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Vamos descobrir caminhos? V SIMPÓSIO DE COACHING e mentoring 08 de novembro 2022 INTEGRANDO CARREIRA, LIDERANÇA E QUALIDADE DE VIDA Coaching e Mentoring são instrumentos essenciais para nos guiar pessoal e profissionalmente. São importantes para minimizar os impactos destes tempos complexos, em que empregados e empregadores precisam se reinventar para superarem a crise global gerada pela pandemia, seguida de guerra e das questões ambientais. profissional, estão embasados pela ética, respeito ao cliente e seriedade no processo. Os conceitos a seguir são frutos de estudos intensos realizados pelos fundadores: “Coaching é uma atividade profissional que se dá num processo confidencial, estabelecido em uma relação de parceria entre Coach e cliente, visando o desenvolvimento pessoal e profissional, apoiando e instigando, com o objetivo de atingir resultados previamente estabelecidos”. “Mentoring é uma relação orientativa, sistemática ou não, na qual o mentor, com base em suas experiências e maturidade (profissional e pessoal), indica linhas de atuação, facilitando, estimulando e acompanhando o desenvolvimento do indivíduo / cliente”. Em síntese, Coaching e Mentoring são instrumentos essenciais para nos guiar pessoal e profissionalmente. São importantes para minimizar os impactos destes tempos complexos, em que empregados e empregadores precisam se reinventar para superarem a crise global gerada pela pandemia, seguida de guerra e das questões ambientais. Em sua visão, o cenário profissional, hoje, apresenta mais ameaças ou oportunidades? Reflita por alguns minutos: o quanto você está aberto ou aberta a aprender, desaprender e reaprender sobre a sua carreira, sobre a profissão que exerce? V Simpósio de Coaching - Integrando Carreira, Liderança e Qualidade de Vida O Simpósio de Coaching e Mentoring faz parte do calendário do Grupo de Excelência em Coaching a cada dois anos. O tema central desta edição foi resultado de discussões do grupo a respeito dos impactos profissionais nas perspectivas: Hoje, Futuro e possíveis Caminhos. O Grupo de Excelência em Coaching é formado por coaches, mentores e outros profissionais que não atuam, necessariamente, nessas áreas. Somos um grupo diverso, incluindo administradores, psicólogos, publicitários entre outras profissões. O GEC-CRA-SP completou 15 anos! Estamos orgulhosos por nossas realizações até aqui e nos sentimos estimulados a seguirmos adiante, unidos por esta causa: “Contribuir rumo à excelência da prática de coaching e mentoring pelo contínuo desenvolvimento de conceitos, métodos e processos, visando beneficiar os interessados na atividade, os administradores e a sociedade em geral." Para nós, membros do GREC-CRA-SP, os significados de Coaching e Mentoring vão além de metodologias para desenvolvimento pessoal e mensagem da Adm. Noscilene Santos | Coordenadora do GEC-CRA-SP - gestão 2022 | 2024 Noscilene Santos A sua prontidão fará que você enxergue as oportunidades que estão surgindo no mercado de trabalho. Novas profissões estão emergindo dia após dia, e você poderá escolher uma que esteja alinhada com os seus valores e com seu propósito profissional. Vale destacar que o apagão profissional já está acontecendo, o índice de desemprego ainda está alto, mas a busca por especialistas em diversas áreas também é crescente, em especial por profissionais com habilidades em tecnologias, incluindo recrutadores de tecnologia da informação. O mundo dos negócios mudou e continuará mudando. Esteja preparado para se adaptar às novas exigências profissionais. Como você avalia este seu momento profissional? Que futuro você está projetando? Agora, eu convido você a ler este e-book e praticar os três exercícios propostos sobre: Valores, Inteligência emocional e Propósito, numa visão IKIGAI - Razão de viver. Expressamos os nossos agradecimentos ao Conselho Regional de Administração de São Paulo, ao Presidente Adm, Alberto Whitaker, pelo apoio aos Grupos de Excelência, proporcionando-nos a oportunidade de compartilharmos os nossos conhecimentos com os administradores e a sociedade em geral. Forte abraço Noscilene Santos PAINEL 1 HOJE, O CENÁRIO ATUAL VERA CECILIA M PEREIRA ROSANA MARINARI Coach, Psicóloga, consultora em temas organizacionais, coordenadora do PCJA, Programa de Jovens Administradores do CRA-SP. Consultora e Coach empresarial. Ajuda líderes a conciliarem pessoas e resultados. ANTONIO PRADO Painelista Painelista JOÃO MACHADO Administrador, coach e mentor de carreiras, liderança, grupos e equipes, tendo como base a Inteligência Espiritual. Painelista Consultor, Coach e Mentor. Desenvolvimento de Liderança e Gestão de Mudanças. Moderador PÁGINA 14 CARREIRA LÍQUIDA QUALIDADE DE VIDA, O QUE É ISTO? ALINHAMENTO ENTRE SOBREVIVÊNCIA E OS IDEAIS DE CRESCIMENTO PROFISSIONAL O PAPEL DA LIDERANÇA HOJE EQUILÍBRIO ENTRE VIDA PESSOAL E VIDA PROFISSIONAL HOME OFFICE AS MAIORES DORES E PREOCUPAÇÕES DA LIDERANÇA VALORES E O QUE ESTÁ POR TRÁS DA GRANDE RENÚNCIA É SOBRE A CAPACIDADE DE ADAPTAÇÃO E RESSIGNIFICAÇÃO DAS COISAS. O SER HUMANO, EM SUA CONDIÇÃO DE VIDA E SOBREVIVÊNCIA HOJE, O CENÁRIO ATUAL V SIMPÓSIO DE COACH | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING FERRAMENTAS PARA VOCÊ: VALORES Moderador Antonio Prado PÁGINA 05 V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING VERA: No cenário atual do mercado de trabalho, vamos nos embrenhar em várias vertentes, cujos resultados são os paradoxos que estamos vendo nas notícias: debandada de empregos, por um lado. E, por outro, filas quilométricas a qualquer aceno de vagas a serem preenchidas; aumento de número de questões envolvendo a saúde mental e movimentação policial frente a empregados em situações similares à escravidão e outras tantas situações. O que vemos é a separação total das três situações de embate: trabalho x emprego x carreira - e, agora, podemos claramente perceber que são três instâncias distintas, que podem ou não se sobrepor. Do que estamos falando? Desde meados dos anos 20 do século passado, temos discussões sobre trabalho e de que maneira afeta as pessoas, tanto individual como coletivamente e a sociedade em geral. Já observamos questões sobre sobrevivência e desejos de maior autonomia. E aqui vale lembrar a genial formulação de Maslow (1908-1970): a hierarquia de necessidades, que se alinha perfeitamente à sua pergunta. Não vou me estender sobre ela, mas quero lembrar que aprendemos essa formulação como algo estático, mas, principalmente em nosso tempo, ela é algo absolutamente dinâmico. E, evidentemente, as pessoas que estão nos dois extratos da base da pirâmide - aqui no brasil, milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza; outros tantos milhões de Vera, quando falamos de carreira, no cenário atual, como você vê, no mercado de trabalho hoje, a questão do alinhamento entre sobrevivência e os ideais de crescimento profissional? É um momento que vem exigindo grande capacidade de adaptação e ressignificação das coisas, não só na força de trabalho mas também do ser humano, em sua condição de vida e sobrevivência. É realmente um contexto de ameaças, mas que, ironicamente, abre muitas oportunidades. Neste primeiro painel, nós vamos dar destaque ao que está acontecendo hoje no cenário atual, trazendo para vocês uma visão que integra as áreas de carreira, liderança e qualidade de vida com base em nossa vivência profissional e nossa atuação como coaches e mentores. E, para enriquecer a realização deste primeiro painel, trarão suas valiosas contribuições as colegas Vera Cecilia Mota Pereira, Rosana Marinari e o colega João Machado, todos membros do grupo de excelência em coaching/mentoring do conselho regional de administração. desempregados e desalentados – lutando para manter sua cabeça fora d’água, não estão e não podem estar preocupados com carreira e sim com qualquer possibilidade de ter algum dinheiro para poder comprar comida. Em seguida, temos os empregados, o que engloba aqueles comsituação formal e os informais. As pressões sobre esse segmento já eram tremendas anteriormente à pandemia, que acentuou as distorções, com cada vez menos pessoas fazendo mais unidades de trabalho e por mais tempo. E agora? Como já dizia Lulu Santos: “nada do que foi será, de novo, como foi um dia” (Como uma Onda- Lulu Santos / Nelson Motta). Vera Pereira Como pensar em carreira nesse contexto atual? A velocidade das mudanças em relação a carreiras profissionais que somem ou tendem a desaparecer, enquanto outras surgem. Aquilo que conhecemos, um dia, em que uma pessoa entrava numa empresa como office boy ou estagiário e terminava presidente da empresa, talvez esteja em seus últimos dias. O que temos que levar em conta é que todos os formatos estão acontecendo ao mesmo tempo: há empresas de formato tradicional, com empregos reconhecíveis, e empresas ultra novas, com denominações novas e estruturações mais horizontais e, entre elas, todas as possibilidades. Cada pessoa que possa irá cuidar de seu próprio desenvolvimento. Às vezes, com ajuda. Nesse caso, uma possibilidade é o coaching. Temos aqui no CRA-SP o programa de coaching para jovens administradores – PCJA, no qual já passaram cerca de 300 pessoas, recém- formadas e/ou formandos. O cuidado de cada um se coloca na forma de observar seu próprio conhecimento, alinhando seus valores àqueles do seu lugar de trabalho, bem como tendo sempre em seu radar o que está acontecendo com seu mundo imediato e distante. Não dá mais para se alienar. Mas a maioria, muitas vezes, enfrentará essa situação caótica sem ajuda. Esse é o caminho agora. V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING "O cuidado de cada um se coloca na forma de observar seu próprio conhecimento, alinhando seus valores àqueles do seu lugar de trabalho, bem como tendo sempre em seu radar o que está acontecendo com seu mundo imediato e distante. Não dá mais para se alienar." Vera Cecília Mota Pereira Prado: Certamente que nesse cenário, que a Vera citou, há um protagonista com papel muito importante nas decisões individuais, sobre planos e desenvolvimento individual e de carreira, que é a figura do líder, do gestor em todos os níveis. Esta figura tem destaque especial pelo efeito de sua função de liderança, sobre os resultados dos colaboradores em todos os níveis. Liderar nestes momentos incertos... PÁGINA 06 V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING ROSANA: Eu penso que a pandemia precipitou uma série de coisas, e estarmos em home office e em isolamento social fez com que líderes e liderados se sentissem perdidos. De uma hora para outra nos vimos tendo que lidar com a tecnologia, às vezes em condições bastante precárias, e percebemos que o líder sentiu um esvaziamento, foi a perda do comando e controle. Embora a gente esteja em um momento de transição, eu sinto que tem uma luz no final do túnel. A expectativa é termos uma liderança em rede, mais colaborativa e participativa. Mas ainda percebemos que o comando e controle reina e impera. Eu me lembro que quando comecei a liderar, muito jovem, fiz muitas bobagens. Eu fui colocada numa posição de líder e nem sabia o que fazer. Naquela época nós tínhamos alguns poucos treinamentos que eram muito operacionais. Eu fiz o "TWI", os mais veteranos conhecem, e era a forma como a gente tinha de ter acesso a como liderar. Muitas vezes no grito e na imposição e no porquê sim! Hoje temos muita informação e conteúdo disponível, mas ainda precisamos instrumentalizar o líder. Quando falamos em comando e controle, pensamos naquele estilo autoritário, top down, pouco contexto e participação. Tenho visto uma transição em curso, mas para o modelo no qual eu sou mais complacente, bonzinho, faço por ele, mas eu não ajudo a se desenvolver e ser protagonista e auto-responsável. Eu ainda exerço uma espécie de comando e controle com mais condescendência e, na tentativa de ser participativo, acabo fazendo pelo liderado. Esse novo jeito não instiga e desafia o liderado a crescer e evoluir. Não prepara para uma auto liderança. Vamos ouvir a contribuição da Rosana Marinari, com sua grande experiência como coach de executivos e consultora em programas de liderança, A Rosana Marinari é consultora e coach empresarial. Ama o ambiente empresarial e ajuda líderes a conciliarem pessoas e resultados. A ideia é que nós tenhamos líderes que façam junto, que sejam presentes, que estejam onde o resultado é produzido e que desenvolvam seus liderados. Eu acredito que pode haver qualidade de vida no trabalho. Nós viemos de uma cultura de que qualidade de vida estava além do trabalho. E queremos ver pessoas alinhadas com seu trabalho e com os seus valores. E que tenhamos ambientes leves, saudáveis, menos tóxicos, nos quais possamos ser o que somos sem medo de julgamento ou retaliações. Ela trará suas contribuições sobre liderança em nosso painel. Rosana, como você vê o envolvimento e o papel da liderança neste contexto? Rosana Marinari PÁGINA 07 JOÃO: Primeiramente, acho que é importante entender que qualidade de vida é singular e depende muito do que o profissional ou estudante está passando. Recentemente, fizemos uma enquete no GEC– Grupo de Excelência em Coaching do CRA, sobre o tema qualidade de vida, com os clientes do grupo de coaches e mentores. Tivemos resultados interessante sobre as dores deste momento de pandemia. O resultado mostrou um desequilíbrio entre vida pessoal e profissional. Tem gente que gosta de pressão, outros preferem focar nos relacionamentos, outras priorizam a família, outros buscam reconhecimento. São necessidades, valores de cada um, que nos fazem únicos! Nos resultados da enquete, apareceu muito fortemente a importância dos nossos valores. Mas o que são valores? Os valores fazem parte da essência individual de cada ser, é o que nos move, nos faz pular da cama e ir trabalhar em um dia frio e chuvoso; eles nos fortalecem e nos auxiliam nas grandes escolhas na vida. São as bases do que vamos escolher para nossa vida. Estão ligados à nossa identidade, à nossa essência. Quanto mais claros forem estes valores, mais foco colocaremos em nossas vidas, em nossas decisões! Minha filha de 21 anos está fazendo estágio na área de nutrição, em diversos setores. O último foi em um hospital onde ela visitava os pacientes nos quartos. Ela João, com todo este contexto, no âmbito do mercado de trabalho, no cenário hoje, como você está vendo o impacto na qualidade de vida para o individuo no trabalho e para as organizações? Aproveitando o comentário sobre qualidade de vida feito pela Rosana, vamos ver como toda essa situação afeta a qualidade de vida, tanto das pessoas empregadas, como das que perderam seu emprego, e também das que fizeram a opção de se demitirem. E, para falar sobre Qualidade de Vida neste contexto, vou pedir ao João Machado que nos traga seu conhecimento e sensibilidade sobre este aspecto. O João Machado é administrador, coach e mentor de carreiras, liderança, grupos e equipes, tem como base em seu trabalho, a Inteligência espiritual e será o nosso mentor em termos de qualidade de vida aqui em nosso trabalho é muito sensível e se envolvia emocionalmente com os pacientes. Se acontecia algo mais grave, ela ficava muito abalada, às vezes até chorava. Este sentimento estava fazendo mal para ela. Para ela, ajudar as pessoas é um valor. Como ela não conseguia ajudar, se abalava. Isto ajudou em sua escolha. Vai continuar sendo nutricionista em outra área que não a hospitalar. Simples assim. Isto é autoconhecimento. O que eu gosto? O que tenho facilidade, o que eu busco da vida? O que me motiva? Quais são os meus talentos? Quando estas necessidades, motivações, valores e talentos não são atendidas, temos o desequilíbrio, que gera estresse e João Machado V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING PÁGINA 08 Continuação... sofrimento, afetando, em casos mais graves, a saúde tanto física, comomental e emocional. Qualidade de vida está em buscar equilíbrio desta nossa essência. Trabalhar com o que faz nossos olhos brilharem. O que tem acontecido é um desequilíbrio entre estes pontos que abordamos. Excesso de pressão, metas irrealistas e não atingíveis, muita sobrecarga de trabalho, medo de desemprego, medo de pegar covid. Tudo isto impacta negativamente muitas pessoas e acaba gerando desconfortos, afetando tanto a saúde física como emocional. Vivemos uma era de muito foco no ter: ter coisas, ter poder, ter cargos. Em vez do foco no ser, na nossa essência e valores. Como falamos, quando estas necessidades humanas não são atendidas, de bem-estar, saúde física, mental e espiritual, acaba refletindo nas relações sociais, familiares e profissionais. Eu sou administrador e na faculdade escolhi a área de marketing. Pensava na parte boa, fazer apresentações, participar de comerciais na tv. V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING "Vivemos uma era de muito foco no ter: ter coisas, ter poder, ter cargos. Em vez do foco no ser, nas nossa essência e valores." João Machado Prado: Vera, com base no que o João citou sobre a questão do equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional, como este desalinhamento afeta a carreira das pessoas no contexto atual pós pandemia? E os modelos híbridos de home office, que vêm sendo implantados, contribuem de alguma forma nesse quadro? Home Office, modelo Híbrido...... Fui estagiário na área e acabei sendo promovido na base do esforço próprio. Tinha algumas tarefas de que eu não gostava, as que tinham a ver com cálculos e números. Na faculdade, eu tinha muita dificuldade as matérias exatas. Estatística 1 e 2. Quando me formei, acabei entrando na área em busca do meu sonho, do que eu imaginava ser marketing. Quanto mais eu subia na carreira, mais cálculo e fórmulas e modelos matemáticos eu precisava usar. Era um estresse terrível antes de cada apresentação. Dores de cabeça física e emocional, noites mal dormidas. O estresse me fez mudar. A mudança vem pelo amor ou pela dor. Acabei mudando pela dor. Recomecei minha carreira na área de desenvolvimento de pessoas, na qual os meus talentos e meus valores agora são contemplados. Este exemplo mostra a importância dos pontos que falamos há pouco na qualidade de vida das pessoas. É tarefa sua, ninguém vai fazer isto por você PÁGINA 09 de crescimento profissional das pessoas. Vemos uma carreira líquida, em ambiente mutável e com mudanças em velocidades ímpares. O futuro parece estar ao alcance das mãos, mas não para todos – essa é a maior ameaça, que acaba afetando até a qualidade de vida das pessoas e está assombrando aqueles que se preocupam com o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Vemos, agora, modelos de carreira antigos, linearmente estruturados, em paralelo a novas formatações e, mais ainda, novas formatações como braço de empresas hierarquicamente estruturadas, mas que não se furtam a enfrentar o novo, sem destruir o modelo anterior, mas acoplando-o, o que dificulta ainda mais o discernimento e as decisões individuais de crescimento nesse contexto. Já a questão do home office é peculiar. Quem trabalha com a implantação do sistema há anos, sofrendo toda sorte de: agora não!, viu as empresas adotarem o formato do dia para a noite, sem nenhum preparo estruturado para isso e, obviamente, sem levar em conta nada do que está na cartilha. Acrescenta-se essa adaptação às outras questões que mencionamos, levando ao aumento de casos de estresse e burnout (que antes se restringia a funcionários de UTI e agora espraia-se para todos os segmentos), agravando a qualidade de vida e retardando o crescimento "Vemos, agora, modelos de carreira antigos, linearmente estruturados, em paralelo a novas formatações e, mais ainda, novas formatações como braço de empresas hierarquicamente estruturadas, mas que não se furtam a enfrentar o novo, sem destruir o modelo anterior, mas acoplando-o." afirma Vera. VERA: Eu penso que, nesse contexto, as pressões na vida de todos envolvidos são enormes, certamente refletindo na qualidade de vida das pessoas, devido ao impacto até na sua saúde física e mental, tanto do empregado quanto do empregador. Tanto do liderado quanto do líder, forçando todos a buscarem soluções mais eficazes do que temos observado até agora, começando pela reflexão sobre a questão dos valores e sua sinergia entre aqueles individuais e os da empresa em que se trabalha ou naquela em que se almeja estar. E, para complicar ainda mais, são diversos os modelos de carreira disponíveis, mas nada que facilite um processo de discernimento tão confortável como antes nas decisões profissional das pessoas. Definitivamente, é com olhar humanizado e humanizador que a questão poderá ser enfrentada, ou seja, temos sempre que tentar sair do piloto automático e observar com amor e atenção a nós mesmos e aos outros, porque, embora incipiente, podemos detectar um caminho na direção da colaboração. Vera Pereira PÁGINA 10 V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING ROSANA: Muita coisa aí, Prado, para a gente comentar. A primeira coisa que eu vejo é que a liderança é um chamamento. Não é que o líder seja alguém especial, mas ele precisa desenvolver algumas habilidades para que possa entregar coisas, além dos seus colaboradores. Eu não acredito no líder super-herói. Esse cara não existe mais. E nem no líder robô. Mas o líder ainda continua no presente tendo que conviver com muitos “tem quês”, e isso vem sobrecarregando desumanamente a liderança, no sentido de que ele tem que trazer resultado, ela tem que bater a meta, ela tem que cumprir com os objetivos da organização, ela tem que engajar, motivar, tem que prover, acompanhar, delegar, tem que trazer perspectivas de carreira, de qualidade de vida e tem que ampliar o mindset de seu liderado, discutindo, argumentando, trocando ideias e percepções sobre trabalho e sobre vida. Esses "tem quês” são suas maiores dores. A gente fala de uma liderança coach. Ainda não estamos nesse estágio, mas acredito que os líderes serão líderes coaches. Ainda vemos com muita frequência, em nossos atendimentos em coaching executivo, que essa é a grande questão que acomete executivos, CEO's, empresários, empreendedores. Muitas vezes este líder quer ser participativo, mais colaborativo, menos tóxico e diretivo. Ele se controla para não atropelar, mas acaba oscilando entre apoiar e impor, deixando a equipe insegura e desmotivada. Não ser autoritário e não desrespeitar sua equipe é um dilema que muitos líderes vivem. Esta também é uma de suas dores. Eu vou usar uma metáfora do líder / CEO que quer ter liberdade, autonomia. Quer poder sair de férias, curtir um fim de semana prolongado, mas ele acaba se nutrindo de uma indisponibilidade. Então, ele diz assim: “olha, Rosana, a minha equipe pergunta tudo. Eles são dependentes, a minha equipe sem mim não funciona." E você, Rosana, o que percebe? Como especialista em liderança, quais são as maiores dores e preocupações da liderança que você tem observado, e como os líderes estão conseguindo equilibrar a preocupação de suas empresas com resultados e, ao mesmo tempo, a gestão humanizada de suas equipes neste contexto? "Se eu não ponho a mão, o resultado não acontece." Aqui tem mais uma dor do líder: o dilema entre dar espaço, ser um desenvolvedor, que se opõe a essa centralização e, por que não dizer, arrogância. Eu costumo dizer que ele é o "presidenter": ele precisa ter controle e ter poder. Ele precisa ter a última palavra, responder a todas as questões. E aqui temos mais um “tem quês” do líder, que acaba não dando espaço para o time crescer, atuar e ganhar “musculatura”. Acaba por expulsar os bons colaboradores que não aguentam viver sob o jugo desse líder. Esse movimento ficou maior depois da pandemia, sob o nome de grande renúncia. Um movimento que traz à tona a importância de rever valores e significado. Não dá mais para estar em uma cultura que nosoprime e faz sofrer. Esse tempo em que as pessoas deixavam os líderes e não as empresas têm que acabar! Eu não acredito no líder super-herói. Esse cara não existe mais. E nem no líder robô. Mas o líder ainda continua no presente tendo que conviver com muitos “tem quês”. Rosana Marinari Rosana Marinari PÁGINA 11 V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING JOÃO: A falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional e a inconsistência de valores pessoais e organizacionais afetam a nossa qualidade de vida. Agora há pouco falamos da importância dos valores. Se uma pessoa tem como valor transparência, por exemplo, no sentido de se falar a verdade sempre, e ela descobre que alguém do seu círculo não está falando a verdade, tem a quebra da confiança, porque transparência era algo importante para esta pessoa. O mesmo acontece na empresa. Se esta mesma pessoa está em uma organização na qual a transparência não é considerada, em que o discurso é diferente da prática, aparece o desconforto. Quebra-se a confiança, afetando a qualidade de vida do profissional. Devemos considerar ainda que as empresas e os indivíduos estavam acostumados com um modelo que agora não funciona mais. Isto acaba gerando estas situações que nos afetam. Excesso de informações, medo do novo. Muitos desafios e excesso de demanda. Na pandemia, temos mais um agravante, que é um novo modelo: trabalho em casa, trabalho no escritório? E ainda não sabemos como lidar com isso. As empresas e o mundo corporativo também estão se adaptando. Como vimos, está existindo um desalinhamento entre os valores pessoais e organizacionais. A empresa em que minha esposa trabalhava na área de pesquisa e branding foi vendida para um banco de investimentos, que busca acima de tudo lucratividade e estruturas enxutas. O foco anterior era a qualidade do atendimento, que é a cultura e os valores da minha esposa. Depois de 2 anos de muito sofrimento, ela pediu para sair. Antes ofereceram para ela o cargo de CEO para a américa latina toda. Mesmo assim, ela saiu. Um diretor, subordinado dela, aceitou o cargo e está superfeliz. E minha esposa, João, de que maneira este contexto está impactando, no âmbito das organizações, a Qualidade de Vida? E, caminhando para o final deste bloco, eu gostaria de perguntar ao João, ainda referente à qualidade de vida, mas desta vez no âmbito corporativo. aliviada e grata pela decisão que tomou! Eles tinham valores e necessidades diferentes. Percebem, sempre é uma questão de escolha, às vezes não é fácil. Excesso de pressão, o fazer mais com menos, as dúvidas sobre o futuro. A perda de amigos e entes queridos pela Covid! Tudo isto impactou e ainda impacta a qualidade de vida de muitos de nós. É fundamental que busquemos ouvir mais nossos corações, a nossa essência. Se alguma dessas situações apresentadas está presente na vida de vocês, busque ajuda. Pode ser um coach, um mentor para te ajudar a descobrir ou redescobrir a sua essência. Quando temos dores no corpo ou no dente, buscamos os médicos, os dentistas. As dores emocionais também podem ser curadas com a ajuda de profissionais capacitados para tal, que podem ajudar a curar estas dores. João Machado "É fundamental que busquemos ouvir mais nossos corações, a nossa essência. Se alguma dessas situações apresentadas está presente na vida de vocês, busque ajuda. Pode ser um coach, um mentor, para te ajudar a descobrir ou redescobrir a sua essência.” João Machado PÁGINA 12 V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING Caros amigos, como perceberam, diante da apresentação e das falas de meus colegas, profissionais de coaching e mentoring atuantes neste cenário, conhecer seus Valores para nortear as suas ações e comportamentos é de grande valia para este momento. Será muito importante para um bom planejamento de carreira, para a condução da sua liderança e para sua qualidade de vida... Por isso, gostaríamos de presentear vocês com uma ferramenta que utilizamos para reflexão e identificação de valores, durante os processos que desenvolvemos aqui no PCJA do CRA-SP, além da Pirâmide dos Níveis Lógicos da Mente de Gregory Bateson. Ficam aqui como presente, nas próximas páginas, estes dois exercícios sobre Valores, para que vocês possam refletir, após este Simpósio. Nosso muito obrigado! Moderador Antonio Prado PALAVRAS FINAIS V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING Meio Ambiente Atividade Capacidade Valores Identidade Missão Co ns ci en te In co ns ci en te R ef er ec ia l Ex te rn o R ef er ec ia l In te rn o Base da Motivação, Comprometimento, Escolhas e Vínculos Quem sou, como me sinto, como me identifico? Relacionado à minha Visão, Propósito Para que e para quem faço e atuo? Porque faço, o que me motiva, o que me realiza Como faço? Minhas capacidades e habilidades O que faço? Meus comportamentos Ameaças e Oportunidades Externas Com quem, quando e onde atuo? NÍVEIS LÓGICOS DA MENTE Modelo Robert Dilts baseado no Conceito de Gregory BatesonEmerson A Ciociorowski 2022 O gráfico acima foi desenvolvido a partir do conceito de Níveis Lógicos da Mente do antropólogo Gregory Bateson e de Robert Dilts. O principal conceito é que a mente se organiza em seis níveis lógicos, sendo que o Meio Ambiente, Atividades e Capacidades estão no Nível do Consciente, partindo de referenciais "Externos". Enquanto isso, os Níveis de Valores, Identidade e Missão ou Espiritualidade, no sentido não religioso, mas daquilo que nos transcende, ficam no Nível do Inconsciente e o Referencial é "Interno". Para nosso propósito neste Simpósio, cabe destacar que os Valores são a base da Motivação e do Comprometimento, bem como de nossas escolhas. Por isto a importância de reconhecermos nossos valores mais profundos que são a fonte de nossa realização pessoal e profissional. V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING F E R R A M E N T A S G E C | G R U P O D E E X C E L E Ê N C I A E M C O A C H I N G Quais são os 10 valores mais importantes na O que lhe motiva trabalhar? Quais são suas necessidades atuais? Quais são as 3 coisas mais importantes na sua vida hoje? E no ambiente de trabalho? Algumas perguntas para refletir agora e depois do nosso Simpósio: sua vida? O que é importante para você? São perguntas que em geral não fazemos e, a princípio, não temos facilidade em responder. Vamos aproveitar o momento para isso? Qualidade de Vida: Certamente, neste curto espaço de tempo, não é possível descrever 10 valores. Após o Simpósio, continue este exercício, dando tempo para você, refletindo consigo mesmo ou com seus amigos e parceiros. Se precisar de ajuda, procure um coach ou mentor. Eles poderão lhe auxiliar nesta jornada. PÁGINA 15 F E R R A M E N T A S G E C | G R U P O D E E X C E L E Ê N C I A E M C O A C H I N G Qualidade de Vida: PÁGINA 16 F E R R A M E N T A S G E C | G R U P O D E E X C E L E Ê N C I A E M C O A C H I N G Qualidade de Vida: Agora, dos Valores elencados na página anterior, escolha os Top 3 PÁGINA 17 PAINEL 2 O CENÁRIO FUTURO ROSANE SCHIKMANN SANDRA PEREIRA Mediadora de Conflitos, Coach e Facilitadora em Comunicação Não-Violenta Coach, Mentora e Educadora. Especialista em Psicologia Positiva e Transpessoal EMERSON CIOCIOROWSKI Painelista Painelista MARCEL FERRADA Psicólogo e Dr. em Psiquiatria. Membro Fundador do GEC - Grupo de Excelência em Coaching Painelista Membro Fundador do GEC, Coach, Mentor e Consultor. Founder da Stressbreak Qualidade de Vida e do Movimento Equilibrium Moderador PÁGINA 14 COMO ATUAR NO MUNDO BANI? COMO O PROCESSO DE COACHING E MENTORING PODE CONTRIBUIR PARA QUE AS PESSOAS AVANCEM NESTE FUTURO COMO PODEMOS PENSAR A CARREIRA NO FUTURO QUAL SERÁ O PAPEL DO LÍDER NESTA TRAVESSIA QUE COMPETÊNCIAS OSLÍDERES DEVEM DESENVOLVER A GRANDE RENÚNCIA ESTÁ DIRETAMENTE RELACIONADA AOS VALORES, PROPÓSITO E QUALIDADE DE VIDA AQUI SE TRATA DE GERENCIARMOS O DILEMA DE CUIDAR DE SI OU CUIDAR DA EMPRESA E DO GANHA PÃO O CENÁRIO FUTURO V SIMPÓSIO DE COACH | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING MARTA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL FERRAMENTAS PARA VOCÊ: Moderador Emerson Ciociorowski Quero fazer um convite para vocês irem fundo nesta questão e discutam com aqueles que estão próximos de vocês. Com certeza, o auxílio de um coach ou um mentor poderá lhe ajudar muito nestas reflexões. Aqui no Grupo de Excelência em Coach, temos muita gente capacitada para compartilhar esta sua jornada de descoberta Falar de futuro, hoje, nunca foi tão difícil, pois as mudanças que sempre existiram nunca foram tão rápidas, disruptivas. É como tivéssemos que agarrar um líquido em nossas mãos. No próximo painel vamos procurar, junto com vocês, Caminhos, não soluções! De que maneira a Inteligência Emocional passa a ser fundamental para lidarmos com sua carreira e auto-liderança? E como isto afeta sua qualidade de vida? Sejam bem-vindos às reflexões sobre o futuro. Tivemos no painel anterior uma boa foto do momento presente, com todas as suas dificuldades, que nos afetam no ambiente pessoal e profissional. Diante do momento em que vivemos, nunca foi tão importante refletirmos no autoconhecimento, nos nossos VALORES. Refiro-me aos Valores mais profundos que estão ligados à nossa ALMA. Afinal, os valores são a base para nossas escolhas e vínculos. Hoje estamos vivendo uma crise de valores na sociedade, por isso o choque no campo da política, do trabalho, das relações. Logicamente, num seminário como este, ainda não houve tempo para mergulhar em algo tão profundo, como seus valores internos. Hoje estamos vivendo um momento que foi batizado como "Great Resignation" ou, em português, como "A Grande Renúncia", ou seja, numa onda de desemprego, as pessoas estão pedindo demissão. Um em cada três desligamentos no Brasil foi a pedido do trabalhador. Essas demissões são, em sua maioria, entre as pessoas com maior escolaridade e salários altos. Elas estão colocando na balança fatores como satisfação pessoal, propósito, reconhecimento profissional, além de ambiente de trabalho saudável, à frente de salários. Mas o Mundo BANI está aí: frágil, ansioso, não linear, incompreensível. Temos muitas perguntas... Como preparar nossa carreira para o futuro? Como o jovem deve construir sua carreira e como os 50, 60+ devem estruturar o seu futuro? Plano de carreira faz sentido hoje? Como os processos de coaching e mentoring podem ser ferramentas de auxílio para uma busca de saídas? Que competências devo desenvolver para enfrentar um futuro em que profissões estão acabando e surgindo outras que nunca existiram? De que maneira a Inteligência Emocional passa a ser fundamental para lidarmos com o nosso dia a dia? De que maneira tudo isto afeta a sua Qualidade de Vida? Sejam bem-vindos neste painel sobre o FUTURO! PÁGINA 20 V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING ROSANE: O futuro já é a partir de Amanhã!!! Sabemos que o que estamos fazendo hoje pode ter repercussão imediata ou a mais longo prazo. No imediato, às vezes, talvez nem percebamos que haja algum impacto em nossas vidas; continuamos tocando no automático nosso dia a dia e, às vezes, nem vislumbramos que nossa vida esteja sendo afetada. Então, a primeira coisa à qual precisamos estar atentos são as mudanças que ocorrem no dia a dia, refletindo sobre os possíveis impactos dessas mudanças no futuro. Olhando o passado recente em perspectiva, como já apontaram nossos colegas no painel anterior, muitas coisas mudaram desde a pandemia e elas trouxeram alertas para as pessoas em relação à sua qualidade de vida. As pessoas descobriram a importância de equilibrar sua vida pessoal e profissional, de abrir espaço para cuidar de si e também da família. É com essa nova condição que estamos caminhando para o futuro, que, como disse, pode ser de amanhã em diante. Essas mudanças vieram para ficar, pois o modelo mental das pessoas está mudando. Então, nos demos conta da importância de nos responsabilizarmos pela nossa Qualidade de Vida; a mudança de estilo de vida, incluindo esse olhar para a saúde física e mental, para as relações, para a nutrição, para os causadores de estresse, entre outros. Por outro lado, estamos tão acostumados com nosso ‘tem que’, nossas obrigações com o trabalho e a pressão por resultados, que muitos de nós vivemos num dilema - cuidar de si ou cuidar da empresa e do ‘ganha pão’. Nessa situação, é importante ter um apoio na tomada de decisão sobre as priorizações nas nossas vidas e como fazer o equilíbrio entre essas necessidades. Rosane, que futuro é esse e como o processo de Coaching e Mentoring pode contribuir para que as pessoas avancem neste futuro? Estamos falando de FUTURO, mas sobre que futuro estamos falando? E nesse contexto é que entram os processos de coaching/mentoring, como instrumentos que estimulam a reflexão e a ampliação da consciência sobre diferentes pontos de vista e possibilidades – tanto em relação à Qualidade de Vida, quanto a outros diversos temas em nossas vidas. E para guiar este processo reflexivo, é valiosa a participação de um Coach, profissional preparado para essa interlocução. Rosane Schickmann "Estamos tão acostumados com nosso ‘tem que’, nossas obrigações com o trabalho e a pressão por resultados, que muitos de nós vivemos num dilema - cuidar de si ou cuidar da empresa e do ‘ganha pão’.” Rosane Schickmann PÁGINA 21 V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING atividades que requeiram criatividade, como artistas e músicos; que envolvam resolução de problemas; psicólogos e profissões que demandem um trabalho social; professores; trabalhadores da área da saúde; cuidadores. SANDRA: Como você disse, Emerson, o Futuro é líquido e já está aqui e agora, mas não para todos – muitas empresas ainda reproduzem os modelos mais tradicionais de carreira, e isso tende a continuar no futuro. Já estamos vendo o surgimento de novas carreiras, algumas ainda incipientes. De qualquer forma, a carreira do futuro tende a ser ligada à tecnologia, por um lado, e, por outro, ao desenvolvimento da saúde física e mental e competências humanas (comportamentais). A adoção de novas tecnologias, junto a tendências globais, como a questão climática, mostra o crescimento de uma demanda mista de habilidades digitais e humanas para o futuro do trabalho, com carreiras surgindo em áreas diversas. Segundo estudo realizado pela Dell Technologies, 85% das profissões que existirão em 2030 ainda nem foram inventadas. Mas há uma tendência que a maioria delas sejam: A carreira linear tende a não existir mais ou mudar significativamente (como foi comentado no primeiro painel). De qualquer forma, hoje, o diploma, o conhecimento acadêmico como o conhecemos, embora seja muito importante, já é só um ponto de partida. E a tendência é que continue assim. Mais importantes serão as competências e conhecimentos que você venha a desenvolver, tanto na formação tradicional quanto na prática profissional, e como você poderá transferi-las para outras atividades que surjam com as mudanças. Sobre carreira, podemos falar de algumas tendências: carreira em nuvem, proteana, em pente, caleidoscópica etc. Em nuvem (sem fronteiras e nômades digitais) – possibilidade de trabalhar de qualquer lugar. Basta um celular e uma conexão de internet. Já estamos vivendo isso. As pessoas querem mais autonomia sobre onde, como e quando trabalhar. Isso abre muitas possibilidades de escolha. Outra tendência que ficou mais forte com as diferentes gerações e pela pandemia, é que o profissional quer ter impacto e relevância social e também preservar um estilo de vida que inclua igualmente a família, o lazer, as causas sociais etc. É a chamada carreira proteana, que inclui satisfação pessoal, propósito,reconhecimento profissional, além de Sandra, Com as mudanças cada vez mais rápidas e complexas, como podemos pensar a carreira no futuro? Autenticidade - ser fiel a si mesmo e a seus valores, em trabalhos com significado, em sintonia com os seus princípios. Balanço - equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, incluindo contexto e relacionamentos pessoais, como a família, por ex.: Crescimento - evolução contínua e superação de desafios profissionais, trabalho estimulante com foco no avanço da carreira. ambiente de trabalho saudável, à frente de salários. Para além das conhecidas carreiras especialista ou generalista, a tendência é tenhamos diversas especialidades ao longo da vida, conectadas entre si por conhecimentos generalistas (a chamada carreira em pente). Aí se incluem facilmente os 50+ e 60+. Caleidoscópica – é considerada a maior tendência para o futuro... Nela, diferentes atividades e habilidades podem ser combinadas em novos formatos, conforme a necessidade do trabalho, projeto etc. Assim como um caleidoscópio, que produz imagens diferentes quando seu tubo é rodado, você poderá alterar o "mosaico" de sua vida, conforme as necessidades, combinando de modo diferente três fatores: Autenticidade, Balanço e Crescimento. Sandra Pereira PÁGINA 22 V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING "Caberá a você fazer a curadoria dos seus conhecimentos e definir sua trajetória em termos de carreira, ou seja, construir e manter sua relevância no que se refere ao trabalho. Ser protagonista será elevado a um novo patamar. Sandra Pereira Continuação... Quer um Exemplo? Você pode começar trabalhando em uma empresa na área administrativa, evoluir lá, depois mudar para vendas, depois resolve investir num sonho, antigo ou novo, e abre seu próprio negócio. De repente, muda tudo, para ficar mais com a família. Isso é, por um lado, libertador, porque as nossas possibilidades não se esgotam na primeira escolha profissional. Por outro, aumenta o nível de incerteza e de complexidade. E a nossa responsabilidade em gerir nossas carreiras. Na minha visão, com tudo isso junto e misturado e independentemente do modelo de carreira, caberá a você fazer a curadoria dos seus conhecimentos e definir sua trajetória em termos de carreira, ou seja, construir e manter sua relevância no que se refere ao trabalho. Ser protagonista será elevado a um novo patamar. V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING e quanto à Liderança... PÁGINA 23 MARCEL: Diria que a resposta vale 1 milhão de dólares – Se de fato tivéssemos acesso e pudéssemos antever os resultados das nossas escolhas, sem dúvida que os caminhos seriam outros – afinal, como vimos no painel anterior, foram as nossas escolhas que nos deixaram expostos às vulnerabilidades do esgotamento emocional na travessia da pandemia. Uma frase do George Santayana (poeta, filosofo espanhol) “Aqueles que não podem lembrar do passado estão condenados a repeti-lo”. No painel anterior, tivemos João Machado trazendo uma experiência própria na condução da carreira, como profissional de Marketing, mas não se sentia realizado, era infeliz, foi na área de Recursos Humanos que ele se encontrou. O segundo relato parece que isso se repete com outra profissional. É de competência do líder ter também essa sensibilidade de identificar habilidades, motivações, interesses dos seus colaboradores. É de nosso conhecimento que nesta pandemia uma empresa de bebidas alcoólicas foi transformada para produzir álcool gel, e isto fez muito sentido para esses colaboradores, que se sentiram chamados a atender a um propósito de contribuir para além daquilo que haviam sido contratados, a responsabilidade social. Nesse caso, o cérebro libera neurotransmissores da felicidade como dopamina, serotonina, endorfina e ocitocina. É tarefa do líder desenvolver uma cultura de aprendizagem que a carreira caleidoscópica precisa. O líder precisará permitir que esse colaborador transite também por outras áreas. Essa ideia de que o colaborador é meu, é minha propriedade, meu departamento, se não mudou, terá que mudar. Essa ideia de promover confiança, de estabelecer vínculos afetivos, ambientes psicologicamente seguros – Gostaria de citar uma frase “Mares tranquilos não fazem bons marinheiros”, mas, nas águas Diante de todo este cenário complexo que a Sandra acaba de descrever, pergunto ao Marcel: Qual será o papel do líder nesta travessia? Que competências devo desenvolver? tranquilas, o líder deve aproveitar para preparar os nossos marinheiros. E é investindo nos relacionamentos, se dando a conhecer, dizendo o que pensa, mostrando o quanto conhece do negócio e se colocando à disposição para amparar, esclarecer, apontar caminhos, que tem grande possibilidade de conquistar credibilidade. Não cabe mais o resultado a qualquer custo. Está aí para quem quiser, a grande renúncia e a demissão silenciosa que, diga-se de passagem, não são fenômenos novos, mas novamente escancaram a dificuldade de os líderes engajarem, comprometerem. Já sabemos que colaboradores felizes produzem mais. O que estamos esperando para que o Lider de fato e as empresas de direito criem esses ambientes favoráveis para a livre manifestação dos talentos, dos interesses, das missões pessoais e do legado que esses indivíduos desejam realizar? Um pouco de humanidade fará muito bem. "Gostaria de citar uma frase : Mares tranquilos não fazem bons marinheiros, mas, nas águas tranquilas, o líder deve aproveitar para preparar os nossos marinheiros" Marcel Ferrada Marcel Ferrada PÁGINA 24 V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING SANDRA: Temos que ter em mente que a humanidade já ingressou em uma nova era, caracterizada pela junção de tecnologias e procedimentos que modificaram totalmente a forma como trabalhamos. Um dos temas de que muito se fala é o Metaverso, que tende a aumentar a complexidade que já é grande. Embora ainda seja cedo para saber quais impactos o Metaverso trará, várias empresas e atividades já estão investindo fortemente para se inserir. Você perguntou como é que eu me preparo é para esse futuro que está aí... Em primeiro lugar, você precisa estar preparado para aprender sempre: sobre você, sobre novas tecnologias e sobre as novas dinâmicas do mundo. Tem vários nomes para isso por aí: lifelong learning, sede de aprendizado, educação continuada. A tendência é que você tenha muitas carreiras ao longo da vida, ainda mais com o aumento da longevidade. Por isso, é importante não só aprender sempre, mas também ter a capacidade de fazer a transferência de conhecimentos de uma atividade para outra. Além do conhecimento técnico de uma determinada área, algumas competências são essenciais para você se manter um profissional ativo e relevante, em qualquer cenário. A primeira e mais importante é o Autoconhecimento – que é a base Flexibilidade – ser adaptável, ser capaz de conviver com as mudanças e com as diferenças, de uma maneira inclusiva. Espírito colaborativo – ser capaz de trabalhar em equipe e fazer conexões entre diferentes pessoas e competências. Ex. cresce a Mentoria reversa nas empresas. Boa comunicação interpessoal: saber se comunicar de maneira clara e ouvir atentamente os outros. Inteligência emocional – pressupõe autoconhecimento, empatia, escuta, conexão efetiva com você mesmo e com as pessoas. E equilíbrio emocional ao lidar com os muitos desafios. Essa é uma competência fundamental, da qual com certeza precisamos falar muito mais. Habilidades de liderança: mesmo que o você ainda não ocupe uma posição institucional de chefia, ter habilidades, tais como saber motivar e engajar equipes, é muito importante para o seu desenvolvimento profissional. Visão estratégica e pensamento crítico – Você deve estar sempre sintonizado com tudo aquilo que pode alterar positiva ou negativamente a sua vida, sua para todo desenvolvimento humano (inclui vida, profissão, carreira...) Outras competênciasextremamente importantes: Sandra, como (eu profissional) me preparo para esse futuro que já está aí? carreira e as organizações. Prestar atenção ao mundo e fazer uma análise crítica dos possíveis impactos na sua vida. O mais importante, para mim, é investir continuamente no seu autoconhecimento e aprender a fazer transferência do seu conhecimento de uma atividade para a outra, ou seja, ter flexibilidade competencial. E sempre pensar a tecnologia conectada à humanidade, o que significa aprofundar a reflexão sobre valores e ética, construindo e preservando a coerência de valores, que permite navegar nos diversos níveis de complexidade, sem perder o centro e a essência. Nesse cenário, atividades como coaching e o mentoring vão se manter fundamentais para apoiar os profissionais nas suas reflexões sobre seus caminhos de carreira e de vida. Tem muita coisa para a gente se preparar para esse futuro, mas estes são os pontos que considero mais importantes. Sandra Pereira PÁGINA 25 V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING resgatando ou mudando seus valores; buscando definir ou redefinir seu propósito; abrindo espaços para a vida pessoal, relacionamentos, família, saúde física e mental, lazer, entre outros. ROSANE: As pessoas e as empresas e suas lideranças estão percebendo que as mudanças vieram para ficar. Neste momento, estamos em estado de transição pós-pandemia, em que ainda temos dúvidas sobre como construiremos o futuro, para uma nova realidade, em que um novo modelo mental está sendo forjado. O que sabemos é que as pessoas e as empresas estão: Tudo isso influi na cultura e no jeito de ser das pessoas e das empresas, e parece que isso veio para ficar. Exemplo disso é que, apesar da importância dada até agora a um bom salário, muita gente tem escolhido abrir mão de alguns benefícios para ter uma vida mais equilibrada entre o pessoal e profissional. Por mais que seja importante o foco em resultados, hoje também há que se considerar o lado humano, das pessoas que entregam os resultados. Então, respondendo sobre balancear as prioridades individuais e organizacionais – eu digo que para isso as PESSOAS E AS EMPRESAS precisam desenvolver um olhar empático para a mútua compreensão de suas necessidades e para encontrar uma composição possível que possa contemplar aquilo que for mais relevante para ambas as partes. Só para exemplificar, o tema flexibilização entre o trabalho remoto e o presencial ou o híbrido é uma das pautas a serem tratadas com esse Rosane, dentro deste contexto, como balancear as prioridades individuais e organizacionais? Como todo este quadro afeta a Qualidade de Vida? A Grande Renúncia está diretamente relacionada aos valores, propósito e qualidade de vida olhar empático, assim como tantas outras como Diversidade, Inclusão, Equidade, Saúde, Bem-estar. Essa abordagem impactará positivamente a Qualidade de Vida das pessoas, trazendo mais satisfação para as pessoas no ambiente de trabalho, e isso reverterá também em benefício da empresa, pois sabemos que colaboradores satisfeitos e felizes são mais produtivos e trazem melhores resultados para a empresa. Rosane Schickmann "Apesar da importância dada até agora a um bom salário, muita gente tem escolhido abrir mão de alguns benefícios para ter uma vida mais equilibrada entre o pessoal e profissional". Rosane Schickmann PÁGINA 26 V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING MARCEL: É uma questão interessante, pertinente ao tempo que estamos vivendo. O grupo anterior, no Painel Hoje, trouxe essas questões da dificuldade que as pessoas estão enfrentando de não ter recursos internos para fazer frente a todas essas questões; quando o estresse / pressão é grande, a pessoa tem mais facilidade de espanar. Foi essa realidade em que a Pandemia jogou milhares de pessoas; ninguém foi preparado, ninguém escolheu entrar no olho do furacão, simplesmente acordamos dentro dele. Essa capacidade que tenho de reconhecer em mim sentimentos, emoções, é extremamente importante e se faz necessária para entender como estou agindo e reagindo a essas questões. E caso eu não tenha acesso, por algum motivo, se faz necessário ter pessoas com quem conversar, chamemos de rede de proteção. Isso também é válido para o meu colaborador, como ele está se sentindo, como está reagindo a tudo isso, me colocar à disposição ou criar uma estrutura para escuta, um espaço de conversa, é sumamente importante. Reconhecer que não temos o controle ou domínio de tudo traz um dado de realidade que envolve transparência, vamos buscar juntos soluções, não tenho certeza, não sei se isso irá funcionar, preciso do seu apoio, preciso da sua colaboração, vamos trabalhar juntos, o “eu nunca serei mais forte do que todos nós juntos”. Isso vale para o “conhece a ti mesmo” A ideia de saber o que me mobiliza é importante no sentido de que aquilo que conheço e posso medir, posso administrar; aliás, é uma das funções básicas da administração. Isso precisa acontecer também de tal maneira que me lance caminhos para a busca e tratamento dessas questões. Se eu quiser tratar de maneira solitária a questão do autoconhecimento, corro o risco, por uma limitação humana, se eu me olhar no espelho, de maneira Narcísica, vou gostar da imagem refletida; na verdade estou sendo condescendente comigo e tudo me Emerson: Marcel, qual será o papel do líder nesta travessia? Que competências devem desenvolver? parece perfeito, mas pode ser apenas uma imagem distorcida. O mesmo é válido para a pessoa extremamente exigente consigo mesma e não gostar do que vê, que pode também estar distorcida, como, por exemplo, aquele que sofre da síndrome do impostor. Se me falta a dose de equilíbrio para separar o que é bom do que não é, a melhor alternativa é procurar uma pessoa qualificada, podendo ser um psicólogo, um coach, um mentor ou um colega que me forneça essas informações sobre como eu os afeto, da mesma forma posso ajudar os outros, informando-os como me afetam; por isso, é muito importante trocar as lentes, para ter um outro olhar. Não podemos olhar o futuro com as lentes do passado, devo trocar, adequar as lentes para esse novo olhar. Se eu não mudo a forma de ver as coisas, farei sempre o mesmo e estarei condenado a receber os mesmos resultados. "Se eu quiser tratar de maneira solitária a questão do autoconhecimento, corro o risco, por uma limitação humana, se eu me olhar no espelho, de maneira Narcísica, vou gostar da imagem refletida; na verdade, estou sendo condescendente comigo" Marcel Ferrada Marcel Ferrada PÁGINA 27 V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING ROSANE: O caminho para o autoconhecimento passa pela auto- observação, no que eu chamo de uma ‘arqueologia interior’, ou seja, um mergulho interno que possibilite reflexões e que possa ajudar o indivíduo a ressignificar sua existência ou validá-la naquilo que está alinhado com seu propósito. Inclui também a revisão de objetivos, valores e prioridades, a busca de seus porquês, e o questionamento de certezas cristalizadas, com o objetivo de descobrir o que realmente importa. Além disso, implica assumir a responsabilidade sobre os resultados das decisões tomadas, mudar a rota quando necessário e se abrir para o novo. Esse processo pode ser feito pela própria pessoa, mas poderá ser mais facilitado com a participação de um coach, que é um profissional capacitado para isso e que, por meio de perguntas e provocação de reflexões, ajudará o indivíduo a se conhecer e se reconhecer e, ao mesmo tempo, vislumbrar possibilidades para redirecionamento, se esse for o caso. Rosane, estamos vendo o Quite Quitting, em que as pessoas estão buscando mais significado no desenvolvimento do seu trabalho. De que maneira a clareza de um propósito e projeto de vida, que na verdade é um processo de autoconhecimento, é importante? E como desenvolver isto? Ao mesmo tempo, como a ajuda de um profissional podefacilitar o processo? #QuietQuitting (ou “demissão silenciosa”, em português). Um vídeo do TikTok sobre o assunto publicado em julho pelo perfil @zkchillin (agora @zaidleppelin) viralizou, e muitos usuários responderam com suas opiniões e experiências. O termo #QuietQuitting ganhou mais de 8 milhões de visualizações na plataforma apenas em uma semana segundo a revista Forbes. Rosane Schickmann "Um coach pode ajudar no processo de autoconhecimento, afinal é um profissional capacitado para isso e que, por meio de perguntas e provocação de reflexões, ajudará o indivíduo a se conhecer e se reconhecer e, ao mesmo tempo, vislumbrar possibilidades para redirecionamentos". Rosane Schickmann PÁGINA 27 V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING Dona MARTA É uma figurinha muito interessante e extremamente contributiva para termos acesso a uma série de questões. Como vimos no painel anterior, a busca de identificação e/ou tomada de consciência dos Valores que me norteiam e sobre os quais decisões eu tomo, consciente ou inconscientemente, já é uma linha de ampliação de consciência, e o exercício MARTA é uma ferramenta que ajuda muito. Na verdade, são os 5 sentimentos básicos do ser humano: V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING Daniel Goleman descreve a inteligência emocional como a capacidade de uma pessoa de gerenciar seus sentimentos, de modo que eles sejam expressos de maneira apropriada e eficaz. Segundo o psicólogo, o controle das emoções é essencial para o desenvolvimento da inteligência de um indivíduo. Vamos apresentar a vocês, abaixo, uma ferramenta para ajudar no treino do gerenciamento de sua inteligência emocional. Marcel, eu gostaria que você nos apresentasse a personagem da MARTA! Marcel Ferrada Esses sentimentos interferem na nossa capacidade de tomada de decisão, julgamento, na forma de atuação e até no nosso aprendizado. Dependendo de como estou me sentindo, posso não ter acesso e nem captar aquilo que está sendo ensinado. Então, existem várias maneiras de identificar certos gatilhos desses sentimentos, e a MARTA é uma ferramenta que ajuda a ter acesso a esses sentimentos. Tenho certeza de que o seu uso lhes irá dar acesso a coisas que até então não tiveram. M de medo – A de amor – R de raiva – T de tristeza – A de alegria PÁGINA 28 https://www.napratica.org.br/como-lidar-com-suas-emocoes-no-trabalho/ MEDO AMOR RAIVA TRISTEZA ALEGRIA F E R R A M E N T A S G E C | G R U P O D E E X C E L E Ê N C I A E M C O A C H I N G Escreva numa folha de papel para cada dia da semana quais os momentos em seu dia você sentiu: Inteligência Emocional Depois de 7 dias, você poderá identificar padrões, contextos e gatilhos das emoções que você sente. PÁGINA 29 Pois bem, se vocês não chegaram a grandes conclusões após este exercício com a MARTA, fiquem certos de que, com um pouco mais de tempo, mais alguns dias refletindo sobre o tema, TOMANDO NOTA, muita coisa vocês vão descobrir sobre vocês mesmos. São coisas que brotam de dentro de nós. Quero agradecer a você, participante, a audiência até aqui e agradecer aos nossos painelistas, com a firme convicção de que certamente teremos dias melhores. Os desafios estão aí para que possamos evoluir. A seguir, no próximo painel, você será convidado a buscar novos caminhos com a gente. Vamos juntos com Ângela Miranda? Moderador Emerson Ciociorowski PALAVRAS FINAIS V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING PAINEL 3 VAMOS DESCOBRIR CAMINHOS? THAIS SILVA Psicóloga, Diretora de RH, coach e mentora com especialidade em Relações Humanas, Gestão de Pessoas, Conflitos e Mudanças. Executiva de marketing, mentora e coach de líderes. ANGELA MIRANDA Painelista Painelista Administrador, Psicólogo, Coach e Membro Fundador do GEC Painelista Coach, Mentora, Escritora, Doutora em Teologia, Professora e Executiva de RH. Moderadora JOSÉ PASCOAL MUNIZ LUCILA MARQUES PÁGINA 14 VIDA DE QUALIDADE OU QUALIDADE DE VIDA? UMA DEMANDA GIGANTE POR EMPATIA E FELICIDADE DESCONSTRUIR LIDERANÇA PARA RECONSTRUIR LIDERANÇA "A IGNORÂNCIA É UMA BENÇÃO" O AUTOCONHECIMENTO CHEGOU PARA FICAR COMO PERMANECER RELEVANTE DO PONTO DE VISTA DE CARREIRA O TEMA ESTÁ RELACIONADO EM COMO INTEGRAR CARREIRA, LIDERANÇA E QUALIDADE DE VIDA DESCOBRINDO CAMINHOS V SIMPÓSIO DE COACH | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING RODA DA VIDA IKIGAI FERRAMENTAS PARA VOCÊ: Moderadora Angela Miranda Iniciamos o simpósio com o Painel sobre o Hoje com os profissionais Rosana, Vera, João e Prado, que apresentaram as variáveis que nos trouxeram as condições em que nos encontramos atualmente. Evoluímos, não resta dúvida! A tecnologia está aí para comprovar tamanha evolução…, mas saúde e ambiente foram e são bem impactados com tudo isso. No Painel sobre nossa visão de Futuro – ouvimos Rosane, Sandra, Marcel e Emerson – que nos apresentaram a necessidade do autocuidado e do cuidado com o outro, do estabelecimento de ambientes emocionalmente seguros, da confiança por meio da comunicação aberta, franca e com transparência e nas carreiras a liberdade de Um em cada três desligamentos no Brasil foi a pedido do trabalhador –Essas demissões são, em sua maioria, entre as pessoas com maior escolaridade e salários altos. Elas estão colocando na balança fatores como satisfação pessoal, propósito, reconhecimento profissional, além de ambiente de trabalho saudável, à frente de salários. Todos temos uma MARTA dentro de nós! Medo, Amor, Raiva, Tristeza e Alegria que interferem e influenciam em nosso aprendizado, memória, na atenção, no julgamento e na nossa tomada de decisão. Espero que exercitem, hein? É uma ferramenta poderosa sobre inteligência emocional! Estamos aqui no “V SIMPÓSIO DE COACHING: INTEGRANDO CARREIRA, LIDERANÇA E QUALIDADE DE VIDA – VAMOS DESCOBRIR CAMINHOS?” uma realização do GEC – GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING E MENTORING DO CRA-SP. Chegamos ao último Painel e, como pudemos observar, houve uma evolução na sequência da apresentação dos colegas que vieram antes de mim. Realidade virtual Metaverso Adversidades globais Uma demanda gigante por empatia e felicidade Vida de qualidade ou qualidade de vida? Trabalho de qualidade ou qualidade de trabalho? mobilidade para as áreas de interesse e AMPLIAÇÃO das oportunidades de aprendizado, com a importância de fomentar o prazer de fazer parte… Será que chegou o tempo de equilibrar tudo isto? Neste último painel, vamos falar de caminhos!!! Como gosto de provocações, vamos lá…pensem comigo nestas variáveis: Desconstruir liderança para reconstruir liderança? É trabalhar de qualquer lugar? Ressignificar o amanhã. É online, é remoto, é híbrido! ESG É demissão silenciosa? Como gerir pessoas à distância? Como se autogerir? O líder pode falhar? O que o coaching e a mentoria tem a ver com isso? Há respostas sempre? Como dar sentido a tudo isso? Isso é simples? O coach e o mentor tem respostas sempre pra tudo? PÁGINA 32 V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING LUCILA: Esse termo eu adoro “a ignorância é uma benção”, até porque quando não sabemos, não conhecemos alguma coisa, podemos tomar atitudes e ter alguns comportamentos, sem o menor compromisso, sem o menor problema; mas quando sabemos, conhecemos, temos consciência; aí a história muda, não é mesmo? Então vamos recapitular: no primeiro Painel falou-se muito de valores, do que é importante para cada um, como pode fazer a diferença na hora de lidar com a carreira e com a qualidade de vida; no segundo, falamos das competências e dos impactos que toda essa tecnologia e metaverso andam causando, das diversas gerações em um mesmo ambiente de trabalho e de como que o líder hoje deve reagir. Até agora, muitos de vocês não sabiam nada disso, não tinham ideia de que cada um de tem uma Marta dentro de si... Não sabiam o quanto as emoções e sentimentospodem ser os responsáveis por tantas situações; e mais, que essa tal de inteligência emocional é a responsável pelos comportamentos, então, meus amigos e minhas amigas.... “a ignorância é uma bênção”. A partir de agora, vocês ficarão atentos a tudo isso. Quando estava no mundo corporativo, eu não conhecia essa história da Marta, e porque eu não conhecia e não tinha consciência de quais eram as minhas limitações, que eu tivesse muitas situações complicadas, era como se estivesse presa em minhas atitudes. Entender os gatilhos e minhas emoções fez com que eu pudesse ter um pouco mais de visão e aí sim ter uma autoliderança, na verdade uma liderança sustentável. Eu gosto muito de usar uma máxima que é “A VIDA COMO ELA É”, esse é meu lema, até porque vivi muito no mundo corporativo, o que me deu a experiência e a vivência para entender as angústias, quais são os empecilhos, os obstáculos, o que atrapalha de verdade, no dia a dia de um líder. Quando eu digo “A VIDA COMO ELA É”, estou falando de causa própria, do que aprendi na prática. O que adianta eu ter o autoconhecimento, conhecer minhas limitações, descobrir as minhas qualidades, meus medos; o que adianta eu descobrir tudo isso, se eu não fizer nada com isso, com essa informação; e então, aí vem a grande reflexão…. Quando eu tenho todas essas informações, eu posso usar tudo isso ao meu favor, sobretudo para que eu tenha sucesso na minha vida, tanto pessoal quanto profissional. De que forma? Criando estratégias para lidar com essas emoções e com esses sentimentos. Vou dar um exemplo: durante muito tempo, enquanto eu trabalhava no mundo corporativo, eu achava que eu não podia errar de jeito nenhum, que eu tinha que ser boa e, aliás, eu tinha que ser melhor ainda, porque sou uma mulher, eu estava no mundo, que posso dizer, que era praticamente masculino; pra isso, eu achava que eu devia me sobressair; então, estudei muito, fui atrás, batalhei, mas eu sempre sentia que estava um passo atrás e isso me incomodava muito. Por isso, na minha cabeça, para eu sobreviver no mundo corporativo, na área de marketing, um ambiente prioritariamente masculino, eu tinha que ser mais rígida, eu tinha que ser Ângela: Lucila, gostaria de ouvir a sua contribuição sobre a expressão "A ignorância é uma benção". Ouço a expressão de vez em quando e gostaria que você fizesse uma correlação com a liderança. mais firme no que eu falava, não podia ter muito mimimi, porque eu achava que eu devia ter uma postura mais, posso até dizer masculinizada; isso não é verdade, mas eu só descobri isso depois de muito tempo e entendi mesmo agora depois que eu saí do mundo corporativo. Não tem essa necessidade, muito pelo contrário, quanto mais formos quem somos de verdade, quanto mais trazemos a nossa essência nas relações, melhor serão nossas conexões. Quanto mais estamos em num estado vulnerável, mais conexões temos com as outras pessoas. Trabalhamos muito essa vulnerabilidade em CNV (comunicação não violenta), que é um conceito fantástico para relacionamentos e conflitos. A CNV nos faz entender de forma prática os sentimentos e emoções e como utilizá-los em situações vulneráveis. Entrar mais a fundo e conhecer mais de CNV e inteligência emocional, para ter resultados mais assertivos nos relacionamentos é a minha dica "O que adianta eu ter o autoconhecimento, conhecer minhas limitações, descobrir as minhas qualidades, meus medos; o que adianta eu descobrir tudo isso, se eu não fizer nada com isso, com essa informação" Lucila Marques Lucila Marques PÁGINA 33 THAIS: Como vimos nos painéis anteriores, em meio a um ambiente que muda o tempo todo e traz circunstâncias imprevisíveis e caóticas, saber quem você é ajuda a lidar melhor com o desconhecido e pode pautar sua orientação na hora de fazer suas escolhas. Quanto mais conhecer quais as camadas (iceberg) que vão desde sua personalidade, sua identidade profissional, valores e princípios você possui, mais clareza terá para atuar com segurança e confiança. V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING Tendo a Thais provocado a reflexão de que evolução, ampliação de autoconhecimento precisam nortear a carreira, quero trazer uma provocação para você, Pascoal: Ouvimos, há tempos, sobre sustentabilidade nas organizações. Consegue trazer pra gente o papel das organizações na qualidade de vida? Thais, em carreira, qual a importância do autoconhecimento? Como desenvolver? Thais Silva O aprofundamento do autoconhecimento é um trabalho que ocorre ao longo da vida, até porque nós também somos seres que mudam e evoluem. Os processos de desenvolvimento (educação, coaching, mentoria, treinamentos etc.) então partem da ampliação do autoconhecimento para gerar as transformações que são necessárias em novos ambientes, desafios e cenários. Angela Miranda PÁGINA 34 PASCOAL: A organização, como o nome diz, constitui também um organismo. E, como tal, tem suas necessidades de sobrevivência (saúde financeira, saúde dos colaboradores), de criar um ambiente de pertencimento (cultura participativa), realização (sucesso nos negócios, clientes, colaboradores) e cumprimento de um propósito. Cada vez mais, de forma mais intensa, percebemos o movimento rumo às práticas de ESG por parte das empresas. Creio que um caminho importante para as empresas colaborarem ativamente com seu papel social é de fato criar e implementar práticas cada vez mais centradas num propósito mais amplo, utilizando o próprio ESG. Assim sendo, ficará muito mais claro, tanto para a organização, seus colaboradores e a sociedade, entender como os vários aspectos da QUALIDADE DE VIDA podem ser alinhados. V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING ESG = SUSTENTABILIDADE – sigla inglesa que reúne 3 pilares: Environmental (meio ambiente), Social (Social) e Governance (Governança). Estes três pilares são utilizados como critérios, para entender se uma empresa possui sustentabilidade empresarial, ampliando a perspectiva de análise do negócio para além das métricas financeiras. SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL é o conjunto de ações e políticas empresariais economicamente sustentáveis e socialmente responsáveis que garantam o desenvolvimento sustentável. Ambiental: gestão de resíduos, desmatamento, fontes de energia renováveis, poluição do ar ou água etc. Praticar isso e exigir de seus fornecedores a prática. Social: bem-estar dos funcionários, taxa de turnover, políticas de incentivo a diversidade e inclusão, declaração de missão da organização, relacionamento com clientes e comunidade, programas de treinamento, qualificação e desenvolvimento dos funcionários, equilíbrio salarial interno e externo, benefícios e vantagens oferecidas aos funcionários, envolvimento e participação dos funcionários na gestão da empresa, programas e políticas de responsabilidade social etc. Governança: atender aos interesses dos funcionários, acionistas e clientes, transparência financeira e contábil, integridade e práticas anticorrupção, gestão de riscos, práticas de compliance etc. Avaliação constante do clima organizacional, com ações para satisfação da força de trabalho Investimento constante no treinamento e desenvolvimento da liderança e de seus funcionários Semana de 4 dias – muitas empresas adotando e sem queda da produtividade Oportunidades para 50+ – cada vez mais adotado pelas empresas Incentivo e adoção da diversidade – inclusão e equidade – cada vez mais amplo o propósito das empresas, olhar holístico, saúde mental, saúde física etc. As empresas têm procurado cada vez mais proporcionar meios. As grandes e médias empresas entendem que as questões relacionadas às mudanças climáticas, diversidade e compliance precisam ser implantadas e disseminadas com urgência. Por isso, muitos são os projetos nesta direção. Exemplos de ações empresariais: Sustentabilidade vem norteando os nossos caminhos! PÁGINA 35 José Pascoal Muniz O significado de QUALIDADE DE VIDA varia de pessoa para pessoa. – Para aquele que dinheiro nãoé problema, essa pessoa menciona relacionamento ou um vazio que não consegue explicar; – Para quem tem boa saúde, bem-estar, reclama que não tem acesso a oportunidades de crescimento que permitam experiências mais ousadas; e por aí vai... Não existe vida perfeita e não existe QUALIDADE DE VIDA perfeita. Então, é importante que do ponto de vista individual tenhamos nossos parâmetros de QUALIDADE DE VIDA estabelecidos. E podem mudar conforme o período da vida pessoal e profissional PASCOAL: Vimos vários aspectos desde a situação atual e possíveis cenários do que o futuro nos reserva. Teremos que fazer escolhas. E fazer escolhas faz parte da difícil arte de priorizar. Neste sentido, gostaria de junto com você da audiência e dos colegas aqui do painel, trazer algumas reflexões e possibilidades. No coaching, uma das ferramentas que utilizamos é a chamada Roda da Vida. Neste instrumento, mapeamos, junto com o cliente, os vários aspectos ou dimensões importantes da vida dele. RODA DA VIDA: é uma técnica de coaching na qual se cria uma representação visual dos esforços do usuário em diversas áreas de sua vida, como profissional, pessoal e espiritual, permitindo análises e reflexões pessoais sobre áreas de sua vida que necessitam de mais atenção. Exemplos: Saúde: física, mental. Profissional: carreira, aprendizagem, evolução, realização. Financeira Relacionamentos familiares, afetivos, profissionais. Hobbies Dimensão espiritual, contribuição, propósito. Em nossa caminhada, precisamos entender que, mesmo com limitações, erros e acertos, somos seres humanos! O relacionamento com o outro fica mais leve quando o autoconhecimento é trabalhado e as emoções administradas. E seguimos procurando caminhos! Pascoal, qual o papel do indivíduo para uma qualidade de vida sustentável? E a partir deste instrumento, buscamos ajudar o cliente a fazer escolhas do que é importante priorizar para manter o conjunto como um todo num nível que o satisfaça. Essa é uma das maneiras de definirmos uma régua que nos ajude a desenhar o que representa QUALIDADE DE VIDA para cada um de nós, como um ponto de partida para criar ações sustentáveis Precisamos: Ter sonhos; Definir Visão, Missão, Valores, Autoconhecimento; carreiras do futuro, competências, habilidades, ; Marta; Ikigai – propósito de vida, felicidade, sensação de realização pessoal e profissional; Definir propósitos; Definir metas e objetivos, direção, caminho; Protagonismo Cuide de sua carreira e desenvolvimento, antes que ninguém o faça. Já refletiu sobre seu propósito de vida? Você faz exames médicos periódicos? Porque não investe no seu desenvolvimento com um mentor, ou um coach? PÁGINA 36 V SIMPÓSIO DE COACHING E MENTORING | 2022 | GEC - GRUPO DE EXCELÊNCIA EM COACHING José Pascoal Muniz LUCILA: Bem interessante essa sua pergunta. Não, o líder não é POLIVALENTE, não tem que ser hipervigilante, ser assertivo 24 horas, isso é uma ilusão, não existe mágica. Estamos no mundo real, e, como disse anteriormente, precisamos entender a vida como ela é. Eu sei que no mundo corporativo existe uma expectativa que eu, como líder, tenho que ser empática, motivadora, resiliente, ter um controle da minha equipe, ser produtiva, dar resultados e aí, ainda assim, ter uma saúde mental e física. No papel, isso é lindo demais, mas na prática…. Não é bem assim! Na realidade, eu preciso ter um olhar pra dentro, ter um olhar interno, olhar para minha essência e ser a mais verdadeira possível. A partir do momento em que eu conheço as minhas habilidades e minhas limitações, aí sim eu vou fazer uma estratégia interessante para lidar com tudo isso a meu favor e descobrir quais são as possibilidades e quais são as oportunidades que eu tenho diante das minhas habilidades e das minhas competências. É nesse momento que entra a inteligência emocional, que significa eu entender os gatilhos de minhas emoções e ter uma gestão sobre essas emoções. Uma ocasião um cliente me confessou que ele tinha muito medo de fazer apresentação para o board da empresa; quando ele entendeu essa limitação, ele tratou de buscar uma estratégia para que isso não o atrapalhasse profissionalmente. Sabe o que ele fez? Cada vez que ele tinha que fazer uma apresentação para o board, ele convidava uma pessoa de sua equipe para fazer a apresentação, dessa forma ele não precisou mais fazer as apresentações e valorizou os colaboradores…. Boa sacada, não é mesmo? Esse é um exemplo de estratégia, nada muito “cabeludo” não é mesmo, são estratégias simples que trazem resultado. Sempre faço uma metáfora com a palavra MEDO em inglês, que é FEAR – Falsa Evidência de Algo Real – gosto de usar esse acróstico para lembrar que esse medo que temos nesse tipo de situação não é aquele medo eminente, de quando estamos à beira de um precipício ou estamos sob uma ameaça de um ladrão…. Estamos falando de algo que nós mesmos produzimos em nossas mentes, lembrem-se, F E A R – falsa evidência de algo real – vivemos isso o tempo todo! Nós criamos esse medo a partir de nossas crenças, nossas experiências, valores e vivências; e acreditamos que é real…. O medo pode nos deixar congelados para tomar uma atitude, indecisos e mesmo entrar em estado de “looping”, rodando em volta dele mesmo, para isso precisamos entender seu gatilho e ter uma gestão sobre esse sentimento. E também, acho muito importante ressaltar que não somos polivalentes, que não somos assertivos 100% do tempo, somos seres humanos normais, somos todos iguais…. Todo mundo acorda com a cara amassada, todo mundo tem um dia de mau humor, tem o dia da preguiça, não é mesmo? Isso acontece comigo, com você, com o CEO da sua empresa e com a faxineira….Costumo dizer que não existe pessoa incompetente, e sim pessoa que está no lugar errado, ela pode não ser boa para uma coisa, mas, com certeza, será boa em outra. Esse é o grande desafio dos profissionais, a maior descoberta é responder à pergunta: em que área eu sou competente? Não existe mágica, não existe polivalência, não existe assertividade 100%. As nossas emoções interferem diretamente em nossos comportamentos, são elas as responsáveis por nossas tomadas de decisão. E mais, preciso lembrar que somos um ser humano integrado, no sentido de pensamento, emoção e Lucila, falamos bastante sobre empatia… isso quer dizer que o líder é polivalente, não falha e é hipervigilante? 24h só de assertividade? ação, somos seres integrados, isso não é negociável, nunca! No passado, tinha uma frase que era muito falada: quando você chegar no trabalho, deixa os seus problemas da porta para fora. E em casa era a mesma coisa: deixa os seus problemas do trabalho lá no trabalho. Gente, isso é impossível, somos uma única pessoa, então os problemas que eu tenho em casa…. É Claro que vão refletir e impactar no meu trabalho e vice-versa. O que existe é…. Eu me conhecer, entender quais são aos meus valores, o que é importante para mim, minhas emoções e como eu posso lidar com elas a meu favor; quais são as minhas limitações e criar estratégias para que elas não me atrapalhem. Não existe mágica, entender minhas habilidades e com toda essa informação me permitir ser quem eu sou. Gente, isso parece muito simples e pode até ser bem simples, mas é muito profundo. A partir do momento que eu me permito ser eu mesma, ser um ser humano normal, como todos os outros que estão na minha volta, isso parece que clareia tanto, me dá uma possibilidade de eu ficar mais leve, mais flexível e mais feliz. O líder, a líder, não é um super-herói ou uma super-heroína, é simplesmente uma pessoa normal de carne e osso, que tem seus defeitos, que tem suas habilidades, que tem seus erros, tem seus acertos, a partir do momento que você entende que você tem todas essas possibilidades e se aceita, a sua liderança fica muito mais leve. Esse será o papel do líder do futuro, que precisará se entender e entender as outras pessoas cada vez mais. Lucila Marques "Minha dica é…. Comece a treinar desde já sua inteligência emocional". PÁGINA 37 F E R R A M E N T A S G E
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