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Contabilidade Avançada Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Rosana Buzian Revisão Textual: Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin Juros Sobre o Capital Próprio • Introdução • Metodologia do Cálculo • Exemplos de Cálculo e Contabilização • Resumo · Como pontos a serem estudados sobre os Juros sobre o Capital Próprio, teremos, inicialmente, uma contextualização, ou seja, onde está inserido esse assunto; depois, veremos seu conceito e sua base legal. Outro item a ser estudado é a questão fiscal, em termos de dedutibilidade, para, então, trabalharmos com alguns exemplos práticos que envolvem o cálculo e a contabilização. OBJETIVO DE APRENDIZADO Nesta Unidade, vamos aprender um pouco mais sobre um importante tema “Juros sobre Capital Próprio”. Então, procure ler, com atenção, o conteúdo disponibilizado e o material complementar. Não esqueça! A leitura é um momento oportuno para registrar suas dúvidas; por isso, não deixe de registrá-las e transmiti-las ao professor-tutor. Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra no ambiente mais interativo possível, na pasta de atividades, você também encontrará algumas atividades que poderão colaborar e facilitar os seus estudos, aproveite cada um deles. Cada material disponibilizado é mais um elemento para seu aprendizado; por favor, estude todos com atenção! É importante, também, respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. ORIENTAÇÕES Juros Sobre Capital Próprio UNIDADE Juros Sobre o Capital Próprio Contextualização Quando falamos da figura do Acionista, o detentor do Capital Próprio, a pergunta é: Qual é a remuneração desse Acionista? Somente os Dividendos? Então, temos como resposta a figura dos “Juros sobre o Capital Próprio”, que envolve questões tributárias, a questão da dedutibilidade e, também, a questão dos cálculos e sua contabilização. Então, nessa Unidade, além dos conceitos, teremos exemplos que demonstram o seu cálculo e a sua contabilização. 6 7 Introdução O conceito de Custo de Oportunidade tem sido amplamente discutido pela Teoria de Contabilidade e pela Teoria de Finanças. Trata-se de quanto uma pessoa ou Empresa sacrificou em termos de remuneração por ter tomado a decisão de aplicar seus recursos em determinado investimento alternativo (ASSAF NETO, 2006). Ou seja, o montante de capital próprio aplicado por um acionista em certa Empresa poderia também lhe proporcionar certo rendimento em outra alternativa de investimento. Como o acionista abriu mão de investir em determinada alternativa, para adquirir ações da Empresa, ele deixou de ganhar o rendimento da primeira opção. Com isso, o ideal é que o investimento escolhido para efetuar a aplicação remunere o proprietário do capital de modo satisfatório, ao menos igualando o rendimento que poderia conseguir em outra aplicação equivalente. Assim, depreende-se que o capital próprio tem um custo, conforme estudado em disciplinas da área de Finanças. Os Juros Sobre o Capital Próprio (JSCP), instituído por meio da Lei 9.249/95, são baseados nesse entendimento. Aliás, por isso a nomenclatura adotada, pois se trata da distribuição de juros aos sócios, juros estes que são calculados sobre o capital próprio da Empresa. As autoridades governamentais reconheceram esta ferramenta mediante o desenvolvimento econômico iniciado em meados da década de 1990. Neste período, ocorreu a eliminação da necessidade de correção monetária. Em uma economia altamente inflacionária, como era a brasileira, a correção monetária era uma importante ferramenta para refletir a perda do poder aquisitivo da moeda. Com a implantação do Plano Real e a inflação, em parte controlada, a Correção Monetária foi abolida. Assim, a dedução fiscal gerada por esta correção foi perdida pelas empresas. Como forma de compensar essa perda, foi criada a figura dos Juros Sobre o Capital Próprio, ficando permitida sua dedutibilidade para fins de apuração do Lucro Real em esfera fiscal. O pagamento do JSCP, bem como o pagamento de dividendos, faz parte dos programas de remuneração aos acionistas e proprietários. A principal diferença entre eles reside em esfera fiscal. O primeiro apresenta dedutibilidade fiscal e o segundo não. A seguir, vejamos as regras para cálculo. 7 UNIDADE Juros Sobre o Capital Próprio Metodologia do Cálculo Vejamos as determinações do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99: Art. 347. A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos de apuração do lucro real, os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP. §1º O efetivo pagamento ou crédito dos juros fica condicionado à existência de lucros, computados antes da dedução dos juros, ou de lucros acumulados e reservas de lucros, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou creditados. (...) §4º Para fins de cálculo da remuneração prevista neste artigo, não será considerado o valor de reserva de reavaliação (Ajustes de Avaliação Patrimonial); de bens ou direitos da pessoa jurídica, exceto se esta for adicionada na determinação da base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido. Iniciando a leitura do Artigo 347, observamos a permissão para dedução fiscal sobre o pagamento a título de JSCP, o qual será reconhecido na demonstração de resultado como despesas financeiras. A Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) é fixada pelo Banco Central do Brasil conforme a meta de inflação e o prêmio pelo risco. Costuma ser utilizada como o custo básico dos financiamentos do BNDES. Quando o capital integralizado no início do ano permanece o mesmo até o fim do ano, para cada proprietário, não há necessidade de utilizar a taxa pro rata dia. Esta se refere a períodos menores do que um ano. Isso ocorre quando a base de cálculo para os juros é composta por valores de capital integralizados durante o ano. Por exemplo, um sócio que tenha integralizado Capital no início de setembro receberá os juros sobre o capital próprio somente referente ao período de setembro a dezembro. O Parágrafo 1º determina que o pagamento só ocorrerá mediante apuração de lucros, conforme condição estabelecida pela Legislação. Ademais, depreende-se que o valor dos juros pagos ou creditados não poderá exceder os limites apurados, como segue: (a) 50% do lucro líquido; e (b) 50% dos saldos de lucros acumulados e reservas de lucros (PEREZ JUNIOR; OLIVEIRA, 2010). Considerando os limites descritos e ainda a TJLP, Martins et al. (2013) interpretam que o montante máximo de JSCP aceito como dedutível para efeitos tributários limita-se ao menor valor entre: (a) o valor obtido por meio da aplicação da TJLP sobre o Patrimônio Líquido; e (b) o maior valor entre 50% do lucro apurado no exercício e 50% do somatório dos lucros acumulados com as reservas de lucros. 8 9 Podemos demonstrar esta regra da seguinte maneira: JSCP Menor valorentre: Valor obtido na aplicação da TJLP sobre o Patrimônio Líquido Maior valor entre 50% do LL ou 50% de lucros acumulados e reservas de lucro Figura 1– Apuração dos Juros Sobre o Capital Próprio. Fonte: Elaborado pelo autor A utilização desta figura pode auxiliar o cálculo, como será visto adiante. Continuando as determinações da Lei, é importante notar que o valor do Patrimônio Líquido considerado para efeito desse cálculo, refere-se àquele deduzido da reserva de reavaliação e dos saldos mantidos na conta ajuste de avaliação patrimonial. Ambos não devem compor a base de cálculo. A não ser que sejam adicionados na determinação da base de cálculo do lucro tributável. A reserva de reavaliação foi abolida pela Lei 11.638/07, mas as companhias que já a possuíam tiveram a opção de mantê-la até a completa realização. A vedação é aplicada a novas constituições dessa reserva a partirda entrada em vigor da Lei. Ou seja, quem já tinha essa reserva pôde mantê-la, o que não ocorreu na efetuação de novas constituições. A conta ajuste de avaliação patrimonial também deve ser excluída da base de cálculo; refere-se aos ajustes efetuados provenientes de variações de valores em elementos ativos e passivos em decorrência da sua avaliação a valor justo. É importante lembrarmos de que essa conta não se trata de reserva de lucros (pois não foi gerada pelo resultado) e nem reserva de capital (pois não foi originada dos sócios). Entre outras determinações legais, devemos, ainda, destacar o fato de que os juros pagos ou creditados ao seu beneficiário ficam sujeitos à alíquota de 15% de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF). Adicionalmente, estes juros podem ser imputados ao valor dos dividendos obrigatórios, sem prejuízo da incidência do IRRF (COAD, 2013). 9 UNIDADE Juros Sobre o Capital Próprio Exemplos de Cálculo e Contabilização Limites para pagamento Vejamos o Exemplo 1, em que praticaremos a observância dos limites impostos pela Legislação: EXEMPLO 1 - Uma empresa possuía, no início do período, os seguintes saldos em seu Patrimônio Líquido, conforme valores apresentados em milhares de reais: Capital social Reservas de capital Ajustes de avaliação patrimonial Reservas de lucros 2.500 240 200 460 Total 3.400 A Empresa apurou lucro de $ 300 antes da provisão para o IR e da dedução dos referidos juros. A taxa de juros de longo prazo, no período, foi de 6%. Qual o valor limite para pagamento de juros sobre o capital próprio? Resolução do Exemplo 1 Para a determinação do valor limite para os juros sobre o capital próprio, vamos recordar que o montante máximo aceito como dedutível para efeitos tributários limita-se ao menor valor entre: (a) o valor obtido por meio da aplicação da TJLP sobre o Patrimônio Líquido; e (b) o maior valor entre 50% do lucro apurado no exercício e 50% do somatório dos lucros acumulados com as reservas de lucros (IUDÍCIBUS et al., 2010). Para facilitar, vamos utilizar a figura demonstrada na seção anterior: JSCP Menor valor:192 PL x TJLP => 3.200 x 6% => 192 Maior entre: 50% do LL => 300 x 50% => 150 50% de reservas de lucro => 460 x 50% => 230 Figura 2. Resolução do exemplo 1. Fonte: elaborado pela própria autora. Observe que primeiramente precisamos aplicar o percentual da TJLP sobre o Patrimônio Líquido (PL). Mas como os valores constantes em ajustes de avaliação patrimonial não devem fazer parte da base de cálculo, vamos excluí-lo do valor do PL. Então, PL = $ 3.400 - $ 200 = $ 3.200. Aplicando a TJLP de 6% sobre esta base de cálculo, obtemos o valor de $ 192. Posteriormente, precisamos verificar os limites impostos pela Legislação. Para isso, apuramos os valores correspondentes a 50% do lucro do período e também do saldo de reservas de lucro e lucros acumulados no início do período. Como a Legislação permite a opção pelo maior valor entre ambos, então, vamos admitir o valor de $ 230 como limite (50% das reservas de lucros). 10 11 Por fim, o valor passível de pagamento como juros sobre o capital próprio refere-se ao menor valor entre a aplicação da TJLP sobre o PL e aquele obtido pelos limites estabelecidos. Assim, $ 192 é o valor dos JSCP a serem pagos. Cálculo completo e contabilização No Exemplo 2, estudaremos o procedimento completo envolvendo: determinação do valor dos juros a serem pagos conforme os limites estabelecidos, retenção do Imposto de Renda na fonte e contabilização. EXEMPLO 2 - Uma Empresa possuía, no início do período, os seguintes saldos em seu Patrimônio Líquido, conforme valores apresentados em milhares de reais: Capital social Reservas de capital Ajustes de avaliação patrimonial Reservas de lucros 12.680 1.950 450 2.600 Total 17.680 A Empresa apurou lucro de $ 2.000 antes da provisão para o IR e da dedução dos referidos juros. A taxa de juros de longo prazo, no período, foi de 5%. Determine o valor de JSCP a ser pago pela Empresa, líquido de IRRF e faça o correto tratamento contábil. Resolução do Exemplo 2 Para estabelecer o valor limite para pagamento, vamos utilizar o esquema já utilizado nas seções anteriores. Nesse caso, teremos os seguintes valores: JSCP Menor valor:861,50 PL x TJLP => 17.230 x 5% => 861,50 Maior entre: 50% do LL => 2.000 x 50% => 1000 50% de reservas de lucro => 2.600 x 50% => 1.300 Figura 3. Resolução do exemplo 2. Fonte: elaborado pelo autor O valor de Patrimônio Líquido considerado como base de cálculo foi obtido excluindo ajustes de avaliação patrimonial, sendo: $ 17.680 - $ 450, o que resultou em um PL de $ 17.230. Aplicando a TJLP de 5% sobre esse valor, temos $ 861,50. Mas é preciso verificar se esse valor está dentro dos limites impostos pela Legislação. Observamos que, entre as duas opções de limites, a maior resulta em $ 1.300, então a empresa pode pagar o valor de $ 861,50. Neste momento, tendo estabelecido o valor de JSCP a pagar, não podemos esquecer que este se sujeita a retenção de 15% a título de IRRF. Assim, o valor do imposto retido é: $ 861,50 x 15% = $ 129,23 e o valor líquido de JSCP a ser pago pela empresa é: $ 861,50 - $ 129,23 = $ 732,27. Os lançamentos contábeis devem refletir esta situação. 11 UNIDADE Juros Sobre o Capital Próprio Vejamos: Lançamento 1 D = Despesas Financeiras C = Juros sobre Capital Próprio a Pagar 861,50 861,50 Conforme o lançamento 1, o valor de pagamento do referido juros será debitado em despesas financeiras, no resultado do período, e creditado em juros sobre o capital próprio a pagar, no passivo circulante. Por enquanto, é lançado o valor bruto, desconsiderando a retenção do IRRF, a qual será reconhecida a seguir: Lançamento 2 D = Juros sobre Capital Próprio a Pagar C = IRRF a Recolher 129,23 129,23 O lançamento 2 demonstra o reconhecimento da obrigação do Imposto de Renda Retido, debitando a conta juros sobre capital próprio a pagar e creditando a conta IRRF a recolher, do passivo circulante. Observe que, após esse lançamento, a conta de juros sobre capital próprio a pagar apresentará o saldo de $ 732,27, líquido do Imposto. Posteriormente, no ato do pagamento do JSCP e IRRF, basta fazer o lançamento de débito em ambas as contas em contrapartida de disponibilidades. Nesse exemplo, o valor de JSCP a ser pago aos sócios, líquido do Imposto de Renda Retido na Fonte, é de $ 732,27. Esse mesmo lançamento pode ser apresentado de outra maneira: D = Despesas Financeiras C = Juros sobre Capital Próprio a Pagar C = IRRF a Recolher 861,50 732,77129,23 Resumo O Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99) permite a dedução fiscal sobre o pagamento a título de JSCP, o qual será reconhecido na demonstração de resultado como despesas financeiras. Este será baseado na aplicação da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) sobre o Patrimônio Líquido, mas este valor deve estar limitado a 50% do lucro líquido ou 50% dos saldos de lucros acumulados e reservas de lucros; dos dois, o maior. 12 13 O pagamento só ocorrerá mediante apuração de lucros, conforme condição estabelecida pela Legislação. Considerando-se os limites descritos e, também, a TJLP, podemos estabelecer um esquema para a apuração do montante máximo de JSCP aceito como dedutível para efeitos tributários. Este resulta do menor valor entre: (a) o valor obtido por meio da aplicação da TJLP sobre o patrimônio líquido; e (b) o maior valor entre 50% do lucro apurado no exercício e 50% do somatório dos lucros acumulados com as reservas de lucros. O valor do patrimônio líquido considerado para efeito deste cálculo refere-se àquele deduzido da reserva de reavaliação e dos saldos mantidos na conta ajuste de avaliação patrimonial. Ambos não devem compor a base de cálculo, a não ser que sejam adicionados na determinação da base de cálculo do lucro tributável. Entre outras determinações legais, devemos, ainda, destacar o fato de que os juros pagos ou creditados ao seu beneficiário ficam sujeitos à alíquota de15% de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF). 13 UNIDADE Juros Sobre o Capital Próprio Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Contabilidade avançada e análise das demonstrações financeiras VICECONTI, P. E. V.; NEVES, S. das. Contabilidade avançada e análise das demonstrações financeiras. 17.ed. São Paulo: Saraiva, 2013; Gestão fiscal nas empresas: principais conceitos tributários e sua aplicação ABREU, A. Gestão fiscal nas empresas: principais conceitos tributários e sua aplicação. São Paulo: Atlas, 2008; Planejamento tributário ANDRADE FILHO, E. O. Planejamento tributário. São Paulo: Saraiva, 2009;PÊGAS, P. H. Manual de Contabilidade Tributária. 8.ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2014. 14 15 Referências ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2006. COAD. Curso Prático IRPJ 2013. Rio de Janeiro: 2013. MARTINS, E. et al. Manual de contabilidade societária. Aplicável a todas as Sociedades de Acordo com as Normas Internacionais e do CPC. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2013. PEREZ JUNIOR, J. H.; OLIVEIRA, L. M. Contabilidade avançada. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2010. RECEITA Federal do Brasil. Regulamento do Imposto de Renda – RIR. Brasília: 1999. 15 UNIDADE 16 Contabilidade Avançada Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Rosana Buzian Revisão Textual: Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin Contabilidade Social • Introdução • Forma de Apresentação · Nesta Unidade, será apresentada a Demonstração do Valor Adicionado – DVA, cujo foco trata do Valor Adicionado pela Empresa à sociedade, principal item do conjunto do Balanço Social. Com base nas informações da Demonstração do Resultado do Exercício, além de outras informações complementares, o texto mostrará como montar uma DVA. OBJETIVO DE APRENDIZADO Nesta Unidade, vamos aprender um pouco mais sobre um importante tema “Demonstração do Valor Adicionado – DVA”. Então, procure ler, com atenção, o conteúdo disponibilizado e o material complementar. Não esqueça! A leitura é um momento oportuno para registrar suas dúvidas; por isso, não deixe de registrá-las e transmiti-las ao professor-tutor. Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra no ambiente mais interativo possível, na pasta de atividades, você também encontrará algumas atividades que poderão colaborar e facilitar os seus estudos. Aproveite cada uma delas. Cada material disponibilizado é mais um elemento para seu aprendizado; por favor, estude todos com atenção! É importante, também, respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. ORIENTAÇÕES Contabilidade Social UNIDADE Contabilidade Social Contextualização A Demonstração do Valor Adicionado – DVA, que demonstra o Valor Adicionado, é o principal item do conjunto do Balanço Social. A DVA – Demonstração do Valor Adicionado é obrigatória para as Sociedades Anônimas de Capital Aberto, as companhias abertas, conforme determina a Lei 11.638/07. O ponto de partida para a sua montagem é a Demonstração do Resultado do Exercício, além de outras informações complementares. Ao final desta Unidade, você terá condições de elaborar essa demonstração, seguindo as orientações. 6 7 Introdução O Balanço Social visa a dar informações a respeito do desempenho econômico e social da Empresa para a sociedade, sendo: geração de emprego, gastos com treinamento, benefícios sociais espontâneos, entre outros. O principal item do Balanço Social é o valor adicionado (MARION, 2012). Esse valor é apurado por meio da Demonstração do Valor Adicionado. Esta demonstração surgiu na Europa por influência de países como Inglaterra, França e Alemanha, e tem sido cada vez mais exigida em nível internacional, inclusive em virtude de recomendações da ONU (ALMEIDA, 2012). Martins et al. (2013) interpretam que a DVA tem por objetivo demonstrar o valor da riqueza econômica gerada, que é resultado de um esforço coletivo e sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a sua criação. Para Marion (2012), a DVA demonstra para quem a Empresa está canalizando a renda obtida. O autor acrescenta que, admitindo-se que o valor adicionado seja um bolo, demonstra para quem estão sendo distribuídas as fatias deste bolo e de que tamanho são essas fatias. Neste contexto, a DVA é bastante útil do ponto de vista social, micro e macroeconômico. Assim, podemos chamar a atenção para o fato de que a literatura técnica sobre esse assunto, de modo geral, afirma que a soma dos valores adicionados pelas empresas de um país representa o seu PIB, apesar de diferenças entre os modelos contábil e econômico para esse cálculo. A Lei 11.638/07 determina a obrigatoriedade da apresentação da Demonstração do Valor Adicionado somente para as companhias abertas, fazendo parte do conjunto de demonstrações contábeis apresentado por essas empresas. As demais empresas podem optar pela apresentação da DVA. Mesmo anteriormente à Lei, a demonstração já era incentivada pela CVM e pelo CFC. O pronunciamento técnico que estabelece os trâmites necessários para a elaboração e a apresentação desta demonstração é o CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado (2012). Este pronunciamento define o valor adicionado como a riqueza gerada pela Empresa, de forma geral medida pela diferença entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de terceiros. Inclui, também, o valor adicionado recebido em transferência, ou seja, produzido por terceiros e transferido à Entidade. Assim, Almeida (2012) comenta que a DVA representa, de forma prática, os dados da Demonstração do Resultado do exercício apresentados de outro modo. 7 UNIDADE Contabilidade Social Forma de Apresentação O Pronunciamento Técnico CPC 09 (2012) estabelece a seguinte forma de apresentação da DVA: 1. Receitas · Venda de mercadorias, produtos e serviços. · Outras receitas. · Crédito de liquidação duvidosa. 2. Insumos Adquiridos de Terceiros · Custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos. · Materiais, energia, serviços de terceiros e outros. · Perda na recuperação de ativos. · Outros. 3. Valor Adicionado Bruto (1 – 2) 4. Depreciação, Amortização e Exaustão 5. Valor Adicionado Líquido (3 – 4) 6. Valor Adicionado Recebido em Transferência · Resultado de equivalência patrimonial. · Receitas financeiras. · Outras. 7. Valor Adicionado Total a Distribuir (5 + 6) 8. Distribuição do Valor Adicionado · Pessoal. · Impostos, taxas e contribuições. · Remuneração do capital de terceiros. · Remuneração do capital próprio. Ao observarmos a estrutura da demonstração, percebemos que ela pode ser dividida em duas partes, a qual condiz com o seu propósito de revelar a capacidade de geração de riqueza e sua distribuição: Geração do Valor Adicionado DVA Distribuição do Valor Adicionado Quanto a empres conseguiu gerar? A quem foi destinado? Figura 1– Geração e destinação do valor adicionado Fonte: elaborado pela autor 8 9 A geração do valor adicionado é medida, conforme visto, pela diferença entre o valor recebido de terceiros pelas receitas, menos o valor desembolsado a terceiros para aquisição dos insumos utilizados. A destinação dessa riqueza gerada é evidenciada, também, nesta demonstração, sendo que os beneficiários podem ser o capital (remunerações a capital de terceiros e capital próprio), o trabalho (mão de obra) e o governo (tributos) (MARTINS et al., 2013). Adicionalmente, pode-se interpretar que se subtrairmos das vendas todas as compras de bens e serviços teremos o montante de recursos que a Empresa gera para remunerar salários, juros, impostos e reinvestir no negócio (MARION, 2012). Com base nessa lógica, percebemos que a geração e a distribuição devem apresentar valores iguais. Vamos comentar a composição de cada item da demonstração: a) Receitas: trata-se da receita bruta, inclusive valores de impostos incidentes sobre venda. Consideram-se também as receitas oriundas de vendasde ativos de longo prazo, sendo imobilizado, intangível e com participações societárias; b) Insumos adquiridos de terceiros: custo, despesas gerais, administrativas e de vendas, ligados a bens e serviços adquiridos de terceiros, que podem ser materiais, mercadorias, matéria-prima, energia, serviços prestados por terceiros. Devem ser considerados os valores brutos, inclusive impostos recuperáveis. Perdas por impairment também devem estar inclusas neste item; c) Depreciação, amortização e exaustão: são tratadas como redutores do valor adicionado bruto, para assim apurar o valor adicionado líquido gerado pela Empresa; d) Valor adicionado recebido em transferência: trata-se de riquezas geradas por outras sociedades e transferidas à Empresa, como resultado de equivalência patrimonial; receitas financeiras em forma de descontos obtidos; juros cobrados e rendimentos de aplicações financeiras; outras receitas como aluguéis e direitos de franquia; e) Distribuição do valor adicionado: representa a destinação do valor adicionado, ou ainda, quem são seus beneficiários. Os beneficiários são o pessoal da Empresa (direitos e impostos sobre folha de pagamento), governo (impostos federais, estaduais e municipais), capital de terceiros (juros incorridos, comissões e despesas bancárias e gastos com franquias, entre outros) e remuneração do capital próprio (dividendos, juros sobre o capital próprio e retenção de lucros). 9 UNIDADE Contabilidade Social Com base nesta estrutura, vamos desenvolver o Exemplo 1: EXEMPLO 1 Uma Empresa gerou o seguinte resultado, que consta em sua DRE: Receita bruta na venda de mercadorias 120.000 ( - ) ICMS (14.000) ( - ) PIS (1.000) ( - ) COFINS (6.000) Receita líquida 99.000 ( - ) Custo das mercadorias vendidas (40.000) Lucro bruto 59.000 ( - ) Despesa com materiais (6.500) ( - ) Serviços de terceiros (8.200) ( - ) Salários e encargos sociais (12.400) ( - ) Despesas financeiras (4.000) ( - ) Depreciações (2.000) Resultado antes dos impostos sobre o lucro 25.900 ( - ) Imposto de Renda (6.000) ( - ) Contribuição Social (4.000) Lucro líquido 15.900 A Empresa adquiriu créditos tributários na compra de mercadorias que totalizam $ 5.500. Ao fim do período, foram declarados dividendos no montante de $ 8.000 e o restante do lucro foi retido em forma de reservas. Com base nestes dados, faça a Demonstração do Valor Adicionado. Resolução do Exemplo 1 Como estudamos, a DVA trata-se, de modo geral, da apresentação da DRE em outro formato. Agora, ao invés de efetuar o passo a passo na apuração do lucro contábil da Empresa (DRE), vamos apurar o valor adicionado e verificar a sua destinação (DVA). Chamamos a atenção para o cálculo de dois pontos desta demonstração. Primeiramente, a inserção do custo das mercadorias vendidas, quando da apuração do valor adicionado, deve ser considerada com os impostos recuperáveis inclusos no custo. Neste caso, teremos: CMV considerado na DRE 40.000 + Créditos tributários adquiridos 5.500 Custo total considerado na DVA 45.500 Agora, vamos apurar a parcela total de Distribuição do Valor Adicionado que foi destinado ao governo: 10 11 ICMS 14.000 PIS 1.000 COFINS 6.000 Imposto de Renda 6.000 Contribuição Social 4.000 Créditos tributários (5.500) Total 25.500 Observe que, do total dos impostos, subtraímos os créditos tributários adquiridos, pois estes já foram computados na apuração do custo das mercadorias. Agora, basta elaborar a DVA seguindo o padrão estabelecido, utilizando os valores que constam na DRE, os valores apurados acima e também a consideração sobre a remuneração de capital próprio (esta pode não constar na DRE, como a informação sobre distribuição de dividendos). Demonstração do Valor Adicionado Receitas Receita bruta 120.000 Insumos adquiridos de terceiros Custo das mercadorias vendidas (45.500) Despesa com materiais (6.500) Serviços de terceiros (8.200) Valor adicionado bruto 59.800 Depreciações (2.000) Valor adicionado líquido 57.800 Valor adicionado recebido em transferência Valor adicionado total a distribuir 57.800 Distribuição do valor adicionado Funcionários (12.400) Impostos, taxas e contribuições (25.500) Remuneração do capital de terceiros (4.000) Remuneração do capital próprio (8.000) Retenção de lucros (7.900) Nesse exemplo, verificamos que a Empresa estudada teve a capacidade de gerar um valor adicionado de $ 57.800. Como precisamos destacar toda a destinação dessa riqueza, logicamente, os itens contidos na última parte, “Distribuição do Valor Adicionado”, devem totalizar também o valor de $ 57.800. 11 UNIDADE Contabilidade Social Vejamos: Geração do Valor Adicionado DVA $ 57.800 $ 57.800 Distribuição do Valor Adicionado Quanto a empresa conseguiu gerar? A quem foi destinado? Funcionários $ 12.400 Governo $ 25.500 Capital de terceiros $ 4.000 Capital próprio $ 8.000 Retenção de riqueza $ 7.900 Total destinado $ 57.800 Figura 2–Verificação dos totais de valor adicionado e distribuído Fonte: elaborado pelo autor Assim, foi possível demonstrar o valor da riqueza produzida pela Empresa e sua distribuição ou retenção. Vamos agora praticar este conhecimento por meio dos exercícios a seguir. Exemplo 2 Uma Empresa gerou o seguinte resultado, que consta em sua DRE: Receita bruta na venda de mercadorias ( - ) ICMS ( - ) PIS ( - ) COFINS 280.00 (33.600) (4.620) (21.280) Receita Líquida ( - ) Custo das Mercadorias Vendidas 220.500 (100.000) Lucro Bruto ( - ) Despesa com materiais ( - ) Serviços de terceiros ( - ) Salários e encargos sociais ( - ) Despesas financeiras ( - ) Depreciações ( - ) Amortizações ( - ) Perda na recuperação do custo + Resultado de Equivalência Patrimonial 120.500 (24.500) (18.200) (42.400) (8.000) (9.000) (5.900) (2.200) 1.200 12 13 Resultado antes dos impostos sobre o lucro ( - ) Imposto de Renda ( - ) Contribuição Social 11.500 (1.700) (1.000) Lucro Líquido 8.800 A Empresa adquiriu créditos tributários na compra de mercadorias que totalizam $ 21.500. Ao fim do período, foram declarados dividendos no montante de $ 4.400 e o restante do lucro foi retido em forma de reservas. Com base nestes dados, faça a Demonstração do Valor Adicionado. Resolução do Exemplo 2 CMV considerado na DRE 100.000 + Créditos tributários adquiridos 21.500 Custo total considerado na DVA 121.500 ICMS 33.600 PIS 4.620 COFINS 21.280 Imposto de Renda 1.700 Contribuição Social 1.000 Créditos tributários (21.500) Total 40.700 Receitas Receita bruta 280.000 Insumos Adquiridos de Terceiros Custo das Mercadorias Vendidas Despesas com materiais Serviços de terceiros Perda na recuperação do custo (121.500) (24.500) (18.200) (2.200) Valor Adicionado Bruto Depreciações Amortizações 113.600 (9.000) (5.900) 13 UNIDADE Contabilidade Social Valor Adicionado Líquido Valor Adicionado Recebido em Trânsferência 98.700 1.200 Valor Adicionado Total a Distribuir 99.900 Distribuição do Valor Adicionado Funcionários Impostos, taxas e contribuições Remuneração do capital de terceiros Remuneração do capital próprio Retenção de lucros (42.400) (40.700) (8.000) (4.400) (4.400) Geração do Valor Adicionado DVA $ 99.900 $ 99.900 Distribuição do Valor Adicionado Quanto a empresa conseguiu gerar? A quem foi destinado? Funcionários $ 42.400 Governo $ 40.700 Capital de terceiros $ 8.000 Capital próprio $ 4.400 Retenção de riqueza $ 4.400 Total destinado $ 99.900 14 15 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Contabilidade Empresarial MARION, J. C. Contabilidade Empresarial. 16.ed. São Paulo: Atlas, 2012 – No capítulo 20, observe algumas opções de indicadores utilizados para analisar a DVA. Familiarize- se com esses indicadores. Você pode encontrá-los, também, em outros livros; Pronunciamento Técnico CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado. 15 UNIDADE Contabilidade Social Referências ALMEIDA, M. C. Manual de interpretação contábilda Lei Societária. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2012. COMITÊ de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento Técnico CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado. Brasília: 2012, 22p. MARION, J. C. Contabilidade empresarial. 16.ed. São Paulo: Atlas, 2012. MARTINS, E. et al. Manual de contabilidade societária. Aplicável a todas as Sociedades de Acordo com as Normas Internacionais e do CPC. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2013. 16 Contabilidade Avançada Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Rosana Buzian Revisão Textual: Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin Propriedade para Investimentos e Ativos e Passivos Contingentes • Introdução • Propriedade para Investimento • Ativos e Passivos Contingentes · Conceito de Propriedade para Investimento de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 28; · Conteúdo do Pronunciamento Técnico CPC 25 que trata de Ativos e Passivos Contingentes; · Contextualização dos Ativos Contingentes; · Contextualização dos Passivos Contingentes. OBJETIVO DE APRENDIZADO Nesta Unidade, vamos aprender um pouco mais sobre dois importantes Pronunciamentos Técnicos do CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis, o CPC 28, que trata de Propriedade para Investimento, e o CPC 25, que fala de Ativos e Passivos Contingentes. Então, procure ler, com atenção, o conteúdo disponibilizado e o material complementar. Não esqueça! A leitura é um momento oportuno para registrar suas dúvidas; por isso, não deixe de registrá-las e transmiti-las ao professor-tutor. Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra no ambiente mais intera- tivo possível, na pasta de Atividades, você também encontrará as atividades de Avaliação, uma Atividade Reflexiva e a videoaula. Cada material disponi- bilizado é mais um elemento para seu aprendizado; por favor, estude todos com atenção! É importante, também, respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. ORIENTAÇÕES Propriedade para Investimentos e Ativos e Passivos Contingentes UNIDADE Propriedade para Investimentos e Ativos e Passivos Contingentes Contextualização Com a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC, começaram a ser emitidos os Pronunciamentos Contábeis – CPC para cada assunto em específico. Nesta Unidade, serão abordados dois deles, o CPC 28, que aborda o ativo Pro- priedade para Investimento, e o CPC 25, que fala de Ativos e Passivos Contingentes. Trata-se de dois pronunciamentos importantes e complexos, dadas às especi- ficidades que cada um apresenta em sua essência. Além do material teórico, consulte também os referidos CPCs no próprio site do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC (www.cpc.org.br) para uma interação necessária no que diz respeito à nossa profissão. 6 7 Introdução Nesta Unidade, vamos estudar dois conteúdos de extrema importância no contexto contábil, Propriedade para Investimento e Ativos e Passivos Contingentes. Ambos têm se tornado cada vez mais comuns, refletindo a diversificação de atividades das empresas e litígios judiciais envolvendo regras comerciais e fiscais, trabalhistas, entre outras. O primeiro assunto trata de Propriedade para Investimento, que são propriedades mantidas pela Empresa para obter rendas mediante aluguel ou venda, gerando ganho de capital. Esta prática tem sido comum nas empresas, sendo uma opção de diversificação das atividades. Outro assunto a ser estudado diz respeito aos ativos e passivos contingentes, que surgem de litígios judiciais nos quais as empresas podem estar envolvidas. Bem sabemos que, conforme o desenvolvimento dos mercados, surgem regras e leis para determinar a conduta de seus participantes em relação a fornecedores e clientes (comercialização), funcionários (esfera trabalhista) e Estado (esfera fiscal e tributária), entre outros. A não observância dessas regras faz com que o participante que se vê prejudicado busque judicialmente seus direitos. Passemos, agora, ao estudo do tratamento contábil dedicado a essas duas situações. Propriedade para Investimento Esse assunto é abordado no Pronunciamento Técnico CPC 28 – Propriedade para Investimento. De acordo com este documento, uma propriedade para investimento refere-se a terreno ou edifício mantidos para obtenção de rendas ou para valorização do Capital, e não para uso próprio. Por exemplo, Martins et.al. (2013) citam o caso de imóvel no qual se investiu com a intenção de valorizar o capital aplicado, e não para ser destinado ao uso da Empresa nas suas atividades operacionais. Outro exemplo trata-se de imóvel que a Empresa arrenda a terceiros na forma de arrendamento mercantil operacional, sendo este classificado como Propriedade para Investimento. Adicionalmente, reforçam que a propriedade para investimento deve, obrigatoriamente, ser imóvel (terreno ou edifício). E ainda, deve ser mantido para dele se obter receita de aluguel ou valorização do capital, ou ambas. Não pode ser utilizado no curso das atividades operacionais, em processo de produção ou fornecimento de bens e serviços, em atividades administrativas ou de vendas. Estes ativos não se tratam de ativos comprados ou construídos com 7 UNIDADE Propriedade para Investimentos e Ativos e Passivos Contingentes o objetivo de venda no curso dos negócios, como é o caso do setor imobiliário. Assim, pode-se dizer que qualquer imóvel ocupado pela própria Empresa não pode ser classificado como Propriedade para Investimento (MARTINS et al. 2013). Estes ativos devem ser classificados no subgrupo Investimento, em conta denominada “Propriedade para Investimento”. A mensuração inicial de uma propriedade para investimento deve ser efetuada pelo seu custo, considerando-se, também, os custos de transação, como é feito com o ativo imobilizado. Caso a compra seja a prazo, o seu custo será o valor a vista, sendo a diferença reconhecida por competência como despesa financeira. Nota-se, nesse caso, a aplicação do ajuste a valor presente. Esses ativos podem ser avaliados, posteriormente, ao custo ou ao valor justo, sendo que a escolha deve ser aplicada de modo consistente ao longo do tempo. Mesmo tendo optado pelo método de custo, a empresa precisa divulgar o valor justo do ativo em nota explicativa. Ao utilizar esse método, os ativos classificados como propriedade para investimento devem ser normalmente depreciados. A depreciação ocorrerá considerando a vida útil econômica, o valor residual e a natureza do desgaste a que se sujeitam. Quando forem avaliados pelo valor justo, os ajustes devem ocorrer ao longo da vida útil. Os resultados decorrentes de alterações no valor justo deverão ser reconhecidos no resultado do período em que ocorrerem. Neste momento, é importante recordarmos algumas considerações sobre o valor justo. Conforme os pronunciamentos gerais, podemos dizer que a melhor evidência de valor justo é o valor de mercado em um mercado ativo com partes interessadas e independentes entre si, em uma transação sem favorecimentos e que não se configure em liquidação forçada. Na impossibilidade de medir o valor justo, deve-se utilizar o método de custo, presumindo valor residual nulo. Quanto aos gastos com manutenção e reformas, a segregação entre o que é despesa e o que é adição ao ativo segue também todas as mesmas regras aplicáveis ao caso do ativo imobilizado (MARTINS et al. 2013). Então, vamos lembrar: a) Gastos de capital: irão beneficiar mais de um exercício social e devem ser adicionados ao valor do ativo; b) Gastos do período: irão beneficiar apenas um exercício e são necessários para manter o ativo em condições de utilização, mas não lhe aumentam o valor. Assim, lembramos que os gastos de capital devem ser capitalizados, ou seja, lançados no ativo; e os gastos do período serão levados diretamente ao resultado. 8 9 Ativos e Passivos Contingentes O Pronunciamento Técnico que trata desse assunto é o CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes (CPC, 2012). Martins et al. (2013) diferenciam os ativos e passivos contingentesdos outros ativos e passivos normais, afirmando que estes últimos são compostos por obrigações e direitos definidos, certos e geralmente suportados por documentação que não deixa incerteza quanto ao valor e à data prevista de realização. Ademais, explicam que o termo “contingente” denota ativos e passivos não reconhecidos em virtude de sua existência depender de um ou mais eventos futuros incertos que não estejam totalmente sob o controle da instituição. Assim, um passivo contingente é originado quando existe uma possível obrigação a ser confirmada por evento futuro. Este passivo será reconhecido, conforme veremos, apenas se sua ocorrência for provável e puder ser mensurado com segurança. Já um ativo contingente é originado quando o ingresso de benefícios é provável, mas não totalmente certo, e a sua ocorrência depende de evento externo, fora do controle da Empresa. Exige apenas divulgação e será reconhecido apenas quando a realização da receita for praticamente certa. Para ativos e passivos contingentes, os gestores da companhia, assessorados por seus advogados, devem classificar as contingências para definir o tratamento contábil adequado. Essa classificação, segundo Almeida (2012), pode ser: Quadro 1 – Classifi cação das contingências. Remotas Possíveis Prováveis Probabilidade de ocorrência Pequenas Médias Fortes Assim, devemos classificar os ganhos ou perdas contingentes conforme as probabilidades de ocorrência descritas acima, podendo ser remotas, possíveis ou prováveis. Conforme a classificação, haverá um tratamento contábil específico. Essa classificação será efetuada mediante consulta ao Departamento Jurídico e advogados da Empresa. Desse modo, a regra geral é: • Ganho contingente: em nenhum caso é reconhecido antecipadamente, mas apenas no momento da realização. Será divulgado em nota explicativa apenas quando for provável; 9 UNIDADE Propriedade para Investimentos e Ativos e Passivos Contingentes • Perda contingente: só é reconhecida quando a ocorrência for provável e seu valor puder ser estimado com segurança. Será descrito em nota explicativa quando a ocorrência for provável ou possível. Podemos notar que ganhos (ativos) contingentes somente devem ser contabi- lizados por ocasião de sua efetiva realização, ou seja, quando a companhia tiver vencido o processo em instância final. E será divulgado em nota explicativa apenas quando for provável. Quanto às perdas (passivos) contingentes, a Companhia deve provisioná-las se forem classificadas como prováveis caso o montante possa ser estimado com segurança. E será descrita em nota explicativa quando a ocorrência for provável ou possível (ALMEIDA, 2012). Podemos interpretar que essa regra, contida no Pronunciamento Técnico CPC 25 (CPC, 2012), condiz com a convenção do conservadorismo. Vamos lembrar essa convenção: Conservadorismo: na dúvida, antecipe perdas e aumente o passivo exigível, mas nunca antecipe ganho e nem aumente o ativo. O propósito da prática do conservadorismo e não ludibriar os usuários das demonstrações contábeis. Nesse contexto, a contabilização de ativos e passivos contingentes, conforme a classificação descrita em relação à sua probabilidade de ocorrência, é mais criteriosa em relação a passivos. Ou seja, o passivo contingente tem maior chance de ser contabilizado caso a ocorrência seja provável. Já o ativo contingente depende de mais circunstâncias, já que não será reconhecido anteriormente de forma alguma, mas apenas no momento da realização. Definições previstas no CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes • Provisão é um passivo de prazo ou de valor incertos; • Passivo é uma obrigação presente da Entidade, derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos da Entidade capazes de gerar benefícios econômicos; • Evento que cria obrigação é um evento que cria uma obrigação legal ou não formalizada que faça com que a Entidade não tenha nenhuma alternativa realista senão liquidar essa obrigação; • Obrigação legal é uma obrigação que deriva de: (a) Contrato (por meio de termos explícitos ou implícitos); (b) Legislação; ou 10 11 (c) Outra ação da lei; • Obrigação não formalizada é uma obrigação que decorre das ações da Entidade em que: (a) Por via de padrão estabelecido de práticas passadas, de políticas publicadas ou de declaração atual suficientemente específica, a Entidade tenha indicado a outras partes que aceitará certas responsabilidades; e (b) Em consequência, a Entidade cria uma expectativa válida nessas outras partes de que cumprirá com essas responsabilidades; • Passivo contingente é uma obrigação: (a) Possível que resulta de eventos passados e cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos não totalmente sob controle da entidade; ou (b) Presente que resulta de eventos passados, mas que não é reconheci- da porque: (i) Não é provável que uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos seja exigida para liquidar a obrigação; ou (ii) O valor da obrigação não pode ser mensurado com suficiente con- fiabilidade; • Ativo contingente é um ativo possível que resulta de eventos passados e cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos, não totalmente sob controle da Entidade; • Contrato oneroso é um contrato em que os custos inevitáveis de satisfazer as obrigações do contrato excedem os benefícios econômicos que se esperam sejam recebidos ao longo do mesmo contrato; • Distinção entre Provisões e Passivos Contingentes: (a) Provisões: que são reconhecidas como passivo (presumindo-se que possa ser feita uma estimativa confiável) porque são obrigações presentes e é provável que uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos seja necessária para liquidar a obrigação; e (b) passivos contingentes: que não são reconhecidos como passivo porque são: (i) obrigações possíveis, visto que ainda há de ser confirmado se a entidade tem ou não uma obrigação presente que possa conduzir a uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos; ou (ii) obrigações presentes que não satisfazem os critérios de reconhecimento deste Pronunciamento Técnico (porque não é provável que seja necessária uma saída de recursos que incorporem benefícios econômicos para liquidar a obrigação, ou não pode ser feita uma estimativa suficientemente confiável do valor da obrigação). Uma provisão deve ser reconhecida quando: (a) a entidade tem uma obrigação presente (legal ou não formalizada) como resultado de evento passado; 11 UNIDADE Propriedade para Investimentos e Ativos e Passivos Contingentes (b) seja provável que será necessária uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos para liquidar a obrigação; e (c) possa ser feita uma estimativa confiável do valor da obrigação. Se essas condições não forem satisfeitas, nenhuma provisão deve ser reconhecida. Passivo contingente A entidade não deve reconhecer um passivo contingente O passivo contingente é divulgado a menos que seja remota a possibilidade de uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos. Ativo contingente • A entidade não deve reconhecer um ativo contingente; • O ativo contingente é divulgado quando for provável a entrada de benefícios econômicos; • Os ativos contingentes não são reconhecidos nas demonstrações contábeis, vez que pode tratar-se de resultado que nunca venha a ser realizado; • Os ativos contingentes surgem normalmente de evento não planejado ou de outros não esperados que dão origem à possibilidade de entrada de benefícios econômicos para a entidade; • Porém, quando a realização do ganho é praticamente certa, então, o ativo relacionado não é um ativo contingente e o seu reconhecimento é adequado. Provisão e Passivo Contingente São caracterizados em situações nas quais, como resultado de eventos passados, pode haver um saída de recursos envolvendobenefícios econômicos futuros na liquidação de: (a) obrigação presente; ou (b) obrigação possível cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos não totalmente sob controle da entidade. Há obrigação presente que provavelmente requer uma saída de recursos. Há obrigação possível ou obrigação presente que pode requerer, mas provavelmente não irá requerer, uma saída de recursos. Há obrigação possível ou obrigação presente cuja probabilidade de uma saída de recursos é remota. A provisão é reconhecida (item 14). Nenhuma provisão é reconhecida (iteM 27). Nenhuma provisão é reconhecida (item 27). Divulgação é exigida para a provisão (itens 84 e 85). Divulgação é exigida para o passivo contingente (item 86). Nenhuma divulgação é exigida (item 86). Ativo Contingente São caracterizados em situações nas quais, como resultado de eventos passados, há um ativo possível cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos não totalmente sob controle da entidade. A entreda de benefício econômicos é praticamente certa. A entrada de benefícios econômicos é provável, mas não praticamente certa. A entrada não é provavel. O ativo não é contingente (item 33). Nenhum ativo é reconhecido (item 31). Nenhum ativo é reconhecido (item 31). Divulgação é exigida (item 89). Nenhuma divulgação é exigida (item 89). 12 13 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Contabilidade avançada: textos, exemplos e exercícios resolvidos ALMEIDA, M. C. Contabilidade avançada: textos, exemplos e exercícios resolvidos. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2013. Manual de normas internacionais de contabilidade: IFRS versus normas brasileiras ERNST & YOUNG, Fipecafi. Manual de normas internacionais de contabilidade: IFRS versus normas brasileiras. 2.ed. Sã o Paulo: Atlas, 2010. IFRS: entendendo e aplicando as normas internacionais de Contabilidade LIMA, L. M. S. IFRS: entendendo e aplicando as normas internacionais de Contabilidade. Sã o Paulo: Atlas, 2010. Contabilidade avançada e internacional MULLER, A. N.; SCHERER, L. M. Contabilidade avançada e internacional. 3.ed. São Paulo : Saraiva, 2013. IFRS e CPC: guia de aplicação contábil para contexto brasileiro OLIVEIRA, Antonio Benedito; SIQUEIRA, Dalgi. IFRS e CPC: guia de aplicação contábil para contexto brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2013. 13 UNIDADE Propriedade para Investimentos e Ativos e Passivos Contingentes Referências ALMEIDA, M. C. Manual de interpretação contábil da lei societária. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2012. COMITÊ de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento técnico CPC 25 – Provisões, passivos contingentes e ativos contingentes. Brasília: 2012. COMITÊ de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento técnico CPC 28 – Propriedade para investimento. contingentes. Brasília: 2012. MARTINS, E. et al. Manual de Contabilidade Societária. Aplicável a todas as Sociedades de Acordo com as Normas Internacionais e do CPC. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2013. 14 Contabilidade Avançada Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Rosana Buzian Revisão Textual: Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin Normas Contábeis – Pequenas e Médias Empresas • Introdução • Pronunciamento Técnico Cpcpme • Interpretação ITG 1000 · A aplicabilidade das Normas Contábeis depende do porte da Empresa (porte esse determinado pelo valor do Ativo e da Receita Bruta). Sendo assim, além dos tipos de Empresa, conforme o seu porte, nesta Unidade, serão apresentadas as Normas Contábeis aplicáveis às Pequenas e Médias Empresas, no que diz respeito aos procedimentos contábeis e às Demonstrações Contábeis, e também, as orientações aplicáveis às Empresas de Pequeno Porte. OBJETIVO DE APRENDIZADO Nesta Unidade, vamos aprender um pouco mais sobre um importante tema: “Normas Contábeis aplicáveis às Micro, Pequenas e Médias Empresas”. Então, procure ler, com atenção, o conteúdo disponibilizado e o material complementar. Não esqueça! A leitura é um momento oportuno para registrar suas dúvidas; por isso, não deixe de registrá-las e transmiti-las ao professor-tutor. Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra num ambiente mais interativo possível, na pasta de atividades, você também encontrará as atividades de Avaliação, apresentação narrada e a videoaula. Cada material disponibilizado é mais um elemento para seu aprendizado; por favor, estude todos com atenção! É importante, também, respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. Bom estudo!!! ORIENTAÇÕES Normas Contábeis – Pequenas e Médias Empresas UNIDADE Normas Contábeis – Pequenas e Médias Empresas Contextualização Quando o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC começou a emitir os Pronunciamentos Contábeis – CPC, tanto a comunidade empresarial como a comunidade acadêmica entenderam que eles eram direcionados para as grandes empresas, as empresas de grande porte. Posteriormente, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC emitiu o Pronunciamento Técnico CPC-PME, totalmente direcionado às pequenas e médias empresas (vale lembrar que essa ação foi reconhecida e validada pelo CFC – Conselho Federal de Contabilidade com a emissão da Norma Brasileira de Contabilidade – Técnica Geral – NBC TG 1000). Ainda assim, também se pensou nas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, quando foi emitida a Interpretação 1000. Portanto, consulte essas regulamentações no site do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC para se familiarizar. Comitê de Pronunciamentos Contábeis: www.cpc.org.brEx pl or Não se esqueça que os Pronunciamentos Técnicos do CPC representam o nosso guia de trabalho no ambiente empresarial e, também, um agregador de conhecimentos para a vida profissional. 6 7 Introdução Os pronunciamentos técnicos gerais emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) são destinados às entidades de grande porte. Essas são, conforme a Lei 11.638/07, empresas que estejam dentro dos seguintes parâmetros: (a) ativo total igual ou superior a R$ 240 milhões ou (b) receita bruta igual ou superior a R$ 300 milhões. As empresas que apresentam ativo total ou receita bruta abaixo dos limites estabelecidos acima são tidas como pequenas e médias empresas. Para essas, o CPC emitiu o Pronunciamento Técnico CPC PME (CPC, 2009), visando à maior objetividade e facilidade no tratamento contábil para empresas de menor porte e que não tenham obrigação de prestação pública de contas. Esse pronunciamento foi reconhecido e validado pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), por meio da Resolução nº 1.255/09, como NBC TG 1000 (CFC, 2009). Outra iniciativa, por parte do CFC, foi a emissão da Resolução nº 1.418/12, que aprova a interpretação ITG 1000 – Modelo Contábil para Microempresa e Empresa de Pequeno Porte (CFC, 2012). Trata-se ainda de uma simplificação da NBC TG 1000. Esta interpretação aplica-se às entidades sujeitas à Lei Complementar nº 123/06, conhecida como Simples Nacional. Resumidamente, podemos elencar as empresas e as respectivas normas a serem seguidas, conforme as exigências estabelecidas: Quadro 1 – Porte da Empresa e Norma a ser seguida Porte da Empresa Classifi cação Norma a aer Seguida Grande porte Ativo ≥ R$ 240 milhões Receita bruta ≥ R$ 300 milhões CPCs de forma integral Pequeno e médio porte Inferior aos limites de sociedades de grande porte CPC PME NBC TG 1000 Micro e pequenas Conforme limites LC 123/06 ITG 1000 Estudaremos, nos próximos tópicos, o conteúdo geral das normas aplicadas às empresas classificadas como de pequeno e médio porte e também de microempresas. Vamos observar que, de modo geral, a prática contábil é bastante similar, mas para essas empresas, a norma é mais objetiva e direta. É importante ressaltar que prevalece a primazia da essência econômica dos fatos, ao invés da norma jurídica. Todo o conteúdo dessa atividade está em conformidade comas normatizações descritas. O pronunciamento, em sua forma original, contém 244 páginas. Nessa atividade, vamos apresentar, resumidamente, os pontos mais relevantes. Para maior aprofundamento, recomendamos ao aluno a consulta à norma. 7 UNIDADE Normas Contábeis – Pequenas e Médias Empresas Pronunciamento Técnico CPCPME Este pronunciamento técnico trata-se de uma simplificação (sem perder as características qualitativas) das práticas contábeis. A necessidade de simplificação e objetividade reside na relação custo x benefício. É natural que empresas menores não tenham forte necessidade de prestação de contas a uma ampla gama de usuários e, tampouco publiquem demonstrações financeiras. O próprio pronunciamento reconhece que as PMEs (Pequenas e Médias Empresas) podem produzir demonstrações contábeis apenas para o uso de proprietários ou autoridades fiscais. Como as empresas de pequeno e médio porte geralmente não tem, normalmente, operações complexas e necessidade de prestação de contas a vários usuários, a elas é facultada a utilização de critérios contábeis simplificados, que é o caso deste pronunciamento. Empresas de “pequeno e médio porte” referem-se àquelas que: (1) estejam abaixo dos limites estabelecidos na legislação societária para empresas de grande porte; ou (2) companhias que não sejam requeridas a fazer prestação pública de contas, para as quais fica dispensada a publicação de demonstrações contábeis. Mais uma vez, é preciso chamar atenção para as diferenças contábeis apuradas em âmbito societário e fiscal. O resultado contábil apurado no seguimento dessa norma pode ser diferente daquele apurado para fins fiscais; assim, deve a empresa manter controles fiscais para os ajustes, sendo efetuados no FCont e no Lalur. O objetivo das demonstrações contábeis de pequenas e médias empresas é oferecer informação sobre a posição financeira, desempenho e fluxos de caixa. Respectivamente, estas informações podem ser obtidas no balanço patrimonial, na demonstração do resultado, na demonstração do resultado abrangente, e na demonstração dos fluxos de caixa. A estrutura das demonstrações contábeis não sofre alteração, conforme as já conhecidas e praticadas pelas demais sociedades. Para o Balanço Patrimonial, o pronunciamento define ativo, passivo e patrimônio líquido da seguinte maneira: • Ativo é um recurso controlado pela Entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que benefícios econômicos futuros fluam para a Entidade; • Passivo é uma obrigação atual da Entidade como resultado de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera resulte na saída de recursos econômicos; • Patrimônio líquido é o valor residual dos ativos da Entidade após a dedução de todos os seus passivos. 8 9 O ativo será reconhecido quando (a) for provável que gere benefícios econô- micos futuros à empresa que o controla e (b) que seu custo possa ser determinado com segurança. A geração de benefícios futuros precisa ser observada por ser, segundo vários autores, a principal característica de ativo. A determinação do custo com segurança deve ocorrer para evitar excesso de subjetivismo. Quanto aos requisitos para reconhecimento de um passivo, a norma estabe- lece que (a) seja uma obrigação proveniente de evento passado, (b) seja provável que a Entidade transfira recursos para sua liquidação, e (c) seu valor seja mensu- rado com segurança. Ao estudar as referidas normatizações, percebe-se, em vários aspectos, a primazia da essência econômica sob a forma jurídica. Por exemplo, o pronunciamento ressalta que ao determinar a existência do ativo, o direito de propriedade não é essencial. Como é o caso de imóveis mantidos em regime de arrendamento mercantil, que podem ser classificados como ativo se a entidade o controla e usufrui dos benefícios gerados por este (condições para classificação de ativos). Também reforça a existência e contabilização de ativos tangíveis e intangíveis. Para a demonstração do resultado, o pronunciamento utiliza os seguintes conceitos: • Receitas são aumentos de benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma de entradas ou aumentos de ativos ou diminuições de passivos, que resultam em aumento do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de aportes dos proprietários da entidade; • Despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma de saída de recursos ou redução de ativos ou incrementos em passivos, que resultam em decréscimos no patrimônio líquido e que não sejam provenientes de distribuição aos proprietários da entidade. O reconhecimento de receitas e despesas resultam diretamente do reconhecimento e mensuração de ativos e passivos. A norma também reforça que ambos sejam reconhecidos se forem avaliados de modo confiável. Além do balanço patrimonial, demonstração do resultado e demonstração do re- sultado abrangente, as seguintes demonstrações também fazem parte do conjunto de demonstrações contábeis a serem elaboradas pelas pequenas e médias empresas: • Demonstração das Mutações no Patrimônio Líquido (DMPL) – Trata-se da demonstração de fatos que provocam alteração em saldos de contas do patrimônio líquido, que podem ser motivos de: apuração de resultado, distribuição de dividendos e constituição de reservas, entre outras. Se as únicas alterações no patrimônio líquido ocorrerem apenas na conta de Lucros Acumulados (apuração de resultado, distribuição de dividendos etc.), a DMPL pode ser substituída pela Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados – DLPA; 9 UNIDADE Normas Contábeis – Pequenas e Médias Empresas • Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) – Apresenta os fluxos de caixa gerados pelas atividades operacionais, de investimento e de financiamento. Quanto às atividades operacionais, podem ser apuradas pelo método direto ou indireto, sendo que é incentivada a apresentação da conciliação entre o resultado líquido e o fluxo de caixa dessas atividades; • Notas explicativas – Descrição de informações adicionais para o melhor entendimento dos itens contidos nas demonstrações apresentadas, bem como itens que não foram registrados nas demonstrações. O conteúdo geral deve abranger: declaração de conformidade com essa norma, resumo das principais práticas contábeis, informações auxiliares acerca dos itens apresentados nas demonstrações obedecendo a ordem de apresentação das contas, e outras informações que julgar relevante. Sobre as práticas contábeis específicas, esse pronunciamento determina, de modo geral, que as mesmas aplicações e filosofia (essência econômica) que são exigidas pelos demais pronunciamentos (aplicados às grandes empresas), sejam também aplicadas às pequenas e médias empresas, porém, de modo simplificado. Vejamos algumas considerações e as principais diferenças: a) Ajuste ao valor presente: por mais que esse pronunciamento não contenha seção específica para esse assunto, ele determina, em outros momentos, a sua prática. As disposições sobre estoques, imobilizado e receita, determinam que os juros envolvidos não façam parte da operação, sendo transferidos ao resultado; b) Instrumentos financeiros: são permitidas apenas duas classificações, sendo empréstimos e recebíveis, e mensurados pelo valor justo por meio do resultado; c) Imobilizado: informações a respeito do valor residual, vida útil e método de depreciação não precisam ser revistos anualmente, mas apenas quando existir uma indicação relevante de alteração; d) Intangíveis: todos devem ser considerados com vida útil finita sendo, por consequência, amortizados. Na incerteza da estimação da vida útil, presume-se o período de dez anos. Não se aplica a ativação de gastos com desenvolvimento, sendo estes considerados como despesa. Valor residual, vida útil e método de amortização necessitam ser revistos apenas quando existir uma indicação relevante de alteração; e) Demonstração do Valor Adicionado (DVA): o CPCPME não tem disposições sobre esse assunto,já que ela é dispensada a essas empresas pela legislação societária; f) Notas explicativas: as exigências são menores devido a dois fatores: (1) a simplificação de exigências reduz, logicamente, o rol de informações a serem prestadas e necessidades de esclarecimentos, e (2) alguns assuntos exigidos por outros Pronunciamentos não entraram no escopo do CPCPME, reduzindo a necessidade de nota explicativa. 10 11 Interpretação ITG 1000 O CFC aprovou, pela Resolução nº 1.418/12, a Interpretação ITG 1000 – Modelo Contábil para Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, sendo este simplificado. Essa interpretação estabelece critérios e procedimentos simplificados para as entidades enquadradas como Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, conforme os critérios estabelecidos pela Lei Complementar nº 123/06, o Simples Nacional. Vamos recordar o enquadramento determinado por esta Lei: O Supersimples é o Regime Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, instituído pela Lei Complementar nº 123/2006 e posteriormente alterada pelas leis complementares 128/2008 e 139/2011. As disposições normativas deste sistema têm praticado a seguinte classificação, conforme nível de faturamento, desde 1º de janeiro de 2012: I. Microempresas – ME: receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00; II. Empresas de Pequeno Porte – EPP: receita bruta superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00; III. Microempreendedores Individuais – MEI: receita bruta máxima de R$ 60.000,00. Assim, todas as empresas que se enquadram como Microempresas (ME), Empresas de Pequeno Porte (EPP) ou Microempreendedores Individuais (MEI) podem optar pelo cumprimento da ITG 1000. Caso essas entidades não optem pela adoção dessa interpretação, ficam sujeitas ao cumprimento da NBC TG 1000 (CPCPME). A interpretação ITG 1000 também exige o cumprimento dos princípios de Contabilidade, regime de competência e primazia da essência econômica, entre outros fundamentos, quando da contabilização de seus fatos. Transações ou eventos materiais que não estejam esclarecidos nesta interpretação devem ser registrados conforme as exigências da NBC TG 1000. A interpretação IGT1000 estabelece que o contador deve obter uma carta de responsabilidade da administração da Empresa na qual presta serviço, com o objetivo de salvaguardar o profissional contábil no que se refere à sua responsabilidade pela realização da escrituração contábil, segregando-a e a distinguindo das responsabilidades e decisões administrativas da Empresa. Alguns detalhes referentes à contabilizações podem ser aqui descritos. a) Quanto às exigências em relação a estoques, permanecem os critérios gerais. Por exemplo, o custo deve compreender todos os gastos incorridos para colocar o produto em condição de consumo ou venda. A contabilização deve ocorrer considerando os custos individuais dos estoques ou utilizando um dos métodos: “Primeiro que Entra, Primeiro que Sai” (PEPS); ou custo médio ponderado. Vale também a regra “custo ou mercado, dos dois o menor”; 11 UNIDADE Normas Contábeis – Pequenas e Médias Empresas b) O ativo imobilizado deve ser contabilizado pelo custo, sendo esse todos os gastos necessários para colocá-lo em condições de uso. Recomenda-se, pela maior simplicidade, a utilização do método linear para cálculo da depreciação do imobilizado. Caso haja evidências de desvalorização nos ativos, tornando- se improvável a geração de benefícios futuros que supere seu custo, o valor contábil deve ser reduzido ao valor recuperável, mediante reconhecimento de perda na recuperação (teste de impairment). A interpretação lista os seguintes exemplos de indicadores de redução do valor recuperável: forte declínio no valor de mercado, obsolescência e quebra; c) A receita de prestação de serviço deve ser reconhecida na proporção em que o serviço for prestado; d) Fica mantida a constituição de perda com crédito de liquidação duvidosa, reconhecida quando houver incerteza sobre o recebimento de valor a receber de clientes; e) Para essa interpretação, as demonstrações contábeis obrigatórias são o balanço patrimonial, a demonstração do resultado e as notas explicativas, ao final do exercício social. Mas quando houver necessidade, podem ser apresentadas em períodos intermediários. A elaboração do conjunto completo de demonstrações contábeis, sendo, além daquelas descritas acima, a demonstração dos fluxos de caixa, a demonstração do resultado abrangente e a demonstração das mutações do patrimônio líquido, apesar de não serem obrigatórias para as entidades alcançadas pela interpretação, é estimulada pelo Conselho Federal de Contabilidade. A ITG 1000 exige, ainda, a apresentação das notas explicativas, contendo pelo menos as seguintes informações: declaração de conformidade com a ITG 1000, contexto operacional, práticas e políticas contábeis, contingências passivas, quando houver, e demais informações relevantes. 12 13 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Resolução nº 1.255/09 CONSELHO Federal de Contabilidade. Resolução nº 1.255/09. Aprova a NBC TG 1000 – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas. Brasília, 2009; Resolução nº 1.418/12 CONSELHO Federal de Contabilidade. Resolução nº 1.418/12. Aprova a ITG 1000 – Modelo Contábil para Microempresa e Empresa de Pequeno Porte. Brasília, 2012; A Adoção do CPC PME – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas ARAÚJO, C. T. de A.; SILVA, D. M. de. A Adoção do CPC PME – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas. Revista Contábil UFBA, Salvador-Ba, v. 8, n. 3, p. 75 - 91, set./dez. 2014 A institucionalização do CPC PME nas Empresas Contábeis e sua Utilidade para as Empresas SOUZA, L. R. B. de. A institucionalização do CPC PME nas Empresas Contábeis e sua Utilidade para as Empresas. 2015. 154p. Dissertação (Mestrado em Contabilidade) Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2015. 13 UNIDADE Normas Contábeis – Pequenas e Médias Empresas Referências BRASIL. Lei nº 11.638. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Brasília, 2007. ________. Lei Complementar nº 123/06. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Brasília, 2006. ________. Lei Complementar nº 128/08. Altera a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 e dá outras previdências. Brasília, 2008. ________. Lei Complementar nº 139/11. Altera a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 e dá outras previdências. Brasília, 2011. COMITÊ de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento técnico CPC PME – Contabilidade para pequenas e médias empresas. Brasília, 2009. CONSELHO Federal de Contabilidade. Resolução nº 1.255/09 – Aprova a NBC TG 1000 – Contabilidade para pequenas e médias empresas. Brasília, 2009. CONSELHO Federal de Contabilidade. Resolução nº 1.418/12 – Aprova a ITG 1000 – Modelo Contábil para Microempresa e Empresa de Pequeno Porte. Brasília, 2012. 14 Contabilidade Avançada Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Rosana Buzian Revisão Textual: Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin SPED Fiscal e Contábil • Introdução • SPED Contábil • SPED Fiscal • EFD Contribuições • Nota Fiscal Eletrônica • e-Lalur · Esta Unidade apresenta o SPED – Serviço Público de Escrituração Digital, que congrega as administrações tributárias das três esferas: federal, estadual e municipal, seus benefícios e seu universo de atuação: SPED Contábil, SPED Fiscal, EFD Contribuições, Nota Fiscal Eletrônica e E-Lalur. OBJETIVO DE APRENDIZADO Nesta Unidade, vamos aprender um pouco mais sobre um importante te- ma “SPED”. Então, procure ler, com atenção, o conteúdo disponibilizado e o material complementar.Não esqueça! A leitura é um momento oportuno para registrar suas dúvidas; por isso, não deixe de registrá-las e transmiti-las ao professor-tutor. Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra num ambiente o mais interativo possível, na pasta de atividades, você também encontrará atividades de Avaliação, uma Atividade Reflexiva e a videoaula. Cada material disponibilizado é mais um elemento para seu aprendizado; por favor, estude todos com atenção! É importante, também, respeitar os prazos estabelecidos no Cronograma. Bom estudo!!! ORIENTAÇÕES SPED Fiscal e Contábil UNIDADE SPED Fiscal e Contábil Contextualização A Contabilidade tem por objetivo o Patrimônio e suas alterações. Outra visão da Contabilidade é a questão do Controle, verificado por meio do registro e do armazenamento desse registro. Paralelamente aos fatos contábeis, temos a parte fiscal, que utiliza exatamente esses fatos contábeis para extrair os aspectos fiscais das operações. Novamente, temos o registro de todos esses fatos fiscais que, em determinado momento, irão se juntar aos fatos contábeis das operações, originando novas operações. Resumindo, todos esses fatos, sejam eles contábeis ou fiscais, serão enviados a seus respectivos órgãos competentes. Para integrar todos esses registros, temos a figura do SPED – Sistema Público de Escrituração Digital, devidamente dividido conforme a sua atuação: Contábil, Fiscal, Contribuições, Nota Fiscal Eletrônica e E-Lalur. Todos eles se configuram como meios de comunicação entre a Empresa e os órgãos competentes, das diversas e inúmeras informações registradas, armazenadas e geradas pela Contabilidade. Aqui a Contabilidade exerce a sua função de divulgar as informações do Patrimônio a alguns de seus usuários. Tenham todos uma excelente leitura e aprendizado!!! 6 7 Introdução Nesta Unidade, estudaremos o Sistema Público de Escrituração Digital, comu- mente denominado SPED. O conteúdo aqui desenvolvido faz referência, principal- mente, às publicações realizadas pela Receita Federal (2013) e também à Resolução CFC nº 1.299/10, que valida o comunicado técnico CTG 2001 sobre o assunto. O SPED representa uma iniciativa integrada das administrações tributárias em três esferas: federal, estadual e municipal. De modo geral, consiste na modernização do sistema de cumprimento das obrigações acessórias. A validade jurídica fica assegurada por meio da utilização de certificação digital para fins de assinatura dos documentos eletrônicos. Assim, trata-se de um avanço na informatização da relação entre o fisco e os contribuintes. A Receita Federal (2013) descreve os seguintes objetivos do SPED: • Promover a integração dos fiscos, mediante a padronização e o comparti- lhamento das informações contábeis e fiscais, respeitadas as restrições legais; • Racionalizar e uniformizar as obrigações acessórias para os contribuintes, com o estabelecimento de transmissão única de distintas obrigações acessórias de diferentes órgãos fiscalizadores; • Tornar mais célere a identificação de ilícitos tributários, com a melhoria do controle dos processos, a rapidez no acesso às informações e a fiscalização mais efetiva das operações, com o cruzamento de dados e auditoria eletrônica. Ademais, a Receita Federal (2013) cita, entre outros, os seguintes benefícios gerados por sua implantação: • Melhorar o ambiente de negócios para as empresas no país; • Validade jurídica do documento eletrônico para todos os fins; • Validade jurídica da escrituração digital e da nota fiscal eletrônica em âmbito comercial e fiscal; • Manutenção da responsabilidade legal pela guarda dos arquivos eletrônicos da escrituração digital pelo contribuinte; • Redução de custos envolvendo a dispensa de emissão e armazenamento de documentos em papel e simplificação das obrigações acessórias; • Uniformização das informações que o contribuinte presta às diversas unida- des federadas; • Redução do tempo despendido com a presença de auditores fiscais nas instalações do contribuinte; 7 UNIDADE SPED Fiscal e Contábil • Fortalecimento do controle e da fiscalização por meio de intercâmbio de informações entre as administrações tributárias; • Rapidez no acesso às informações; • Possibilidade de cruzamento entre os dados contábeis e os fiscais; • Aperfeiçoamento do combate à sonegação. O universo de atuação do SPED abrange: SPED contábil, SPED fiscal, EFD contribuições, Nota Fiscal eletrônica e e-Lalur. Nas próximas seções, estudaremos cada um desses itens. Recomendamos aos alunos que se mantenham atualizados, consultando constantemente as legislações referentes a esse assunto, por tratar-se de tema bastante dinâmico. SPED Contábil A Escrituração Contábil Digital (ECD) é parte integrante do projeto SPED e tem por objetivo a substituição da escrituração em papel pela escrituração digital. Assim, a Empresa fica obrigada a transmitir, digitalmente, os seguintes livros: diário, razão, balancetes, balanços, fichas de lançamento e documentos auxiliares (RECEITA FEDERAL, 2013). Estão obrigadas ao SPED Contábil todas as sociedades empresárias tributadas pelo lucro real. Para as outras sociedades, como as Sociedades Simples, as Microempresas e as Empresas de Pequeno Porte optantes pelo Simples Nacional, a ECD é facultativa (RECEITA FEDERAL, 2013). O Conselho Federal de Contabilidade normatiza o cumprimento das formalidades da escrituração contábil em forma digital, por meio do Comunicado Técnico CTG 2001, validado pela Resolução nº 1.299/10 (CFC, 2010). Esse comunicado determina que a escrituração contábil em forma digital deve ser executada em conformidade com os preceitos estabelecidos na ITG 2.000 (CFC, 2011), que trata de escrituração contábil de modo geral. Um fato interessante diz respeito a casos em que não haja movimento no período. As regras de obrigatoriedade consideram se a sociedade empresária teve ou não movimento. Sem movimento não quer dizer sem fato contábil. Normalmente, ocorrem eventos como depreciação, incidência de tributos, pagamento de aluguel, pagamento do contador, pagamento de luz e custo com o cumprimento de obrigações acessórias, entre outras (RECEITA FEDERAL, 2013). 8 9 SPED Fiscal A Escrituração Fiscal Digital (EFD) é um arquivo digital, instituído no SPED, que contém o conjunto de escriturações de documentos fiscais e de outras informações de interesse dos fiscos, bem como registros de apuração de impostos referentes às operações e prestações praticadas pelo contribuinte (RECEITA FEDERAL, 2013). Esse arquivo é submetido a um programa validador, fornecido pelo SPED, que verifica a consistência das informações prestadas no arquivo. Feito isso, o arquivo digital é assinado por meio de certificado digital e transmitido ao SPED. Os prazos para a transmissão dos arquivos são definidos por Legislação estadual. EFD Contribuições A EFD – Contribuições é um arquivo digital utilizado na escrituração das contribuições PIS e COFINS, nos regimes de apuração não cumulativo ou cumulativo. Esse registro é efetuado tendo como base toda a documentação utilizada para cálculo de tais tributos. Os documentos e operações são relacionados em arquivo referentes a cada estabelecimento da pessoa jurídica. Esse arquivo deverá ser assinado digitalmente e transmitido ao SPED (RECEITA FEDERAL, 2013). Conforme a Receita Federal (2013), as empresas optantes pelo lucro real foram obrigadas a esta escrituração fiscal digital a partir de 1º de janeiro de 2012. Já as empresas optantes pelo Lucro Presumido ou Arbitrado estão obrigadas a esse cum- primento referentes aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de julho de 2012. As informações a serem prestadas são aquelas referentes ao faturamento mensal, aquisição de bens para revendas, serviços ou insumos utilizados e demais custos, despesas e encargos. Nota Fiscal Eletrônica O projeto Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) está sendo desenvolvido de forma integrada pelas Secretarias de Fazenda dos Estados e Receita
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