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Condicionamento e treinamento de força em grupos especiais

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CONDICIONAMENTO E 
TREINAMENTO DE FORÇA EM 
GRUPOS ESPECIAIS
W
B
A
04
15
_v
1.
0
2
Ivan Luiz Padilha Bonfante
Londrina 
Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
2020
CONDICIONAMENTO E TREINAMENTO DE 
FORÇA EM GRUPOS ESPECIAIS
1ª edição
3
2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Presidente
Rodrigo Galindo
Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada
Paulo de Tarso Pires de Moraes
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Giani Vendramel de Oliveira
Henrique Salustiano Silva
Juliana Caramigo Gennarini
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Giani Vendramel de Oliveira
Revisor
Mateus Betanho Campana
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Gilvânia Honório dos Santos
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
__________________________________________________________________________________________ 
Bonfante, Ivan Luiz Padilha
B713c Condicionamento e treinamento de força em grupos 
 especiais/ Ivan Luiz Padilha Bonfante, – Londrina: Editora e 
 Distribuidora Educacional S.A., 2020.
 64 p.
 ISBN 978-65-5903-064-4
1. Condicionamento. 2. Treinamento. 3. Grupos. I. Título.
 
CDD 331.259
____________________________________________________________________________________________
Raquel Torres – CRB 6/2786 
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de 
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
4
SUMÁRIO
Caracterização dos grupos especiais e a prescrição de exercícios para a 
população com câncer e com HIV/AIDS _____________________________ 05
Prescrição de exercício físico para população obesa ________________ 25
Prescrição de exercício físico para população com doenças 
cardiovasculares e respiratórias ____________________________________ 40
Prescrição de exercício físico para população diabética ____________ 62
CONDICIONAMENTO E TREINAMENTO DE FORÇA EM 
GRUPOS ESPECIAIS
5
Caracterização dos grupos 
especiais e a prescrição de 
exercícios para a população com 
câncer e com HIV/AIDS
Autoria: Ivan Luiz Padilha Bonfante
Leitura crítica: Mateus Betanho Campana
Objetivos
• Compreender os grupos especiais quanto às suas 
características e inserção na sociedade atual.
• Conhecer as principais alterações fisiológicas gerais 
decorrentes do câncer e as particularidades da 
prescrição de exercício aeróbios, resistido e de 
flexibilidade para pessoas portadoras desta doença.
• Verificar as principais alterações fisiológicas gerais 
decorrentes do HIV/AIDS e as particularidades da 
prescrição de exercício aeróbios, resistido e de 
flexibilidade para pessoas portadoras desta doença.
6
1. Contextualização
As populações caracterizadas como sendo pertencente à um grupo 
especial, abrangem uma parcela significativa da sociedade atual e 
tendem a aumentar ainda mais nos próximos anos.
A prática de exercícios físicos é de suma importância para o tratamento 
e prevenção de determinados problemas inerentes à saúde e certas 
fases da vida, que podem estar relacionadas a um determinado grupo 
especial.
Os benefícios oriundos do treinamento físico regular abrangem 
influências positivas nos domínios biopsicossociais e são mais do que 
consenso de recomendação mundial das mais diversas sociedades e 
organizações relacionadas à saúde e qualidade de vida.
Neste tema, iremos, incialmente, conhecer as características e 
particularidades das populações tidas como um grupo especial, bem 
com sua relevância e aspectos diversos a serem observados na aplicação 
de exercício para essas populações.
Posteriormente serão apresentadas as peculiaridades referentes à 
fisiopatologia do câncer e do HIV/AIDS, assim como as particularidades 
da prescrição de exercício aeróbios, resistido e de flexibilidade para as 
pessoas portadoras destas doenças.
Boa leitura e aprendizagem!
2. Grupos especiais
Diversas transformações ocorrem ao longo do tempo no que diz 
respeito em como as sociedades se organizam, comportam e evoluem. 
7
Desde os primórdios da evolução humana até o momento atual, 
inúmeros fenômenos e ações oriundas da interação entre o ser e o 
ambiente moldaram a espécie humana. A tentativa por se adaptar 
melhor ao ambiente, fez com durante toda a história inovações e 
facilidades fossem sendo incorporadas. Porém, desde a Revolução 
Industrial iniciada no século XVIII, houve uma intensa massificação de 
facilidades tecnológicas que impactaram uma grande transformação 
social e comportamental mundo a fora (COREY; KAPLAN, 2014).
De maneira geral, houve uma melhora do saneamento básico em 
conjunto com a evolução da Medicina e ciências correlatas, o que fez 
diminuir a incidência antes majoritária de doenças infecto contagiosas, 
além de aumentar a expectativa de vida e, consequentemente, o número 
de idosos. Contrariamente, a maior disponibilidade de alimentos, porém 
com menor qualidade nutricional, na maioria das vezes, juntamente com 
um aumento do comportamento sedentário pelas diversas facilidades 
tecnológicas presentes, além de um ritmo de vida cotidiano acelerado 
que desencadeia uma exacerbação de fatores como o estresse, 
depressão e insônia, fez com que aumentasse o número da prevalência 
de doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) como a obesidade, 
diabetes tipo 2 e hipertensão por exemplo. Adicionalmente, o aumento 
no número de idosos ocasionado pela maior expectativa de vida atual, 
também potencializa o surgimento das DCNT, devido ás diminuições 
funcionais e estruturais do processo de envelhecimento (PITANGA, 2002; 
COREY; KAPLAN, 2014).
Para Pitanga (2002), essa mudança da prevalência de doenças que 
atingem a população, tem o nome de transição epidemiológica, que 
basicamente consiste em uma teoria amplamente utilizada para 
justificar e basear as mudanças dos padrões/tipos de doenças que 
vem acometendo a população mundial. Junto a isso, temos ainda um 
fenômeno chamado de transição demográfica ocorrendo em paralelo 
e relacionado à transição epidemiológica. Nesta mudança demográfica, 
temos um menor número de nascimentos por mudanças nos padrões 
8
organizacionais das famílias, bem como um maior acesso à informação 
e métodos contraceptivos. Contrariamente, conforme Corey e Kaplan 
(2014), há um aumento significativo do percentual de idosos pelos 
aspectos citados anteriormente de melhores condições de vida e da 
evolução da Medicina e de áreas correlatas.
Assim, conhecer as transições epidemiológica e demográfica pelas quais 
o mundo vem passando nos ajuda a entender a relevância dos grupos 
especiais na atualidade, uma vez que, segundo Pitanga (2002), estas 
transições são as principais responsáveis pelo aumento da incidência 
de indivíduos que compõem determinados grupos caraterizados como 
especiais.
De maneira geral, as populações caracterizadas como grupos 
especiais para as ciências da saúde e exercícios físicos, têm relação 
com a presença de certas doenças crônicas transmissíveis ou não, e 
ainda com certas fases da vida em que há uma maior fragilidade ou 
necessidade de atenção (TEIXEIRA, 2008). Destacam-se, neste sentido, 
a presença de doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes, câncer, 
doenças respiratórias, osteomusculares, demências, síndrome da 
imunodeficiência adquirida (AIDS),dentre outras. Já em relação às 
fases da vida temos a infância e adolescência, a gestação e os idosos 
abrangendo os grupos especiais (CAMPOS, 2013 apud RASO; GREVE; 
POLITO, 2013). A inclusão de determinada população como sendo 
especial ou então o conceito de grupos especiais, pode sofrer influências 
da base literal, teórica e autor utilizado. Como nos diz Teixeira (2008), 
pela base conceitual aqui utilizada, não fazem parte dos grupos especiais 
indivíduos com necessidades especiais, os quais apresentam perda ou 
diminuição funcional e ou estrutural significativa por influência genética 
ou adquirida.
Em comum, os grupos especiais acima citados, têm particularidades 
biopsicossociais diferenciadas e que necessitam de cuidados e atenção 
redobradas em variadas vertentes. Dentre elas, a prescrição de 
9
exercícios físicos, ferramenta esta imprescindível tanto para o auxílio à 
prevenção de parte das doenças citadas, auxílio ao tratamento de todas, 
assim como auxilia em um melhor desenvolvimento, enfrentamento 
e qualidade de vida nas fases de vida que demandam mais atenção 
(PITANGA, 2002; TEIXEIRA, 2008; CAMPOS, 2013 apud RASO; GREVE; 
POLITO, 2013).
3. Cuidados e benefícios gerais dos exercícios 
para grupos especiais
A prescrição de exercícios para qualquer população, seja ela especial 
ou não, exige cuidados para que haja otimização dos benefícios e 
minimização de riscos. No caso dos grupos especiais, isso ainda é motivo 
de mais atenção devido as particularidades biopsicossociais inerentes à 
cada condição (POLITO; CASONATTO, 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 
2013).
Entre os cuidados gerais, estão conhecer a fisiopatologia da doença 
ou condição presente no indivíduo, lembrando que é muito comum a 
presença de não só uma, mas um grupo de patologias e condições. É 
muito comum por exemplo, um idoso com hipertensão e diabetes tipo 
2 ou um obeso também hipertenso e diabético. O entendimento da 
fisiopatologia de uma doença ou condição é essencial para identificar 
necessidades especificas de exercícios físicos, assim como prever 
possíveis interações biopsicossociais da prescrição aplicada (CAMPOS, 
2013; POLITO; CASONATTO, 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013).
Outro aspecto similar ao entendimento da doença ou condição 
trabalhada é a importância do conhecimento dos medicamentos 
utilizados e de suas interações orgânicas, assim como de suas inter-
relações com os efeitos dos exercícios físicos. Adicionalmente, interrogar 
sobre histórico médico e familiares, presença de sinais e sintomas 
10
atuais, bem como padrão básico de atividade física e alimentação 
ajudam a verificar eventuais riscos na prescrição do treinamento. Com 
isso, conforme Weineck (2005), percebe-se que a aplicação de uma 
anamnese estruturada é algo de fundamental importância.
Outros aliados essenciais para uma otimização da prescrição de 
exercícios físicos, principalmente na população caracterizada especial, 
é a realização de exames médicos e da avaliação física. Os exames 
médicos devem ser solicitados por profissionais da área médica 
baseado nas particularidades fisiológicas e econômicas do indivíduo. 
No geral, eles são relacionados à exames bioquímicos básicos com, 
no mínimo, a presença da avaliação da glicemia, perfil lipídico e 
hemograma. Adicionalmente, é de suma importância a realização de 
eletrocardiograma de esforço (ECG), também conhecido como teste 
ergométrico, a fim de identificar a segurança cardiovascular (possível 
presença e limiares de isquemia e arritmia, hiper-reatividade pressórica 
ao exercício, dentre outros) e os níveis de segurança para o emprego da 
intensidade do treinamento. A impossibilidade de realização do ECG por 
indivíduos pertencentes a grupos especiais, deve ser ao menos pautada 
por liberação médica e a aplicação de carga de treinamento deve ser 
realizada com cautela (WEINECK, 2005; CAMPOS, 2013 apud RASO; 
GREVE; POLITO, 2013; POLITO; CASONATTO, 2013 apud RASO; GREVE; 
POLITO, 2013).
É importante salientar que, embora não sejam comuns, existem 
contraindicações parciais ou totais em relação à prática de 
exercícios físicos, estando, geralmente, associadas a um maior risco 
cardiometabólico e menores benefícios. Nas contraindicações totais, 
a prática física deve ser excluída pelo menos temporariamente, até 
que haja uma estabilização ou melhora do quadro presente. Dentre 
as contraindicações totais, se destacam: imunossupressão elevada ou 
doenças infecciosas agudas; insuficiência cardíaca congestiva; miocardite 
e endocardite ativas; angina, isquemia e/ou arritmia graves e/ou reativas 
ao mínimo esforço; embolia pulmonar ou sistêmica recente; estenose 
11
aórtica grave ou aneurisma dissecante. Já nas contraindicações parciais, 
a prática física pode ser realizada, porém, os cuidados, particularidades 
específicas e o acompanhamento devem ser redobrados. Como 
contraindicações parciais, temos como exemplo: anormalidades nos 
níveis de eletrólitos; hipertensão e frequência cardíaca reativas ao 
esforço; angina, isquemia e/ou arritmia moderadas; hipertrofia cardíaca 
patológica e insuficiência cardíaca não congestiva; aneurisma não 
dissecante e estenose aórtica coronária/valvular leve; distúrbios/lesões 
neuromusculares-esqueléticas ou reumáticas; Doenças metabólicas 
quando descompensada (CAMPOS, 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 
2013; POLITO; CASONATTO, 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013; 
KATCH; KATCH; MCARDLE, 2016).
Já a avaliação física é um instrumento que deve ser aplicado pelo 
profissional de Educação Física. Ela irá pautar as reais necessidades do 
indivíduo, otimizará os benefícios do treinamento e servirá de base em 
conjunto com exames médicos para acompanhar a evolução do aluno 
por meio das reavaliações (WEINECK, 2005; KATCH; KATCH; MCARDLE, 
2016).
De acordo com Weineck (2005) e Katch, Katch e Mcardle (2016), durante 
e após o treinamento é necessário atentar ao controle das variáveis, 
presença de sinais e sintomas e aspectos básicos relacionados com 
a segurança de execução, temperatura do ambiente, hidratação, 
alimentação e recuperação adequada.
Os benefícios relacionados aos exercícios físicos são amplos e 
conhecidos, podendo ser gerais, como a melhora da composição 
corporal e da aptidão física, ou então específicos quanto à fisiopatologia, 
fase da vida ou individualidades do praticante. Dentre as principais 
disfunções relacionadas aos grupos especiais, o exercício físico 
consegue atuar proporcionando benefícios diretos nas alterações 
musculoesqueléticas, metabólicas, cognitivas e psicossociais diversas. 
Por isso é consenso de aplicação e uso por todas as sociedades e 
12
diretrizes médicas relacionadas às condições e doenças inerentes aos 
grupos especiais (CAMPOS, 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013; 
POLITO; CASONATTO, 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013).
4. Câncer
O câncer é caracterizado por desequilíbrios na regulação celular que são 
chamados de crescimentos tumorais ou neoplasias, que basicamente 
são crescimento e desenvolvimento celulares novos e anormais 
(GUYTON; HALL, 2017).
Os tumores podem ser divididos em benignos ou malignos. Nos 
benignos, as células crescem mais lentamente e com certa semelhança 
ao tecido normal, podendo comprimir os órgãos e tecidos adjacentes, 
porém não há invasão do tecido em sua proliferação. Geralmente, 
este tipo de tumor é tratado facilmente com remoção cirúrgica ou, 
dependendo do caso, são apenas acompanhados rotineiramente. Já nos 
tumores malignos, as células têm uma multiplicação muito mais rápida, 
podem invadir estruturas próximas aos locais de origem, além de em 
casos mais avançados causar metástase, que é a migração de células 
tumorais pela corrente sanguínea ou vasos linfáticos até outros órgão e 
tecidos mesmo distantes de onde se deu o crescimento anormal inicial. 
Este tipo de tumor, geralmente é mais resistente e pode levar a morte, 
sendo o seu tratamento muitas vezes baseado em quimioterapia e/ou 
radioterapia e/ou imunoterapia e/ou cirurgias. Sendo issobaseado no 
tipo de tumor, estado do paciente, tempo do diagnóstico e estágio da 
doença, lembrando que quanto mais rápido sua descoberta, maior a 
chance de cura. Outro aspecto relacionado à mortalidade é o tipo e grau 
do tumor (KATCH, KATCH; MCARDLE, 2016; GUYTON; HALL, 2017).
Mais de 100 doenças podem ser classificadas como câncer em variados 
órgãos e tecidos, entretanto, a classificação tumoral é dividida em quatro 
13
tipos, e isso tem relação com a célula na qual o tumor deu origem, sendo 
eles:
- Carcinomas: originário em células epiteliais, glândulas e órgãos 
internos, representando entre 80% e 90% dos casos, e tendo como 
exemplo o câncer de próstata, cólon, mama, pulmão etc.
- Sarcomas: origem em locais com tecido conjuntivo, como ossos, 
tendões, cartilagem, gordura e músculos.
- Leucemias: origem em determinadas células sanguíneas.
- Linfomas: origem no sistema imunológico, especialmente em linfócitos, 
linfonodos e outros componentes do sistema linfático (GUYTON; HALL, 
2017).
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) (BRASIL, 2020), o grupo 
de doenças classificadas como câncer são a segunda causa morte do 
Brasil e do mundo, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares. 
Estima-se que, por ano, são mais de 18 milhões de casos e 9,6 milhões 
de mortes no mundo, sendo estes números no Brasil de mais de 625 mil 
casos e 185 mil mortes.
A etiologia para o desenvolvimento tumoral é complexa e abrangente, 
podendo abranger predisposição genética, aspectos ambientais e 
os relacionados com o estilo de vida como o sedentarismo e a má-
alimentação, além do excesso de gordura corporal, idade avançada e a 
presença de vícios como o fumo e o álcool. Alguns tumores têm relação 
mais com um fator ou com outro, por exemplo, tumores ovarianos 
parecem ter mais relação com aspectos genéticos, enquanto no intestino 
grosso as neoplasias são mais associados à obesidade e estilo de vida, 
já o câncer de pulmão tem como principal causa o tabagismo (KATCH; 
KATCH; MCARDLE, 2016; GUYTON; HALL, 2017).
14
5.Exercícios físicos e câncer
A prática regular de exercícios físicos, tem comprovada relação com 
a prevenção do surgimento de tumores, principalmente aqueles 
relacionados com o estilo de vida e controle do peso corporal. Isto 
ocorre em função da prática física em induzir maior gasto energético e 
menor peso e gordura corporal, diminuindo a secreção de substâncias 
inflamatórias, controlando a secreção de hormônios anabólicos e 
indutores angiogênicos, favorecendo um melhor controle imunológico 
e dos mecanismos de morte e regeneração celular, além de ainda 
estar associado com uma microbiota saudável e redução do trânsito 
gastrointestinal. Todos estes fatores de interferência do exercício são 
comprovados de estarem envolvidos com os mecanismos moleculares 
de desenvolvimento do câncer (KATCH; KATCH; MCARDLE, 2016; 
GUYTON; HALL, 2017; MAGINADOR et al., 2020).
Adicionalmente, o treinamento físico também induz benefícios gerais 
e específicos para quem está acometido e fazendo tratamento para a 
doença, propiciando benefícios como melhora da capacidade funcional, 
manutenção do peso e massa muscular, diminuindo, assim, o risco 
de fadiga, caquexia ou do aumento excessivo de peso (aumento 
ou diminuição de peso são associadas ao tratamento utilizada e 
ao grau/tipo da doença), o que colabora para um melhor controle 
metabólico. Também há uma melhora de alguns componentes do 
sistema imunológico, que podem ajudar no combate à doença, além 
de diminuição de eventuais dores e depressão pela secreção de 
substâncias analgésicas e neurotransmissores benéficos ao humor que 
são induzidos pelo exercício. Indiretamente estes efeitos melhoram a 
qualidade do sono e de vida (SANTOS, 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 
2013; SILVERIO; OLIVAN; SEELANDER, 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 
2013; MAGINADOR et al., 2020).
15
Evidências ainda mostram a relação do exercício com maior sobrevida 
durante/pós tratamento, além de achados iniciais demonstrarem uma 
menor velocidade de crescimento tumoral provavelmente pelo melhor 
controle metabólico, influência imunológica e desvio de substratos 
energéticos dos tumores para suprir as funções durante e pós exercício 
(SANTOS, 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013; SILVÉRIO; OLIVAN; 
SEELANDER, 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013; MAGINADOR et al., 
2020).
Dentre os cuidados a serem tomados na prescrição de exercícios, temos, 
incialmente, a liberação médica, o conhecimento do tipo de tumor e 
do tratamento que está sendo realizado, lembrando que a magnitude 
de efeitos negativos do tratamento dependerá de particularidades 
individuais e da doença/local afetado. Entre os principais efeitos 
colaterais dos tratamentos temos:
Cirurgia: dores, sensibilidade e irritação local, limitação temporárias de 
certos movimentos.
Quimioterapia: vômitos, náuseas, diarreia, fraqueza, fadiga muscular e 
queda de cabelo.
Radioterapia: vômitos, náuseas, diarreia, fadiga muscular, ressecamento 
da pele e coceira.
Imunoterapia: sintomas gripais, febre, calafrios, fraqueza e náuseas 
(SANTOS, 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013; SILVÉRIO; OLIVAN; 
SEELANDER, 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013; KATCH; KATCH; 
MCARDLE, 2016; GUYTON; HALL, 2017).
Os sintomas acima e outros eventuais oriundos do tratamento ou 
da própria doença, assim como as precauções a serem tomadas na 
prescrição de exercícios físicos, são apresentados no Quadro 1.
16
Quadro 1 – Eventuais complicações e precauções na prescrição de 
exercícios e câncer
Complicação Precaução
Hemograma completo: 
nível de hemoglobina < 
8,0 g/dl e baixa contagem 
absoluta de neutrófilos e 
plaquetas.
Ataxia/vertigem/
neuropatia sensorial 
periférica.
Evitar atividades que exigem um 
transporte significativo de O2 (testes 
aeróbios máximos).
Evitar atividades que aumentam o risco 
de sangramento (exercícios de alto 
impacto).
Pode indicar infecção sistêmica e deve 
ser investigada (evitar teste).
Evitar atividades que exigem equilíbrio 
e coordenação significativos (esteira 
rolante, pesos livres).
Febre e infecções Não fazer atividades.
Caquexia intensa (perda de 
mais de 35% do peso pré-
morbido)
A perda de massa muscular costuma 
limitar o exercício para uma intensidade 
leve, dependendo do grau de caquexia 
(evitar teste).
Feridas/ulcerações na 
boca.
Dispneia.
Dor óssea.
Evitar atividades intensas.
Evitar atividades que elevam os riscos 
de fratura (testes de alto impacto/
estresse, como esteira rolante e 1RM).
Náuseas/vômitos intensos.
Fadiga/fraqueza externa.
Evitar atividades intensas.
Iniciar atividades com um rendimento 
de potência mais baixo, utilizar 
pequenos aumentos progressivos.
17
Feridas cirúrgicas/
hipersensibilidade.
Estado funcional precário.
Escolher uma atividade que evita a 
pressão/traumatismo no local cirúrgico.
Evitar atividade volumosas e intensas.
Fonte: elaborado pelo autor.
As recomendações de exercícios físicos no câncer trazem a realização de 
atividades aeróbias, de força e flexibilidade, as quais tem sua frequência, 
volume e intensidade citados a seguir.
Treino aeróbio
- 3 a 5 vezes na semana, que englobem sessões de 20 a 60 minutos e 
totalizem ao menos 150 minutos semanais de intensidade moderada ou 
75 minutos intensos.
- Já a intensidade dependerá da aptidão física, gravidade da doença e 
efeitos colaterais do tratamento. Atividade moderadas tem relação com 
40% – 60% do VO2máx ou 60%–75% da Frequência Cardíaca (FC) máx., 
já a alta intensidade abrange 60% – 89% do VO2máx. ou 75 a 95% da FC 
máx.
- Trabalho intermitente, múltiplas sessões com pouco volume ou menor 
tempo semanal podem ser aplicados inicialmente ou para pessoas 
debilitadas, assim como uma menor intensidade empregada (SANTOS, 
2013 apud RASO; GREVE; POLITO; SILVÉRIO; OLIVAN; SEELANDER, 2013 
apud RASO; GREVE; POLITO, 2013; KATCH; KATCH; MCARDLE, 2016).
Treino de força
- 2 a 3 vezes na semana, com pelo menos 48 horas de intervalo entre as 
sessões.
- 8 a 10 exercícios, 2 a 3 sériesde 8 a 10 repetições e intensidade entre 
30% e 60% de 1RM.
18
- Ajustes para menor volume e intensidade, também podem ser 
realizados, e repetições acima de 15 devem ser evitadas, principalmente 
em descondicionados, frágeis ou fadigados (SANTOS, 2013 apud RASO; 
GREVE; POLITO; SILVÉRIO; OLIVAN; SEELANDER, 2013 apud RASO; GREVE; 
POLITO, 2013; KATCH; KATCH; MCARDLE, 2016).
Treino de flexibilidade
- 2 a 3 vezes por semana.
- 2 a 4 séries com 10 a 30 segundos de manutenção da posição ou 
estímulo aplicado.
- O trabalho pode ser estático ou dinâmico, o que gera ao menos 
moderado desconforto articular (SANTOS, 2013 apud RASO; GREVE; 
POLITO; SILVÉRIO; OLIVAN; SEELANDER, 2013 apud RASO; GREVE; 
POLITO, 2013; KATCH; KATCH; MCARDLE, 2016).
É importante que, independentemente, do tipo de atividade, as 
modalidades escolhidas sejam seguras, abranjam grandes grupos 
musculares e sejam relacionadas à preferência do aluno/paciente. Já 
a progressão deve ser realizada conforme observada a adaptação do 
indivíduo ao treinamento, sendo que em pessoas “descondicionadas”, 
debilitadas ou com efeitos colaterais do tratamento ela deve ter a 
progressão mais lenta (SANTOS, 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013; 
SILVÉRIO; OLIVAN; SEELANDER, 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013; 
KATCH; KATCH; MCARDLE, 2016).
Caso haja toxidade ou alguma fase mais aguda do tratamento, pode 
haver uma pausa do treinamento por uns dias até a estabilização do 
quadro ou término da fase aguda (KATCH; KATCH; MCARDLE, 2016).
19
6.HIV/AIDS
A síndrome da imunodeficiência humana (AIDS) é causada pelo vírus 
da imunodeficiência humana (HIV), o qual é pertencente à família dos 
retrovírus e ocasiona imunodepressão severa que abre as portas para 
infecções oportunistas, neoplasias e degenerações neurais. Dados 
recentes apontam para aproximadamente 38 milhões de infectados 
pelo vírus HIV no mundo e 900 mil no Brasil (RASO; GREVE; CASSEB, 
2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013; KATCH; KATCH; MCARDLE, 2016; 
GUYTON; HALL, 2017).
Descoberta na década de 1980, a AIDS acaba diminuindo 
significativamente as capacidades de defesa do indivíduo, uma vez 
que destrói determinados componentes do sistema imunológico, em 
especial os linfócitos CD4. No início da doença, a pessoa infectada pelo 
vírus, ao desenvolver a AIDS, era fadada a uma sobrevida não muito 
grande. Entretanto, com o avanço das terapias medicamentosas, em 
especial as com antirretrovirais (ART) (compostas de inibidores de 
transcriptase reversa e inibidores de protease), foram decisivas para o 
aumento da expectativa de vida pelas pessoas infectadas, uma vez que 
conseguiram diminuir a replicação e quantidade de vírus, reestabelecer 
quantidades adequadas de CD4 e, consequentemente, minimizar a 
ocorrência de doenças e comorbidades oportunistas (RASO; GREVE; 
CASSEB, 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013; GUYTON; HALL, 2017).
A infecção pelo HIV pode ser dividida basicamente em três fases, sendo 
elas:
- Fase aguda: presença de infecção aguda que proporciona febre, 
cefaleia, inflamações de trato respiratório superior, linfadenopatia e 
erupções cutâneas. Resposta imune inicial e parcial.
20
- Fase assintomática ou latente: diminuição de sintomas e sinais agudos, 
declínio do número de células CD4; instalação viral em tecidos linfoides, 
mas com baixa produção viral.
- Fase sintomática/AIDS: surgimento de infecções oportunistas, tumores, 
perda de peso e encefalopatias crônicas; aumento da replicação viral, 
destruição de tecidos linfoides e células CD4 (RASO; GREVE; CASSEB, 
2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013; GUYTON; HALL, 2017).
Embora a sobrevida tenha aumentado significativamente, a terapia 
com ART não consegue estabelecer a cura completa em função da 
capacidade do vírus de inserir seu material genético em certas células 
do hospedeiro, favorecendo com que a infecção permaneça, embora 
baixa e latente, o que favorece sua proteção ao menos parcial dos 
medicamentos, por permanecerem “escondidos” em determinadas 
células. Mecanismos para tentar barrar essa barreira de proteção/
latência viral são alvo de numerosos estudos da ciência a fim de 
estabelecer a cura completa (RASO; GREVE; CASSEB, 2013 apud RASO; 
GREVE; POLITO, 2013; GUYTON; HALL, 2017).
A AIDS é classificada como doença crônica transmissível, uma vez que 
seu contagio ocorre por transmissão sexual, sanguínea e de mãe para 
filho na gestação. Dentre os grupos especiais, as pessoas vivendo com 
AIDS (PVAIDS) representam um contingente significativo e de atenção 
quando comparados à outros doenças infecciosas, uma vez que como 
mencionado ainda não há cura para a doença (CAMPOS, 2013 apud 
RASO; GREVE; POLITO; RASO; GREVE; CASSEB apud RASO; GREVE; 
POLITO, 2013; KATCH; KATCH; MCARDLE, 2016; GUYTON; HALL, 2017).
21
7. Exercícios físicos e HIV/AIDS
Embora a terapia de ART tenha sucesso em elevar a sobrevida, é 
importante salientar que ela proporciona vários efeitos colaterais 
ao usuário, aumentando o aumento do risco cardiometabólico e 
neuromuscular, lipodistrofia, toxidade mitocondrial com aumento da 
hiperlactecidemia e esteatose hepática. Neste sentido, a prática de 
exercícios pelas PVAIDS, assume importância, pela sua minimização de 
determinados efeitos colaterais e riscos proporcionados por eles, além 
de induzir melhora imunológica, funcional de composição corporal, da 
qualidade de vida e da saúde mental (RASO et al., 2013; KATCH et al., 
2016).
Entretanto, além dos cuidados comumente observados na prescrição 
de exercícios, é de suma importância a realização do ECG de esforço 
e o monitoramento constante da pressão arterial e FC em função 
do risco cardiometabólico elevado nessa população de PVAIDS. A 
avaliação da aptidão física é outro aspecto a ser observado a fim de 
verificar a tolerância ao esforço, principalmente pelo fato da disfunção 
mitocondrial e hiperlactecidemia presente pelo menos em parte dessa 
população (RASO; GREVE; CASSEB apud RASO; GREVE; POLITO, 2013; 
KATCH; KATCH; MCARDLE, 2016).
Além dos exames bioquímicos médicos comuns, é de grande 
importância a avaliação do lactato sanguíneo, a dosagem da carga 
viral e a contagem linfocitária, em especial dos linfócitos C4 e CD8. 
Esses exames são essenciais, uma vez que, com os valores de lactato, 
é possível identificar indiretamente eventuais disfunções mitocondriais 
e, consequentemente, se precaver quanto à aplicação de cargas e 
volumes elevados. Enquanto que a identificação de alta carga viral 
e da diminuição de células CD4, bem como a presença de infecções 
agudas, inviabilizam a prática física, pois indicam imunossupressão, e 
o treinamento só passa a ser viável após a estabilização desse quadro 
22
(RASO GREVE; CASSEB apud RASO; GREVE; POLITO, 2013; KATCH; KATCH; 
MCARDLE, 2016; GUYTON e HALL, 2017).
Em termos de diretrizes, assim como no câncer, é recomendado que 
também seja aplicado treinamento aeróbio, de força e flexibilidade para 
PVAIDS, os quais tem sua frequência, volume e intensidade citados a 
seguir (RASO; GREVE; CASSEB apud RASO; GREVE; POLITO, 2013; KATCH; 
KATCH; MCARDLE, 2016).
Treino aeróbio
- 3 a 5 vezes na semana.
- 30 a 60 minutos por sessão, iniciando com ao menos 10 minutos e 
totalizando ao menos 150 minutos por semana.
- Intensidade entre 40 a 60% do VO2máx. ou 60 a 75% da FC máx. (RASO; 
GREVE; CASSEB apud RASO; GREVE; POLITO, 2013).
Treino de força
- 2 a 3 vezes na semana.
- 8 a 10 exercícios, 2 a 3 séries com 8 a 10 repetições e intensidade de 
até 60% de 1RM e que não proporcione falha concêntrica e manobra de 
Valsalva (RASO; GREVE; CASSEB apud RASO; GREVE; POLITO, 2013).
Treino de flexibilidade
- 2 a 3 vezes na semana.
- 2 a 4 séries com 10 a 30 segundos de manutenção da posição ou 
estímulo aplicado.
23
- O trabalho pode ser estático ou dinâmico que gera ao menos 
moderado desconforto articular (RASO; GREVE; CASSEB apud RASO; 
GREVE; POLITO, 2013).
É importante que a atividade escolhida seja de gosto do praticante, 
porém, evite atividades que gerem risco dequeda ou sangramento. 
Adicionalmente, as sessões de treino não devem passar de 60 minutos 
cada e a intensidade e volume pode ser diminuída para pessoas 
com aptidão física baixa, hiperlactecidemia ou em recuperação de 
imunossupressão. Já pessoas assintomáticas, estáveis e treinadas, 
podem executar maiores intensidades (RASO; GREVE; CASSEB apud 
RASO; GREVE; POLITO, 2013; KATCH; KATCH; MCARDLE, 2016).
8. Considerações finais
Neste tema, você conheceu os principais grupos especiais, bem como 
sua importância e prevalência na sociedade atual, além dos inúmeros 
benefícios da prática de exercícios físicos, tanto para a prevenção como 
para o tratamento de doenças crônicas e minimização de efeitos que 
levam a uma maior fragilidade e necessidade em certas fases da vida.
Por fim, também conheceu a fisiopatologia do câncer e do HIV/
AIDS, além dos principais aspectos relacionados com a prescrição de 
exercícios físicos para estas populações.
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25
Prescrição de exercício físico para 
população obesa
Autoria: Ivan Luiz Padilha Bonfante
Leitura crítica: Mateus Betanho Campana
Objetivos
• Conhecer a etiologia da obesidade, em especial em 
os relacionados com o estilo de vida.
• Entender as alterações decorrentes do excesso de 
gordura corporal.
• Verificar as particularidades e recomendações da 
prescrição de exercícios físicos para pessoas obesas.
26
1. Contextualização
A obesidade e o sobrepeso são problemas gravíssimos de saúde pública 
mundial devido à sua alta incidência e várias comorbidades atreladas. 
Fatores relacionados, principalmente, ao estilo de vida ruim de boa parte 
da população colaboram para esta ocorrência.
Com isso, neste tema serão apresentados aspectos relacionados 
à etiologia e fisiopatologia da obesidade e sobrepeso, além das 
particularidades relacionadas à prescrição de exercícios para a 
população acometida por excesso de peso.
2. Etiologia da obesidade
Desde o início da vida na Terra, os seres vivos passam por constante 
evolução e adaptação ao meio em que vivem. Especificamente no caso 
dos seres humanos, inúmeras transformações relacionadas à sua 
forma de vida e comportamento tiveram uma velocidade recorde de 
transformação nos últimos milênios e se acentuaram ainda mais desde 
a revolução industrial que se iniciou na Inglaterra durante o século XVIII 
(COREY; KAPLAN, 2014).
Nossos ancestrais eram incialmente nômades, viviam da caça e 
coleta e não dominavam técnicas simples como fazer fogo. Com isso, 
seu organismo foi se desenvolvendo para a construção de estoques 
energéticos fisiológicos e determinado padrão de digestão e absorção 
de nutrientes, uma vez que a disponibilidade alimentar não era algo tão 
comum e fácil de se obter, assim como a preparação de alimentos e a 
realização de coisas básicas, por exemplo, um cozimento alimentar, que 
facilitaria a ingestão, digestão e absorção de nutrientes (COREY; KAPLAN, 
2014; REDINGER, 2009).
27
Posteriormente, a fixação de territórios e domínio da agropecuária e 
do fogo, dentre outros fatores, possibilitaram uma inicial facilidade no 
modo de vida humano. Ademais, conforme Corey e Kaplan (2014), a 
Revolução Industrial, Grandes Guerras Mundiais, Guerra Fria e outras 
ocorrências surgidas nos últimos 260 anos, favoreceram o avanço de 
facilidades tecnológicas sem precedentes na nossa história evolutiva.
Essas facilidades propiciaram melhoras significativas na vida das 
pessoas, abrangeram inúmeras áreas do conhecimento e foram 
primordiais para a melhora do conforto e do modo de viver, assim como 
em aumentar a expectativa de vida.
Entretanto, essa evolução humana propiciou uma mudança radical do 
estilo de vida das pessoas, e isso começou a gerar efeitos negativos 
do ponto de vista biopsicossocial de parte considerável da população 
(COREY; KAPLAN, 2014; ROSEN; SPIEGELMAN, 2014).
Na parte alimentar começou a haver uma troca da alimentação de 
característica prioritariamente in natura para uma de perfil processado 
e ultra processado. Isto ocorreu, principalmente, pela necessidade 
da disponibilidade de alimentos em grande escala para a grande 
população que se estabeleceu no planeta, além da necessidade de 
preparo/consumo alimentar de rapidez em função do cotidiano de ritmo 
acelerado.
Adicionalmente, determinados aspectos psicossociais, por exemplo, o 
estresse, induziram indiretamente para a satisfação e prazer por meio 
do consumo exacerbado de determinados tipos de alimentos, uma 
vez que alimentos de origem industrial apresentam boa palatividade 
e induzem determinados neurotransmissores indutores do prazer. 
Entretanto, suas características nutricionais são normalmente ruins, 
pois estes alimentos apresentam alto nível de gordura satura ou trans, 
além de elevado índice de carboidratos simples, e quase nenhuma 
28
quantidade de fibras, vitaminas e minerais (HILL; MELANSON, 1999; 
COREY; KAPLAN, 2014; GONZÁLEZ-MUNIESA et al., 2017).
Em relação ao comportamento de atividade física, também houve 
mudança de características, perfil e quantidade, com uma diminuição 
significativa dos níveis de atividades de deslocamento, instrumentais e 
de lazer, além doaumento da prática de atividades sedentárias (HILL; 
MELANSON, 1999; KOHL et al., 2012). Hoje, a inatividade física é um 
dos principais fatores relacionados direta e indiretamente às causas de 
mortalidade e surgimento de doenças crônicas (LAKKA; BOUCHARD, 
2005).
Outros comportamentos como o sono, humor e controle do estresse, 
também tiveram drástica mudanças em função de um ritmo acelerado 
do cotidiana, falta de tempo, excesso de cobranças profissionais, 
estresse exacerbado, dentre outros fatores (COREY; KAPLAN, 2014; 
GONZÁLEZ-MUNIESA et al., 2017). De acordo com González-Muniesa 
et al. (2017), estes fatores causam um desbalanço na secreção e ação 
de determinados hormônios e neurotransmissores, como o cortisol, 
melatonina, dopamina, serotonina e catecolaminas.
Em conjunto, essas mudanças no comportamento alimentar, de 
atividade física, sono, humor e estresse, estão relacionadas ao ambiente 
e estilo de vida do indivíduo, e influenciam diretamente no controle do 
peso e da composição corporal, assim como no gasto energético. Isto 
ocorre, principalmente, pela presença de balanço energético positivo em 
função do aumento do consumo de calorias e diminuição significativa 
do gasto calórico basal e de atividade física, gerando um número 
exacerbado de pessoas com excesso de peso e gordura corporal 
(COREY; KAPLAN, 2014; GONZÁLEZ-MUNIESA et al., 2017).
Determinados fatores endógenos, como a genética e distúrbios 
neuroendócrinos, ou ainda o uso de certos medicamentos como 
os corticoides, também podem influenciar no aumento de gordura 
29
corporal. Porém, os aspectos relacionados ao ambiente e estilo de vida 
são os que mais colaboram para o desenvolvimento da obesidade e 
sobrepeso (GONZÁLEZ-MUNIESA et al., 2017).
Dados de 2014, mostraram que aproximadamente 40% dos adultos do 
mundo tem o Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 25 Kg/m², o que 
representa mais de 2,1 bilhões de pessoas com excesso de peso, sendo 
que desse total, 650 milhões são obesos (NG et al., 2014). No Brasil, 
dados de 2018 apontavam que por volta de 55,7% da população adulta 
está com peso em excesso, sendo que desses, 19,8% apresentavam 
obesidade (BRASIL, 2019).
É importante salientar que o excesso de peso populacional atinge tanto 
países ricos quanto em desenvolvimento, acarretando números também 
significativos de comorbidades e mortes, diminuindo a expectativa de 
vida e gerando grandes impactos econômicos para os sistemas de saúde 
(NG et al., 2014; OMS, 2017).
3. Alterações fisiológicas decorrentes do 
excesso de gordura corporal
A Organização Mundial da Saúde considera, há mais de 30 anos, a 
obesidade uma doença, de característica endócrino metabólica e, como 
já citado, de origem multifatorial, que culmina no acúmulo exacerbado 
de energia no organismo, a qual é estocada principalmente em forma 
de triglicerídeos no tecido adiposo e pode levar à comorbidades 
significativas (FANTUZZI, 2005; OMS, 2017; GONZÁLEZ-MUNIESA et al., 
2017).
O principal método para o diagnóstico da obesidade e sobrepeso, 
segundo a OMS (2017), é o IMC (fórmula a seguir), que mesmo podendo 
30
ter algumas limitações técnicas é o teste mais usado na clínica médica e 
estudos populacionais.
Fórmula do IMC:
IMC = peso_
         altura²
O diagnóstico do excesso de peso se dá quando o IMC apresenta valores 
entre 25 a 29,9 kg/m², enquanto valores iguais/acima de 30 kg/m² são 
caracterizados como obesidade e seus graus que vão de 1 a 3 (OMS, 
2017).
Ainda conforme a organização, outro método simples e também 
amplamente aplicado para avaliar o excesso de gordura corporal na 
região abdominal e o risco cardiovascular/metabólico, é a avaliação 
da circunferência de cintura, sendo valores menores de 80 cm para 
mulheres e de 94 cm para homens considerados normais. Vide Tabela 1 
com as referências e classificação de IMC e circunferência de cintura.
Tabela 1 – Valores referenciais e classificação do IMC e 
circunferência de cintura
IMC Classificação Obesidade (grau)
Abaixo que 
18,5
Magreza 
excessiva.
-
Entre 18,5 e 
24,9
Peso normal. -
Entre 25 e 
29,9
Sobrepeso. -
Entre 30 e 
34,9
Obesidade. I
Entre 35 e 
39,9
Obesidade. II
31
Acima de 40 Obesidade 
grave/mórbida.
III
Risco de complicações metabólicas associadas à 
circunferência de cintura
Elevado Muito elevado
Homem ≥ 94 cm ≥ 102 cm
Mulher ≥ 80 cm ≥ 88 cm
Fonte: adaptada de OMS (2017).
Além da caracterização da obesidade como uma doença endócrino 
metabólica, novos conhecimentos sobre o tecido adiposo ocorridos nas 
últimas três décadas, passaram a caracterizar a obesidade como uma 
doença que ocasiona um estado inflamatório subclínico crônico de baixo 
grau (GLEESON et al., 2011; GONZÁLEZ-MUNIESA et al., 2017).
Essa inflamação de baixo grau, embora não gere os sintomas graves de 
uma inflamação de alto grau inflamatório, como a presença de febre e 
dores, pode interferir, conforme Fantuzzi (2005) e Gleeson et al. (2011), 
significativa e negativamente em diversos órgãos e sistemas.
Estas interferências podem gerar disfunções e doenças como a 
resistência à insulina (RI), diabetes tipo 2 (DM2), aterosclerose, 
dislipidemias, hipertensão arterial, sobrecarga cardíaca, demências, 
artrite e alguns tipos de cânceres. Importante citar, ainda, os efeitos 
biopsicossociais do excesso de peso, como a baixa autoestima, 
depressão, discriminação social e diminuição da vida social, além de 
prejuízos de aptidão física e realização de atividades de vida diária 
(GLEESON et al., 2011).
Dentre os vários fatores responsáveis por essa indução inflamatória pela 
obesidade, o principal parece ter relação com a hipóxia em adipócitos 
gerada pela sua hipertrofia exacerbada, e que pode induzir dano e 
necrose celular destas células.
32
Este quadro ocorre mais na gordura localizada, em compartimentos 
adiposo viscerais e ectópicos (armazenamento aumentado de gordura 
em órgãos não adiposos) gera adaptações e sinalizações celulares por 
meio de citocinas e outras substâncias focando o remodelamento, 
adaptação e regeneração do tecido adiposo pelo organismo. Ocorre, 
por exemplo, o estímulo de sinalizadores para induzir a irrigação 
sanguínea e o aporte de oxigênio pelo remodelamento e aumento 
de vasos sanguíneos, além da necessidade de eliminação de células 
lesadas. Entretanto, indiretamente, estas sinalizações celulares e o 
processo inflamatório aumentado acabam atrapalhando outras funções 
orgânicas, como a sinalização da insulina ou o controle pressórico, além 
de aumentar o risco de desenvolvimento de cânceres e aterosclerose, 
processos estes intimamente ligados a presença de inflamação 
(FANTUZZI, 2005; GLEESON et al., 2011).
O tratamento do excesso de gordura corporal é baseado no nível de 
IMC e na presença ou não de complicações e morbidades. Em qualquer 
nível é recomendado a mudança comportamental-cognitiva e do estilo 
de vida, principalmente pelo aumento do gasto calórico em função da 
atividade física, além da mudança do padrão alimentar e de hábitos 
associados ao sono e ao gerenciamento do estresse, depressão e 
compulsões (ABESO, 2016; GUYTON; HALL, 2017).
Em casos mais extremos, como no IMC acima de 30 kg/m² 
em conjunto com a presença de comorbidades, pode haver a 
introdução de tratamento farmacológico com o uso de anorexígenos 
catecolaminérgicos ou de medicamentos que inibam o apetite ou 
retardem a absorção de carboidratos e lipídeos. Entretanto, efeitos 
colaterais são comuns com a prática medicamentosa (ABESO, 2016; 
GUYTON; HALL, 2017).
Já o tratamento cirúrgico pode ser indicado em casos de IMC acima 
de 40 kg/m² ou no IMC acima de 35 kg/m² associado à presença de 
comorbidades, porém, riscos e complicações diretas e indiretas da 
33
cirurgia, ou posteriores distúrbios nutricionais e metabólicos podem 
ocorrer (ABESO, 2016; GUYTON; HALL, 2017).
4. Particularidades e recomendações da 
prescrição de exercícios físicos para pessoas 
obesas
Inúmeros benefícios podem ser incorporados por pessoas com 
obesidade e sobrepesopraticantes regulares de exercícios físicos. 
Além das já conhecidas adaptações ao treinamento físico, pessoas com 
excesso de peso que praticam algum tipo de atividade física tem menor 
possibilidade de desenvolver as comorbidades associadas ao excesso 
de gordura corporal (ACSM, 2011; MORAES; ZANESCO, 2013 apud RASO; 
GREVE; POLITO, 2013; ABESO, 2016).
Além disso, o treinamento físico auxilia na perda de peso pela indução 
do gasto energético adicional proporcionado durante e após o período 
de prática, fator este primordial para a perda de gordura, em conjunto 
com adaptações na dieta (ACSM, 2011; GLEESON et al., 2011; MORAES e 
ZANESCO, 2013; ABESO, 2016).
Os exercícios físicos têm ação direto na fisiopatologia da obesidade, 
não só pela diminuição do peso corporal, como também pela ação anti-
inflamatória proporcionada pela contração muscular (GLEESON et al., 
2011).
Muito da proteção contra o desenvolvimento de comorbidades 
está relacionado com os efeitos anti-inflamatórios, além de outros 
diversos que atuam diretamente nos mecanismos moleculares do 
desenvolvimento de certas doenças e distúrbios correlatos ao excesso 
de gordura corporal. Interessantemente, muito dos efeitos protetores 
do ponto de vista cardiometábolicos, assim como da diminuição da 
34
inflamação, podem ocorrer sem que haja perda significativa de peso e 
gordura corporal (GLEESON et al., 2011).
Para a otimização de benefícios e minimização de riscos é necessário 
a realização das avaliações clínica e física, lembrando que é comum a 
presença de comorbidades atreladas e elevado risco cardiometabólico. 
Assim, a observação também de recomendações e atenções especificas 
voltadas para outras possíveis doenças e distúrbios se faz necessária 
(ACSM, 2011; MORAES; ZANESCO, 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 
2013).
Em termos gerais, na presença de diabetes ou pré-diabetes é importante 
que não se exercitar se a glicemia estiver abaixo de 100 mg/dl ou acima 
de 250 mg/dl, e independentemente da presença ou não de distúrbios 
no controle glicêmico é recomendável não se exercitar em jejum (ACSM, 
2011; MORAES; ZANESCO, 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013).
Caso o aluno ainda tenha esteatose hepática, altas intensidades são 
contraindicadas em função de gerarem grande produção de radicais 
livres, que podem aumentar o dano celular hepático (MORAES; 
ZANESCO, 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013).
Já a hipertensão e outras doenças cardiovasculares, contraindicam 
elevações pressóricas sistólicas acima de 180 mmHg, além de evitar 
a realização de manobra de Valsava e atividades que levem a falha 
muscular concêntrica.
Moraes e Zanesco (2013) nos lembram que o uso de medicamentos 
como os betabloqueadores obrigam, além do controle da Frequência 
Cardíaca (FC), também da Percepção Subjetiva de Esforço.
Ainda conforme referidos autores, sobre medicamentos, é importante 
atentar ao uso de fármacos exclusivos para o emagrecimento, sendo 
necessárias, neste sentido, atenção para:
35
- Inibidores de receptação de noradrenalina e serotonina como a 
sibutramina: podem elevar a pressão arterial e FC, além de boca seca, 
sudorese, dor de cabeça, insônia e constipação intestinal.
- Orlistat (inibidor da digestão de gordura): pode favorecer hipoglicemia, 
flatulência, hipovitaminose de vitaminas lipossolúveis e incontinência 
fecal.
- Agentes simpatomiméticos como certas classes de anfetaminas: 
Aumento da pressão arterial e FC, boca seca, sudorese, fraqueza, insônia 
e constipação intestinal.
É necessário, também, minimizar o uso de atividades que gerem impacto 
e atritos, devendo favorecer o uso de atividades aquáticas e no ciclo 
ergométrico. Dessa forma, minimizar compressões mecânicas excessivas 
é usar menor intensidade de carga (ACSM, 2011; MORAES; ZANESCO, 
2013 apud RASO; GREVE; POLITO).
Recomendações de exercícios físicos para obesos e ou presença de 
sobrepeso incluem a prática de atividades aeróbias, de força muscular 
e flexibilidade. Embora volume, frequência e intensidades mínimas 
sejam descritas, dependendo da individualidade biológica e da condição 
física do praticante, é comum no início do período de treinamento que 
haja uma diminuição dessas variáveis do treinamento devido à falta de 
capacidade física para a execução dos níveis mínimos recomendados. 
O importante é iniciar o treino dentro da capacidade de realização dos 
sujeitos, havendo então uma posterior progressão segura até que o 
mínimo recomendado seja atingido e quem sabe extrapolado conforme 
à adaptação, segurança cardiometabólica e disponibilidade dos alunos 
(ACSM, 2011; MORAES; ZANESCO, 2013 apud RASO; GREVE; POLITO).
A seguir, temos uma síntese da recomendação de treinamentos para 
obesos quanto aos tipos, frequência, volume e intensidade:
36
Treino aeróbio
- 5 vezes na semana, que alcancem de início 150 minutos por semana 
e posterior tentativa de alcançar 300 minutos por semana com a 
adaptação ao treino.
- A intensidade deve ser moderada (46% a 63% do VO2máx. ou 64% a 
76% da FCmáx.). Já se a alta intensidade for usada conforme a adaptação 
e segurança cardiovascular, os valores são (64% a 90% do VO2máx. ou 
77% a 95%).
- No caso do uso de alta intensidade, os 300 minutos semanais podem 
cair para 150 minutos.
- Pode haver, ainda, combinação de atividades moderadas com intensas.
- As sessões devem ter no mínimo 10 minutos de atividades e não se 
prolongar por mais de 1 hora a 1 hora e 30 minutos.
- Deve-se variar atividades para diminuir a monotonia e gerar menos 
impacto, como citado anteriormente.
Treino de força
- 2 a 3 vezes por semana, e intervalo de 48 horas entre sessões para 
trabalhar o mesmo grupo muscular.
- Priorizar os grandes grupos musculares.
- 8 a 10 exercícios.
- 2 a 4 séries de 8 a 12 repetições, com o intervalo variando entre 60 a 
120 segundos entre séries, dependendo da intensidade trabalhada. Para 
idosos obesos são sugeridas de 10 a 15 repetições.
37
- A intensidade deve ser entre 60%–70% de 1RM, sendo que indivíduos 
treinados podem usar intensidade cima de 80% de 1RM, enquanto 
pessoas com baixa capacidade física ou idosos obesos, podem se 
exercitar com 40%–50% de 1RM.
- Idosos obesos podem realizar treino de potência com intensidade 
entre 20% a 50% de 1RM.
Treino de flexibilidade
- 2 a 3 vezes na semana.
- Priorizar grandes articulações.
- Manter articulações sobre tensão de 10 a 30 segundos, sendo que se 
o sujeito for um obeso idoso, o tempo de tensão deve ser de 30 a 60 
segundos.
Caso o aluno obeso seja idoso, a recomendação traz, ainda, a inclusão 
de atividades que trabalhem o equilíbrio, sem muitos direcionamentos 
em relação a variáveis do treinamento físico, apenas mencionando que 
sejam realizadas atividades que gerem um desequilíbrio do centro de 
gravidade, sempre priorizando a segurança a fim de evitar quedas.
5. Considerações finais
Neste tema, você conheceu a etiologia relacionada ao desenvolvimento 
da obesidade e excesso de peso, e verificou que embora sua origem 
seja multifatorial, os fatores ambientais e que compõem o estilo de 
vida são os principais responsáveis para sua ocorrência e números 
epidemiológicos pandêmicos mundo a fora.
38
Também foi possível identificar a fisiopatologia da doença, que é 
caracterizada como uma doença endócrino metabólica que acarreta 
um estado inflamatório de baixo grau crônico capaz de gerar diversas 
disfunções e comorbidades orgânicas, dentre elas as principais doenças 
crônico não-transmissíveis.
Por fim, verificou que os benefícios diretos e indiretos da prática de 
exercícios por pessoas com excesso de gordura corporal, assim como 
os principais cuidados, além de recomendação de tipos de atividades 
a serem prescritas com suas respectivas frequências, volumes e 
intensidades.
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40
Prescrição de exercício físico 
para população com doenças 
cardiovasculares e respiratórias
Autoria: Ivan Luiz Padilha Bonfante
Leitura crítica:Mateus Betanho Campana
Objetivos
• Conhecer as principais doenças respiratórias.
• Aprender sobre as principais doenças 
cardiovasculares.
• Entender as principais particularidades da prescrição 
de exercícios para a população com doenças 
cardiovasculares e respiratórias.
41
1. Contextualização
As doenças cardiovasculares e pulmonares atingem um grande 
contingente de pessoas mundo afora. Neste tema, as principais doenças 
classificadas como cardiovasculares ou respiratórias crônicas serão 
apresentadas.
Posteriormente as recomendações e cuidados relacionados à prescrição 
de exercícios para a população acometida por estes dois grupos de 
doenças serão contextualizados.
2. Doenças cardiovasculares
O grupo de doenças caracterizado como cardiovasculares é responsável 
pela maior causa de óbitos do mundo. Individualmente, o infarto do 
miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC) (também conhecido como 
acidente vascular encefálico – AVE), ocupam, respectivamente, a primeira 
e segunda posições nas causas morte mundial (OPAS, 2018).
Várias doenças podem ser classificadas como cardiovasculares; dentre 
as que mais se destacam, temos: infarto do miocárdio, AVC, doença 
isquêmica do coração, insuficiência cardíaca e hipertensão arterial 
sistêmica. No geral, essas doenças têm origem multifatorial, destacando-
se: envelhecimento, genética, etnia, consumo de álcool e tabaco, má 
alimentação, excesso do consumo de sódio, sedentarismo e sobrepeso/
obesidade, além da presença de outros problemas cardiovasculares, 
como a hipertensão arterial sistêmica. Em conjunto, esses fatores 
favorecem um desequilíbrio autonômico e hormonal, aumento 
da presença de inflamação sistêmica de baixo grau, dislipidemia 
e consequente risco de formação de placas de ateromas que 
desencadeiam o processo aterosclerótico e obstrução arterial (NEGRÃO; 
BARRETTO, 2010; GUYTON; HALL, 2017).
42
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
Está é uma doença multifatorial, silenciosa e de lenta progressão que 
consiste em valores aumentados e sustentados de pressão arterial (PA) 
sistólica ≥ 140 mmHg e ou diastólica ≥ 90 mmHg. A HAS é uma doença 
que eleva o risco de AVC, infarto do miocárdio, e pode levar a lesões e 
diminuições funcionais de órgãos como o coração, rins e vasos em geral.
A PA é controlada diretamente por fatores como o sistema nervosoautônomo, sensibilidade barorreflexa, reatividade vascular, sistema 
cinina-calicreína e renina-angiotensida-aldoesterona. Porém, 
indiretamente, também pode sofrer influência da resistência à insulina e 
hiperinsulinemia, excesso de ácido úrico circulante, além de disfunções 
endoteliais, vasculares e hematológicas. Todos estes aspectos, 
influenciam cada qual no débito cardíaco (volume sistólico x frequência 
cardíaca (FC)) e na resistência vascular periférica, variáveis essas 
responsáveis pela caracterização dos valores pressóricos.
Insuficiência cardíaca
Na maior parte dos casos, a insuficiência cardíaca está associada à 
sequela de alguma outra doença cardiovascular. Esta doença pode 
ser caracterizada como a incapacidade de o músculo cardíaco suprir 
as necessidades circulatórias do indivíduo. Isto ocorre em função de 
déficits funcionais ou estruturais do coração, que acarretam diminuição 
do débito cardíaco e da fração de ejeção cardíaca, que se tornam 
incapazes de suprir as demandas metabólicas. Esses fatores, acarretam 
efeitos que pioram ainda mais a deterioração do miocárdio, uma vez 
que há a indução do aumento da atividade do componente simpático 
do sistema nervoso autônomo e dos sistemas hormonais responsáveis 
pelo controle da PA, além de elevar o estresse oxidativo e o estado 
inflamatório do sujeito (NEGRÃO; BARRETTO, 2010; BECHARA et al., 2013 
apud RASO; GREVE; POLITO, 2013).
43
Como o coração não consegue suprir a demanda metabólica, 
começam a surgir problemas no metabolismo energético, e disfunções 
periféricas, como retenção de líquidos, diminuição da vasodilatação e 
desorganização estrutural da musculatura esquelética.
Por todos estes aspectos, a pessoa com insuficiência cardíaca pode 
apresentar fadiga, dispneia (falta de ar), intolerância ao esforço e 
caquexia (síndrome que acarreta a perda de peso, atrofia muscular, 
fadiga e fraqueza). Entretanto, a severidade e tipos de sintomas 
apresentados vão depender da classificação do indivíduo quanto ao 
nível da doença, sendo elas (BECHARA et al., 2013 apud RASO; GREVE; 
POLITO, 2013):
Classe 1: assintomáticos em atividades habituais.
Classe 2: assintomáticos em repouso, sintomas nas atividades habituais 
com limitação física leve.
Classe 3: assintomático em repouso, sintomas nas atividades menores 
que as habituais e com limitação física moderada.
Classe 4: sintomas em repouso com limitação física grave.
Aterosclerose, dislipidemia e isquemia
A aterosclerose se caracteriza pela formação de placas de ateromas, 
as quais são caracterizadas como placas de gordura, em especial 
lipoproteína de baixa densidade oxidada (LDL oxidado), cálcio, 
colágeno, células imunológicas e outros elementos, que favorecem 
um enrijecimento da área afetada, diminuição do fluxo sanguíneo, 
hipertensão e estenose arterial (vide Figura 1) (NEGRÃO; BARRETTO, 
44
2010; PASCHALIS, 2013; RODRIGUES et al., 2013 apud RASO; GREVE; 
POLITO, 2013).
Figura 1 – Processo aterosclerótico
Fonte: CreVis2 /iStock.com. 
A formação de placas ateroscleróticas, ocorre pela dislipidemia ou 
hiperlipidemia, que se caracteriza por um desequilíbrio na circulação 
de lipídeos, principalmente pelo aumento do colesterol total, da 
lipoproteína de baixa densidade (LDL) e triglicerídeos, além da 
diminuição das lipoproteínas de alta densidade (HDL). Além disso, 
ocorre, concomitantemente, um aumento do processo inflamatório 
subclínico, o que favorece a aderência de LDL oxidado, tecido 
fibroso e outros produtos na parede vascular. Com isso, diminui 
progressivamente o diâmetro do vaso (NEGRÃO; BARRETTO, 2010; 
PASCHALIS, 2013; RODRIGUES et al., 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 
2013).
De acordo com Paschalis (2013), as placas de ateroma podem ser 
estáveis ou instáveis:
45
- Estáveis: quando o processo inflamatório e a agregação de lipídeos 
e outros materiais são encerrados e a placa é coberta por colágeno, 
gerando uma saliência/bloco estável no meio da artéria, além de menor 
risco de gerar eventos cardiovasculares graves.
- Instáveis: presença de processo inflamatório contínuo e intenso, que 
gera crescimento contínuo da placa e dificuldade de estabilização, 
o que está associado a um maior risco de problemas como infarto, 
AVC e doença arterial obstrutiva crônica. Este aumento do risco se 
deve a maior probabilidade de rompimento, seguido de dano arterial 
e consequente formação de coágulo e obstrução parcial ou total da 
circulação sanguínea, o que acarreta no déficit de oxigênio e outros 
nutrientes as células irrigadas posteriormente a essa obstrução.
A diminuição do lúmen arterial acarreta diminuição do fluxo sanguíneo 
nas regiões posteriores, o que é chamado de isquemia, e tem sua 
severidade conforme o local e tamanho do desenvolvimento da placa 
de ateroma. Segundo Guyton e Hall (2017), isto também acarreta 
disfunções autonômicas que podem interferir negativamente na função 
e no trabalho do coração e vasos sanguíneos.
Geralmente, a isquemia ocorre na realização de esforço físico, uma 
vez que a diminuição de fluxo prejudica a capacidade de suprimento 
da demanda metabólica, gerando sintomas que irão variar conforme a 
região onde a placa de ateroma se encontra. No geral, esses sintomas 
podem incluir: dores de cabeça, na região peitoral e em membros 
inferiores ou superiores e dispneia, além de formigamento, tontura, 
perda de força, hipertensão arterial, elevação exacerbada da FC, enjoo, 
mal estar e falta de coordenação motora dentre outros (PASCHALIS, 
2013; RODRIGUES et al., 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013).
46
Infarto do miocárdio
O infarto do miocárdio está relacionado à presença de isquemia e 
rompimento de placas de ateromas em vasos e artérias do coração. 
Com o rompimento e a obstrução total ou parcial do local lesado, há um 
déficit de oxigênio que acarreta em dano e morte celular, aumento de 
espécies reativas de oxigênio e de inflamação, que dependendo do caso 
e se não for tratado rapidamente, pode levar morte (KEMPF; REUB, 2006; 
BRITTO; PEREIRA, 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013; RODRIGUES et 
al., 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013).
O tratamento, geralmente, é dividido em uma fase aguda de redução 
da lesão, inicialização da cicatrização e proteção contra complicações, 
por exemplo, o surgimento de arritmia e parada cardíaca. Após a 
estabilização do quadro, há uma fase posterior chamada de reabilitação 
cardíaca, na qual o foco é a recuperação funcional e de eventuais 
sequelas (KEMPF; REUB, 2006; RODRIGUES et al., 2013 apud RASO; 
GREVE; POLITO, 2013).
Acidente Vascular Cerebral (AVC)
O AVC é caracterizado como uma síndrome neurológica que induz 
mudanças funcionais e estruturais no encéfalo em função da 
interrupção sanguínea desencadeada por obstruções geralmente 
relacionadas à trombos/coágulos oriundos do rompimento de ateromas 
(AVC isquêmico, entre 80 e 85% dos casos) ou por extravasamento 
sanguíneo relacionado, geralmente, a rompimentos de vasos e 
aneurismas (AVC hemorrágico). Um terceiro tipo de AVC é o transitório, 
que se assemelha ao AVC isquêmico, porém de menor proporção e com 
o trombo/coágulo se dissolvendo voluntariamente (NEGRÃO; BARRETTO, 
2010; ALVES, 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013; GUYTON; HALL, 
2017).
47
Assim como no infarto do miocárdio, é necessário atendimento 
médico agudo e precoce para minimizar sequelas e agravamentos que 
interfiram significativamente na função neuronal/regiões atingidas que, 
dependendo do caso, podem levar à óbito. Posteriormente, também 
há a necessidade de reabilitação para o tratamento e recuperação de 
sequelas (ALVES, 2013).
3. Prescrição de exercícios para a população 
com doenças cardiovasculares
Os exercícios físicos são atividades imprescindíveis e recomendadas 
tanto para prevenção quanto para o auxílio na reabilitação e 
tratamento de doenças cardiovasculares, uma vez que propiciam 
benefícios diretos ao enfretamento de cada uma das fisiopatologias das 
doenças mencionadas, como outros diversos que abrangem aspectos 
biopsicossociais(KEMPF; REUB, 2006; NEGRÃO; BARRETTO, 2010; 
RONDON, 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013).
Um dos aspectos que devem ser observados na prescrição de exercícios 
para pessoas com doenças cardiovasculares é o conhecimento dos 
medicamentos utilizados, uma vez que, isoladamente, podem provocar 
efeitos colaterais, além de interferir nas respostas fisiológicas do 
treinamento físico. Outro ponto sobre os fármacos são os possíveis 
ajustes de dosagem que podem vir a ocorrer em função de adaptações 
benéficas pelo treinamento, por exemplo, o exercício aeróbio 
proporciona efeito hipotensor, ao agrega-lo com o uso do medicamento, 
eventuais reduções podem ser necessárias para evitar hipotensão em 
excesso, devendo o médico ser contatado nestes caos. A seguir, são 
citados os principais medicamentos utilizados pela população com 
doenças cardiovasculares e os aspectos a serem observados (CARDOSO 
JÚNIOR et al., 2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013; LOPES; MUNHOZ, 
2013):
48
- Hipolipemiantes: agentes com esse fim, em especial certas classes de 
estatinas, podem induzir danos musculares e diminuir a oxidação de 
gorduras.
- Anticoagulantes e antiplaquetários: por aumentar o risco de pequenas 
hemorragias em casos específicos, como lesões músculo-articulares, 
atividade de impacto ou com grande contato físico, devem ser evitadas.
- Betabloqueadores, antagonistas de canais de cálcio e outros 
antiarrítmicos: diminuem a FC em repouso e em exercício. Além da FC, 
o treinamento deve ser acompanhado por percepções subjetiva de 
esforço.
- Vasodilatadores: induzem aumento da FC em exercício.
- Diuréticos: maior risco de desidratação e câimbras.
- Nitrato: risco de hipotensão, camuflagem da angina e surgimento de 
dores de cabeça.
- Anti-hipertensivos em geral (inclusive os três medicamentos 
anteriores): podem induzir hipotensão severa, o que justifica atenção 
com quedas e mudanças bruscas de movimentos.
- Digitálicos: aumento da contratilidade cardíaca, o que pode dar um 
irreal estado de aptidão aeróbia.
Outro aspecto de importante atenção é a liberação médica e realização 
do eletrocardiograma (ECG) de esforço, também chamado de teste 
ergométrico. Além da identificação de problemas, com o ECG de 
esforço é possível identificar limiares de isquemia ou de arritmia ou 
hiper-reatividade da PA ao exercício, ou seja, pontos de intensidade 
que podem desencadear estas intercorrências e que seriam zonas de 
intensidade e resposta de PA e FC que não deveriam ser alcançadas 
em hipótese alguma durante a o treinamento. Caso seja possível, o 
49
ergômetro usado no ECG deve ser similar ao tipo de atividade aeróbia 
que será realizada elo indivíduo (NEGRÃO; BARRETTO, 2010; RONDON, 
2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013).
Adicionalmente, algumas situações especificas, como fases logo 
após ao evento agudo de AVC, infarto do miocárdio ou casos mais 
graves de insuficiência cardíaca, justificam a presença de uma equipe 
multidisciplinar composta por outros profissionais da área da saúde 
para otimizar o atendimento nestes casos (KEMPF; REUB, 2006; NEGRÃO; 
BARRETTO, 2010).
Independentemente do tipo de doença cardiovascular, sempre é 
necessário a identificação da existência de limiar isquêmico, arrítmico 
ou de hiperresponsividade da PA, e que o trabalho físico atinja no 
máximo uma intensidade de dez batimento cardíacos a menos que 
o limiar desencadeador de determinado evento. Por particularidade 
hemodinâmicas, autonômicas e termorregulatórias, não são 
recomendadas interrupção brusca dos exercícios e a não realização de 
aquecimento progressivo, realização de atividades em temperaturas 
extremas e mudanças bruscas de posição. Além disso, também deve 
ser evitado manobras de Valsalva, uso de apneia, falha concêntrica 
e isometria nos movimentos, exacerbação de dano muscular e o 
emprego de intensidade que induzam PA sistólica acima 180 mmHg 
e PA diastólica acima de 115 mmHg, exceto em casos específicos 
como o exercício ambulatorial na insuficiência cardíaca e outros casos 
específicos (KEMPF; REUB, 2006, NEGRÃO; BARRETTO, 2010).
No geral, as atividades recomendadas para a população, abrangem o 
trabalho das capacidades físicas aeróbia (que devem ser priorizadas 
na maioria dos casos), de força muscular e flexibilidade. Embora estas 
e outras recomendações e cuidados para a prescrição de exercícios na 
doença cardiovascular se assemelhem, a seguir, são destacados pontos 
específicos conforme cada problema/doença cardiovascular (NEGRÃO; 
BARRETTO, 2010).
50
Exercícios, aterosclerose e isquemia
Treino aeróbio: 3 a 5 vezes/semana; 30 a 60 minutos por sessão de 
treino; intensidade entre 50% a 70% da FC de reserva, podendo chegar 
até 80% se bem tolerado e não atingido o limiar de isquemia (dez 
batimentos abaixo do momento em que os sinais isquêmicos são 
sentidos).
Treino de força: o trabalho deve ser dinâmico e realizado de 2-3 vezes 
na semana; envolver os grandes grupos musculares; ter entre oito a dez 
tipos de exercícios, 2 a 3 séries de 10 a 15 repetições e 60 a 80% de 1 
RM (também respeitar o limiar isquêmico). O intervalo entre séries deve 
variar de 1 a 2 minutos.
Treino de flexibilidade: 2 a 3 vezes/semana, com 1 a 4 séries de 20 a 
30 segundos. que gerem ligeiro desconforto nos principais grupos 
musculares (NEGRÃO; BARRETTO, 2010; BRITTO; PEREIRA, 2013 apud 
RASO; GREVE; POLITO, 2013).
Exercícios e Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
Treino aeróbio: deve ser realizado de 3 a 5 vezes/semana, por 30 a 50 
minutos por sessão e intensidade de 40% a 70% da FC de reserva.
Treino de força: trabalho dinâmico em 2 a 3 vezes/semana, realizado 
com 1 a 3 séries de 10 a 15 repetições, 1 a 2 minutos de pausas entre 
séries e intensidade de 30% a 40% de 1RM para membros superiores e 
50 a 60% de 1RM para membros inferiores.
Treino de flexibilidade: 2 a 3 vezes/semana com pelo menos uma série 
que induza manutenção da posição por 15 a 60 segundos.
O treinamento não deve ser iniciado se a PA estiver maior que 160 x 
100 mmHg. A PA deve ser aferida rotineiramente no pré e durante o 
treino, principalmente em indivíduos que não tenham um controle tão 
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adequado desta variável, neste caso, pelo menos até estabilização do 
quadro deve-se evitar exercícios na água pela dificuldade de aferição da 
PA neste ambiente (NEGRÃO; BARRETTO, 2010; CARDOSO JÚNIOR et al., 
2013 apud RASO; GREVE; POLITO, 2013).
Exercício e insuficiência cardíaca
Treino aeróbio: 4 a 7 vezes/semana, com 20 a 60 minutos por sessão e 
intensidade entre 40% e 80% da FC de reserva.
Treino de força: 2 a 3 vezes/semana, oito a dez exercícios para os 
grandes grupos musculares, 3 a 4 séries de 10 a 15 repetições com 
intensidade entre 40% e 60% de 1RM e 1 a 2 minutos de intervalo entre 
séries.
Treino de flexibilidade: 2 a 3 vezes/semana, foco nos principais grupos 
musculares, 4 séries de manutenção da posição de maior amplitude 
articular por 15 a 60 segundos.
A FC e a PA devem ser monitoradas, rotineiramente, uma vez que 
esta população apresenta essas variáveis elevadas. Embora certas 
recomendações tragam que o exercício pode ser realizado se níveis 
pressóricos em repouso estiverem até 220 x 100 mmHg e possam 
chegar durante o treino a 220 x 105 mmHg, estes valores devem 
ser vistos com cuidados, pois estão mais relacionados à prática em 
ambiente ambulatorial/controlado e acompanhados por equipes 
multidisciplinares. Na ausência desses fatores, não se deve iniciar 
as atividades se a pressão estiver >180 x 110 mmHg. Indivíduos que 
estejam descompensados ou com quadros congestivos não devem se 
exercitar, a não ser que seja em ambiente ambulatorial (KEMPF; REUB, 
2006; NEGRÃO; BARRETTO, 2010; BECHARA et al., 2013 apud RASO; 
GREVE; POLITO, 2013).
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Exercícios e infarto do miocárdio
De acordo com Kempf e Reub (2006) e Rodrigues et al. (2013 apud RASO; 
GREVE; POLITO, 2013), indivíduos que sofreram infarto, passam por um 
processo denominado de reabilitação cardíaca, o qual é dividido em 
quatro fases:
Fase 1: hospitalar,

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