginal da poluição) Custo Marginal Privado Demanda (Benefício marginal social) Quantidade B E* Q* Em Qm Preço CSubsídio por unidade produzida Benefício marginal social Quantidade Oferta Demanda B E* Q* Figura 6: Correção de externalidades negativas e positivas em mercados competitivos mediante o uso de impostos ou subsídios. Fonte: Adaptada de Sousa (2012, p.5). Outras soluções públicas para a correção de externalidades são as regulações ou multas, obrigando o agente que gera poluição a diminuir a atividade causadora desse dano ambiental. O Teorema de Coase foi proposto por Ronald Coase em 1960, constatou- se que se o direito de propriedade é bem-definido permitindo trocas entre os agentes, estes podem negociar quando afetados por externalidades sem custos de transação para atingir uma eficiência alocativa, sem o auxílio do governo. Já o conceito de uso de impostos e subsídios para corrigir as externalidades são denominados como pigouvianos (ou taxa de pigou), pois foram desenvolvidos por Arthur Cecil Pigou para mostrar como o Estado influencia esse processo de correção das externalidades. 3. Os Reflexos do Crescimento Econômico e sua Relação com o Meio Ambiente O crescimento econômico em uma sociedade ocorre quando há um aumento da produção e consumo de bens e serviços, geralmente, mensurados pelo Produto Interno Bruto (PIB) ou Produto Nacional Bruto (PNB). Como discutimos acima, é possível obter desenvolvimento econômico em conjunto com impactos positivos no meio ambiente, assim, podemos também refletir sobre a relação entre o crescimento econômico e o meio ambiente (BERTE, 2012). Avaliação de Empresas 12 No âmbito da economia do meio ambiente, há o conceito de Curva Ambiental de Kuznets (CAK), ou em inglês, Environmental Kuznets Curves (EKC). É uma curva em formato de U invertido que associa a degradação ambiental ao nível de renda. Em um país pobre, o crescimento econômico é acompanhado por um aumento de emissões de poluentes advindas do crescimento da atividade produtiva. Ao passo que o nível de renda se eleva, o nível de emissões também cresce. Ao atingir o ponto de inflexão, conforme a renda da população cresce, a preocupação com o meio ambiente muda, e ocorre um declínio das emissões de poluentes (ÁVILA, DINIZ). A Figura 7, a seguir, expressa como se dá essa relação. Renda Emissões Figura 7: Curva Ambiental de Kuznets. Fonte: Adaptada de Ávila e Diniz (2014, p.102). De modo geral, a CAK postula que conforme a renda cresce (há um maior crescimento econômico), as emissões começam a apresentar uma Figura 8: No âmbito da economia do meio ambiente. Fonte: Dreamstime. trajetória decrescente, indicando que a sociedade passa a priorizar um crescimento econômico acompanhado de um meio ambiente menos degradado. Logo, o desenvolvimento causa problemas ambientais apenas em sua fase inicial (ÁVILA, DINIZ, 2014). A CAK pode ser explicada pela combinação de três efeitos: “o efeito escala, em que o aumento de renda está associado a um aumento das emissões de poluentes para determinado produto e tecnologia; efeito composição, em que uma mudança da composição do produto associado a um aumento da renda altera o peso dos produtos menos poluentes no produto total, levando a uma diminuição das emissões quando o peso dos produtos menos poluentes aumenta; e iii) efeito técnica, em que a adoção de tecnologias menos poluentes associada a um aumento de renda leva a uma redução das emissões”. (ÁVILA, DINIZ, 2014, p.98) Muitos estudos empíricos surgiram com o objetivo de estimular a CAK, inclusive, para diversos tipos de poluentes, e encontraram conclusões favoráveis a essa teoria. Entretanto, muitos estudiosos discordam da CAK, o que demonstra que não há um consenso em termos de pesquisa sobre a validação da teoria. Avaliação de Empresas 13 A melhoria ambiental pode não ocorrer naturalmente ao passo que as nações se enriquecem. É o exemplo dos EUA e do Japão, países desenvolvidos e com elevadas taxas de emissão de CO2. Embora a prosperidade econômica facilite a proteção ambiental a partir de leis e regulamentos, assim como o desenvolvimento de tecnologias que danificam menos a natureza, essa situação não significa que países mais desenvolvidos e ricos possuem empresas que preservam mais o meio ambiente. Grossman e Krueger (1995) eram autores que defendiam a existência da CAK, mas destacavam que apenas o crescimento econômico sozinho não promove necessariamente a redução de emissões de poluentes. Políticas ambientais a nível global que operem com ações de governos, países, indústrias e indivíduos são necessárias para a consolidação da sustentabilidade. Isto é, a interação entre os agentes econômicos é essencial para a preservação do meio ambiente, no sentido de reduzir as desigualdades sociais e econômicas para que as políticas ambientais sejam efetivas (ÁVILA, DINIZ, 2014). Há muitas certificações para indicar aquelas empresas que realmente se comprometem com um desempenho sustentável. Uma delas é a ABNT NBR ISO 14001, formulada em 2015, uma norma internacional que define como implementar um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) de forma eficaz. Contribui para que as empresas incorporem responsabilidades ambientais aos seus processos internos e tenham resultados financeiros positivos. A adoção de inovações para aprimorar as tecnologias industriais e produzir energias limpas também contribui para a combinação entre crescimento econômico e resolução de problemas ambientais. Assim, vemos que as empresas possuem um papel fundamental nos impactos ambientais, o que mais uma vez justifica a utilização de uma gestão ambiental estratégica. Neste capítulo, abordamos sobre as principais vantagens de uma empresa adotar uma gestão ambiental, em razão da exploração dos recursos naturaise também para obter vantagens comparativas. Vimos que qualquer gestão ambiental possui as dimensões institucional, espacial e temática, e que a abordagem estratégica é a que mais oferece benefícios para a empresa. Também estudamos que há, pelo menos, quatro modelos de gestão ambiental, que enfatizam características e prioridades diferentes, mas que podem ser diferentes. Além disso, demonstramos que é possível obter desenvolvimento e crescimento econômico combinando impactos ambientais positivos. Em termos de desenvolvimento, isso ocorre, principalmente, a partir da internalização de externalidades. Já em termos de crescimento econômico, não há um consenso exato sobre a relação com o meio ambiente, mas sabemos que é importante o envolvimento de todos os agentes econômicos para a criação de uma proteção ambiental eficaz, e as empresas possuem uma importante função nesse contexto. Avaliação de Empresas 14 Referências ÁVILA, E. S.; DINIZ, E. M. Evidências sobre cura ambiental de Kuznets e convergência das emissões. Revista Estudos Econômicos, São Paulo, v.45, n.1, p.97-126, 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ ee/v45n1/0101-4161-ee-45-01-0097.pdf. Acesso em: 12 mar. 2021. BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial – Conceitos, Modelos e Instrumentos. 4. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2016. BERTE, R. Gestão socioambiental no Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2012. [Biblioteca Virtual Pearson] GROSSMAN, G. M.; KRUEGER, A. B. Economic growth and the environment. Quartely Journal of Economics, v.110, p.353-377, 1995. Disponível em: https://econpapers.repec.org/article/oupqjecon/v_ 3a110_3ay_3a1995_3ai_3a2_3ap_3a353-377. .htm. Acesso em: 12 mar. 2021. MAY, P. H. Economia do meio ambiente: teoria e prática. 2 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. SENADO FEDERAL DO BRASIL. A Rio+20. 2012. Disponível em: https:// www.senado.gov.br/NOTICIAS/JORNAL/EMDISCUSSAO/rio20/a-rio20. aspx. Acesso em: 11 mar. 2021. SOUSA, M. C. S. Bens públicos e externalidades. Disponível em: introducaoaeconomia.files.wordpress.com. Acesso em: 12 mar. 2021. Acesso em: 05 abr. 2021. ABNT NBR ISO 14001. Disponível em: http://www.abnt.org.br/ publicacoes2/category/146-abnt-nbr-iso-14001. Acesso em: 05 abr. 2021. Avaliação de Empresas 15 https://www.scielo.br/pdf/ee/v45n1/0101-4161-ee-45-01-0097.pdf https://www.scielo.br/pdf/ee/v45n1/0101-4161-ee-45-01-0097.pdf https://www.scielo.br/pdf/ee/v45n1/0101-4161-ee-45-01-0097.pdf https://econpapers.repec.org/article/oupqjecon/v_3a110_3ay_3a1995_3ai_3a2_3ap_3a353-377..htm https://econpapers.repec.org/article/oupqjecon/v_3a110_3ay_3a1995_3ai_3a2_3ap_3a353-377..htm https://econpapers.repec.org/article/oupqjecon/v_3a110_3ay_3a1995_3ai_3a2_3ap_3a353-377..htm https://www.senado.gov.br/NOTICIAS/JORNAL/EMDISCUSSAO/rio20/a-rio20.aspx https://www.senado.gov.br/NOTICIAS/JORNAL/EMDISCUSSAO/rio20/a-rio20.aspx https://www.senado.gov.br/NOTICIAS/JORNAL/EMDISCUSSAO/rio20/a-rio20.aspx https://www.senado.gov.br/NOTICIAS/JORNAL/EMDISCUSSAO/rio20/a-rio20.aspx https://introducaoaeconomia.files.wordpress.com/2012/03/texto-externalidades-conceicao-2011.doc#:~:text=Os%20bens%20p%C3%BAblicos%20puros%20ou,ou%20servi%C3%A7o%20n%C3%A3o%20ser%20divis%C3%ADvel. https://introducaoaeconomia.files.wordpress.com/2012/03/texto-externalidades-conceicao-2011.doc#:~:text=Os%20bens%20p%C3%BAblicos%20puros%20ou,ou%20servi%C3%A7o%20n%C3%A3o%20ser%20divis%C3%ADvel. http://www.abnt.org.br/publicacoes2/category/146-abnt-nbr-iso-14001 http://www.abnt.org.br/publicacoes2/category/146-abnt-nbr-iso-14001 Benefícios da Gestão Ambiental Para Início de Conversa Objetivos 1. Meio Ambiente e a Sustentabilidade do Negócio 2. A Relação entre o Desenvolvimento Econômico e Impacto Ambiental 3. Os Reflexos do Crescimento Econômico e sua Relação com o Meio Ambiente Referências
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