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Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) Autor: Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira 06 de Fevereiro de 2022 39124916900 - rafaela fias badblda 1 Sumário MOTIVAÇÃO DA AULA .......................................................................................................................... 2 1. CONTEXTUALIZAÇÃO ........................................................................................................................ 3 2. PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE ......................................................................................................... 5 3. NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL ................................................................................................. 14 4. NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL .................................................................................................. 25 4.1 - Objetivo, utilidade e limitações do relatório financeiro de propósito geral ....................................... 25 4.2 – Características qualitativas de informações financeiras úteis ............................................................. 26 4.3 – Restrições do custo sobre relatórios financeiros úteis ....................................................................... 32 4.4 – Elementos das Demonstrações Contábeis ........................................................................................ 33 4.5 – Reconhecimento dos Elementos das Demonstrações Contábeis ...................................................... 34 4.6 – Mensuração dos Elementos das Demonstrações Contábeis ............................................................. 35 5. LISTA DE QUESTÕES ....................................................................................................................... 39 6. GABARITO .................................................................................................................................... 48 7. QUESTÕES COMENTADAS ............................................................................................................... 49 8. RESPOSTAS DAS QUESTÕES SUBJETIVAS ........................................................................................... 71 9. RESUMO EM MAPAS E ESQUEMAS .................................................................................................... 75 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................... 82 Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 2 MOTIVAÇÃO DA AULA Vamos pensar um pouco no tema da aula de hoje? Tente responder as perguntas a seguir. LISTA DE PERGUNTAS 1) Quais são os princípios de contabilidade previstos na Res. CFC nº 750/93? 2) Qual é o alcance da NBC TSP Estrutura Conceitual? 3) O que é o Relatório Contábil de Propósito Geral das Entidades do Setor Público (RCPG)? 4) Quais os objetivos da elaboração e divulgação da informação contábil? 5) Quais os usuários dos RCPGs? 6) Quais as características qualitativas da informação incluída nos RCPGs, segundo a NBC TSP Estrutura Conceitual? 7) O que é Relevância? 8) Quais as características da representação fidedigna? 8) Explique a característica da Tempestividade. 9) Explique a característica da Comparabilidade. 10) Diferencie comparabilidade de consistência. 11) Explique a característica da Verificabilidade. 12) Quais os elementos das Demonstrações Contábeis, segundo a NBC TSP Estrutura Conceitual? E segundo a NBC TG Estrutura Conceitual? 13) Quais as características qualitativas fundamentais da informação, segundo a NBC TG Estrutura Conceitual ? 14) Quais as características qualitativas de melhoria da informação, segundo a NBC TG Estrutura Conceitual? Se você não tem certeza de uma ou algumas das respostas a esses questionamentos, não se preocupe. Fique atento que esses temas serão abordados ao longo da aula de hoje! Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 3 1. CONTEXTUALIZAÇÃO No Brasil, um dos primeiros documentos que tratou da estrutura conceitual para a Contabilidade foi a Resolução do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) nº 750/1993 – um dos temas desta nossa aula. Tal documento descrevia – basicamente – o que à época se denominava de Princípios Fundamentais de Contabilidade, bem como as características básicas que precisavam estar contidas na informação contábil. Com o advento da Lei nº 11.638/07, e a decisão pela convergência da Contabilidade brasileira às Normas Internacionais, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) emitiu – em 2008 – seu Pronunciamento Conceitual Básico – Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis (também conhecido como CPC 00). Já em 2011, o CPC 00 foi revisto e atualizado, passando a ser designado CPC 00 (R1) – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro. Em paralelo ao surgimento do CPC 00, foi publicada a NBC TG Estrutura Conceitual (outro tema de estudo desta nossa aula), normativo que praticamente replica o conteúdo do primeiro (CPC 00). As novidades trazidas pelo CPC 00 e pela NBC TG Estrutura Conceitual dizem respeito às definições dos principais elementos contábeis: ativo, passivo, receita e despesa. Adicionalmente, esses normativos não utilizam a denominação de princípios fundamentais (previstos na Res. CFC nº 750/93), ou de princípios contábeis geralmente aceitos, etc. Em seu lugar, são apresentadas as chamadas Características Qualitativas da Informação Contábil (relevância, materialidade, representação fidedigna, etc.). De maneira mais efetiva, o grande diferencial desses documentos reside na sua muito maior aderência ao conceito da Primazia da Essência Sobre a Forma, conceito essa adotado de maneira efusiva pelas normas internacionais. A despeito da não previsão dos Princípios de Contabilidade tanto pelo CPC 00 quanto pela NBC TG Estrutura Conceitual, tais institutos permaneceram no ordenamento normativo até a publicação, no ano de 2016, da NBC TSP - Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Informação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do Setor Público (mais um tema de estudo da aula de hoje). É que a NBC TSP Estrutura Conceitual, que também segue a linha de convergência às normas internacionais, revogou expressamente a Res. CFC nº 750/93 (e as resoluções posteriores que a alteraram). Normativos como a NBC TG Estrutura Conceitual e a NBC TSP Estrutura Conceitual têm a característica de não significar uma norma, uma regra, mas sim um conjunto básico de princípios a serem seguidos na elaboração das normas propriamente ditas, bem como na sua aplicação. A NBC TSP – Estrutura Conceitual norteia toda a Contabilidade Pública. Um dos principais pontos da norma é a definição da sociedade como usuária principal da informação contábil, o que facilita a transparência e o controle social de forma geral. Estão submetidos à norma os governos nacionais, estaduais, distritais e municipais e seus respectivos poderes, incluindo os Tribunais de Contas, Defensorias e Ministério Público. Ainda, Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 4 incluem-se órgãos, secretarias, departamentos, agências, autarquias, fundações instituídas e mantidas pelo poder público, dentre outros. Apresentamos, a seguir, a linha do tempo dos normativos tratados nesta nossa aula (e outros correlatos), desdea publicação da Res. CFC nº 750/93, até sua revogação – ocorrida com a publicação da NBC TSP Estrutura Conceitual. 1993 • Publicação da Res. CFC nº 750/1993, que dispunha sobre os “Princípios Fundamentais de Contabilidade” (PFC). 2008 • Resolução CFC nº 1.111/2008 - Interpretação dos PFC sob a perspectiva do setor público. NBC T 16.1 a 16.10. 2010 • Alteração da Res. CFC nº 750/1993 - Passou a dispor sobre os “Princípios de Contabilidade”. Exclusão do princípio da atualização monetária. 2011 • Nova redação da NBC TG – Estr. Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil Financeiro (correlata ao “CPC 00” R1) 2016 • Revog. da Res. CFC nº 750/1993 e Aprovação da NBC TSP – Estr. Conceitual para Elab. e Divulg. de Inform. Contábil de Prop. Geral pelas Ent. do Setor Público . Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 5 2. PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE Um princípio contábil é um axioma da doutrina e das teorias relativas às disciplinas contábeis, sendo, portanto, imutável no tempo e espaço. Quando da publicação da resolução CFC nº 750/1993, utilizava-se a denominação Princípios Fundamentais da Contabilidade, sendo eles – em total de 07 (sete) – os seguintes: o princípio da Entidade, da Continuidade, da Oportunidade, do Registro pelo Valor Original, da Atualização Monetária, da Competência e da Prudência. Após a publicação da Res. CFC nº 1.282/2010, que alterou a 750/93, foi excluído o princípio da Atualização Monetária, restando apenas 06 (seis) postulados, que passaram a ser denominados Princípios de Contabilidade. Como dito na seção Contextualização, com a publicação da NBC TSP Estrutura Conceitual, em 04/10/2016 – com efeitos a partir de 01/01/2017, foram revogadas as resoluções 750/93 e as posteriores que a alteraram (incluída a Res. 1.282/10). Em que pese a revogação da Res. CFC nº 750/1993, os princípios contábeis subsistem, porque a doutrina ainda os reconhece. Atualmente, no entanto, não há base legal para sustentá-los. Independentemente de qualquer controvérsia, para nós o importante é que alguns Editais ainda preveem os Princípios de Contabilidade, sendo comum sua cobrança em provas ainda nos dias de hoje. Segundo a Resolução CFC nº750/1993, os Princípios de Contabilidade: ✓ São de observância obrigatória no exercício da profissão; ✓ Constituem condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC); ✓ Traduzem a prevalência da essência sobre a forma; ✓ Representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade São Princípios de Contabilidade: I) o da ENTIDADE; II) o da CONTINUIDADE; III) o da OPORTUNIDADE; IV) o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL; V) o da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA; (Revogado pela Resolução CFC nº. 1.282/10) VI) o da COMPETÊNCIA; e VII) o da PRUDÊNCIA. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 6 Princípio da Entidade: ✓ Reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade; ✓ Afirma a autonomia patrimonial e a necessidade de diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes; ✓ O patrimônio da sociedade ou instituição não se confunde com o patrimônio dos sócios ou proprietários; ✓ O Patrimônio pertence à Entidade, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova Entidade, mas numa unidade de natureza econômico-contábil. Princípio da Continuidade ✓ Pressuposto de que a entidade continuará em operação no futuro; ✓ A mensuração e a apresentação dos componentes patrimoniais levam em conta tal premissa. Princípio da Oportunidade ✓ Refere-se ao processo de mensuração e apresentação de informações íntegras e tempestivas; ✓ A falta de integridade e tempestividade na produção e divulgação da informação contábil pode ocasionar a perda de sua relevância; Princípio do Registro pelo Valor Original ✓ Determina que os componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional; ✓ As seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em graus distintos e combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas: Bases de Mensuração ATIVO PASSIVO Custo Histórico Valor pago na data da aquisição Valores recebidos ou aqueles necessários para liquidação no curso normal das operações Custo Corrente Valores pagos para aquisição na data do balanço/demonstrações contábeis Valor para liquidar a obrigação na data do balanço/demonstrações contábeis Valor Realizável Valores obtidos pela venda de forma ordenada Valor para liquidar a obrigação no curso normal das operações da Entidade Valor Presente Valor presente do fluxo futuro de entradas esperado no curso normal Valor presente do fluxo futuro de saídas esperado para liquidação no curso normal Valor Justo Valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação sem favorecimentos Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 7 Além das mencionadas anteriormente, uma das bases de mensuração previstas no escopo do Princípio do Registro pelo Valor Original é a Atualização Monetária (antes considerada um Princípio “autônomo”). De acordo com esta base de mensuração, os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis mediante o ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais. São resultantes da adoção da atualização monetária: I – a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não representa unidade constante em termos do poder aquisitivo; II – para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações originais, é necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que permaneçam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por consequência, o do Patrimônio Líquido; e III – a atualização monetária não representa nova avaliação, mas tão somente o ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de indexadores ou outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda nacional em um dado período. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda ==2267bb== 8 Princípio da Competência ✓ As receitas e despesas (ou “os efeitos das transações e outros eventos”) devem ser reconhecidas nos períodos a que se referem, independente de recebimento ou pagamento; ✓ Pressupões simultaneidade da confrontação de receitas e despesas correlatas; Princípio da Prudência ✓ Em alternativas igualmente válidas, deve-se adotar o menor valor para o ativo e do maior valor para o passivo; ✓ Exige precaução no exercício dos julgamentos necessários às estimativas em condições de incerteza, no sentido de que ativos e receitas não sejam superestimados e que passivos e despesas não sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais. (CETRO - Auditor Fiscal Tributário Municipal de São Paulo - Gestão Tributária - 2014) Segundo a Resolução CFC nº 750/1993, atualizada pela Resolução CFC nº 1.282/2010, marque V para verdadeiro ou F para falso e, em seguida, assinalea alternativa que apresenta a sequência correta. ( ) O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, dependendo do recebimento ou pagamento. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 9 ( ) O Princípio da Prudência determina sempre a adoção do menor valor para os componentes do Ativo e do maior para os do Passivo, sempre que se apresentem alternativas diferentes para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido. ( ) O Princípio da Entidade reconhece o patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. a) V/ V/ V b) F/ V/ F c) F/ F/ V d) V/ V/ F e) F/ F/ F Comentários: Comentário de cada alternativa: I. FALSO. O erro está na palavra “dependendo”, pois o correto seria “independentemente”. Veja: Art. 9º O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento. II. FALSO. O erro está na palavra “diferentes”, pois o correto seria “igualmente válidas”. Art. 10. O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido. III. VERDADEIRO, nos termos do Art. 4º, da Res. CFC nº 750/93 (abaixo transcrito). Art. 4º O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Portanto, alternativa correta é C. (FCC - AC TCE PR/TCE-PR/Jurídica - 2011) Na análise dos demonstrativos contábeis, um auditor deparou-se com valores inconsistentes. Diante desse fato, após a verificação da validade das alternativas, para a execução da auditoria ele adotou o menor valor para os componentes do ativo e o maior para os do passivo. A medida tomada pelo auditor atendeu ao princípio da a) entidade. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 10 b) prudência. c) razoabilidade. d) oportunidade. e) competência. Comentários: Segundo a Resolução CFC nº 750/1993, atualizada pela Resolução CFC nº 1.282/2010, “PRUDÊNCIA: determina a adoção do menor valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.” Portanto, alternativa correta é B. (CESPE - Analista Judiciário (TRT 7ª Região) / Administrativa / Contabilidade/CESPE - 2017) Uma loja estava ofertando uma máquina de lavar e secar roupas por determinado preço, que poderia ser parcelado em quatro vezes iguais e sem acréscimo. Se o cliente pagasse à vista, teria um desconto de 10% sobre o valor anunciado. Um cliente, ao certificar-se das condições de venda nessa loja, dirigiu-se a outras lojas, a fim de conferir o preço do bem, e constatou que, nessas outras lojas, o preço à vista era igual ao preço com desconto de 10% que estava sendo oferecido pela primeira loja. Nessa situação hipotética, o preço do bem com 10% de desconto corresponde ao a) custo corrente. b) valor presente. c) valor justo. d) valor realizável. Comentários: Questão aborda uma das bases de mensuração do ativo – valor justo. O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional. As seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em graus distintos e combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas: Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 11 Portanto, alternativa correta é C. Segundo a Resolução CFC nº750/1993, “Valor justo é o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação sem favorecimentos”. Esse conceito está alinhado ao CPC 46 (Mensuração do Valor Justo), que estabelece normas acerca da mensuração de um ativo ou passivo a valor justo. Veja: Definição de valor justo 9. Esta Norma define valor justo como o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data de mensuração. [grifo nosso] A alternativa demonstra um caso prático que se encaixa no conceito de valor justo, qual seja: “Se o cliente pagasse à vista, teria um desconto de 10% sobre o valor anunciado. Um cliente, ao certificar-se das condições de venda nessa loja, dirigiu-se a outras lojas, a fim de conferir o preço do bem, e constatou que, nessas outras lojas, o preço à vista era igual ao preço com desconto de 10% que estava sendo oferecido pela primeira loja”. Analisando as alternativas: Letra A) ERRADA. Verifica-se que há avaliação do valor do ativo no momento da negociação conforme o preço de mercado, e não na data do balanço. Letra B) ERRADA. Não há informações suficientes sobre descontos de fluxos de caixa para evidenciar o valor do ativo caso fosse comprado à vista. Letra D) ERRADA. Quando se fala em valor realizável, o ativo é mensurado pelo seu valor de saída, ou seja, no momento da venda. Veja que a situação do enunciado ainda está na fase de aquisição (compra). (FCC – Agente de Defensoria Pública (DPE SP)/Contador - 2013) Em relação aos Princípios de Contabilidade, considere: Bases de Mensuração ATIVO PASSIVO Custo Histórico Valor pago na data da aquisição Valores recebidos ou aqueles necessários para liquidação no curso normal das operações Custo Corrente Valores pagos para aquisição na data do balanço/demonstrações contábeis Valor para liquidar a obrigação na data do balanço/demonstrações contábeis Valor Realizável Valores obtidos pela venda de forma ordenada Valor para liquidar a obrigação no curso normal das operações da Entidade Valor Presente Valor presente do fluxo futuro de entradas esperado no curso normal Valor presente do fluxo futuro de saídas esperado para liquidação no curso normal Valor Justo Valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação sem favorecimentos Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 12 I. Na aplicação dos Princípios de Contabilidade, há situações concretas em que os aspectos formais devem prevalecer sobre a essência das transações. II. O Princípio da competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas. III. Os princípios do Registro pelo Valor Original, Atualização Monetária, Competência e Prudência são princípios de contabilidade.IV. O princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e tempestivas. De acordo com a Resolução CFC no 750/93 e alterações posteriores, está correto o que se afirma APENAS em a) II e IV. b) I e III. c) II, III e IV. d) I e IV. e) I e II. Comentários: Analisando cada item: I. Errado. Está invertido. O correto seria a prevalência da essência sobre a forma. II. Correto. III. Errado. A Atualização Monetária deixou de ser um princípio contábil “autônomo” desde 2010. IV. Correto. Gabarito: A. (FCC –Auditor do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo - 2013) Em relação aos fatores que podem ocasionar variações nos componentes patrimoniais, ativos e passivos, após serem integrados ao Patrimônio, considere as afirmativas a seguir: I. Atualização Monetária: os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis por meio do ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais. II. Valor Justo: os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou no período das demonstrações contábeis. III. Custo Corrente: os passivos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que seriam necessários para liquidar a obrigação na data ou no período das demonstrações contábeis. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 13 IV. Valor Presente: os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal das operações de uma entidade. Está correto o que se afirma em a) I, II e III, apenas. b) II e III, apenas. c) I, III e IV, apenas. d) II e IV, apenas. e) I, II, III e IV. Comentários: Analisando cada item: I. Correto. II. Errado. Foi apresentado o conceito de Custo corrente. III. Correto. IV. Correto. Gabarito: C. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 14 3. NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL A Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Informação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do Setor Público estabelece os conceitos que devem ser aplicados no desenvolvimento das demais Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCs TSP) do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Além disso, tais conceitos são aplicáveis à elaboração e à divulgação formal dos Relatórios Contábeis de Propósito Geral das Entidades do Setor Público (RCPGs). O objetivo principal da maioria das entidades do setor público, segundo a norma, é prestar serviços à sociedade, ao invés vez de obter lucros e gerar retorno financeiro aos investidores. Em consequência, o desempenho de tais entidades pode ser apenas parcialmente avaliado por meio da análise de sua situação patrimonial, desempenho e fluxos de caixa. Os RCPGs fornecem informações aos seus usuários para subsidiar os processos decisórios e a prestação de contas e responsabilização (accountability). Portanto, os usuários dos RCPGs das entidades do setor público precisam de informações para subsidiar as avaliações de algumas questões, tais como: (a) se a entidade prestou seus serviços à sociedade de maneira eficiente e eficaz; (b) quais são os recursos atualmente disponíveis para gastos futuros, e até que ponto há restrições ou condições para a utilização desses recursos; (c) a extensão na qual a carga tributária, que recai sobre os contribuintes em períodos futuros para pagar por serviços correntes, tem mudado; e (d) se a capacidade da entidade para prestar serviços melhorou ou piorou em comparação com exercícios anteriores. A seguir, apresentaremos – na veia – um extrato dos principais tópicos da NBC TSP Estrutura Conceitual. 3.1 Função A estrutura conceitual estabelece os conceitos que fundamentam a elaboração e a divulgação dos Relatórios Contábeis de Propósito Geral das Entidades do Setor Público (RCPGs), os quais devem ser elaborados com base no regime de competência. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) aplicará estes conceitos no desenvolvimento das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCs TSP) e nas demais disposições aplicáveis à elaboração e divulgação dos RCPGs. 3.2 Relatório Contábil de Propósito Geral das Entidades do Setor Público (RCPG) Os RCPGs são os componentes centrais da transparência da informação contábil dos governos e de outras entidades do setor público, aprimorando-a e favorecendo-a. Os RCPGs são relatórios contábeis elaborados para atender às necessidades dos usuários em geral, não tendo o propósito de atender a finalidades ou necessidades específicas de determinados grupos de usuários. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 15 3.3 Alcance da estrutura conceitual e das NBCs TSP Esta estrutura conceitual e as demais NBCs TSP aplicam-se, obrigatoriamente, às entidades do setor público quanto à elaboração e divulgação dos RCPGs. Estão compreendidos no conceito de entidades do setor público: os governos nacionais, estaduais, distrital e municipais e seus respectivos poderes (abrangidos os tribunais de contas, as defensorias e o Ministério Público), órgãos, secretarias, departamentos, agências, autarquias, fundações (instituídas e mantidas pelo poder público), fundos, consórcios públicos e outras repartições públicas congêneres das administrações direta e indireta (inclusive as empresas estatais dependentes). As empresas estatais dependentes são empresas controladas que recebem do ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal, despesas de custeio em geral ou despesas de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária. 3.4 Objetivos da elaboração e divulgação da informação contábil Os objetivos da elaboração e divulgação da informação contábil estão relacionados ao fornecimento de informações sobre a entidade do setor público que são úteis aos usuários dos RCPGs (os cidadãos, primariamente) para a prestação de contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão. A elaboração e a divulgação de informação contábil não são um fim em si mesmas. O propósito é o de fornecer informações úteis aos usuários dos RCPGs. Os objetivos da elaboração e divulgação da informação contábil são determinados com base nos usuários dos RCPGs e suas necessidades de informações. 3.5 Usuários dos RCPGs Governos e outras entidades do setor público obtêm recursos dos contribuintes, doadores, credores por empréstimos e de outros provedores de recursos para serem utilizados na prestação de serviços aos cidadãos e aos outros usuários. Essas entidades são responsáveis pela gestão e utilização dos recursos perante os usuários desses serviços. Aqueles que proveem os recursos também requerem informações que sirvam de base para a tomada de decisão. Consequentemente, os RCPGs devem ser elaborados e divulgados, principalmente, para atender às necessidades de informações dos usuários dos serviços e dos provedores de recursos, quando estes não detêm a prerrogativa de exigir que a entidade do setor público divulgue as informações que atendam às suas necessidades específicas. Os membros do poder Legislativo são também usuários primários dos RCPGs e utilizamextensiva e continuamente esses relatórios enquanto atuam como representantes dos interesses dos usuários de serviços e dos provedores de recursos. Assim, para os propósitos desta estrutura conceitual, os usuários primários dos RCPGs são os usuários dos serviços e seus representantes e os provedores de recursos e seus representantes (doravante identificados como usuários dos serviços e provedores de recursos, a não ser que sejam identificados de outra forma). Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 16 Os cidadãos recebem os serviços do governo e de outras entidades do setor público e proveem parte dos recursos para esse fim. Assim, eles são usuários primários dos RCPGs. Alguns usuários dos serviços e alguns provedores de recursos que dependem dos RCPGs para obter informações que eles necessitam para os propósitos de prestação de contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão podem não ser cidadãos, como, por exemplo: indivíduos que pagam tributos e recebem benefícios e não são considerados cidadãos; agências bilaterais ou multilaterais; provedores de recursos e corporações que realizam transações com o governo; bem como aqueles que financiam e/ou se beneficiam dos serviços fornecidos por organizações governamentais internacionais. Na maioria dos casos, os governos que proveem recursos para as organizações governamentais internacionais são dependentes dos RCPGs daquelas organizações para fins de prestação de contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão. NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL Função: estabelece os conceitos que fundamentam a elaboração e a divulgação dos Relatórios Contábeis de Propósito Geral das Entidades. Relatório Contábil de Propósito Geral das Entidades do Setor Público (RCPG): são relatórios contábeis elaborados para atender às necessidades dos usuários em geral, não tendo o propósito de atender a finalidades ou necessidades específicas de determinados grupos de usuários. Alcance da estrutura conceitual e das NBCs TSP: aplicam-se, obrigatoriamente, às entidades do setor público quanto à elaboração e divulgação dos RCPGs. Estão compreendidos no conceito de entidades do setor público: os governos nacionais, estaduais, distrital e municipais e seus respectivos poderes (abrangidos os tribunais de contas, as defensorias e o Ministério Público), órgãos, secretarias, departamentos, agências, autarquias, fundações (instituídas e mantidas pelo poder público), fundos, consórcios públicos e outras repartições públicas congêneres das administrações direta e indireta (inclusive as empresas estatais dependentes). Objetivos da elaboração e divulgação da informação contábil: estão relacionados ao fornecimento de informações sobre a entidade do setor público que são úteis aos usuários dos RCPGs para a prestação de contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão. A elaboração e a divulgação de informação contábil não são um fim em si mesmas. O propósito é o de fornecer informações úteis aos usuários dos RCPGs. Os objetivos da elaboração e divulgação da informação contábil são determinados com base nos usuários dos RCPGs e suas necessidades de informações. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 17 Usuários dos RCPGs: Governos e outras entidades do setor público obtêm recursos dos contribuintes, doadores, credores por empréstimos e de outros provedores de recursos para serem utilizados na prestação de serviços aos cidadãos e aos outros usuários. Assim, para os propósitos desta estrutura conceitual, os usuários primários dos RCPGs são os usuários dos serviços e seus representantes e os provedores de recursos e seus representantes. 3.6 Características Qualitativas Os RCPGs apresentam informações financeiras e não financeiras sobre fenômenos econômicos, além de outros fenômenos. As características qualitativas da informação incluída nos RCPGs são atributos que tornam a informação útil para os usuários e dão suporte ao cumprimento dos objetivos da informação contábil. O objetivo da elaboração e divulgação da informação contábil é fornecer informação para fins de prestação de contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão. As características qualitativas da informação incluída nos RCPGs são a relevância, a representação fidedigna, a compreensibilidade, a tempestividade, a comparabilidade e a verificabilidade. As restrições inerentes à informação contida nos RCPGs são a materialidade, o custo-benefício e o alcance do equilíbrio apropriado entre as características qualitativas. Cada uma das características qualitativas é integrada e funciona em conjunto com as outras características, de modo a fornecer informação útil nos RCPGs para cumprir os objetivos da informação contábil. Entretanto, na prática, talvez não seja possível alcançar todas as características qualitativas e, nesse caso, um equilíbrio ou compensação entre algumas delas poderá ser necessário. As características qualitativas se aplicam a todas as informações financeiras e não financeiras apresentadas nos RCPGs, inclusive às informações histórica e prospectiva, além da informação explicativa. Contudo, pode haver variação no grau que as características qualitativas podem ser alcançadas, dependendo do nível de incerteza e de avaliação subjetiva envolvidos na compilação das informações financeiras e não financeiras. A necessidade de orientação adicional na interpretação e aplicação das características qualitativas àquilo que estende o alcance da informação contábil para além das demonstrações contábeis deve ser considerada no desenvolvimento de qualquer NBC TSP ou de outras disposições do CFC inerentes às entidades do setor público e que tratam de tais questões. a) Relevância As informações financeiras e não financeiras são relevantes caso sejam capazes de influenciar significativamente o cumprimento dos objetivos da elaboração e da divulgação da informação contábil. As informações financeiras e não financeiras são capazes de exercer essa influência quando têm valor confirmatório, preditivo ou ambos. A informação pode ser capaz de influenciar e, desse Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 18 modo, ser relevante, mesmo se alguns usuários decidirem não considerá-la ou já estiverem cientes dela. b) Representação fidedigna Para ser útil como informação contábil, a informação deve corresponder à representação fidedigna dos fenômenos econômicos e outros que se pretenda representar. A representação fidedigna é alcançada quando a representação do fenômeno é completa, neutra e livre de erro material. A informação que representa fielmente um fenômeno econômico ou outro fenômeno retrata a substância da transação, a qual pode não corresponder, necessariamente, à sua forma jurídica. Na prática, pode não ser possível ter certeza ou saber se a informação apresentada nos RCPGs está completa, neutra e livre de erro material. Entretanto, a informação deve estar completa, neutra e livre de erro material tanto quanto possível. A neutralidade da informação contábil corresponde à ausência de viés. Isso significa que a seleção e a apresentação das informações financeiras e não financeiras não devem ser feitas com a intenção de se atingir um resultado particular predeterminado, por exemplo, para influenciar a avaliação dos usuários acerca da prestação de contas e responsabilização (accountability) por parte da entidade, para uma decisão oujulgamento que está para ser feito, ou, ainda, para induzir a determinado comportamento. A informação neutra representa fielmente os fenômenos econômicos e outros fenômenos que ela se propõe a representar. Contudo, exigir que a informação incluída nos RCPGs seja neutra não significa que não haja propósito ou que não influencie algum comportamento. A relevância é uma característica qualitativa, e, por definição, a informação relevante é capaz de influenciar as avaliações e as decisões dos seus usuários. c) Compreensibilidade A compreensibilidade é a qualidade da informação que permite que os usuários compreendam o seu significado. Os RCPGs devem apresentar a informação de maneira que corresponda às necessidades e à base do conhecimento dos usuários, bem como a natureza da informação apresentada. Por exemplo, as explicações acerca das informações financeiras e não financeiras e as informações adicionais acerca da prestação de serviços e outros resultados durante o exercício, além das expectativas para os períodos futuros, devem ser escritas em linguagem simples e apresentadas de maneira que sejam prontamente compreensíveis pelos usuários. A compreensão é aprimorada quando a informação é classificada e apresentada de maneira clara e sucinta. A comparabilidade pode também aprimorar a compreensibilidade. d) Tempestividade Tempestividade significa ter informação disponível para os usuários antes que ela perca a sua capacidade de ser útil para fins de prestação de contas e responsabilização (accountability) e Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 19 tomada de decisão. Ter informação disponível mais rapidamente pode aprimorar a sua utilidade como insumo para processos de avaliação da prestação de contas e responsabilização (accountability) e a sua capacidade de informar e influenciar os processos decisórios. A ausência de tempestividade pode tornar a informação menos útil. e) Comparabilidade Comparabilidade é a qualidade da informação que possibilita aos usuários identificar semelhanças e diferenças entre dois conjuntos de fenômenos. A comparabilidade não é uma qualidade de item individual de informação, mas, antes, a qualidade da relação entre dois ou mais itens de informação. A comparabilidade difere da consistência. A consistência se refere à utilização dos mesmos princípios ou políticas contábeis e da mesma base de elaboração, seja de período a período dentro da entidade ou de um único período entre duas ou mais entidades. A comparabilidade é o objetivo, enquanto que a consistência auxilia a atingi-lo. Em alguns casos, os princípios ou políticas contábeis adotados pela entidade podem ser revisados para melhor representar determinada transação ou evento nos RCPGs. Nesses casos, a inclusão de evidenciação ou explicação adicional pode ser necessária para satisfazer às características da comparabilidade. A comparabilidade também difere da uniformidade. Para que a informação seja comparável, coisas semelhantes devem parecer semelhantes e coisas distintas devem parecer distintas. A ênfase demasiada na uniformidade pode reduzir a comparabilidade ao fazer com que coisas distintas pareçam semelhantes. A comparabilidade da informação nos RCPGs não é aprimorada ao se fazer com que coisas distintas pareçam semelhantes, assim como ao fazer com que coisas semelhantes pareçam distintas. f) Verificabilidade A verificabilidade é a qualidade da informação que ajuda a assegurar aos usuários que a informação contida nos RCPGs representa fielmente os fenômenos econômicos ou de outra natureza que se propõe a representar. A suportabilidade, ou seja, a qualidade referente àquilo que dá suporte a algo, algumas vezes é utilizada para descrever esta qualidade, quando aplicada em relação à informação explicativa e à informação quantitativa financeira e não financeira prospectiva divulgada nos RCPGs. Quer referida como verificabilidade ou como suportabilidade, a característica implica que dois observadores esclarecidos e independentes podem chegar ao consenso geral, mas não necessariamente à concordância completa, em que: (a) a informação representa os fenômenos econômicos e de outra natureza, os quais se pretende representar sem erro material ou viés; ou (b) o reconhecimento apropriado, a mensuração ou o método de representação foi aplicado sem erro material ou viés. Para ser verificável, a informação não precisa ser um ponto único estimado. Um intervalo de possíveis valores e suas probabilidades relacionadas também pode ser utilizado. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 2 20 A verificação pode ocorrer de forma direta ou indireta. Com a verificação direta, o montante ou outra representação podem ser verificados em si mesmos, tais como: pela contagem de caixa; pela observação de títulos negociáveis e suas cotações de preço; ou pela confirmação de que os fatores identificados que influenciaram o desempenho passado estejam presentes e relacionados com os efeitos identificados. Com a verificação indireta, o montante ou outra representação podem ser verificados ao se checar os dados e recalcular os resultados utilizando a mesma convenção ou metodologia contábil. Um exemplo corresponde à verificação do valor contábil do estoque por meio da conferência das entradas (quantidades e custos) e do recálculo do estoque final utilizando o mesmo método de mensuração (por exemplo, custo médio ou “primeiro que entra, primeiro que sai” (PEPS)). 3.7 Restrições acerca da informação incluída nos RCPGs a) Materialidade Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 2 21 A informação é material se a sua omissão ou distorção puder influenciar o cumprimento do dever de prestação de contas e responsabilização (accountability), ou as decisões que os usuários tomam com base nos RCPGs elaborados para aquele exercício. A materialidade depende tanto da natureza quanto do montante do item analisado dentro das particularidades de cada entidade. Os RCPGs podem englobar informação qualitativa e quantitativa acerca do cumprimento da prestação de serviços durante o período de referência e das expectativas sobre a prestação de serviço e o desempenho no futuro. Consequentemente, não é possível especificar um limite quantitativo uniforme no qual determinada informação se torna material. b) Custo-benefício A informação contábil impõe custos, e seus benefícios devem justificá-los. Avaliar se os benefícios da informação justificam seus custos é, com frequência, uma questão de julgamento de valor, pois não é possível identificar todos os custos e todos os benefícios da informação incluída nos RCPGs. Os custos, para fornecerem a informação, incluem os de coleta, de processamento e de verificação e/ou de apresentação das premissas e das metodologias que dão suporte a elas, além dos de disseminação. Os usuários incorrem nos custos da análise e interpretação. A omissão da informação útil também impõe custos, inclusive aqueles em que os usuários incorrem na obtenção de informação necessária de terceiros, além dos custos advindos da tomada de decisão utilizando dados incompletos fornecidos pelos RCPGs. c) Características-chave de entidade do setor público que reporta a informação contábil As características-chave de entidade do setor público que reporta a informação contábil são: (a) ser uma entidade que capta recursos da sociedade ou em nome desta e/ou utiliza recursos para realizar atividades em benefíciodela; e (b) existir usuários de serviços ou provedores de recursos dependentes de informações contidas nos RCPGs para fins de prestação de contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão. 3.8 Elementos das Demonstrações Contábeis As demonstrações contábeis retratam os efeitos financeiros e não financeiros das transações e outros eventos ao agrupá-los em classes amplas que compartilham características econômicas comuns. Essas classes amplas são denominadas elementos das demonstrações contábeis. Os elementos correspondem às estruturas básicas a partir das quais as demonstrações contábeis são elaboradas. Essas estruturas fornecem um ponto inicial para reconhecer, classificar e agregar dados e atividades econômicas de maneira a fornecer aos usuários informação que satisfaça aos objetivos e atinja as características qualitativas da informação contábil, levando em consideração as restrições sobre a informação incluída nos RCPGs. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 6 22 (FCC – Auditor Fiscal/SEFAZ GO – 2018) As normas brasileiras de contabilidade constituem importante paradigma de conduta profissional na condução dos trabalhos previstos na Resolução CFC nº 560/83, de 28 de outubro de 1983, e correlatos. Iniciadas pelo acrônimo “NBC”, dividem- se em normas técnicas, que recebem o primeiro sufixo “T”, e profissionais, que recebem o primeiro sufixo “P”. Acerca da NBC TSP, é correto afirmar que (A) normas técnicas regionalizadas, como a atual ESTRUTURA CONCEITUAL, permanecerão válidas até 2019, quando então darão lugar às normas internacionais convergidas (IFAC-IPSAS). (B) não é candidata ao processo de convergência com as normas internacionais (IFAC-IPSAS), posto que contém muitas peculiaridades locais. (C) é norma técnica que inclui peculiaridades das sociedades domiciliadas no Estado de São Paulo. (D) sua estrutura conceitual não faz menção a orçamento. (E) embora as estatísticas de finanças públicas e as demonstrações contábeis do setor público tenham muito em comum, são reguladas por diretrizes com objetivos diferentes. Comentários: Elementos das Demonstrações Contábeis - NBC TSP Estrutura Conceitual:: Ativo é um recurso controlado no presente pela entidade como resultado de evento passado. Passivo é uma obrigação presente, derivada de evento passado, cuja extinção deva resultar na saída de recursos da entidade. Receita corresponde a aumentos na situação patrimonial líquida da entidade não oriundos de contribuições dos proprietários. Despesa corresponde a diminuições na situação patrimonial líquida da entidade não oriundas de distribuições aos proprietários. Contribuição dos proprietários corresponde a entrada de recursos para a entidade a título de contribuição de partes externas, que estabelece ou aumenta a participação delas no patrimônio líquido da entidade. Distribuição aos proprietários corresponde a saída de recursos da entidade a título de distribuição a partes externas, que representa retorno sobre a participação ou a redução dessa participação no patrimônio líquido da entidade. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 7 23 Embora essa fosse uma questão diferente e – em certa medida – difícil, poderíamos buscar o gabarito por eliminação. Analisando as alternativas: As NBC TSPs são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público, convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor Público, emitidas pela International Federation of Accountants (Ifac); e as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público editadas por necessidades locais, sem equivalentes internacionais. Essa informação já eliminaria a alternativas “b”. Segundo a Estrutura Conceitual: Importância do orçamento público 8. O governo e outras entidades do setor público elaboram orçamentos. No Brasil, a Constituição exige a elaboração do orçamento anual, a sua aprovação pelo poder Legislativo e a sua disponibilização à sociedade. A legislação brasileira define o que a peça orçamentária deve conter. A sociedade fiscaliza a gestão das entidades públicas diretamente, respaldada pela Constituição, ou indiretamente, por meio de representantes. O orçamento aprovado é utilizado como base para a definição dos níveis de tributação e de outras receitas, compondo o processo de obtenção de autorização legislativa para a realização do gasto público. 9. Devido à importância do orçamento público aprovado, as informações que possibilitam aos usuários compararem a execução orçamentária com o orçamento previsto facilitam a análise quanto ao desempenho das entidades do setor público. Tais informações instrumentalizam a prestação de contas e a responsabilização (accountability) e fornecem subsídios para o processo decisório relativo aos orçamentos dos exercícios subsequentes. A elaboração de demonstrativo que apresenta e compara a execução do orçamento com o orçamento previsto é o mecanismo normalmente utilizado para demonstrar a conformidade com os requisitos legais relativos às finanças públicas. [grifos não constantes no original] Assim, eliminaríamos a alternativa “d”, uma vez que as informações orçamentárias instrumentalizam a prestação de contas e a responsabilização (accountability) e fornecem subsídios para o processo decisório relativo aos orçamentos dos exercícios subsequentes A letra “c”, em nossa opinião, quis fazer uma brincadeira. Rs... Misturou SP – de Setor Público com o Estado de São Paulo. A estrutura conceitual não é regionalizada. Assim, “a” está errada. Então, sobraria apenas a alternativa “e”. Os trechos a seguir da NBC TSP confirmam a correção da assertiva: 22. As demonstrações contábeis e os relatórios de EFP têm muito em comum. Ambas as estruturas de relatórios estão voltadas para (a) informação contábil, baseada no regime de competência, (b) ativos, passivos, receitas e despesas governamentais e (c) informações abrangentes sobre os fluxos de caixa. Há uma considerável sobreposição entre as duas estruturas de relatórios que sustentam essas informações. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda b 24 23. No entanto, as NBCs TSP e as diretrizes para relatórios de EFP têm objetivos diferentes. O objetivo das demonstrações contábeis das entidades do setor público é o fornecimento de informações úteis sobre a entidade que reporta a informação, voltadas para os usuários dos RCPGs para fins de prestação de contas e responsabilização (accountability) e para a tomada de decisão. Os relatórios de EFP são utilizados, principalmente, para: (a) analisar opções de política fiscal, definir essas políticas e avaliar os seus impactos; (b) determinar o impacto sobre a economia; e (c) comparar os resultados fiscais nacional e internacionalmente. O foco é sobre a avaliação do impacto do SGG e do setor público em geral sobre a economia, no âmbito da estrutura conceitual das estatísticas macroeconômicas. Portanto, alternativa correta é E. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda b 25 4. NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL A Resolução CFC nº 1.374/2011 deu nova redação à NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL - Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro, tendo em vista a publicação do CPC 00 (R1). Reiteramos que a NBC TG Estrutura Conceitualpraticamente replica o conteúdo presente no CPC 00. Ao final de 2019, houve uma atualização no conteúdo da norma. A NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL - Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro “norteia” toda a Contabilidade Privada. Vários dos conceitos e institutos nela presentes são parecidos com aqueles previstos na NBC TSP – Estrutura Conceitual (aplicável às entidades do setor público). A seguir, apresentaremos – na veia – um extrato dos principais tópicos da NBC TG Estrutura Conceitual. Sabemos que são muitas as informações a serem transmitidas. Fiquem atentos aos nossos destaques e esquemas! 4.1 - Objetivo, utilidade e limitações do relatório financeiro de propósito geral O objetivo do relatório financeiro para fins gerais é fornecer informações financeiras sobre a entidade que reporta que sejam úteis para investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, na tomada de decisões referente à oferta de recursos à entidade. Essas decisões envolvem comprar, vender ou manter instrumento de patrimônio e de dívida; conceder ou liquidar empréstimos ou outras formas de crédito; ou exercer direitos de votar ou de outro modo influenciar os atos da administração que afetam o uso dos recursos econômicos da entidade. Decisões a serem tomadas por investidores existentes e em potencial relacionadas a comprar, vender ou manter instrumentos patrimoniais e instrumentos de dívida dependem dos retornos que os existentes e potenciais investidores, credores por empréstimos e outros credores esperam, por exemplo, dividendos, pagamentos de principal e juros ou aumentos no preço de mercado. As expectativas dos investidores, credores por empréstimos e outros credores quanto aos retornos dependem de sua avaliação do valor, da época e da incerteza (perspectivas) de futuros fluxos de entrada de caixa líquidos para a entidade e de sua avaliação da gestão de recursos da administração sobre os recursos econômicos da entidade. Investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, precisam de informações para ajudá-los a fazer essas avaliações. Para avaliar as perspectivas da entidade em termos de entrada de fluxos de caixa futuros, os investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, precisam de informações sobre: (a) os recursos econômicos da entidade, reivindicações contra a entidade e alterações nesses recursos e reivindicações; e (b) a eficiência e eficácia da administração e do órgão de administração da entidade no cumprimento de suas responsabilidades sobre o uso dos recursos econômicos da entidade Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 26 NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL O objetivo do relatório financeiro para fins gerais é fornecer informações financeiras sobre a entidade que reporta que sejam úteis para investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, na tomada de decisões referente à oferta de recursos à entidade. 4.2 – Características qualitativas de informações financeiras úteis As características qualitativas de informações financeiras úteis identificam os tipos de informações que tendem a ser mais úteis a investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, para que tomem decisões sobre a entidade que reporta com base nas informações contidas em seu relatório financeiro (informações financeiras). Relatórios financeiros fornecem informações sobre os recursos econômicos da entidade que reporta, reivindicações contra a entidade que reporta e os efeitos de transações e outros eventos e condições que alteram esses recursos e reivindicações (essas informações são referidas na Estrutura Conceitual como informações sobre os fenômenos econômicos). Alguns relatórios financeiros incluem também material explicativo sobre as expectativas e estratégias da administração para a entidade que reporta e outros tipos de informações prospectivas. As características qualitativas de informações financeiras úteis se aplicam a informações financeiras fornecidas nas demonstrações contábeis, bem como a informações financeiras fornecidas de outras formas. O custo, que é uma restrição generalizada sobre a capacidade da entidade que reporta de fornecer informações financeiras úteis, se aplica de forma similar. Contudo, as considerações, ao se aplicarem as características qualitativas e a restrição de custo, podem ser diferentes para tipos diferentes de informações. Por exemplo, aplicá-las a informações prospectivas pode ser diferente de aplicá-las a informações sobre recursos econômicos e reivindicações existentes e a alterações nesses recursos e reivindicações. Se informações financeiras devem ser úteis, elas devem ser relevantes e representar fidedignamente aquilo que pretendem representar. A utilidade das informações financeiras é aumentada se forem comparáveis, verificáveis, tempestivas e compreensíveis. 4.2.1 Características qualitativas fundamentais As características qualitativas fundamentais são relevância e representação fidedigna. Relevância Informações financeiras relevantes são capazes de fazer diferença nas decisões tomadas pelos usuários. Informações podem ser capazes de fazer diferença em uma decisão ainda que alguns usuários optem por não tirar vantagem delas ou já tenham conhecimento delas a partir de outras fontes. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 27 Informações financeiras são capazes de fazer diferença em decisões se tiverem valor preditivo ou valor confirmatório, ou ambos. Informações financeiras têm valor preditivo se podem ser utilizadas como informações em processos empregados pelos usuários para prever resultados futuros. Informações financeiras não precisam ser previsões ou prognósticos para ter valor preditivo. Informações financeiras com valor preditivo são empregadas por usuários ao fazer suas próprias previsões. Informações financeiras têm valor confirmatório se fornecem feedback sobre (confirmam ou alteram) avaliações anteriores. Os valores preditivo e confirmatório das informações financeiras estão inter-relacionados. Informações que possuem valor preditivo frequentemente possuem também valor confirmatório. Por exemplo, informações sobre receitas para o ano corrente, que podem ser utilizadas como base para prever receitas em anos futuros, também podem ser comparadas a previsões de receitas para o ano corrente que tenham sido feitas em anos anteriores. Os resultados dessas comparações podem ajudar o usuário a corrigir e a melhorar os processos que foram utilizados para fazer essas previsões anteriores. Materialidade A informação é material se a sua omissão, distorção ou obscuridade puder influenciar, razoavelmente, as decisões que os principais usuários de relatórios financeiros para fins gerais tomam com base nesses relatórios, que fornecem informações financeiras sobre entidade específica que reporta. Em outras palavras, materialidade é um aspecto de relevância específico da entidade com base na natureza ou magnitude, ou ambas, dos itens aos quais as informações se referem no contexto do relatório financeiro da entidade individual. Consequentemente, não se pode especificar um limite quantitativo uniforme para materialidade ou predeterminar o que pode ser material em uma situação específica. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 28 Representação fidedignaRelatórios financeiros representam fenômenos econômicos em palavras e números. Para serem úteis, informações financeiras não devem apenas representar fenômenos relevantes, mas também representar de forma fidedigna a essência dos fenômenos que pretendem representar. Em muitas circunstâncias, a essência de fenômeno econômico e sua forma legal são as mesmas. Se não forem as mesmas, fornecer informações apenas sobre a forma legal não representaria fidedignamente o fenômeno econômico. Para ser representação perfeitamente fidedigna, a representação tem três características. Ela é completa, neutra e isenta de erros. Obviamente, a perfeição nunca ou raramente é atingida. O objetivo é maximizar essas qualidades tanto quanto possível. A representação completa inclui todas as informações necessárias para que o usuário compreenda os fenômenos que estão sendo representados, inclusive todas as descrições e explicações necessárias. Por exemplo, a representação completa de grupo de ativos inclui, no mínimo, a descrição da natureza dos ativos do grupo, a representação numérica de todos os ativos do grupo e a descrição daquilo que a representação numérica retrata (por exemplo, custo histórico ou valor justo). Para alguns itens, uma representação completa pode envolver também explicações de fatos significativos sobre a qualidade e natureza do item, fatores e circunstâncias que podem afetar sua qualidade e natureza e o processo utilizado para determinar a representação numérica. A representação neutra não é tendenciosa na seleção ou na apresentação de informações financeiras. A representação neutra não possui inclinações, não é parcial, não é enfatizada ou deixa de ser enfatizada, nem é, de outro modo, manipulada para aumentar a probabilidade de que as informações financeiras serão recebidas de forma favorável ou desfavorável pelos usuários. Informações neutras não significam informações sem nenhum propósito ou sem nenhuma influência sobre o comportamento. Ao contrário, informações financeiras relevantes são, por definição, capazes de fazer diferença nas decisões dos usuários. Representação fidedigna não significa representação precisa em todos os aspectos. Livre de erros significa que não há erros ou omissões na descrição do fenômeno e que o processo utilizado para produzir as informações apresentadas foi selecionado e aplicado sem erros no processo. Nesse contexto, livre de erros não significa perfeitamente precisa em todos os aspectos. Por exemplo, a estimativa de preço ou valor não observável não pode ser determinada como precisa ou imprecisa. Contudo, a representação dessa estimativa pode ser fidedigna se o valor for descrito de forma clara e precisa como sendo a estimativa, se a natureza e as limitações do processo de estimativa forem explicadas e se nenhum erro tiver sido cometido na escolha e na aplicação do processo apropriado para o desenvolvimento da estimativa. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 29 4.2.2 Características qualitativas de melhoria Comparabilidade, capacidade de verificação, tempestividade e compreensibilidade são características qualitativas que melhoram a utilidade da informação que é relevante e que é representada com fidedignidade. As características qualitativas de melhoria podem também auxiliar a determinar qual de duas alternativas que sejam consideradas equivalentes em termos de relevância e fidedignidade de representação deve ser usada para retratar um fenômeno. Características qualitativas fundamentais da informação contábil-financeira (NBC TG Estrutura Conceitual) Relevância: informação relevante é aquela capaz de fazer diferença nas decisões que possam ser tomadas pelos usuários. Representação Fidedigna: representar com fidedignidade o fenômeno que se propõe representar. Nesse sentido, a realidade retratada precisa ter três atributos: ela tem que ser completa, neutra e livre de erro. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 30 A) Comparabilidade As decisões de usuários implicam escolhas entre alternativas, como, por exemplo, vender ou manter um investimento, ou investir em uma entidade ou noutra. Consequentemente, a informação acerca da entidade que reporta informação será mais útil caso possa ser comparada com informação similar sobre outras entidades e com informação similar sobre a mesma entidade para outro período ou para outra data. Comparabilidade é a característica qualitativa que permite que os usuários identifiquem e compreendam similaridades dos itens e diferenças entre eles. Diferentemente de outras características qualitativas, a comparabilidade não está relacionada com um único item. A comparação requer no mínimo dois itens. Consistência, embora esteja relacionada com a comparabilidade, não significa o mesmo. Consistência refere-se ao uso dos mesmos métodos para os mesmos itens, tanto de um período para outro considerando a mesma entidade que reporta a informação, quanto para um único período entre entidades. Comparabilidade é o objetivo; a consistência auxilia a alcançar esse objetivo. Comparabilidade não significa uniformidade. Para que a informação seja comparável, coisas iguais precisam parecer iguais e coisas diferentes precisam parecer diferentes. A comparabilidade da informação contábil-financeira não é aprimorada ao se fazer com que coisas diferentes pareçam iguais ou ainda ao se fazer coisas iguais parecerem diferentes. B) Capacidade de verificação A capacidade de verificação ajuda a garantir aos usuários que as informações representem de forma fidedigna os fenômenos econômicos que pretendem representar. Capacidade de verificação significa que diferentes observadores bem informados e independentes podem chegar ao consenso, embora não a acordo necessariamente completo, de que a representação específica é representação fidedigna. Informações quantificadas não precisam ser uma estimativa de valor único para que sejam verificáveis. Uma faixa de valores possíveis e as respectivas probabilidades também podem ser verificadas. A verificação pode ser direta ou indireta. Verificação direta significa verificar o valor ou outra representação por meio de observação direta, por exemplo, contando-se dinheiro. Verificação indireta significa verificar os dados de entrada de modelo, fórmula ou outra técnica e recalcular os dados de saída utilizando a mesma metodologia. Um exemplo é verificar o valor contábil do estoque, checando as informações (quantidades e custos) e recalculando o estoque final, utilizando Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 31 a mesma premissa de fluxo de custo (por exemplo, utilizando o método primeiro a entrar, primeiro a sair). C) Tempestividade Tempestividade significa ter informação disponível para tomadores de decisão a tempo de poder influenciá-los em suas decisões. Em geral, a informação mais antiga é a que tem menos utilidade. Contudo, certa informação pode ter o seu atributo tempestividade prolongado após o encerramento do período contábil, em decorrência de alguns usuários, por exemplo, necessitarem identificar e avaliar tendências. D) Compreensibilidade Classificar, caracterizar e apresentar a informação com clareza e concisão torna-a compreensível. Alguns fenômenos são inerentemente complexos e pode não ser possível tornar a sua compreensão fácil. Excluir informações sobre esses fenômenos dos relatórios financeiros pode tornar mais fácil a compreensão das informações contidas nessesrelatórios financeiros. Contudo, esses relatórios seriam incompletos e, portanto, possivelmente distorcidos. Relatórios contábil-financeiros são elaborados para usuários que têm conhecimento razoável de negócios e de atividades econômicas e que revisem e analisem a informação diligentemente. Por vezes, mesmo os usuários bem informados e diligentes podem sentir a necessidade de procurar ajuda de consultor para compreensão da informação sobre um fenômeno econômico complexo. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 32 4.2.2.1 Aplicação das características qualitativas de melhoria As características qualitativas de melhoria devem ser maximizadas tanto quanto possível. Contudo, as características qualitativas de melhoria, seja individualmente ou como grupo, não podem tornar informações úteis se essas informações forem irrelevantes ou não fornecerem representação fidedigna do que pretendem representar. A aplicação das características qualitativas de melhoria é um processo iterativo que não segue uma ordem prescrita. Algumas vezes, a característica qualitativa de melhoria pode ter de ser diminuída para maximizar outra característica qualitativa de melhoria. Por exemplo, a redução temporária na comparabilidade como resultado da aplicação prospectiva de novo pronunciamento pode ser vantajosa para aumentar a relevância ou a representação fidedigna em longo prazo. Divulgações apropriadas podem compensar parcialmente a não comparabilidade. 4.3 – Restrições do custo sobre relatórios financeiros úteis O custo é uma restrição generalizada sobre as informações que podem ser fornecidas pelo relatório financeiro. O relatório de informações financeiras impõe custos, e é importante que esses custos sejam justificados pelos benefícios de apresentar essas informações. Há vários tipos de custos e benefícios a serem considerados. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 33 Os fornecedores de informações financeiras gastam a maior parte dos esforços envolvidos na coleta, processamento, verificação e disseminação de informações financeiras, mas, em última instância, os usuários arcam com esses custos na forma de retornos reduzidos. Os usuários de informações financeiras podem também incorrer em custos de análise e interpretação das informações fornecidas. Se as informações necessárias não são fornecidas, os usuários incorrem em custos adicionais para obter essas informações em qualquer outra parte ou para estimá-las. Ao aplicar a restrição de custo, deve-se avaliar se é provável que os benefícios do relatório de informações específicas justificam os custos incorridos para fornecer e utilizar essas informações. Ao aplicar a restrição de custo no desenvolvimento de pronunciamento proposto, buscam-se informações de fornecedores de informações financeiras, usuários, auditores, acadêmicos e outros sobre a natureza e a quantidade esperada dos benefícios e custos desse pronunciamento. Na maior parte das situações, as avaliações se baseiam na combinação de informações quantitativas e qualitativas. Devido à subjetividade inerente, as avaliações de diferentes indivíduos sobre os custos e benefícios da apresentação de itens específicos de informações financeiras variam. Portanto, procura-se considerar custos e benefícios em relação ao relatório financeiro, de modo geral, e, não apenas, em relação a entidades individuais que reportam. Isto não significa que as avaliações de custos e benefícios sempre justificam os mesmos requisitos de relatório para todas as entidades. Diferenças podem ser apropriadas por conta dos diferentes portes das entidades, diferentes formas de obtenção de capital (pública ou privada), diferentes necessidades dos usuários ou outros fatores. 4.4 – Elementos das Demonstrações Contábeis As demonstrações contábeis consolidadas fornecem informações sobre os ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas tanto da controladora como de suas controladas como uma única entidade que reporta. Essas informações são úteis para investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, da controladora em sua avaliação das perspectivas para futuros fluxos de entrada de caixa líquidos para a controladora. Isso porque os fluxos de entrada de caixa líquidos para a controladora incluem distribuições para a controladora de suas controladas, e essas distribuições dependem de fluxos de entrada de caixa líquidos para as controladas. Demonstrações contábeis não consolidadas destinam-se a fornecer informações sobre os ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas da controladora e, não, sobre aquelas de suas controladas. Essas informações podem ser úteis a investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, da controladora, porque: (a) a reivindicação contra a controladora normalmente não dá ao titular dessa reivindicação uma reivindicação contra as controladas; e (b) em algumas jurisdições, os valores que podem ser legalmente distribuídos aos detentores de direitos sobre o patrimônio contra a controladora dependem das reservas distribuíveis da controladora. Outra forma de fornecer informações sobre parte ou a totalidade dos ativos, passivos, Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 09 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 225477939124916900 - rafaela fias badblda 34 patrimônio líquido, receitas e despesas apenas da controladora é nas demonstrações contábeis consolidadas, nas notas explicativas. Os elementos das demonstrações contábeis definidos nesta Estrutura Conceitual são: (a) ativos, passivos e patrimônio líquido, que se referem à posição financeira da entidade que reporta; e (b) receitas e despesas, que se referem ao desempenho financeiro da entidade que reporta. 4.5 – Reconhecimento dos Elementos das Demonstrações Contábeis Reconhecimento é o processo de captação para inclusão no balanço patrimonial ou na demonstração do resultado e na demonstração do resultado abrangente de item que atenda à definição de um dos elementos das demonstrações contábeis – ativo, passivo, patrimônio líquido, receita ou despesa. Reconhecimento envolve refletir o item em uma dessas demonstrações – seja isoladamente ou em conjunto com outros itens – em palavras e por meio do valor monetário, e incluir esse valor em um ou mais totais nessa demonstração. O valor pelo qual ativo, passivo ou patrimônio líquido é reconhecido no balanço patrimonial é referido como o seu “valor contábil”. Observação: somente itens que atendem à definição de ativo, passivo ou patrimônio líquido devem ser reconhecidos no balanço patrimonial. Similarmente, somente itens que atendem à definição de receitas ou despesas devem ser reconhecidos na demonstração do resultado e na demonstração do resultado abrangente. Contudo, nem todos os itens que atendem à definição de um desses elementos devem ser reconhecidos. Elementos das Demonstrações Contábeis - NBC TG Estrutura Conceitual: Ativo é recurso econômico presente controlado pela entidade como resultado de eventos passados. Recurso econômico é um direito que tem o potencial de produzir benefícios econômicos.. Passivo é a obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico como resultado de eventos passados. Patrimônio líquido é a participação residual nos ativos da entidade após a dedução de todos os seus passivos. Receitas são aumentos nos ativos, ou reduções nos passivos, que resultam em aumento no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a contribuições de detentores de
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