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7.-Poupança-e-investimento

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Unidade 7. Poupança e investimento – Economia – 11º Ano
7. POUPANÇA E INVESTIMENTO
7.1. A UTILIZAÇÃO DOS RENDIMENTOS – O CONSUMO E A POUPANÇA
Na unidade letiva anterior vimos o conceito de rendimento pessoal disponível das famílias, ou seja, o rendimento com que as famílias ficam depois de terem recebido todos os rendimentos a que têm direito e de terem pago as quotizações obrigatórias para a Segurança Social e os impostos diretos ao Estado. 
	Com o rendimento pessoal disponível, as famílias vão utilizá-lo na aquisição de bens para a satisfação das suas necessidades, ou seja, vão aplicá-la em consumo. A parte do rendimento que não é gasto chama-se poupança.
Na ótica do destino que se dá ao rendimento pessoal disponível temos que:
Rendimento pessoal disponível = consumo + poupança
Consumo: parte do rendimento gasto em bens para satisfazer as necessidades.
O consumo já estudámos na unidade 2. Por isso vamos agora dedicar a nossa atenção ao estudo da poupança.
Poupança: parte do rendimento não gasto em consumo.
A taxa de poupança é um indicador que mede a parte do rendimento pessoal disponível que se destina à poupança.
Taxa de poupança = x 100
Algumas razões que levam as famílias a pouparem (objetivos da poupança)
· Motivos de precaução contra eventuais riscos futuros (problemas de saúde, perda de emprego, etc.);
· Para satisfazer objetivos de longo prazo (compra de uma casa ou de um automóvel, estudos numa faculdade, etc.);
· Aplicar o dinheiro a fim de aumentar os rendimentos.
Existem fatores de ordem económica, social, cultural e psicológica que levam as famílias a poupar.
Fatores determinantes da poupança
· O nível de rendimento disponível da família – está estatisticamente provado que os ricos poupam mais do que os pobres, não só em termos absolutos, mas também em termos percentuais.
· As condições do futuro em termos de reforma, apoio na doença, estudo dos filhos, garantia de emprego – se as famílias souberem que têm o seu futuro assegurado, estarão dispostas a gastar mais no presente, aumentando o seu consumo. Pelo contrário, a insegurança no futuro levará a aumentar o nível de poupança.
· A publicidade e os incentivos ao consumo – criando necessidades artificiais, levam as pessoas a gastar e a descuidar da poupança.
A poupança não é exclusiva das famílias. Também as empresas e o Estado poupam. As empresas poupam ao reservar parte dos seus lucros para fazer investimentos. De igual forma, o Estado também realiza poupança. A poupança de um país é assim o somatório das poupanças das famílias, das empresas e do Estado.
7.2. OS DESTINOS DA POUPANÇA
Constituídas as poupanças, como são as mesmas aplicadas? O que as famílias, as empresas e o Estado fazem com as suas poupanças?
Os três destinos da poupança
· Entesouramento – a poupança é guardada em casa, no cofre, ou utilizada na compra de objetos de ouro, jóias ou obras de arte.
· Aplicação financeira - a poupança é aplicada em depósitos bancários ou na compra de ativos financeiros (acções e obrigações, etc.)
· Investimento – é a aplicação da poupança na atividade produtiva, através da aquisição de bens de capital. 
O investimento e a formação de capital
O investimento das empresas e do Estado traduz-se na formação de capital que é composta por duas parcelas:
Investimento (Formação de capital) = FBCF + VE
· Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – é o investimento em capital fixo, quer o correspondente a mais capital, quer respeitante à substituição (amortizações). 
· Variação de Existências (VE) – compreende as matérias-primas e subsidiárias e os produtos acabados e semi-acabados, representado a diferença entre a existência final e inicial de um determinado ano.
Tipos de investimento
· Investimento material - é o total das despesas efetuadas com a aquisição de bens de produção físicos. Ex: terrenos, viaturas, máquinas, ferramentas, matérias-primas, etc.
· Investimento imaterial – é o total das despesas que não se materializa em bens físicos, cujos efeitos irão contribuir para o aumento da produtividade e da competitividade da economia. Ex: despesas em Investigação e Desenvolvimento (I&D) em educação, em formação profissional, em publicidade e marketing, em compras de marcas e patentes, em programas informáticos, etc.
· Investimento financeiro - aplicação da poupança em títulos de crédito. Ex: compra de ações e de obrigações.
Funções de investimento
· Reposição do capital – permite a manutenção da capacidade produtiva da economia, uma vez que possibilita substituir o capital fixo que é repetidamente usado, sofrendo por isso, um desgaste ou tornando-se obsoleto.
· Formação de novo capital - permite o aumento da capacidade de produtiva da economia, devido a aquisição de novas máquinas e de equipamentos mais modernos, a construção de novas instalações etc.
7.3. O FINANCIAMENTO DA ATIVIDADE ECONÓMICA
 - Autofinanciamento e financiamento externo 
Para fazer investimentos, as empresas e o Estado precisam de recursos financeiros, recorrendo para isso a fundos próprios ou alheios.
Formas de financiamento
I) Financiamento interno (autofinanciamento) 
II) Financiamento externo 
I) Financiamento interno ou autofinanciamento
Financiamento interno ou autofinanciamento - quando os agentes económicos utilizam os fundos próprios para satisfazer as suas necessidades de financiamento. 
Neste caso fala-se em capacidade de financiamento, em que o agente económico dispõe dos recursos financeiros necessários à concretização do investimento. 
Capacidade de financiamento – Situação em que a poupança é superior ou igual ao investimento.
II) Financiamento externo – quando os agentes económicos recorrem aos fundos alheios para satisfazer as suas necessidades de financiamento. O Financiamento externo pode ser:
a) Direto
b) Indireto
Neste caso fala-se em necessidade de financiamento, em que o agente económico não dispõe dos recursos financeiros necessários à concretização do investimento. 
Necessidade de financiamento – Situação em que a poupança é inferior ao investimento.	
Necessidade de financiamento
Poupança < Investimentos
Financiamento externo (direto e indireto)
Capacidade de financiamento
Poupança ≥ Investimentos
Financiamento interno (autofinanciamento)
a) Financiamento externo direto : Mercado de títulos
O financiamento externo direto acontece quando se recorre ao mercado de títulos (ou mercado de valores mobiliários) através de emissão de ações e/ou de obrigações.
Mercado de títulos – é um mercado de valores mobiliários, sobretudo ações e obrigações, constituindo um segmento do mercado financeiro. 
O mercado de títulos pode ser:
· Mercado primário – mercado onde se transaccionam os novos títulos ainda não cotados em Bolsa de Valores.
· Mercado secundário - referente aos valores mobiliários já negociados 
 em Bolsa de Valores.
Ação – Título representativo de uma fração do capital social de uma sociedade anónima com duração perpétua e rendimento variável.
O proprietário das acções (accionistas) tem direito a uma fracão dos lucros distribuídos pela empresa emissora, bem como do direito de voto nas assembleias gerais.
Obrigação – Título representativo de dívida com duração definida e rendimento fixo. 
O titular de uma obrigação (obrigacionista) tem direito a receber juros previamente acordado e o reembolso do capital emprestado.
b) Financiamento externo indirecto: o crédito
O financiamento externo indireto acontece quando se recorre ao crédito junto das instituições financeiras, designadamente os bancos.
O crédito
Crédito – cedência de uma dada quantia em dinheiro, por um período de tempo determinado recebendo-se como contrapartida o juro.
A natureza do crédito não é toda igual. Cada tipo de crédito tem implicações diferentes, quer quanto aos destinatários, quer quanto à origem, quer quanto ao seu custo.
Vejamos, esquematicamente, como se podem classificar os vários tipos de crédito.
Tipos de crédito
	Quanto à duração
	· Curto prazo – o período do crédito concedido é inferior a 1 ano.
· Médio prazo - o períododo crédito concedido situa-se entre 1 e 5 anos.
· Longo prazo - o período do crédito concedido é superior a 5 anos.
	Quanto à origem
	· Interno – se o beneficiário do crédito e a entidade que o concede são residentes no mesmo país.
· Externo – se o beneficiário do crédito e a entidade que o concede são residentes em países diferentes.
	Quanto ao beneficiário
	· Público – se o beneficiário do crédito é o Estado.
· Privado – se o beneficiário do crédito é uma família ou indivíduo ou uma empresa privada.
	Quanto à finalidade
	· Crédito ao consumo – se é concedido às famílias, destinando-se à aquisição de bens de consumo.
· De funcionamento – se se destina a resolver dificuldades de tesouraria.
· De financiamento – se se destina ao investimento.
· Crédito à 
produção
Funções do crédito
A função do crédito é financiar a atividade económica através de estímulo ao consumo e incentivo à produção.
- estímulo ao consumo – aumenta o mercado consumidor, constituindo assim um
importante instrumento de crescimento económico 
- incentivo à produção - porque permite as empresas resolver dificuldades de tesouraria e, fundamentalmente, proceder à realização de investimentos.
Elementos do crédito
· Confiança – os bancos, ao conceder crédito, esperam que os seus beneficiários paguem os juros acordados e restituam, na data fixada para o reembolso, a importância equivalente à emprestada.
· Risco – existe sempre o risco de o devedor não cumprir com as suas obrigações.
· Garantias – para diminuir o risco, os bancos exigem garantias. As garantias podem ser pessoais (quando uma determinada pessoa fica responsável pela dívida) ou reais (os bens do devedor ou de terceiros ficam afetos ao cumprimento da dívida como, por exemplo, a hipoteca).
· Tempo – quando maior for o prazo do empréstimo, maior é o risco, por isso, a taxa de juro é mais elevada.
O crédito e a criação da moeda
Através da concessão de crédito, os bancos acabam por criar moeda escritural.
Com os depósitos que recebem, os bancos concedem empréstimos, no pressuposto de que os seus depositantes não vão todos e, simultaneamente, levantar o dinheiro que depositaram. Do total dos depósitos, os bancos devem tirar uma parte para reserva, pelo que o restante fica disponível para a concessão de crédito ou investimento. Desta forma, os bancos produzem meios de pagamento, ou seja, criam moeda.
Vejamos um exemplo do processo de criação de moeda escritural:640
512
128
800
200
1000
512
409,6
102,4
160
800
640
Depósito
Crédito
Reservas
Reservas– são depósitos que os bancos comerciais são obrigados a fazer no Banco Central.
A taxa de reserva – diz-nos qual é a percentagem de depósito que os bancos comerciais são obrigados a fazer no Banco Central. É obtida pela seguinte fórmula:
Taxa de reserva = x 100
O volume (quantidade) da moeda escritural criada é obtida pela seguinte fórmula:Criação de moeda = Total de depósitos – Depósito inicial
O total de depósitos calcula-se por uma das fórmulas:
Total de depósitos = x 100 
 OU
Se tudo o que é emprestado for depositado até não existir qualquer valor para emprestar
Se tudo o que é emprestado for depositado até
Se tudo o que é emprestado for depositado até um determinado valor e parar.
Se tudo o que é emprestado for depositado até
 Total de depósitos = ∑ dos depósitos 
As operações bancárias podem, assim, agrupar-se em dois tipos: 
· Operações passivas – consistem na recepção de fundos sob a forma de depósitos. Por esses depósitos os bancos pagam juros. 
· Operações ativas – são aquelas pelas quais os bancos emprestam fundos, ou seja, são operações de crédito pelas quais os bancos cobram juros
O crédito e a taxa de juro
O juro constitui um elemento normal das operações de crédito, correspondendo à remuneração da cedência de moeda.
O juro calcula-se através de uma taxa , a taxa de juro, que expressa a relação entre o valor de juro a pagar num ano e o valor do capital emprestado.
Juro é o preço pago pela cedência de dinheiro.
A fixação das taxas de juro influencia o acesso ao crédito e, consequentemente a actividade económica, porque:
· Se as taxas de juros forem elevadas, o crédito torna-se mais caro e pode desincentivar os agentes económicos fazer empréstimos. Assim, as famílias solicitam menos crédito para o consumo e as empresas menos crédito para investimento. 
· Se as taxas de juros forem baixas, o crédito torna-se mais barato o que constitui um incentivo aos agentes económicos para fazer empréstimos. Assim, as famílias solicitam mais crédito para o consumo e as empresas mais crédito para investimento.
7.4. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
Instituições financeiras: são entidades que realizam a intermediação financeira entre investidores e aforradores.
Tipos de instituição financeira
· Instituições financeiras monetárias: são aquelas que estão autorizadas a receber depósitos e a conceder crédito. Ex: o Banco Central, os bancos comerciais e as instituições especiais de crédito.
· Instituições financeiras não monetárias (parabancárias): instituições não bancárias sem capacidade para aceitarem depósitos do público: Ex:
· As companhias de seguros
· Sociedades de locação financeira (leasing) - sociedades que têm por objetivo a celebração de um contrato, em que o locador (instituição financeira de leasing) cede temporariamente ao locatário (adquirente) um determinado bem móvel ou imóvel, mediante o pagamento de uma renda.
· Sociedades de factoring – são instituições que prestam ao cliente um serviço de cobrança de crédito, a que acresce a entrega do valor de crédito e/ou a cobertura de riscos do crédito.
· Sociedades de capital de risco – o seu objetivo é a compra de participações em sociedades que, embora tenha viabilidade económica, se encontra em dificuldades. Depois de recuperadas, vendem-nas.
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