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Cerrado: Berço das Águas em Perigo

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Cerrado: berço das águas
O cerrado brasileiro é um bioma ímpar e que pede socorro. Tido como divisor de bacias hidrográficas, é nele que brotam milhares de nascentes que dão sustentação à maioria das grandes bacias brasileiras. Mas este bioma que tem um potencial para imensurável para produção ou geração de energia limpa, para a irrigação de lavouras e pastagens e uma fauna e flora riquíssima está sofrendo com os maus tratos. 
Em função da maioria de seus rios nascerem em áreas de planalto podem ser aproveitados para a geração de energia limpa a partir de usinas hidrelétricas. No entanto, o represamento dos rios pode inundar vastas áreas agricultáveis ou que possuam espécies de plantas que nem mesmo foram estudadas e que poderiam ser úteis em vários setores da economia. Junta-se a isto o fato de que espécies animais das áreas inundadas são obrigadas a fugirem de seu habitat natural para outras regiões e ficarem ameaçadas de extinção. Porém, estamos assistindo uma degradação sem precedentes da vegetação natural e isso tem provocado a diminuição dos recursos hídricos de superfície.
A abertura de novas áreas de pastagens e de lavouras tem degradado o solo sistematicamente. Aquele conceito de que “o cerrado apresenta árvores e arbustos tortuosos, com folhas ásperas e raízes profundas” está ficando cada vez mais ultrapassado porque vem sendo a paisagem está muito transformada. A ideia de que o solo é ácido e pobre em nutrientes também ficou no passado à medida em que se faz a correção deste com diferentes nutrientes, principalmente calcário. O fator econômico tem falado mais alto quando se trata do manuseio do bioma Cerrado. 
Sabe-se que inúmeras espécies animais e vegetais podem ser vistas e apreciadas apenas em fotografias antigas. As ações antrópicas sobre o bioma Cerrado tem sido um tanto inconsequente. Todos os elementos do bioma estão interligados e merecem o devido respeito. 
As necessidades humanas levam à exploração do cerrado. Neste sentido, não há a intenção de radicalizar quanto ao uso e exploração do bioma em questão. O que se busca é o uso racional dos recursos disponíveis e com preocupação com as atuais e futuras gerações. Que se adotem políticas de conscientização voltadas para preservação e recuperação dos recursos existentes. 
Cerrado e vida
O cerrado se constitui num dos maiores biomas brasileiros. Nele nascem rios que drenam para as bacias amazônica, do Paraná, do São Francisco e do Araguaia/Tocantins. Além disso, conta com uma diversidade biológica riquíssima. Mas, apesar da grande capacidade de regeneração da sua biota e de seu potencial hídrico, tudo isso vem se tornando motivo de preocupação de diversos setores da sociedade. Percebe-se que o bioma cerrado também tem seus limites e está sendo ameaça pela irracionalidade na exploração de seus recursos, pelo uso indiscriminado de substâncias químicas nas lavouras e pelas queimadas.
Quando se afirma que o cerrado tem seus limites é porque devido à velocidade com que se destrói seus recursos, a reconstituição natural não consegue acompanhar o ritmo. Enquanto o que tratores desmatam em termos de hectares por dia, o bioma levaria décadas para se regenerar e/ou recuperar. Por isso é que diversas espécies da fauna e flora estão ameaçadas de extinção ou já não existem mais. As nascentes dos rios vêm secando e colocando em risco todas as espécies, inclusive a humana, ameaçadas. Sabemos que água é vida. O grandes mananciais hídricos existem graças aos pequenos. Já é muito comum vermos falar em escassez hídrica e em mudanças no ciclo hidrológico e isso acontece em função da diminuição da disponibilidade de água na superfície porque os rios estão diminuindo a vazão e até mesmo os aquíferos estão secando. 
Outro fator que deve ser levado em conta é a questão do uso de agrotóxicos nas lavouras e de corretivos químicos de solo. Uma vez utilizados aumentam a produtividade e isso parece bom. Porém quando vem o período chuvoso ou quando se pratica a irrigação estas substâncias infiltram no solo ou escoam para os leitos dos rios. Como consequência o lençol freático é contaminado e os cursos dos rios também. O consumo de alimento ou água contaminada por substâncias agrotóxicas comprometem a vida humana, diminui a disponibilidade de água própria para consumo para o consumo. 
Além disso, as queimadas diminuem o potencial da biomassa natural, empobrece o solo e contaminam o ar e a água. Fala-se que ocorrem queimadas naturais no cerrado. No entanto, o que temos assistido é uma disseminação de focos de incêndios provocados pelo ser humano. Nos últimos dias, por exemplo, estamos vendo os baixíssimos percentuais de umidade relativa do ar (pior que alguns desertos) e que tem íntima relação com as queimadas. Espécies animais que por desespero procuram refúgio em cidades por causa do fogo. Entre outras situações que não cabem ser enumeradas aqui. 
Diante disso, é importante refletir que o potencial hídrico do cerrado precisa ser explorado de maneira mais consciente e racional. É necessário que o poder público e os setores organizados da sociedade repensem suas práticas e seus discursos quanto à utilização da água e de toda a biodiversidade do cerrado. Não basta falar “não contamine os rios”, “não desmate”, “não queime”. É de suma importância que se ensine tais práticas nas escolas, se discuta em igrejas e que se criem leis que favoreçam o uso racional do cerrado.

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