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ECONOMIA BRASILEIRA - AULA 1

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ECONOMIA BRASILEIRA 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Roberto Luiz Remonato 
 
 
2 
UM CONDENSADO DOS FATOS HISTÓRICOS DO BRASIL 
CONVERSA INICIAL 
Antes de analisar as estruturas, os processos e as instituições que 
caracterizam o mundo econômico do século XXI, faz-se necessário recapitular, 
mesmo que superficialmente, algumas etapas decisivas da fascinante história 
econômica na qual o Brasil está inserido. 
No século XVI, a Península Ibérica era um dos agentes mais dinâmicos do 
capitalismo comercial. O Brasil, que estava sob domínio de Portugal, inserido na 
empresa mercantil, colonial e escravocrata que caracterizou a expansão 
ultramarina, se apresentava como uma das peças centrais do intrincado mosaico 
criado pela navegação portuguesa. 
A acumulação primitiva gerada nas colônias determinou um dos veios mais 
significativos da acumulação geral do capitalismo. O Brasil participava desse 
processo como polo exportador de riquezas para todo o continente europeu. Essa 
marca na formação econômica brasileira viria a constituir a matriz da estrutura 
colonial do país, que perdurou até depois da emancipação política para a forma 
estado-nação ocorrida no século XIX (1500-1889). Dentro desse recorte temporal, 
iremos nos concentrar em cinco momentos institucionais distintos: 
1. Da descoberta ao período colonial; 
2. O período do reino unido; 
3. O primeiro reinado; 
4. O período das regências; 
5. O segundo reinado. 
Após esta aula, você estará capacitado para explicar como ocorreu o 
processo brasileiro de colonização, avaliar quais foram os impactos das ações do 
Estado na economia e perceber o processo de formação das instituições brasileiras. 
 
TEMA 1 – DA DESCOBERTA AO PERÍODO COLONIAL 
As principais atividades praticadas no século XVI no Brasil como região 
explorada foram a extração do pau-brasil (já nos primeiros anos do descobrimento) 
e o cultivo da cana-de-açúcar (a partir de 1530). Esta última, por sinal, foi a que 
realmente deu início ao processo de colonização. 
 
 
3 
Foi somente a partir do século XVII, quando ocorreu a União Ibérica – isto é, 
a unificação das coroas de Portugal e Espanha, que o processo de exploração do 
interior do território teve início em direção às terras onde hoje se encontram Amapá, 
Pará e Amazonas. Um movimento de expansão que, entre outros motivos, foi 
fomentado pela busca por metais preciosos, captura de mão de obra indígena para 
atividade açucareira e o interesse comercial pelas “drogas do sertão” – especiarias 
das novas terras que tinham valor comercial no mercado europeu. Pode-se dividir o 
período colonial em três ciclos econômicos distintos, considerando os fatos mais 
impactantes em aspectos socioeconômicos, os quais, em relação às suas 
respectivas datas de início, podem ser ordenados como: 
1. Ciclo da extração do pau-brasil (1501); 
2. Ciclo da produção açucareira (1530); 
3. Ciclo da exploração aurífera (1697). 
No tocante ao Ciclo do Pau-Brasil, os portugueses encontraram em nosso 
território um ativo biológico em que enxergaram certo valor econômico: o pau-brasil, 
uma árvore cujo potencial comercial estava na possibilidade de se extrair dela uma 
tintura vermelha para uso em tecidos e, sendo assim, com considerável demanda 
no mercado europeu. 
A implementação da produção de açúcar deu início ao segundo ciclo 
econômico, quando chegaram ao Brasil algumas centenas de famílias de 
portugueses trazendo animais/gado, plantas e, logicamente, as primeiras peças de 
um engenho de açúcar. A produção açucareira exigia grandes áreas de terras que 
eram sustentadas por meio do uso da mão de obra escrava, que era algo visto como 
normal para as sociedades daquela época. 
O ciclo aurífero foi o resultado favorável das expedições dos bandeirantes na 
exploração do interior do Brasil. As bandeiras eram expedições particulares que, 
fomentadas pela Coroa, percorriam os sertões buscando metais preciosos, drogas 
e ameríndios. Apesar de toda a riqueza movimentada durante o ciclo do ouro, o 
nível da concentração de renda na mão de poucos era gritante. Poucos eram muito 
ricos (em geral, os grandes mineradores e comerciantes) e muitos eram muito 
pobres (o restante da população). Durante o auge do ciclo aurífero, o Brasil se 
posicionou como o maior fornecedor mundial desse metal precioso. O mais 
interessante sobre esse fato é que, apesar do tratado colonial, ou melhor, 
justamente por causa dele, boa parte de toda essa riqueza não ficou nem em 
Portugal, nem no Brasil. O destino final do ouro tupi-guarani foram os cofres 
 
 
4 
britânicos. Em verdade, foi esse ouro que financiou a famosa Revolução Industrial 
da Inglaterra e, ainda, deu fôlego ao Reino Unido para enfrentar o bloqueio 
comercial napoleônico. 
No início do século XIX, o ambiente político na Europa não estava nada bom. 
Napoleão Bonaparte obrigou os países do continente europeu a participarem do 
bloqueio comercial que impusera à Inglaterra em sua tentativa de se tornar 
imperador absoluto do território europeu. Dentre esses países, por ter uma relação 
comercial forte com a Inglaterra, Portugal protelou a apresentação de sua posição 
de apoio às ordens napoleônicas e, como resultado, as forças francesas se puseram 
a marchar para Portugal, obrigando a família real e a elite próxima a ela a fugir 
rapidamente para o Brasil, motivo pelo qual aproximadamente 15 mil portugueses 
(entre outros, realeza, nobreza, intelectuais, magistrados e importantes 
comerciantes) realizaram uma longa viagem até o Novo Mundo. Foi assim que se 
originou o fim da fase colonial do Brasil. 
 
TEMA 2 – O PERÍODO DO REINO UNIDO 
A chegada da corte de Dom João, o príncipe regente, ao Brasil em 1808, 
provocou uma alteração na estrutura institucional da colônia, provocando 
importantes alterações socioeconômicas – abertura dos portos às nações amigas; 
criação do Banco do Brasil; estabelecimento de privilégios comerciais à Inglaterra; 
elevação do Brasil à categoria de Reino Unido a Portugal; e o fomento da cultura 
cafeeira. 
Com a abertura dos portos deu-se a ruptura do Pacto Colonial e a inserção 
direta do Brasil no mercado internacional (na prática, com a Inglaterra), pois o pacto 
vigente determinava que todas as exportações e importações brasileiras deveriam 
ser realizadas exclusivamente com Portugal. 
A criação do Banco do Brasil proveu o sustentáculo necessário para a 
organização de um cenário econômico e financeiro que fomentasse o processo de 
industrialização no Brasil. 
Quanto à primazia da Inglaterra para com o comércio local, convém lembrar 
que, nesse período, ela era a nação referência em produtos manufaturados e 
Portugal estava em dívida com os ingleses, tanto por questões econômicas como 
por aspectos políticos. O que a Inglaterra realmente queria não eram privilégios para 
comercializar aqui os produtos feitos nas Ilhas Britânicas, mas sim privilégios para 
produzir no Brasil, tendo vantagens comparativas aos produtos que viriam de outras 
 
 
5 
nações. 
Quanto à elevação do Brasil ao status de Reino Unido, esse movimento 
tratava-se de uma articulação política dada à presença da família real em solo 
brasileiro, para que ela não perdesse seu status de líder político lusitano por estar 
longe de Lisboa. 
Com relação ao fomento da cultura cafeeira, destaque-se que o cultivo desse 
produto já era praticado no Brasil desde o século XVIII, graças a uma operação de 
espionagem biotecnológica na qual o Brasil contrabandeou da Guiana Francesa 
uma muda do café arábico. Entretanto, foi somente no início da década de 1810 que 
seu plantio assumiu relevância no território brasileiro – entre outros motivos, pelos 
incentivos de Dom João VI, que mandou trazer novas espécies de sementes de café 
da África e as distribuiu para os proprietários de terras que eram próximos à corte. 
Apesar de o Brasil ainda levar cerca de trintaanos para amadurecer comercialmente 
no cenário internacional do café, a decisão de Dom João ajudou a mudar o rumo da 
economia do país a partir de 1850 e, por consequência, favoreceu a vida política de 
seu neto, Dom Pedro II. 
Na sequência, no próximo tema, abordaremos os eventos que levaram o 
Brasil a se tornar uma terra independente de Portugal e o caminho que trilhou até a 
Proclamação da República. 
 
TEMA 3 – O PRIMEIRO REINADO 
Quando o então príncipe regente, Dom Pedro I, tornou-se o imperador, o 
Brasil passava por uma situação política tensa e com uma visível crise econômica, 
entre outros motivos, em decorrência de dificuldades referentes como o fim do ciclo 
do açúcar, a redução do volume de ouro extraído devido ao esgotamento dos 
aluviões e lavras; a carência fiscal na importação em virtude de privilégios dados à 
Inglaterra por Dom João; e as vantagens incipientes no café, que só seriam 
significantes no Segundo Reinado. 
Com o retorno de Dom João VI a Lisboa, a corte se despediu do Brasil e 
retornou à Portugal com alguns "suvenires" da terra visitada: nesse caso, ouro e 
dinheiro que estavam no Banco do Brasil. O volume de ouro que partiu com a família 
real comprometeu ainda mais a já delicada situação econômica do Brasil, 
principalmente no período pós-independência. A elite portuguesa, além de reduzir 
o poder do rei, também exigiu que o príncipe regente tomasse providências para 
que o Brasil retornasse ao status de colônia portuguesa e passou a exigir o retorno 
 
 
6 
imediato de Dom Pedro a Lisboa, o que não aconteceu. 
Meses antes do “grito” da independência, Dom Pedro já havia sido notificado 
que deveria retornar à sua terra natal, decreto que se recusou a cumprir por ter 
recebido um pedido formal do povo brasileiro para ficar – evento conhecido como o 
“Dia do Fico”. Posteriormente, o jovem nobre ainda resolveu estabelecer que 
qualquer ordem de Portugal, para ser aplicada no território brasileiro, precisaria 
contar antes com sua assinatura. E em junho de 1822 resolveu promulgar uma nova 
constituição para o Brasil, demonstrando claramente sua recusa ao retorno do Pacto 
Colonial. 
No tocante ao custo financeiro da Independência, o que se observa é que o 
combate às revoltas internas exigiu expressivas quantias monetárias para evitar a 
desfragmentação do território. Já no cenário externo, as instituições internacionais 
na época impunham ao Brasil a obrigação de indenizar Portugal pela sua ruptura 
com a metrópole. Como não tinha caixa, o Brasil contraiu dívidas com a Inglaterra, 
mediante uma série de promessas. 
Para financiar o agora Imperador do Brasil, a Inglaterra impôs a renovação 
dos privilégios comerciais britânicos em solo brasileiro por mais quinze anos e exigiu 
o compromisso do regente de pôr fim ao tráfico externo de negros. 
Esse era o cenário pós-independência: um país endividado externamente, 
dependente da Inglaterra para questões comerciais e financeiras, pressionado 
externamente para eliminar o pilar de sua estrutura econômica (a escravatura) e 
internamente para mantê-la. Éramos um país com problema de caixa, estagnado 
quanto ao desenvolvimento de manufatura e com uma elite agrária desconfiada 
sobre as pretensões de seu imperador sobre o tráfico negreiro. 
Nesse ambiente tão conturbado encontramos algumas das raízes dos 
movimentos que levaram Dom Pedro a abdicar do trono em favor de seu filho. 
 
TEMA 4 – O PERÍODO DAS REGÊNCIAS 
O Período Regencial é o período compreendido entre a abdicação de Dom 
Pedro I e a "Declaração da Maioridade" de seu filho Dom Pedro II. Dom João VI 
morreu em 10 de março de 1826 e o trono de Portugal, por direito, era de Dom 
Pedro I. Todavia, em razão das instabilidades que ocorriam no território brasileiro, 
ele abdicou do trono português em favor de sua filha Maria da Glória. 
O que aconteceu em seguida, de forma resumida, é que Miguel, o irmão mais 
novo de Dom Pedro, deu um golpe de Estado e assumiu o trono português. 
 
 
7 
Perante esse contexto de usurpação na Europa e insatisfação do povo no 
Brasil para com seu governo, Dom Pedro I abdicou de seu reinado no Brasil em 7 
de abril de 1831, em favor de seu filho Dom Pedro II, que, na época, tinha apenas 
5 anos de idade, voltou para Portugal para lutar pelos direitos de sua filha e não 
retornou mais para o Brasil. 
Nascido a 2 de dezembro de 1825, Pedro II tinha, quando da renúncia 
paterna, apenas 5 anos e 4 meses, não podendo, portanto, assumir o governo que, 
por força da lei, seria dirigido por uma regência integrada por três representantes. 
Durante esta década sucederam-se quatro regências: A Provisória Trina 
(aproximadamente 70 dias), a Permanente Trina (aproximadamente 4 anos), a Una 
do Padre Feijó (aproximadamente 2 anos) e a Una de Araújo Lima 
(aproximadamente 4 anos). 
Foi um dos mais importantes e agitados períodos da História brasileira; nele 
se firmaram a unidade territorial do país e a estruturação das Forças Armadas, além 
de serem discutidos o grau de autonomia das províncias e a centralização do poder. 
Ocorreram nesta fase uma série de rebeliões, todas mostrando o descontentamento 
com o poder central e as tensões sociais latentes da nação recém-independente. 
Além das inúmeras revoltas, carecia-se de um produto de destaque para 
garantir fluxo razoável de renda ao país, faltava um governo institucionalmente forte 
e, por fim, o país não contava com uma estrutura política eficiente que pudesse 
fomentar o desenvolvimento da manufatura. Tudo isto fez a elite perceber que era 
necessário um governo central forte, capaz de servir como símbolo para a união do 
território. Dentro desse contexto, Dom Pedro II precisou ser emancipado aos 15 
anos de idade para assumir o trono e tornar-se esse símbolo pacificador, um 
personagem revestido do poder histórico para conter os ânimos das diferentes 
lideranças do país. Presenciamos, aqui, o início do Segundo Reinado, que ficou 
marcado na história como um período de relativa paz interna e de prosperidade 
econômica. 
 
TEMA 5 – O SEGUNDO REINADO 
No aspecto econômico, o reinado de Dom Pedro II foi agraciado com o 
término dos privilégios fiscais dos produtos ingleses e com a ascensão do café 
brasileiro no mercado internacional. Esse período foi o auge do império e da cultura 
cafeeira. A produção do café trouxe estabilidade econômica para o Brasil. 
Apesar disto, ocorreram dois eventos políticos que foram caóticos para o 
 
 
8 
Segundo Reinado, pois, quando estes interagiram, estimularam a proclamação da 
República. O primeiro evento se deu quando o acordo fiscal com a Inglaterra 
expirou: isso começou uma operação para interceptar os navios que vinham ao 
Brasil com escravos, criando um problema de oferta de mão de obra para as áreas 
agrícolas. Este fato, aliado à decadência da atividade açucareira no Nordeste, 
incentivou o comércio interno de escravos dos canaviais nordestinos para os 
cafezais na Região Sudeste. Com o passar dos anos, a dependência da economia 
brasileira para com escravos foi caindo em razão do custo elevado desses 
trabalhadores e, também, em decorrência da Lei do Ventre Livre, da Lei dos 
Sexagenários e da Lei Áurea. 
Neste período aconteceu também a Guerra do Paraguai, um conflito de 
quase seis anos entre o Brasil e o Paraguai, ocorrido entre 1864 e 1870. O custo 
com o qual o imperador teve que arcar para proteger o território brasileiro não foi 
baixo; entre outros itens, teve gastos com recrutamento, salários de militares, armas 
e equipamentos diversos. Esses dispêndios acabaram por consumir as reservas 
que até então haviam sido acumuladas durante o Segundo Reinado e, ainda, 
impuseram ao Brasil a necessidade de captar recursos junto à Inglaterra. 
Da união desses diferentes eventos que antecederam a República, surgiram 
novos grupos sociais que começavam a se destacar, como os representantes do 
núcleo urbano (oriundos do processode imigração), os grupos militares (unidos pela 
Guerra do Paraguai), os novos capitalistas (provenientes da cafeicultura do oeste 
paulista) etc. Devido a essa conjuntura de acontecimentos, Dom Pedro II perdeu o 
apoio da elite agrária clássica ao não pagar a indenização dos escravos libertos que 
era exigida pelos fazendeiros. O imperador também viu enfraquecer o apoio dos 
militares, ao não gerenciar adequadamente os atritos nas relações entre os oficiais 
e a base governista. 
Diante desse contexto, a República brasileira nasceu da mesma forma que o 
processo da independência em 1822, qual seja, sem a participação do povo. 
Tratava-se de uma articulação e manipulação de específicos grupos influentes em 
suas respectivas épocas. Dom Pedro II foi avisado que ocorrera um golpe no dia 16 
de novembro de 1889, quando chegava de viagem a Petrópolis. Sem relutar, saiu 
do Brasil para a Europa no dia 17 e dois anos depois morreu em Paris, aos 66 anos. 
 
 
 
 
9 
NA PRÁTICA 
Vimos que com a invasão de Portugal pelas tropas napoleônicas a família 
real fugiu para o Brasil. Dom João VI, enquanto esteve no Brasil, distribuiu sementes 
de café, cuja cultura foi beneficiada pelos recursos existentes. Com a pressão da 
Inglaterra pelo término do comércio de escravos, procurou-se mão de obra no 
interior do Brasil, contribuindo para o ciclo aurífero. 
Mas o que aconteceria se Napoleão não tivesse invadido Portugal? Talvez a 
família real não teria vindo ao Brasil, e se Dom João não estivesse no Brasil, não 
haveria distribuição de sementes de café aos proprietários de terras próximos ao 
Rio de Janeiro. E se o ciclo aurífero tivesse começado um pouco mais cedo (como 
foi o caso das colônias espanholas)? Não teríamos, na época do cultivo do café, 
recursos produtivos remanescentes no Vale do Paraíba para serem usados nas 
fazendas que então emergiam. E se as fazendas de café não tivessem acesso fácil 
aos recursos produtivos? Talvez a cultura do café não tivesse se desenvolvido. 
Talvez a presença de uma dessas suposições tivesse evitado o apogeu do 
café e assim não teríamos a estabilidade política do Segundo Reinado tampouco a 
política do café com leite na Primeira República (a qual será estudada na aula 
seguinte). Ou, talvez, tivéssemos; pois outras variáveis poderiam ter surgido em 
torno desse cenário favorecendo a cultura cafeeira ou até mesmo um novo produto 
econômico. A questão é que ninguém pode afirmar que sabe o que teria acontecido. 
São muitas variáveis presentes em um cenário socioeconômico. Por esse motivo é 
que devemos, sempre que possível, analisar a formação econômica do Brasil sob a 
luz dos fatos históricos e, com base neles, procedermos nossas análises e nossas 
considerações sobre o desenvolvimento de uma sociedade. 
Tarefa 
1. Leia o texto “Uma leitura do Brasil colonial – bases da materialidade e da 
governabilidade no Império”, disponível em <https://dialnet.unirioja.es/descarga/
articulo/2655500.pdf>. Acesso em: 5 out. 2018. 
2. O artigo procura demonstrar que a formação da sociedade colonial e das suas 
elites senhoriais pode ser entendida com base no conceito de economia do bem 
comum. 
3. Defina "economia do bem comum" e cite exemplos encontrados no Capítulo 1 do 
livro base deste curso (SILVA, E. Formação Econômica do Brasil. Curitiba: 
InterSaberes, 2016). 
 
 
10 
FINALIZANDO 
Nestes cinco temas observamos que o processo de colonização do Brasil 
demorou praticamente meio século para acontecer, dentre outros motivos, pelo fato 
de as expedições portuguesas não terem encontrado de imediato qualquer sinal de 
metais preciosos nas novas terras. Todavia, o pau-brasil, já nos primeiros anos de 
colonização, começou a ser explorado por meio da atividade de escambo com os 
ameríndios. Com o tempo, dado o risco de perderem as novas terras para 
aventureiros, os colonizadores passaram a praticar o cultivo da cana-de-açúcar. 
Devido às condições favoráveis do clima brasileiro e à experiência que detinham 
sobre essa monocultura, houve intensivo uso do trabalho escravo. O Brasil, em 
pouco tempo, tornou-se o maior fornecedor de açúcar do mundo, todavia, a 
concorrência internacional reduziu as margens de lucro dos engenhos e, 
gradativamente, o produto perdeu importância na balança comercial. 
Na mesma época em que se iniciou o declínio do açúcar, foram descobertos 
metais preciosos no país, achado que resultou em um rápido crescimento 
populacional, via imigração europeia, assim como o surgimento do comércio entre 
as regiões brasileiras. Contudo, essas lavras se esgotaram rapidamente, e o Brasil 
ficou por um bom tempo sem substituto econômico. 
Somente no início do Segundo Reinado surgiram os frutos econômicos das 
fazendas cafeeiras, oriundas do fomento realizado por Dom João VI no início do 
século XIX. A cultura cafeeira floresceu e se manteve forte em todo o período de 
governo de Dom Pedro II, fato que permitiu ao Brasil certa tranquilidade econômica 
e social, até que os eventos da República promovessem um movimento de inflexão 
na história brasileira. 
Saiba mais 
INDEPENDÊNCIA ou morte. Direção: Carlos Coimbra. Brasil: Embrafilme, 1972. 
108 min. 
 
 
 
 
 
11 
REFERÊNCIAS 
ABREU, M. de P. (Org.). A ordem do progresso: dois séculos de política 
econômica no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. 
ANTONIO FILHO, F. D. Sobre a palavra "sertão": origens, significados e usos no 
Brasil. Ciência Geográfica, vol. XV, n. 1, p. 84-87, 2011. Disponível em: 
<http://www.agbbauru.org.br/publicacoes/revista/anoXV_1/AGB_dez2011_artigos_
versao_internet/AGB_dez2011_11.pdf>. Acesso em: 5 out. 2018. 
LACERDA, A. C.; RÊGO, J. M.; MARQUES, R. M. Economia brasileira. 3. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2006. 
LEITE, A. D. A Economia brasileira – de onde viemos e onde estamos. 2 ed. São 
Paulo: Elsevier, 2011 
SILVA, E. Formação econômica do Brasil. Curitiba: InterSaberes, 2016.

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